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NIVELAMENTO LÍNGUA PORTUGUESA

NOME:___________________________________________________________________

RA:__________________________CURSO:_____________________________________

UNIDADE:________________________________________________________________

E-mail____________________________________________________________________

PROFESSORES(AS):________________________________________________________

COORDENADOR: PROFESSOR JORGE LUIZ FRENEDA

clcnfasp@gmail.com
Linguagem Verbal e Não-Verbal

No cotidiano, sem percebermos usamos frequentemente a linguagem verbal,


quando por algum motivo em especial não a utilizamos, então poderemos usar
a linguagem não verbal.
Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio de comunicação.
Linguagem não-verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz,
postura corporal, pintura, música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação.
A linguagem não-verbal pode ser até percebida nos animais, quando um cachorro balança
a cauda quer dizer que está feliz ou coloca a cauda entre as pernas medo, tristeza.
Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de comunicação não-
verbal.

Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para


chamar a atenção ou exprimir uma mensagem.

É muito interessante observar que para manter uma comunicação não é preciso
usar a fala e sim utilizar uma linguagem, seja, verbal ou não-verbal.

Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não-


verbal, usando palavras escritas e figuras ao mesmo tempo.

Abaporu, pintura de Tarsila do Amaral, 1929.

A pintura de Tarsila de Amaral é um exemplo de linguagem não-verbal dentro da


pintura. Para cada pessoa será uma mensagem.

Soneto de Fidelidade

"De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Até um dia meu anjo)"

O Soneto de Fidelidade de Vinícius de Morais corresponde a um belo exemplo de


linguagem verbal, através de palavras.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 2


Ilustração: ktsdesign/Shutterstock.com

O semáforo é um exemplo de linguagem não-verbal. Um objeto capaz de interferir


na vida do ser humano de forma tão extraordinária, onde o sentido das cores comanda o
trânsito.

Foto: Ljupco Smokovski/Shutterstock.com

A foto mostra uma mímica, através da feição do protagonista tem um significado,


uma mensagem. Aqui ocorre linguagem não-verbal.

Exercícios sobre Linguagem Verbal e Não Verbal – Mista

Existem diferentes tipos de linguagem. A fala, o gesto, o desenho, a pintura, a


música, a dança, o código de trânsito, tudo isso é linguagem. Vimos também que a
linguagem pode ser verbal, não-verbal ou mista, e que aqueles que participam do
processo de interação por meio da linguagem são chamados de interlocutores. O que
produz a linguagem é chamado de locutor, e o que a recebe, de locutário. Baseado nessas
noções iniciais, responda em seu caderno às atividades propostas abaixo, de acordo com
sua série.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 3


1. Que tipo de linguagem - verbal, não-verbal ou sincrética (mista) - é utilizada na tirinha?
Justifique.
2. Observe a linguagem não-verbal nos dois primeiros quadrinhos. Que contraste há entre
a expressão corporal do filho e a do pai?
3. Observe a tela do computador do pai no segundo quadrinho e responda: por que o pai
não esboça nenhuma reação à trágica notícia trazida pelo filho?
4. Que emoções estão expressas no rosto do filho no primeiro e no terceiro quadrinho?
5. O pai demonstra alguma emoção ou sentimento no quarto e quinto quadrinho?
6. O filho usa a forma verbal "está" numa conversa informal com seu pai. Esse uso está
coerente com a situação comunicativa? Justifique.
7. O que provoca o humor na tirinha?
8. Baseado na fala do pai no último quadrinho, responda: o que é mais importante para
ele? Explique.
9. Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações,
conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns.
As redes sociais online podem operar em diferentes níveis, como, por exemplo, redes de
relacionamentos (facebook, Orkut, Myspace, Twitter). Baseado nisso, responda:

a) Que rede social está presente na tirinha?


b) Antes que o pai citasse esse nome, de que outra forma você foi capaz de identificá-la?
c) Se o leitor não conhecesse essa rede social, seria capaz de compreender o humor
presente no texto?

Portanto O que é linguagem?


Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si.

Há três classificações para a linguagem:


a) linguagem verbal - a que se utiliza palavras (falada ou escrita);
b) linguagem não verbal - a que se utiliza imagens (pintura, fotografia, dança);
c) linguagem mista - que se utiliza de palavras e imagens (quadrinhos, charges).

Leia este cartum de Quino:

1. Que tipo de linguagem é utilizada nesse cartum?


2. Comente as várias linguagens possíveis de serem percebidas no cartum: a verbal e a não
verbal.
3. O cartum satiriza o hábito de alguns caminhoneiros de colocar mensagens na parte
traseira do caminhão.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 4
a) Que tipo de ameaça o motorista do caminhão faz aos outros?
b) Em que línguas as mensagens são escritas?
c) Logo, deduza: Quem são os interlocutores que o motorista do caminhão tem em vista?
d) Onde reside o humor do cartum?

Uma história em quadrinhos ou um cartaz de publicidade são exemplos de linguagem mista.

Muitas vezes, em um texto escrito figuras de linguagem como metáforas, ironia,


ambiguidade é mais nítido, isto é, temos uma capacidade maior e mais rápida em notar
onde estão esses elementos linguísticos que nos permite compreender o que estamos
lendo.

Anotações
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Nova Ortografia

Esteja atento às alterações previstas pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A partir
de 2009, as novas regras linguísticas entrarão em vigor oficialmente.

1 - ACENTO AGUDO

O acento agudo desaparecerá em três casos:

a) Nos ditongos (encontros de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das
palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).
Exemplos:

idéia -> ideia geléia -> geleia bóia -> boia jibóia -> jiboia

Mais exemplos: alcaloide, alcateia, apoio, assembleia, asteroide, celuloide, colmeia, Coreia,
epopeia, estreia, heroico, joia, odisseia, onomatopeia, paranoia, plateia, proteico, etc.
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam sendo
acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis,
herói, heróis, troféu, troféus, chapéu, chapéus, anéis, dói, céu, ilhéu.
Exemplos:

papéis chapéus troféu

b) Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos formando hiato (sequência de duas vogais
que pertencem a sílabas diferentes), quando vierem após um ditongo. Veja:

baiúca -> baiuca


bocaiúva -> bocaiuva
feiúra -> feiura
cheiínho -> cheiinho
saiínha -> saiinha
Taoísmo -> Taoismo

Atenção: se a palavra for oxítona e o “i” ou o “u” estiverem em posição final (ou seguidos
de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, Piauí.

c) Nas formas verbais que possuem o u tônico precedido das letras g ou q e seguido
de e ou i. Esses casos ocorrem apenas nas formas verbais de arguir e redarguir. Observe:

argúis -> arguis


argúem -> arguem
redargúis -> redarguis
redargúem -> redarguem

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 6


2 - ACENTO DIFERENCIAL

O acento diferencial é utilizado para auxiliar na identificação de palavras homófonas (que


possuem a mesma pronúncia). Com o acordo ortográfico, ele deixará de existir nos
seguintes casos: pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Observe os exemplos:

Ela não pára de dançar. A mãe péla o bebê para dar-lhe banho.

