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UMA TEORIA DO FOMENTO PUBLICO: CRITERIOS EM PROL DE UM FOMENTO PUBLICO DEMOCRATICO, EFICIENTE E NAO-PATERNALISTA. José: Vicnre Santos be MeNbowca Procurador do Estado do Rio de Janeiro Sumérior 1. Inrodugto. 2.~O que é ofomento pabtico: revistio da literatura, 2.1. Distingéo entre o fomento pablico ¢ demsis fancBes adminisiratvas, 2.2. Definigo de fomento piblico. problema da intercambislidade das enicas. 2.3, Cartteristicas {do fomento péblico. 2.4. Meios de atuagio ¢ instrumentos do fomento pibico. 3.~ O risco do fomento éo sisco da intervenea0 ddesmedia: a paaiisi, Outros riseos. 4 ~ Citérios demoeraticos ¢ republicanos pata 0 formento legitimo, 5, ~ Encerramento: na busca pelo meio-termo de ouro, «importaneia do ideal O titulo deste artigo j4 adianta alguma de suas discuss0es,e, em certa medida, até de suas conclus6es. De fato, como bem poucas atividades incluidas na chave semiintica dda intervengo! do Estado sobre a economia, o fomento pitblico arisca-se a carninhar ‘80 0 fio de uma navalha cujos extremos so 0 excesso e a falta, ou, para continuarmos nas expressOes literérias, é atividade que artisca a se tornar 0 que [4 se falou da psicandlise: o mal euja cura pretende ser. [Eis Roberto Grau disoute, em certo penta de A Orden Ecowdmice, sabre se 0 designaliva cometo ‘ars Se rofeir Re avidedes estaals do intluéncia sobre a sconomia daveria ser intervengto Simplesmente, atuagio, De um lado, toda atuagao do Hstado aa economia &, de cera form, intervoaiva, como registra Giannis, esse caso espectien, como se tata do una utuagdo do Estado nume drea que nao € sua ~ © tereade -, acabaris por assumir contornes propriamente Imerventivos. Por oat Tao, no esto da prostasto au da regulaeto dos servgas pablce, ea ex de # wiulcidade sempre esta (rt. 175, Consalgio Federal, o trmo inervangso nao seria {ustffeiyel ~ melhor sia fica, ento, com atuag, Registeda a polémice, optamos pen ulizagao inercambidvel das expresses, @uina porg a distin € de ceduzido potacalexpleatio, a dss ‘porgeeo uso fungivel }¢ 6 comuny est nossa doutina, c, pemsando em termes preginlicos, no 22 ‘dove pretender imodfizar uron eonsagrados quando os benfilos expicstivos sto pequcnoe. Sela ‘come fot, no easo do fomento pblico terse-ia precisamenie wa inlervengso,e a0 uma atu, jf que o Podct Public estdtextando inf, pelo convite, no mercado (2 wpenss no medcado, come al fier claro mais aliante) Ct, para a dscussio, GRAU, Ezos Robeto. A Ordem Econdmiea na Consiga de 1988. 11a ed. Sto Pale: Malhelos, 2006, p 03s; para uma digressdo acces dO “nfervencionsmo estat” nom sentido que ndo & 0 aqui uizads, dente ours, GUERRA, Sérgio, Controle Judicial dos ios regtatérios. Rio de Jencro: Lamen Faris, 2005, pp. 16 « 20 (tem 22, “0 Inervencionismo Estat). A referéncia « Giannini deve set deseavolvida em GIANNINI, Masimo Severo. 21 poder pubic. Estado y Adminisvacones publica. Ma: Civitas, 191, pp 17 4.22, Ein sentido exprossamente contsfrio 2quela quo for qu dofendide, mas por razCes dlitnts, , MOREIRA NETO, Diogo de Figusielo, Direio Repultéro, Rio de Denice: Renova, 2003, p: 129: “As inleevonetes status (..) podem sex classicadas em quate tipos quanto a seu ‘onic: a regudatrea, a concorrenctal, a monapoliia © a sanetonasrl, io considera como ‘modalidads de intervengto 0 fomento publica, que na tem nature inspesitiva.” Ob itlices Constam do original R. Dir. Proc. Geral, Rio de Janeiro, (65), 2010 115 Existem dois grandes problemas circundando o fomento piblico: (i) oseritérios de sun concessi ¢ (i) sua intensidade e duragio# O fomento pode ser inteligente instrumento de apoio ao desenvolvimento privado em diregées social & constitucionalmonte desojaveis— ou pode ser a enésitna ajuda do Rei a seus amigos? Caminha nesse cltimo sentido, inclusive, nosso precedente histérico, Permita-se, por exemplifcativo do que se sugere, a transrigao do sequinte trecho de Luis Roberto Barroso: Quem jd tove oportunidade de examinar, por exemplo, como eram ‘eridas os bancos publicos estaduais os critérios de fnanciamento adotados, bem entende 0 que estou falando: dinheiro publico era entregue, sem garantias e sem projetos socialmente comprometidos, aos amigos do poder. Este tratamento {da res publica como bem privado é emblematicamente traduzido com frase atribuida a um ex-governador de um grande Estado da Federacio, referindo-se com sarcasmo & sorte da instituigto financeira oficial: “Quebrei o banco estedual, mas fiz meu sucessor.” ‘A frase, ao que se noticia, foi desmentida, Mas o fato real estava acimadaretbrica.