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GEOGRAFIA

AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA


PROFESSOR ALEXANDRE

Caros alunos, dando prosseguimento ao nosso curso, hoje passaremos


para a próxima aula, onde abordaremos os conteúdos já explicitados na
aula 00.

Reforçamos que os assuntos listados estão conforme o edital do


concurso da Agência Brasileira de Inteligência, seja como Agente ou
Oficial de Inteligência.

Sejam bem-vindos ao curso de Geografia e boa sorte para vocês.

Seguindo o cronograma veremos, hoje, a aula do dia 22 Set, conforme


tabela a seguir:

DIA ASSUNTO

22 Set 1 Geografia do Brasil. 1.2 A divisão inter-regional do trabalho


e da produção. 1.3 O processo de industrialização e suas
repercussões na organização do espaço.
2 Geografia mundial. 2.2 O estágio atual do capitalismo e a
divisão internacional do trabalho.

24 Set 1 Geografia do Brasil. 1.4 A rede brasileira de transportes e


sua evolução. 1.5 A estrutura urbana brasileira e as grandes
metrópoles.
2 Geografia mundial. 2.3 Processo de
desenvolvimento/subdesenvolvimento.

26 Set 1 Geografia do Brasil. 1.6 A dinâmica das fronteiras agrícolas


e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia.
2 Geografia mundial. 2.4 Caracterização geral dos sistemas
político-econômicos contemporâneos e suas áreas de
influência e disputa. 2.5 O papel das grandes organizações
político-econômicas internacionais.

29 Set 1 Geografia do Brasil. 1.7 A Evolução da estrutura fundiária e


os problemas demográficos no campo. 1.8 Os movimentos

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migratórios internos.
2 Geografia mundial. 2.6 A formação dos grandes blocos
econômicos.

01 Out 1 Geografia do Brasil. 1.9 A distribuição dos efetivos


demográficos no território nacional. 1.10 A estrutura etária
da população brasileira e a evolução de seu crescimento.
2 Geografia mundial. 2.7 A ação do Estado na economia e
políticas contemporâneas. 2.8 As conseqüências da
transformação do espaço socialista.

03 Out 1 Geografia do Brasil. 1.11 Integração entre indústria,


estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no
Brasil.
2 Geografia mundial. 2.9 Os conflitos geopolíticos recentes.
2.10 Movimentos migratórios internacionais e crescimento
demográfico.

06 Out 1 Geografia do Brasil. 1.12 Recursos naturais:


aproveitamento, desperdício e políticas de conservação de
recursos naturais. 1.13 O Brasil e a questão cultural.
2 Geografia mundial. 2.11 A questão ecológica em nível
mundial. 2.12 Cultura e espaço: conflitos
étnicos/religiosos/lingüísticos atuais. A questão das
nacionalidades.

08 Out Exercícios de Revisão

Todo o material que será utilizado no nosso curso foi preparado de


forma a estimular seu estudo, desta forma você se sentirá motivado em
estudar e assimilar os conhecimentos que estão sendo passados. Caso
surja alguma dúvida, não se sinta envergonhado em postá-la no nosso
“fórum de debates”, pois, quem sabe, a sua dúvida pode ser a questão
que irá aparecer no nosso concurso. Ao final das nossas aulas, cada um
irá sentir o gosto do dever cumprido, estarão autoconfiantes para
realizar uma boa prova e galgar a tão sonhada aprovação.

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Vale ressaltar que se trata de material de uso pessoal, não podendo ser
repassado a terceiros, em caráter gratuito ou oneroso, seja impresso,
por e-mail ou qualquer outro meio de transmissão sob risco de violação
do estabelecido na Lei n. º 9.610/1998 e no Código Penal.

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AULA 01

Nesta aula, veremos a Geografia do Brasil com os assuntos a divisão


inter-regional do trabalho e da produção e o processo de industrialização
e suas repercussões na organização do espaço, e a Geografia mundial
com os assuntos o estágio atual do capitalismo e a divisão internacional
do trabalho.

Geografia do Brasil

Assunto 1.2 (A divisão inter-regional do trabalho e da produção.) e


Assunto 1.3 (O processo de industrialização e suas repercussões na
organização do espaço).

DO ARTESANATO À INDÚSTRIA MODERNA

Existem três estágios para a transformação da matéria-prima bruta em


um produto industrializado: o artesanato, a manufatura e a indústria
moderna ou maquinofatura.

O artesanato é o estágio mais antigo, mais primitivo e onde não há


divisão do trabalho. O artesão realiza todas as etapas ou atividades
necessárias para obter o produto final. O trabalho é manual, sem o uso
de máquinas, com o uso de ferramentas simples. Por exemplo,
poderíamos citar a confecção manual de calçados, onde o artesão
realiza, sozinho, todas as etapas para a elaboração do seu produto.

A manufatura é o estágio intermediário entre o artesanato e a indústria,


prevaleceu na Europa Ocidental nos Sec. XVI, XVII e XVIII, porém
existe até os dias em algumas áreas nos países subdesenvolvidos. Este
processo apresenta como características o uso de máquinas simples e a
divisão do trabalho, portanto cada trabalhador realiza uma etapa
diferente. Ao invés de um trabalhador realizar todas as etapas, teremos
um trabalhador por cada fase do processo, no caso do calçado, um
corta, outro prega, outro pinta, etc. Apesar de existir uma

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especialização no processo de produção, o trabalho é, basicamente,


manual, existindo poucas e antigas máquinas, a eficiência depende das
pessoas e não das máquinas.

A indústria moderna surgiu com a Revolução Industrial e predomina em


nossos dias, caracterizando-se por uma grande divisão do trabalho e
uma conseqüente especialização. Devido a esta divisão, o trabalhador
acaba por não conhecer todas as etapas para a produção do produto
final.

Porém, a principal característica deste processo é o emprego máquinas,


as quais são movidas pelas modernas formas de energia, constituindo-
se nos elementos fundamentais da produção. A habilidade humana
torna-se um complemento da máquina, no qual o trabalhador deve
resumir-se a aprender a usá-la.

No caso da confecção dos calçados, existe uma máquina que corta,


outra que pinta, etc., devendo o trabalhador aprender a usá-la,
colocando as peças no lugar, controlando a qualidade e assim por
diante. O ritmo da indústria depende da possibilidade das máquinas e
não da vontade dos trabalhadores.

A INDUSTRIALIZAÇÃO CLÁSSICA OU ORIGINAL

Os países capitalistas desenvolvidos são os que participaram da


industrialização clássica, ou seja, da Revolução Industrial, no Sec. XVIII

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na Inglaterra, no Sec. XIX expandiu para a França, a Alemanha e a


Bélgica e no final do Sec. XIX para o Japão, a Rússia, a Austrália e a
Nova Zelândia.

O capitalismo originou-se do feudalismo, sistema sócio-econômico


predominante na Europa, durante a Idade Média (Sec. V a XV). A
transição do feudalismo para o capitalismo pleno, tendo como etapa
fundamental a Revolução Industrial, foi um processo longo, o qual durou
vários séculos.

O feudalismo funda-se na economia natural, ou seja, cada feudo


produzia, através da agricultura, tudo aquilo que necessitava, havendo
pouco comércio. Coma a expansão do comércio, a economia de
mercado, de trocas, vai ocupando o lugar da economia natural.

A sociedade feudal era dividida em duas classes principais: os senhores


feudais, a qual era a classe dominante e proprietária dos feudos, e os
servos, que eram os camponeses, os quais trabalhavam em troca de
segurança e do uso de um pedaço da terra em proveito próprio, para
sua subsistência.

Com a expansão do comércio, surge uma relação de trabalho diferente


da relação servil, até então vigente, a relação assalariada, pois os
camponeses buscavam as cidades para terem melhores condições de
vida, passando a ser proletariados e não mais servos, devido, também,
ao surgimento de uma nova classe social, a burguesia, a qual tornava-
se cada vez mais poderosa.

