Desigualdade Entre Os Homens. Trad. Maria Ermantina Galvão. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Lucas Brito Santana Da Silva1
Para alguns, Rousseau é “o teórico do
sentimento interior como único guia da vida, para outros é o defensor da absorção total do indivíduo na vida social, contra as renascentes fraturas entre interesses privados e interesses coletivos; para alguns é liberal, para outros é o primeiro teórico do socialismo; para alguns, é iluminista, para outros é antiiluminista; para todos é o primeiro grande teórico da pedagogia moderna”. Giovanni Reale2
Genebrino, nascido no ano 12 do século XVIII, pobre e sem conseguir se fixar
em nenhuma cidade, seja por causa das polêmicas que gestou ou por seu temperamento, que o fez romper com vários dos seus colegas, Rousseau é um dos pensadores mais conhecido e reconhecido do período da ilustração. É um dos três grandes contratualistas, ao lado de Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632- 1794). Entre as suas principais obras estão “Do Contrato Social”, onde será demonstrada a necessidade de reconstruir as relações sociais entre os homens, pois estes degeneraram no momento que se fundou a sociedade civil; outro importantíssimo escrito desse autor é “Emilio, Ou Da Educação”, aqui será desenvolvido um tratado pedagógico, visto a educação ser o meio pelo qual pode-se, ainda, salvar a humanidade; ambas as obras foram publicadas no ano de 1762. Uma terceira produção, e que segundo o próprio Rousseau é indissociável das duas já citadas, é o “Discurso Sobre A Origem e Fundamentos Da Desigualdade entre os Homens”, produzida para um concurso acadêmico, em 1754, onde se tentou responder qual era a origem da desigualdade entre os homens e se o direito natural a autorizava; neste concurso, o pensador não saiu vitorioso. É desta obra que estamos incumbidos de resenhar. Ela está dividida em duas partes, intituladas respectivamente de primeira e segunda parte, contendo ainda algumas páginas preliminares. Na tradução e edição brasileira de que nos servimos, o texto não ultrapassa oitenta e cinco páginas.
1 Discente do Curso de Licenciatura em História da UFAL – Campus do Sertão. 4° Período.
2018. 2 REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História Da Filosofia: Do humanismo a Kant. Vol. 3. São
Paulo: Paulus, 1990.
Nessa obra, Rousseau quer identificar o momento no qual a natureza é subjugada pelas leis, como o forte ajoelhou-se ao fraco e como a humanidade abriu mão de uma felicidade real por uma fictícia. Para isso, o autor se utilizará de conjeturas, raciocínios hipotéticos e condicionais. É necessário descartar os fatos, porque eles são totalmente desproporcionais, na quantidade que os temos registrados, para conceber uma explicação genealógica que abranja a escala de tempo em que se desenrolam os fenômenos a serem analisados. O ponto de partida de Rousseau é o “Estado de natureza”, estado hipotético onde se encontraria o homem antes da aurora da sociedade civil. Uma das preocupações do autor, e pela qual critica vários outros autores, é a transposição anacrônica de valores, comportamentos e categorias da época em que se vive para aquela a ser analisada; destarte teria procedido Hobbes em seu Leviatã. Rousseau definirá dois tipos de desigualdades, uma natural, ou física, e outra moral, ou política. A primeira corresponde àquela que resulta da compleição que a natureza oferta ao indivíduo, enquanto a segunda decorre dos prejuízos que sofrem uns em nome do gozo de outros, sendo essa prevaricação socialmente convencionada. Na primeira parte, o autor descreve como seria a vida do homem no estado de natureza, suas vantagens e infortúnios, bens de que necessita e males que podem atormentá-lo, e ainda como ele vem a desenvolver suas luzes e paixões. O momento escolhido para iniciar sua análise é aquele onde o homem já possui as características básicas que permitem distingui-lo de qualquer outro animal. Rousseau acredita que o homem é um animal sem instintos próprios, porém com a capacidade de internalizar os instintos de todos os outros animais, e a partir daí elevar-se acima da condição instintual. As próprias condições em que ele se verá imergido na natureza fomentarão o seu desenvolvimento físico, tornando-o forte e robusto, perecendo apenas os fracos. Contrariamente, em sociedade, a onerosidade da vida traz a morte a todos indiscriminadamente, porque os indivíduos estão obrigados a manter a vida daqueles com quem têm relações de parentesco, independentemente das condições em que se encontrem. Além disso, a indústria que vai se desenvolvendo no seio da sociedade torna os homens cada vez mais fracos, uma vez que eles não mais necessitam de desenvolver suas capacidades físicas em sua totalidade. O ponto mais drástico dessa situação é quando o homem perde a conexão consigo mesmo, algo que só a relação com o seu corpo, seu primeiro