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COMPLEMENTOS DE FÍSICA

Nos programas de Física, nós estudavámos:

1) Elementos de Mecânica,

2) Física molecular e Termodinâmica,

3) Electromagnetismo,

4) Óptica.

Para completar a base de Física da Geofísica, devemos introduzir mais uma

Cadeira de COMPLEMENTOS DE FÍSICA com três partes:

1a)-Física radioactiva. Interacção das radiações radioactivas com matéria

(rochas). Propriedades radioactivas das rochas.

2a)-Equações de conductividade térmica e propriedades térmicas das

rochas.

3a)-Fundamentos de Electrónica.
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1a PARTE-FÍSICA RADIOACTIVA. INTERACÇÃO DAS

RADIAÇÕES RADIOACTIVAS COM MATÉRIA(ROCHAS).

PROPRIEDADES RADIOACTIVAS DAS ROCHAS.

1. FÍSICA RADIOACTIVA

1.0 Introdução

Através da palavra de radioactividade entende-se a propriedade dos núcleos

que desintegram-se espontaneamente pela emissão das radiações de tipo

álfa (α), bêta (β) e gamma (γ) ou pela captura dos eléctrões das orbitas

interiores do átomo.

Existe dois tipos de radioactividade:

1) A radioactividade natural foi descoberta pelo físico francês Henri

Becquerel ao ano 1896.

2) A radioactividade artificial foi descoberta pela família de Joliot-Curie ao

ano 1934, através de bombardeamento duns núcleos estáveis com neutrões

ou com partículas carregadas de eléctricidade.

As radioactividades natural e artificial são utilizadas nos métodos

radioactivos de investigação dos poços de perfuração (Cadeira de

Diagrafias) e na Radiometria (Prospecção radioactiva).


3

1.1 Noções de radioactividade

O átomo é a menor partícula que conserva ainda as propriedades químicas

dum elemento.

Cada átomo “X” caracteriza-se por dois números “A” e “Z” ou (ZXA):

a) o número de massa do núcleo (A):

Sabemos que massa dum átomo é concentrada em núcleo.

Os núcleos são constituidos pelos prótões e neutrões. A soma do número

de prótões e o número de neutrões é conhecida como o número de massa

do núcleo e é designado por letra “A” : (A) = (p) + (n).

b) o número atómico (Z):

O número de prótões é chamado o número atómico do núcleo. Ele é

designado por letra “Z”.

A carga eléctrica do núcleo é igual a “e.Z”, onde “e” é a carga eléctrica

elementar e é igual a : “+1,602 .10-19 C”.(A carga eléctrica elementar do

eléctrão = - 1,602 .10-19 C).

As propriedades químicas dum átomo são determinadas principalmente

pela carga nuclear, então “Z” é uma característica dum elemento químico.

Constatou-se que existem muitas famílias de núcleos com a mesma carga

eléctrica mas com números de massa diferentes. Estes núcleos são

chamados de isótopos do elemento. Pois, entendem-se os isótopos como

os núcleos com o mesmo “Z” mas com números de massa diferentes.


4

Os átomos com o mesmo peso átomico “A” mas diferentes por “Z”,

chamam-se isóbaros ; eles têm propriedades químicas diferentes.

Os átomos que têm o mesmo número de neutrões “N”, mas diferem por “Z”,

chamam-se isótonos.

Uma categoria especial é isómeros, onde não diferem entre eles pelo

número de partículas constituintes do núcleo, mas pela energia que os

núcleos têm.

A transformação do neutrão (on1) num protão (1p1) e a recíproca é realizada

pelas relações seguintes:

on1  1p1 + -1eo + 


(1.1)
 on1 + +1e + 
1 o
1p

Neste processo aparecem electrões (-1eo) e positrões (+1eo), assim como

partículas de neutrino ( ) e antineutrino ( ) faltadas de carga eléctrica e

com massa de repouso despresível.

Os protões e os neutrões são chamados nuclêons , que quer dizer as

partículas nucleares encontradas em estados distintos no interior do núcleo.

Os núcleos que emitem radiações álfa (α), bêta (β) e gamma (γ) são

chamados nuclídeos radioactivos ou radionuclídeos, enquanto os átomos

do mesmo elemento que têm estas propriedades chamam-se isótopos

radioactivos.
5

A radioactividade natural dos elementos ligeiros e médios (A < 200) é um

fenómeno raro.

No caso dos elementos pesados, com A > 200, a radioactividade natural é

um fenómeno geral.

Estes núcleos formam-se três séries radioactivas naturais e são :

1) a série do Urânio-238: a cabeça da série é o elemento U238 ;


92

2) a série do Urânio- 235: a cabeça da série é o elemento 92U235 ;

3) a série do Tório-232: a cabeça da série é o elemento 90 Th232 ;

A passagem dum elemento ao outro, no quadro da mesma série radioactiva

realiza-se pelas desintegrações α ou β em cadeia e cada série termina-se

por um elemento em estado estável.

Pela série do Urânio-238, o elemento estável é o Chumbo-206 (82Pb206),

pela série do Urânio-235 é 82 Pb207, enquanto pela série do Tório é 82 Pb208.


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1.2 Lei de desintegração radioactiva

Consideramos que ao momento inicial (t=0), o número de radionuclídeos

existentes foi No e ao momento t, o número de radionuclídeos

existentes é N(t).

Então, o número de radionuclídeos desintegrados [dN(t)] num intervalo de

tempo dt será:

dN(t) = - λ.N(t).dt (1.2)

Através de integração da equação diferencial (1.2), vamos obter a solução

seguinte:

N (t ) dN (t ) t
No N (t )
    dt
0

N (t ) t
ln N (t )  t
No 0

ln N(t) - ln No = - λ t

N (t )
ln   t
No

N (t )
 e t
No
7

N(t) = No . e – λ t (1.3)

onde, λ - é a constante de desintegração ou a constante radioactiva.

A relação (1.3) representa a lei de desintegração dum elemento radioactivo

e mostra que o número de radionuclídeos N(t) diminui exponencialmente

com o tempo .

A constante λ representa a velocidade de desintegração dum elemento

radioactivo e equivale à sua fracção de massa que se transforma

anualmente em outro elemento ou em outro isótopo.

Então, quando a constante de desintegração λ é maior, a velocidade de

desintegração é também maior.

O tempo no qual o número de radionuclídeos iniciais (No) se reduz à sua

metade, chama-se “a meia-vida” e é designada por T1/2, que quer dizer o

No
tempo necessário para realizar N(t) = , neste caso a relação (1.3)
2

torna-se :

No
N (t) = = No . e – λT1/2 (1.4)
2

De onde resulta que :

1 = 2. e – λ.T1/2

ln1 = ln2 – λ .T1/2 .lne


8

0 = ln2 – λ .T1/2

l n2 0,693
T1/2 =  (1.5)
 

A tabela (1.1) mostra alguns exemplos de λ e de T1/2 .

Tabela 1.1

Elemento Isótopo λ [anos-1] T1/2 [anos]


87 -11
Rubídio Rb 1,41.10 49,0.109
Tório Th232 4,95.10-11 14.109
Urânio U238 1,55.10-10 4,5.109
Urânio U235 9,85.10-10 7,0.108
Potássio K40 5,54.10-10 1,25.109

T1/2 representa a “meia-vida”.

1.3 Radiação Álfa (α )

A radiação α é constituida por núcleo de Hélio (2He4), composto por dois

prótões e dois neutrões.


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A maioria das substâncias que emitem radiações α são elementos pesados,

com o número atómico maior que 83.

Segundo o princípio de conservação da carga elétrica e da massa, o núcleo

Y resultado por processo de desintegração α tem o número de massa

menor com quatro unidades que o núcleo inicial X, enquanto o número

atómico é menor com duas unidades.

ZXA → Z-2 YA-4 + He4 (2α4)


2 (1.6)

A energia libertada no processo de desintegração α é representada pela

energia cinética da partícula α saída.

O núcleo resultado é chamado o núcleo de recuo ou de regresso.