O desenvolvimento do comércio e das cidades estimulam a busca de


novos produtos capazes de incrementa a atividade comercial, criando-se
as condições necessárias para a eclosão da Revolução Industrial.

Por Revolução Industrial podemos entender as profundas


transformações resultantes do progresso da técnica aplicada à indústria,
ou seja, a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma
sociedade urbana e industrial.

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As principais causas da Revolução Industrial foram:

- Acumulação de capitais provenientes da expansão comercial e da


política mercantilista.

- Transformações na estrutura agrária, liberando mão-de-obra para a


cidade.

- Acelerado processo de urbanização.

- Ascensão da burguesia

- Invenções mecânicas e a utilização de fontes de energia modernas.

Essa etapa da expansão industrial dos países desenvolvidos (séc. XVIII


e XIX) é denominada de industrialização clássica, enquanto o processo
de industrialização dos países desenvolvidos (segunda metade do Séc.
XX) é chamada de industrialização tardia ou retardatária.

Dentro do estágio da maquinofatura, ocorreram ainda (após a Primeira


Revolução Industrial), devido aos grandes avanços tecnológicos, a
Segunda Revolução Industrial (1870-1945) e a Terceira Revolução
Industrial, também chamada de Revolução Técnico-científica (após
1945).

PRIMEIRA E SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O espaço geográfico, a partir das transformações socioeconômicas dos


séculos XV e XVI, passou a ter abrangência mundial. A organização
espacial variou de acordo com papel diferenciado que ocuparam as
colônias, as metrópoles e outras regiões do globo, com maior ou menor
grau de integração ao novo sistema econômico.

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Porém, a mais profunda transformação espacial ocorreu com a


introdução da indústria moderna na Inglaterra, que marcou o início do
capitalismo industrial (concorrencial ou liberal). A industrialização não
provocou mudanças apenas na forma de produção, mas direcionou toda
a configuração do espaço atual, modificou as relações sociais e
territoriais, difundiu cultura e técnica, aprofundou a competição entre os
povos, concentrou a população no espaço e provocou o crescimento
cada vez maior das cidades.

Com a invenção da máquina à vapor e sua incorporação à produção


industrial, os trabalhadores eram obrigados a trabalhar, conforme o
ritmo das máquinas, de maneira padronizada. Outra parte da mão-de-
obra disponível foi requisitada para trabalhar nas minas de carvão (fonte
de energia dessa primeira fase da Revolução Industrial). Nesse período,
o “lucro” não advinha mais da exploração das colônias, mas sim, da
produção de mercadorias pelas indústrias, que trazia embutido a
exploração dos trabalhadores através da mais-valia.

Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de pequenas e


numerosas empresas, que competiam por uma fatia do mercado, sem
que o Estado interferisse na economia. Nessa fase (liberal),
predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado
deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da
procura.

Dentro das fábricas, mudanças importantes aconteceram: a


produtividade e a capacidade de produzir aumentaram velozmente;
aprofundou-se a divisão do trabalho e cresceu a produção em série.
Nessa época, segunda metade do Séc XIX, ocorreu o que se
convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial.

Uma das características mais importantes desse período foi a introdução


de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo.
Pela primeira vez, tendo como pioneiros a Alemanha e os Estados
Unidos, a ciência era apropriada pelo capital, sendo posta a serviço da
técnica, ao contrário da primeira revolução industrial, onde as
tecnologias eram resultados espontâneos e autônomos. Agora,
empresas eram criadas com o fim de descobrirem novas técnicas de

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produção.

Com o brutal aumento da produção, acirrou-se cada vez mais a


concorrência. Era cada vez maior a necessidade de se garantirem novos
mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas
para investimentos lucrativos.

Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e


na África, o que consolidou de vez a divisão internacional do trabalho.

Durante a Segunda fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento da


industrialização em outros países e a aplicação de novas tecnologias à
produção e ao transporte modificaram, profundamente, a orientação
liberal. As novas tecnologias foram empregadas nas indústrias
metalúrgica, siderúrgica, no transporte ferroviário, entre outras. Esses
setores industriais dependiam de investimentos maiores que aqueles
realizados na primeira fase da Revolução Industrial. Era necessário a
união de vários empreendedores para a produção das novas
mercadorias. Boa parte da indústria passou a contar com o capital
bancário ou financeiro.

No final do séc. XIX, a fusão entre o capital industrial e o financeiro e,


mesmo a fusão entre indústrias, levou ao aparecimento de empresas
gigantescas, os monopólios e oligopólios (empresas de grande porte que
se associam para controlar o mercado), ocorrendo, com isso, um
enfraquecimento da livre concorrência. Pela baixa competitividade, as
pequenas empresas, que não acompanharam essa nova tendência do
desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram absorvidas
pelas grandes.

A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução


Técnico-Científica, tem na ciência um apoio fundamental para a
evolução da atividade industrial e às outras atividades econômicas:
agricultura, pecuária, serviços. É um componente fundamental, pois,

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para as empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é revertido


em novos produtos e em redução de custos, permitindo maior
capacidade de competição num mercado, cada vez mais, disputado.

As grandes multinacionais possuem seus próprios centros de pesquisa e


o investimento científico, em relação ao conjunto da atividade produtiva,
tem sido crescente. Em meados da década de 80, por exemplo a IBM
norte-americana possuía cerca de 400 mil empregados em todo o
mundo, entre os quais 40 mil (10%) trabalhavam na área de pesquisa.

Nesse sentido, a pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de


novos produtos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado,
visando ao desenvolvimento econômico. Mesmo no tempo da Guerra
Fria, quando o investimento tecnológico estava voltado à corrida
armamentista ou espacial, boa parte das conquistas tecnológicas foi
adaptada e estendida à criação de uma infinidade de bens de consumo
nos países capitalistas.

Com a Revolução Técnico-científica., o tempo entre qualquer inovação e


sua difusão, em forma de mercadorias ou de serviços, é cada vez mais
imediato. Os produtos industriais classificados, genericamente, como de
bens de consumo duráveis, especialmente aqueles ligados aos setores
de ponta como a microeletrônica e informática, tornam-se obsoletos
devido à rapidez com que são superados pela introdução de novas
tecnologias.

A microeletrônica, o microcomputador, o software, a telemática, a


robótica, a engenharia genética e os semicondutores são alguns dos
símbolos dessa nova etapa. Essa fase tem modificado, radicalmente, as
relações internacionais e os processos de produção característicos do
sistema fabril introduzido pela Revolução Industrial, bem como tem
possibilitado a criação de novos produtos e a utilização de novas
matérias-primas e fontes de energia.

Há algum tempo, a indústria vem utilizando muitas matérias-primas


sintéticas, como a borracha, as fibras de poliéster, o náilon e novos
tipos de ligas que substituem vários metais. Hoje, por exemplo, pode-se

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utilizar uma nova cerâmica de alta resistência e durabilidade, feita de


areia e silicone.

Os recursos sintéticos permitem a produção das matérias-primas nos


próprios países desenvolvidos. Esse fato é, ao mesmo tempo, alentador
e preocupante. Numa perspectiva de preservação da natureza, a
exploração de recursos minerais não-renováveis diminuirá. No entanto,
haverá uma conseqüente queda dos investimentos, em países
subdesenvolvidos, por parte de empresas multinacionais ligadas à
mineração e a outras atividades extrativas. Além disso, os países
fornecedores de matérias-primas perderão, gradativamente,
importantes itens de suas pautas de exportação.

Esse novo contexto criado pelas novas tecnologias de produção altera,


inclusive os antigos critérios de localização industrial. Atualmente, a
instalação das grandes empresas multinacionais não está,
necessariamente, associada à proximidade de fontes de matérias-primas
e de mão-de-obra barata.