Ela não para de dançar. A mãe pela o bebê para dar-lhe banho.
Este é o pólo norte. Os garotos gostam de jogar pólo.

Este é o polo norte. Os garotos gostam de jogar polo.


Meu gato tem pêlos brancos. A menina trouxe pêra de lanche.

Meu gato tem pelos brancos. A menina trouxe pera de lanche.

Atenção: existem duas palavras que continuarão recebendo acento diferencial:


pôr (verbo) -> para não ser confundido com a preposição por.
pôde (verbo poder conjugado no passado) -> para que não seja confundido
com pode (forma conjugada no presente).

3 - ACENTO CIRCUNFLEXO

O acento circunflexo deixará de ser utilizado nos seguintes casos:


a) Em palavras com terminação ôo. Veja:

enjôo -> enjoo vôo -> voo magôo -> magoo

Mais exemplos: abençoo (abençoar), coo (coar), coroo (coroar), doo (doar), moo (moer),
perdoo (perdoar), povoo (povoar), voos (plural de voo), zoo (zoar).
b) Nas terminações êem, que ocorrem nas formas conjugadas da terceira pessoa do plural
dos verbos ler, dar, ver, crer e seus derivados.

Veja o exemplo abaixo:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 7


Eles lêem. -> Eles leem.

Mais exemplos: creem, deem, veem, descreem, releem, reveem.


Atenção: os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam sendo acentuados na terceira
pessoa do plural.

Eles têm três filhos.


Eles detêm o poder.
Eles vêm para a festa de sábado.
Eles intervêm na economia.

4 - TREMA

O trema, sinal gráfico utilizado sobre a letra u dos grupos que, qui, gue, gui, deixa de existir
na língua portuguesa. Lembre-se, no entanto, que a pronúncia das palavras continua a
mesma.
Exemplos:

cinqüenta-> cinquenta pingüim -> pinguim

Mais exemplos: aguentar, bilíngue, consequência, delinquente, frequente, linguiça,


sequência, sequestro, tranquilo, etc.

Atenção: o acordo prevê que o trema seja mantido apenas em nomes próprios de origem
estrangeira, bem como em seus derivados.
Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano.

5 – ALFABETO

O alfabeto passará a ter 26 letras. Além das atuais, serão incorporadas oficialmente as
letras k, w e y. Observe a posição das novas letras no alfabeto:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q RS T U V W X Y Z

Essas letras poderão aparecer em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras
e seus derivados. Exemplos: km, playground, watt, Kafka, kafkiano, etc.

6 – HÍFEN

O hífen deixará de ser empregado nos seguintes casos:


a) Quando o prefixo terminar em vogal diferente da vogal que iniciar o segundo elemento.
Exemplos:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 8


Estou lendo um livro de auto-ajuda. Ele passou na auto-escola!

Estou lendo um livro de autoajuda. Ele passou na autoescola!

Mais exemplos: agroindustrial, autoafirmação, autoaprendizagem, autoestrada,


autoimagem, contraindicação, contraoferta, extraoficial, infraestrutura, intraocular,
intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiárido, semiautomático,
supraocular, ultraelevado, etc.

b) Quando o prefixo da palavra terminar em vogal e o segundo elemento começar com as


consoantes sou r. Nesse caso, a consoante será duplicada.
Exemplos:

Meu namorado é ultra-romântico. Comprei um creme anti-rugas.

Meu namorado é ultrarromântico. Comprei um creme antirrugas.

Mais exemplos: antessala, antirreligioso, antissemita, autorretrato, antissocial,


arquirromântico, autorregulamentação, contrarregra, contrassenso, extrarregimento,
extrasseco, infrassom, neorrealismo, ultrarresistente, ultrassonografia, semirreta,
suprarrenal.

c) Não se utilizará mais o hífen nas palavras que, pelo uso, perderam a noção de
composição. Veja:

pára-quedas -> paraquedas

Mais exemplos: mandachuva, paraquedista.

Uso do Hífen:

Com o novo acordo, o hífen passará a ser utilizado quando a palavra for formada por um
prefixo terminado em vogal e a palavra seguinte iniciar pela mesma vogal. Observe o
exemplo abaixo:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 9


microônibus-> micro-ônibus

Mais exemplos: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-


inimigo, contra-ataque, micro-ondas, semi-interno, etc.

Atenção: se o prefixo terminar com consoante, usa-se hífen se o segundo elemento


começar com a mesma consoante.

Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, super-resistente, super-romântico, etc.


Lembre-se: nos demais casos, não se usa o hífen.

Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

Dúvidas?
As dúvidas que porventura surgirem acerca da nova ortografia podem ser resolvidas por
meio do novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), cuja elaboração
compete à Academia Brasileira de Letras.

Anotações
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Regras de Acentuação Gráfica

As palavras mais numerosas são as paroxítonas, seguidas pelas oxítonas. A maioria das
paroxítonas termina em -a, -e, -o, -em, podendo ou não ser seguidas de "s". Essas
paroxítonas, por serem maioria, não são acentuadas graficamente. Já as proparoxítonas,
por serem pouco numerosas, são sempre acentuadas.

Proparoxítonas
Sílaba tônica: antepenúltima

As proparoxítonas são todas acentuadas graficamente.


Exemplos:
trágico, patético, árvore

Paroxítonas
Sílaba tônica: penúltima
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:

l fácil
n pólen
r cadáver
ps bíceps
x tórax
us vírus
i, is júri, lápis
om, ons iândom, íons
um, uns álbum, álbuns
ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos
ditongo oral (seguido ou não de s) jóquei, túneis

Observações:
1) As paroxítonas terminadas em "n" são acentuadas (hífen), mas as que terminam
em "ens", não (hifens, jovens).