* (0s riscos associados a intensidade e & duragiio do fomento so, por sua vez, de outra ordem. Sto riscos de se desnaturar a exsEnela da intervengio, Conforme veremos ‘ao longo do artigo, fomento pablico ndo 6, ou, pelo menos, nao deve ser, auxilio, indefinido, paternalismo estatal qualificado pela “bondade” dos objetivos perseguidos, ° Ha, sinds, oat questo importante que citeunda o fomento, mas que dz respi B execupte do ‘sto public ern gern: a (ousbncia de) taaspartuca. Por sew aspecto cfu, debaemos de ta fn, de modo ospeltica, neste artigo, ainda mats que, cm ests cas, a simples dogo de eiéio sgn ertrio supra o perecdo deficit Falando em 1989 acerea de uma recSnaprovada constiigie, 0 eatRo deputade federl Tse Serva Tamenava a Toaidade jurdico-orcamentnia do perfodo anterior © auspiciava um futuro que, tagedo no texto constiteiona, tevez nunca teatn calmente chegodo a exist: “Parallamonte, a Coastiuighe obvige a que o orgazento Fiscal soja fscompuniado de umn demenstraivo dos efeitos das isengdes, asia, subsidise benelicis tibétios f creditelos sobre as Twceltase daspotas. $0 ens que represoniam ‘gastos’ cujo conhecimento, hoje 38 4 menos obcear do que forma como who deciidor. Sv reel expllsee ropresestark ‘um lego puss o fetido do tana avalagzo qualtatva © quanttativa mais edeqanda da aloeagio dos recursos plblicos.” SERRA, José. A Constiigde ¢ 0 Casto Piblico. Planejamenio e Pottcas Piblica. Brasil: WEA, 1989, pp.93 1 106 (equ, p. 94). O desta fol acrescentad. 9 5A fara eoonimica € definida por um procesto de peodagio e lstabuigho de vgueza e rende, a poli, pola produgto © distibagGo de poder Bates duasesfras so intedependentes, Da mest forma qe, quedo a8 presi execem poor de monopdlio, eles exo inclno, no mercado, wa clemento de pode, cua o Estado sstae o papel de distur de rena, araes ds tansferéeias ‘ve fealiza, 4 ciseibuigao de vende pessa a tr um carder emineatemente poli. Nee moment, {1 7er publica onira om jogo, a0 ovitt que cla Sofa aproptiada do forms privada tomo Um problema pelitico fundimnenish das sociedades clviizadas.” BRESSER-PERELRA, Lufs Caros Cidadanta'® Ree publica: a emergéscia dos diritoy republcanos. Revista de Filosofia Poltica — [Nova Sérla, Vol. Porto Alapre: talteria de UFRGS, 1997, pp. 99 2 144, aqui, p. 138 “BARROSO, Lite Robero. 0 Ritado que nunce fo, Pefiio ictus Direlto Repulatiria, de Diogo de Figueiredo Moria Neto (MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Direito Regulatrio, Rio de Jere: Renovat, 2003), op. 149, agu, pp. 7 ¢ 8, También pudicado em: BARROSO, Ls Roberto, Temas de Direta Conmarucional Toma H. Rio de. aneiro: Renevae, 2003, pp. 675-680 (aq pp. 619.¢ 680) 116 R. Dir. Proc. Geral, Rio de Janeiro, (65), 2010 ‘As atividades fomentadas devem s8-Lo na exata medida em que precisem do spore ppblico, e apenas durante o perfodo em quo fomento seja necessério& sua viabilidade econdmica. F possfvel que certas atividades nunca venham a ser vidveis se ‘esempenhadas de modo néo-fomentado™, mas o objetivo da auto-sustentabilidadie deve estar sempre presente e ser, de tempos em tempos, vetiguado. Deve-se figurar 0 fomento, em especial o fomento financeiro, como uma incubadora, & qual se recorte, durante Certo tempo, para preservar e garantir uma vida futura autonoma e saudivel Mas nada além, Partindo-se, entio, dessas idéias, & que se vai fazer uma leitura da fungto aadministrativacigssica do fomento luz de alguns principio jurdicos,e, em especial, ‘de modo tendeneialmente inovador, dos principios do pragmatismo e da raxio publica O propssito central 6 0 de elaborar alguns crtérics constitucionalmente adequados para nortear a formulagio legisiativa e a inerpretagfo, judicial e administrative, da atividade, A estrutura do trabalho repassa a literatura doutringria, concentra-se em alguns pontos polémicos e, afinal, indica uma criteriologia possivel (certamente nio a tinice) para formular¢ conceder beneficios paiblicas sem vicios privados.” 