Apenas alguns setores industriais, como calçados, têxteis, brinquedos,


montagem de aparelhos de TV e eletroeletrônicos, ainda, tiram
vantagem quanto à sua instalação em regiões, onde prevalecem a baixa
qualificação e o custo reduzido da mão-de-obra. Mas esta não é a
tendência da economia industrial da Revolução Técnico-científica, cujo
pressuposto é produzir cada vez mais, com cada vez menos
trabalhadores.

Tanto na Primeira como na Segunda Revolução Industriai, a margem de


lucro das empresas se elevava à proporção que os salários decresciam.
Quanto menor o salário, maior era o lucro retido pela empresa. O
processo de expansão das multinacionais intensificou-se a partir da
década de 50 em direção aos países do Terceiro Mundo e seguia este
mesmo princípio: a elevação das taxas médias de lucro tinha como
pressuposto a exploração da mão-de-obra barata desses países.

A Revolução Técnico-científica, movida pela produtividade, ao mesmo


tempo em que pode gerar mais riquezas e ampliar as taxas de lucros, é

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também responsável pelo desemprego de centenas de milhares de


pessoas em todo o mundo.

Entre os diversos processos de automação industrial, a robotização é o


mais avançado. Os países que mais a utilizam são, respectivamente, o
Japão e os Estados Unidos. O Japão contava, em 1994, com 274 mil
unidades instaladas em suas indústrias, enquanto os Estados Unidos
possuíam 40 mil. O Brasil, no mesmo ano, contava com apenas 100
robôs, todos instalados na indústria automobilística.

A "DESTRUIÇÃO CRIADORA"

A economia industrial desenvolve-se, desde o nascimento das primeiras


fábricas, através de ciclos longos, que começam com uma fase de
rápido crescimento e acumulação de capital, atravessam uma fase de
estabilização e, em seguida, conhecem uma fase descendente
caracterizada pela redução do crescimento e dos lucros empresariais. O
economista russo Nikolai Krondatieff, pesquisando na década de 1920 as
estatísticas de produção industrial, consumo, preços, juros e salários da
Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, foram os primeiros a registrar
esses ciclos longos. Mais tarde, o economista austríaco Joseph
Schumpeter estudou-os em profundidade, conseguindo associá-los à
marcha da inovação tecnológica.

De acordo com Schumpeter, a economia industrial evolui por meio da


"destruição criadora". Quando um conjunto de novas tecnologias
encontra aplicação produtiva, as tecnologias tradicionais são
"destruídas", isto é, deixam de criar produtos capazes de competir no
mercado e acabam sendo abandonadas.

Na fase inicial, ascendente, do ciclo, as novas tecnologias distinguem os


empresários inovadores dos que continuam utilizando as tecnologias
tradicionais. Os inovadores são "premiados" com elevadas taxas de
lucros e erguem verdadeiros impérios empresariais. Na fase de
estabilização, os lucros caem para patamares menores, pois a maior
parte das empresas adotou o novo conjunto de tecnologias e a
competição tornou-se mais acirrada. Finalmente, a fase descendente

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caracteriza-se por um excesso de oferta em relação à demanda. As


tecnologias que inauguraram o ciclo tornaram-se, a essa altura,
tradicionais. A queda acentuada dos lucros prenuncia mais uma ruptura
na base técnica, que deflagrará novo ciclo. As idéias de Schumpeter
permitem identificar os cinco ciclos, ou ondas, de inovação, das fábricas
têxteis do século XVIII até a "era dos computadores".

Ondas de inovação tecnológica da economia industrial

Fonte: Magnoli, Demétrio e Araújo, Regina, Projeto de Ensino de


Geografia: natureza, tecnologia, sociedades. São Paulo, Moderna, prelo.

A fase inicial de cada onda de inovação é a época de ouro dos


empreendedores. Adaptando pioneiramente as novidades tecnológicas à
produção, empreendedores ousados conquistam vastos mercados.
Quase do nada, surgem empresas de grande porte, que se tornam
símbolos do seu tempo. Enquanto isso, grandes empresas baseadas em
padrões tecnológicos superados entram em crise e acabam se
reformulando de alto a baixo ou simplesmente desaparecem.

É na fase inicial que ocorre a "destruição criadora". Quando a onda de


inovação atinge a fase de estabilização, as novidades tecnológicas
consistem em aperfeiçoamentos do padrão tecnológico estabelecido.
Essa é a época de ouro das grandes empresas, que dominam mercados
já plenamente configurados. Os pequenos empreendedores, que não
dispõem de recursos financeiros vultosos, são incapazes de concorrer
com as grandes empresas. Freqüentemente, seus empreendimentos e
suas inovações são incorporados pelas empresas dominantes. Outras
vezes, tecnologias melhores são rejeitadas, pois um padrão menos
eficiente adquiriu aceitação geral.

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Na fase descendente da onda de inovação, os mercados estão


saturados. A economia registra superprodução. Inúmeras empresas
revelam-se incapazes de sustentar a concorrência, cada vez mais feroz,
e são incorporadas por conglomerados mais poderosos. Essa é a época
de ouro da centralização de capitais. Quando, finalmente, uma nova
onda se inicia, surgem mercadorias revolucionárias. Sob o impacto da
"destruição criadora", a superprodução é eliminada, pois os
consumidores dirigem-se, ansiosamente, para os novos produtos
disponíveis. Assim, o ciclo recomeça, em novas bases tecnológicas.

OS NOVOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO

A necessidade de redução dos custos por parte das empresas para a


geração de maiores lucros e o surgimento de novos produtos e recursos
de produção industrial exigiram alterações nas tradicionais práticas de
produção norte-americanas, universais a partir da década de 50, com a
expansão das multinacionais. A especialização do trabalhador em
determinada tarefa e a produção em escala, preconizadas pelo fordismo
e pelo taylorismo, não são os atributos mais adequados à produção
industrial deste final de século.

O trabalho repetitivo tem sido substituído pelo trabalho criativo, que


atende às constantes variações do cotidiano da linha de produção.
Começam a surgir os Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), nos
quais grupos de trabalhadores reúnem-se e discutem a melhoria da
qualidade do produto e o aumento de produtividade. Em contraste com
o fordismo e o taylorismo, onde a responsabilidade e a habilidade de
cada trabalhador ficavam restritas a uma única tarefa, nos CCQ
implantados nas empresas mais modernas, o trabalhador passa a ter
conhecimento de todo o processo produtivo e a nele intervir. É provável
que em pouco tempo, o trabalho repetitivo, característico da indústria
até recentemente, fique restrito à ação das máquinas.

O Japão tem sido pioneiro na criação dos novos métodos de produção,


mais ágeis e flexíveis, que estão sendo adaptados às indústrias em
quase todo o mundo.

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Por meio desses novos métodos, várias características da mercadoria


podem ser modificadas em pouco tempo. Tal flexibilidade da atividade
industrial tornou-se necessária num mundo em que a evolução da
tecnologia provoca uma diminuição freqüente da vida útil das mercado-
rias. A constante modificação e a criação de produtos são hoje
exigências do próprio mercado de consumo.

Esse sistema de produção, totalmente adaptado ao mercado, ficou


conhecido pelo nome de just-in-time (tempo justo). No interior da
fábrica, as diferentes etapas de produção, desde a entrada das
matérias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma
combinada entre fornecedores, produtores e compradores. A quantidade
de matérias-primas que entram na fábrica corresponde, exatamente, à
quantidade de produtos que serão produzidos. As mercadorias são feitas
dentro do prazo estipulado de acordo com a exigência dos compradores,
evitando-se perdas de estoque ou diminuição do preço, caso ocorra uma
defasagem tecnológica do produto.