2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e "r" (semi, super).

3) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s), eo(s),


ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s), io(s).

Exemplos:
várzea, mágoa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início

Oxítonas
Sílaba tônica: última
Acentuam-se as oxítonas terminadas em:

a(s): sofá, sofás


e(s): jacaré, vocês
o(s): paletó, avós
em, ens: ninguém, armazéns

Monossílabos

Os monossílabos, conforme a intensidade com que se proferem, podem


ser tônicos ou átonos.
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Monossílabos Tônicos

Possuem autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase onde aparecem.


Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em:
a(s): lá, cá
e(s): pé, mês
o(s): só, pó, nós, pôs

Monossílabos Átonos

Não possuem autonomia fonética, sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas
átonas do vocábulo a que se apoiam.

Exemplos:
o(s), a(s), um, uns, me, te, se, lhe nos, de, em, e, que, etc.

Observações:

1) Os monossílabos átonos são palavras vazias de sentido, vindo representados por artigos,
pronomes oblíquos, elementos de ligação (preposições, conjunções).

2) Há monossílabos que são tônicos numa frase e átonos em outras.

Exemplos:
Você trouxe sua mochila para quê? (tônico) / Que tem dentro da sua mochila? (átono)
Há sempre um mas para questionar. (tônico) / Eu sei seu nome, mas não me recordo agora.
(átono)

Saiba que:
Muitos verbos, ao se combinarem com pronomes oblíquos, produzem formas oxítonas ou
monossilábicas que devem ser acentuadas por acabarem assumindo alguma das
terminações contidas nas regras.

Exemplos:

beijar + a = beijá-la dar + as = dá-las


fazer + o = fazê-lo fez + o = fê-lo

Acento de Insistência

Sentimentos fortes (emoção, alegria, raiva, medo) ou a simples necessidade de enfatizar


uma ideia podem levar o falante a emitir a sílaba tônica ou a primeira sílaba de certas
palavras com uma intensidade e duração além do normal.

Exemplos:
Está muuuuito frio hoje!
Ele é um miserável! (sentimento de cólera ou desprezo)
Isto é abominável! (sentimento de cólera ou repulsa)
Olha que amor! (sentimento de afeto)
Deve haver equilíbrio entre exportação e importação.

Regras Especiais

Além das regras fundamentais, há um conjunto de regras destinadas a pôr em evidência


alguns detalhes sonoros das palavras.
Observe:

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Ditongos Abertos

Os ditongos éi, éu e ói, sempre que tiverem pronúncia aberta em palavras oxítonas (éi e
não êi), são acentuados.

Veja:
éi (s): anéis, fiéis, papéis
éu (s): troféu, céus
ói (s): herói, constrói, caubóis

Obs.: os ditongos abertos ocorridos em palavras paroxítonas NÃO são acentuados.

Exemplos: assembleia, boia, colmeia, Coreia, estreia, heroico, ideia, jiboia, joia, paranoia,
plateia, etc.

Atenção:
a palavra destróier é acentuada por ser uma paroxítona terminada em "r" (e não por possuir
ditongo aberto "ói").

Hiatos

Acentuam-se o "i" e "u" tônicos quando formam hiato com a vogal anterior, estando eles
sozinhos na sílaba ou acompanhados apenas de "s", desde que não sejam seguidos por "-
nh".
Exemplos:

sa - í – da e - go - ís –mo sa - ú - de

Não se acentuam, portanto, hiatos como os das palavras:

ju – iz ra – iz ru – im ca - ir

Razão: -i ou -u não estão sozinhos nem acompanhados de -s na sílaba.

Observação: cabe esclarecer que existem hiatos acentuados não por serem hiatos, mas por
outras razões.
Veja os exemplos abaixo:
po-é-ti-co: proparoxítona
bo-ê-mio: paroxítona terminada em ditongo crescente.
ja-ó: oxítona terminada em "o".

Verbos Ter e Vir


Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos
verbos ter e vir, bem como nos seus compostos (deter, conter, reter, advir, convir, intervir,
etc.). Veja:

Ele tem Eles têm


Ela vem Elas vêm
Ele retém Eles retêm
Ele intervém Eles intervêm

Obs.: nos verbos compostos de ter e vir, o acento ocorre obrigatoriamente, mesmo no
singular. Distingue-se o plural do singular mudando o acento de agudo para circunflexo:

ele detém - eles detêm


ele advém - eles advêm.
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Acento Diferencial

Na língua escrita, existem dois casos em que os acentos são utilizados para diferenciar
palavras homógrafas (de mesma grafia).
Veja:
a) pôde/pode
Pôde é a forma do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder. Pode é a forma do
presente do indicativo.

Exemplos:
O ladrão pôde fugir.
O ladrão pode fugir.

b) pôr/por
Pôr é verbo e por é preposição.

Exemplos:
Você deve pôr o livro aqui.
Não vá por aí!

Para acentuar as formas verbais com pronome oblíquo em ênclise (depois do verbo) ou
mesóclise (no meio do verbo), cada elemento deve ser considerado como uma palavra
independente.

Observe:
jogá-lo
jogá = oxítona terminada em a (portanto, com acento)
lo = monossílabo átono (portanto, sem acento)

jogá-lo-íamos
jogá = oxítona terminada em a (portanto, com acento)
lo = monossílabo átono (portanto, sem acento)
íamos = proparoxítona (portanto, com acento)

Acento Grave

O acento grave usa-se exclusivamente para indicar a crase da preposição "a" com os
artigos “a”, “as” e com os demonstrativos a, as, aquele(s), aquela(s), aquilo: à, às,
àquele(s), àquela(s), àquilo.

Crase

A palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua


portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas. É de grande
importância a crase da preposição "a" com o artigo feminino "a" (s), com o pronome
demonstrativo "a" (s), com o "a" inicial dos pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e
com o "a" do relativo a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave, depende da compreensão da fusão das
duas vogais. É fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência
dos verbos e nomes que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase, portanto,
consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo
ou pronome.

Observe:
Vou a a igreja.
Vou à igreja.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 14


No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição "a", exigida pelo verbo ir (ir a algum
lugar) e a ocorrência do artigo "a" que está determinando o substantivo feminino igreja.
Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada
pelo acento grave.

