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Elaboração dos Projetos dos Cursos de Letras a Distância da

UFPI: percurso e expectativas


Beatriz Gama Rodrigues1, Francisco Wellington Borges Gomes1
1
Universidade Aberta do Piauí (UAPI) – Departamento de Letras – Universidade
Federal do Piauí – Teresina – PI
(biagrodrigues@yahoo.com.br, wellborges@ufpi.edu.br)

Abstract: This paper aims at describing the process carried out to design the
course plans of both Portuguese and English Teaching Courses, using
distance learning, at Universidade Federal do Piauí (UFPI), in Teresina-PI.
We detail the reasons why these courses were designed, and the difficulties we
had to go through to have them approved. At UFPI, the online Portuguese and
English Teaching Courses will be started in 2010. Their main focus is to help
developing English and Portuguese teachers in all the state of Piauí,
especially in the areas where public universities are not available. We have
been working on the projects, curricula, tutors development and selection,
teachers’ orientation and didactic material since 2008.

Resumo: Este artigo destina-se a descrever o processo desenvolvido para


elaborar os Projetos Político-pedagógicos dos Cursos de Letras Português e
Inglês a Distância, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina-
PI. Justificamos a necessidade dos cursos e detalhamos as dificuldades pelas
quais passamos para que os mesmos fossem aprovados. Na UFPI, os Cursos
de Letras a distância serão iniciados em 2010. O curso se destina
principalmente a ajudar a formar professores de Português e Inglês em todo o
Estado do Piauí, principalmente nas áreas distantes de universidades
públicas. Desde 2008, temos trabalhado no desenvolvimento dos projetos,
currículos, capacitação e seleção de tutores, orientação aos professores e
elaboração de material didático.

Introdução
Como qualquer campo científico, o ensino de línguas, seja ela materna ou estrangeira, é
marcado historicamente por inovações metodológicas. Durante décadas temos
acompanhado o surgimento e adoção de novos recursos que prometem atender a uma
demanda social cada vez maior pelo aprendizado das mesmas. Além disso, as rápidas
mudanças tecnológicas pelas quais estamos passando nos últimos anos, especialmente
aquelas no campo da informação, nos fornecem instrumentos por meio dos quais
podemos repensar e aperfeiçoar nossas práticas pedagógicas. A associação entre ensino
e artefatos tecnológicos como o computador e a internet nos mostra que novas
possibilidades para o ensino e aprendizagem em praticamente todas as áreas do
conhecimento estão surgindo.
O uso de novos artefatos tecnológicos na educação a distância tem mudado
nossa visão de ensino, notadamente do ensino superior. Para Simeão (2006), a
influência de novos meios de comunicação de massa, especialmente a partir dos anos
60, alterou a forma como percebemos e produzimos o conhecimento de modo que,
assim como temos presenciado mudanças profundas na forma como interagimos com
nossos amigos, como trabalhamos, nos divertimos, lemos e escrevemos, também
descobrimos novas maneiras de aprender e ensinar. A produção de conhecimento
deixou de ser uma ação individualizada ou restrita a grupos específicos para se
configurar como um fenômeno produzido em um espaço do saber coletivo, teoricamente
aberto a todos. Da mesma forma, o saber não é mais visto como algo somente
depositado na mente dos homens, mas distribuído em suas extensões: em livros, filmes,
CD-Roms, e, cada vez mais, na internet.
De acordo com Sauiden e Oliveira (2006), atualmente vivemos uma ruptura nos
modos e métodos tradicionais de ensino em que escola presencial não é mais o único
espaço de formação. Tornou-se uma necessidade incorporar novas práticas a velhos
métodos e recursos. Da mesma forma, para Cerveró (2006), o momento histórico em
que vivemos, a Era da Sociedade da Informação, nos fornece acesso ao conhecimento
de modo diferenciado, que, por sua vez, favorece novos modelos educacionais, com
instrumentos e processos de assimilação cognitiva diferentes daqueles a que estamos
habituados. Nesse contexto, elementos como o computador e a internet tornam-se
corresponsáveis pelo aprendizado dentro e fora da sala de aula.
Nos cursos de Letras, por exemplo, é cada vez mais frequente a busca por
recursos que possibilitem a construção do conhecimento de forma interativa e o contato
com cenas cotidianas de uso da linguagem, uma vez que estes são requisitos essenciais
para o ensino de línguas de modo significativo. A esse respeito, Motta-Roth ( 2007:127)
afirma que o uso de novas tecnologias no ensino de línguas oferece para o aluno a
oportunidade de interagir, refletir e escolher os textos e recursos simbólicos não verbais
que lhe interessam e motivam. Além disso, eles permitem ao aluno participar
ativamente tanto do desenvolvimento das capacidades linguísticas, quanto da
capacidade de refletir sobre o processo de aprendizagem da mesma.
A criação dos Cursos de Letras Português e Inglês na modalidade a distância na
Universidade Federal do Piauí (UFPI) teve como principal objetivo atender às
necessidades e expectativas da população por um ensino público, gratuito e de
qualidade que pudesse fundamentar uma proposta de educação para a vida e para o
mundo do trabalho. Para tanto, foi proposto um curso de formação de professores de
línguas que capacitasse os profissionais a desenvolver o processo de ensino-
aprendizagem na educação básica.
Os Cursos de Letras foram fundamentados numa perspectiva histórico-cultural,
tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade, com o objetivo de construir uma
visão de linguagem mais ampla, não somente como um fenômeno linguístico, mas
como uma ferramenta que possibilitasse o engajamento discursivo de seus usuários,
concebendo a linguagem como um ato ou prática social. As disciplinas específicas e de
formação de professores que constituem o Currículo foram pensadas a fim de que os
graduandos compreendessem o processo de constituição das línguas, dos textos, dos
discursos e dos sujeitos que os utilizam, sempre articulando a teoria à prática.
Neste artigo, apresentaremos os Cursos de Letras a Distância (português e
inglês) da Universidade Federal do Piauí, enfatizando as demandas e necessidades que
motivaram a criação dos cursos, o processo de implementação dos mesmos, assim como
os sucessos e as dificuldades encontradas na execução dos projetos político-
pedagógicos.