Os tipos de indústria

Conforme os bens que produz, podemos classificar as indústrias em:


indústrias de bens de produção ou de capital; indústrias de bens
intermediários; indústrias de bens de consumo. Segundo a tecnologia
empregada, as indústrias podem ser classificadas em: indústrias
tradicionais e indústrias dinâmicas.

Indústrias de bens de produção ou de base (indústria pesada)

São principalmente as siderúrgicas, as metalúrgicas, as petroquímicas e


as de cimento. Essas indústrias transformam grande quantidade de
matéria-prima e, por isto, costumam localizarem-se próximas a portos,
ferrovias e fontes de matéria-prima para facilitar o recebimento desta
última e facilitar o escoamento da produção.

Indústria de bens de capital ou bens intermediários

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A principal função dessas indústrias é equipar indústrias de todos os


tipos: elas produzem máquinas, ferramentas, autopeças e outros bens.
Localizam-se próximo aos centros de consumo, isto é, em grandes
regiões industriais.

Indústrias de bens de consumo (leve)

Estão mais ligadas ao mercado consumidor e à oferta de mão-de-obra,


por isto estão mais dispersas espacialmente. O destino de sua produção
é o grande mercado consumidor (população em geral). Temos indústrias
de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos,
móveis e automóveis) e de bens de consumo não-duráveis (alimentos,
bebidas, vestuário, calçados).

A indústria automobilística

Durante os anos de expansão econômica (1950-1973), o automóvel foi


o símbolo da sociedade de consumo. Este enorme desenvolvimento da
produção automobilística deu lugar a vários problemas, como a
saturação do consumo em muitos países e a forte concorrência entre as
marcas. Para frear a crise, propuseram-se soluções como a fusão de
empresas e a automação da produção, o que provocou uma
considerável redução dos postos de trabalho.

Indústrias tradicionais ou dinâmicas

As indústrias tradicionais são aquelas ligadas às descobertas da Primeira


Revolução Industrial. Utilizam muita mão-de-obra e pouca tecnologia.
As indústrias de ponta, ao contrário, utilizam muito capital e tecnologia
e pouca força de trabalho (mão-de-obra).

As indústrias de ponta

Denominam-se indústrias dinâmicas ou de tecnologia de ponta aqueles


setores nos quais a pesquisa exerce um papel fundamental. Sua

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atividade depende em grande parte das inovações que geram. Estas


indústrias necessitam de grandes investimentos para funcionar e
dedicam grande parte deles ao desenvolvimento de novas pesquisas,
para criar novos processos de produção e novos produtos. Esta
denominação engloba setores como o farmacêutico, o da informática, o
aeroespacial e o das telecomunicações.

As empresas: a base da produção industrial

A empresa constitui o núcleo central do sistema econômico capitalista.


Trata-se de uma unidade econômica que produz bens e serviços
destinados a serem vendidos, para o que utilizam dois elementos
fundamentais: o trabalho e o capital. As empresas podem ser
classificadas segundo sua estrutura financeira, seu tamanho e sua área
de influência.

Os fatores de localização industrial

As indústrias buscam localizar-se naquelas zonas que permitem baratear


seus custos de produção. Tradicionalmente, as empresas, sobretudo as
pesadas, tendem a localizar-se onde o custo do transporte é menor,
aproximando-se das fontes de energia ou das matérias-primas. Outros
setores industriais, especialmente os leves, tendem a localizarem-se
próximos aos mercados de consumo.

A divisão internacional do trabalho

As economias de diferentes países do mundo apresentam uma certa


especialização. A divisão mais simples outorgava aos países
desenvolvidos a especialização na fabricação de produtos
manufaturados e deixava para os do Terceiro Mundo a produção de
matérias-primas. Na atualidade, essa situação é mais complexa, já que
muitas empresas que necessitam de mão-de-obra não-qualificada
transferem suas fábricas para países subdesenvolvidos, com mão-de-
obra abundante e barata.

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As grandes regiões industriais do mundo

As indústrias tendem a concentrar-se, geograficamente, ao longo dos


grandes eixos de comunicação e dos espaços urbanos bem conectados.
Quando a concentração é considerável, formam-se as denominadas
regiões industriais. As tradicionais zonas industriais correspondem aos
países ricos: áreas produtoras de carvão e ferro, vales industriais, zonas
urbanas e portuárias. Na atualidade, muitas zonas tradicionais foram
afetadas pela desconcentração industrial e requerem uma urgente
reconversão de suas atividades.

Expansão da indústria mundial

Já a maioria das novas regiões industriais, mais bem adaptadas aos


novos processos de produção, encontram-se nas regiões dinâmicas dos
países do Extremo Oriente ou ao redor das grandes metrópoles dos
países desenvolvidos. Nas últimas décadas, alguns países asiáticos
experimentaram um rápido crescimento econômico. Os denominados
"Tigres" (entre eles Hong Kong, Taiwan e Coréia do Sul) estão
conseguindo consolidar sua posição mundial industrialmente, ainda que
as rápidas transformações socioculturais tenham gerado certos
desequilíbrios.

Nos últimos anos, a indústria chinesa também começou a despontar


graças à aplicação de novas políticas econômicas. As denominadas
Zonas Econômicas Especiais do litoral chinês, que gozam de ampla
liberdade econômica, situam-se entre as regiões mais dinâmicas do
mundo.

Distribuição industrial no Brasil

No Brasil, as principais regiões industriais estão concentradas na região


Sudeste, no triângulo formado pelas regiões metropolitanas de São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

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Outras áreas podem ser chamadas de periféricas: áreas metropolitanas


de Curitiba, Porto Alegre, Recife e Salvador; Zona Franca de Manaus,
Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Vale do Itajaí (SC).

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Reportagens e Artigos

1. A Metade Sul do RS -
(por Darcy Francisco C. dos Santos, em 05 de setembro de 2008, jornal
Gazeta )

Há uma crença generalizada de que o desenvolvimento tecnológico é


um fator determinante do desemprego. E isso não é somente entre os
leigos, pois até mesmo Marx falara do exército de desempregados que
decorria da expansão capitalista de produção. E, ao longo dos tempos,
não foram poucos os protestos contra o uso de máquinas,
especialmente no início da revolução industrial.
Essa tese, embora possa ser verdadeira no curto prazo, não se
sustenta no longo. Uma prova disso é que entre o ano 1000 e 1820, a
renda “per capita” mundial cresceu apenas 80%, crescimento esse que
foi multiplicado por 10 entre 1820 e 1998, em decorrência da revolução
industrial.
À medida que são introduzidas máquinas no processo de produção,
cada operário contribuirá para o consumo de um número muito maior
de pessoas que, por sua vez, estarão disponíveis para produzir para
outras. É nesse processo que ocorre o aumento de renda.
Faço essas considerações iniciais para abordar um problema, que é a
queda da participação da Região Sul no PIB estadual, ela que fora rica
no passado.
Conforme a FEE, em 1939 a Região Sul participava com 38,3% do PIB
estadual, a Região Nordeste com 33,0% e a Região Norte com 28,7%.
Em 1980, Região Norte permanecia com a mesma fatia, mas a Região
Nordeste passou para 51,20%, restando para a Região Sul apenas
23,1%.
Se tomarmos a denominada Metade Sul, formada por 103 municípios
situados ao sul de uma linha imaginária, com mais de 56% da área do
Estado, veremos que ela continuou sua marcha descendente, pois sua
participação no valor adicionado fiscal do Estado decresceu de 17%
para 15% entre 1995 e 2006.
E será que isso ocorre porque trabalhamos menos que os habitantes do
Norte? A resposta certa é que eles se industrializaram em proporção

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maior que nós, tendo por isso gerado produto e renda maiores. E, com
certeza, têm uma taxa de desemprego menor, embora tenham uma
população muito maior.
Será que eles estão ficando com os impostos arrecadados por nós? A
resposta correta é não, porque os municípios da Metade Sul ficam com
quase 20% do retorno do ICMS, para cuja formação contribuem com
15%.
É bom que tenhamos isso em mente, quando iniciativas industriais
estão ocorrendo em muitas partes de nossa Metade Sul, evitando
certos preconceitos ideológicos que só servem para entravar o
desenvolvimento regional.