A energia da partícula α saída perde-se ao longo da sua trajectoria pelas

interacções com as camadas electrónicas dos átomos através do processo

de excitação e de ionização e pelas interacções com outros núcleos através

do processo de colisão elástica e de reacções nucleares,

( por exemplo: 4Be9 + 2He4 → on1 + 6C12)

A energia inicial da partícula α varia entre 2  8,8MeV(1eV = 1,602.10-19 J

= 1,602.10-19 N.m;1MeV = 106eV), enquanto a massa da partícula α é igual

a 6,6 .10-27kg (1,66 .10-27kg x 4), com a velocidade entre 109  2.109 cm/s.

Um radioisótopo pode emitir as partículas de álfa (α) de energias diferentes

(figura 1.1).
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Às vezes, o elemento novo-formado (recuo) pela desintegração α é um

isómero e este elimina o seu excesso de energia sob forma de

radiação electromagnética γ (gamma)- figura1.1.

Na figura 1.1 é representada o espectro de álfa (α) emitida pelo

radioisótopo 92 U235.

O comprimento da trajectoria duma partícula α chama-se o percurso. Este

varia em geral entre 1  8cm no ar e entre 10  15 μm na rocha.

O percurso depende de número de interacções entre a partícula α com

outros átomos por unidade de distância, depois de interacção

aparecem os iões primários.

Estes iões primários usam-se as suas energias para realizar ionização de

novo. Este fenómeno tem o nome de ionização secundária.

A partícula α perde-se uma parte pequena da sua energia para formar um

par de iões e quase não é desviada nada, por isso a trajectoria da

partícula α é rectilínea.

Então, como consequência, as partículas α de mesma energia têm

percursos pouco diferentes.

Este fenómeno porta-se o nome de difusão longitudinal do percurso.

1.4 Radiação Bêta (β)


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A desintergação bêta é o processo de transmutação espontânea dos núcleos

instáveis em núcleos isóbaros.

O número átomico destes núcleos varia com uma unidade (ΔZ = ± 1), pela

emissão de electrão ou positrão ou pela captura de electrões das camadas

interiores do átomo.

A meia-vida (T1/2) dos núcleos bêta-activos varia entre 10-2 segundos e

5.1010 anos, (Rb87 → Sr87).

A desintegração β pode ser descrita por uma das equações seguintes:

Z XA → Z+1 YA + -1eo +  (   = -1eo) electrão


(1.7)
ZX → A
Y + +1e + 
Z -1
A o
(β =+ o
e ) positrão
+1

As energias iniciais das partículas β emitidas variam entre 18 KeV (por

Trítio 1H3) e 16,6 MeV (por Azoto 7N12).

Na maioria dos casos, a desintegração β é acompanhada pela emissão de

radiações gamma (γ) como consequência das transições isómeras (figura

1.2).

Visto que, o neutrino ( ) e antineutrino ( ) não têm massa de repouso e

faltam carga eléctrica, por isso estas partículas actuam muito fracas com

matéria. Então, no processo de desintegração β podemos observar

directamente apenas a partícula β e a radiação γ (figura 1.2).


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A interacção da radiação β com matéria é apresentada por 3 processos de

difusão elástica, de ionização e de travão no campo eléctrico do núcleo.

a) A difusão elástica caracteriza-se por colisão entre as partículas β com os

núcleos encontrados, em que as partículas β não se perdem energia, mas

modificam-se apenas a direcção. Então, o feixe de radiações β vai ser

espalhado (dispersado), e portanto a intensidade do feixe de radiação β

vai reduzir.

b) A ionização é um processo de interacção que representa a maior parte

no quadro de interacção entre radiações β com matéria. Tendo a massa

pequena, em cada interacção, a partícula β perde-se uma parte importante

da sua energia e modifica-se a sua trajectoria. O acabamento da sua energia

é realizado pela ionização.

O processo de ionização depende do número atómico Z do meio absorvente

e da velocidade da partícula β.

c) O travão no campo eléctrico do núcleo. Este fenómeno acontece quando

a partícula β passa na proximidade do núcleo encontrado e tem como

efeito, a aparição duma radiação electromagnética X de travão.

O processo tem lugar apenas com energias grandes das partículas β. O

número de radiação de travão X aumenta simultaneamente com o

crescimento da velocidade da partícula β e é proporcional ao quadrado do

número atómico (Z2) do meio absorvente.


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Como consequência destes três processos de interacção, a intensidade I

dum feixe de partículas β que passam através dum meio reduz

exponencialmente com a distância d segundo a relação (1.8).

I = Io .e-μ.d (1.8)

onde,

Io - é a intensidade do feixe de partículas β na vizinhança da fonte de β.

μ - é o coeficiente de absorção das partículas β do meio.

O percurso das partículas β na rocha é apenas alguns mm, enquanto no ar é

cerca de 100 cm.


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1.5 Radiação gamma (γ)

A radiação electromagnética emitida pelos núcleos atómicos encontrados

no estado excitado (provocado) chama-se radiação gamma (γ).

Esta radiação aparece como efeito dos processos de transição isómera dos

núcleos de estados excitados em estado fundamental ou em estado excitado

inferior.

Segundo o modo de produção, podem distinguir-se radiações γ de origem

nuclear, radiações X de travão e radiações γ de aniquilação (auto-

destruição).

As frequências ν da radiação γ são caracterizadas pelos valores muito altos:

1018  1021 Hz ; [Hz = 1/s = s-1].

A energia das radiações electromagnéticas é emitida sob a forma de

unidade elementar de energia e é chamada o quantum de energia.

A energia dum quantum (E) depende de frequência ν da radiação γ

segundo a lei de Planck :

E = h.ν (1.9)

onde,

h - é a constante de Planck; h = 6,62.10-34 J.s

Conforme a característica dual da radiação γ (onda-partícula), cada

quantum de energia corresponde a uma partícula chamada o fotão e a

massa em movimento do fotão é dada pela lei de Einstein :


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E h.
m= 2
 (1.10)
C C2

onde,

m - é a massa do fotão em movimento.

C - é a velocidade de propagação da radiação electromagnética (γ).

(C ≈ 3.108 m/s no vácuo).


16

2. INTERACÇÃO DAS RADIAÇÕES RADIOACTIVAS COM

MATÉRIA (ROCHAS)

2.0 Introdução

A Radiometria ou a Prospecção radiométrica e as Diagrafias radioactivas

utilizam-se os fenómenos de radioactividade natural e provocada das

rochas.

Os métodos radioactivos provocados baseiam-se essencialmente na

interacção das radiações gamma (γ) e dos neutrões com matéria (rochas).

2.1 Interacção das radiações gamma (γ) com matéria

As radiações gamma interaccionam com matéria através de três processos

de base: O efeito fotoeléctrico; O efeito de Compton e A formação de par.

Cada processo ocorre em certas energias das radiações gamma.

Na figura 2.1 é apresentada a dependência entre o número atómico Z da

matéria e a energia da radiação gamma Eγ [MeV] em interacção com

matéria.

a) Efeito fotoeléctrico (é um processo de absorção γ ou de ionização).

O efeito fotoeléctrico é caracterizado pela libertação de electrão da

substância, quando à esta é irradiada por radiações γ de certa frequência e

energia.

O efeito fotoeléctrico é o processo de interacção dominante às energias


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pequenas das radiações γ incidentes, cujos valores de energia não superam

de 1 MeV, (figura 2.1).

A representação esquemática deste fenómeno é dada pela figura 2.2.

A radiação γ incidente tem uma energia igual a “h.ν”.

Este quantum de energia é transferido totalmente a um electrão encontrado

e este electrão recebe uma energia E = h.ν, mas o electrão está ligado

em átomo da substância e por isso é preciso um certo trabalho mecânico

“w”utilizado para tirar o electrão fora de substância, então o electrão vai

sair com a energia cinética Ecin.(-1eo):

Ecin.(-1eo) = h.ν – w (2.1)

enquanto, o átomo absorvente torna-se um ião positivo, por isso este

processo é chamado também o processo de ionização.

A interacção de uma radiação γ com um electrão duma órbita dada é muito

provável quando a energia do quantum γ é igual à energia de ligação deste

electrão com o seu átomo e diminui com o crescimento da energia do

quantum γ incidente.

