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UEL
Mestrado (Londrina) 2012 Hélen Cristina da Silva
Doutorado FALE-UFMG 2012 Joviano Goncalves Dos Santos
Rosália Dutra
Rui Rothe-Neves
Rui Rothe-Neves
Tommaso Raso
Tommaso Raso
Patrícia Fabiane Amaral da
Cunha Lacerda
A variação dos pronomes "tu" e "você" no português oral de São João da Ponte
(MG)
A variação das vogais médias pretônicas no falar dos mineiros de Piranga e de
Ouro Branco
Triângulo mineiro
Januária
São Gotardo
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Bom Despacho
Turmalina
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Sabinópolis
Belo Horizonte
NC
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Ouro Preto
Belo Horizonte
São Francisco
Januária
Belo Horizonte
Barra Longa
Divinópolis
RMBH
Belo Horizonte
Mariana
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
NC
Belo Horizonte
Belo Horizonte
RMBH
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Uberlândia
Uberlândia / Port. Europeu
Uberlândia
Itaúna
Belo Horizonte / Campanha / Minas
Novas / Paracatu
RMBH
Belo Horizonte
Itaúna
Belo Horizonte
RMBH
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Mariana
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Bocaiúva / Montes Claros / Mirabela /
Bom Sucesso / Lavras / Três Corações.
EALMG
Belo Horizonte
Braúnas
Ouro Preto
Barra Longa / Belo Horizonte
Belo Horizonte
Itaúna
Machacalis
Belo Horizonte
Águas Vermelhas
Pára de Minas
Abre Campo / Matipó
Mariana
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Passos
Belo Horizonte
Pedro Leopoldo
Montes Claros
Montes Claros
Diamantina
Monte Carmelo
Ituiutaba
RMBH
Belo Horizonte
Araguari
Uberlândia
Uberaba
Belo Horizonte
Uberlândia
Jaboticatubas / Santana do Riacho
Belo Horizonte
Ponte Nova
Papagaios
Mariana / Uberaba
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
Belo Horizonte
NC
Monte Carmelo
Minas Novas
Sabinópolis
Belo Horizonte
Lagoa Santa
Luisburgo
O trabalho de Braga (1977) tem como objetivo o estudo da concordância de número em sintagmas nominais no
português falado. O estudo seguiu pressupostos teóricos metodológicos propostos por Labov (sociolinguística
variacionista). Os dados analisados pela autora foram coletados por meio de entrevistas sociolinguísticas realizada
com sete informantes moradores e nascidos em cidades do triângulo mineiro. Os entrevistados foram divididos em
uma única faixa etária, 15 a 20 anos, duas classes sociais, baixa e média, também separados de acordo com o tip
de bairro onde habitavam, subúrbios ou bairros burgueses. A autora destaca que tanto fatores linguísticos quanto
sociais influenciam no processo de concordância de número nos SN. Para falantes da classe média, a distância en
os elementos do SN e o grau de saliência fônica na oposição singular/plural são os fatores que mais influenciam a
concordância. Já para a classe baixa, a distância entre os elementos do SN é o fator que mais apresenta influência
no fenômeno. O trabalho traz, também, resultados de um estudo realizado na cidade do Rio de Janeiro.
O trabalho de Veado (1980) apresenta uma descrição e análise da língua falada na micro-região “Sanfranciscana d
Januária/MG” (Januária, Itacarambi, Manga, Montalvânia, São Francisco). Os dados foram obtidos por entrevistas
com falantes não escolarizados da zona rural. Segundo a autora, o estudo dos dados aconteceu em duas etapas:
primeiro, foram realizadas análises de natureza morfossintática observando ocorrências mais e menos frequentes,
exemplos: uso da forma pronominal “a gente”; uso de “mais” no lugar da preposição “com”. Depois, realizou-se um
estudo detalhado de um aspecto gramatical, o traço de número no SN, pautando-se na teoria transformacional
“standard” (Chomsky, 1965). O objetivo do trabalho é a descrição da língua e uma apresentação da realidade
linguística da zona rural visando melhorias nos métodos de alfabetização de adultos daquela e outras regiões.
Este trabalho faz uma comparação entre a língua falada por crianças em idade pré-escolar da cidade de São Gota
e a fala dos adultos. O autor denomina a fala dos adultos de “dialeto caipira” e propõe uma comparação para
entender até que ponto essa variedade interfere na fala das crianças em processo de aquisição da linguagem. Os
dados analisados foram extraídos de entrevistas gravadas com crianças em idade pré-escolar. O trabalho pauta-se
em estudos a respeito da aquisição e desenvolvimento da linguagem, citando autores como Piaget, Chomsky, Gili
Gaya e outros. Um dos resultados obtidos na pesquisa apontou para o fato de que a criança, em idade pré-escolar
domina o código, a língua falada pelos adultos. Características como ausência de concordância entre sujeito e ver
passagem de -NDO do gerúndio para -NO, apagamento de -R infinitivo, uso de Num por Não, entre outras, foram
observadas na fala infantil.
Reis (1984) realiza um estudo de conceitos básicos de análise entoacional, como unidade entoacional, ritmo,
conceitos de entoação e, também, a descrição fonética perceptiva dos tons básicos da fala coloquial do português
falado em Belo Horizonte. O trabalho não traz informações a respeito da metodologia de coleta de dados, mas,
segundo o autor, foram realizadas observações da língua oral em Belo Horizonte. Reis destaca que o trabalho de
análise fonética limitou-se às sílabas tônicas proeminentes e átonas finais do grupo tonal simples.
O trabalho de Nicolau (1984) tem como objeto de estudo a concordância entre o verbo e o SN sujeito de 3ª pessoa
do plural na fala coloquial da cidade de Belo Horizonte. O conjunto de dados analisados foi formado através de 32
entrevistas, todas gravadas individualmente com informantes selecionados a partir de critérios sociolinguísticos,
porém, variáveis como a escolaridade dos falantes não foram controladas. A autora apresenta, como um dos
resultados do trabalho, a observação da ausência de concordância entre verbo e SN sujeito de 3ª pessoa do plura
Esse fenômeno é caracterizado como uma variável estável do português coloquial de Belo Horizonte, e que
apresenta uma nítida estratificação entre classes sociais.
O trabalho de Passos (1984) tem como objetivo estudar os conectivos conjuntivos do português falado: “então” e
“quer dizer (que)”. Segundo a autora, essas formas de conectivos são frequentes na linguagem oral e devem ser
mais bem analisados. O trabalho baseia-se, sobretudo, nos estudos de Halliday e Hasan sobre os conectores
textuais. Os dados analisadosforam extraídos de nove entrevistas com informantes mineiros, nascidos ou residen
na cidade de Belo Horizonte por pelo menos metade do seu tempo de vida. Todos os informantes têm mais de 25
anos e com grau de escolaridade superior. Uma das observações da autora é que os conectivos “então” e “quer di
(que)” “realizam conexões lógicas determinadas, específicas a cada um deles, e que lhes conferem significações
definidas no contexto em que se inserem”.
O trabalho de Queiroz (1984) tem como principal objetivo o registro da Língua do Negro da Costa, que é usada em
circunstâncias especiais por moradores de um bairro na periferia da cidade de Bom Despacho. A autora destaca q
sua pesquisa reunião, além de dados da língua em questão, informações sobre ela e sobre sua história, bem como
dados sobre as condições de vida e costumes dos ainda falantes da língua. A língua estudada no trabalho é um
remanescente, quase que exclusivamente lexical, de falares africanos. A pesquisa da autora possibilitou a elaboraç
de um glossário dos termos coletados e analisados a partir dos registros da Língua do Negro da Costa.
O trabalho de Santos (1985) realiza uma análise das seguintes variantes fonéticas do português: [e], [i] e [ĩ] (em
sílaba átona inicial), [w] e [h] (em final de sílaba interna), [l] e [r] (em grupo consonantal). O estudo foi realizado com
dados obtidos a partir de entrevistas e aplicação de questionários com informantes da cidade de Turmalina, no Val
do Jequitinhonha, Minas Gerais. Todos entrevistados eram pessoas nascidas na cidade pesquisada, zona urbana o
rural, tendo entre 15 e 75 anos e distribuídas em três níveis de escolaridade. A autora pauta seu estudo em trabalh
da sociolinguística variacionista e estudos da fonologia do português. Um dos resultados apresentados pela pesqu
apontou para uma extinção dos processos fonéticos de nasalização e rotacismo em final de sílaba e em grupo
consonantal. A frequência desses processos foi baixa e aparece em maior número apenas na zona rural, entre
falantes analfabetos e com idade mais avançada.
O trabalho de Dogliani (1987) faz um estudo sobre as condições da vocalização da lateral-palatal. São analisadas
variações entre a lateral-palatal [ λ ] e a semivogal palatal [ y ]. O corpus do projeto contem dados de entrevistas o
realizadas com falantes da cidade de Belo Horizonte, nascidos ou que tenham vivido na ali desde a infância. Os
informantes foram escolhidos a partir de critérios sociolinguísticos e divididos em dois grupos sociais. Durante as
entrevistas, os falantes foram submetidos a testes de percepção linguística e reconhecimento de gravuras. Os
principais resultados da pesquisa apontam que a variação estudada é considerada estável, e que há um grau de
estratificação social no uso, sendo a variante [ y ] mais usada pelo grupo menos favorecido socialmente.
O trabalho de Viegas (1987) tem como objetivo analisar o fenômeno da elevação das vogais médias pretônicas em
dois grupos de falantes diferenciados socioeconomicamente. O trabalho pauta-se em estudos da fonética, fonologi
sociolinguística. Para a analise proposta pela autora, foram utilizados dados obtidos em 16 horas de gravações
realizadas com moradores naturais de Belo Horizonte ou que tenham morado na cidade por no mínimo vinte anos.
Todos os informantes, homens e mulheres, foram distribuídos em duas faixas etárias. A autora destaca, entre os
vários resultados da pesquisa, o fato do alçamento das vogais apresentar-se ligeiramente estigmatizado e de que
falantes não têm plena consciência do processo de alçamento.
O trabalho de Marinho (1990) tem como objetivo a descrição do pronome pessoal sujeito de primeira pessoa da
singular na fala coloquial na cidade de Belo Horizonte/MG. A autora aponta que não pretende, com a pesquisa,
apenas descrever os usos do pronome, mas também apontar motivadores para o uso ou não uso da forma
pronominal no discurso espontâneo. Os dados analisados foram retirados de entrevistas gravadas com falantes da
cidade de Belo Horizonte, todos com nível superior de escolarização e pertencentes à classe média. Os resultados
pesquisa apontam para o alto uso do pronome sujeito de primeira pessoa singular e, como explicação, a evolução
sistema verbal caminhando para a perda da flexão número-pessoal.
O trabalho de Santos (1990) tem como objetivo o estudo a respeito da posição do sujeito em relação ao verbo no
português. A pesquisa foi desenvolvida a partir de dados coletados em entrevistas realizadas com 16 informantes,
oito homens e oito mulheres, da cidade de Belo Horizonte. A autora apresenta algumas análises levando em
consideração os fatores extralinguísticos, estruturais e semântico/discursivos. Entre os resultados, a partir da
influência dos fatores extralinguísticos, destacam-se: os fatores “sexo” e “idade” não influenciam significativamente
comportamento da escolha da posição do sujeito. E com relação aos fatores discursivos e estruturais (linguísticos)
pesquisa mostra que o tipo de sentença (afirmativa, negativa ou interrogativa) e a Voz Verbal enão influenciam a
escolha da posição do sujeito na frase, resultado contrário ao que dizem algumas hipíteses encontradas na
Gramática Tradicional, segundo a autora.
O trabalho desenvolvido por Mafra (1992) estuda o tabu linguístico. Tendo em vista o tabu linguístico como um
fenômeno cultural e psicológico, cuja manifestação é influenciada por fatores extralinguísticos, a autora faz uso de
dados coletados com metodologia sociolinguística. Foram gravadas entrevistas e aplicados alguns testes nas
comunidades urbana e rural do município de Sabinópolis. Os dados coletados foram analisados quantitativa e
qualitativamente. O trabalho traz uma revisão bibliográfica nas perspectivas linguísticas, antropológicas e
psicanalíticas sobre o tema “tabu”. Como resultados da pesquisa, destaca-se a diferença de “tipos de tabu” entre a
zonas rural e urbana, uma vez que no meio rural foram identificados tabus do tipo “sobrenatural” e “doença”, já no
meio urbano, temas recorrentes foram “estigmas sociais”, “partes do corpo e fisiologia”, resultado que sugere uma
distância cultural entre as comunidades.
O trabalho de Assis (1995) analisa as condições de uso do artigo no português culto falado em Belo Horizonte. A
pesquisa foi orientada por uma abordagem funcional-discursiva, e ocupa-se das funções do artigo no discurso e
algumas ocorrências em contextos fóricos. Para seu desenvolvimento, foram usados dados coletados a partir de
entrevistas orais com seis moradores de Belo Horizonte, todos com nível de escolaridade superior e idade entre 21
39 anos. Um segundo conjunto de dados também serviu como corpus de trabalho, e foi composto por dez narrativ
entre duas pessoas (falantes e ouvinte) sobre um filme (curta) produzido especialmente para o desenvolvimento da
pesquisa. A autora destaca, como um dos resultados, que é comum o falante entender como não necessária a
introdução, por artigo indefinido, de todos referentes relativos ao conteúdo da mensagem.
A dissertação de Bianchet (1996) apresenta um estudo sobre a alternância no uso dos modos indicativo ou subjun
nas orações completivas objetivas diretas no português e no Latim (século IV). A autora analisa noventa e sete
sentenças, todas extraídas de trinta entrevistas orais com falantes de português brasileiro e do texto latino
Peregrinatio Aetheriae. Os dados de língua oral foram obtidos em entrevistas fornecidas pela Faculdade de Letras
UFMG e algumas mais que foram gravadas para completar o corpus, porém, a autora não dá muitos detalhes sobr
entrevistas. Os resultados da pesquisa apontam que a escolha entre os modos subjuntivo ou indicativo pelos falan
não confere com a modalidade exigida pelo verbo nas sentenças e que essa variação está condicionada ao nível d
escolaridade.
O trabalho de Corrêa (1998) tem como objetivo analisar as realizações das variantes plena e reduzida de pronome
pessoais de terceira pessoa (eles/eis, ela/éa, ele/el) do português falado na capital mineira. O autor propõe que as
formas reduzidas constituem um caso de cliticização, e, além das análises de cunho variacionista, apresenta algun
estudos da gramaticalização. Para realizar o estudo, Corrêa coleta dados a partir de 27 entrevistas gravadas com
moradores da cidade de Belo Horizonte, que foram distribuídos em três faixas etárias e três níveis de escolaridade
Os dados também foram submetidos a classificações quanto às variações de fatores linguísticos. Dentre os
resultados obtidos ao final do trabalho, destaca-se que as variantes estudadas apresentam um caso de variação
estável na língua, e que entre os falantes mais jovens, o uso da forma reduzida masculina plural mostrou-se maior
que entre as demais faixas etárias.
O trabalho de Alves (1998) tem como objetivo uma análise do processo de indeterminação do sujeito no português
brasileiro, mais especificamente, a partir de dados de fala obtidos na cidade de Belo Horizonte. A pesquisa
desenvolvida pelo autor pauta-se nos estudos da gramática tradicional e gerativa, e nas noções de gramaticalizaçã
Os dados analisados no trabalho foram obtidos através de gravações de programas de TV e rádio (de Belo
Horizonte) e, também, de 23 entrevistas sociolinguísticas realizadas com moradores da capital mineira. Um dos
resultados apresentados pelo autor aponta para um crescente uso das formas “você” e “cê” em contextos de
indeterminação do sujeito, o que pode indicar um processo de mudança no português.
O trabalho de Rocha (1999) tem como objetivo analisar a perda dos pronomes clíticos no português falado na cida
de Ouro Preto. A autora pretende verificar a tendência, já observada em estudos variacionistas anteriores, a fim de
verificar se esse processo ocorre também no “falar mineiro”. Para realização do estudo, foram utilizadas 27
entrevistas com moradores da cidade de Ouro Preto e entrevistas coletadas do programa de TV local “Ao Vivo”.