Você concorda com a opinião do autor? O desenvolvimento tecnológico é


responsável pelo desemprego?

O desenvolvimento tecnológico traz, em um primeiro momento, algum


desemprego, mas gera outros de nível mais alto, requerendo dos
envolvidos uma maior especialização, isto sim, é o grande entrave dos
trabalhadores, o acesso à educação de qualidade, pois culpar outros por
nossos problemas parece ser uma constante na vida do Ser Humano.

A destruição criadora descrita, anteriormente, é a explicação deste


fenômeno, onde o advento da tecnologia traz a necessidade de
adaptação dos envolvidos a nova onda que surge, a nova fase das
relações industriais. Estas tecnologias não culpadas em si, mas o
processo que vem em conjunto precisa atender as necessidades de
todos os envolvidos, ressalta-se aqui, também, os empresários, que se
não estiverem antenados com estas descobertas, não conseguem
incentivar nos seus funcionários a busca pelo novo, contribuindo para
sua própria derrocada. Portanto, eu concordo com a explicação da
autora.

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Geografia Mundial

Assunto 2.2 (O estágio atual do capitalismo e a divisão internacional do


trabalho)

O CAPITALISMO

Em seu sentido mais restrito, o capitalismo corresponde à acumulação


de recursos financeiros (dinheiro) e materiais (prédios, máquinas,
ferramentas) que têm sua origem e destinação na produção econômica.
Essa definição, apesar de excessivamente técnica, é um dos poucos
pontos de consenso entre os inúmeros intelectuais que refletiram sobre
esse fenômeno ao longo dos últimos cento e cinqüenta anos.

São duas as principais correntes de interpretação do capitalismo,


divergindo, substancialmente, quanto às suas origens e conseqüências
para a sociedade. A primeira foi elaborada por Karl Heinrich Marx, para
quem o capitalismo é fundamentalmente causado por condições
históricas e econômicas. O capitalismo para Marx é um determinado
modo de produção de mercadorias, as quais são objetos, tendo a
finalidade de serem trocados e não a de serem usados, surgindo,
especificamente, durante a Idade Moderna e que chega ao seu
desenvolvimento completo com as implementações tecnológicas da
Revolução Industrial. A idéia marxista de modo de produção não se
restringe apenas ao âmbito econômico, mas estende-se a toda relação
social estabelecida a partir da vinculação da pessoa ao trabalho.

Uma característica básica desse modo de produção é que nele os


homens encarregados de despender os esforços físicos, que Marx chama
de "força de trabalho", não são os mesmos que têm a propriedade das
ferramentas e das matérias-primas, posteriormente, também das
máquinas, denominados "meios de produção". Esta separação
proporciona outro aspecto essencial do capitalismo, que é a
transformação da "força de trabalho" em uma mercadoria que, portanto,
pode ser levada ao mercado e trocada livremente (basta lembrar que no
modo de produção escravista, o objeto da troca é o escravo inteiro e

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não só a sua força, enquanto que no feudalismo, praticamente, não


havia trocas econômicas).

Assim, a sociedade capitalista estaria dividida entre uma classe que é


proprietária dos meios de produção e outra classe cuja única fonte de
subsistência é a venda ou troca de sua "força de trabalho". Os
argumentos apresentados por Marx para demonstrar a passagem do
feudalismo para o capitalismo e a acentuação da divisão do trabalho são
elaborados através de uma reconstrução histórica impossível de ser
resumida aqui, sendo no momento suficiente apontar que ela passa pela
desintegração dos laços entre senhor e servo e pela ampliação das
relações comerciais, de troca, com estas últimas permitindo uma
acumulação inicial de riquezas, chamada por Marx de "acumulação
primitiva".

A explicação alternativa foi apresentada por Maximillian Carl Emil


Weber, enfatizando aspectos culturais que permitiram a expansão do
capitalismo. Para ele, o desejo pelo acúmulo de riquezas sempre existiu
nas sociedades humanas, como no Império Romano ou durante as
grandes navegações, mas, até meados do século XVII, faltavam
condições sociais que justificassem a sua perseguição ininterrupta. Para
demonstrar isso ele aponta as, amplamente conhecidas, condenações
feitas pela Igreja Católica às práticas da usura e do lucro pelos
comerciantes ao longo do século XV e XVI. Se tais restrições fossem
mantidas, a chamada "acumulação primitiva" não teria sido possível.

A mudança ocorre com a reforma religiosa promovida por Lutero e,


principalmente, Calvino. Segundo eles, a atividade profissional estaria
associada a um dom ou vocação divina e, portanto, seria da vontade de
Deus que elas fossem exercidas. Assim o trabalho, que antes era visto
como um mal necessário, passa a ter uma valorização positiva. Mais que
isso, Calvino aponta o trabalho como a única forma de salvação e a
criação de riquezas pelo trabalho como um sinal de predestinação. Esses
dogmas religiosos, juntamente com outros menores como a
contabilidade diária, formam o fundamento de uma ética, isto é de um
conjunto de normas que rege a conduta diária do fiel. Essas normas, ao
se encaixarem às exigências administrativas da empresa (valorização do
trabalho e busca do lucro), criam as condições necessárias para a

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expansão da mentalidade ou do "espírito", como o denomina Weber,


capitalista e, posteriormente, da sociedade industrial.

Esta explicação demonstra sua consistência, quando observamos o


elevado estágio de desenvolvimento econômico das sociedades que
abrigaram representantes da Reforma (calvinistas, metodistas,
anglicanos etc.): a Alemanha (berço da Reforma), a Inglaterra (pátria
do Anglicanismo), os Estados Unidos (destino de milhares de
protestantes expulsos da Irlanda católica e outros tantos imigrantes
anglicanos ingleses) e os Países Baixos.

O capitalismo é um sistema de mercado baseado em vários princípios


como:

- Propriedade privada dos meios de produção. As pessoas,


individualmente ou reunidas em sociedade, são donas dos meios de
produção.

- A transformação da força de trabalho em mercadoria. Quem não é


dono dos meios de produção é obrigado a trabalhar em troca de um
salário. Em princípio, o dono do capital quer produzir pelo menor custo e
vender pelo maior preço possível. O lucro é a diferença entre o custo de
produção e o preço de venda do produto.

- Para diminuir os custos, procura pagar o mínimo possível pelas


matérias-primas, salários e outros meios de produção. A definição de
preços é feita pelo mercado, com base na oferta e na procura, isto é, na
disputa de interesses entre quem quer comprar e quem quer vender
produtos e serviços. No capitalismo, é o mercado que orienta a
economia.

- A livre concorrência. A concorrência é a competição na venda dos bens


e serviços. Na prática, a concorrência em que todos são igualmente
livres para produzir, comprar, vender, fixar preços, etc. não existe. Isto
porque o mercado vem sendo dominado por grandes organizações, que
expandem cada vez mais sua área de atuação através de fusões,

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incorporações e outros modos de ampliar negócios, eliminando


pequenos e médios concorrentes.

A História do Capitalismo

Há quem veja o início do capitalismo nas regiões que circundavam o Mar


Mediterrâneo na antiguidade. Suas características aparecem desde a
idade clássica (do século VI ao IV a.c) com a transferência do centro da
vida econômica social e política das fazendas para as cidades. Com a
queda do Império Romano a economia de mercado deixou de existir no
ocidente até ser reavivada na alta idade média.

Mas a versão mais aceita é que o capitalismo teve seu início na Europa,
pois a partir daqui que se originou de fato este processo. Apesar de suas
características aparecerem desde a baixa idade média (do século XI ao
XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política
dos feudos para a cidade. O feudalismo passava por uma grave crise
decorrente da catástrofe demográfica causada pela Peste Negra que
dizimou 40% da população européia e pela fome que assolava o povo.