Observe os outros exemplos:


Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo (conhecer algo ou alguém), logo não exige
preposição e a crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição "a". Portanto, a crase é possível, desde
que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino "a" ou um dos pronomes já
especificados.

Há duas maneiras de verificar a existência de um artigo feminino "a" (s) ou de um pronome


demonstrativo "a" (s) após uma preposição "a":

1- Colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que se está em dúvida. Se


surgir a formação, ocorrerá crase antes do termo feminino.
Veja os exemplos:
Conheço "a" aluna./Conheço o aluno.
Refiro-me ao aluno./Refiro-me à aluna.

2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição a por outro acompanhado de uma


preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre). Se essas preposições não se
contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem novas formas (na (s), da (s), pela (s),...),
não haverá crase.
Veja os exemplos:
- Penso na aluna.
- Apaixonei-me pela aluna.

- Começou a brigar. - Cansou de brigar.


- Insiste em brigar.
- Foi punido por brigar.
- Optou por brigar.

Atenção: lembre-se sempre de que não basta provar a existência da preposição "a" ou do
artigo "a", é preciso provar que existem os dois.

Evidentemente, se o termo regido não admitir a anteposição do artigo feminino "a" (s), não
haverá crase. Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre:

- Diante de substantivos masculinos:

Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
Assistimos a espetáculos magníficos.
- Diante de verbos no infinitivo:

A criança começou a falar.


Ela não tem nada a dizer.
Estavam a correr pelo parque.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 15


Estou disposto a ajudar.
Continuamos a observar as plantas.
Voltamos a contemplar o céu.

Obs.: como os verbos não admitem artigos, constatamos que o "a" dos exemplos acima é
apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- Diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção das formas
senhora, senhorita e dona:

Diga a ela que não estarei em casa amanhã.


Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Mostrarei a vocês nossas propostas de trabalho.
Quero informar a algumas pessoas o que está acontecendo.
Isso não interessa a nenhum de nós.
Aonde você pretende ir a esta hora?
Agradeci a ele, a quem tudo devo.

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo
método explicado anteriormente. Troque a palavra feminina por uma masculina, caso na
nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase.

Exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- Diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- Diante de palavras femininas:

Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.


Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- Diante da palavra "moda", com o sentido de "à moda de" (mesmo que a expressão moda
de fique subentendida):

O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.


Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
- Na indicação de horas:

Acordei às sete horas da manhã.


Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.
Ele saiu às duas horas.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 16


Obs.: com a preposição "até", a crase será facultativa.

Exemplo:
Dormiram até as/às 14 horas.

- Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas.


Exemplo:

à tarde às ocultas às pressas à medida que


à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo "a". Outros, entretanto,
admitem o artigo, de modo que diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija
a preposição "a". Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo
feminino "a", deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a
preposição "de" ou "em". A ocorrência da contração "da" ou "na" prova que esse nome
de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase.

Exemplo:
Vou à França. (Vim da França. Estou na França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
Cheguei a Pernambuco. (Vim de Pernambuco. Estou em Pernambuco.)
Retornarei a São Paulo. (Vim de São Paulo. Estou em São Paulo.)

ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase.


Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes.
Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), Aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição "a".
Exemplo:

Refiro-me a aquele atentado.


Preposição Pronome

Refiro-me àquele atentado.


O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo ou
alguém) e exige preposição, portanto, ocorre a crase.
Observe este outro exemplo:
Aluguei aquela casa.

O verbo "alugar" é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição.

Logo, a crase não ocorre nesse caso.


Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 17
Veja outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta.

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais

A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se


o verbo que rege esses pronomes exigir a preposição "a", haverá crase. É possível detectar
a ocorrência da crase nesses casos, utilizando a substituição do termo regido feminino por
um termo regido masculino.
Exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.

Veja outros exemplos:


São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam responder nenhuma das questões.
A sessão à qual assisti estava vazia.

Crase com o Pronome Demonstrativo "a"


A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo "a" também pode ser detectada pela
substituição do termo regente feminino por um termo regido masculino.

Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Aquela rua é transversal à que vai dar na minha casa.
Aquele beco é transversal ao que vai dar na minha casa.
Suas perguntas são superiores às dele.
Seus argumentos são superiores aos dele.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

A Palavra Distância

Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a crase deve ocorrer.


Exemplo:
Sua casa fica à distância de 100 quilômetros daqui. (A palavra está determinada.)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A palavra está especificada.)
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não pode ocorrer.
Exemplo:
Os militares ficaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância.
Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 18


Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, pode-se usar a crase.
Veja:
Gostava de fotografar à distância.
Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância.

Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA

- Diante de nomes próprios femininos:


Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes próprios femininos porque é
facultativo o uso do artigo.
Observe:

Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.


A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.

Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes próprios
femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.


Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.

Contei a Laura o que havia ocorrido. Contei a Pedro o que havia ocorrido.
Contei à Laura o que havia ocorrido. Contei ao Pedro o que havia ocorrido.

- Diante de pronome possessivo feminino:

Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes possessivos femininos porque


é facultativo o uso do artigo. Observe:

Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando por você.

Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos,


então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.


Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Diga a sua irmã que estou esperando por Diga a seu irmão que estou esperando por
ela. ele.
Diga à sua irmã que estou esperando por Diga ao seu irmão que estou esperando por
ela. ele.

- Depois da preposição até:

Fui até a praia. ou Fui até à praia.


Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai até às cinco horas da tarde.

Ortoépia ou Ortoepia

A palavra ortoépia se origina da união dos termos gregos orthos, que significa "correto"
e hépos, que significa "palavra". Assim, a ortoépia se ocupa da correta produção oral das
palavras.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 19
1) A perfeita emissão de vogais e grupos vocálicos, enunciando-os com nitidez, sem
acrescentar nem omitir ou alterar fonemas, respeitando o timbre (aberto ou fechado) das
vogais tônicas, tudo de acordo com as normas da fala culta.

2) A articulação correta e nítida dos fonemas consonantais.

3) A correta e adequada ligação das palavras na frase.

Alguns casos de pronúncias conforme padrão culto da língua portuguesa no Brasil.