Todas as entrevistas foram distribuídas em quatro faixas etárias e três níveis de escolaridade. Foram utilizados,
também, dados de língua escrita coletados em jornais da cidade de Ouro Preto, os quais contém identificação da
autoria. A variável tomada para estudo foi a realização ou não do pronome reflexivo “se”. Após a análise dos dados
autora destaca que a variante “zero” é a mais frequente, corroborando assim a hipótese da perda do pronome clític
em português.
O trabalho de Gonçalves (1999) tem como objetivo um estudo do conceito de “objeto incorporado” a partir de sua
função discursiva dentro de textos orais. Para a realização da pesquisa, o autor analisa um “corpus” formado a par
de entrevistas sociolinguísticas realizadas com 13 informantes, sendo nove mulheres e quatro homens, todos
moradores de Belo Horizonte há no mínimo 10 anos, mas que nasceram, obrigatoriamente, no estado de Minas
Gerais. As analises desenvolvidas pela pesquisa seguem os estudos funcionalistas. Como principais resutlados, o
autor destaca que as ocorrências dos objetos incorporados alocam-sem, em 63% dos casos, na categoria discursi
de "fundo", e em 37% dos casos na categoria de "figura", e resalta também que, o objeto incorporado, devido a su
caracteriscicas semânticas, nunca é usado para introduzir ou retomar participantes do discurso, e sua função é
classificatória em relação à ação ou processo expressos pelo verbo.
O trabalho de Coelho (1999) tem como objetivo analisar o uso das variantes da forma pronominal “você” (variantes
“você”, “ocê” e “cê”) falado na cidade de São Francisco, localizada na região norte do estado de Minas Gerais. A
pesquisa segue os estudos da sociolinguística variacionista e analisa dados obtidos a partir de entrevistas orais
realizadas com moradores da cidade. Foram gravadas 24 entrevistas, com 24 informantes, 12 da zona urbana e 1
da zona rural. Os informantes foram subdivididos em dois grupos sociais (dentro das áreas urbana e rural), três fai
etárias, sendo metade dos informantes homens e metade mulheres. A análise dos dados apresenta uma variante
não considerada no início do trabalho, a forma “ancê”, que não era esperada. Essa forma foi documentada durante
as entrevistas e corrobora a hipótese de que a evolução da forma pronominal acontece de modo distinto entre as
zonas urbana e rural.
O trabalho de Alves Neta (2000) realiza uma análise, sob a perspectiva sociolinguística variacionista, do uso das
formas verbais do presente do indicativo por formas do presente do subjuntivo no português. Para realização do
estudo, a autora utiliza dois “corpora”: o primeiro, com dados de língua oral, obtidos através de 18 entrevistas com
moradores da cidade de Januária, Norte de Minas, e um segundo “corpus”, com dados de textos escritos, obtidos
270 redações de alunos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas de Januária. A análise considera tan
fatores linguísticos (tipo de orações, modalidade, tipo de conjunção das orações subordinadas) quanto fatores
extralinguísticos (escolaridade, faixa etária e estilo da fala). Ao final do trabalho, a hipótese do uso das formas do
presente do indicativo por formas do presente do subjuntivo como caso de variação foi refutada, uma vez que os
dados não demonstram esse fenômeno por falantes da cidade de Januária.
O trabalho de Antunes (2000) tem como objetivo principal a descrição fonética da entonação utilizada por crianças
três a cinco anos em enunciados declarativos e interrogativos totais (sim ou não). Para a pesquisa, foram utilizado
dados obtidos através de gravações realizadas em uma escola de Belo Horizonte, com crianças de três, quatro e
cinco anos, entre eles, meninos e meninas. A pesquisa realiza uma análise acústica dos dados através de program
de computador específicos para esse tipo de analise. O trabalho alcança seus objetivos na descrição da entonação
nas sentenças propostas e destaca a diferença encontrada entre a duração da vogal de sílaba tônica em frases
interrogativas totais, que é maior que nas sentenças declarativas.
O trabalho de Mendes (2000) tem como objetivo observar o fenômeno da ausência de artigo definido diante de
nomes próprios na fala de moradores da cidade de Barra Longa, Zona da Mata no estado de Minas Gerais. A
pesquisa da autora pauta-se em estudo da linguística histórica e, para a análise do fenômeno, são utilizados tanto
dados de textos escritos antigos quanto dados de língua oral. Os textos escritos consultados são documentos
notariais e eclesiásticos dos séculos XVIII e XIX que remontam a fundação da cidade. Já os dados de língua oral
foram extraídos de 10 entrevistas realizadas com pessoas idosas nascidas em Barra Longa. O principal resultado
pesquisa aponta para a manutenção, desde os estágios mais antigos da língua, da ausência do artigo diante de
nomes próprios na fala da cidade de Barra Longa.
O trabalho de Lemos (2001) investiga como o alçamento das vogais médias átonas, /e/ e /o/ em /i/ e /u/, interfere n
processo de aquisição do registro ortográfico por crianças das séries de alfabetização. Para a realização da pesqu
o autor contou com a participação de 64 informantes da cidade de Divinópolis/MG, todos eles estudantes das quat
séries iniciais do ensino básico, sendo 32 de escola pública, e 32 de escola particular, divididos igualmente entre
meninos e meninas. Os alunos foram submetidos a entrevistas orais, e a testes, desde questionários e produções
escritas, até testes de percepção de erros em textos escritos. Durante as análises, o autor observou que os alunos
das séries iniciais tendem a não realizar o alçamento da vogal em sílaba átona final no momento da fala, baseados
na grafia da palavra escrita. Porém, os alunos das séries mais avançadas (alunos mais velhos), parecem abandon
essa pronúncia em favor do alçamento (pronúncia categórica no português brasileiro).
O trabalho de Viegas (2001) analisa a elevação do traço de altura em vogais médias pretônicas (como em
"cunversa") na fala de habitantes da região metropolitana de Belo Horizonte. Assume-se a hipótese de que esse
processo tenha ocorrido inicialmente em termos mais cotidianos. Para as observações empíricas, foram selecionad
16 informantes de duas áreas socioeconomicas: 8 informantes moradores da área do Barreiro, que apresentam
renda familiar mensal baixa e 8 informantes da região do Colégio Batista, com renda familiar mensal mais elevada
Foram realizados cinco testes de leitura para verificar a hipótese de que palavras com o mesmo ambiente ocorrem
sempre de formas distintas. Os resultados demonstram que há outros fatores, além do ambiente, que atuam para
favorecimento do processo de alçamento. A intuição dos falantes acerca das realizações de alçamento mostrou-se
conflitante, devido ao evidente prestígio da forma não alçada e à variável com alçamento não ser um processo
inteiramente consciente.
O trabalho de Lopes (2001) tem como objetivo analisar a prosódia da frase alternativa utilizada por crianças de três
cinco anos. Para a pesquisa, foram utilizados dados obtidos através de gravações realizadas em uma escola de B
Horizonte, com crianças de três, quatro e cinco anos, entre eles, meninos e meninas. A pesquisa realiza uma análi
acústica dos dados através de programas de computador específicos para esse tipo de análise (WinPitch). O autor
discute, a partir das análises realizadas, a relação prosódica com as estruturas sintáticas, semânticas e pragmática
e sua influência sobre as estruturas alternativas. O autor aponta algumas observações ao final de seu trabalho,
destacam-se: 1 - A prosódia auxilia na organização sintática da sentença alternativa; 2 - O aspecto semântico apon
para a prosódia como um recurso linguístico para desambiguizar a frase alternativa.
O estudo de Alkmim (2001) descreve as construções negativas no falar de Minas Gerais, considerando as hipótese
de que as negativas setenciais do atual dialeto mineiro distingue-se do dialeto falado no passado; que as formas [N
V Não] e [V Não] são variantes linguísticas da construção padrão [Não V]; que o segundo "não" na forma [Não V N
foi gramaticalizado. Os dados analisados foram coletados no povoado de Pombal, distrito de Mariana, por meio de
entrevistas com 66 informantes. Também foram analisados dados de língua escrita provenientes de quatro peças d
autores mineiros e não mineiros. Os resultados do trabalho mostram que a construção [Não V] é "a negativa
canônica", a variante [Não V Não] é inovadora e a construção [V Não] apresenta "perfil ascendente", por apresenta
menor frequência em relação a variante inovadora. A autora destaca uma descoberta que relaciona a negação ao
pronome de tratamento senhor, mais especificadamente na expressão "não senhor". Alkimim assume que esse
pronome, por estar associado à situação de escravidão no Brasil colônia, teve sua frequência de uso diminuída
devido à abolição. Como resultado da expressão, o "não" é incorporado às construções de negação. Assim, a
expressão "não senhor", socialmente motivada, foi tomada como precursora de uma mudança na língua.
O trabalho de Martins (2001) tem como objetivo um estudo do fenômeno de cancelamento das líquidas /l/ e /ɾ/
intervocálicas na fala da cidade de Belo Horizonte. A autora considera o fenômeno estudado como um caso de
variação linguística, delimitando as variantes: 1 - marcação das líquidas intervocálicas; 2 - cancelamento das líquid
intervocálicas. O trabalho discute as propostas teóricas da mudança linguística sob os modelos neogramático e da
difusão lexical. Os dados analisados foram obtidos a partir de entrevistas com 24 informantes, nascidos e residente
em Belo Horizonte, sendo todos professores ou alunos da UFMG. O principal resultado da pesquisa, destacado pe
autora, aponta para um contexto fonético que seria um estabilizador da mudança linguística, trata-se da sílaba
postônica final, diferente do que ocorre em sílabas postônicas mediais, cujo contexto favorece o cancelamento, co
em: /analize/ > /anaize/.
O trabalho de Bastos (2002) tem como objetivo o estudo da influência da TV na fala das pessoas, mais
especificamente na presença de gírias no linguajar utilizado no dia a dia. Para a realização do estudo, o autor cont
com a colaboração de 40 informantes, todos moradores da cidade de Belo Horizonte e funcionários do Juizado
Especial Criminal de BH. Os informantes foram distribuídos em dois grandes grupos, 20 pessoas superexpostas a
e 20 pessoas que declaram assistir pouco a programação televisiva, todos classificados em quatro faixas etárias e
distribuídos em ambos os sexos. O estudo se pauta, sobretudo, em estudos da sociolinguística e tem como princip
resultado a comprovação de que a TV influencia diretamente na presença de gírias no vocabulário diário das
pessoas, independentemente da classe social.
O trabalho de Huback (2003) tem como objetivo a análise do fenômeno de cancelamento do /r/ em final de itens
nominais no português falado na cidade de Belo Horizonte a partir de um modelo difusionista. Por itens nominais, a
autora delimitou as palavras que se enquadram nas categorias de “substantivos”, “adjetivos”, “advérbios”, “pronom
e “conectivos”. Para coleta de dados, foram realizados três procedimentos: entrevistas nos moldes da
sociolinguística, teste de leitura de texto e teste de leitura de lista de palavras. Os testes foram aplicados a 30
informantes moradores de Belo Horizonte, classificados em três faixas etárias, duas classes sociais e três níveis d
escolaridade. A autora destaca alguns resultados da pesquisa, como o fato do cancelamento do /r/ final não estar
ligado a nenhum condicionamento fonético, ou de que, embora haja mais falantes jovens falando a variável de
cancelamento, o programa de análises estatísticas não apontou o fator idade como relevante.
O trabalho de Amaral (2003) tem como objetivo a descrição da variação regional de presença ou ausência de artig
diante de antropônimos em três localidades de Minas Gerais. Os corpora analisados são constituídos de entrevista
com informantes das cidades de Campanha, Minas Novas e Paracatu, divididos em duas faixas etárias e dois níve
de escolaridade. O trabalho comprova a existência de uma variação regional em Minas do fenômeno estudado, e
aponta ainda para a possibilidade de delimitação de áreas linguísticas dentro do estado, o que não tem sido feito,
segundo o autor.
O trabalho de Maia (2003) tem como objetivo o estudo do uso das formas pronominais “nós” e “a gente” no portugu
falado no estado de Minas Gerais. A pesquisa pauta-se em modelos da teoria da Variação e se desenvolve a partir
dados coletados em entrevistas sociolinguísticas. Foram usado dois diferentes “corpora” na pesquisa, um primeiro
“corpus” formado a partir de entrevistas com informantes de Pombal, lugarejo pertencente à cidade de Mariana, to
analfabetos e divididos em três faixas etárias. O segundo “corpus” foi constituído de entrevistas com informantes d
cidade de Belo Horizonte, todos informantes de baixo grau de escolaridade, habitantes de bairros afastados do cen
da cidade e também divididos em três faixas etárias. O principal resultado da pesquisa apontou, a partir de análise
em “tempo aparente”, para uma mudança em progresso, tendo como força inovadora a variável pronominal “a gen
nas duas localidades estudadas.
O trabalho de Araújo (2003) tem como objetivos verificar a frequência de uso de adjetivos nas narrativas orais,
examinar sua distribuição nas categorias discursivas “Figura” e “Fundo” e descrever suas funções discursivas. A
pesquisa segue os pressupostos das teorias funcionalistas e trabalha com dados coletados a partir de 12 narrativa
orais. A autora não cita informações a respeito dos informantes, apenas que os dados foram obtidos por meio do
GREF (Grupo de Estudos Funcionalistas da Linguagem) e que todos os dados remetem a informantes do estado d
Minas Gerais (modalidade oral). O trabalho da autora apontou alguns resultados, dentre eles, o de que os adjetivo
ocorrem mais na categoria de "Fundo", 90% das ocorrências, e apenas 10% dos adjetivos analisados alocam-se n
categoria discursiva de "Figura".
O trabalho de Guimarães (2004) analisa a variação sonora nas sequências de “sibilantes + africada alveopalatal” n
português falado em Belo Horizonte. A pesquisa se desenvolveu com base nas teorias da Difusão Lexical, da
Fonologia de Uso e do Modelo de Exemplares. Para o estudo, a autora utiliza dois “corpora”: o primeiro, com 36
informantes (18 homens e 18 mulheres), moradores de Belo Horizonte, organizados em três faixas etárias e três
níveis de escolaridade. Já o segundo “corpus” é composto por 16 informantes (oito homens e oito mulheres)
distribuídos nas mesmas variantes sociais do primeiro “corpus”. Um dos resultados da pesquisa aponta para casos
de mudanças foneticamente motivadas, nos quais palavras com maior frequência de uso tendem a mudar primeiro
trabalho analisou as realizações das palavras "ginástica", "plástico", "vestido" e "triste".
O trabalho de Seabra (2004) tem por objetivo o estudo de topônimos na tentativa de reconstituir formas antigas de
nomeação, procurando aproximar-se da história do povoamento na Região do Carmo/MG, especificamente nos
municípios de Ouro Preto, Mariana, Barra Longa, Diogo de Vasconcelos, Alvinópolis, Ponte Nova, Rio Doce, Dom
Silvério e Acaiaca. O "corpus" analisado é formado por trinta entrevistas sociolinguísticas, sendo dez gravações
vinculadas ao projeto "Filologia Bandeirante" e vinte entrevistas gravadas na Região do Carmo/MG, pertencentes a
projeto "Pelas trilhas de Minas: a bandeira e a língua nas Gerais" (FALE/UFMG). A autora também analisa dados
escritos, sendo estes cartas geográficas e documentos históricos da região. De acordo com a autora, os dados
analisados sugerem que houve uma mudança no processo de formação dos topônimos, pois formações linguística
desapareceram total ou parcialmente ao longo do tempo, dando espaço a novas estruturas.
