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A China joga no ataque e os EUA na defesa

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População,
Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE;
Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

No jogo pela disputa da hegemonia global, as duas superpotências líderes travam uma disputa
acirrada, com a China (que lidera o bloco oriental) jogando no ataque e os EUA (que lideram
confusamente o bloco ocidental) jogando na defesa. Na guerra comercial, a China ataca em
todas as frentes, buscando interligações multilaterais, enquanto os EUA, de Donald Trump, tenta
impor barreiras e proteger o mercado interno. A China aumenta a sua presença no mundo,
construindo infraestrutura e pontes, enquanto os EUA se isolam, se retiram dos acordos
internacionais e tentam construir muros.

A China vem conquistando o mundo com suas mercadorias e, além de ser o país com maior
volume de exportação do mundo (exportou US$ 2,1 trilhões em 2017), é o detentor do maior
superávit comercial, que ficou em US$ 421 bilhões, em 2017. O gráfico 1, com dados do Census
Bureau dos EUA, mostra que o déficit comercial dos EUA com a China, nos seis primeiros meses
do ano, cresceu bastante nos dois períodos da administração Trump (2017 e 2018), em relação
ao último ano da administração Obama (2016), passando de U$$160,8 bilhões para US$ 185,7
bilhões. Portanto, até o momento, todas as ameaças feitas pelo governo dos EUA não
funcionaram no sentido de reduzir o desequilíbrio da balança comercial do país.

O maior plano expansionista chinês é a iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota" (OBOR, na sigla em
inglês), um projeto liderado pelo presidente Xi Jinping e que foi lançado em 2013, visando
conectar a Eurásia e dois terços da população mundial em 70 países, por meio de uma rede de
ligações terrestres (o "cinturão") e vias marítimas (a "rota"). Calcula-se investimentos de longo
prazo, estimados em trilhões de dólares, provenientes de bancos, dos países envolvidos e do
governo chinês.
O projeto avança a passos largos. Reportagem do site da BBC, mostra que os sinais da iniciativa
OBOR podem ser vistos em território chinês e para além de suas fronteiras, onde uma frota de
novas máquinas está construindo ferrovias a um ritmo impressionante. Para construir ferrovias
de alta velocidade rapidamente foi construída a máquina de construção de pontes SLJ900/32 -
localmente apelidada de Monstro de Ferro. Para a construção de túneis, a China começou a
fabricar suas próprias máquinas de perfuração, as chamadas TBM, ou Tunnel Boring Machine,
em inglês. O resultado mais evidente é uma TBM de 15,3 metros construída pela China Railway
Engineering Equipment Group Company - que se apresenta como a maior empresa especializada
no ramo de obras subterrâneas.

O megaplano de infraestrutura (OBOR), porém, gera grandes críticas. Analistas apontam que o
custo das obras sobrecarrega os países pobres da Eurásia e da África, com bilhões de dólares em
dívidas, além de gerar receios com a teia expansionista da política externa chinesa. Há quem
fale inclusive de um novo tipo de dominação, o “Imperialismo chinês”. Por enquanto, o modo
como a China vem conquistando espaço no cenário global é diferente do que os Estados Unidos
fizeram em sua fase expansionista. Sem intervenções militares, a China está se convertendo em
superpotência sem guerras e segundo declaração de seus dirigentes, deverá seguir o caminho
da paz. De fato, a China nunca foi uma potência imperialista e sempre sofreu com o avanço das
potencias imperialistas, como na “guerra do ópio”.
Porém, a China está se tornando uma potência global, com presença em todos os cantos do
mundo. Ela se transformou em uma nação exportadora de mercadorias, serviços e capital, a
presença internacional de poderosos monopólios estatais e privados, orientados pelo Estado.
Na medida em que os investimento chineses de espalham pelo mundo, há a preocupação na
proteção deste patrimônio.

Na competição geopolítica entre China e Estados Unidos na América do Sul, os chineses tem
conquistado terreno. Recentemente, a China abocanhou lotes do pré-sal e conseguiu comprar
um terço do setor elétrico brasileiro, além de boa parte da produção hidrelétrica nas fronteiras.
Na Argentina, a embaixada chinesa em Buenos Aires conseguiu emplacar a construção de uma
base de monitoramento de satélites e de segurança cibernética na Patagônia. Para se contrapor
ao avanço dos chineses, os EUA enviaram o chefe do Pentágono, James Mattis, a uma visita aos
quatro grandes países da região —Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. Os EUA não querem
perder espaço no “seu quintal”.

Segundo o Instituto Internacional para a Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI), a China possui
o segundo maior orçamento global em gastos militares, com US$ 228 bilhões, em 2017. Os
gastos da China como parcela das despesas militares mundiais aumentaram de 5,8% em 2008
para 13% em 2017. A China está modificando seu perfil, construindo forças armadas cada vez
mais poderosas, com capacidade de intervir em todos os continentes, inclusive com uma frota
de porta-aviões e caças de quinta geração.

Desde a Revolução comunista de 1949, a China ocupou o Tibete e, em 1959, após vários
conflitos, uma rebelião em Lhasa, capital do Tibete, foi reprimida com violência pelo governo de
Pequim, obrigando o Dalai-lama, líder religioso e político tibetano, a se refugiar no exterior. Após
a Revolução de 1949, as forças comunistas chinesas também conquistaram e ocuparam a
República do Turquestão Oriental e a transformaram na Região Autônoma Uigur de Xinjiang,
reprimindo todas as tentativas dos Uigures de pleitear mais liberdade ou autonomia.
Recentemente, foi anunciado que a China aprisionou um milhão de muçulmanos da etnia uigur.
O nível de repressão é impressionante.

A tendência futura é a China se envolver em conflitos armados e em disputas internas pelo


poder nos diferentes países que recebem altos investimentos chineses. Como a cultura chinesa
é profundamente conservadora e as regras do “Consenso de Beijing” são menos liberais e mais
repressivas, um possível imperialismo chinês poderá, indubitavelmente, ser uma grande ameaça
ao estilo econômico e político do Ocidente. A reação defensiva dos EUA pode levar a uma
repetição de eventos passados que fazem parte da “Armadilha de Tucídides”.

O melhor é que este jogo dê empate, ou que a governança global consiga disciplinar os
interesses hegemônicos. A atual guerra comercial entre os EUA e a China é preocupante, pois já
está enfraquecendo a economia chinesa e pode jogar a economia internacional numa grande
crise, além de poder iniciar um conflito bélico de grandes proporções e de consequências
trágicas para a civilização.

Referência:
Tom Calver. As megamáquinas com as quais a China está ligando o mundo. BBC News,
29/07/2018 https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44924348

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