instrumento, possibilita. Enquanto a sociedade civil fragiliza e adoece o homem continuamente, no estado de natureza os seus únicos males seriam as enfermidades naturais, a infância e a velhice. Sendo que no caso do último, o sofrimento que passa o velho selvagem nada se compara com o do velho civilizado. As inúmeras doenças que o homem civil enfrenta seriam produto da própria sociedade e da grande desigualdade nas formas de viver. Poderiam essas doenças ser remediadas se o homem vivesse conforme a prescrição natural, um “viver simples, uniforme e solitário” (ROUSSEAU, p. 169, 1999). No estado natural, as únicas necessidades humanas seriam as físicas, no caso do macho: alimentação, uma fêmea e descanso. A complexificação da vida humana é contra a natureza, ao ponto de Rousseau considerar que a reflexão, própria do homem de sociedade, é uma manifestação de insanidade, não passando o homem que medita de um depravado. O conhecer inadvertido é sempre perigoso, daí que exista uma ignorância voluntária que é benéfica. O homem natural seria desprovido de qualquer virtude ou vício, não é bom nem mau, pois não possui consciência do que sejam esses comportamentos. Entretanto, o homem selvagem possui um mecanismo que impossibilita ações más e egoístas: a piedade natural. Conforme o progresso social transfigura o ser o humano, a piedade natural vai esvaindo-se. É esse mecanismo que torna impossível a subjugação no estado de natureza e qualquer outro tipo de excesso passional que inflama a convivência social, levando à belicosidade. Segundo Rousseau, mais do que o entendimento é a capacidade de agir livremente que distingue o homem do animal. Não sendo esse agir livre, leia-se livre arbítrio, explicável pelas leis mecânicas que regem o funcionamento orgânico do homem. Além dessa, outra característica distintivamente humana é a perfectibilidade, a capacidade de aperfeiçoar-se indefinidamente. É por conta dela que o homem desenvolveu suas luzes, ou racionalidade. Se por um lado a perfectibilidade possibilita a ascensão humana, por outro ela abre a possibilidade de um decaimento pleno, da perca de tudo aquilo que ela mesma permitiu ao homem desenvolver. Antes de suas transformações, as primeiras funções (animais) que o ser humano possui são o “perceber” e o “sentir”, e as primeiras operações que ocorrem em seu espirito são o “querer” e o “não-quere”. A partir desse esquema, o autor estabelece uma interdependência entre a razão e as paixões. Estas são classificados em dois tipos: as sociais e as naturais; as primeiras respeitam ao homem civil, as segundas aos homens selvagens. Para Rousseau, só se busca conhecer aquilo que se deseja e para desejar algo é necessário existir, no mínimo, um ínfimo esboço ideativo das coisas, havendo assim uma retroalimentação constante entre as duas instâncias – isso explica por que a cada nova fase da sociedade e da razão gestam- se igualmente novas paixões e necessidades. Uma das primeiras conquistas do homem ao rasgar o véu da vida natural teria sido o medo da morte, nas palavras do autor: “o conhecimento da morte e de seus terrores é uma das primeiras aquisições que o homem fez ao distanciar-se da condição animal” (ibidem, p.175). Mas o que teria feito com que o homem atravessasse essa distância entre uma existência que não ia além da sensibilidade e uma existência dependente do conhecimento, das luzes? Para Rousseau foram a comunicação, na qual ele se detém tentando desvendar seu desenvolvimento (empreendimento o qual o autor abandona devido à dificuldade), e os grilhões da necessidade, sendo esta uma condição impreterível para a transformação humana; como a necessidade é circunstancial, ela será um primeiro catalizador na distinção entre os homens e também na desigualdade, seja social ou natural. Apesar do fator necessidade, Rousseau diz que a natureza pouco empenhou-se para fazer o homem romper a condição animal. Em seguida, o autor dispõe-se a analisar por aproximação deliberada, no oceano de eventos, quais teriam sido as ocasiões que possibilitaram a ascensão da razão humana, a degeneração da espécie – tornando “mau um ser ao torná-lo sociável” (ibidem, p. 200). Rousseau inicia a Segunda Parte do Discurso... dizendo que o primeiro que cercou um terreno e disse “isto é meu!” foi o verdadeiro fundador da sociedade civil, e como se teriam poupado desgraças se os homens destruíssem essa cerca. Mas, fatidicamente, o momento em que o homem desenvolve a mínima noção de propriedade (neste momento, “posse”), já não pode retroceder, pois foram incontáveis anos até que essa noção se alocasse no espirito humano. É a noção de propriedade que demarca a fronteira entre o estado de natureza e o estado civil. O primeiro sentimento que o homem teve foi o de sua própria existência e o primeiro cuidado teria sido a conservação dessa existência. O desenvolvimento consequente do homem é sempre circunstancial. Como a