O trabalho de Cabana (2004) analisa as ocorrências de sujeito pronominal lexical e sujeito nulo no português falad
na cidade de Belo Horizonte. O estudo tem pressupostos nas teorias variacionista e trabalha com dados coletados
partir de entrevistas sociolinguísticas. Foram utilizados dois “corpora”, um “corpus” inicial, datado de 1980, com sei
informantes distribuídos em três faixas etárias, e um segundo “corpus” do ano de 2004, com 16 informantes també
distribuídos em três faixas etárias. A pesquisa realiza análises quantitativa e qualitativa dos dados, tendo como bas
uma abordagem em tempo real de curta duração e tempo aparente. A partir do estudo, a autora identificou que o u
do sujeito nulo apresenta-se sensível a fatores estruturais da língua e que os fatores sociais não apresentam
evidencias que apontem para uma mudança de uso exclusivo do sujeito pronominal lexical na fala de Belo Horizon
O trabalho de Matta (2005) tem o objetivo de analisar as ressonâncias léxico-estruturais, ou seja, os enunciados
construídos por um falante com repetição total ou parcial de um segmento frasal que foi produzido previamente po
seu interlocutor. Foram analisados dados extraídos de entrevistas orais com falantes do português, todos nascidos
em Minas Gerais e moradores da grande Belo Horizonte há no mínimo dez anos. Os entrevistados foram alocados
em uma única faixa etária (20 a 55 anos) e todos com formação universitária. Segundo a autora, a partir das anális
realizadas, verificou-se que o uso, ou não uso, das ressonâncias está ligada às intenções comunicativas dos falan
e o conhecimento de possíveis efeitos de um enunciado ressonante.
O trabalho de Campos (2005) investiga a abertura vocálica das vogais médias anteriores e posteriores em verbos
irregulares da primeira conjugação do português. O trabalho pauta-se na teoria de exemplares e nos modelos da
fonologia de uso, e analisou dados obtidos a partir de teste com falantes nascidos e moradores da cidade de Belo
Horizonte. Exemplos de verbos estudados na pesquisa são: "roubar", "velejar", "espelhar", etc. que acontecem, em
primeira conjugação, tanto com pronúncia aberta ou fechada das vogais médias.
O estudo de Peres (2005) analisa o uso das formas “você, "ocê" e "cê” no município de Belo Horizonte/MG. Na
pesquisa, dois períodos de tempo distintos - 1982 e 2002 - foram observados com o objetivo de verificar, com base
na Teoria da Variação, os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam uso das variantes e investigar, em
tempo real, se as três formas estão em processo de mudança. O corpus do ano de 1982 constituiu-se de 16
entrevistas sociolinguísticas obtidas a partir de Viegas (1987). A amostra de 2002 compõe-se de dois conjuntos,
obtidos em Huback (2002) e Huback (2003), formados por registros orais de adultos, jovens e crianças. De acordo
com os resultados apresentados, o processo de gramaticalização do termo "você" o transformou em pronome e a
crescente obrigatoriedade de preenchimento do sujeito culminou no aumento do uso da forma "você". A frequência
uso deste pronome, por sua vez, deu continuidade ao processo de redução fonética, originando a forma "cê".
O trabalho de Araújo (2005) tem como objetivo uma análise dos casos de alteração segmental em sequências de
seguimentos altos adjacentes entre os falantes de Belo Horizonte; alterações como “fri” (de “frio”) ou “véi” (de “véio
são destacadas pela autora. O trabalho se pauta, sobretudo, em estudos da fonética e fonologia. O “corpus”
analisado pela autora foi formado a partir de entrevistas informais, aos moldes da sociolinguística, realizadas com
informantes da cidade de Belo Horizonte, de ambos os sexos, distribuídos em duas classes sociais e duas faixas
etárias. Como resultados principais, a autora destaca o fato de falantes do sexo masculino cancelarem mais a vog
alta posterior átona final, e a classe social baixa apresentar altos índices de redução da vogal átona final.
O trabalho de Martins (2005) tem como objetivo investigar o uso do tópico no português falado na cidade de
Uberlândia. A autora pretende investigar de que modo o fenômeno ocorre e observar se a presença do tópico
favorece ou não a ocorrência do sujeito lexicalizado, pautando-se nos pressupostos teóricos da sociolinguística
laboviana e paramétrica. Os dados utilizados para o estudo foram obtidos através de entrevistas sociolinguísticas
realizadas com 45 informantes, todos divididos em três faixas etárias e três classes sociais. A pesquisa comprova q
os informantes que fizeram uso da estrutura de tópico também lexicalizaram o sujeito. Porém, de acordo com a
autora, as construções de deslocamento à esquerda são mais usadas do que a topicalização. A autora destaca,
ainda, que os dados mostram que o fenômeno da presença ou ausência de construções tópico são um caso de
variação e não de mudança linguística.
Melo (2005) realiza uma investigação das construções com o pronome clítico “se” com valor reflexivo ou recíproco
português oral, tanto no Brasil quanto na Europa, a fim de observar a presença ou ausência dessa forma na língua
oral, e quais fatores estariam influenciando as ocorrências. A pesquisa da autora segue os pressupostos da
Sociolinguística Variacionista e Paramétrica. Os dados analisados do português europeu fazem parte do “corpus” d
“Projeto Português Fundamental”, e os dados do português brasileiro foram extraídos de 45 entrevistas com
informantes da cidade de Uberlândia, entre homens e mulheres, divididos em três faixas etárias e três classes
sociais. A autora destaca que, após a análise dos dados, pode-se observar diferenças entre o PB e PE: o primeiro
apresenta relativa preferência pelo apagamento do clítico, já no segundo, o uso do pronome é sensivelmente maio
Os dados do trabalho também indicam que o fenômeno do apagamento do pronome reflexivo está ligado ao tipo d
verbo da sentença (acidentalmente ou essencialmente pronominais).
O trabalho de Barbosa (2005) tem como objetivo o estudo da variação de uso entre os tempos verbais “futuro do
pretérito” e “pretérito imperfeito” em orações iniciadas pela partícula “se”. A autora pretende, com a pesquisa, detec
se as formas verbais se alternam e quais fatores condicionariam esses usos. Foram usados os pressupostos da
Sociolinguística Variacionista e da Sociolinguística Paramétrica neste trabalho. Os dados analisados foram obtidos
em entrevistas sociolinguísticas realizadas com 45 informantes da cidade de Uberlândia, entre homens e mulheres
divididos em três faixas de idade e três classes sociais. Os resultados da pesquisa comprovaram a hipótese centra
do trabalho, de que existe uma tendência em substituir o pretérito imperfeito pelo futuro do pretérito em orações
condicionais, e o uso do pretérito imperfeito nessas orações também está ligado aos fatores idade e classe social.
Falantes com mais de 45 anos e de classe social baixa tendem ao uso desse tempo verbal.
O trabalho de Araújo (2006) tem como objetivo apresentar uma análise do alçamento da vogal baixa /a/ em contex
pretônicos na fala de moradores de Ouro Preto e Marina. A autora destaca que, em seu trabalho, foi usado o mode
teórico difusionista para entender o professo da difusão do fenômeno em diferentes itens lexicais. Para coleta de
dados, são utilizadas gravações de fala espontânea realizadas com informantes da cidade de Ouro Preto e Marina
autora destaca a variação dos fenômenos de alçamento e não alçamento da vogal /a/ em um mesmo item lexical,
como "faculdade", ou "tradução", observados na fala dos informantes. O trabalho de análise acústica dos dados
identificou como influenciadores da variação, de alçamento/não alçamento, contextos como as consoantes velares
as vogais altas seguintes a vogal baixa /a/.
Este trabalho tem como objetivo analisar a variação de itens lexicais com sílaba átona final formada por /l/ + vogal.
Pretende-se observar a variação e identificar os fatores que influenciam nessa variação. O estudo pauta-se em
trabalhos teóricos da fonologia de uso, de base difusionista, e também em trabalhos teórico-metodológicos da
sociolinguística variacionista. Tanto as variáveis sociolinguísticas (externas) quanto as variáveis de ambiente
linguístico (internas) foram observadas para o estudo. Como fonte dos dados para análise, foi montado um corpus
com 16 informantes da cidade de Itaúna, na seleção dos entrevistados, foram observadas as variáveis de gênero,
idade e o estilo da conversação. Um corpus de comparação foi formado com aproximadamente um milhão de
palavras, extraídas a partir de textos de jornais, também da cidade de Itaúna. Uma das observações apontadas na
pesquisa é de que a baixa escolaridade dos falantes tem influência no processo de apagamento da sílaba átona em
posição final, o que revela uma estigmatização da variante.
O trabalho de Lima (2006) analisa, diacronicamente, o pronome "se". Lima propõe que o constante emprego deste
pronome, tanto na modalidade escrita quanto na oralidade, o tem direcionado para o processo da gramaticalização
descrito por Hopper & Traugott (1993) e Heine et al. Para a análise empírica, foi usado um corpus que abrange a
língua portuguesa em diferentes recortes: período arcaico, moderno e contemporâneo. Foram usados desde
documentos do século XV até o período contemporâneo (textos jornalísticos e textos de fala) para verificar a
frequência do pronome e também seu apagamento na modalidade falada. A amostra oral foi formada por entrevista
do Projeto POBH (Português Oral de Belo Horizonte/MG) e por um conjunto de transcrições de gravações realizad
em Campanha, Minas Novas e Paracatu. O autor destaca em seus resultados que, após a análise dos dados,
observou-se o processo de gramaticalização do pronome "se" na história da língua portuguesa.
Neste trabalho são avaliadas as ocorrências de sequências de (oclusiva alveolar + sibilante alveolar não vozeada)
contextos concorrentes com as sequências de (africada alveopalatal + vogal i + sibilante alveolar não vozeada). O
estudo busca a descrição de tais realizações no português falado na cidade de Belo Horizonte. Assim, o curpus
utilizado na pesquisa contem dados coletados com dezesseis informantes (homens e mulheres) nascidos e/ou
moradores permanentes de Belo Horizonte ou região metropolitana; todos com formação universitária e distribuído
em quatro faixas etárias. Segundo a autora, o trabalho não tem cunho sociolinguístico, porém, fatores como idade
sexo foram observados para verificar possíveis mudanças nas formas fonéticas. Um dos resultados da pesquisa
apontou exatamente uma variação quanto ao sexo, mulheres tendem a usar mais a forma conservadora das
sequências. E, também, falantes mais jovens tendem a usar mais a forma inovadora, caracterizando uma mudanç
em progresso.
O trabalho de Franco (2006) apresenta um estudo sincrônico das relações interacionais iniciadas pela sequência
“sendo que”. A pesquisa pauta-se em estudos funcionalistas e discute um possível processo de gramaticalização d
expressão estudada. O autor utiliza dados coletados em “corpus” de textos escritos e também em entrevistas
gravadas com falantes da cidade de Belo Horizonte. Como resultado do trabalho, o autor observa que a expressão
“sendo que” apresenta grande polissemia, sobretudo na língua oral, funcionando como conjunção, organizando
turnos de conversação, tópicos e subtópicos, usada, portanto, como um marcador discursivo, o que evidenciaria a
ocorrência de um processo de discursivização.
O trabalho de Melo (2006) tem como objeto de estudo, os substantivos agentivos com terminação sufixal –eiro e –
ista. A pesquisa pretende realizar um estudo morfológico sobre a formação de tais itens. Foram observados os
comportamentos dos substantivos dentro do corpus através de análises quantitativas e qualitativas. O conjunto de
dados foi formado, primeiramente, por registros de dicionários e textos de jornais locais, para serem, posteriormen
contrastados com dados de língua oral. O corpus oral foi montado através de entrevistas com dezesseis informant
da cidade de Itaúna, fatores sociolinguísticos foram observados na seleção dos entrevistados. Os informantes
pertenciam a três faixas etárias, todos com segundo grau (completo ou em formação) e foram divididos em dois
grupos sociais. A principal conclusão do trabalhofoi de que os sufixos analisados podem ser considerados, ainda,
concorrentes no processo de seleção para formação lexical.
O trabalho de Oliveira (2006) analisa as formas “nós”, “a gente” e o clítico “se” seguido de verbo no infinitivo como
estratégias de indeterminação do sujeito. A pesquisa da autora segue os pressupostos da Sociolinguística
Variacionista e Paramétrica e analisa dados do português oral das variantes brasileira e europeia da língua. Os
dados, no português europeu, foram obtidos através do site do “Projeto 'Corpus' de Referência do Português
Contemporâneo”, do Instituto Camões. Os dados do português brasileiro foram extraídos de 45 entrevistas com
informantes da cidade de Uberlândia, entre homens e mulheres, divididos em três faixas etárias e três classes
sociais. Os “corpora” foram analisados pelo programa Varbrul, observando-se a influência de fatores tanto linguísti
quando extralinguísticos. Como um dos resultados do trabalho, destaca-se que, no português brasileiro, o uso da
forma “a gente” tem se mostrado mais recorrente, diferente do que acontece na Europa, com uso maior da forma
“nós”. O mesmo é observado com relação às estratégias de indeterminação do sujeito. O resultado é explicado pe
processo de reorganização do quadro pronominal observado no PB.
O trabalho de Tomaz (2006) analisa a alternância das ocorrências de vogais médias posteriores tônicas, aberta [ᵓ]
fechada [o], em formas nominais de plural no português da cidade de Belo horizonte. Os dados analisados na
pesquisa foram extraídos de um corpus formado a partir de um teste de leitura realizado com informantes no
laboratório de fonética da Faculdade de Letras da UFMG. Os participantes do teste foram selecionados a partir de
critérios da sociolinguística variacionista. Foram um total de 24 participantes, 12 homens e 12 mulhres, alocados e
três faixas etárias e dois níveis de escolaridade, universitários e não universitários. Todos os informantes são
moradores permanentes da cidade de Belo Horizonte. Exemplos de itens que foram observados durantes as
análises: caroços, corpos, etc. São itens que alternam o estado da vogal média posterior nas formas de singular e
plural. A autora desenvolve a hipótese de que a variação das vogais está ligada à frequência de uso lexical, e os
resultados da pesquisa corroboram essa hipótese.
O trabalho de de Herênio (2006) tem como objetivo o estudo da variação nos pronomes pessoais do caso reto, ma
especificamente as formas “tu” e “você”. A autora segue os pressupostos da Sociolinguística Variacionista e tem
como foco observar a variação no uso dos pronomes entre duas localidades do país. Os dados analisados no
trabalho foram extraídos de 43 entrevistas realizadas em Uberlândia, Minas Gerais, e 45 entrevistas realizadas em
Imperatriz, Maranhão. Todos os informantes foram organizados em três faixas etárias e três classes sociais. A auto
aponta, como principais resultados da pesquisa, o uso exclusivo da forma “você” na cidade de Uberlândia, e o uso
das duas formas, “tu “ e “você” na cidade de Imperatriz. Entretanto, a autora desta que, apesar da hipótese de que
falantes de Imperatriz usem mais a forma “tu”, os dados apontaram o contrário, a ocorrência da forma “você” é ma
na cidade, e mesmo quando usada a forma “tu”, a conjugação do verbo acompanha a 3a pessoa, como ocorre com
forma “você”.
O trabalho de Castro (2006) tem como objetivo investigar a presença de traços do “dialeto caipira”, como descrito p
Amadeu Amaral em 1920, nos estados de Minas Gerais e Paraná. Para a realização do estudo, o autor utiliza dado
coletados e organizados no “Esboço de um Atlas Lingüístico de Minas Gerais” (Ribeiro et al., 1977) para o estado d
Minas e os dados do “Atlas Lingüístico do Paraná” (Aguilera, 1994). A escolha dos estados está relacionada as sua
geolocalizações em relação ao estado de São Paulo (onde Amaral realizou estudo na década de 1920). Entre algu
resultados, a pesquisa aponta a forte presença do /r/ retroflexo, ou “caipira”, em ambos os estados, o que corrobor
com a hipótese de influência do “dialeto caipira” paulista nesses estados. O trabalho de Castro também apresenta
análises com relação ao léxico das localidades estudas.
O trabalho de Ribeiro (2007) tem como objetivo a investigação do fenômeno de alçamento das vogais postônicas n
finais de itens lexicais nominais proparoxítonos no falar da cidade de Belo Horizonte (ex.: de pêss[e]go para
pêss[i]go; de árv[o]re para árv[u]re). A pesquisa seguiu pressupostos teóricos da Difusão Lexical, estudos da área
fonologia e critérios da sociolinguística para a obtenção da amostra de dados. Foram utilizadas entrevistas e testes
com 18 informantes, todos moradores de Belo Horizonte, estratificados por sexo, faixa etária, escolaridade, classe
social (renda). Entre os resultados apontados pela autora está o fato de que o fenômeno de alçamento das vogais
médias altas posteriores (/o/ para /u/) é bem mais frequente que o alçamento das vogais médias altas anteriores (
para /i/) e que, apesar de haver palavras cujas vogais não alçam, como em "útero" e "Cícero", há razões que
apontam para o caráter difusionista do fenômeno.