Já com o comércio reativado pelas Cruzadas(do século XI ao XII), a


Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e,
conseqüentemente, as relações de produção capitalistas multiplicaram-
se, minando as bases do feudalismo.

Na Idade Moderna, os reis expandem seu poderio econômico e político


através do mercantilismo e do absolutismo. Dentre os defensores deste
temos os filósofos Jean Bodin ("os reis tinham o direito de impor leis aos
súditos sem o consentimento deles"), Jacques Bossuet ("o rei está no
trono por vontade de Deus") e Niccòlo Machiavelli ("a unidade política é
fundamental para a grandeza de uma nação").

Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar


a economia e a buscar colônias para adquirir metais (metalismo) através
da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole. Esse
enriquecimento favorece a burguesia, classe que detém os meios de

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produção, que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do


sistema absolutista. E as revoluções burguesas, como a Revolução
Inglesa (1640-60) e a Revolução Francesa (1789-99), construíram o
arcabouço institucional de suporte ao desenvolvimento capitalista.

A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução


Industrial, inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em
massa, geração de lucro e acúmulo de capital. As sociedades vão
superando os tradicionais critérios da aristocracia, principalmente a do
privilégio de nascimento. Surgem as primeiras teorias econômicas: a
Economia Política e a ideologia que lhe corresponde, o liberalismo.

Na Inglaterra, o escocês Adam Smith (1723-1790), fundador da


primeira e adepto do segundo, publica a obra Uma Investigação sobre
Naturezas e Causas da Riqueza das Nações (1776), em que assenta a
teoria do valor-trabalho e defende a livre-iniciativa e a não-interferência
do Estado na economia. Desse modo, em seu estágio atual, o
capitalismo, que nasceu liberal e passou pela social democracia, procura
renovar-se retornando às origens, com o neoliberalismo.

A burguesia buscava o lucro através de atividades comerciais. Neste


contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, cujos ganhos
estavam relacionados ao dinheiro em circulação, numa economia que
estava em pleno desenvolvimento. Historiadores e economistas
identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros,
ideais embrionários do sistema capitalista: lucro, acúmulo de riquezas,
controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios.

Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo

Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as


Grandes Navegações e Expansões Marítimas Européias, fase em que a
burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da
Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata,
especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes
comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América,
por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo

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principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto,


podemos identificar as seguintes características capitalistas: busca de
lucros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema
de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e
desigualdades sociais.

Segunda Fase : Capitalismo Industrial

No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que


se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na
Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na
Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou
o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho
que antes era realizado pelos artesãos.

O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de


lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta
mudança trouxe benefícios, queda no preço das mercadorias, por outro
a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas
condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas
foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período. O lucro
ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra
dos operários.

As indústrias, utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente


pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo
formato. Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a
Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram
explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como
neocolonialismo. As populações destes continentes, foram dominadas a
força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos
europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios
e a consumirem os produtos industrializados das fábricas européias.

Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro

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Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas
grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as molas
mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em
pleno funcionamento até os dias de hoje. Grande parte dos lucros e do
capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro.

A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus


produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos.
Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes
produtos para vários países, mantendo um comércio ativo de grandes
proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e
transferência de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e
do comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos
dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram
e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual.

A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é uma divisão produtiva em


âmbito internacional. Os países emergentes ou em desenvolvimento,
além de apresentarem uma industrialização tardia, possuem outros
fatores que deixam suas economias ainda frágeis e passíveis de crises,
oferecendo aos países industrializados um leque de benefícios e
incentivos para a instalação de indústrias, tais como a isenção parcial ou
total de impostos, mão-de-obra abundante, portanto de baixo custo;
matéria-prima; leis ambientais frágeis, entre outros.

A DIT direciona uma especialização produtiva global, isso por que cada
país fica designado a produzir um determinado produto ou partes do
mesmo, isso dependendo dos incentivos oferecidos em cada país. Esse
processo se expandiu na mesma proporção que o capitalismo. Um
exemplo que pode ser usado nesse sentido é a montagem de um
automóvel realizada na Argentina, porém com componentes oriundos de
diferentes países, como parte elétrica e eletrônica de Taiwan, borrachas
da Indonésia e assim por diante, isso por que cada país citado oferece
atrativos e o custo do produto final, conseqüentemente, será menor e,
automaticamente, aumenta os lucros que é o objetivo central do
capitalismo.

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A DIT provoca desigualdades, os países emergentes ou em


desenvolvimento como México, Argentina, Brasil e outros, adquirem
tecnologias a preços altos, enquanto que os produtos exportados pelos
países citados não atingem preços satisfatórios, agravando estes e
favorecendo os países ricos.

A DIT corresponde a uma especialização das atividades econômicas em


caráter de produção, comercialização, exportação e importação entre
distintos países do mundo.

Antes desse processo vigorar no mundo, mais precisamente na década


de 50, os bens manufaturados eram oriundos restritamente dos países
industrializados como Estados Unidos, Canadá, Japão e nações
européias. Os países já industrializados tinham suas respectivas
produções primeiramente destinadas ao abastecimento do mercado
interno e, depois, o restante direcionado ao fornecimento de
mercadorias industrializadas aos países subdesenvolvidos que, ainda,
não haviam ingressado efetivamente no processo de industrialização.

Após a Segunda Guerra Mundial, muitas empresas, sobretudo norte-


americanas, começaram a instalar filiais em diferentes países do mundo,
sendo intensificado com o processo da globalização, que transformou
muitos países subdesenvolvidos, que no passado eram meros
produtores primários, em exportadores também de produtos
industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no
mundo.

Apesar da modificação apresentada na configuração econômica, os


países da América Latina, Ásia e África, ainda ocupam destaque na
produção de produtos primários. O que os mantêm como produtores
primários é principalmente o modo como os países subdesenvolvidos
foram industrializados, grande parte das empresas e indústrias
existentes em países pobres é de nações desenvolvidas e ricas, diante
desse fato, todos os lucros adquiridos durante o ano não permanecem
no território no qual a empresa se encontra e, sim, migra para a
nacionalidade de origem. Em outras palavras, as empresas

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transnacionais sempre buscam os interesses próprios sem considerar as


causas sociais, econômicas e ambientais de onde suas empresas estão
instaladas.

A descolonização da África e da Ásia, o surgimento dos países


subdesenvolvidos industrializados e a expansão das transnacionais
estabeleceram três DIT bem diferentes, que se sucederam durante a
fase do capitalismo financeiro.

DIT do Imperialismo

Entre o período que vai do final da Primeira Guerra (1918) até o final da
Segunda (1945), algumas potências ocidentais (Inglaterra, França e
Holanda) ainda mantinham suas colônias na Ásia e na África. Portanto, a
divisão internacional do trabalho permanece a mesma da fase do
imperialismo ou do capitalismo industrial. As colônias da América
mantinham esse mesmo relacionamento com as potências da época,
apesar de já estarem independentes politicamente.

Após a Segunda Guerra, duas DIT’s passaram a conviver na economia


mundial e permanecem até hoje: a DIT clássica e a DIT da Nova Ordem
mundial.

DIT Clássica

Com a descolonização da Ásia e da África (1947-1975), os novos países


surgidos nesses continentes passaram a fazer parte, ao lado das antigas
colônias da América, do conjunto dos países subdesenvolvidos.
Estabeleceu-se, então, o que denominamos DIT clássica, que caracteriza
as relações entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos
não industrializados.