Quando um quantum γ incidente tem uma energia menor que a energia de

ligação do electrão com o seu átomo, na interacção o electrão vai saltar a

outra órbita de energia mais alta e depois vai eliminar o seu excesso de

energia cinética recebida a outro átomo da substância e ao fim vai voltar a


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sua orbita inicial.

Este processo é acompanhado pela emissão das radiações

electromagnéticas características (γc) do átomo absorvente.

O efeito fotoeléctrico é utilizado na Diagrafia de Litologia-Densidade.

b) Efeito de Compton

O efeito de Compton é um processo dual, em que existe um fenómeno de

dispersão e um outro de absorção ou de ionização.

Este efeito depende pouco de elemento absorvente e é dominante às

energias maiores que no caso do efeito fotoeléctrico ,(podemos observar na

figura 2.1).

O efeito de Compton represnta-se uma interacção entre um quantum γ

incidente com um electrão. Este electrão recebe uma parte de energia do

quantum γ incidente e é posto em movimento sob um ângulo θ à partir da

direcção incidente do quantum γ e este quantum γ incidente é espalhado

sob um ângulo φ à partir da direcção de incidência com outra frequência

ν* ( com ν* < ν).

Na figura 2.3 é representado esquemáticamente este processo.

A energia do quantum gamma dispersado Eγ*, assim como a energia

cinética do electrão expulsado Ecin.(-1eo) podem ser calculadas pela lei de

conservação da energia:

Eγ = Ecin.(-1eo) + w + Eγ*
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O electrão expulsado ioniza os átomos do meio com a emissão duma

radiação electromagnética característica do meio absorvente (γc),

enquanto a radiação gamma espalhada (γ*) interacciona de novo com

electrões dos átomos do meio absorvente por efeito de Compton e o

fenómeno repete-se até quando a sua energia é menor que 1 MeV, onde

tem lugar o efeito fotoeléctrico.

O efeito de Compton é o fenómeno físico utilizado na Diagrafia gamma-

gamma de densidade.

c) Formação de par

A formação de par tem lugar quando uma radiação γ de energia grande

penetra ao campo de força do núcleo, naquele lugar o quantum gamma

incidente (γ) forma-se um par de electrão-positrão,

γ → -1 eo + eo
+1 (2.2)

Este fenómeno é ilustrado na figura 2.4.

O positrão formado combina-se imediatamente com um electrão livre do

meio absorvente, formando um positrôneum com uma vida muito curta

(≈ 10-10 s), depois este positrôneum é aniquilado ( auto-destruido) e a

massa total deste sistema é convertida de novo em energia radiante,

produzindo-se dois fotões γ* orientados no sentido oposto do fotão

incidente γ.
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Estas radiações de “aniquilação” (γ*) podem ser detectadas por um

sistema de detecção, seja directamente ou seja através dum efeito

de Compton que podem o provocar.


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2.2 Interacção dos neutrões com matéria

2.2.1 Classificação dos neutrões

O neutrão é a partícula nuclear, electricamente neutra.

A massa de repouso do neutrão é de 1,00894 unidades de massa atómica

que equivale a 1,675.10-27kg, ( uma unidade de massa atómica:1u =

1,66054.10-27kg).

A interacção dos neutrões com os núcleos representa a mais larga categoria

de interacções nucleares, pois que os neutrões possam entrar na

composição de qualquer núcleo; igualmente, sendo partículas neutras, a

interacção colombiana é nula (= 0) e eles podem interaccionar com os

núcleos às energias diferentes.

Segundo a sua energia (En), os neutrões foram classificados por modo

convencional seguinte:

1. Neutrões rápidos (En ≥ 500 KeV);

2. Neutrões intermédios (1KeV< En< 500 KeV);

3. Neutrões lentos (En ≤ 1 KeV).

Os neutrões lentos subdividem-se em:

 Neutrões epitermais (0,1eV < En ≤ 1 KeV);

 Neutrões térmicos (En ≤ 0,1eV).


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2.2.2 Fontes de neutrão

Na Geofísica utilizam-se três tipos de fontes de neutrão e são:

a fissão nuclear espontânea ; as fontes de alfa-neutrão e os geradores de

neutrões.

a) Fonte de fissão nuclear espontânea

Nesta categoria utiliza-se a fonte de Califórnio-252 (Cf252) que emite

neutrões pela fissão nuclear espontânea com um fluxo grande. A energia

dos neutrões emitidos por esta fonte varia entre 250 KeV e 2 MeV.

Esta energia é pequena por uma série de metódos de investigação geofísica,

mas pode ser utilizada em trabalhos experimentais de laboratório e em

Diagrafia de activação induzida continuada pelo seu fluxo grande de

neutrões (фn = 4,4.109 neutrões/segundo).

A meia-vida T1/2 do Cf252 é 265 anos. Esta fonte tem algumas vantagens e

são: o tamanho físico muito pequeno; o fluxo intenso e estável de neutrões

e não se precisa a manutenção.

b) Fontes de alfa-neutrão (α – n)

As fontes desta categoria mais utilizadas na Geofísica são:

Ra-Be ; Po-Be ; Pu-Be e Am-Be.


(Ra = Rádio; Po = Polónio; Pu = Plutônio; Am = Amerício; Be = Berílio)

Os elementos radioactivos Ra, Po, Pu e Am emitem-se as partículas de α

(2He4) que se interaccionam com os núcleos de 4Be9 pelas reacções

seguintes:
23

Be9 + 2He4 → on1 + 6C12


4

Be9 + 2He4 → on1 + 3 (2He4)


4 (2.3)

→ on1 + 3. α

Os neutrões obtidos destas reacções têm as energias entre 1 MeV e 12

MeV, a energia dominante é de 4,5 MeV.

Entre as fontes mencionadas em cima, as melhores são Pu-Be e Am-Be

por seu fundo de radiações gamma (γ) muito reduzido; pelo fluxo de on1

relativo constante e pela meia-vida muito grande, [ T1/2 (Pu) = 24300 anos;

T1/2 (Am) = 458 anos].

c) Geradores de neutrão

Os geradores de neutrão são os dispositivos electromecânicos de alta

voltagem (130.000 volts de CC) usados pela geração dos neutrões de alta

energia, quer dizer, são aceleradores lineares de partículas, cujo

funcionamento baseia-se na reacção nuclear seguinte:

1H2 + 1H3 → 2He4 + on1 (2.4)

A reacção tem lugar pela interacção entre o núcleo de “alvo” de Trítio (1H3)

com uma partícula incidente de Detério (1H2), tendo como resultado a

formação de um núcleo de Hélio (2He4) e um neutrão livre (on1) de energia

En = 14,5 MeV (neutrão rápido) por um ângulo de incidência Ө = 90o.

O rendimento desta reacção é máximo quando a energia dos Detérios

incidentes é igual a 100 KeV.


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Ao presente, nas investigações geofísicas utilizam-se muitos tipos dos

geradores de neutrão que podem trabalhar mesmo em regime de impulsos.

O fluxo de neutrão destas fontes varia entre 107 n/s e 108 n/s.

Os geradores de neutrão são usados no perfil neutrônico em impulsos.


25

2.2.3 Fenómenos de interacção do neutrão

Os neutrões emitidos pelas fontes de neutrão interaccionam com núcleos

atómicos dos elementos do meio em função da sua energia segundo 3

processos de interacção seguintes:

a) O fenómeno de espalhamento por colisões inelástica e elástica.

b) A difusão dos neutrões.

c) A reacção de captura ou de absorção dos neutrões.

a) Fenómeno de espalhamento

 Colisão inelástica

Quando um neutrão entra em colisão com o núcleo-alvo (ZXA) e sai com

uma energia menor que a energia do neutrão incidente chama-se um

processo de colisão inelástica. Neste processo existem transferências de

energia cinética e de energia interna. A energia cinética do neutrão

incidente é transferida ao núcleo-alvo, que passa num estado excitado e

depois é libertada sob forma de uma partícula on1 acompanhando uma

radiação γ, enquanto o núcleo-alvo volta ao seu estado inicial.