O trabalho de Souza (2007) analisa o recurso de indeterminação a partir do uso da 3ª pessoa masculino plural. O
trabalho visa a uma descrição da gramática do português falado e pauta-se em estudos da sociolinguística e teoria
da variação e mudança linguísticas. São utilizados dados obtidos em entrevistas realizadas com falantes do
português moradores de Belo Horizonte e região metropolitana. Como resultados da pesquisa, a autora apresenta
por exemplo, a existência de maior ocorrência do pronome “eles”, com função de indeterminação, em contextos de
SN [+locativos], diferente do que ocorre em contextos de [+genérico], nos quais o pronome tende a estar não
preenchido. O fenômeno do preenchimento ou não está relacionado, também, à faixa etária do falante, segundo a
autora.
Esse trabalho tem como objetivo a análise do fenômeno da declinação, isso é, redução gradativa da entonação, em
sentenças declarativas no português falado na cidade de Belo Horizonte. Foram realizadas análises tanto
quantitativas quanto qualitativas dos dados, sob um ponto de vista fonético. Foram observadas duzentas sentença
realizadas por treze falantes, sentenças essas que eram declarativas, de curta ou longa duração. A autora apresen
a hipótese de que, nas sentenças mais longas, a declinação seria menor. Os informantes eram todos homens,
moradores de Belo Horizonte, com nível superior, em andamento ou concluído, e que não relatassem qualquer déf
de fala ou audição. Um dos resultados apresentados na pesquisa contrariou a hipótese levantada no início do estu
o tamanho das sentenças não interfere na ocorrência ou não da redução da entonação.
A pesquisa de Araújo (2007) tem como objeto de estudo o locativo "onde" no português falado em Belo Horizonte.
autor pretende, com o trabalho, analisar o uso do item a fim de verificar se ele encontra-se em um processo de
variação linguística. Para isso, o autor utiliza dados de língua oral, obtidos através de entrevistas com informantes
cidade de Belo Horizonte, residentes na região norte da cidade há pelo menos quinze anos. Foram entrevistados
dezoito homens e dezoito mulheres. As variáveis de escolaridade, faixa etária e gênero foram controladas nos
modelos da sociolinguística variacionista. O corpus final do estudo contém mais de trinta e sete horas de gravaçõe
Um dos resultados da pesquisa foi a constatação de que o uso do locativo onde é altamente polissêmico, isto é,
apresenta variados valores semânticos; também algumas formas inovadores de uso foram observadas, como naon
e daonde, formas não relacionadas nas gramáticas da língua.
Essa dissertação tem como objetivo a observação e análise das formas da negativa pré-verbal no português falado
O estudo parte dos pressupostos da gramaticalização, processo no qual um item lexical se reduziria até chegar,
possivelmente, a uma forma vazia ∅. O estudo aponta para que a negação pré-verbal em português estaria
chegando à forma de afixo, como em nadianta, nimporta. Para tal estudo, foram coletados dados a partir de
entrevistas sociolinguísticas com informantes nascidos da cidade de Mariana/MG. Os entrevistados foram separad
em cinco faixas etárias, essa separação serviu, posteriormente, para a análise de uma possível mudança em
progresso. O trabalho se pautou, basicamente, em análises acústicas das ocorrências para a observação da duraç
dos seguimentos. Uma análise quantitativa dos dados apontou para uma variação estável entre variantes
observadas.
O trabalho de Alves (2007) análisa a variação das vogais médias em posição pretônica em nomes na fala de Belo
Horizonte. Foram levados em consideram nas análises fatores linguísticos e processos fonológicos, como harmoni
vocálica e redução vocálica. A Teoria da Otimalidade foi tomada como referência teórica. O estudo utiliza três
"corpora": o primeiro grupo de dados foi extraído do "corpus" do POBH (Projeto Português de Belo Horizonte / norm
culta); o segundo é proveniente da pesquisa de Alves (1999); e o terceiro reúne dados provenientes da observação
da fala espontânea. A autora destaca, como um dos resultados, que a variação entre as voagais médias em nomes
mostrou-se intraindividual, isso é, o mesmo falante produz diferentes variantes nos mesmos contextos linguísticos,
segundo Alvez, esse fenômeno é motivado, principalmente, pelo nível de formalidade da fala.
O estudo de Martins (2007) analisa três fenômenos fonológicos: cancelamento de “r” final em nominais,
cancelamento das líquidas /l/ e /ɾ/ intervocálicas e cancelamento das líquidas /l/ e /ɾ/ em encontro consonantal
tautossilábico. A partir de um quadro teórico composto pela Fonologia de Uso, Teoria de Exemplares e Lingüística
Probabilística, o trabalho analisa dados obtidos em testes com 12 informantes da cidade de Belo Horizonte. Como
dos princiapais resultados, o autor destaca que o trabalho demonstrou padrões muito diversos entre os informante
com relação aos processos de cancelamento estudados, apontando para o fato de que indivíduos realizam usos
muito distintos dos mesmo fenômenos.
O trabalho de Guimarães (2007) tem como objetivo uma observação e análise das variações nas vogais médias
pretônicas. O autor investiga tal traço em duas regiões do estado de Minas Gerais, norte e sul. Assim, o trabalho,
além de verificar a variação das vogais dentro da cada uma das regiões, buscou uma comparação entre os dois
pontos do estado. Para tanto, foram usados dados coletados em três cidades em cada uma das regiões. A escolha
das localidades se baseou, também, nos dados apresentados no Esboço de um Atlas Lingüístico de Minas Gerais.
Durante as coletas, os informantes deveriam ler um texto e também eram submetidos a um teste de reconhecimen
de figuras. Um dos resultados apontados pela pesquisa mostra que, na região norte do estado, há uma maior
variação entre os falantes. Como exemplo, observam-se as três formas de produção m[o]eda, m[u]eda e m[ɔ]eda,
que ocorre com menor frequência na região sul.
A pesquisa de Fonseca (2007) pretende registrar e identificar o fenômeno de supressão dos segmentos pós-tônico
em vocábulos proparoxítonos nos falares de Minas Gerais. A autora parte dos dados do Esboço de um Atlas
Linguístico de Minas Gerais. O objetivo é propor uma hierarquia dos contextos fonéticos que favorecem o
apagamento dos segmentos analisados e indicar, também, as variáveis extralinguísticas que influenciam nesse
processo. Os dados analisados foram coletados a partir de entrevistas sociolinguísticas realizadas com informante
estratificados por sexo, três níveis de escolaridade, com idade entre 25 e 65 anos. A pesquisa constatou que o
ambiente fonológico seguinte é influenciador do fenômeno de supressão dos segmentos estudados no trabalho. Já
com relação às variáveis extralinguísticas, a escolaridade aparece como fator de influencia, os menos escolarizado
realizam a supressão dos segmentos estudados com mais frequência que os mais escolarizados.
O trabalho de Ferreira (2007) realiza uma descrição da declinação em falantes de português. Segundo a autora, a
declinação é a tendência de redução da entonação de forma gradual ao longo do discurso, fenômeno programado
pelo falante para indicar que a/uma informação foi concluída. Os dados analisados durante a pesquisa foram
produzidos por dezessete informantes do sexo masculino, todos moradores da cidade de Belo Horizonte, que
estivessem cursando o nível de graduação ou um nível superior de escolaridade. Nenhum dos participantes da
pesquisa relatou qualquer déficit de audição ou fala. As gravações realizadas para o estudo foram feitas em ambie
de laboratório.
O estudo de Gonçalves (2007) busca uma análise da variação entre a concordância ou a não concordância entre o
verbo e o sujeito de terceira pessoa do plural, na região do Vale do Rio Doce, mais precisamente na cidade de
Braúnas. Para o estudo do fenômeno, foram realizadas entrevistas com moradores da região e a seleção dos
informantes seguiu critérios da sociolinguística variacionista. O total de entrevistados foi de trinta e seis falantes,
alocados conforme faixas etárias, escolaridade e sexo. A partir do corpus formado, a autora realiza as análises e
apresenta como um dos resultados da pesquisa, o fato da variação estuda apresentar-se estável, isto é, não há um
diferença significativa nos usos das duas formas. Fatores extralinguísticos e linguísticos influenciam na presença o
não da concordância verbal, segundo a autora.
O trabalho de França (2008) foi uma investigação da fala na cidade de Ouro preto/MG. A autora buscou identificar,
fala dos Ouro-pretanos, a ocorrência de influências devido ao contato com estudantes universitário da UFOP.
Segundo a autora, existia sim a hipótese dessa influência a nível lexical. Para tal estudo, foram usadas dezesseis
entrevistas gravadas com oito informantes Ouro-pretanos, e oito universitários. Foram coletadas, na fala dos
estudantes, palavras como bicho, ferrar, batalha, rombudo, que foram considerados itens “especiais”, referindo-se
rotina estudantil. A ocorrência desses mesmos termos na fala dos Ouro-pretanos não se mostrou produtiva. Segun
a autora, tal fato aponta que, apesar do contato entre os diferentes grupos, não há uma influência dos universitário
na fala dos moradores da cidade, e que os homens, Ouro-pretanos, mostraram-se mais sensíveis ao uso dos term
“especiais” que as mulheres.
O trabalho de Alves (2008) analisa, sob uma perspectiva sociolinguística, a variação sintática da ausência ou
presença de artigo definido diante de antropônimos. O estudo observou o fenômeno na fala de jovens, nascidos na
cidade de Barra Longa – onde a ausência do artigo é mais frequente – e que residem em Belo Horizonte – onde a
presença do artigo se faz maior. Fatores internos e externos foram observados na análise dos dados, extraídos de
um corpus formado por dados de fala de dezesseis informantes, residentes em Belo Horizonte. Gênero, escolarida
e a rede social dos falantes foram alguns dos fatores extralinguísticos observados. Outro corpus foi formado, com
quatro informantes nascidos em Barra Longa e que permaneceram na cidade, usado como um corpus de controle.
Como um dos resultados da pesquisa, foi observado que os informantes que residem em Belo Horizonte tendem a
manter o padrão de fala da cidade de Barra Longa, isso é, a ausência do artigo definido. Porém, essa variação est
condicionada a fatores externos, como a rede de convívio ao qual o falante está mais exposto.
O trabalho de Costa (2008) teve como objetivo o estudo das influências prosódicas na elisão, degeminação e na
ditongação. Os dados analisados pelo trabalho fazem parte do Projeto POBH (Padrão sonoro de português de Bel
Horizonte) de Magalhães (2000). Foram selecionados, como informantes para a pesquisa, seis homens e seis
mulheres, divididos em três faixas etárias diferentes, todos moradores da cidade de Belo Horizonte. Os dados fora
extraídos a partir de elocuções formais, realizadas no laboratório de fonética da Fale-UFMG, nas quais o informant
era gravado individualmente enquanto falava sobre um determinado tema, sem a interferência do entrevistador. A
pesquisa apontou que, diversos fenômenos interferem nos processos de elisão, degeminação e ditangação, como
alongamentos, ênfases, vogais átonas finais e também pausas. A autora apresenta alguns dos dados analisados,
dentre eles temos, a ocorrência de ditongação em ambiente de fronteira [i+u] e para não ditongação, o ambiente
[i+a].
A pesquisa de Silva (2008) tem como objeto de estudo o item “onde”, a autora realiza uma análise do item a partir
perspectivas dos processos de gramaticalização. Os dados analisados no trabalho se dividiam em dois tipos, um
“corpus” de dados de textos escritos do português em três estágios, arcaico, moderno e contemporâneo, e outro
“corpus” com dados de língua oral. Os dados de língua oral foram obtidos através de entrevistas gravadas com oit
informantes homens e oito informantes mulheres, moradores da cidade de Itaúna/MG. As análises apontaram que
item “onde” não apresenta uma regularidade no processo de gramaticalização, pois sobre interferência de outros
itens, como: “aonde”, “então”, “que” e, também, “expressões de conclusão”, “explicação”, “causa”, etc.
O trabalho de Almeida (2008) tem como objeto de estudo, as vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português falad
na cidade de Machacalis, Minas Gerais. Foram analisadas três variantes possíveis para as vogais, sendo, as
realizações fechadas, as realizações abertas e as realizações alçadas. Os dados de estudo da pesquisa foram
coletados em um corpus formado a partir de dezesseis entrevistas sociolinguísticas. Os entrevistados foram
selecionados a partir dos critérios de gênero, idade (duas faixas etárias) e região (rural ou urbano). Fatores interno
linguísticos, também foram controlados, como, tipo silábico, tipo de morfema, etc. Como alguns dos resultados
apresentados, a autora desta que fatores externo, sociais, interferem no processo de variação das vogais, há
diferenças significativas nas falas de jovens e adultos, e também entre zona rural e urbana, o que aponta para
estigmatização das variantes.
O trabalho de Mota (2008) teve como objetivo a investigação da variação no uso das formas dos pronomes “tu” e
“você” na cidade de São João da Ponte localizada no norte de Minas Gerais. A pesquisa seguiu a metodologia dos
estudos sociolinguísticos. Foram realizadas 24 entrevistas com moradores da cidade, entre homens e mulheres,
todos com ensino fundamental completo e distribuídos em quatro faixas etárias diferentes. Os resultados da pesqu
apontaram para o favorecimento do uso da forma “tu” na fala da cidade, tanto entre falantes mais velhos quanto en
os jovens, tendo então o perfil de uma variação estável, que se justificaria devido ao relativo isolamento da cidade.
autora apresenta, também, a predominância de formas pronominais como “te”e “ti”, uma vez que são relacionadas
com o pronome “tu”.
O trabalho de Dias (2008) teve como objetivo a descrição e análise das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no
português falado em duas localidades mineiras, as cidades de Piranga e Ouro Branco. O corpus usado como fonte
dos dados foi formado a partir de entrevistas com informantes das cidades mencionadas, e compunha-se de
dezesseis informantes, sendo oito de cada cidade, distribuídos igualmente entre homens e mulheres e duas faixas
idade. Além dos fatores externos, os contextos linguísticos foram observados para o estudo dos dados, entre eles,
tipo silábico, tipo de morfema em que a vogal estava inserida, modos dos seguimentos precedentes e seguintes, e
A autora aponta que foram observadas três variações para cada uma das vogais estudadas: /e/ e /o/, /E/ e /O/, /i/ /
Uma das observações feitas pela autora é de que, na cidade de Piranga, o percentual de ocorrências da variante
aberta, /E/, é superior ao número de ocorrências observadas em Ouro Branco, e que essa variante chega a ser vis
com certo prestígio pelos informantes da cidade de Piranga.
Faria (2008) tem como objetivo traçar um panorama do fenômeno de concordância verbal na terceira pessoa do
plural na fala de moradores de Belo Horizonte, segundo os pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria da
Variação e Mudança Linguística. Os dados analisados no trabalho foram coletados a partir de entrevistas, nos mol
da sociolinguística, com 26 informantes, todos moradores da capital mineira, sendo 14 homens e 12 mulheres,
divididos em 4 faixas etárias, três grupos sociais e três níveis de escolaridade. A pesquisa apresenta resultados a
partir da análise de diversas variáveis linguísticas e não linguísticas, como ambiente fonológico, composição do
sujeito, idade, sexo, classe social, estilo de fala, etc. Entre os resultados, destaca-se que em 65% dos dados
analisados há a presença da condordância verbal. A pesquisa também verifica que a concordância é favorecida po
pessoas de idades média e alta e pela escolaridade superior. Há também fatores linguísticos que favorecem a
concordância, como a constituição morfológica, sendo as formas verbais com terminação acentuada favorecedora
bem como as formas no pretérito perfeito.