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DIT da Nova Ordem Mundial

Nesse mesmo período, com a industrialização de alguns países


subdesenvolvidos, outra DIT passou a conviver com a DIT clássica. É a
que expressa o relacionamento entre os países desenvolvidos e os
países subdesenvolvidos industrializados. Essa nova divisão
internacional do trabalho é muito mais complexa, envolvendo o fluxo de
mercadorias e de capitais, de ambos os lados. Esses países
subdesenvolvidos deixaram de ser unicamente fornecedores de matéria-
prima para os países desenvolvidos, passando a fornecer, também
produtos industrializados, devido, entre outros fatores, as empresas
transnacionais instaladas em seu território.

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Reportagens e Artigos

1. Proletariado, uma espécie em extinção?


(por Carlos I. S. Azambuja, em 07 de junho de 2008,
http://www.midiasemmascara.com.br/)

“Globalização não é um conceito sério. Nós, americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada
econômica nos outros países”.

(John Kenneth Galbraith, economista norte-americano. Folha de São Paulo, 3 de novembro de 1997.)

Nos últimos dois séculos, desde a Revolução Industrial, o destino da


classe operária, seu papel e lugar na História sempre constituíram um
dos temas centrais do pensamento social e da luta política. No início do
século XXI, essa questão adquiriu particular profundidade, em face das
mudanças sociais e transformações tecnológicas.

Nesse sentido, surgiram várias indagações quanto ao papel da classe


operária. Em que sentido ela estaria evoluindo? Quais as mudanças
que se operam em sua estrutura e no nível de suas funções de
produção? Qual o lugar que lhe cabe nas transformações que os novos
tempos trazem consigo? Como mudará o caráter do trabalho em face
das novas tecnologias e das modernas formas de organização do
trabalho? As respostas a essas indagações e a outras que, certamente,
surgirão, são eminentemente dinâmicas e não se esgotam. São mais
um chamado à reflexão.

Nos Estados industrializados do Ocidente, o número de operários


diminui a cada ano, enquanto cresce o número de pessoas envolvidas
no trabalho intelectual vinculadas a sistemas informatizados, e no
trabalho por conta própria, informal.

Segundo um bom número de renomados analistas e cientistas sociais,


experts no assunto, a classe operária, como até aqui foi conhecida,
tende a desaparecer nos próximos 20 a 30 anos, em face do avanço
dos processos de automação e robotização da produção e dos serviços.
O surgimento de computadores de quinta geração, dotados de
intelecto artificial, a desregulamentação, flexibilização, terceirização e

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outras iniciativas do capital vêm promovendo crescentes taxas de


desemprego.

Hoje somos confrontados com uma realidade complexa: múltiplas


classes e grupos que se desdobram em inúmeros papéis sociais, em
que se é vítima e cúmplice, em que se é, simultaneamente, incluído e
excluído e em que domina o receio do rebaixamento ameaçador. Uma
sociedade onde o trabalho vem perdendo sua centralidade,
dissolvendo, dessa forma, o próprio agente da mudança.

Frente a isso, um questionamento atormenta os ativistas do


Movimento Operário: o que fazer com os esquemas tradicionais e com
o conceito estratificado de que o proletariado é a única classe
verdadeiramente revolucionária, caso ele venha a desaparecer?
Certamente que diante do novo as teorias sobre o papel do
proletariado terão que ser radicalmente repensadas, uma vez que
parece impossível manter a concepção clássica, desenvolvida no século
XIX, a respeito de sua missão histórica.

Ainda que ela não desapareça por completo, seu efetivo e sua
importância, e, por conseguinte, sua influência política na sociedade,
certamente diminuirão em muito, enquanto a esfera do trabalho
assalariado continuará se expandindo. Isso modificará tanto o caráter
do trabalho quanto o status dos trabalhadores.

Hoje, as atividades de tratamento da informação - os serviços - já são


majoritárias e se desenvolvem muito mais velozmente que as
atividades industriais.

Com isso, a noção de forças produtivas caminha para tornar-se


arcaica. É o setor de serviços que move a sociedade e quem manda no
Estado é o mercado. A população marginalizada e a fome no mundo
aumentam sem parar, e o bem-estar social é coisa do passado.

No contexto atual de crise e de reestruturação capitalista -


globalização - assistimos à paulatina substituição da produção pela

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informação e já se discute a tese de uma interpenetração complexa


entre indústria e serviços, concepção e fabricação, ciência e
experiência, e, conseqüentemente, entre assalariados da produção
(proletariado) e assalariados da concepção. Isso significa o surgimento
da sociedade pós-industrial, onde a prioridade da ciência sobre a
técnica e da técnica sobre a produção direta tornar-se-ia a lei de
desenvolvimento das forças produtivas.

Nas modernas fábricas de automóveis, por exemplo, haverá um


número cada vez maior de trabalhadores, muitos com cursos
superiores, sentados diante de telas, de terminais de computadores,
controlando a marcha do processo de produção, limitando, assim, o
conceito de classe operária.

Essa diminuição relativa do número de operários não seria, no entanto,


suficiente o bastante para reduzir a influência política que a classe
operária exerce sobre a sociedade como um todo, caso sua coesão e
consciência de classe sejam mantidas, o que não vem ocorrendo. A
dinâmica do volume de trabalho na indústria, que vem sendo
acompanhada de mudanças fundamentais na natureza desse mesmo
trabalho, traduz-se em diferenças salariais. Dessa forma, a unidade e
a solidariedade de classe debilitam-se continuamente, levando a crise
ao sindicalismo tradicional.

A eliminação de vagas de trabalho nos últimos anos ocorreu não


apenas no setor automobilístico, mas também na construção civil,
comércio e setor extrativo mineral. Enquanto isso, o número de
funcionários da administração pública (mormente no Brasil) e pessoas
envolvidas com o setor de serviços cresce sem parar.

Ao contrário do planejamento central, desacreditado e desmantelado


no mundo socialista, o empresarial, no mundo atual, basicamente
capitalista, nunca foi tão complexo e ambicioso, globalizando a Terra,
fragmentando o tempo e reduzindo as distâncias e o tempo de giro do
capital.

A nova realidade é uma assimetria maciça entre a mobilidade e

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organização internacional do capital, por um lado, e a dispersão e


segmentação do trabalho, por outro. Isso não registra nenhum
precedente histórico. O processo de globalização vem dispersando e
contornando as resistências ao capitalismo. O efeito final dessas
transformações parece ser o caminho seguro e pavimentado para o fim
do proletariado tal como conhecido até hoje.

O trabalho intelectualizou-se. O homem já não transforma e nem


conforma objetos e sim observa as operações dos robôs através da
tela de um computador. Eles programam e, caso necessário, reparam
e ajustam as máquinas que efetuam o trabalho manual com maior
perfeição que o ser humano.

Segundo o economista francês Bertrand Giraud, “hoje um computador


vence 99% dos jogadores de xadrez. Amanhã, ele vencerá Kasparov
(já venceu, aliás). Basta comparar o custo de criação de um programa,
operação imediata e quase gratuita, com custos para a formação de
um grande mestre de xadrez”. Muitas profissões estarão mais
ameaçadas pela Informática, Telemática e Robótica do que a de
garçom de churrascaria, cujo emprego depende de seu serviço e de
sua empatia com os clientes.

Pode-se afirmar que um país, mesmo com milhões de pessoas


desempregadas, continuará a produzir tanto ou ainda mais do que
produzia anteriormente. O que ainda permanece sem solução é como a
sociedade irá organizar-se com essa multidão dos sem-trabalho.

A conseqüência mais visível é que tudo isso fará aumentar os


chamados pagamentos de transferência a cargo do Estado: Previdência
Social, Saúde e Educação.

Conforme o historiador comunista Eric Hobsbawn assinalou em seu


livro “Sobre História”, editado em 1997, hoje, como ocorre nos EUA,
uma população agrícola da ordem de 3% dos habitantes do país
produz comida suficiente não só para alimentar os outros 97% mas,
também, uma fatia enorme da população mundial.