Elaboração do Currículo
Uma das primeiras preocupações para a implementação dos cursos de Letras a distância
na UFPI foi a elaboração dos currículos dos cursos. Consideramos, nesse sentido, que o
currículo deveria contemplar o processo de formação de professores de línguas,
abrangendo o desenvolvimento das habilidades necessárias para esses profissionais,
considerando sua prática e a realidade social dos contextos em que eles estão inseridos.
(Giroux, 1988; Sacristán, 2000; Giroux & McLaren, 1994; Freire, 1996 e Giroux &
Giroux, 2004).
O conceito de currículo, conforme as Diretrizes Curriculares para os Cursos de
Letras, propostas pelo MEC em 2001, considera sua abrangência e complexidade,
dentro do contexto educacional:
Portanto, é necessário que se amplie o conceito de currículo, que deve ser
concebido como construção cultural que propicie a aquisição do saber de
forma articulada. Por sua natureza teóricoprática, essencialmente orgânica, o
currículo deve ser constituído tanto pelo conjunto de conhecimentos,
competências e habilidades, como pelos objetivos que busca alcançar. Assim,
define-se currículo como todo e qualquer conjunto de atividades
acadêmicas que integralizam um curso. Essa definição introduz o conceito de
atividade acadêmica curricular – aquela considerada relevante para que o
estudante adquira competências e habilidades necessárias a sua formação e
que possa ser avaliada interna e externamente como processo contínuo e
transformador, conceito que não exclui as disciplinas convencionais. (grifos
no original)1
O conceito de currículo encontrado no texto legal não considera somente os
conteúdos a serem ensinados, mas também busca caminhos que ajudem os estudantes a
se desenvolverem, observando que a aquisição do saber é feita de forma articulada.
Outro aspecto interessante no trecho das Diretrizes é a definição de currículo como
“todo e qualquer conjunto de atividades acadêmicas que integralizam um curso”. Com o
cumprimento das Diretrizes, o curso de Letras passaria então a ser um local em que os
alunos pudessem ter acesso a diferentes atividades, como, por exemplo, apresentações
teatrais e musicais, exposições, saraus e outras, não se restringindo às aulas ministradas
pelos professores. Esse aspecto é enfatizado pelo termo “atividade acadêmica
curricular”, pois o documento deixa claro que esses momentos propiciariam a aquisição
de competências e habilidades necessárias para a formação dos alunos do curso de
Letras. Inclusive, o texto legal afirma que a atividade acadêmica curricular deve ser
avaliada “interna e externamente como processo contínuo e transformador”. O
documento ressalta a importância das atividades, considerando a necessidade de que as
mesmas sejam levadas em contra no processo de avaliação dos alunos. No contexto de
cursos a distância, os pólos presenciais deveriam, então, se tornar centros culturais
locais e regionais, proporcionando diversas atividades e oportunidades de formação aos
alunos e à comunidade.
1
http://www.mec.gov.br/cne/diretrizes.shtm#Letras
Essa intenção de considerar a formação no curso de Letras de uma forma mais
ampla, menos conteudística, relacionando-a a outros saberes e acontecimentos e,
principalmente, pensando nas necessidades dos graduandos desse curso, faz-nos lembrar
o que Freire (1970:38) afirma:
A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a
libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como seres
“vazios” a quem o mundo “encha” de conteúdos; não pode basear-se numa