CORRETAS ERRÔNEAS
adivinhar advinhar
advogado adevogado
apropriado apropiado
aterrissar aterrisar
bandeja bandeija
bochecha buchecha
boteco buteco
braguilha barguilha
bueiro boeiro
cabeleireiro cabelereiro
caranguejo carangueijo
eletricista eletrecista
empecilho impecilho
estupro, estuprador estrupo, estrupador
fragrância fragância
frustrado frustado
lagartixa largatixa
lagarto largato
mendigo mendingo
meteorologia metereologia
mortadela mortandela
murchar muchar
paralelepípedos paralepípedos
pneu peneu
prazerosamente prazeirosamente
privilégio previlégio
problemas poblemas ou pobremas
próprio própio
proprietário propietário
psicologia, psicólogo pissicologia, pissicólogo
salsicha salchicha
sobrancelha sombrancelha
superstição supertição

Em muitas palavras há incerteza, divergência quanto ao timbre de vogais tônicas /e/ e /o/.
Recomenda-se proferir:

Com timbre aberto: acerbo, badejo, coeso, grelha, groselha, ileso, obeso, obsoleto, dolo,
inodoro, molho (feixe, conjunto), suor.

Com timbre fechado: acervo, cerda, interesse (substantivo), reses, algoz, algozes, crosta,
bodas, molho (caldo), poça, torpe.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 20


Prosódia

A prosódia ocupa-se da correta emissão de palavras quanto à posição da sílaba tônica,


segundo as normas da língua culta. Existe uma série de vocábulos que, ao serem proferidos,
acabam tendo o acento prosódico deslocado. Ao erro prosódico dá-se o nome de silabada.

Observe os exemplos.

1) São oxítonas:
Condor, novel, ureter, Mister, Nobel, ruim

2) São paroxítonas:
Austero, ciclope, Madagáscar, recorde, caracteres, filantropo, pudico(dí), rubrica

3) São proparoxítonas:
Aerólito, lêvedo, quadrúmano, munícipe, trânsfuga

Existem palavras cujo acento prosódico é incerto, mesmo na língua culta.

Observe os exemplos a seguir, sabendo que a primeira pronúncia dada é a mais utilizada
na língua atual.

acrobata – acróbata
réptil – reptil
Bálcãs – Balcãs
xerox – xérox
projétil – projetil
zangão - zângão

Ortografia

A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a forma escrita das palavras.
Essa escrita está relacionada tanto a critérios etimológicos (ligados à origem das
palavras) quanto fonológicos (ligados aos fonemas representados).
É importante compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A forma de
grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países em
que a língua portuguesa é oficial.
A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e consultar o dicionário
sempre que houver dúvida.

O Alfabeto

O alfabeto da língua portuguesa visto anteriormente é formado por 26 letras.


Cada letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula.

Veja:

a A (á) j J (jota) s S (esse)


b B (bê) k K (cá) t T (tê)
c C (cê) l L (ele) u U (u)
d D (dê) m M (eme) v V (vê)
e E (é) n N (ene) w W (dáblio)
f F (efe) o O (ó) x X (xis)
g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon)
h H (agá) q Q (quê) z Z (zê)
i I (i) r R (erre)
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 21
Observação: emprega-se também o ç, que representa o fonema /s/ diante das letras: a, o,
e u em determinadas palavras.

Emprego das letras K, W e Y

Utilizam-se nos seguintes casos:

a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados.


Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, taylorista.
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados.
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.

c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso


internacional.

Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt.

Emprego de X e Ch

Emprega-se o X:

1) Após um ditongo.
Exemplos: caixa, frouxo, peixe
Exceção: recauchutar e seus derivados

2) Após a sílaba inicial "en".


Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca
Exceção: palavras iniciadas por "ch" que recebem o prefixo "en-"

Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro), encher e seus derivados
(enchente, enchimento, preencher...)

3) Após a sílaba inicial "me-".


Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão
Exceção: mecha

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas.


Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu

5) Nas seguintes palavras:


bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, rixa, oxalá, praxe, roxo,
vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, etc.

Emprega-se o dígrafo Ch:

1) Nos seguintes vocábulos:


bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute, cochilo, debochar,
fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.

Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia considerada correta é aquela que
ocorre de acordo com a origem da palavra.

Veja os exemplos:
gesso: Origina-se do grego gypsos
jipe: Origina-se do inglês jeep.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 22


Emprega-se o G:

1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem


Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem - Exceção: pajem

2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio


Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio

3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g


Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem)

4) Nos seguintes vocábulos:


algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera,
monge, rabugento, vagem.

Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear

Exemplos:
arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
enferrujar: enferruje, enferrujem
viajar: viajo, viaje, viajem

2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica


Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j


Exemplos:

laranja- laranjeira loja- lojista lisonja - lisonjeador nojo- nojeira


cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer jeito- ajeitar

4) Nos seguintes vocábulos:


berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, traje, pegajento

Emprego das Letras S e Z


Emprega-se o S:

1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no radical


Exemplos:
análise- analisar catálise- catalisador
casa- casinha, casebre liso- alisar

2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título ou origem


Exemplos:

burguês- burguesa inglês- inglesa


chinês- chinesa milanês- milanesa

3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa


Exemplos:

catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa


palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 23
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa

Exemplos:
catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose
5) Após ditongos

Exemplos:
coisa, pouso, lousa, náusea

6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus derivados

Exemplos:
pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
repus, repusera, repusesse, repuséssemos

7) Nos seguintes nomes próprios personativos:


Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás

8) Nos seguintes vocábulos:


abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia, decisão, despesa, empresa,
freguesia, fusível, maisena, mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio,
querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.

Emprega-se o Z:

1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no radical


Exemplos:

deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar


raiz- enraizar cruz-cruzeiro

2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a partir de adjetivos


Exemplos:

inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez rígido- rigidez


frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- surdez

3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar substantivos


Exemplos:
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização
colonizar- colonização realizar- realização

4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita

cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita

5) Nos seguintes vocábulos:


azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz, cicatriz, coalizão,
cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.

6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no contraste entre o S e o Z

Exemplos:
cozer (cozinhar) e coser (costurar)
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 24
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior)
Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z.

Veja os exemplos:

exame exato exausto exemplo existir exótico inexorável

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs

Existem diversas formas para a representação do fonema /S/.