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Considera Hobsbawn que uma transformação dessa ordem na


estrutura ocupacional secular da humanidade tende a produzir
conseqüências de longo alcance, uma vez que todo o sistema de
valores do homem, desde a Idade da Pedra, foi baseada na
necessidade do trabalho como fator essencial da existência humana.

Desde o final do século XX, a revolução informacional caminha para


consagrar o triunfo definitivo da informação sobre a produção, do
saber científico sobre a habilidade e, por conseqüência, do produtor de
informações sobre o produtor de serviços materiais. Nesse caso, a
maioria da população não sendo mais necessária para a produção, de
que ela se manterá? O que acontecerá com o mercado de massa, que
se baseia nas compras, das quais a economia passou a depender cada
vez mais?

A maioria teria que viver da transferência de recursos públicos, como


pensões e outras formas de seguridade, ou seja, por um mecanismo
de redistribuição social.

Ora, a redistribuição social, pelo ônus tributário que impõe, cria cada
vez mais pressões sobre os governos, uma vez que esse mecanismo
de redistribuição não foi projetado para uma economia na qual a
maioria poderia ser constituída pelos sem-trabalho. Ao contrário, foi
construído para um período de pleno emprego e por ele sustentado.

Essa situação acarretará outros problemas, políticos e econômicos.


Qual Estado, hoje, estaria preparado para isso?

E então, você concorda com a opinião do autor? O que a DIT tem a ver
com o exposto pelo autor?

A divisão do trabalho, à medida que o tempo avança, pede dos


envolvidos um especialização cada vez maior, uma reciclagem nos
conhecimentos, transferindo de forma lenta e gradual a massa

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trablhadora das funções maquinais, repetitivas para as funções mais


intelectuais. É um processo natural, pois o conhecimento cresce
rapidamente, exigindo dos trablhadores uma gama de conhecimento
sempre maiores.

A era em que vivemos, presencia a influência da tecnologia em


proporções fantásticas, anunciando o surgimento de uma nova onda, de
uma nova fase. E os trabalhadores, estão preparados? O dito
proletariado está antenado para estas transformações ou estão
perdendo-se em queixas sobre o que acontecia no passado e o que está
acontecendo agora. Não podemos olhar o novo com os olhos de ontem,
senão a avaliação fica distorcida, incompleta.

Chegou o momento de entender que o trabalho intelectualizou, exigindo


de todos mais estudos, mais envolvimento com as novas tecnologias
que estão no mundo. Exigir que tudo fique como antes, é como pedir
para voltar a época da Primeira Revolução Industrial, onde as minas de
carvão empregavam muitos, poque hoje, estas minas usam máquinas
para fazer este tipo de trabalho. É anacrônico. Cresçamos,
acompanhemos as coisas do nosso tempo, lembrando que tudo tem seu
tempo, sua hora certa. Portanto, eu concordo com o autor.

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EXERCÍCIOS

1) 1ª. Questão

Evolução da população urbana e rural no Brasil – 1940-2001 (em


%)

Fontes: IBGE, Anuário estatístico do brasil, 1992 e IBGE, Síntese


de Indicadores Sociais, 2002.

De acordo com o gráfico apresentado, pode-se concluir que:

(A) desde 1950, a população urbana é superior à população rural


no Brasil, fruto da intensa industrialização nas macrorregiões Norte,
Centro-Oeste e Sudeste.

(B) desde 1940, o percentual da população rural no Brasil está em


declínio e o da urbana em crescimento.

(C) o Brasil se transformou em um país urbano entre 1940 e


2001. O marco dessa transformação se deu na década de 1980.

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(D) o processo de crescimento populacional das cidades se


acentuou a partir da década de 1960, chegando, em 2001, a estabelecer
a seguinte relação: de cada 100 pessoas no Brasil, 56 estão fixadas em
cidades e 44 no campo.

(E) as macrorregiões Norte e Nordeste, se comparadas às demais,


são hoje as que possuem o maior percentual de população vivendo no
meio urbano.

Resposta:

A resposta (B) é a correta, pois desde 1940 a população rural está em


declínio, conforme o gráfico.

A resposta (A) está incorreta porque pela análise do gráfico vê-se que é,
exatamente, o contrário.

A resposta (C) está incorreta porque pela análise do gráfico vê-se que o
marco está entre 1960 e 1970.

A resposta (D) está incorreta porque pela análise do gráfico vê-se que a
proporção não está correta, pois em 2001, para cada 100 pessoas, 80
estão nas cidades e 20 na rural.

A resposta (E) está incorreta porque não há como afirmar nada sobre a
região Norte e Nordeste com as informações do gráfico.

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2) 2ª. Questão

3)

A figura apresentada acima representa:

(A) a Europa no período entreguerras (1919-1939), quando


ocorreu o avanço do poderio da Rússia sobre o Leste europeu.

(B) a organização territorial do Mercado Comum Europeu (países


“brancos”), iniciado pelo Tratado de Roma, em 1957.

(C) a atual composição da União Européia (U.E., países “brancos”)


que, em 2004, estendeu o seu poder em direção ao Leste e Sul
europeu, passando a ser composta por 25 países.

(D) a clara separação socioeconômica entre a periferia comunitária


(“cinzas”) e os países ricos e consolidados na comunidade européia
(“brancos”). Essa diferenciação é um dos maiores empecilhos para o
sucesso da União Européia (U.E.).

(E) a Comunidade dos Estados Independentes — CEI (países


“cinzas”), que mantém próximos seus países membros para resolução

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de problemas econômicos comuns existentes desde o tempo da Guerra


Fria.

Resposta:

A resposta (C) é a correta, pois a atual composição da União Européia


(U.E., países “brancos”) que, em 2004, estendeu o seu poder em
direção ao Leste e Sul europeu, passando a ser composta por 25 países.

Desde 1° de maio de 2004, os até então quinze países que faziam parte
da União Européia receberam como membros efetivos mais dez países
(a maioria é do Leste europeu, porém dois – Malta e Chipre – são
mediterrâneos), ampliando a zona da moeda européia comunitária, o
EURO, para um espaço que, durante a Guerra Fria, foi dominado
ideológica e militarmente pela esfacelada URSS.

A resposta (A) está incorreta porque no período entre guerras o Rússia


jamais chegou até Portugal, Espanha, França, entre outros.

A resposta (B) está incorreta porque no início do Mercado Comum não


havia a presença de países do Leste Europeu.

A resposta (D) está incorreta porque a pretensão separação entre países


ricos e pobres não confere, pois tem país na cor branca que é pobre,
como os países do Leste Europeu.

A resposta (E) está incorreta porque países como Portugal, Espanha,


França não participam desta comunidade.

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CONCLUSÃO

Bem, conforme o cronograma estabelecido, vimos os assuntos previstos,


os quais são de fundamental importância para o desenrolar do nosso
curso. No transcorrer do nosso curso, ainda, travaremos contato com
estes conceitos e exercícios atinentes ao assunto.

No desenvolver da matéria iremos resolver um número maior de


questões com os referidos conceitos, dentro de um contexto mais
abrangente, conjugados com outra parte de nossa disciplina.

Participe do nosso fórum! Tire as suas dúvidas!

Bons estudos e até a próxima aula!

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Bibliografia:

ABRIL, Grupo. Almanaque abril. São Paulo: Editora Abril, 2008. 34ª Ed.

BECKER, Bertha K.; EGLER, Claudio A. G. Brasil: uma nova potência


regional na economia - Mundo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 5ª
Ed.

CASTELLS, Manuel. Fim de Milênio. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 3ª Ed.

VESENTINI, J. William. Sociedade e espaço: Geografia geral e do Brasil.


São Paulo: Ática, 1996. 25ª Ed.

COELHO, Marcos de Amorim. Geografia geral: o espaço natural e sócio-


econômico. São Paulo: Moderna, 1992. 3ª Ed.

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