espécie veio a se multiplicar? Não foi pela possibilidade de concentrar força de trabalho, mas pela saciação animal do apetite sexual, sem qualquer predição sobre as consequências da multiplicação dos indivíduos. É a combinação entre as circunstâncias e a capacidade de aperfeiçoar-se responsável pela distinção entre os homens e pelo seu sucesso adaptativo: os que habitam na proximidade de rios aprenderão a fazer anzóis, os que habitam as florestas desenvolverão arco e flecha, os que vivem em clima invernal se apossarão da pele de animais e domarão o fogo. Num momento seguinte, depois de infidas comparações, os homens começam a perceber as diferenças entre os animais: fortes, fracos, rápidos, lentos, temerosos, ousados. Nasce daí o que Rousseau chama de “prudência maquinal”, e será isso que colocará o homem acima dos demais animais, domando uns e flagelando outros. Um novo male anuncia sua queda sobre os homens no momento em que eles passam a observar a si mesmos, e aquele que o ““o primeiro olhar que dirigiu a si produziu-lhe o primeiro movimento de orgulho” (ROUSSEAU, 1999, p. 205). Porém, antes disso, essa observação de si mesmos permitirá que se criem regras de conduta proveitosas. Não à toa, o autor asserta que “o amor do bem-estar é o único móbil das relações humanas” (ibidem, p. 206). Os homens aprendem a se unir e quando devem desconfiar uns do outros, aprendem a ideia de compromisso e compreendem sua vantajosidade. E conforme as luzes brilham no espirito mais a engenhosidade humana se desenvolve. É então descoberto o machado de pedra. São utilizados para escavar a terrar e criar choupanas; esse momento marca o nascimento da propriedade e do reconhecimento da unidade familiar. Para o autor é dessa nova vivência conjunta que nascem o amor conjugal e o amor paterno. O preço para esse novo gênero de vida é, primeiro, uma diferenciação nas ocupações, a mulher passa a tomar conta da habitação e o homem saí à procura de mantimentos; segundo, há uma diminuição na ferocidade e no vigor de ambos os sexos, apesar da coletividade aumentar o poder de resistência contra adversidades, como ataques de animais. Essa nova maneira de viver presenteia o homem com o ócio, é nele que se começará a produção de comodidades e é nestas que estarão as sementes de vários futuros infortúnios. A compleição dos indivíduos continua a degenerar e as comodidades vão tornando-se necessidades, que quando não atendidas geram um desprazer inteiramente desproporcional ao prazer que davam. Nesta nova circunstância onde os homens forçam-se a viver juntos, abre-se a possibilidade, concretizasse, de desenvolvimento da língua e da fundação de nações, uniformes em caracteres e costumes, não tanto por suas leis quanto pelo modo que vivem: mesma alimentação e clima. A convivência conjunta faz florescerem as relações permanentes, algo novo, mas, por outro lado, traz consigo a fundação do comportamento estético, e com a ideia do mérito e da beleza germinam os sentimentos de preferência. Consecutivamente, a convivência apresenta ao coração humano o amor, o ciúme e a discórdia. Rousseau tragicamente afirma que o preço pelo amor, essa paixão avassaladora, é o derramamento de sangue, resultado dos conflitos por ela gerados. Conforme mais o coração dos homens se transforma, outras paixões vão emergindo. Vem à luz uma necessidade de estima pública, mãe de incontáveis vícios, progenitora de desigualdades – o mundo humano passa a conhecer a vaidade, o desprezo, a vergonha e o desejo. Da necessidade de estima pública e da apreciação mútua surge a ideia de consideração, marcando esta uma nova fase da humanidade. Todos os homens queriam ser considerados, privar alguém da consideração se tornou algo passível de punição. Para o autor, é daí que nascem os primeiros deveres da civilidade. Como são os homens que arbitram quanto valor possuem, quando de um indivíduo não prestar deferência proporcional ao valor que um homem atribui a si, logo ele sentia-se desprezado. É na punição desse desprezo que o homem torna-se excessivo, as vinganças ancoram-se no terror, a sanguinolência colore os atos e a crueldade arraiga-se no espirito humano; neste ponto, a piedade natural sofre um duro golpe, mas não extingue-se ainda. Apesar de todo o horror dessa nova fase da humanidade, essa teria sido a época mais feliz até o momento vivenciada pelos homens, aqui o homem ainda desfrutava de tudo aquilo que o estado de natureza, em sua pureza, oferecia. Para Rousseau, só acontecimentos colossais teriam feito o ser humano ir além. Sem ousar dizer quais seriam esses acontecimentos excepcionais, o autor passa àqueles que acreditarem terem impulsionado a transformação da existência humana. Quando o homem abandona a produção solitária de suas obras e artes, passando a necessitar de vários indivíduos para realiza-las, nascem a propriedade, o trabalho e a desigualdade social. Das realizações humanas, foram