A interacção pode ser escrita sob a forma:

ZXA + on1 → Z
*
X A 1 → Z XA + on1 + γ (2.5)
(E1) (E2)
Onde,

E1 é a energia do neutrão incidente.

E2 é a energia do neutrão saído.


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E1 > E2.

Z - é o número atómico.

A - é o número de massa.

Z
*
X A 1 - significa o estado excitado do núcleo-alvo.

As radiacções γ emitidas nesta interacção apresentam as características dos

níveis de energia do núcleo-alvo e são utilizadas para identificar os

núcleos-alvo do meio.

 Colisão elástica

A colisão em que a energia cinética do neutrão resultado depois da

interacção é igual à energia cinética do neutrão incidente, enquanto o

núcleo-alvo fica em estado inicial chama-se o processo elástico ou a colisão

elástica.

Neste processo, toda energia cinética do neutrão incidente é convertida em

energia cinética do neutrão saído, quer dizer, no fim do processo, um

neutrão é emitido.

A colisão elástica pode ser escrita sob forma:

XA + on1 →
Z ZXA+1 → ZXA + on1 (2.6)

No caso dum neutrão entra em colisão com um núcleo-alvo, a perda de

energia é grande quando a massa do núcleo-alvo é aproximadamente igual

à massa da partícula incidente. Esta perda de energia é máxima quando as

massas de duas partículas em interacção (incidente e alvo) são iguais.


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No nosso caso, a partícula incidente é o neutrão (A = 1), então, a maior

parte da sua energia vai perder na interacção com o núcleo de Hidrogénio

(A = 1) do meio.

b) Difusão dos neutrões

Depois do fenómeno de espalhamento elástico e inelástico, os neutrões

perdem uma parte da sua energia e chegam aos níveis de energia dos

neutrões epitermais ou térmicos. Atingidos a estas energias, os neutrões

difundem-se sob forma dum “gás molecular” entre os núcleos dos átomos

no meio, da região com densidade maior à região com densidade menor,

acompanhando-se a emissão das radiações gamma (γ) de difusão.

c) Reacções de captura ou de absorção dos neutrões

A interacção mais possível dos neutrões térmicos com os núcleos dos

átomos no meio é a reacção de captura ou de absorção do neutrão.

Nesta reacção, os neutrões térmicos são capturados pelos núcleos-alvo e

estes núcleos-alvo passam num estado excitado e acompanham a emissão

das radiações gamma de captura (γc).

Esta reacção pode ser escrita sob forma:

ZXA + on1 → Z
*
X ( A 1) + γc (2.7)

Onde,

Z
*
X ( A 1) - é um isótopo radioactivo do núcleo-alvo ZXA.
28

A radiação gamma de captura (γc) representa uma energia característica do

núcleo-alvo ZXA que pode medir por um sistema de detecção.


29

2.3 Instrumentos de medida ou de detecção das radiações radioactivas

Para medir radiações nucleares utilizam-se :

a) Método de ionização

b) Método de cintilação luminosa (Cintilômetro).

a) Método de ionização

Este método basea-se na acção ionizante das radiações nucleares com o ar

atmosférico ou com uma mistura de gás.

Os instrumentos utilizados deste método são Câmaras de ionização e

Contadores de Geiger-Muller.

1) Câmara de ionização

Esquematícamente, a câmara de ionização é representada na figura 2.5.

É um detector de radiações nucleares, constituído por um cilindro de metal

penetrante como o cátodo (-), contendo um gás à alta pressão, tendo no

centro um eléctrodo positivo isolado como o ânodo (+), mantido a um

baixo potencial de ordem de 100 volts.

Uma radiação nuclear vai penetrar ao interior da câmara e interacciona com

átomos e moléculas do gás da câmara, formando os iões positivos e

eléctrões livres de alta velocidade que se deslocam à direcção do eléctrodo

com sentido oposto.

Este deslocamento cria uma corrente elétrica que produz (provoca) uma
30

queda de potencial na resistência R. Esta corrente eléctrica (iónica) é

registrada e é proporcional à intensidade das radiações que penetraram ao

interior da câmara de ionização.

2) Contador Geiger-Muller (figura 2.6)

É também um detector de radiações nucleares que trabalha em regime de

pulsos, constituído por uma ampola metálica penetrante (1), contendo um

gás de Argônio (Ar) à baixa pressão (< 1 atm), tendo um eléctrodo positivo

central isolado que é o Ânodo (2). O Cátodo (-) é um cilindro de rede

métalica (3).

O eléctrodo positivo central é alimentado por uma alta tensão de ordem de

500 ÷ 800 volts de CC, através dum Rectificador-Limitador (5).

Esta tensão é ajustada para ficar ligeiramente abaixo do ponto de ionização.

Sob condição normal, não há fluxo de corrente no sistema. Quando uma

radiação α ,β ou γ atravessa a ampola, o gás ioniza-se e aparece uma

breve corrente ( um pulso) que circula no sistema.

O resultado é representado em número de pulsos por segundo [p/s] e é

proporcional à intensidade da radiação incidente.

O nome do contador é uma homenagem aos físicos alemães Hans Geiger e

Weber Muller.
31

b) Método de cintilação luminosa (Cintilômetro)

O Cintilômetro é um instrumento para medir a intensidade das radiações

nucleares, constituído basicamente por um cristal (1) de Iodeto de Potássio

(KI) ou de Sulfureto de Zinco (ZnS) e uma célula fotomultiplicadora (2)-

figura 2.7.

O método de cintilação luminosa utiliza-se a propriedade de certos cristais

que capturam as radiações nucleares, emitindo radiações de fluorescência.

Em colisão com radiação nuclear, o cristal emite a cintilação luminosa que,

depois de detectada e amplificada pela célula fotomultiplicadora, é

convertida em intensidade da radiação nuclear incidente.

Cada cintilação luminosa é curta duração e é uma única por cada partícula

nuclear incidente.

O contador de cintilação luminosa (Cintilômetro) é mais sensível que o

contador de Geiger-Muller de 100 vezes, por isso tem vantagem pela

avaliação quantitativa da intensidade das radiações gamma (γ).


32

3 PROPRIEDADES RADIOACTIVAS DAS ROCHAS

3.0 Introdução

As propriedades radioactivas naturais das rochas e das formações

geológicas dependem do seu conteúdo em elementos e minerais

radioactivos.

O conhecimento da distribuição espacial da sua concentração é muito

importante em Geofísica aplicada para investigar os jazigos de minerais

úteis, também em Física da Terra para esclarecer os problemas da escala

planetária tais como : A idade da Terra ; A idade das rochas e os

problemas de calor.

Do número grande dos elementos químicos que têm isótopos radioactivos

naturais, só alguns apresentam-se uma importância para Geofísica e são:

Urânio, Tório e Potássio. Estes elementos radioactivos e os elementos

radioactivos que derivam de Urânio e Tório das séries radioactivas naturais

dos U e Th, são a fonte principal da radioactividade natural das rochas e

desempenham um papel importante em todos problemas da Radiometria.

3.1 Concentração radioactiva relativa na Crusta da Terra (o “clarck”)

Na Geoquímica, a concentração relativa dos elementos radioactivos na

Crosta da Terra é chamada o “clarck” e é dada pela tabela 3.1.


33

A concentração diferente do Urânio e Tório em diversas rochas explica-se

por seu comportamento nos processos de cristalização primária, de

alteração, de transporte e de sedimentação.


34
35
36
37

2a PARTE-EQUAÇÃO DE CONDUCTIVIDADE TÉRMICA


PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS ROCHAS

1.0 Introdução

Os métodos térmicos de investigação da Crosta da Terra têm a base no

estudo da variação da temperatura determinada pelo campo térmico da

Terra ou pelo campo geotérmico.

O campo térmico ou campo de temperatura é uma certa região no espaço

em que cada ponto P se representa por uma determinada temperatura T.

Sob a forma analítica, este campo é representado pela função:

T = F ( x , y , z ,t ) (1.1)

onde,

T- é a temperatura

t- é o tempo

x , y , z - são as coordenadas do ponto P.

