Há um texto que o rei Salomão escreveu após adquirir algumas
experiências com a vida e com Deus que denuncia muito bem a situação do homem, o texto é: Todavia, não há um justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque. (Eclesiastes 7: 20) A esta afirmação nossa carne e consciência relutam em aceitar, pois quase sempre queremos méritos a tudo aquilo que sobrevêm de bom a nós. Veja se não é verdade... Quando criança, choramos e conseguimos colo, alimento e atenção. Na adolescência chamamos a atenção de algum modo para sermos aceitos nos grupos. Na juventude nos empenhamos para ganharmos liberdade. Na vida adulta nossas conquistas são advindas de muito suor. Na velhice a gente olha para traz e bate no peito dizendo: tudo quanto experimentamos e vivemos se sobrevivemos é porque somos bons e alguns méritos temos.
Esta é uma definição um tanto quanto superficial da vida e do
pensamento humano. Entretanto olhando para esta superficial mentalidade humana não é difícil entendermos a dificuldade de aceitarmos a Graça de Deus.
Nos recônditos da alma humana tudo tem de ter uma explicação
para a conquista, e esta explicação esta baseada nos méritos. O homem procura apoiar-se em qualquer esforço de sua parte para justificar os meios e os fins, pois é difícil a ele aceitar uma salvação advinda de outrem que não seja por seus esforços.
Observando esse raciocínio entendemos a dificuldade de
aceitarmos e vivermos o evangelho. Entendemos porque muitos preferem a lei à Graça. Pois a graça fala-nos de Cruz e Cruz destrona o eu e entroniza outro. A cruz arranca meus apoios e me deixa livre para andar sem ter de pagar. Ela acaba com meus méritos, direcionando-os a Jesus. Ela não mais me permite cantar “Grandioso és tu” em frente ao espelho. Ela me faz quedar aos pés do único que é digno de todo louvor: Jesus.
No velho testamento observamos vários homens tentando se
salvar pela pratica da lei, esta tentativa é semelhante a um elefante se lançando ante a um penhasco na tentativa de alçar vôo. Pois a lei por si só não é capaz de salvar. A lei foi dada por Deus não para que o homem se salvasse, e sim para que o homem reconheça que distante de Deus não existe salvação. Que é o homem tentando se salvar pela pratica da lei, se não um homem na tentativa de viver independente de Deus? A base para este pensamento esta justamente nos texto sugerido como reflexão, outro texto para elucidar nosso raciocínio esta em Mateus 19: 16-22, onde um jovem rico tentando por seus méritos ganhar vida eterna, recebe uma resposta de Cristo que em minhas palavras é mais ou menos isso: Se você não aprendeu o primeiro mandamento na integra não ouse tentar praticar o segundo. Pois ele amava mais suas posses do que a Deus e muito menos amava os seus semelhantes...
Romanos 3: 21-31 é muito esclarecedor quanto aos méritos à
salvação de alguém. Pois salvação é uma justiça vinda do próprio Deus para aplacar Sua própria ira sobre aqueles que crêem em Jesus. É o antídoto criado desde a eternidade passada para transformação de pecadores a Justos. É a mutação genética criada antes da fundação do mundo, para vergonha de qualquer cientista, que permite filhos das trevas serem transformados em filhos da luz.
Então resta-me fazer uso das palavras do apostolo Paulo e bradar:
Onde esta, então, o motivo de vangloria?... Está ela baseada na obediência da lei? Não, mas no principio da Fé. Pois sustentamos que o homem é justificado pela Fé, independente da obediência a lei. V 27,28.
Conquanto concluímos, a justiça de Deus é uma justiça fora da
lei, pois se baseia na Graça, no amor dEle para com Ele mesmo e para conosco. Entretanto qualquer atitude nossa que não tenha este mesmo principio, amor para com Ele, é mera tentativa nossa de justificarmos nossa salvação. É mera demonstração de honra ao mérito humano. Portanto tudo quanto fizermos, seja o que for (jejum, orações, praticas de caridades), sejam feitos com o único objetivo, de agradá-lo e nunca como apoio para tentarmos nos justificar como merecedores de Salvação.
Lembre-se: Não há nada que possamos fazer para merecermos
salvação, restando apenas uma opção: levantar nossas mãos em sinal de rendição, a exemplo de um fugitivo cercado por policiais, levantando suas mãos desarmadas e se rendendo.
Faça isso e experimente a Justiça que vem do alto.