consciência especializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos
homens “como corpos conscientes” e na consciência como consciência
intencionada ao mundo. Não pode ser a do depósito de conteúdos, mas a da
problematização dos homens em suas relações com o mundo.
Esta é nossa visão de currículo, uma proposta libertadora, que considere todos os
participantes do processo ensino-aprendizagem e que promova oportunidades para
problematização, reflexão e conscientização de toda a sociedade. Esta visão também
está de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional de 1996. Esse
documento explicita uma visão de educação voltada para o desenvolvimento da
consciência crítica para o exercício da cidadania, valorizando cultura, experiências e
sensibilização social.
Ao propormos o currículo dos cursos de Letras a distância, tivemos
oportunidade de refletir sobre o currículo, de uma forma mais ampla, tanto em relação
ao que deve ser ensinado e por que isso deve ser ensinado, quanto de que forma
organizar, construir e, acima de tudo, avaliar o currículo e o ensino, conforme Beyer &
Apple (1998:3). Não acreditamos que estes autores tinham como objetivo conceituar o
currículo como algo prescritivo e imposto, mas, sim, deixar claro que os responsáveis
por reformularem ou construírem um currículo precisariam refletir sobre estes pontos e
sobre o que suas reformulações trarão de benefício e oportunidade de desenvolvimento
aos alunos, professores e sociedade em geral.
Infelizmente, a elaboração dos currículos dos cursos de Letras a distância da
UFPI não foi feita por todos os participantes do processo de formação de professores,
devido a problemas relacionados com prazos, falta de envolvimento de algumas pessoas
(o que será discutido posteriormente neste trabalho) e questões administrativas e
burocráticas. No entanto, pretendemos reavaliar este currículo após sua efetivação,
podendo, então, reformular esse documento, incluindo as alterações que forem
consideradas necessárias pelos envolvidos no processo.
Telles (1996) defende a tese de que o currículo de um curso de licenciatura
deveria tratar dos conteúdos formativos e culturais inseridos nos contextos da política,
da cultura, da história e dos demais campos nos quais o ser humano está inserido e onde
vai atuar como cidadão crítico e inovador. Desta forma, teríamos uma educação
problematizadora (cf. Freire, 1970:40) em nossos cursos de formação de professores,
enfatizando a reflexão crítica sobre situações concretas. Como Freire (1970:41) afirma,
ao contrastar esse método com o método bancário, poderíamos utilizar um método que
analisasse problemas aos quais os professores de línguas estão expostos diariamente, o
qual exigiria diálogo constante entre professor e alunos, sendo que esses se tornariam
co-investigadores críticos. Acreditamos que, desta maneira, poderia ser mais profícua
nossa tentativa de aperfeiçoar a formação de profissionais do ensino-aprendizagem de
línguas, mais conscientes e críticos, capazes de buscar condições cada vez melhores
para exercerem a sua profissão.
Este foi nosso objetivo ao propormos o currículo dos Cursos de Letras a
Distância da UFPI: formar professores que compreendam a linguagem como uma
ferramenta de comunicação e de participação social, promovendo o desenvolvimento de
cidadãos críticos e reflexivos. Os alunos dos cursos precisam desenvolver a capacidade
de aprender de forma autônoma, buscando meios para alcançar seus objetivos e
tornarem-se professores plenamente qualificados para exercerem a docência.