O campo térmico da Terra é constituído por três campos térmicos

componentes seguintes:

1) O campo térmico natural

2) O campo térmico local

3) O campo térmico artificial.


38

1) O campo térmico natural provem duma série de fontes de calor como: o

calor próprio do planeta irradiado de interior a exterior ; o calor libertado

pelos processos de desintegração radioactiva ; o calor devido às radiações

solares e a contribuição do calor devido ao travão da rotação da Terra.

2) Os campos locais encontram-se aos certos intervalos de profundidade na

Crusta da Terra ou em zonas diferentes da Terra e são criados pelos

processos fisico-químicos endotermais e exotermais naturais.

3) O campo térmico artificial é devido à actividade humana. Por exemplo,

os campos térmicos artificiais aparecem nos poços de perfuração por:

 introdução da lama de perfuração com a temperatura diferente.

 reacções exotermais no processo de cimentação dos poços e outras

actividades humanas.

O estudo quantitativo do campo geotérmico, assim como dos fenómenos

geotérmicos está na base da medida da temperatura.

Segundo o princípio da Termodinâmica, a temperatura é uma grandeza

física escalar, que representa uma propriedade dos sistemas

termodinâmicos mensuráveis.

A unidade de medida da temperatura é o “grau” que em função da escala

utilizada pode ser :

O grau Celsius, simbólo [oC];

O grau Kelvin [oK];


39

O grau Fahrenheit [oF];

O grau Rankine [oR].

A conversão das escalas de temperatura é dada pela relação (1.2).

TC = (5/9)(TF-32) TC = TK-273,15

TF = (9/5).TC +32 TF = TR-459,67 (1.2)

TK = TC + 273,15 TK = (5/9).TR

TR = TF + 459,67 TR = (9/5).TK

Nestas fórmulas, os símbolos têm os seguintes significados:

TC = temperatura Celcius; TF = temperatura Fahrenheit;

TK = temperattura Kelvin; TR = temperatura Rankine.


40

1 Grandezas térmicas

1.1 Conductibilidade térmica ( K)

A transferência de calor entre partes adjacentes dum corpo devido à

diferença de temperatura chama-se a conductividade térmica.

Quantitativamente, a conductibilidade térmica é determinada pela lei

fundamental de conductividade térmica dada pela relação:

dQ dT
  KA . (1.3)
dt dx

onde,

dQ
dt
- é a velocidade de transferência do calor através da área A,

dT
dx
- é o gradiente de temperatura,

dQ dT
O símbolo “–” indica que dt
tem o sentido oposto com dx
,

K - é uma constante de proporcionalidade chamada conductibilidade

térmica.

A conductibilidade térmica representa uma propriedade das substâncias e

mostra que a substância respectiva é um bom ou mau condutor de calor.


41

Uma substância com a conductibilidade térmica pequena é mal condutor de

calor ou é um bom isolador térmico.

Da relação (1.3) obtemos a expressão da conductibilidade térmica (K)

seguinte:

dQ
K   kcal 
dT .
A
. dt   (1.4)
 grau.m.hora 
dx

1.2 Calor específico (c*)

A razão entre a quantidade de calor (ΔQ) transmitida a um corpo e o

crescimento respectivo da temperatura do corpo (ΔT) chama-se a

capacidade calorífica (C) do corpo, quer dizer:

Q
C = T
(1.5)

A razão entre a capacidade calorífica e a unidade de massa dum corpo é

chamada calor específico (c*) e é uma característica da substância que

constitui o corpo.

C Q  kcal 
c* =    (1.6)
M M .T  kg .grau 

onde, M é a massa do corpo [kg].

Então, o calor específico é definido como a quantidade de quilo-calorias

necessárias para aumentar um grau de temperatura dum quilograma de uma

substância.
42

As equações (1.5) e (1.6) dão-nos só os valores médios das grandezas

medidas no intervalo de temperatura ΔT. O calor específico (c*) duma

substância a uma certa temperatura é definido pela relação:

dQ
c* = M .dT
(1.7)

As rochas apresentam os valores do calor específico num intervalo relativo

reduzido (vê a tabela 1.1).

1.3 Coeficiente de difusão térmica (k*)

O coeficiente de difusão térmica é uma característica da substância e é

definido como a velocidade de variação da temperatura duma unidade de

volume da substância numa unidade de tempo. Quantitativamente é

representado pela relação:

K  m2 
k* = c * .   (1.8)
 h 

 kcal kg.grau m3 m2 m2 

 grau.m.hora . .   

 kcal kg hora h 

 kg 
onde, δ é a densidade da substância  3  .
m 

Este coeficiente é importante no processo de avaliação do tempo

necessário por um regime térmico sendo estabilizado para efectuar as

medidas de temperatura em condições óptimas.


43

2 Propriedades térmicas das substâncias (das rochas)

2.1 Conductibilidade e resistividade térmica das rochas

A conductibilidae térmica duma rocha depende de conductibilidades

térmicas dos constituintes minerais e dos fluidos contidos no espaço poroso

desta rocha.

Por uma rocha porosa monomineral, a conductibilidade térmica (K) é dada

pela relação:

log K = P.log K1 + (1-P) . log K2 (2.1)

onde,

K1- é a conductibilidade térmica do fluido contido no espaço poroso da

rocha,

K2 - é a conductibilidade térmica do esqueleto mineral da rocha,

P - é a porosidade da rocha, [%].

A grandeza inversa da conductibilidade térmica é chamada a resistividade

térmica (ρT) da rocha.

1
ρT = K
(2.2)
44

2.2 Propriedades térmicas das substâncias (das rochas)

Na tabela 1.1 são dados os valores das conductibilidades térmicas, dos

calores específicos e dos coeficientes de difusão térmica por uma série de

rochas e de substâncias.

Tabela 1.1

Propriedades térmicas dalgumas rochas,substâncias e minerais


(segundo POZIN)

Conductibilidade Calor Coeficiente de


Substâncias térmica específico difusão térmica
Rochas  kcal   kcal   m2 
Minerais  o   o   
 m. C . hora   kg. C   hora 
Água(20oC) 0,515 0,999 0,517
Ar (20oC) 0,022 0,248 _
Argila 0,21 - 0,86 0,22 1,74
Antracito 0,18 – 0,24 0,217 0,61 – 0,82
Hulha 0,083 – 0,15 0,31 0,20 – 0,36
Calcário compacto 1,8 – 2,88 0,21 3,24 – 5,18
Calcário poroso 0,7 – 1,8 0,16 _
Giz 0,72 – 1,08 0,21 1,56 – 2,34
Quartzito 1,60 – 4,80 0,167 3,61 – 10,9
Dolomite 0,93 – 4,3 0,222 1,45 – 6,7
Ferro 50 – 60,3 0,13 48,9 – 61,9
Feldspato 2 0,19 4,21
Gesso 0,35 – 1,08 0,275 0,6 – 1,1
Grés 1,1 – 2,6 0,2 2,12 – 5,0
Gáses naturais 0,036 _ _
Gelo 1,5 – 1,98 0,49 3,4 – 4,49
Areia seca 0,3 – 0,34 0,191 1,12 – 1,27
Areia com humidade _ _
1,94 – 2,95
( 20-25%)
Aço 36,9 – 43,2 0,12 42,6 – 46,5
Petróleo 0,11 – 0,13 0,4 – 0,5 0,29 – 0,34
Sal gema 3,35 – 6,2 0,204 7,68 – 14,0
45

3 Fluxo térmico (ф)

O fluxo térmico (ф) é definido como a quantidade de calor que atravessa

através duma superfície (A) numa unidade de tempo.

dQ
Ф = dt
(3.1)

O fluxo térmico caracteriza um processo global de transferência do calor

dum meio a outro (rocha-lama de perfuração), através da inteira fronteira que

separa aqueles dois meios.

Sob forma vectorial, o fluxo térmico é dado pela lei de Fourier através da

relação:

 = – K.gradT = – K.  T (3.2)
  
(grad =  = x
i 
y
j 
z
k )

O estudo do fluxo térmico de um campo térmico num meio de

conductibilidade térmica K é um interesse especial na resolução dos muitos

problemas técnicos.
46

4 Equações de conductividade térmica

Para estabelecer as equações de conductividade térmica começamos com a

equação de balanço da energia.

dU
  div  (4.1)
dt

onde, U é a energia interna do sistema térmico.