a metalurgia e agriculturas as responsáveis pela transformação dos gêneros de vida. É da primeira partilha das terras cultivadas que erigem-se as primeiras leis – a mera posse inconstante torna-se propriedade permanente e hereditária. O novo regime de necessidades, engendrado por essas transformações, instaura um grau de interdependência que torna os ricos escravos daqueles que acreditam subjugar. Ao passo que aumenta a quantidade de despossuídos, estes servem-se da usurpação ou esperam a concessão dos ricos para a manutenção de sua subsistência, os últimos, entretanto, não mais interessam-se se não pela dominação – acabando “como esses lobos famintos que, tendo provado a carne humana, rejeitam qualquer outro alimento e só querem devorar homens” (ibidem, p. 219). Do embate entre as forças dos poderosos e as necessidades dos miseráveis desponta o direito aos bens alheios, silencia-se a piedade natural e a justiça, a sociedade adentra ao estado de guerra e - os homens se tornam avaros, ambiciosos e maus. Vendo-se afundar nas mazelas do estado de guerra, ameaçados continuamente, estando sob risco suas vidas e seus bens, resolvem os poderosos fundar o Estado de Direito. Que sob a bandeira de uma falsa igualdade, fazendo miseráveis e ricos prestarem conta sobre seus atos nos mesmos termos, possibilitou a perpetuação do direito à propriedade, o enraizamento da desigualdade e o descarte final da lei natural, sendo esta substituída pela lei civil. Multiplicam-se os corpos políticos (sociedades com seu próprio Estado) e, atacados pelo ressentimento por terem abandonado o estado de natureza, os homens começam eles a se digladiar – o mundo conhece a guerra e os seus horrores. Surgido os Estados e os governos, a humanidade enfrenta mais uma fase de decadência, esta culminará no Estado Despótico. A corrupção atravessa a sociedade e a única lei que se faz presente é a lei do mais forte, pela força senta-se no trono e por ela se é destronado, sem que ninguém tenha direito algum de reclamar da violência que sofre. Nesta nova fase da humanidade, todos os homens voltam a ser iguais, pois já não são mais nada! *** O que mais chama-nos a atenção na obra de Rousseau é a historicidade radical de tudo o que o homem é, desde a estrutura anatômica e fisiológica às culturas. Mas ao mesmo tempo que Rousseau aponta para esse traço fundamental (historicidade) ele renega a História de sua época, pois não se possui registros suficientes para a quantidade de acontecimentos que pululam na extensão temporal em que se desenvolve o homem, milhares e milhares de séculos. É assombrosa a intuição rousseauniana, pensando em algo que só viria a ser instituído pelo discurso científico do século dezenove na teoria evolucionista e em algumas partes da historiografia da época, qual seria esse pensamento? A circunstanciliadade. Ao pensar no papel das circunstâncias e identificar no homem a capacidade de se “aperfeiçoar” (adaptar-se, para Darwin), Rousseau legitima a alteridade humana, as diferentes culturas e estruturas sociais, apesar de que algumas delas possam ser mais ou menos corrompidas para ele. Na historiografia novecentista, em especial no historicismo alemão, essa multiplicidade do ser-no-mundo dos homens é legitimada com a ideia de um espirito único a cada sociedade e período histórico. Além da intuição rousseauniana, parece-nos interessante pensar a quem realmente despertaria atenção esta obra de Rousseau – acreditamos que àqueles que estão interessados numa práxis social, numa teoria indissociável de uma prática. A crítica que Rousseau faz às necessidades nascidas do progresso social não é a mesma que, desde Karl Marx, vários autores têm feito na teoria social até os nossos dias atuais? Surpreende a quantidade de críticas que Rousseau faz e a sua similitude com muitas das críticas contemporâneas. Paixões que não são naturais, mas culturalmente constituídas; uma divisão sexual do trabalho não imanente, e que, apesar de Rousseau secundarizar a mulher, o reconhecimento de que essa divisão não é natural abre a possibilidade de outras discussões; a descrença na razão instrumental, tão valorizada na ilustração; o reconhecimento das paixões e sua circularidade com a racionalidade. Acreditamos que essas são algumas das razões que tornam a obra de Rousseau ainda útil, não esquecendo que a importância que se atribui a qualquer documento é também circunstancial. No caso de Rousseau, por ter se tornado um clássico da filosofia iluminista, por ter seu nome ressoado até nos banhos de sangue da Revolução Francesa, por sua contribuição à teoria pedagógica, ele é um autor que criou raízes bem profundas na cultura ocidental. Descartamos os demais elogios e encerramos com um sentimento um tanto de inveja e um tanto de frustração por não conseguirmos produzir uma real crítica à obra de um intelectual dessa envergadura, não sem sermos tendenciosos e injustos.