Observe:
Emprega-se o S:

Nos substantivos derivados de verbos terminados em "andir","ender", "verter" e "pelir"

Exemplos:
expandir- expansão
pretender- pretensão
verter- versão
expelir- expulsão
estender- extensão
suspender- suspensão
converter – conversão
repelir- repulsão

Emprega-se Ç:
Nos substantivos derivados dos verbos "ter" e "torcer"

Exemplos:
ater- atenção torcer- torção
deter- detenção distorcer-distorção
manter- manutenção contorcer- contorção

Emprega-se o X:

Em alguns casos, a letra X soa como Ss

Exemplos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, trouxe

Emprega-se Sc:
Nos termos eruditos

Exemplos:
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, fascículo, fascínio,
imprescindível, miscigenação, miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.

Emprega-se Sç:
Na conjugação de alguns verbos

Exemplos:

nascer nasço, nasça


crescer cresço, cresça
descer desço, desça
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 25
Emprega-se Ss:
Nos substantivos derivados de verbos terminados em "gredir", "mitir", "ceder" e "cutir"
Exemplos:

agredir- agressão demitir- demissão


ceder- cessão discutir- discussão
progredir- progressão transmitir- transmissão
exceder- excesso repercutir- repercussão

Emprega-se o Xc e o Xs:
Em dígrafos que soam como Ss

Exemplos:
exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar

Observações sobre o uso da letra X

1) O X pode representar os seguintes fonemas:


/ch/ - xarope, vexame
/cs/ - axila, nexo
/z/ - exame, exílio
/ss/ - máximo, próximo
/s/ - texto, extenso

2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-


Exemplos:
excelente, excitar

Emprego das letras E e I


Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i / pode não ser nítida. Observe:

Emprega-se o E:

1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar

Exemplos:
magoar - magoe, magoes
continuar- continue, continues

2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)

Exemplos:
antebraço, antecipar

3) Nos seguintes vocábulos:


cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc.

Emprega-se o I :

1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir

Exemplos:
cair- cai
doer- dói
influir- influi

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 26


2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)

Exemplos:
Anticristo, antitetânico

3) Nos seguintes vocábulos:


aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio, etc.

Emprego das letras O e U


Emprega-se o O/U:

A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de algumas palavras.

Veja os exemplos:
comprimento (extensão) e cumprimento (saudação, realização)
soar (emitir som) e suar (transpirar)
Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume, moleque.
Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua

Emprego da letra H

Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético. Conservou-se apenas como
símbolo, por força da etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-
se desta forma devido a sua origem na forma latina hodie.
Emprega-se o H:

1) Inicial, quando etimológico


Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio

2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh


Exemplos: flecha, telha, companhia
3) Final e inicial, em certas interjeições
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.

4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo elemento, se etimológico


Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.
Observações:

1) No substantivo Bahia, o "h" sobrevive por tradição. Note que nos substantivos derivados
como baiano, baianada ou baianinha ele não é utilizado.

2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra "h" na sua composição. No
entanto, seus derivados eruditos sempre são grafados com h.
Veja:
herbívoro, hispânico, hibernal.

Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas

1) Utiliza-se inicial maiúscula:

a) No começo de um período, verso ou citação direta.


Exemplos:

Disse o Padre Antonio Vieira: "Estar com Cristo em qualquer lugar, ainda que seja no
inferno, é estar no Paraíso."

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 27


"Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
As promessas divinas da Esperança…"
(Castro Alves)

Observações: - No início dos versos que não abrem período, é facultativo o uso da letra
maiúscula.

Por Exemplo:
"Aqui, sim, no meu cantinho,
vendo rir-me o candeeiro,
gozo o bem de estar sozinho
e esquecer o mundo inteiro."

- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa-se letra minúscula.

Por Exemplo:
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra."
(Manuel Bandeira)
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos:
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.

c) Nos topônimos, reais ou fictícios.


Exemplos:
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.

d) Nos nomes mitológicos.


Exemplos:
Dionísio, Netuno.

e) Nos nomes de festas e festividades.


Exemplos:
Natal, Páscoa, Ramadã.

f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.


Exemplos:
ONU, Sr., V. Ex.ª.

g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou nacionalistas.


Exemplos:
Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria, União, etc.

Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula quando são empregados em
sentido geral ou indeterminado.
Exemplo:
Todos amam sua pátria.

Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:

a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.


Exemplos:
Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Edifício Azevedo ou edifício Azevedo

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 28


2) Utiliza-se inicial minúscula:

a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.


Exemplos:
carro, flor, boneca, menino, porta, etc.

b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.


Exemplos:
janeiro, julho, dezembro, etc.
segunda, sexta, domingo, etc.
primavera, verão, outono, inverno

c) Nos pontos cardeais.


Exemplos:
Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste.

Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os pontos cardeais são grafados
com letra maiúscula.
Exemplos:
Nordeste (região do Brasil)
Ocidente (europeu)
Oriente (asiático)

Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-se letra minúscula.
Exemplo:

"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra."


(Manuel Bandeira)

Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:

a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.


Exemplos:
Crime e Castigo ou Crime e castigo
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido

b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em nomes sagrados e que designam
crenças religiosas.
Exemplos:
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria.

c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e disciplinas.


Exemplos:
Português ou português
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas
História do Brasil ou história do Brasil
Arquitetura ou arquitetura

2) Utiliza-se inicial minúscula:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 29


a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
Exemplos:
carro, flor, boneca, menino, porta, etc.

b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.


Exemplos:
janeiro, julho, dezembro, etc.
segunda, sexta, domingo, etc.
primavera, verão, outono, inverno

c) Nos pontos cardeais.


Exemplos:
Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste.

Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os pontos cardeais são grafados
com letra maiúscula.
Exemplos:
Nordeste (região do Brasil)
Ocidente (europeu)
Oriente (asiático)

Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-se letra minúscula.
Exemplo:
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra."
(Manuel Bandeira)
Anotações
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Emprego dos Porquês

POR QUE

Por que é a sequência de uma preposição (por) e um pronome interrogativo (que).


Equivale a "por qual razão", "por qual motivo": Exemplos:
Desejo saber por que você voltou tão tarde para casa.
Por que você comprou este casaco?

Há casos em que por que representa a sequência preposição + pronome relativo,


equivalendo a "pelo qual" (ou alguma de suas flexões (pela qual, pelos quais, pelas quais).
Exemplos: Estes são os direitos por que estamos lutando.
O túnel por que passamos existe há muitos anos.