Introduzindo a relação (3.2) à relação (4.1), obtemos:

dU
 div ( K . grad T ) (4.2)
dt

A variação da energia interna depende da variação da temperatura e é dada

pela relação:

dU = δ.c*.dT (4.3)

onde,

δ- é a densidade do meio considerado,

c*- é o calor específico.

Das equações (4.3) e (4.2), obtemos:

dT K K K
 . div grad T  .   ( T )  . 2 T (4.4)
dt c * . c * . c * .

Tendo em vista da relação de definição do coeficiente de difusão térmica

(1.8), a relação 4.4 pode-se escrever sob forma:

T   2T  2T  2T 
t
 k * .     (4.5)  Equação de Laplace
 x y 2 z 2
2

47

A equação (4.5) representa a equação de conductividade térmica por um

meio homogéneo e isotrópico.

Quando no meio investigado existem fontes de calor, neste caso a equação

de conductividade térmica é dada pela relação:

T   2T  2T  2T  S
 k * .     + (4.6)
t  x
2
y 2 z 2  c * .

 Equação de Poisson 

onde,

S - é o calor libertado por uma unidade de volume da fonte S numa unidade

de tempo.

As equações (4.5) e (4.6) permitem a obtenção das soluções analíticas no

estudo dos campos térmicos.


48

5 Grandezas características do campo geotérmico

5.1 Fluxo geotérmico (Фz)

O fluxo térmico em qualquer ponto dum sistema térmico é calculado pelo

vector da relação (3.2),

 = – K.gradT

com o sentido de interior a exterior das superfícies isotérmicas.

Os componentes deste vector são:

T T T
Фx = - K x
; Фy = -K y ; Фz = -K z
(5.1)

Tendo em vista que a propagação do calor faz-se de interior da Terra a

exterior, por isso, o componente vertical (Фz) do fluxo térmico representa o

fluxo geotérmico e é dado pela relação:

T
Фz = -K z
(5.2)

O fluxo geotérmico caracteriza o processo de transferência do calor de

Núcleo à Crusta da Terra.

5.2 Gradiente geotérmico (G)

No subsolo a temperatura satisfaz a equação uni-dimensional de

conductividade térmica por um ponto de coordenadas dadas (x;y).


49

 2T  .c * T
 . (5.3)
z 2 K t

Por uma profundidade “z” muito grande, os efeitos da variação da

temperatura à superfície do solo não estão mais ressentidos.

As variações diárias (quotidianas) da temperatura estão ressentidas até

profundidade de cerca de 15 cm, enquanto as anuais alcançam até 3 m.

Os efeitos da variação da temperatura atmosférica tornam-se negligentes à

partir da profundidade de 10 m . À esta profundidade pode-se considerar

que a temperatura é constante e é igual a To = 9,6 oC.

Tendo em vista que as medidas de temperatura em poços perfurados

efectuam-se às profundidades muito maiores que 10 m e por isso pode-se

considerar que a temperatura à superfície do solo é constante e não varia no

tempo. Nesta situação a relação (5.3) torna-se:

 2T
 0 (5.4)
z 2

A solução da equação (5.4) tem a forma:

T = To + G.z (5.5)

onde,

T- é a temperature à profundidade z,

G - é o gradiente geotérmico,

To = 9,6 oC.
50

O valor do gradiente geotérmico (G) pode ser determinado pelo fluxo

geotérmico e pela conductibilidade térmica das rochas (K) através da

relação (5.2),

T z
G=  (5.6)
z K

Então, se considera o fluxo geotérmico constante, o valor do gradiente

geotérmico depende da conductibilidade térmica das rochas. Aos valores

pequenos da conductibilidade, obtêm-se valores grandes do gradiente

geotérmico, enquanto aos valores grandes da conductibilidade, valores

pequenos do gradiente.

O gradiente geotérmico (G) representa a variação da temperatura (T) por

um metro ou por 100 metros de profundidade.

T2  T1
G = 100. Z  Z (5.7)
2 1

onde, T2 e T1 são os valores das temperaturas medidas às profundidades Z2

e Z1.

A grandeza inversa do gradiente geotérmico chama-se a escala

geotérmica (EG) e representa a profundidade em metros [m] com que a

temperatura varia um grau.

Z 2  Z1
EG = T  T (5.8)
2 1

O valor médio EG ≈ 33 m .
51

3a PARTE – FUNDAMENTOS DE ELECTRÓNICA

1 Materiais semicondutores

1.0 Introdução

Em função da resistividade eléctrica, os corpos sólidos são divididos em

três categorias diferentes:

Condutores ; Isoladores (Dieléctricos) e Semicondutores.

a) Os condutores têm uma resistividade eléctrica pequena:

(10-8 < ρc < 10-6 Ω.m)

b) Os isoladores têm uma resistividade eléctrica elevada e é muito maior

que a dos condutores:

(108 < ρi < 1020 Ω.m)

c) Os materiais semicondutores apresentam uma resistividade eléctrica no

intervalo :

(103 < ρs < 107 Ω.m)

A resistividade eléctrica dos semicondutores diminui significativamente

com o aumento da temperatura e com a impureza de certas outras

substâncias. Esta última propriedade está na base da fábricação dos

dispositivos semicondutores que são utilizados pela construção dos

circuitos electrónicos.
52

Os portadores móveis de carga eléctrica que podem ser lacunas e electrões

livres, deslocam-se simultâneamente no corpo do material semicondutor.

Lembramos que nos materiais condutores, a corrente eléctrica é devida ao

movimento dos electrões livres.

1.1 Conductividade eléctrica nos materiais semicondutores

Se consideramos uma rede cristalina de Germânio (Ge) ou Silício (Si) tal

como mostra a figura 1.2, a conductividade eléctrica pode ser obtida por

duas maneiras seguintes:

1) Por uma excitação exterior: por exemplo, sob uma influência da

temperatura, um dos electrões de valência da rede cristalina pode

abandonar a sua ligação covalente, tornando-se um electrão livre na rede

cristalina. Este electrão livre é um portador da carga eléctrica, quer dizer

torna-se o electrão de conductibilidade.

Ao libertar-se o electrão cria uma ligação inter-atómica livre na rede

cristalina da matéria. Isto é uma lacuna de conductibilidade.

Devido às oscilações caloríficas, o espaço livre pode ser ocupado por um

electrão que provém de um átomo vizinho neutro. Mas no lugar em que se

encontrava o electrão aparece uma nova lacuna, que pode ser preenchida

por outro electrão do átomo seguinte, etc… (figura 1.1).


53

O preenchimento sucessivo da ligação inter-atómica livre por electrões

equivale ao deslocamento da lacuna no semicondutor em sentido contrário.

Se existe um campo eléctrico exterior, as lacunas comportam-se geralmente

como partículas de carga positiva que movem no sentido do campo

eléctrico exterior, enquanto os electrões em sentido oposto.

Então, ficam disponíveis dois tipos de portador da carga eléctrica para a

condução da corrente eléctrica no semicondutor.

2) Por uma introdução das impurezas na rede cristalina (ou por uma

dopagem com as impurezas):

As impurezas podem ser átomos de Arsénio (As), Índio (In), Fósforo (P) e

Alumínio (Al).

Para explicar a conductividade eléctrica desta alínea 2), lembramos que o

“Ge” e o “Si” são elementos tetravalentes (figura 1.2)

O mecanismo da conductividade é explicado no ponto seguinte:

1.2 Semicondutores de tipo n e de tipo p (figura 1.2)

Introduzindo na rede cristalina do Germânio (Ge) um átomo pentavalente,

como o Arsénio (As) ou Fósforo (P), quatro dos electrões de valência vão

participar em ligações covalentes com os átomos de Ge, enquanto o quinto

electrão não, tal como mostra a figura 1.2-a.


54

Este quinto electrão que se encontra fracamente ligado ao seu átomo, sob a

acção da temperatura ambiente ( a partir de 24oC até 28oC), pode tornar-se

um electrão livre, então, é um portador móvel de carga eléctrica.