História da Universidade Aberta do Piauí (UAPI)

O Projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), criado pelo Ministério da Educação


em 2005, via Fórum das Estatais pela Educação, objetiva construir um Sistema
Nacional Integrado de Educação Superior à Distância, onde se pretende sistematizar as
ações, programas, projetos e atividades pertencentes às políticas públicas destinadas à
ampliação e interiorização da oferta de Educação Superior gratuita e de qualidade no
Brasil.
No ano de 2006, após concorrer à Chamada Pública do Edital nº. 1, de 20 de
dezembro de 2005, MEC/SEED, a Universidade Federal do Piauí, em consórcio com os
Governos Federal, Estadual, UESPI, CEFET-PI e Municípios locais, elaborou o Projeto
de criação do Centro de Educação à Distância (CEAD/UFPI).
O curso inicial do Projeto foi o bacharelado em Administração, de caráter
experimental, para o qual foram ofertadas 500 vagas distribuídas em 08 pólos –
Teresina, Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, Esperantina, Piripirí e São Raimundo
Nonato.
O curso tinha uma metodologia de estudo que combinava material impresso,
audiovisuais, multimídia, Internet, videoconferências e fóruns, realizados na Plataforma
Virtual de Ensino e Aprendizagem, e-ProInfo, alterado posteriormente para a plataforma
Moodle.
Baseada em modelos de infraestruturas de outras IES que contemplam a
implantação da EaD, a UFPI criou o Centro de Educação Aberta e à Distância (CEAD)
que funciona a nível de Pró-Reitoria, da qual fazem parte um Diretor com duas
secretarias (uma de controle acadêmico e outra administrativa) e seis coordenadorias:
Coordenação Geral dos Pólos de Apoio Presencial, Coordenação de Tutorias,
Coordenação de Projetos (Administrativo-financeiro), Coordenação Pedagógica,
Coordenação de Infraestrutura de Informática e Coordenação de Produção de Material
Didático.
A direção do CEAD está a cargo de um professor com conhecimentos
profissionais e técnicos em EaD, apoiado pelas secretarias e coordenações supracitadas.
A Coordenação possui também um Laboratório de Educação à Distância (LED) com
constante manutenção dos seus equipamentos operacionais (computadores, rede, etc.).
A fim de executar essas atividades, existe um quadro de Recursos Humanos constituído
por professores, técnicos administrativos, alunos e tutores, os quais são constantemente
aprimorados por cursos de capacitação ministrados por profissionais da UFPI e de
outras IES.
Dessa forma, em consonância com a política do Governo Federal para
implantação da Educação Superior à Distância pelo viés da tecnologia da informação, o
CEAD foi criado para proporcionar educação de qualidade e gratuita, que contemple as
pessoas localizadas em seus domicílios. Evitar a migração dessas pessoas em busca de
qualificação profissional nas grandes cidades é uma de suas metas. A viabilização de tal
educação ocorre, via de regra, em forma de consórcio entre os Governos Federal,
Estadual, e Municípios locais, Universidades Federal, Estadual e CEFET do Piauí, e
demais interessados.
Nesta perspectiva, a UAB possibilita à UFPI ampliar seu número de vagas junto
às comunidades piauienses com a criação de novos cursos cuja grade curricular não
exija uma infra-estrutura complexa que impossibilite a sua implantação. À comunidade
aprovada em concurso-vestibular para EaD, disponibilizam-se pólos de apoio
presenciais, que estão a cargo de todos os consorciados.
Atualmente o EaD oferece os seguintes cursos: Bacharelado Administração -
Projeto Piloto; Bacharelado Administração; Sistemas de Informação; Licenciaturas em
Biologia, Filosofia, Física, Química, Matemática e Pedagogia.
Os cursos de Letras Português e Inglês têm previsão de serem iniciados no
primeiro semestre de 2010.