O trabalho de Souza (2008) tem como objetivo uma análise do léxico na fala da cidade de Águas Vermelhas,
localizada no norte de minas. A cidade tem importante participação na história do estado, e o objetivo do trabalho é
realizar um estudo no léxico com foco no campo semântico do universo “rural”. Os dados analisados foram coletad
em “corpus” formado a partir de entrevistas orais com quinze moradores da cidade, sendo seis homens,
trabalhadores rurais, e nove mulheres, do lar. Todos informantes tinham mais de 70 anos e com escolaridade máxi
da 4ª série. A pesquisa elaborou um total de 258 fichas com dados lexicográficos que possibilitaram a elaboração d
um glossário. As análises seguiram linhas quantitativas e qualitativas, foram obtidas algumas conclusões como, a
grande presença de arcaísmos na fala, a influência da fala de estados vizinhos como Bahia, a revelação de aspect
históricos e ideológicos atrás do léxico. Cito aqui alguns exemplos de vocábulos registrados pela pesquisa: “taca”,
“tigurezinho”, “tostão”, “pilão”, “miuchinho”, entre outros.
O trabalho de Viana (2008) tem como objetivo a analise dos fenômenos de abaixamento e alçamento das vogais
médias pretônicas /e/ e /o/ na fala dos moradores da cidade de Pará de Minas. A autora analisa dados extraídos a
partir de entrevistas, nos moldes da sociolinguística, com 36 informantes, distribuídos igualmente entre homens e
mulheres, três faixas etárias, duas classes sociais e três níveis de escolaridade. Viana verifica que tanto fatores
estruturais, quando fatores extralinguísticos, influenciam na ocorrência dos fenômenos de abaixamento, alçamento
manutenção do traço de elevação das vogais médias pretônicas. Entre os fatores estruturais, a presença de vogal
alta tônica imediata favorece o alçamento na maior parte das ocorrências, como em “sirviço”, ou “pirigo”, e entre os
fatores extralinguísticos o sexo mostrou-se influente, as mulhres tende a favorecer a manutenção do traço de altur
da vogal média pretônica, enquanto os homens apresentam tendencia ao abaixamento da vogal.
Mendes (2009) analisa em seu trabalho o fenômeno da variação presença/ausência de artigo diante antropônimos
topônimos na fala da zona rural de duas localidades de Minas Gerais, as cidades de Abre Campo e Matipó. A
pesquisa segue uma metodologia de pesquisa variacionista da sociolinguística e alguns pressupostos dos estudos
dialetologia. O “corpus” utilizado para estudo do fenômeno foi construído através de entrevistas orais e questionári
os quais contaram com a participação de quatro informantes em cada localidade: dois homens e duas mulheres, c
idades entre 28 e 95 anos. A autora destaca que, apesar das cidades estudadas serem vizinhas, o fenômeno
analisado apresentou diferenças significativas. Em Abre Campo, a ausência de artigo diante de antropônimo mostr
se maior, 52% dos dados, por outro lado, em Matipó, o fenômeno de presença do artigo é mais frequente, com 83%
de ocorrência nos dados analisados. A pesquisa traz também dados com relação aos topônimos.
O trabalho de Silva (2009) tem como objetivo central uma descrição das cláusulas adverbiais. O trabalho se
desenvolve a partir de uma perspectiva funcionalista e leve em consideração fatores de ordem social, analisando a
redes sociais (fracas e fortes). Para isso, foram analisados dados obtidos a partir de entrevistas orais com quatro
moradores da cidade de Mariana/MG realizadas com metodologia da sociolinguística. Os dados analisados no
trabalho foram classificados, pela autora, nas seguintes relações semânticas: “motivo/causa”, “tempo”, “finalidade”
“condição”, “concessão”, “modo”, “conformidade” e “comparação”, e em ambas as redes sociais, a relação adverbi
mais frequente foi a relação de “motivo”.
O trabalho de Rocha (2009) tem como objetivo analisar a alternância nos pronomes pessoais e possessivos,
respectivamente, “nós” / “a gente” e “seu(s)”, “sua(s)”, “dele(s)”, “dela(s)” no português falado em Belo Horizonte. A
autora discute algumas possibilidades de uso das formas pronominais, como os pronomes pessoais “nós” e “a gen
sendo usados como forma de referência não específica, ou a alternância nas formas possessivas (ex. seu/dele) co
estratégia de desambiguação causada pelo uso de “você(s)” em detrimento do pronome “tu(vós)”. Os dados usado
pela autora foram extraídos do “corpus” do “Projeto Descrição sócio-histórica do português de Belo Horizonte” (200
e analisados com os pressupostos da sociolinguística. Como principais resultados da pesquisa, a autora destaca u
variação considerada estável entre o uso de “nós” e “a gente”. Já entre as formas possessivas, a variação apresen
um estado de mudança em progresso, totalizando em 78% dos casos a ocorrência das formas “dele” e suas
variações.
O trabalho de Oliveira (2009) tem como objetivo a análise da variação das preposições “a” e “para” como introduto
de adjuntos e complementos na fala das cidades de Uberaba e Montes claros, respectivamente localizadas no
Triângulo Mineiro e região Norte do estado de Minas. A pesquisa segue pressupostos da Sociolinguística
Variacionista e Paramétrica e analisou dados coletados em 36 entrevistas, sendo 18 informantes de cada cidade,
todos divididos em três graus de escolaridade e em três faixas etárias. A análise dos dados foi realizada com o
programa Goldvarb 2001 e levou em consideração tanto os fatores linguísticos quando extralinguísticos. O autor
destaca, como principal resultado, que a preposição “para” é predominante nas duas cidades pesquisadas,
derrubando a hipótese de que a preposição “a” seria mais frequente na cidade de Montes Claros.
O trabalho de Menezes (2009) tem como objetivo o estudo dos topônimos, nomes próprios de lugar, nas cidades
mineiras de Pitangui, Pompéu e Papagaios – área de domínio de Dona Joaquina do Pompeu, antiga fazendeira da
região (séculos XVIII e XIX). A autora destaca que pretende, com o trabalho, contribuir para dar maior visibilidade à
história sociocultural da região. Os dados analisados pela autora foram coletados em diferentes fontes, primeiro em
“corpus” de língua oral, e depois em textos escritos, coletados em pesquisas a acervos e materiais históricos. Os
dados de língua oral foram extraídos de 21 entrevistas com 24 informantes, dos quais apenas dois tendo ensino
fundamental completo, os restantes não chegaram a concluir as séries iniciais do ensino. Os dados foram
sistematizados em fichas toponímicas, em cada uma das fichas foram constituídas análises detalhadas dos
topônimos. Alguns dos nomes identificados na pesquisa foram: “corgo”, “grota”, “capão”, “troncha”, entre outros.
O trabalho de Almeida (2009) tem como objetivo a identificação e análise de marcas linguísticas na interação entre
vendedor-cliente. A autora realizou 40 diferentes gravações, com oito vendedores da cidade de Belo Horizonte, en
homens e mulheres, com idades entre 25 e 50 anos, aproximadamente. As interações ocorreram em dois diferente
segmentos, uma parte em lojas tidas como de classes mais altas, sendo considerado estilo de interação formal, e
outra parte em lojas “populares”, que foi considerada como estilo informal. Os dados são analisados
quantitativamente através os programas WinPepi e Minitab, e os resultados evedenciam, segundo a autora, um
cuidado na elaboração do discurso no estilo formal, isto é, os vendedores de lojas tidas como classe alta tendem a
controlar mais a fala. Um dos fenômenos analisados no trabalho, por exemplo, é o alçamento do vogal média /e/, q
ocorre em 90,2% das ocorrências no estilo informa. No estilo formal, apenas 58,90% das ocorrências aparecem
alçadas.
O trabalho de Pinheiro (2009) realiza uma análise do comportamento das variáveis “lateral palatal” e “nasal palatal
na fala da cidade de Belo Horizonte. É objetivo do trabalho a verificação dos possíveis fatores que influenciam nas
realizações das diferentes formas com base nas teorias variacionista de Labov. Para formar o “corpus” de análise,
autora opta pela coleta de dados atráves de entrevistas nos modelos sociolinguísticos, foram entrevistados 24
informantes, sendo 12 homens e 12 mulhres, separados em 3 faixas etárias distintas e também por classes sociais
Foram observados tanto os fatores externos quanto os fatores internos (contextos linguísticos) para análise dos
dados. A autora aponta alguns resultados, aqui se destacam dois: a variante [l] foi a única a apresentar
condicionamento do contexto para sua ocorrência, sendo favorecida quando seguida de [E], [e] ou [i]. Já a variante
[~i] foi a única que apresentou favorecimento social, sendo mais usada por falantes de classes sociais menos
favorecidas.
O trabalho de Medeiros (2008) tem como principal objetivo, a descrição e comparação das características
aerodinâmicas de vogais orais e nasais do português falado em Belo Horizonte. A autora comenta as dificuldades d
se estudar o fenômeno da nasalidade, devido à complexidade na formação do fenômeno. A amostra de dados
estudada na pesquisa foi formada a partir de três experimentos realizados no laboratório de fonética da Fale-UFMG
A realização dos experimentos contou com a participação de cinco informantes, todos nascidos na cidade de Belo
Horizonte. A autora faz alguns apontamentos obtidos durante a pesquisa, como por exemplo, a verificação de que
contexto posterior influencia nas características da vogal; vogais que antecedem consoante fricativa apresentam
maior fluxo oral, fluxo nasal, nasalância, maior volume de ar e ficam também mais longas.
O trabalho de Mendes (2009) tem como objetivo descrever o fenômeno da haplologia em moradores da cidade de
Belo Horizonte. A haplologia é um fenômeno fonológico autossegmental, prosódico e métrico que reduz a primeira
duas sílabas contíguas (átonas em sua maioria) e pode ocorrer tanto no interior da palavra ou em ambientes
adjacentes. A abordagem adotada pela autora na pesquisa segue modelos fonológicos não lineares e pressuposto
da Teoria da Variação. Os dados analisados no trabalho foram extraídos de 53 entrevistas, com 54 mulheres e 36
homens, todos nascidos ou residentes na cidade de Belo Horizonte há pelo menos 15 anos. Foram usados, també
dados coletados em 26 entrevistas do banco de dados do “Projeto Descrição sócio-histórica do português de Belo
Horizonte”. A autora destaca que, durante o processo de análise dos dados, foram considerados tanto fatores
estruturais quanto fatores não estruturais. Os resultados da pesquisa indicam que os falantes de Belo Horizonte tê
um “sotaque” carregado de reduções fonológicas, entre elas a haplologia, e que, tanto fatores linguísticos, como o
acento, sílabas iguais, estilo de fala, quanto não linguísticos, entre eles a idade, a escolaridade e outros, influencia
a ocorrência do fenômeno.
O trabalho de Assis (2010) investiga o fenômeno do apagamento das vogais pretônicas em itens lexicais (sem
clíticos) na fala “culta” do português de Belo Horizonte. Os objetivos da pesquisa incluem a observação de fatores
externos, sociais, na produção do fenômeno estudado e também fenômenos estruturais que condicionam os
apagamentos. A pesquisa foi desenvolvida com base na teoria variacionista de Labov e também sob a teoria dos
processos fonológicos. Foram coletados dados no “corpus” do projeto POBH - Normal Culta, sendo selecionados 1
informantes, sendo um homem e uma mulher de cada uma das três faixas etárias existentes no “corpus”, todos co
nível universitário de escolaridade e nascidos e residentes de Belo Horizonte. As variantes analisadas foram:
apagamento de vogal átona pretônica em início de palavra, e apagamento de vogal átona pretônica no interior de
palavra. Dos resultados apresentados, destacam-se o fato do fenônemo de apagamento da vogal átona pretônica
não ter se mostrado uma variação recorrente, apresentado apenas 1,6% de ocorrência com relação ao total de
vogais do tipo que foram observadas; já dentro dos apagamentos, 87,3% dos casos ocorrem no interior das palavr
O trabalho de Cunha (2010) realiza a observação do comportamento dos verbos “experienciais” e “benificiários” na
sentenças ergativas e as condições para alternância entre causativo-ergativa. A pesquisa pautou-se na teoria da
variação e mudança para coleta e análise dos dados. Foram gravadas 24 entrevistas com informantes da cidade d
Belo Horizonte, sendo 12 homens e 12 mulheres, divididos em duas faixas etárias e dois níveis de escolaridade. A
pesquisa também buscou distinguir o preenchimento, ou não preenchimento, do pronome “se” nas sentenças
analisadas, e nessa analise foram considerados, sobretudo, os dados extralinguísticos (gênero, idade e
escolaridade). Segundo a autora, observou-se um índice de 69% de apagando do pronome “se”, e que há verbos q
favorecem esse apagamento, como “aposentar”, “casar”, “lembrar”, “mudar”, “sentar”, e verbos que favorecem o
preenchimento do pronome, como “adaptar”, “divertir” e “interessar”.
O trabalho de Silva (2010) tem como objetivo a análise do item “agora” no português falado na cidade de Belo
Horizonte sob a perspectiva da gramaticalização. No estudo, a autora analisa o percurso prototípico que um item fa
passando de mais lexical (“agora” como advérbio de tempo) para mais gramatical (“agora” como marcador discurs
conjunção e outras funções). Os dados analisados pela autora foram extraídos de dois “corpora”. O primeiro,
coletado em 1986, com 16 informantes, divididos por gênero e em dois grupos sociais, e cada grupo social em dua
faixas etárias. O segundo “corpus” usado pela autora foi coletado em 2006, formado por 36 entrevistas, 18 homens
18 mulheres, de classe social média e idades entre 18 e 65 anos. O uso de dois “corpora” de diferentes épocas se
justifica pelo fato de que a autora pretende analisar a evolução do uso do item “agora” diacronicamente. Como
principais resultados, a pesquisa aponta que o item “agora” não apresenta uma evolução prototípica no processo d
gramaticalização. Esse fenômeno ocorre por dois motivos principais: primeiro, o item com função lexical coexiste c
o item em função gramatical, e dentro da função gramatical, “agora” concorre com outros itens, como a conjunção
“mas”.
Em seu trabalho, Ribeiro (2010) tem como objetivo o estudo do vocabulário rural do município de Passos, região
sudeste do estado de Minas Gerais, para demonstrar a relação entre o léxico, a cultura e o ambiente. Em seu
trabalho, a autora pauta-se nos estudos sociolinguísticos, lexicográficos, dialetológicos e da antropologia linguística
Foram usados tanto dados de língua oral quanto de textos escritos, os dados de língua oral foram coletados por m
de 15 entrevistas realizadas na zona rural de Passos. Os informantes gravados tinham entrem 70 e 95 anos, send
homens e 6 mulheres, todos com escolaridade máxima na 4ª série. Os dados de textos escritos foram obtidos
através de dicionários dos séculos XVIII e XIX. A pesquisa possibilitou a elaboração de um glossário dos itens lexic
rurais, palavras como “acá”, “arado”, “cacunda” e “caniço” são alguns exemplos de palavras estudadas.
O trabalho de Vale (2010) tem como objetivo a investigação da unidade informacional do Parentético no português
brasileiro falado e tem como base a teoria da linguagem em ato. Os dados analisados são predominantes da fala
mineira obtidos em quatro “textos” de tamanhos aproximados. O trabalho utiliza de softwares específicos, WinPitch
Praat, para análise das falas, delimitações das unidades do parentético, análise da velocidade de fala nas unidade
do parentético e unidades adjacentes. A autora apresenta, como resultado principal, que a aplicação da teoria da
linguagem em ato permite a compreensão de aspectos importantes da estruturação da fala em português brasileiro
porém, aponta-se, também, para a necessidade de estudos futuros mais aprofundados em uma quantidade maior
dados.
O trabalho de Santos (2010) teve como objeto de estudo o fenômeno da variação entre presença e ausência de
concordância entre os elementos constituintes do SN na fala dos moradores da cidade mineira de Pedro Leopoldo
Para o estudo, foram considerados tanto fatores internos da variação, isto é, posição dos elementos no SN, classe
gramaticais dos elementos, etc. e, também, fatores extralinguísticos, como o sexo dos informantes, idade,
escolaridade, grupo social. Os dados analisados foram coletados em um “corpus” formado por 27 entrevistas, send
18 mulheres e nove homens, distribuídos em três grupos sociais, três faixas etárias e três níveis de escolaridade. A
autora tinha as seguintes hipóteses para a pesquisa: primeiro, de que a fala da cidade de Pedro Leopoldo apresen
maior percentual de ausência na concordância entre os elementos do SN, e segundo, de que essa seria uma
mudança em progresso (segundo a teoria variacionista). A partir dos resultados, a autora verifica que 52% dos dad
analisados apresentam a ausência da concordância, comprovando a primeira hipótese proposta, porém, a segund
hipótese foi refutada, os dados apontam para uma mudança estável, e não em progresso. Alguns exemplos de SN
analisados no trabalho são: “eles todo”, “uns colega meu”, “uma porção de peixinho colorido”.