A estes átomos-impureza pentavalentes dá-se o nome de átomos doadores.

Um semicondutor com átomos-impureza do tipo doador chama-se

semicondutor de tipo n (figura 1.2-a).

Quando os átomos-impureza são de elementos trivalentes como sejam o

Índio (In) e o Alumínio (Al), não se verifica completamente as ligações

covalentes entre o átomo-impureza e os átomos do semicondutor (Ge)-

figura 1.2-b.

Neste caso, na rede cristalina do semicondutor verifica-se um número de

“lacunas” (vazios) de electrões igual ao número dos átomos-impureza

injectados à rede cristalina.

Estes átomos-impureza trivalentes tomam o nome de átomos aceitantes

e o semicondutor deste caso passa a chamar-se semicondutor de tipo p

(figura 1.2-b).

Estes materiais semicondutores de tipo n e de tipo p estão na base da

fabricação dos díodos e transístores (tríodos)- figura 1.3.


55

1.3 Junção p-n ( figura 1.4)

Na prática, o díodo é formado por uma união de duas camadas de

semicondutor, uma do tipo p e outra do tipo n (figura 1.3-a), que quer dizer

uma junção p-n .

A junção p-n é constituída por uma placa monocristalina de material

semicondutor como Germânio (Ge) e Silício (Si), sobre a qual se realizou a

dopagem com impurezas-aceitantes de um lado e com impurezas-doadores

ao outro, tal como mostra a figura 1.4.

1.3.1 Região de transição (figura 1.5)

Ao meio da junção p-n, entre o semicondutor de tipo p e o de tipo n

forma-se uma região de transição.

Algumas lacunas da região p difundem-se na região n, formando uma

concentração de lacunas no semicondutor do tipo n ; do mesmo modo, uma

concentração de electrões no semicondutor do tipo p (figura 1.5-b).

Esta região constitui uma zona de cargas eléctricas fixas (não móveis) e é

designada por zona de resistência ou zona de transição (figura 1.5-b).

As extremidades desta zona comportam-se como armaduras de um

condensador e no seu interior forma-se um campo eléctrico interno com

uma tensão Vo , cujo pólo positivo se encontra no semicondutor do tipo n

(figura 1.5-b).
56

Então, a junção p-n pode funcionar como um condensador variável,

controlado por tensão ou por corrente eléctrica exterior que altera a

quantidade de cargas fixas.

1.3.2 Correntes de difusão e de deriva

Os electrões e as lacunas em movimento formam-se a corrente eléctrica.

O seu movimento pela junção p-n pode ser provocado por duas maneiras:

a) Pela agitação térmica associada à diferença das concentrações de

impurezas entre dois semicondutores (o semicondutor do tipo p é mais

fortemente dopado que o do tipo n ), o que dá origem à corrente de difusão

(figura 1.5-a).

b) Pela existência de um campo eléctrico interno entre dois

semicondutores, o que dá origem à corrente de deriva (figura 1.5-b).

Dependendo da diferença de potencial exterior aplicada aos terminais da

junção p-n , a intensidade da corrente de difusão pode ser muito maior que

a da corrente de deriva e o seu sentido é do p ao n .


57

2 Díodo semicondutor

O díodo semicondutor que há vários tipos, é um dispositivo muito utilizado

em Electrónica e pode utilizar em muitas variantes como: Rectificador;

Interruptor comandado por tensão; Estabilizador de tensão; Condensador

eléctrico variável; etc…

2.1 Princípio de funcionamento dos díodos

O díodo é constituído por uma junção p-n e por eléctrodos de acesso a

cada semicondutor, tal como se representa na figura 2.1.

O eléctrodo ligado ao semicondutor p é designado por ânodo (+) e o ligado

ao semicondutor n por cátodo (- ).

Quando o díodo está em circuito-aberto (figura 2.2-a) e em curto-circuito

(figura 2.2-b), podemos considerar que não circula corrente pelo circuito

exterior do díodo (iD = 0).

1) Díodo polarizado directamente

Se o ânodo do díodo é ligado ao terminal positivo (+) da fonte de tensão

eléctrica e o cátodo é ligado ao terminal negativo (-), tal como indica a

figura 2.3, diz-se que o díodo está polarizado directamente e encontra-se

em regime de condução ou de passagem.


58

A fonte de tensão E provoca a diminuição da tensão Vo da região de

transição (Vo é chamada também a tensão de barreira) e portanto aumenta

um fluxo mais acentuado da corrente de difusão. Então, a intensidade da

corrente que circula pelo circuito exterior vai depender da tensão aplicada

entre o ânodo e o cátodo do díodo.

2) Díodo polarizado inversamente

Se o ânodo é ligado ao terminal negativo e o cátodo ao positivo da fonte de

tensão, tal como indica a figura 2.4, diz-se que o díodo está polarizado

inversamente e encontra-se em regime de corte ou de bloqueio.

A fonte de tensão E na figura 2.4 provoca o aumento da região de transição

e a tensão de barreira Vo apresenta valores elevados, enquanto a corrente

de difusão apresenta valores desprezíveis. Neste caso, a corrente que

circula pelo circuito exterior do díodo equivale à corrente de deriva e é

designada por corrente residual ou de saturação.

A polarização inversa do díodo é um carácter utilizado em Interruptor

comandado por tensão.


59

2.2 Dependência tensão-corrente do díodo


(Curva característica real do díodo)

Inserindo o díodo num circuito de análise como o da figura 2.5, em que

se faz variar a tensão aplicada entre o ânodo e o cátodo do díodo através da

variação da tensão da fonte E e medindo a corrente com um amperímetro

(A) colocado em série com o díodo, obtém-se a curva característica

representada na figura 2.6.

Esta curva característica é dividida essencialmente em 3 zonas:

1) A primeira zona (1) é uma zona de funcionamento perigoso. Esta zona

equivale a valores elevados da tensão de polarização inversa. Estes valores

elevados de tensão podem conduzir à destruição do díodo. A tensão a partir

da qual pode começar a destruição do díodo é designada por a tensão de

ruptura e é marcada na característica por VR . O valor desta tensão de VR

varia entre 3V e 400V, dependendo de factores de fabricação e de tipo dos

díodos.

Ao redor do valor VR , verifica-se um aumento rápido da corrente para

variações pequenas da tensão aplicada entre os terminais do díodo. Isto

corresponde a uma região de valores reduzidos da resistência interna do

díodo, de ordem de dezenas de Ohm [Ω].

O díodo Zener é fabricado especialmente para funcionar nesta região de

tensão VR .
60

2) A segunda zona (2) corresponde a valores moderados da tensão de

polarização inversa. Pelo díodo circula a corrente de saturação (rezidual) de

valores reduzidos de ordem de pico-Ampère (pA) até dezenas de

micro-Ampère (μA). O limite inferior (pA) corresponde aos díodos de

Silício e o superior (μA) corresponde aos díodos de Germânio.

3) A terceira zona (3) corresponde a valores moderados da tensão de

polarização directa, sendo maiores que o valor de tensão da abertura de

condução Vγ. A partir deste valor de tensão Vγ, a curva característica tem a

sua tendência exponencial e pelo díodo circula uma corrente de difusão

significativa que varia entre 100 mA e 900 mA.

Os valores de tensão da abertura de condução Vγ variam entre 0,2V e 0,4V

para díodos de Germânio e entre 0,6V e 0,8V para díodos de Silício.

2.3 Aplicação

Os díodos têm várias aplicações.

Como um exemplo, vamos estudar uma utilização dos díodos em

Rectificadores.

A rectificação é uma operação de transformação da energia eléctrica da

corrente alterna à corrente contínua.

Para rectificar um sinal, utiliza-se a propriedade de condução unilateral do

díodo, que quer dizer a propriedade de permissão da passagem duma


61

corrente significativa em caso da polarização directa e duma corrente

pequena desprezível em caso da polarização inversa.

O circuito básico dum rectificador é constituído pelo díodo D em série com

a resistência R e é acompanhado por um transformador de tensão que gera

um sinal de tipo sinusoidal Vi(t)- a figura 2.7.