Demanda para os cursos de Letras Português e Inglês a Distância no Estado do


Piauí

Os Cursos de Letras Português e Inglês da Universidade Federal do Piauí, na


modalidade a distância, constituem-se de uma base formada por conhecimentos
linguísticos e culturais que se inter-relacionam com o fenômeno educativo,
compreendendo a linguagem como uma ferramenta de comunicação e de participação
social, promovendo o desenvolvimento de cidadãos críticos e reflexivos. O objetivo é
trabalhar questões educacionais de acordo com a realidade do Estado do Piauí, a fim de
oferecer meios para qualificar o futuro professor de línguas com formas de intervenções
dinamizadas pela aplicação de novas ferramentas metodológicas.
Dentre as justificativas para a implementação dos cursos de Letras, está o fato de
vários municípios piauienses terem apresentado demanda para a formação de
professores. Compreendemos que a universidade pública tem responsabilidade de
possibilitar o acesso à educação a todos os cidadãos, inclusive aos que residem em
regiões muito distantes de municípios que já são atendidos por instituições de ensino
superior da rede pública.
Até agosto de 2009, os seguintes Municípios/Pólos apresentaram suas
necessidades à Coordenação da UAPI:

CURSO MUNICÍPIO VAGAS VAGAS TOTAL DE


2010 2011 VAGAS
Água Branca 60 60 120
Alegrete 60 60 120
Corrente 60 60 120
Floriano 60 60 120
LETRAS INGLÊS Gilbués 60 60 120
Inhuma 60 60 120
Luzilândia 60 60 120
Oeiras 60 60 120
Picos 60 60 120
União 60 60 120
Avelino Lopes 60 60 120
Campo Maior 60 60 120
Canto do Buriti 60 60 120
Elesbão Veloso 60 60 120
LETRAS PORTUGUÊS Inhuma 60 60 120
Luzilândia 60 60 120
Marcos Parente 60 60 120
Oeiras 60 60 120
Piripiri 60 60 120
Simplício Mendes 60 60 120
União 60 60 120
Uruçuí 60 60 120
Valença 60 60 120
TOTAL 780 780 1560
Tabela 01: Projeção de Ofertas UFPI/Letras na Modalidade a Distância para 2010 e 2011.