POR QUÊ

Caso surja no final de uma frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação,
de exclamação) ou de reticências, a sequência deve ser grafada por quê, pois, devido à
posição na frase, o monossílabo "que" passa a ser tônico.
Exemplos:
Estudei bastante ontem à noite. Sabe por quê?
Será deselegante se você perguntar novamente por quê!

PORQUE

A forma porque é uma conjunção, equivalendo a pois, já que, uma vez que, como.
Costuma ser utilizado em respostas, para explicação ou causa.
Exemplos:
Vou ao supermercado porque não temos mais frutas.
Você veio até aqui porque não conseguiu telefonar?

PORQUÊ

A forma porquê representa um substantivo. Significa "causa", "razão", "motivo" e


normalmente surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo).
Exemplos:
Não consigo entender o porquê de sua ausência.
Existem muitos porquês para justificar esta atitude.
Você não vai à festa? Diga-me ao menos um porquê.

Veja abaixo o quadro-resumo:

Forma Emprego Exemplos


Por Em frases interrogativas (diretas e Por que ele chorou?
que indiretas) (interrogativa direta)
Em substituição à expressão "pelo Digam-me por que ele chorou.
qual" (e suas variações) (interrogativa indireta)
Os bairros por que passamos
eram sujos.
(por que = pelos quais)
Por No final de frases Eles estão revoltados por quê?
quê Ele não veio não sei por quê.
Porque Em frases afirmativas e em Não fui à festa porque choveu.
respostas
Porquê Como substantivo Todos sabem o porquê de seu
medo.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 31


Emprego do Hífen

O hífen é usado com vários fins em nossa ortografia, geralmente, sugerindo a ideia
de união semântica. As regras de emprego do hífen são muitas, o que faz com que
algumas dúvidas só possam ser solucionadas com o auxílio de um bom dicionário.
Entretanto, é possível reduzir a quantidade de dúvidas sobre o seu uso, ao observarmos
algumas orientações básicas.
Conheça os casos de emprego do hífen (-):

1) Na separação de sílabas.
Exemplos:
vo-vó;
pás-sa-ro;
U-ru-guai.

2) Para ligar pronomes oblíquos átonos a verbos e à palavra "eis".


Exemplos:
deixa-o;
obedecer-lhe;
chamar-se-á (mesóclise);
mostre-se-lhe (dois pronomes relacionados ao mesmo verbo);
ei-lo.

3) Em substantivos compostos, cujos elementos conservam sua autonomia fonética e


acentuação própria, mas perdem sua significação individual para construir uma unidade
semântica, um conceito único.
Exemplos:
Amor-perfeito, arco-íris, conta-gotas, decreto-lei, guarda-chuva, médico-cirurgião, etc.

Obs.: certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de
composição, grafam-se sem hífen: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,
paraquedas, paraquedista, etc.

4) Em compostos nos quais o primeiro elemento é numeral.


Exemplos:
primeira-dama, primeiro-ministro, segundo-tenente, segunda-feira, quinta-feira, etc.

5) Em compostos homogêneos (contendo dois adjetivos, dois verbos ou elementos


repetidos).
Exemplos:
técnico-científico, luso-brasileiro; quebra-quebra, corre-corre, reco-reco, blá-blá-blá, etc.

6) Nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão, ou por forma
verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigos.
Exemplos:
Grã- Bretanha, Grão -Pará;
Passa-Quatro, Quebra-Costas, Traga-Mouros, Trinca-Fortes;
Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios,
Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.

Obs.: os outros topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem


hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, etc. O topônimo Guiné-Bissau é,
contudo, uma exceção consagrada pelo uso.

7) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e


zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 32


Exemplos:
couve-flor, erva-doce, feijão-verde, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, bem-me-quer (planta),
andorinha-grande, formiga-branca, cobra-d'água, lesma-de-conchinha, bem-te-vi, etc.

Obs.: não se usa o hífen quando os compostos que designam espécies botânicas e
zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido:
bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental, com hífen) e bico de papagaio
(deformação nas vértebras, sem hífen).

8) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem.
Exemplos:
além-mar, aquém-fronteiras, recém-nascido, sem-vergonha.

9) Usa-se o hífen sempre que o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a
outra palavra.
Exemplos:
anti-inflacionário, inter-regional, sub-bibliotecário, tele-entrega, etc.

10) Emprega-se hífen (e não travessão) entre elementos que formam não uma palavra,
mas um encadeamento vocabular:
Exemplos:
A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade;
A ponte Rio-Niterói;
A ligação Angola-Moçambique;
A relação professor-aluno.

11) Nas formações por sufixação será empregado o hífen nos vocábulos terminados por
sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, tais como -açu, -
guaçu e -mirim, se o primeiro elemento acabar em vogal acentuada graficamente, ou por
tônica nasal.
Exemplos:
Andá-açu, capim-açu, sabiá-guaçu, arumã-mirim, cajá-mirim, etc.

12) Usa-se hífen com o elemento mal antes de vogal, h ou l.


Exemplos:
mal-acabado, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.

13) Nas locuções não se costuma empregar o hífen, salvo naquelas já consagradas pelo
uso.
Exemplos:
café com leite, cão de guarda, dia a dia, fim de semana, ponto e vírgula, tomara que caia.

Locuções consagradas:

água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará,


à queima-roupa.

Prefixos e Elementos de Composição

Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:

Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa


por:
Ante-, Anti-, Contra-, Entre- Extra-, Infra- H/VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA
, Intra-, Sobre-, Supra-, Ultra- O PREFIXO

