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A perda do emprego é uma das experiências mais difíceis de vivenciar e que alguém pode

passar.
A perda do emprego pode significar para muitas pessoas a perda da identidade.
Mas o que eu quero focar nessa mensagem é que, embora vivenciar o impacto do desemprego
possa ser algo difícil, é possível ver a perda como uma oportunidade para fazer mudanças que
vão enriquecer a sua vida.
Veja bem, eu não quero de forma alguma desconsiderar a sua dor e a luta pela qual você está
passando. Eu sei que a situação de desemprego pode ser um dos piores sofrimentos que o ser
humano pode passar na vida, comparável ao sofrimento de um divórcio ou da perda de um
ente querido.
Eu sei que esse é um dos grandes desafios da sua vida. Pode ser que o desemprego
represente não somente a perda financeira, mas a perda de interação social, do seu senso de
identidade e do seu papel social.
Tendo dito isso, eu acho que existem maneiras pelas quais as pessoas podem lidar com o
desemprego e formas que podem ser produtivas, mesmo que essa situação seja muito, muito
difícil.
Então, a primeira coisa que eu quero fazer é validar os seus sentimentos e dizer que o
desemprego é um evento importante em sua vida, e você pode estar tendo preocupações
legítimas, como por exemplo: “como eu pago o aluguel”, “como eu faço para pagar o
financiamento da casa, do carro”, “como faço para cuidar da minha família, como eu faço
para comprar o essencial”?. Essas são as questões imediatas.
Mas também existem questões mais profundas que têm a ver com o fato de que muitos de nós
nos definimos pelo nosso trabalho.
Muitas vezes nós somos definidos pelo que fazemos e se nós estamos desempregados, o que
nós somos?
Bem eu acho que isso é um problema da nossa cultura, em que as pessoas são identificadas
pelo seu trabalho.
O conceito que eu uso com meus pacientes é a ideia de faceta ou de uma coleção, ou seja o
emprego é uma faceta é uma peça na coleção de quem você é.
O seu trabalho faz parte de quem você é, ou do que sua vida é, mas existem outras
partes da sua vida que não são o seu trabalho.
Por exemplo, o seu relacionamento com o seu cônjuge, seus amigos, seus filhos, sua
participação numa comunidade, sua vida espiritual, sua vida cultural, sua capacidade de
aprender, seu senso de valores fazem parte de quem você é.
Se você pegar um círculo, como um gráfico de pizza e um pedaço pequeno da pizza é o seu
trabalho, mas existem as outras partes da pizza que representam então quem você é.
Então, será que você não está colocando somente no trabalho o seu senso de dignidade, o seu
autoconceito? Será que o seu autovalor não está ligado somente ao trabalho?
Eu acho que isso é parte do que eu vejo acontecendo com algumas pessoas quando elas
passam pelo desemprego.
Esse pode ser um momento em que você pode examinar os seus valores e crenças e se
perguntar: “o que é a minha vida”?
E eu entendo que esse pode ser um bom começo para você começar a expandir o significado
de sua vida, para incluir coisas como: comunidade, ajudar os outros, valores espirituais,
família.
Isso me faz lembrar de um dos meus pacientes que passou por uma situação de desemprego
depois de trabalhar durante 35 anos na mesma agência bancária.
Ele começou a perceber que agora ele tinha tempo para gastar com seu filho, com o seu neto,
que antes ele não tinha esse tempo disponível.
Ele percebeu que ele queria esse tempo para passar com sua esposa, ter tempo para ler, tempo
para ver os amigos distantes, tempo para se exercitar.
Tanto que ele começou a ter sentimentos ambivalentes sobre voltar a trabalhar, porque ele
começou a perceber que antes ele era tão absorvido pelo trabalho, que ele estava ausente
nessas outras partes da vida.
Eu reconheço que nem todas as pessoas possuem essa condição de fazer um balanço de sua
vida pensar dessa maneira. Para algumas pessoas o desemprego é algo imediato, urgente,
onde é necessário receber um pagamento no próximo mês para pagar as contas atrasadas.
Eu sei que nesses casos não adianta dizer: “não se preocupe”, porque obviamente têm algo
realmente importante acontecendo.