Dificuldades para Implementação dos Cursos de Letras


É senso comum que mudanças são consideradas assustadoras para muitas pessoas.
Percebemos que, na Instituição Superior em que trabalhamos, a ideia de oferecer a
formação de professores de Português e Inglês a distância era, para muitas pessoas,
inaceitável. Isso nos trouxe muitos problemas, tanto em nosso departamento, quanto no
Centro de Ciências Humanas e Letras. Além disso, também tivemos que nos adaptar a
questões institucionais, antes de termos nossos projetos aprovados. A seguir,
descrevemos com mais detalhes esses percalços.
Em nosso departamento, encontram-se mais de trinta professores, que ministram
disciplinas nos cursos de Letras Português, Inglês e Português/Francês. Desses
professores, poucos têm experiência ou formação na Educação a Distância. Esta é uma
das principais razões por que os Cursos de Letras ainda não estão sendo oferecidos na
modalidade a distância e também o motivo por que tais professores, em sua maioria,
não se interessaram em participar do projeto da Universidade Aberta do Piauí.
Os Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos de Letras a Distância da UFPI
foram elaborados por quatro professores do Departamento em 2008. Desses quatro, três
haviam sido contratados no mesmo ano, mas já tinham trabalhado com Educação a
Distância em outras instituições.
Na UFPI, novos projetos precisam passar por várias instâncias para serem
aprovados. A primeira delas é a Assembleia Departamental. Esse foi o primeiro grande
problema por que passamos. Alguns colegas se queixaram por não terem participado da
elaboração do projeto. Entretanto, os mesmos professores haviam se recusado
anteriormente a participar. Também recebemos críticas quanto à impossibilidade de
oferecermos formação de professores de línguas a distância, sob a alegação de que não
poderíamos ministrar disciplinas como Fonética e Fonologia e Prática Oral a distância.
Essas opiniões demonstram desconhecimento das ferramentas educacionais
tecnológicas, além de um certo preconceito em relação à educação a distância. Vale
ressaltar que há experiências bem-sucedidas de outras instituições de ensino superior,
que utilizam várias ferramentas para ministrar essas disciplinas. Apesar dessas e de
outras críticas, os projetos foram aprovados pela maioria dos professores do
Departamento de Letras.
No entanto, na segunda instância, o Conselho do Centro de Ciências Humanas e
Letras, os projetos foram colocados em diligência. Alguns conselheiros, os quais
parecem não conhecer as possibilidades da Educação a Distância, questionaram vários
aspectos dos projetos, impedindo a implementação dos cursos em 2009.
Após a intervenção da Coordenação de Educação a Distância na UFPI, os
projetos político-pedagógicos foram encaminhados para a Coordenação de Currículo da
Instituição. Nesse setor, tivemos que fazer alterações na Matriz Curricular dos cursos,
incluindo disciplinas que não estavam de acordo com nossos objetivos iniciais, mas que
foram instituídas pela Coordenação de Currículo e instâncias superiores da UFPI. Essas
disciplinas incluíam Educação Ambiental, Ética e Empreendedorismo, sendo que esta
última, após extensas negociações com a Coordenação de Currículo, foi adaptada para
Gestão Escolar e Empreendedorismo, o que, em nossa opinião, se enquadra mais em um
curso de formação de professores. A justificativa da Coordenação era que temos que
buscar uma formação mais ampla nos cursos de licenciatura. Apesar de termos aceitado
essa intervenção, por questões de hierarquia, questionamos o fato de termos um
currículo de aproximadamente 3.100 horas, para um período de quatro anos, das quais,
quase metade é formada por disciplinas de formação de professores, não relacionadas
aos conteúdos da língua e suas literaturas. Esperamos que isso não traga maiores
dificuldades para a formação de professores na modalidade a distância. Esse fator será
investigado posteriormente, quando os cursos forem oferecidos à comunidade piauiense.
Outro ponto que mereceu preocupação foi a capacitação dos tutores para os
cursos de Letras a Distância, uma vez que, na EaD, são estes que mantêm contato direto
com os alunos, motivando-os na construção do conhecimento. Consideramos que o
modo como os tutores encaram e utilizam o ambiente virtual de aprendizagem (AVA),
assim como os recursos por ele oferecidos, influencia diretamente a forma como os
alunos vêem a Educação a Distância e sua eficácia. Para que os tutores pudessem estar
preparados para atuar como mediadores a distância, de modo eficaz, foram criados
