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O presente texto almeja uma comparação entre duas figuras separadas por um
longo período de tempo e diferentes situações históricas. Pepe Mujica e Karl Marx
certamente partilham de uma visão crítica ao capitalismo, um representou junto
com outros governantes o que, de certa forma, poderíamos figurar como um
momento em que alguns setores da esquerda latino-americana alcançaram o
poder político; o outro, é talvez a figura mais emblemática do socialismo pós
século XIX e autor de obras fundamentais para a filosofia e ciências sociais. Resta-
nos saber, todavia, as semelhanças e diferenças que envolvem o pensamento de
ambos. Partiremos, para isso, da obra fundamental do pensador alemão, "O
capital", e de um filme no qual é feita uma entrevista com o ex-presidente uruguaio
chamado "Human".
Por fim, Mujica faz uma interessante diferenciação no que diz respeito as escolhas
políticas de seu país. Criticando o caráter luxuoso que tem cercado os líderes
políticos das democracias modernas, Mujica acredita que toda suntuosidade é, em
verdade desnecessária. Ao invés de um avião presidencial, como a maioria dos
primeiro-ministros e presidentes possuem, é mais importante para o ex-presidente
uruguaio um helicóptero que sirva como ambulância para que se possa salvar a
vida dos seus conterrâneos quando preciso. Essa diferenciação é importante se
quisermos entender também as consequências do modo de produção capitalista,
já que se o processo vital do homem é o trabalho e isso é encoberto pelas trocas
de mercadorias, o que perde-se em última instância é o homem: o mundo dos
homens desvaloriza-se em detrimento do mundo das coisas, das mercadorias. Ou
seja, torna-se mais importante deter a maior quantidade de riqueza individual em
detrimento da própria vida. Evidencia-se portanto o caráter irracional do
capitalismo: a maior magnitude de riqueza já vista na história que não é possuída
por aqueles que a produzem. Se é possível ver explicitamente o avanço das forças
produtivas, os avanços da química, da física e da biologia, o homem indo ao
espaço, ou seja, toda capacidade de produzir as necessidades básicas e muito
além disso para toda população, vemos, na verdade, a pobreza alcançar níveis
não alcançados em toda história da humanidade. É nesse ponto que as análises
de Marx e Mujica talvez estejam mais afinadas: a escassez é um problema político.