A questão é: como é que você adota uma ação construtiva, orientada para lidar com problema
que você está enfrentando.
Eu entendo que existem vários passos para lidar com essa situação de desemprego.
O primeiro passo é basicamente validar os seus sentimentos, as suas emoções.
Validar que é muito difícil perder o seu trabalho, por outro lado você também pode olhar para
como você pode usar seu dia.
Em outras palavras, perder o emprego é uma experiência muito difícil e que você tem todo o
direito de se sentir revoltado, frustrado, preocupado.
Sabe, eu nunca digo para as pessoas: “não se preocupe”!, porque isso simplesmente nunca vai
funcionar.
Mas eu digo às pessoas que, embora realmente seja uma situação desagradável, o
desemprego é uma realidade que você vai ter que enfrentar.
Em outras palavras, o desemprego é um fato que você vai ter que lidar, e então você pode
ficar tendo o tipo de pensamento de ficar ruminando, relembrando tudo que você fez de
errado, o que você deveria ter feito, mas não fez, ficar nervoso; ou você pode encontrar
maneiras de ter esperança, mesmo nessa situação difícil.
Eu penso que uma maneira de lidar com essa situação é normalizado o problema e dizer a si
mesmo que a estimativa atual é de que mais de 11% da população brasileira está
desempregada no momento, e a previsão é que esse número aumente esse ano.
Ou seja, já são mais de 12 milhões de desempregados no Brasil. E o desemprego é sempre
um reflexo da econômica nacional, que no momento está passando por uma situação de crise.
Eu entendo que outra parte do enfrentamento consiste em tomar a decisão de fazer um
planejamento para todos os dias. Por exemplo, o que eu digo aos meus pacientes é para fazer
um plano para todos os dias, e para cada hora do dia.
E incluam nesse plano que você tem um trabalho: o seu trabalho é que você está procurando
um emprego.
E você também tem um outro trabalho, trata-se de uma dupla jornada: que é cuidar de si
mesmo; o que pode envolver fazer mais exercícios físicos, ou se envolver em outras
atividades como aprender novas habilidades, adquirir novos conhecimentos, se envolver com
a sua rede de contatos e estabelecer novas redes de contatos, o que você pode fazer se
envolvendo em novas comunidades, você pode se envolver em atividades e organizações
voluntárias.
Você precisa fazer algo ativo e significativo que possa te ajudar.
Você pode ver este momento como um tempo de transição, porque quase todo mundo que
está empregado já esteve ou vai estar desempregado em algum momento.
Assim, a questão é o que você faz com esse tempo de transição.
E existem maneiras improdutivas de lidar ou enfrentar essa situação, como beber, se isolar,
ficar ruminando, remoendo e ficar responsabilizando todo mundo pelo que não deu certo na
sua vida.
Então, a parte inicial do processo de enfrentamento consiste em desenvolver um plano e
executá-lo e usá-lo como uma forma de esclarecer o que é realmente importante nesse
momento.
Eu acho que um dos valores em nossa sociedade que muitas pessoas não refletem a respeito
é: “do que você realmente precisa?”.
Se você pensar sobre o que você realmente precisa, você vai perceber que existem muitas
coisas que você realmente não precisa, são o nosso excesso de bagagem.
Eu entendo que nós temos que ter um orçamento e viver dentro desse orçamento. Isso não é
uma coisa boa a se fazer somente quando você está desempregado, mas é uma coisa boa a se
fazer quando você está desempregado!
Eu encontro diversas pessoas que desenvolvem habilidades de enfrentamento durante esse
tempo de transição e quando elas voltam a trabalhar, ela aprenderam com esta experiência a
tornar a sua vida melhor.
Eu acho que uma parte da depressão é ficar ruminando, que é quando você fica repetindo,
repetindo todos os esses pensamentos negativos e coloca o seu foco em como você está se
sentindo mal.
Bem, você poderia dizer, eu tenho todo o direito de sentir isso, e isso é verdade. Mas você
também tem diversas opções de realizar ações que são produtivas.
Você pode ter o direito de sentir assim, mas você também tem a opção de fazer algo que é
produtivo.
Uma das perguntas que eu utilizo quando quando os meus pacientes começam a ficar
remoendo e a se preocupando é: qual é o benefício de ficar focalizando em quão ruim as
coisas estão? Qual o benefício de ficar remoendo que a situação que você está passando é
injusta?