O trabalho de Coelho (2010) tem como objetivo descrever e analisar a variante do português falado no território
gurutubano, região Centro-norte de Minas Gerais. A pesquisa teve como bases teóricas os estudos da
sociolinguística variacionista, e em estudos sobre o contato entre línguas, autores como Fishman, Hymes e Gumpe
serviram, também, como apoio teórico. O território explorado no trabalho da autora abrange os seguintes município
mineiros: Catuti, Gameleiras, Jaíba, Janaúba, Monte Azul, Pai Pedro e Porteirinha. A fim de explorar tanto a
variedade linguística quanto a variedade sociocultural do território gurutubano, a pesquisa usou dados coletados e
entrevistas com falantes da região. Foram entrevistados 38 informantes, sendo 22 mulheres e 16 homens, separad
em quadro níveis de escolaridade e duas classes sociais. O nível de contato com o meio urbano também foi
considerado como uma variável extralinguística no momento do estudo. Como resultados da pesquisa, destaca-se
observação de que o português falado no território Gurutubano distancia-se do português urbano, estando mais
próximo da variante “rural” da língua falada no Brasil, e em alguns lugarejos de Portugal.
A pesquisa de Carvalho (2010) tem como principal objetivo o estudo dos topônimos (nomes próprios de locais) da
cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais. Para a autora, o estudo dos topônimos possibilita uma recuperaç
das marcas sociais e históricas da região, além das características do ambiente físico. Para o desenvolvimento do
estudo foram utilizados dados de língua oral, coletados a partir de entrevistas, nos moldes sociolinguísticos, com d
homens e quatro mulheres, com idades entre 70 e acima de 90 anos. Todos informantes eram moradores da cidad
zona rural de Montes Claros. Foram analisados também dados de língua escrita, a partir de textos históricos e map
antigos da região. A autora destaca, como um dos resultados do trabalho, um índice pequeno de mudança e
variação, retratando um quadro conservador da região em relação aos topônimos locais. São destacados, também
alguns nomes apurados como: Bananal, Buriti, Cana-brava, Canoas, Gamelera, Poço d‟Água e Poço Novo.
A pesquisa de Tondinelli (2010) analisa os fenômenos de alçamento e rebaixamento das vogais medias pretônicas
postônicas não finais no português falado em Montes Claros. O fenômeno estudado é a variação entre as vogais /e
em /i/ e /E/, e a vogal /o/ em /u/ e /ɔ/. As analises pautaram-se nas técnicas da sociolinguística e na concepção de
mudança do modelo da difusão lexical. Os dados da pesquisa foram coletados em entrevistas sociolinguísticas
realizadas com 13 informantes da zona urbana da cidade, sendo sete mulheres e seis homens, distribuídos em trê
faixas etárias, três graus de escolaridade e dois níveis sociais. Entre os resultados, a autora verifica que o fenômen
do rebaixamento é influenciado pelo traço da vogal da sílaba seguinte, e que os fenômenos (manutenção, alçamen
e rebaixamento) ocorrem de maneiras distintas entre as vogais /e/ e /o/, a primeira apresentando os três processos
a segunda apresentando, nos dados analisados, apenas manutenção e alçamento.
O trabalho de Rocha (2010) tem como objetivo principal examinar a ligação entre a onomástica pré-nominal e o
contexto histórico cultural da cidade de São José do Jacuri, na região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais. O trabal
teve como foco o estudo dos aspectos antroponímicos e antonomásticos dos prenomes criados entre os habitante
da cidade. A autora analisa dados obtidos através de visitas e conversas informais com moradores da cidade e,
também, em listas de registros arquivadas nos registros da Prefeitura Municipal. Os dados foram estudados a part
de estudos da Lexicologia, Semântica, Descrição Gramatical, Variação e Mudança, e estudos da Memória e
Sociedade. A autora aponta, como um dos resultados, a diferença no processo de “renomeação” entre homens e
mulheres: os homens tendem a serem “apelidados” com nomes dos pais, por exemplo, “Bento da Sá Deca”. Por
outro lado, as mulheres, de modo geral, tendem a ganhar apelidos que levam o nome dos cônjuges, como “Maria
Helena do Adélio”.
O trabalho de Mendes (2010) tem como objetivo a análise dos topônimos usados na cidade de Diamantina/MG e
seus distritos. O município se localiza no Vale do Jequitinhonha, importante região do estado com grande valor
histórico e destaque no período da exploração mineral (séculos XVIII e XIX). Para tal objetivo, foram analisados
dados de língua oral, coletados através de 22 entrevistas realizadas com moradores de Diamantinas, e seus distrit
e lugarejos, entre os anos de 2008 e 2009. Foram entrevistadas 37 pessoas, das quais apenas 26 informaram seu
dados, todos com idades, aproximadamente, entre 70 anos e 100 anos; e também dados de textos escritos, sendo
analisados mapas e textos históricos da região. A pesquisa apresentou alguns resultados, como, um índice pouco
significativo de variação dos topônimos entre os moradores e os diferentes distritos da região, e muitos topônimos
motivados por nomes de plantas (Acaiaca, Parmito, etc), nomes geográficos (Barrerão, Morro do Chapéu, etc.) e
nomes de pessoas (Mercês Diamantina, Luizcarro, etc.).
O trabalho de Silva (2010) tem como objetivo o estudo da contrução “foi fez” (CFF), já apontado por outros autores
como um novo padrão construcional em português (ex. "pegou e abriu", "virou e falou", etc.). A hipótese é a de que
CFF representaria um caso de gramaticalização de uma construção da língua. Os dados estudados pela autora for
obtidos a partir de alguns “corpora” de língua oral, todos representativos do português falado em Minas, entre eles
projeto “Fala Mineira” (UFJF), projeto “Mineirês” (UFMG) e projeto “'Corpus' de Conceição de Ibitipoca”. Como
principal resultado aportado pela autora, destaca-se que a CFF é uma prova empírica de novos padrões na língua
que surgem devido a uma necessidade de formas mais expressivas que visam marcar o posicionamento dos
falantes nas diversas situações de comunicação.
O trabalho de Leite (2010) analisa a produtividade lexical em um grupo de rádio amador da cidade de Monte
Carmelo-MG. O autor descreve o funcionamento dos grupos de usuários de rádio amador e delimita para seu
trabalho as produções enunciativas obtidas no grupo PX. O foco da pesquisa está na análise de léxico inusitado,
definido pelo autor como um vocábulo ou expressão que “escapa” no momento da fala, algo inesperado para o
contexto de produção. O trabalho utiliza estudos teóricos da linguística da enunciação, passando por algumas noç
da psicanálise lacaniana.
O trabalho de Bisinotto (2011) tem como objetivo descrever o fenômeno de alçamento das vogais médias pretônica
no português falado por moradores da cidade de Ituiutaba. As vogais médias pretônicas, [e, o], foram analisadas e
nomes com estruturas CV, CVC e CVN a partir de dados coletados em 24 entrevistas sociolinguísticas realizadas
com moradores da cidade. Os informantes foram separados de acordo com sexo, idade e nível de escolaridade. A
pesquisa seguiu os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista e os dados foram
analisados com o programa Goldvarb. Os resultados principais destacados pela autora foram: a vogal /o/ tem seu
alçamento favorecido em alguns contextos, como: sílaba aberta, vogal média pretônica na sílaba inicial, consoante
não contínuas no contexto precedente, entre outros. Já para a vogal /e/, os contextos favoráveis ao alçamento fora
vogal alta na sílaba tônica, consoante não contínua no contexto seguinte e outros. As variáveis extralinguísticas nã
se mostraram influentes no fenômeno de alçamento das vogais.
O trabalho de Teixeira (2011) tem como objeto de estudo o fenômeno de manutenção/apagamento do /R/ final e
medial em nomes e verbos, mais especificamente, o estudo desse fenômeno na fala de crianças de seis a dez ano
na cidade de Belo Horizonte. O trabalho pretende contribuir para uma melhoria dos processos avaliativos de
profissionais da área da fonoaudiologia. Durante a seleção dos informantes, optou-se por crianças que
apresentassem alguma patologia na fala, mas de forma que as variantes linguísticas observadas aparecessem ao
lado dos desvios patológicos. Foram selecionadas seis crianças de seis a nove anos, nascidas na região
metropolitana de Belo Horizonte, quatro meninas e dois meninos. Foram realizados testes, tanto de fala espontâne
quanto de fala monitorada. A pesquisa apontou que 53,48% dos casos de variação linguística foram julgados como
patologia pelos profissionais da fonoaudiologia. Apagamentos de /R/ em palavras como “flor” tiveram 75% dos cas
julgados como patologia, já apenas 25% dos profissionais julgaram apagamentos de /R/ finais em infinitivos (ex.
“jogar”) como patologia, apresentando uma maior aceitabilidade dessa variação em comparação com a anterior.
O trabalho de Rocha (2011) tem como objetivo a análise da unidade informacional denominada Introdutor Locutivo
segundo a teoria da Linguagem em Ato, base teórica da pesquisa. Para a realização do estudo foram usados dez
textos de aproximadamente 1500 palavras cada, todos extraídos do “corpus” C-ORAL-BRASIL, e representativos d
fala mineira. Os softwares “WinPitch” e “Praat” foram usados para realizar as medições da variação média de F0 e
velocidade de elocução das unidades objeto de análise do estudo. A pesquisa realizou, também, uma comparação
entre o português e o italiano, e um dos principais resultados aponta que a unidade “Introdutor Locutivo” é mais
usada em português brasileiro do que em italiano, e de que na maior parte dos casos essa unidade introduz a met
ilocução do discurso reportado. A autora destaca a importância dessa pesquisa, que contribui muito para enfatizar
relevância de uma abordagem pragmática nos estudos, uma vez que alguns fenômenos linguísticos não são
explicados puramente por abordagens sintáticas.
O trabalho de Carneiro (2011) descreve o processo de alçamento das vogais médias pretônicas no falar da cidade
Araguari. A autora destaca que o fenômeno que envolve a passagem das vogais médias [e, o] para as vogais altas
u] é uma variação comum no falar dos moradores da cidade. Para realizar a pesquisa, Carneiro baseia-se nos
estudos da Sociolinguística Quantitativa. Os dados analisados pela autora foram obtidos em entrevistas
sociolinguísticas realizadas com 24 informantes, estratificados pelos fatores: sexo, idade, escolaridade. Além das
variáveis extralinguísticas, fatores internos como ambiente fonológico, distância da vogal pretônicas para a sílaba
tônica, nasalidade, entre outros, também foram considerados nas análises. Os dados foram analisados com auxílio
do programa Goldvarb. Como resultados principais, a autora destaca que o ambiente da vogal tende a influenciar n
processo de alçamento, como o tipo de consoante posterior, ou a altura da vogal tônica na sílaba seguinte.
O trabalho de Felice (2011) analisa e descreve um fenômeno de redução nas formas de diminutivo na fala de
moradores da cidade de Uberlândia. As estruturas analisadas são: -(z)inho e -(z)im, como em “menininho > menini
e “cafezinho > cafezim”. A pesquisa seguiu os pressupostos teóricos metodológicos da Sociolinguística Variacionis
analisou dados obtidos em entrevistas sociolinguísticas. Foram entrevistados 24 informantes, sendo 12 homens e
mulheres, divididos em três faixas etárias e dois níveis de escolaridade. Os dados foram submetidos a análises
estatísticas por meio do programa Goldvarb e, segundo o autor, apresentaram, como resultados principais: a forma
reduzida de diminutivo está muito presente na fala e ligada ao nível de espontaneidade dos falantes. Não se
configura como uma forma estereotipada. Ocorre também na fala de pessoas mais velhas, consideradas, pela
literatura, como mais conservadoras quanto ao modo de falar.
O trabalho de Cruz (2011) tem como objetivo o estudo do fenômeno de monotongação de 'au' e 'ua' para 'o' e 'u' em
ditongos orais e nasais. O estudo seguiu pressupostos da Linguística Histórica e Sociolinguística. A autora destaca
importância da relação entre morfologia e os estudos históricos para compreender os fenômenos da língua. Foram
coletados dados em 15 entrevistas realizadas com moradores do bairro da Baixa (Uberaba), sendo nove do sexo
masculino e seis do feminino, com idades entre 55 e 93 anos. A autora destaca, entre os resultados, que os fatores
extralinguísticas não se mostraram influenciadores no processo de monotongação na língua. Já com relação aos
contextos linguísticos, a passagem de 'au' para 'o' ocorre quando o ditongo aparece em sílabas átonas. Os casos d
'ua' para 'u' ocorrem em sílabas tônicas, mas não em monossílabos.
O trabalho de Silva (2011) tem como objeto de estudo as orações relativas no português falado em Belo Horizonte
Segundo a autora, foram estudadas as três estratégias usadas nas orações relativas: a forma padrão ditada pela
gramática normativa, e duas formas não-padrão correntes no português, chamadas de cortadora e resumptiva. A
pesquisa utilizou dados de língua oral obtidos pelo projeto “Descrição sócio-histórica do português de Belo Horizon
(Puc Minas). O “corpus” de trabalho contém entrevistas com 11 homens e 10 mulheres, distribuídos em três faixas
etária, dois níveis de escolaridade (fundamental/média e superior) e duas classes sociais. As análises seguiram os
pressupostos da sociolinguística variacionista e observou tanto fatores linguísticos quanto extralinguísticos. As
análises quantitativas foram realizadas por meio do software Goldvarb (2001). Entre os resultados, observa-se que
variantes padrão e cortadora estão em distribuição complementar e que esta não se mostrou sensível aos fatores
sociais, é exemplo de oração relativa cortadora "vi a moça que você falou".
O estudo de Oliveira (2012) apresenta uma análise do apagamento das vogais e do apagamento da sílaba CV fina
átona em paroxítonas. O autor segue pressuspostos da sociolonguistica, da fonologia autossegmental e da fonolog
prosódica. A investigação ocorre por meio da obersavação do falar da cidade de Itaúna em comparação aos falare
de Belo Horizonte/MG, Varginha/MG, Rio de Janeiro/RJ e Salvador/BA. A escolha de tais cidades baseou-se na
divisão das áreas dialetais de Antenor Nascentes. Foram analisados dados de obtidos em entrevistas com 16
informantes da cidade de Itaúna e dados de testes com 30 informantes das demais cidades (sendo 6 informantes
para cada localidade). Constata-se a existência do alongamento compensatório entre vogais tônicas e átonas. Os
resultados apresentam indícios de que, no falar mineiro, as vogais tônicas são mais longas, enquanto as vogais
átonas são mais curtas.
O trabalho de Felice (2012) analisa o fenômeno de alçamento das vogais médias pretônicas na fala de moradores
cidade de Uberlândia. A autora trabalha com dados coletados em entrevistas sociolinguísticas com 24 informantes
cidade, os quais foram estratificados segundo as seguintes variáveis: sexo, idade, escolaridade. A pesquisa seguiu
pressupostos da Sociolinguística Variacionista, da Fonologia Autossegmental, e outros, e analisou um “corpus” de
5.199 palavras. A autora destaca, ao final de seu trabalho, que o fenômeno do alçamento foi observado para a cida
de Uberlândia, ora ocorrendo por assimilação de traços, ora ocorrendo em contextos, aparentemente, sem
motivações. Além disso, verifica-se que o alçamento de Uberlândia está mais próximo de São José do Rio Preto do
que de Belo Horizonte.