cursos de extensão especialmente destinados à formação destes. Os cursos são gratuitos
e direcionados a profissionais graduados e graduandos em Letras Português e/ou Inglês
que tenham cursado mais de 80% das respectivas habilitações, inscritos após
preencherem um formulário online. Iniciado no segundo semestre de 2009, com três
turmas, o curso objetiva qualificar a mão de obra disponível no Estado antes mesmo do
início dos Cursos de Graduação e prevê a criação de novas turmas nos anos
subseqüentes, como forma de qualificar novos candidatos a tutores e aperfeiçoar aqueles
que porventura já estejam trabalhando com a Educação a Distância. Como no processo
de seleção de tutores para os Cursos de Letras da UFPI é exigida do candidato a
participação prévia em cursos de formação, acreditamos ser este um passo importante
para a implementação de novos padrões de qualidade na Educação a Distância, uma vez
que todos os tutores que estiverem atuando já estarão plenamente qualificados desde o
início do curso, tanto em relação às demandas técnicas, quanto pedagógicas. Além desta
formação inicial, os projetos político pedagógicos dos Cursos de Letras da UFPI
prevêem o treinamento dos mesmos pelo professor conteudista de cada disciplina, antes
que ela seja disponibilizada no AVA.
A seleção de tutores objetiva a formação de um cadastro de reserva.
Acreditamos que, mesmo acompanhados de perto pelos professores conteudistas de
cada disciplina, os tutores devem ter conhecimento aprofundado da área ou disciplina
em que atuam para que haja qualidade no ensino oferecido. Desta forma, prevemos que
os tutores que acompanham uma determinada turma serão selecionados a cada
disciplina de acordo com a área de afinidade. Assim, evitaremos que um mesmo tutor
tenha que orientar atividades de disciplinas distintas, especialmente aquelas que ele não
domina. Esta é uma proposta diferente das que vêm sendo conduzidas atualmente em
outros cursos a distância da UFPI.
Quanto ao material didático, acreditamos que este não pode ser uma mera
transposição para o computador de atividades desenvolvidas com alunos presenciais;
uma vez que tal prática, infelizmente ainda constatada com frequência em cursos
mediados pelo computador, desfavorece a presença de elementos que são a base da
Educação a Distância moderna, tais como a interação ativa de todos diretamente
envolvidos no processo (professores, tutores e alunos) e a multimodalidade propiciada
pela associação de diversos meios semióticos como áudio, vídeo, imagem e texto, tão
importante para que o aprendizado seja significativo. Desta forma, a produção do
material didático para os Cursos de Letras da UFPI fundamenta-se na criação de
material online, já que será a internet a principal porta de acesso dos alunos às diversas
possibilidades de apropriação de conhecimento oferecidas em cada disciplina. Também
está prevista a disponibilização de material impresso, criado a partir daquele que será
disponibilizado online.
Um outro ponto fundamental para a implantação dos cursos de Letras a
Distância é a aparelhagem dos pólos. Solicitamos à Coordenação da UAPI que os pólos
onde os cursos serão oferecidos sejam equipados com kits multimídia, tais como
microfone, fones de ouvido e webcam. Essa medida tem como objetivo permitir a
interação autêntica entre alunos, tutores e professores, por meio de recursos disponíveis
na web, como Skype, sites que permitam a comunicação mediada por computador e
outros.

Considerações Finais
A partir da implantação dos cursos de Letras Português e Inglês a Distância, em 2010,
pretendemos realizar pesquisas a fim de avaliar o processo ensino-aprendizagem nos
cursos, o trabalho dos professores, coordenadores, tutores, material didático e outros
fatores que forem observados durante a realização dos cursos.
Sabemos que a formação de professores de línguas é uma tarefa árdua, na qual
devem ser engajados todos os participantes: coordenação, professores, tutores, alunos e
comunidade. Acreditamos que é possível realizar um bom trabalho no Ensino Superior a
Distância, desde que seja desenvolvida a autonomia e que os envolvidos no processo
estejam sempre prontos a refletir sobre seu desempenho, avaliando e revendo papéis e
atividades realizadas, dispondo-se sempre a buscar seu aperfeiçoamento.
Esperamos que cada um dos professores em formação que passarem por nossos
cursos sinta o desejo incontrolável de prosseguir, de buscar sempre aprender e se
desenvolver. Este é nosso grande desafio, o qual acreditamos que pode ser alcançado se
trabalharmos juntos, sempre buscando esse intento.
Referências

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