Você pode ter direito à se entregar a esses pensamentos, mas pode não vai ser benéfico para
você ficar preso em círculos nesse tipo de pensamento e ficar nessa roda viva, de novo, de
novo e de novo!
A segunda coisa que podemos pensar em relação a como lidar com essa situação é que ao
invés de ficar ruminando e se preocupando, você pode se perguntar:existe alguma coisa
produtiva que eu possa fazer hoje?
Assim, por exemplo, ainda que você esteja procurando uma vaga de emprego na internet,
como muitas pessoas fazem, você pode perguntar a si mesmo, quando você está ruminando
ou se preocupando: “existe qualquer coisa produtiva que você possa fazer e que seja grátis?”.
Por exemplo, se você é casado ou tem filhos, você pode ser carinhoso e amoroso como a sua
esposa ou esposa ou com seus filhos. Se você tem animais de estimação, você pode cuidar
deles.
Se você gosta, você pode ouvir música, você pode ler, você pode orar, você pode ajudar
outras pessoas através de muitas, muitas maneiras que não custam nada.
Então você pode fazer uma escolha entre ruminar e se isolar ou fazer coisas que são
produtivas, que servem como uma espécie de antídoto para a depressão e a preocupação.
Você pode ter um cardápio de tarefas cotidianas que são recompensadoras e gratificantes para
você.
Você pode incluir nesses cardápio qualquer coisa que seja gratificante, como cozinhar sua
refeição favorita, ouvir música ou quem sabe, simplesmente apreciar as coisas ao seu redor.
Eu descobri que quando as pessoas se voltam para si mesmas e pensam: bem eu não preciso
ter tanto dinheiro como eu tinha antes, talvez eu tenha somente que administrar
cuidadosamente meu orçamento, isso abre a mente para as coisas que realmente são
necessárias.
Eu utilizo o seguinte exercício de imaginação com os meus pacientes:
Feche seus olhos e imagine que tudo o que você tem lhe foi tirado: seus sentidos , seu corpo,
sua memória, sua família, trabalho, bens - absolutamente tudo. E existe um “Ser Supremo” a
quem você deve pedir a restituição de cada pessoa ou objeto que deseja de volta.
Você não sabe quantos desses pedidos serão atendidos.
O “Ser Supremo” precisa ser convencido de que o que você quer de volta é realmente
importante - que você realmente aprecia isso.

Agora comece a pedir uma coisa de cada vez e tente convencer de que realmente a quer de
volta e que você realmente aprecia isso.
Liste o que você quer de volta em ordem de importância.
Quando eu utilizo essa técnica de apreciação das coisas que estão ao nosso redor, eu nunca
tive nenhum paciente que colocasse seu trabalho ou dinheiro no no topo da lista.
O que as pessoas geralmente fazem é colocar na lista: “Eu gostaria de ter a minha visão de
volta, meus filhos, eu gostaria de ter de volta a minha esposa ou meu marido, eu gostaria de
ser capaz de andar, eu gostaria de ser capaz de amar, de ouvir uma música, eu gostaria de
obter todos os sentidos”.
Essas são as coisas que estão no topo da lista dessa técnica de apreciação das coisas que nós
valorizamos e que são coisas que já estão disponíveis todos os dias.
Mas se você se focar no trabalho ou no dinheiro, isso tira a sua perspectiva sobre o que é
realmente importante.
Um outro aspecto importante para enfrentar essa difícil situação é compreender que a
realidade é que o nosso excesso de gastos e excesso de consumo tem sido noventa e cinco por
cento baseado em falsas necessidades, coisas que você sabe que você não necessita, mas são
desejos de ter o modelo mais recente do iphone, o modelo de carro que dê status, ou a roupa
que te faça sentir importante.
Você não precisa dessas coisas. Você simplesmente foi programado para pensar que isso vai
te fazer mais feliz.
Mas se essas coisas fazem você feliz, então por que você não era feliz quando você podia
adquirir essas coisas , porque você não é feliz quando então você adquire essas coisas, e
porque muitas pessoas não tem essas coisas, são felizes?