O trabalho de Freitas (2012) tem como principal objeto o estudo do vocabulário falado na região da Serra do Cipó.
região pesquisada abrange os municípios de Jaboticatubas e Santana do Riacho e o trabalho da autora pretende
tornar mais evidente a relação entre a língua e a sociedade dessa região. Foram analisados dados obtidos em
entrevistas orais. Para tanto, foram gravadas conversas com 12 informantes, seis de cada uma das cidades citada
acima, tendo todos mais de 75 anos, oito mulheres e quatro homens. Com relação à escolaridade, 10 dos
informantes eram analfabetos e apenas dois estudaram entre primeira e quarta série do ensino básico. A pesquisa
possibilitou a elaboração de um glossário com palavras características da região e de fichas lexicográficas com ca
lexia encontrada. São exemplos de itens encontrados pelo estudo: “arranchar”, “arriata”, “baranda”, “bater cabo”,
“cacunda”, “iscamuçar”, etc..
O trabalho de Oliveira (2012) apresenta um estudo sobre a concordância verbal na fala de alunos do ensino
fundamental na cidade de Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. A pesquisa pautou-se no
estudos da sociolinguística variacionista e foi realizada a partir de um “corpus” composto por entrevistas com 20
informantes, 10 do sexo feminino, 10 do sexo masculino, distribuídos em seis faixas etárias, quatro séries de ensin
e duas escolas, uma pública e outra privada. A autora destaca que também foram observados dados relativos à
repetência dos alunos. Para a análise dos dados, foi utilizado o programa Goldvarb (2001) e foram consideradas
tanto fatores linguísticos quanto extralinguísticos. Em termos gerais, a pesquisa revelou um percentual de 56% de
presença de marca padrão, 40% de ausência de marca e 4% de casos de presença de marca não padrão.
O trabalho de Maia (2012) investiga o processo de gramaticalização da forma "a gente" no português brasileiro,
especificamente no dialeto mineiro. Verifica-se, no estudo, a distribuição sintática de "a gente" pautada na
observação da redução do material fônico segundo Albano (1999), Abaurre & Galves (1995) e Bisol (1992) e o
levantamento das alterações de sentido da forma. O banco de dados utilizados na pesquisa é formado por 24
entrevistas sociolinguísticas. No "corpus", são identificadas o total de 317 ocorrências da forma “a gente”, sendo 10
casos de formas reduzidas e 217 de forma plenas. Conclui-se que a forma "a gente" está em processo de
gramaticalização rumo à cliticizacão e que suas formas reduzidas apresentam perda de conteúdo lexical, e adquire
como clíticos, referência discursiva.
O trabalho de Faria (2012) tem como objetivo o estudo da variação ausência /presença de artigo definido diante de
antropônimos (nomes próprios de pessoa) na fala de moradores da cidade de Ponte Nova/MG. Foram analisados
dados obtidos através de entrevistas orais, realizadas sob os pressupostos da sociolinguística laboviana, com 16
informantes, oito homens e oito mulheres, divididos em duas faixas etárias. Os dados foram submetidos a análises
quantitativas através de programas de computador (Goldvarb/Varbrul), e os resultados apontaram que, dentre os
fatores motivadores da ausência de artigo definido diante de antropônimo estão: nomes precedidos de preposição
(fator linguístico) e faixa etária (pessoas mais velhas usam menos o artigo) e nome próprio de “pessoa pública”
(fatores extralinguísticos).
O trabalho de Silva (2012) tem com objetivo uma investigação dialetológica do fenômeno do /r/ caipira (Amaral, 19
ou /r/ retroflexo. O autor analisa dois “corpora”, um com dados extraídos do “Esboço do Atlas Lingüístico de Minas
Gerais” (Ribeiro et al., 1977) e o outro sendo um recorte extraído do projeto “Atlas Linguístico do Brasil” (Alib, 2009
Com o uso desses dois “corpora”, o autor pretende avaliar a fala da região tanto no tempo real quanto aparente. O
dados selecionados para estudo distribuíram-se entre as cidade de Campina Verde, Frutal, Ituiutaba, Iturama, Prat
Uberlândia, todas situadas no Triângulo Mineiro. A pesquisa usou pressupostos teóricos da Dialetologia
Pluridimensional, Sociolinguística e as noções de atitudes linguísticas propostas por Lambert & Lambert (1968). O
autor destaca, como resultados da pesquisa, a presença ainda forte do /r/ caipira na região, e a existência, entre o
falantes, de um sentimento de identidade com relação à variante, o que, possivelmente, contribui com a sua
manutenção na região.
O trabalho de Santos (2012) tem como objetivo estudar os topônimos da região central de Minas Gerais. Foram
coletados dados para análise nos seguintes municípios: Augusto de Lima, Cordisburgo, Felixlândia, Inimutaba e
Morro da Garça. A região era, já nos séculos XVIII e XIX, conhecida por seu desenvolvimento e pelas inúmeras
fazendas existentes na região. A pesquisa seguiu pressupostos teórico-metodológicos dos trabalhos de Dick (1980
1990, 1999) e outros. Os centro e trinta e seis topônimos analisados foram coletados a partir de entrevistas
realizadas com 28 informantes, em zona urbana e rural, sendo quatro mulheres e 24 homens, estratificados em
quatro níveis de escolaridade e três faixas etárias. Os resultados do trabalho mostraram que os topônimos da regiã
relacionam-se intrinsecamente com a natureza física do local. Aspectos antropoculturais também estão refletidos. O
autor destaca, além do mais, que grande parte dos topônimos tem origem na língua portuguesa, sendo poucos os
nomes com origens indígenas ou em línguas africanas. “Alto da Graça”, “Bicudo”, “Cafundó” são exemplos de
topônimos analisados nesta pesquisa.
A pesquisa de Santos (2012) realiza uma analise do fenômeno de vocalização da consoante lateral palatal no
português falado na cidade de Papagaios, interior de Minas Gerais. Para coleta dos dados da pesquisa, foram
realizadas 24 entrevistas com moradores nascidos na cidade. Para a análise qualitativa dos dados, a autora
considerou alguns fatores linguísticos como vogais precedentes e seguintes à consoante; posição da consoante em
relação ao acento tônico da palavra. Para uma análise quantitativa dos dados, alguns fatores externos como gêner
escolaridade e idade também foram levados em consideração. A autora destaca que os resultados da pesquisa
permitem afirmar que a consoante lateral palatal é uma variante inovadora na comunidade de fala de Papagaios,
onde a pronúncia vocalizada era categórica.
O trabalho de Braga (2012) tem com objetivo a análise da ausência ou presença de artigos definidos diante de
antropônimos no português falado nas cidades de Marina, região metropolitana de Belo Horizonte, e Uberaba,
Triângulo mineiro. A pesquisa fundamenta-se nos trabalhos da sociolinguística variacionista e da sociolinguística
paramétrica, e analisou dados obtidos em entrevistas sociolinguísticas realizadas com 38 falantes, sendo 20 da
cidade de Mariana e 18 da cidade de Uberava. Os dados foram analisados quantitativamente pelo programa
Goldvarb 2001 e separados de acordo com as cidades. Destacam-se os seguintes resultados: na cidade de Marian
a ausência do artigo diante do antropônimo é a variante preferida dos falantes, diferentemente do que acontece em
Uberaba, onde a presença do artigo é predominante. Outro resultado destacado pela autora mostra que, em Maria
o grau de intimidade entre falante e referente do antropônimo é determinante para a presença ou ausência do artig
já na cidade de Uberaba, o fenômeno está mais relacionado à função sintática do antropônimo.
O trabalho de Pinheiro (2012) tem como objetivo descrever e analisar o fenômeno da concordância nominal de
número na fala da população de Belo Horizonte. A pesquisa segue os pressupostos teóricos da Sociolinguística
Variacionista e utiliza dados coletados em 33 entrevistas realizadas com moradores da cidade. Parte das entrevista
pertencem ao projeto “Descrição sócio-histórica do português de Belo Horizonte”. Os informantes foram divididos
entre 17 homens e 16 mulheres, três níveis de escolaridade, cinco faixas etárias, quatro classes sociais, e, também
foi observada a região em que o informante residia. A análise quantitativa dos dados foi feita através do programa
Varbrul (2001) e levou em consideração tanto fatores linguísticos quanto fatores extralinguísticos. A autora destaca
que, após as análises quantitativas e qualitativas, o estudo mostrou que o fenômeno da concordância nominal, na
cidade de Belo Horizonte, não pode ser considerado estigmatizado. Tanto as formas padrão de concordância quan
as formas não-padrão coexistem na fala sem ser estatisticamente relevantes para apontar para um possível proce
de mudança linguística, podendo ser, assim, consideradas um caso de variação estável.
O trabalho de Mittmann (2012) tem, como um dos objetivos, estudar a estrutura informacional com enfoque no Tóp
(TOP). A pesquisa seguiu pressupostos da Teoria da Língua em Ato. Os dados coletados, tratados e compilados pa
o C-Oral Brasil representam majoritariamente a fala de Belo Horizonte e região metropolitana. A pesquisa apontou
como resultado que a estrutura da fala é mais ou menos complexa dependendo da situação de comunicação, dess
forma, quando a interação entre os falantes é pouco ancorada no contexto imediato, as estruturas da fala tendem
ser mais complexas apresentando maior ocorrência de estruturas TOP. Foi constatado, também, que a estrutura d
TOP ocorre mais comumente com sintagmas nominas, sendo o SN tipicamente preenchido por substantivos
acompanhados de determinantes.
O trabalho de Oliveira (2012) tem como objetivo a descrição dos usos do verbo “esperar” na língua portuguesa. A
autora parte da hipótese de que o verbo tem usos gramaticalizados que revelam um caminho de crescente
(inter)subjetivização. A fim de comprovar as hipóteses propostas no trabalho, são usados dois “corpora”: um “corpu
diacrônico, com dados do português medieval; e um “corpus” sincrônico, formado de dados de língua oral e escrita
sendo os dados de língua escrita extraídos de “blogs” e revistas de circulação nacional (“Revista Veja”, “Revista Ist
é”, “Revista Época”, “Revista Caras”, “Revista Cláudia” e “Revista Ana Maria”), já os dados de língua oral foram
obtidos a partir dos “corpora” dos projetos “Mineirês”, “Nurc-RJ” e “PEUL. A autora destaca, como principal resultad
do trabalho, que o verbo “esperar” partiu da acepção inicial e [- subjetiva] de “aguardar do tempo” e desenvolveu o
usos [+subjetivos] de “volição” e “ter expectativa/contraexpectativa”.
"Nossa pesquisa investiga a gramaticalização do verbo ver, buscando identificar seus diferentes usos. Além diss
procuramos estabelecer o padrão construcional que caracteriza cada um dos usos identificados. Durante a pesquis
operamos com as hipóteses de que (i) ver desenvolveria, no decorrer do tempo, funções discursivas que
percorreriam um caminho de crescente (inter)subjetivização (FINEGAN, 1995; TRAUGOTT, 1995, 2010; TRAUGO
& DASHER, 2005); e que (ii) os diferentes usos do verbo estariam relacionados semanticamente, revelando
polissemia (SILVA, 2006). A fim de comprovar essas hipóteses, foi realizada uma pesquisa sincrônica, que conside
a distribuição e frequência de uso (BYBEE, 2003) do verbo ver no português contemporâneo, mais especificame
no dialeto mineiro. Para isso, utilizamos o corpus do projeto Mineirês: a construção de um dialeto, que recobre as
cidades de Belo Horizonte, Arceburgo, Mariana, Ouro Preto, Piranga e São João da Ponte. A partir da análise dos
dados, foi comprovado que ver desenvolveu-se de um uso [- subjetivo], baseado na percepção sensorial, para us
[+ subjetivos], relacionados à percepção cognitiva. Foram, ainda, identificados usos [+intersubjetivos], dentre os qu
se destacam marcadores discursivos."
A pesquisa de Souza (2012) tem como objetivo analisar a redução das vogais [i] e [u] em sílabas CVC fechadas po
consoantes sibilante [s] na fala de moradores de Belo Horizonte. Foram convidados informantes para a realização
testes de fala no laboratório de fonética da Faculdade de Letras da UFMG. A pesquisa contou com a colaboração d
16 informantes (oito homens e oito mulheres), dentre eles alunos e funcionários da própria universidade, sendo tod
divididos em dois grandes grupos conforme a faixa etária (jovens e adultos). Os dados obtidos através dos testes
foram submetidos a análises estatísticas e apontaram para a relevância de fatores linguísticos para a redução das
vogais, como: tipo de vogal, velocidade da fala e tonicidade. O fator extralinguístico de idade mostrou-se significati
na ocorrência do fenômeno estudado. Alguns itens que apresentaram a redução foram: [laps], [bskoIto].
O trabalho de Stradioto (2012) tem como objetivo o estudo e a compreensão do sistema de referência dêitica a pa
de uma perspectiva sincrônica, no português falado em Belo Horizonte e no espanhol da Cidade do México. O
trabalho pauta-se nos estudos funcionalistas e tem como alguns de seus teóricos Givón, Hopper & Traugott. Para q
o estudo pudesse ser realizado, foram aplicados questionários a falantes do português e a falantes do espanhol e
também um experimento desenvolvido especialmente para a pesquisa, o qual visava obter dados sobre o uso de
demonstrativos e locativos. Entre os resultados, está o fato de que, no português falado em Belo Horizonte, ocorre
perda de “este” (e suas flexões) e uma alta ocorrência de demonstrativos acompanhados de locativo.
O trabalho de Gonçalves (2013) tem como objetivo a analise e descrição da variação do pronome de 1a pessoa do
plural, “nós” e “a gente”, no português falado na capital mineira. A pesquisa segue os pressupostos da
Sociolinguística Variacionista e coletou dados em 24 entrevistas. Os informantes, 12 homens e 12 mulheres, foram
distribuídos em duas faixas etárias, dois níveis sociais, dois níveis de escolaridade. A região de residência dos
informantes também foi observada. As análises quantitativas foram realizadas pelo programa de computador
Goldvarb 2001, sendo consideradas tanto variáveis linguística quanto variáveis extralinguísticas. As análises
estatísticas apontam para um uso cada vez maior da forma “a gente” dentro das estruturas linguísticas, evidencian
que a forma está cada vez mais presente no quadro pronominal do português e constitui um fenômeno de mudanç
em progresso.
O trabalho de Santos (2013) descreve e analisa a variação de concordância entre o sujeito de terceira pessoa do
plural e seu verbo. A autora investiga a ocorrência do fenômeno em programas de rádio transmitidos na cidade de
Belo Horizonte, Minas Gerais. A pesquisa seguiu pressupostos da sociolinguística variacionista e tinha como objeti
constatar, ou não, se o fenômeno de concordância sujeito e verbo está presente nos meios de comunicação de rád
A análise quantitativa dos dados foi feita através do programa Goldvarb 2001, e possibilitou a constatação de que o
fenômeno de variação na concordância está sim presente no rádio, porém, apesar das limitações com a delimitaçã
do perfil do informante, os resultados mostram que se trata de um caso de variação estável.
O trabalho de Rezende (2013) tem como objetivo descrever e analisar o fenômeno de abaixamento das vogais
médias pretônicas /e/ e /o/ na fala de moradores de Monte Carmelo-MG. O trabalho seguiu pressupostos teóricos
metodológicos da Teoria da Variação (Labov, 1972) e analisou dados coletados a partir de entrevistas com 24
informantes nascidos no município. Os entrevistados foram estratificados por sexo, três faixas etária e dois níveis d
escolaridade. Inúmeras variáveis linguísticas também foram consideradas para o estudo e os dados foram analisad
com o auxílio do programa Goldvarb X. A autora destaca que o fenômeno de abaixamento é engatilhado pela voga
média baixa da sílaba tônica da palavra. Com relação às variáveis extralinguísticas, o sexo mostrou-se relevante n
fenômeno de abaixamento das vogais, tendo os informantes do sexo masculino apresentado maior número de
ocorrências da variante mais baixa. Já com relação à escolaridade, informantes com maior grau de instrução
apresentaram tendência de manutenção do traço de elevação das vogais.
O trabalho de Cordeiro (2013) tem como principal objetivo a descrição do vocabulário rural do município de Minas
Novas, localizado no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. A autora aponta alguns fatores motivadores da
pesquisa, entre eles, a observação de diversas “particularidades” da língua local. A pesquisa segue estudos teórico
anteriores, como os da sociolinguística, lexicologia e antropologia linguística e pretende apresentar a forte relação
entre língua, sociedade e cultura. Para coleta de dados, foram realizadas 12 entrevistas, nos moldes da metodolog
laboviana. A pesquisa possibilitou a elaboração de fichas lexicográficas para cada uma das lexias coletadas no
“corpus” e a construção de um glossário. Seguem alguns exemplos de itens analisados: “alquere”, “artelã”, “bisung
“matumba”, etc.