2.0 que 60 fomento piblic: revsioda literatura Fomentgr, para o dicionétio, 6 “cerear de cuidados part cri ou fazer crescer, estimulan” E ainda, “proporcionar os meios parao desenvolvimento de algo" # Aorigem ‘Tlves eve see 0 cago do cinoma, om que pens a ides nort-umericana @ indiana, & conta do Inimitéveis paricularados socials, cars eceonbmicas, sobrevivent sem fren pico ston falun que a indstrlas da Nigra» ds Covéia do Sul tmbém seriam nato-sstentsvis) Roda ‘outs insti cinematogrsica,snelulndo at europa, existe de modo indinsocivel&Srgtor ‘© entdaes de fonento promogio do mezeao,schdo que, em alguns e850, 2 prépria avid ‘Sinemstogrtica 6 considera servo pablo om seatido eto, No € o cao do Direto bre, fxn que & aividado cinemnogréten € exerida cm tepime de liveeiacativa ~ sila ‘aquncutar quo, pela slevanein do objet, poen sex daguclas“avidadesprvads re ‘Macga Just Flo aparentemente admite« inlusdo das aiviaces cinematogrifess ei Go conceio de servigo publi, que reveaattade contradiérs com ana progr dainigs0 ci nogto, jit que, por mais que se prezem as aividades ardtices do aco goel, no parooo qe siviede inemifogréfica evtejayinculed, drca oimodiatamente, com e satisfogdo do direko fandarpental: Quanto 2 atures du noveeidade saisfia, os sarvigos pices podem st (..) etait once satisfazom necessdades cults, eavelveado o deseavolyimenlo da capacidae anstica © o prio acer, tais coma snueus, cinema, atta.” Cf. IUSTEN PULHO, Mangal. Curso de Direlio ‘Adninisiraiva. * e. Sto Paulo: Straiva, 2008, p. 590 (cestaques areseentos) De nossa pare, ‘creitamos que cinema éallvidate privads, de Soviarekevaneia colira, mae aividede prvads ‘mesmo assim. Para ume andlise dos fspectos mercadologicos da indstria cinemiaogrific, of MELEIRO, Alossaadea (org). Cinema no mundo: indistria, politica « marcad, S40 Paulo: ecriturss, 2007, “Par onto lado, Se 8 atividade 6 ontologicamente deficitéia, mas existem suficientes razses do Interesse pblico para que subsists, melhor seria tansforméla, desde logo. em servign public ‘Assim, fazendo ceertncia & nota aiteror, em ssa opnito, no hd nada que Impoga ad nets tendo em vista Constiuigz0 da Republica, que se proceda a uma pubicaio, quor daar, 4 um teanonmagto do regime da protagto das divers siidades envalvdae com a cinematografa, do siuol regime de ive initia par o regime de servigo pablio, se prstado de modo exclsivo, Scie prestado de mode no exclusive e eoacorem * Para'a expresso. v. GIANNETT Baud. Vicos privados, benefcios pablicos? A ética na rigueia das naghes Sto Palos Compania das Letras, 2007 " HOUAISS, Antonio, Dicindrio Houass da Lingua Portuguese. Rio do Jneico: Objeiva, 2001, p. 1367. Outros diciondrios aprotentams defiaigtos purecigas: aati, fomenttr, para o Di Brasileiro da Lingua Portuguese, comesponde u "excita, deseavalver,estimilar 0 exes R. Dir. Proc. Geral, Rio de Janeiro, (65), 2010 417 ctimoligica 60 latim fomentum, contragto de fovimenturn, que significa acalenta,abrigat? ‘A déia geral do fomento ~ ¢ aqui trataremos apenas do fomento piblico" isto é, do fomento realizado por entidades integrantes da Administragio Pablica, mesmo quando possuidoras de personalidade jurfdica de direito privado, como no caso das empresas Friblicas e das sociedades dé economia mista, aliés, as maiores fomentadoras na ‘Administragio federal" ~néo é dificil de indicar:trate-se de auxiliar o desenvolvimento ‘eoexercfcio de uma atividade privada, que se supe de imeresse piblico", com meios pilblicos."*" lect; favroo?™, Ct, Dicondrio Brasliro da Lingua Porugire. lob, 9. 367 Gf dconirio caine do Projelo Armed, dk Univeidae de Harvnd, Sponivel em: ledlanguiedonord=fonentumdorCUTPS>>. ‘cast em 3 de jai de 2009. 1 No ettmostlindo 6 Fomento mani, malt conkecp como factorag, ada por mcio . (65), 2010. 21

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