Então pode ser que o modelo do seu celular seja um excelente paradigma do excesso de
consumo que conduz as pessoas a trabalharem arduamente para irem atrás de coisas que elas
realmente não precisam.
Essa é uma grande oportunidade para você utilizar a técnica realizada anteriormente de
apreciação das coisas que são valiosas e observar que o seu dinheiro, o seu trabalho não estão
no topo da lista das coisas que você quer primeiro.
Talvez o lado benéfico dessa crise econômica é que ela tem nos ensinado que nós não
precisamos de todas essas coisas para nos sentirmos bem.
Eu entendo que nós podemos começar o dia tentando apreciar algo que não custa nada.
Liberte-se a si mesmo, todos os dias! libere-se da necessidade de possuir bens materiais.
Eu entendo que as palavras que nós utilizamos para nos referirmos ao dinheiro e as posses
materiais são muito extremadas, como eu estou: “na miséria, passando fome, sobrevivendo”.
Você pode estar desempregado, mas você vai sobreviver. Ninguém está morrendo porque
perdeu um emprego.
É extremamente raro encontrar alguém que realmente esteja faminto a ponto de literalmente
morrer de fome no Brasil.
Você pode estar com quase nenhum dinheiro, mas é pouco provável que você esteja a ponto
de morrer de fome.
Existe uma ênfase exagerada nas coisas que nós “necessitamos”, e talvez essa seja uma
oportunidade para nós examinarmos nossos valores, o que nós realmente precisamos.
Sabe, esse exercício de apreciação realmente mostra o que você precisa.
Isso quer dizer, se você tivesse que escolher entre perder o seu emprego ou perder a sua
saúde; se você tivesse que escolher entre perder o seu filho ou perder o seu dinheiro, você
sabe que o você escolheria!
Acho que esse tipo de coisa ajuda a iluminar os valores do que é realmente importante.
Um outro aspecto importante que eu quero abordar nesse é que existem pessoas que possuem
trabalhos em que a demanda realmente está diminuindo ou desaparecendo.
Eu vou citar o exemplo de um paciente, que não necessariamente se aplique a você, mas é
uma experiência interessante.
Esse paciente é formado na área de engenharia do petróleo e gás: ótima área, ótimos salários,
é uma ótima faculdade!
Só que ele estava focado, tentado buscar uma vaga de emprego nesta carreira em particular,
só que ele não estava obtendo nenhum retorno e estava permanecendo desempregado.
E eu perguntei: e se não existisse emprego nessa área específica no momento, o que mais
você poderia fazer?
E esse era um paciente em particular muito, muito inteligente e ele começou a usar a sua
criatividade para analisar as opções disponíveis.
Quando nós estamos fixados em algo, nós não temos abertura.
Eu entendo que nós podemos ser flexíveis e sermos capazes de nos adaptarmos, e pensar:
“como podemos resolver esse problema?”.
Isso certamente não é o poder do pensamento positivo, mas é o poder do pensamento realista.
E no caso desse paciente, nós trabalhamos em como ser mais flexível, em como resolver
problemas, como administrar o tempo disponível e como adquirir novas habilidades e esse
paciente conseguiu um emprego em uma outra área da engenharia, que ele nunca tinha
pensado antes em fazer isso e que ele tem gostado demais e se realizado profissionalmente.
Então eu entendo que, no que diz respeito ao fato de pessoas que perderam seus empregos, e
que não tem conseguido encontrar empregos numa área, numa carreira específica, uma coisa
que você também pode fazer é pensar em ser mais é flexível quanto ao local geográfico.
Quando você lança uma rede mais ampla as chances de pescar são maiores.
Você precisa utilizar estratégias de resolução de problemas e ponderar que toda escolha tem
um custo, existem vantagens e desvantagens em toda estratégia e todas podem envolver
dificuldades e frustração.
Por exemplo, eu estou lembrando que no início da minha carreira eu queria ser psicólogo
hospitalar. Embora esse desejo não tenha se realizado, eu posso dizer que eu estou satisfeito
com a minha carreira atual.
Ao dizer essas coisas, eu não quero simplesmente alimentar um pensamento do tipo Poliana,
ou do poder do pensamento positivo.
Adotar estratégias é um reconhecimento de que é difícil perder um emprego, de que é difícil
não conseguir um emprego numa área ou empresa que você almeja.