Para melhorar o processo de rectificação e para evitar o fénomeno de

anulação da tensão saída durante a alternância negativa, coloca-se um

condensador fixo (C) em paralelo com a resistência R (figura 2.8).

O melhor resultado obtém-se quando em lugar de um díodo, utilizamos

quatro (4) díodos em forma de ponte (figura 2.9) e obtemos um rectificador

de dupla-alternância em ponte.
62

3 Transístor (Tríodo)

Um transístor é constituído por três estrados de semicondutor que podem

formar uma estrutura de p-n-p ou de n-p-n . Assim chamam-se os

transístores de tipo p-n-p ou de tipo n-p-n .

O primeiro estrato chama-se o emissor (E), o segundo a base (B) e o

terceiro o colector (C)-figura 3.1.

Segundo o sentido da corrente de difusão na junção p-n, o sentido da

corrente no transístor p-n-p é do emissor à base e no transístor n-p-n é da

base ao emissor . Este sentido da corrente é indicado por uma seta na

figura 3.1.

Para funcionar em regime normal, um transístor é alimentado por duas

fontes de tensão (figura 3.2) e obtemos dois circuitos respectivos:

a) o circuito do emissor (CE), tem a sua fonte de tensão própria EE .

b) o circuito do colector (CC), tem a sua fonte de tensão própria EC .

Onde, a fonte de tensão EE é menor que a de EC , (EE < EC).

Com a ajuda da corrente do circuito do emissor (IE), o transístor comanda a

corrente no circuito do colector (IC).

Então, o transístor é um elemento do circuito eléctrico com três terminais e

em circuito eléctrico ele pode comportar como um “quadripolo” com um

terminal comum entre a entrada e a saída.


63

Nós temos três configurações possíveis por um transístor nos circuitos

eléctricos, representadas na figura 3.3.

Normalmente, o terminal comum (o eléctrodo comum) é ligado à Terra.

Por cada configuração, temos as curvas caracrerísticas de entrada e de

saída.

Por exemplo, para o caso da figura 3.3-a, o transístor funciona em regime

com base-comum (BC) e temos as características representadas na figura

3.4.

Observamos que com o esquema BC (fig.3.3-a) não existe a amplificação

da corrente, não tem um ângulo de inclinação nas características de saída IC

(figura 3.4-b).

Utilizamos o transístor no esquema EC (figura 3.3-b) para amplificadores.

As características de saída deste esquema (fig.3.5-b) têm um ângulo de

inclinação maior que o das características de saída do circuito BC.

Neste caso, a corrente de intrada é a corrente de base IB e a corrente de

saída é a corrente de colector IC . A razão destas correntes determina o

coeficiente ou o factor de amplificação k :

IC
k = IB
(3.1)

O esquema com o colector-comum (CC)-figura 3.3-c, tem muito em

comum com o esquema de emissor-comum (EC), mas utiliza-se raramente.


64

Para alimentar os circuitos do colector e do emissor, não precisam duas

fontes de tensão separadas como na figura 3.2. Estas duas fontes de tensão

podem ser substituídas só por uma fonte de tensão ligada a um divisor da

tensão “RB1-RB2” (figura 3.6).


65

4 Circuitos integrados analógicos-Amplificadores operacionais (AmpOp.)

Os circuitos electrônicos numa placa monocristalina de material

semicondutor ou de outro que são compostos por diversos dispositivos

electrônicos com as suas compacidade (dureza , solidez) e exactidão

chamam-se os circuitos integrados semicondutores.

Os circuitos integrados semicondutores são classificados em analógicos e

digitais segundo o tipo de sinais que operam (figura 4.1).

Existem vários tipos de circuitos integrados analógicos. Um dos seus tipos

com grande utilidade é o amplificador operacional (AmpOP.).

O circuito de base dum amplificador operacional é representado na figura

4.2 e é um amplificador do tipo diferencial, quer dizer, este amplifica a

diferença entre dois sinais aplicados a duas entradas deste amplificador.

O símbolo utilizado para o “AmpOp.” é um triângulo representado na

figura 4.3.

Onde,

S- é o sinal de saída,

Vo - é a tensão existente entre o termial de saída e a Terra,

+EC e –EC : são as tensões contínuas de alimentação,

V1(-) : representa a entrada inversora, quer dizer, com um sinal aplicado à

entrada inversora, vai obter à saída um sinal com a desfasagem de 180O.


66

V2(+) : representa a entrada não-inversora, quer dizer, a desfasagem entre o

sinal aplicado à entrada não-inversora e o sinal à saída é nula (igual a 0O).

A diferença entre tensões aplicadas a duas entradas é designada por a

tensão diferencial (VD),

VD = V2 – V1 (4.1)

A razão entre a tensão de saída e a tensão diferencial de entrada é o factor

de amplificação diferencial (Ad),

V V
Ad = V  V  V
O O
(4.2)
D 2 1

Então, a expressão de cálculo do sinal à saída é :

Vo = Ad . (V2 – V1) = Ad . VD (4.3)

Na figura 4.4 é representado o princípio de funcionamento dos AmpOps.


67

5 Circuitos integrados digitais e Sistemas digitais

5.1 Circuitos integrados digitais

Tais como os circuitos integrados analógicos, os digitais são classificados

segundo o tipo do sinal que operam.

Os circuitos integrados digitais operam sinais digitais que variam em tempo

a fim de realizar as operações lógicas, aritméticas e/ou a memorização.

Os sinais digitais tomam um número limitado de valores (níveis), por vezes

até 8 (oito) níveis.

Na electrónica, vamos trabalhar apenas com os sinais digitais binários, quer

dizer, apenas com dois níveis, designados por valores lógicos e

representados convencionalmente por “0” ou “Low” e “1” ou “High” tal

como mostra a figura 5.1.

A variável que representa os valores lógicos binários é designada por “bit”.

A palavra de “bit” é uma combinação entre “binary” e “digit”, que quer

dizer um dígito binário.

Então, um bit pode ter o valor lógico de “0” ou de “1”.

Qualquer número decimal pode ser escrito sob forma de número binário e

vice-versa.

Na tabela 5.1 abaixo, apresentamos algumas correspondências :


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Tabela 5.1

Sistemas de numeração
Decimal Binário
0 000
1 001
2 010
3 011
4 100
5 101
6 110
7 111
8 1000
9 1001
10 1010

Por exemplo: No sistema analógico utilizamos os valores (números)

decimais, como a(t) = 5 unidades.

Num sistema digital binário, com a mesma grandeza pode ser representada

por três bites : b1 = 1; b2 = 0 e b3 = 1 ou b(t) = (b1, b2, b3).

Os circuitos electrónicos que convertem a informação analógica em digital

chamam-se os conversores analógico-digitais (CAD) e os que operam a

conversão inversa chamam-se os conversores digital-analógicos (CDA).

Um exemplo simples dos circuitos integrados digitais é o interruptor que

está na base do funcionamento dos sistemas digitais (figura 5.2).

Quando se aplica um sinal “High” à entrada, obtém-se um sinal “Low” à

saída e vice-versa. Então, este circuito funciona como um operador lógico

de negação (NOT ou NÃO).


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5.2 Sistemas digitais

Os circuitos integrados digitais são utilizados pela realização dos sistemas

digitais.

Os sistemas electrónicos de cálculo que utilizam a maioria das informações

de tipo digital são designados por Sistemas digitais e são os sistemas

complexos de aquisição e de processamento dos dados digitais para realizar

as funções lógicas, as memorizações e/ou as funções aritméticas.

Este tipo de sistema é composto por três unidades fundamentais:

1) Unidade de Entrada - executa a aquisição dos dados e representa um

dispositivo capaz de captar e de transformar os dados obtidos em sinais

eléctricos.

2) Unidade de Tratamento ou de Processamento - é uma unidade capaz de

distinguir, de armazenar e de combinar os dados recebidos da unidade

anterior.

3) Unidade de Saída - executa a entrega das infomações préviamente

processadas ao operador humano ou a uma máquina representadora

(figura 5.3).

Uma das aplicações mais evidente e mais importante dos sistemas digitais é

o computador.
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