A pesquisa de Miranda (2013) tem como objetivo o estudo do vocabulário rural do município de Sabinópolis, para
tanto, foram realizadas 10 entrevistas, nos moldes da sociolinguística, com moradores da zona rural da cidade. Tod
os informantes tinham entre 72 e 87 anos, sendo seis homens e cinco mulheres. Estudos da antropologia linguístic
sociolinguística, lexicologia e lexicografia foram usados como bases para esta pesquisa, que teve como resultado
elaboração de um glossário das palavras analisadas como típicas da região e a elaboração de fixas lexicográficas
para cada um dos itens. A autora destaca que a análise do vocabulário rural aponta para uma estreita relação entre
homem e a cultura local. Alguns exemplos de lexias catalogadas pela pesquisa são: “capado”, “carranca”, “taquara
“pintassilgo”, etc.
O trabalho de Alves (2014) tem como objetivo descrever e analisar o processo de nasalização na fala dos habitant
da comunidade quilombola gurutubana (norte de Minas). A pesquisa segue os pressupostos teóricos da
sociolinguística variacionista e da fonologia autossegmental. As variáveis observadas e analisadas no trabalho fora
as alternâncias [ɐ]ɐ ~ [õ], [i] ~ [ĩ], e [a] ~ [ɐ]ɐ . A pesquisa analisou dados extraídos de entrevistas sociolinguísticas
realizadas com 24 informantes que nasceram e residem na comunidade quilombola gurutubana, sendo 12 mulhere
12 homens. O autor aponta, como um dos resultados, que o fator “escolaridade” mostrou-se relevante nos process
de nasalização estudados, porém, os dados não apresentaram diferenças significativas com relação a outras
variedades do português brasileiro.
O trabalho de Simões (2014) realiza um estudo sobre o léxico de origem africana encontrado em falares da região
Diamantina. O autor reuniu em seu estudo unidades lexicais de diferentes pesquisas sobre a região, incluindo o
trabalho de Machado Filho (1964) “O negro e o Garimpo”. A pesquisa busca uma investigação etimológica por mei
de um estudo histórico e linguístico dos itens observados. Foram analisados itens lexicais coletados em document
históricos e, sobretudo, dicionários. O autor entrevistou 14 informantes da região, que colaboraram com a formaçã
do escopo lexical estudado, sendo 11 homens, cinco deles acima dos 60 anos. Destaca-se que todos os informant
do sexo masculino estiveram de alguma forma envolvidos com o trabalho do garimpo na região. O estudo possibili
a catalogação e recuperação histórica de diversos itens lexicais de origem africana. Foi realizado também um quad
comparativo entre o léxico da região de Diamantina e outros falares de comunidades afrodescendentes do Brasil.
A tese de Ávila (2014) descreve o comportamento de índices marcadores do fenômeno semântico da modalidade,
considerando a Teoria da Língua em Ato, para demonstrar como se dão os usos de expressões modais em contex
específicos e como estes correspondem às necessidades comunicativas. O "corpus" analisado faz parte do projeto
ORALBRASIL e está formado por conversações de 55 informantes de moradores da área urbana de Belo
Horizonte/MG. Define-se modalidade como a modificação avaliativa produzida por um sujeito conceptualizador (o
falante, o interlocutor ou uma terceira pessoa em cena), que relativiza o material locutório enunciado de acordo com
grau de certeza/comprometimento e está baseada em noções de possibilidade, necessidade, capacidade e volição
Os resultados do trabalho evidenciam que os índices modais são amplamente utilizados em situações dialógicas, q
a categoria semântica da modalidade comporta-se de forma distinta na escrita e na fala espontânea e que os índic
modais mais frequentes são os verbos auxiliares e semiauxiliares (poder, dever, ter que, parecer).
O trabalho de Paes (2014) analisa as ocorrências da variável (R) em coda silábica medial dos falantes do bairro
Várzea, localizado na cidade de Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte. A autora tomou como base
pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria da Variação e Mudança Linguística, Labov (1972), para a realizaç
da pesquisa. Os dados analisados foram obtidos através de entrevistas sociolinguísticas realizadas com oito
informantes, sendo dois homens e duas mulheres, distribuídos em duas diferentes faixas etárias. A autora partiu da
variantes R retroflexo e R fricativo glotal (em concorrência) para desenvolver a pesquisa. Porém, outras variantes
foram observadas nos dados, entre elas: o apagamento total do R, fricativa velar, L por R velarizado, etc. Entre os
principais resultados, a autora destaca que a variante do R retroflexo é realizada apenas por adultos, apontado par
um quadro em que a variante fricativa esteja em progressão, isto é, esta variante mostra-se inovadora em relação
R retroflexo.
O trabalho de Dias (2014) descreve o comportamento das vogais médias pretônicas registradas nas variedades da
cidades de Machacalis, Piranga e Ouro Branco/MG à luz dos pressupostos da Teoria da Variação de Labov (1972)
do modelo da Fonologia Autossegmental de Goldsmith (1976) e da Geometria de Traços de Clemensts e Hume
(1996). A escolha dos três municípios relaciona-se à divisão das áreas dialetais do Estado, considerando-se,
sobretudo, as propostas de Zágari (1998) e Nascentes (1953). Os dados analisados pela pesquisa foram obtidos n
"corpus" VarfonMinas, formado por entrevistas sociolinguísticas com 24 informantes (sendo 8 informantes de cada
município) selecionados considerando-se os fatores sociais: origem, gênero/sexo e faixa etária. Os resultados obti
demonstram que, levando-se em consideração os processos fonético-fonológicos, a divisão dos falares de Minas
apresentada em Zágari (1998) mostra-se adequada, porém, analisando-se todos os pontos favorecedores (ex. gra
de abertura da vogal tônica), é possível afirmar que o falar de Piranga pode ser considerado como um falar de
transição.
A tese de Costa (2014) explica a organização da construção "por exemplo" e descreve as relações que se
estabelecem na porção de texto em que ela aparece, a fim de compreender as intenções argumentativas do produ
Para a análise, foram utilizados dados orais e escritos. O "corpus" oral foi formado tanto por entrevistas que
representam o português europeu (PE), quanto o português brasileiro. Os dados do PB foram obtidos em entrevist
provenientes dos Projeto de Conceição de Ibitipoca e amostras pertencentes ao Projeto da Fala Mineira, que reúne
transcrições de audiências do Procon de Juiz de Fora/MG. Foram usados, também, dados de língua escrita,
extraídos das revistas brasileiras: Veja, Claudia e Veredas. A autora destaca, como um dos resultados, que as
construções com "por exemplo" organizam-se com uma finalidade argumentativa que levará o produtor a seleciona
uma ou outra estratégia (relação semântica geral-específico, relação retórica de elaboração, outras relações
retóricas, focalização) a fim de conseguir, do interlocutor, a escolha de determinado ponto de vista.
O trabalho de Carvalho (2014) tem como objetivo analisar a ordem dos adjetivos em sintagmas nominais à luz da
teoria da Tipologia de Ordenação dos constituintes de Greenberg (1966). A pesquisa se caracteriza por analisar
dados de língua fala de moradores da zona rural do município de Luisburgo. A autora analisou um “corpus” formad
por doze amostras de fala coletadas em entrevistas com moradores de cinco comunidades rurais diferentes. Os
informantes dividiram-se entre oito mulheres e quatro homens, todos com mais de setenta anos e a grande maioria
analfabetos. Como principal resultado, a autora destaca que a ordem Nome Adjetivo (NA) é a mais frequente nos
dados, resultado já esperado. As poucas ocorrências da ordem AN apresentaram os adjetivos “bom” e “grande” co
itens de “gatilho” para as expressões.
O estudo de Souza (2014) analisa a relação entre língua, sociedade e cultura no contexto regional do Norte de Mi
Gerais. O objeto de estudo do trabalho reúne o léxico de cada um dos nove municípios que formam a região banha
pela Bacia do Rio Pardo, sendo estes Águas Vermelhas, Berizal, Ninheira, Taiobeiras, Indaiabira, São João do
Paraíso, Rio Pardo de Minas, Santo Antônio do Retiro e Montezuma/MG. Fundamentando-se nos pressupostos
teórico-metodológicos da Antropologia Linguística (Duranti e Hymes), Sociolinguística (Labov e Milroy), Lexicologia
Lexicografia (Matoré e Biderman), foram analisadas 53 entrevistas sociolinguísticas. A transcrição dos dados perm
estabelecer comparações entre o léxico registrado em dicionários dos séculos XVIII a XX e a identificação de caso
de mudanças linguísticas, regionalismos, influências lexicais da Bahia e de outros estados da região nordeste do p
para a formação de parte do léxico da região mineira. As análises qualitativa e quantitativa dos dados evidenciaram
existência de um vocabulário que resgata aspectos históricos, sociais e culturais do povo da região pesquisada.
Objeto de estudo ou fenômeno
Concordância nominal
Dialeto rural
Entonação
Concordância verbal
Conectores "então" e "quer dizer (que)".
Português afrobrasileiro
Variação [e], [i] e [ĩ] (em sílaba átona inicial), [w] e [h]
(em final de sílaba interna), [l] e [r] (em grupo
consonantal)
Tabu linguístico
Artigos
Objeto incorporado
Indicativo e subjuntivo
Entonação da fala infantil
Topônimos
Construções de tópico
Clítico "se"
Indeterminação do sujeito
Variação das vogais médias tônicas aberta e fechada
em formas nominais de plural (caroços, corpos, etc.)
Dialeto caipira
Concordância verbal
Léxico regional
Ausência ou presença de artigo definido diante de
nomes próprios
Concordância verbal
Léxico rural
Topônimos regionais
Vários
Haplologia
Variação das vogais pretônicas
Gramaticalização de "agora"
Léxico rural
Unidade informacional de parentético
Vários
Topônimos
Variação das vogais médias pretônicas e postônicas
Antroponímia e antonomásia
Topônimos
Orações relativas
Concordância verbal
Concordância nominal
Gramaticalização de "ver"
Léxico rural
Léxico rural
Nasalização
Léxico de origem africana
Marcadores de modalidade
Léxico regional
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Revista do
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Municipal (São José de Aparecida
Artigo Paulo) 1938 Teixeira
Waldemar de Almeira
Livro NC 1972 Barbosa
Fundação Casa
Livro de Rui Barbosa 1977 José Ribeiro
Rosa Maria Assis
Livro UFMG/PROED 1982 Veado
Maria do Carmo
Livro FALE/UFMG 2011 Viegas (Org.)
Evelyne Dogliani e
Livro FALE/UFMG 2011 Maria Antonieta Cohen
Maria Antonieta
Amarante de
Mendonça Cohen
Maria Cândida
Trindade Costa de
Seabra
Ana Paula Antunes
Rocha
Sueli Maria Coelho
Anais FALE/UFMG 2011 (Org.)
Tommaso Raso,
Livro Editora UFMG 2012 Heliana Mello (Org.)
Maria do Carmo
Livro FALE/UFMG 2013 Viegas (Org.)
Arceburgo / Belo
Horizonte / Caeté /
Campanha / Minas Novas /
Ouro Preto / Paracatu /
Nomes Gerais no português brasiliero Piranga
Resenhas
Teixeira considera seu texto como apenas um tímido apanhado de notas sobre o
português mineiro. Entretanto, sua obra é um grande compilado sobre a língua falada
no estado. O primeiro capítulo trata da literatura linguística brasileira de forma
panorâmica, faz algumas definições sobre as variedades da língua e apresenta uma
diferenciação entre dialeto e falar. A partir do capítulo II, Teixeira apresenta centenas
de exemplos que buscam descrever a língua portuguesa falada no estado. A
descrição do autor parte da fonologia da língua, desde acentos e pronúncia do
sistema de vogais até diferentes grupos de consoantes. Características morfológicas,
lexicais e sintáticas também são apresentadas pelo autor nos capítulos seguintes.
Embora seu trabalho seja rico na descrição e exemplificação da fala mineira, são
poucas as informações sobre a metodologia de coleta dos dados. O autor relata ter
desenvolvido o trabalho a partir de impressões pessoais a respeito da língua,
observando, sobretudo, a fala do Triângulo e de localidades como Alfenas, Belo
Horizonte, São João Del Rey, Pouso Alegre, Teófilo Otoni e Manhuaçu.
O trabalho publicado por Machado Filho retoma e analisa, de forma sintética, o texto
“O Falar Mineiro” de Teixeira (1938). O autor apresenta alguns comentários quanto a,
sobretudo, aspectos lexicais, morfológicos e fonéticos que são estudados no texto de
1938, como por exemplo, a mudança de “o” para “a”, como em “ara, em lugar de
ora”, ou o verbo “embatucar”, que Teixeira lista como formação dialetal, porém,
Machado filho destaca que essa consideração não é correta. Machado Filho comenta
alguns deslizes do autor, mas destaca a importância da pesquisa para os estudos da
dialetologia em Minas, considerando o texto de Teixeira um marco da dialetologia. O
autor comenta também outros autores e obras que tratam também da língua no
estado de Minas Gerais.
A obra organizada por Dogliani e Cohen representa parte dos resultados do projeto
“Pelas trilhas de Minas: as bandeiras e as línguas nas gerais”, desenvolvido na
Faculdade de Letras da UFMG entre os anos de 2002 e 2005. O projeto teve como
objetivo a coleta de dados de língua portuguesa, tanto oral quanto escrita, nas
localidades que foram rotas das bandeiras desbravadoras do território mineiro a
partir do século XVII. Os trabalhos apresentados no livro trazem resultados de
análises linguísticas realizadas a partir dos dados das seguintes localidades do
estado: Abre Campo, Barra Longa, Belo Horizonte, Belo Vale, Carmo da Cachoeira,
Cervo, Lavras, Matipó, Novo Macaia, Papagaio, Paracatu, Pedro Leopoldo
(Sumidouro), Santa Luzia e Serro. A maior parte dos fenômenos analisados no livro
constitui casos de variação morfossintática ou fônica. A obra traz também
informações sobre as localidades, informações obtidas através de relatos e
anotações dos próprios pesquisadores.
Este número do caderno "Viva Voz" contém textos escritos pelo organizador e por
estudantes de letras durante disciplina de graduação ministrada no primeiro
semestre de 2012 na Faculdade de Letra da UFMG. Ao logo do semestre, os alunos,
reunidos em grupos, foram orientados quanto à elaboração das pesquisas com
dados sociolinguísticos e desenvolveram todas etapas de um trabalho de pesquisa,
desde a coleta de dados de língua oral até as análises e elaboração dos artigos.
Embora o corpus de cada trabalho seja pouco representativo das localidades, são
analisados dados coletados em cinco municípios de Minas Gerais: Belo Horizonte,
Nova Lima, Ouro Preto, Santa Luzia e Sete Lagoas. As formas de negação com o
item "não", o apagemento de clíticos, a ausência/presença de artigo definido diante
de antropônimos são exemplos de fenômenos investigados e presentes nos textos
do caderno.
O tema do livro são os nomes gerais, que, segundo os autores, têm sido pouco
estudados no Brasil, encontrando-se algumas poucas referências em trabalhos sobre
coesão textual e livros de semântica, com tratamento superficial e pouquíssimas
exemplificações. Após discutir o conteúdo de tais estudos, a obra descreve o
comportamento morfossintático, semântico e textual de quatro nomes gerais ("coisa",
"negócio", "trem" e "pessoa") e verifica também aspectos sociolinguísticos no
emprego desses nomes. Foram analisados dados obtidos em entrevistas
sociolinguísticas realizadas nas seguintes localidades do estado de Minas Gerais:
Arceburgo, Belo Horizonte, Caeté, Campanha, Minas Novas, Ouro Preto, Paracatu e
Piranga. Os autores destacam que não têm a intenção de esgotar os estudos do
tema, mas sim, ser “a semente” para outros futuros trabalhos a respeito dos nomes
gerais.
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