De qualquer forma, eu quero citar um estudo realizado com pessoas entre as idades de 16 e
44 anos de idade que perderam seus empregos.
20 anos depois foi observado que esse grupo de pessoas que haviam perdido seus empregos
tinha uma maior taxa de mortalidade do que as pessoas que não haviam perdido o seu
emprego.
Ou seja, o fato de você ter perdido o seu emprego pode matar você no longo prazo!
E isso é algo grave, perder o emprego está relacionado não somente a uma mortalidade mais
alta,as também a uma maior taxa de depressão, de abuso de álcool.
No entanto, outro fator interessante que pode deixar muitas pessoas surpresas é que quando
os pesquisadores relacionaram a relação conjugal com o desemprego, o que é intuitivo para
nós pensarmos é que o desemprego aumenta as taxas de insatisfação no casamento, aumenta
as discussões.
Porém, o estudo demonstrou que não há nenhuma relação direta entre perder seu emprego e
a insatisfação conjugal.
Então, quando você perde o seu emprego, você pode se sentir muito feliz por ter sua esposa,
seu marido, você pode se sentir muito feliz por ter meus filhos.
Eu sei que é provável que a sua avó já tenha te dito isso: mas você só sabe quem realmente
está do seu lado, quando você passa por dificuldades na sua vida! você descobre quem são
seus verdadeiros amigos.
Assim, pode ser que perder um emprego pode levar você a reconhecer que você tem mais
apoio do que você achava.
Pode ser que no seu caso, o desemprego aumente as discussões conjugais, faça com que
amigos se afastem, não existe caminho sem percalços.
O meu objetivo aqui não é oferecer uma palestra motivacional para que você saia com um
sorriso no rosto. Eu não quero fazer você acreditar que você vai sair daqui e fazer algo
grandioso, megalomaníaco, impactante!
Nós estamos pensando em formas de abordar qualquer problema na sua vida de maneira
realista.
E uma realidade é que você é um ser humano maior do que os rótulos, você é um ser humano
único e não existe ninguém igual a você. Você é um ser humano com a capacidade de
resolver problemas e encontrar soluções. Você é um ser humano com a capacidade de se
relacionar e se conectar com outras pessoas.
Uma outra coisa que você considera neste momento de transição até o seu próximo emprego,
é pensar sobre comunidades que você pode pertencer, como igrejas, organizações
voluntárias, cursos presenciais e gratuitos.
Eu estou me lembrando de pacientes que estavam preocupados com o futuro devido à perda
do emprego e que se tornaram voluntários em abrigos, asilos, hospitais e essa experiência
mexeu bastante com os valores das pessoas.
Eu entendo que muitas vezes quando onde nós ficamos frustrados ou desapontados, nós
queremos simplesmente nos livrar dessa sensação, desse sentimento.
Perder o emprego envolve alguns sentimentos de pesar, de tristeza, de raiva.
Mas essas emoções também podem te ajudar a expandir o significado da sua vida, para que
sua vida seja grande o suficiente para que você possa dizer: “sabe, eu sinto raiva e tristeza por
estar desempregado, mas eu também tenho uma vida que é significativa o suficiente, que é
capaz de conter essa tristeza.
Eu não estou dizendo: “livre-se dos seus sentimentos de tristeza ou pare de se sentir mal!”,
você sabe que isso não funciona.
O que eu quero sugerir é que você observe esse sentimento de tristeza, mas que você coloque
esse sentimento diante de um contexto mais amplo: do que é sua vida e o que você pode vir a
ser.
A verdade é que nós nos tornamos muito materialistas, muito narcisistas, muito cheios de nós
mesmos e isso influencia na questão de nos sentirmos insatisfeitos com a vida.
Eu vou dar um exemplo da minha própria vida.
Quando eu estava desempregado, eu comecei um trabalho voluntário em um hospital. A
minha função era aconselhar os pacientes que estavam doentes e seus familiares. Alguns
estavam na UTI, outros pacientes estavam acamados há muito tempo.
O que eu fazia era basicamente ouvir essas pessoas, tentar me colocar no lugar delas,
compreender a dor e os sentimentos dessas pessoas.
E eu notava que muitos pacientes se sentiam melhor depois dessa conversa.
Muitas vezes eu não sabia nem o que falar diante de tanto sofrimento, mas as pessoas
agradeciam por eu ter conversado com elas!
E parece que no final do dia o maior beneficiado era eu!
Através da minha própria experiência com a perda, a dor e o sofrimento eu consegui ter
compaixão, sentir a dor que a outra pessoa estava sentindo.
Embora eu não tivesse nada muito inteligente ou profundo prá dizer naquele momento, eu
entendi que nós precisamos uns dos outros, nós precisamos entender que as outras pessoas
são muito, muito importantes em nossas vidas.
Ou seja, o fato de você ter perdido o seu emprego não significa que você precise perder o
contato com as pessoas.
Existem mais de 200 milhões de brasileiros com quem você pode se conectar. Existem
diversas formas de estabelecer novas relações, como as redes sociais na internet, como o
linkedin, facebook e diversos outros aplicativos, mas também existem igrejas, organizações
voluntárias, ONGs, e tantas outras comunidades onde as pessoas podem se envolver para
ajudar outras pessoas ou que possuam interesses semelhantes.
Em relação à ampliar a sua visão de mundo, eu estou me lembrando dos antigos filósofos
estóicos na Grécia, que basicamente diziam que o que você deve fazer na vida deve ser
buscar a virtude.
E o que é a virtude? Virtude é uma qualidade moral que você admira em alguém, como
coragem, compaixão, integridade, autodisciplina, paciência, e que ninguém pode tirar ou
roubar as suas virtudes.
Se você começar a fazer uma autoanálise, você pode se perguntar: será que eu não estou
muito focado no trabalho?, será que eu não estou muito focado no materialismo?
Será que tudo que eu faço é pra conseguir um emprego melhor e ganhar mais dinheiro?
Será que eu não deveria tentar me tornar o tipo de pessoa que eu iria admirar, uma pessoa
com integridade e compaixão, uma pessoa que possui autodisciplina.
E você pode começar fazendo isso hoje! Você pode começar praticando novos hábitos hoje!
Outro aspecto importante para se pensar nesse momento é: aprender que eu tenho que aceitar
que as coisas nem sempre vão sair exatamente da maneira que eu gostaria!
E ao invés de ficar lutando e protestando para que realidade seja exatamente o que eu
gostaria, eu posso dizer: “bem, as coisas são o que são”!
E como eu posso lidar com essa realidade? Como eu posso enfrentar isso?
Como que eu posso fazer para que isso não se torne um grande problema na minha vida?
Diversos problemas que nós pensamos que nós temos, são na verdade, problemas que nós
criamos em nossa mente.
Você sabe que muita da frustração da vida é decorrente das demandas e das expectativas que
nós pensamos que nós temos que obter.
Então, saber o que você não pode mudar e o que você pode mudar é a primeira chave da
sabedoria para ter uma vida com menos estresse.
Por fim, o que eu quero dizer é que a experiência do desemprego é uma experiência muito
muito difícil, porém existem maneiras que pode lidar com essa situação, que pode tornar essa
situação menos estressante ou ainda mesmo, pode criar algumas oportunidades para você
rever os seus valores.
Eu entendo que algumas pessoas sintam vergonha dessa situação de desemprego, porém se
12% da população está desempregada neste exato momento e que o Brasil é um país que
constantemente enfrenta crises econômicas, então eu entendo que nós podemos encarar o
desemprego como um fato da vida.
E isso não significa que você seja um perdedor porque você perdeu o seu emprego.
Isso apenas significa que você é alguém que vive em um lugar onde a economia muda, assim
como nós vemos no noticiário isso acontecendo nos Estados Unidos, na Europa, Argentina,
Venezuela.
Então, eu entendo que ao invés de se isolar, de ficar remoendo os pensamentos, uma maneira
mais adaptativa de encarar essa situação é encontrar atividades em que você possa se
envolver todos os dias, utilizando técnicas da terapia cognitivo-comportamental.
Ao mudar a maneira como você pensa, você muda o seu comportamento. E isso pode
diminuir a sua ruminação, mudar a sua maneira de interagir com outras pessoas e mudar a sua
perspectiva de vida!

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