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 33


Exemplos com H: ante-hipófise, anti-
higiênico, anti-herói, contra-hospitalar,
entre-hostil, extra-humano, infra-
hepático, sobre-humano, supra-
hepático, ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica: anti-
inflamatório, contra-ataque, infra-
axilar, sobre-estimar, supra-auricular,
ultra-aquecido.
Hiper-, Inter-, Super- H / R Exemplos: hiper-hidrose, hiper-
raivoso, inter-humano, inter-racial,
super-homem, super-resistente.
Sub- B - H – R Exemplos: sub-bloco, sub-
hepático, sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e
sem "h", como por exemplo
"subumano" e "subepático" também
são aceitas.
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- B - R - D (Apenas com o prefixo "Ad")
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota- DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
, Soto-, Vice-, Vizo- Exemplos: ex-namorada, sota-
soberania (não total), soto-mestre
(substituto), vice-reitor, vizo-rei.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
significados próprios) Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Obs.: se os prefixos não forem
autônomos, não haverá hífen.
Exemplos: predeterminado, pressupor,
pospor, propor.
Circum-, Pan- H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano, circum-
navegação, circum-oral, pan-
americano, pan-mágico, pan-
negritude.
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA
por apresentarem elevado grau de O PREFIXO
independência e possuírem uma Exemplos com H: geo-histórico, mini-
significação mais ou menos delimitada, hospital, neo-helênico, proto-história,
presente à consciência dos falantes.) semi-hospitalar.
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Exemplos com vogal idêntica: arqui-
Geo-, Hidro-, Macro-, Maxi-, Mega, Micro- inimigo, auto-observação, eletro-ótica,
, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, Proto-, micro-ondas, micro-ônibus, neo-
Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- ortodoxia,
semi-interno, tele-educação.

Importante

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao
segundo elemento, mesmo que este se inicie por 'o' ou 'h'. Neste último caso, corta-se o
'h'. Se a palavra seguinte começar com 'r' ou 's', dobram-se essas letras.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 34


Exemplos:
coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.
2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, mesmo diante de palavras começadas
por 'e'.

Exemplos:
preeleger, preexistência, reescrever, reedição.

3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo


elemento começar por r ou s, estas consoantes serão duplicadas e não se utilizará o hífen.

Exemplos:
antirreligioso, antissemita, arquirrivalidade, autorretrato, contrarregra, contrassenso,
extrasseco, infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc.

Atenção:
Não confunda as grafias das palavras autorretrato e porta-retrato. A primeira é
composta pelo prefixo auto-, o que justifica a ausência do hífen e a duplicação da
consoante 'r'. 'Porta-retrato', por outro lado, não possui prefixo: o elemento 'porta' trata-
se de uma forma do verbo "portar". Assim, esse substantivo composto deve ser sempre
grafado com hífen.

4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo


elemento começar por vogal diferente, não se utilizará o hífen.

Exemplos:
antiaéreo, autoajuda, autoestrada, agroindustrial, contraindicação, infraestrutura,
intraocular, plurianual, pseudoartista, semiembriagado, ultraelevado, etc.

5) Não se utilizará o hífen nas formações com os prefixos des- e in-, nas quais o segundo
elemento tiver perdido o "h" inicial.

desarmonia, desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao possuir função prefixal.

Exemplos: não violência, não agressão, não comparecimento.

Lembre-se:
Não se usa o hífen em palavras com os elementos "bi", "tri", "tetra", "penta", "hexa", etc.

Exemplos:
bicampeão, bimensal, bimestral, bienal, tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão,
tetraplégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:

- Em relação ao prefixo "hidro", em alguns casos pode haver duas formas de grafia.
Exemplos:
"Hidroavião" e "hidravião";
"hidroenergia" e "hidrenergia"

- No caso do elemento "socio", o hífen será utilizado apenas quando houver função de
substantivo (= de associado).
Exemplos:
sócio-gerente / socioeconômico

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 35


Saiba Mais sobre o Uso do Hífen

- Travessão e Hífen
Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é um sinal de pontuação mais longo do
que o hífen.

- Hífen e translineação
Havendo coincidência de fim de linha com o hífen, deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo
no início da linha seguinte.
Exemplos:
ex-
- alferes
guarda-
-chuva
Por favor, diga-
-nos logo o que aconteceu.
Conheça algumas diferenças de significação que o uso (ou ausência) do hífen pode
provocar:

Significado sem uso do hífen Significado com uso do hífen


Meio dia = metade do dia Ao meio-dia = às 12h

Pão duro = pão envelhecido Pão-duro = sovina

Cara suja = rosto sujo Cara-suja = espécie de


periquito

Copo de leite = copo com Copo-de-leite = flor


leite

Anotações
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Sinais de Pontuação

Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não
consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos
e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como
finalidade:

1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;


2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;
3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

Veja a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à escrita maior
clareza e simplicidade.

Vírgula ( , )

A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação
do período. Geralmente é usada:

- Nas datas, para separar o nome da localidade.


Exemplo:
São Paulo, 25 de agosto de 2005.

- Após os advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.


Exemplo:
– Você gostou do vestido?
– Sim, eu adorei!
– Pretende usá-lo hoje?
– Não, no final de semana.

- Após a saudação em correspondência (social e comercial).


Exemplos:
Com muito amor,
Respeitosamente,

- Para separar termos de uma mesma função sintática.


Exemplo:
A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.

Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.

- Para destacar elementos intercalados, como:

a) uma conjunção
Exemplo:
Estudamos bastante, logo, merecemos férias!

b) um adjunto adverbial
Exemplo:
Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 37


Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a locução adverbial,
principalmente quando de pequeno corpo, a não ser que a ênfase o exija.

c) um vocativo
Exemplo:
Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.

d) um aposto
Exemplo:
Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular.

e) Uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc.)
Exemplo:
O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em
Deus.

- Para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.


Exemplo:
O documento de identidade, você trouxe?

- Para separar elementos paralelos de um provérbio.


Exemplo:
Tal pai, tal filho.

- Para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo.


Exemplo:
As flores, eu as recebi hoje.

- Para indicar a elipse de um termo.


Por Exemplo:
Daniel ficou alegre; eu, triste.

- Para isolar elementos repetidos.


Exemplos:
A casa, a casa está destruída.
Estão todos cansados, cansados de dar dó!

- Para separar orações intercaladas.


Por Exemplo:
O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.

- Para separar orações coordenadas assindéticas.


Por Exemplo:
O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.

- Para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas


orações alternativas.
Exemplos:
Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio.
Vá devagar, que o caminho é perigoso.
Estuda muito, pois será recompensado.
As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.

ATENÇÃO
Embora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes de sua
ocorrência:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 38


1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Exemplo:
O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.
Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de "protestou".

2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).
Exemplo:
E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade,
consequência, por exemplo)
Exemplo:
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

- Para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais (quando estiverem antes da


oração principal).
Exemplo:
Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir.
Quando voltei, lembrei que precisava estudar para a prova.

- Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.


Exemplo:
A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.

Ponto e vírgula ( ; )

O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à
melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o
período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos:

- Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre
si.
Exemplo:
O rio está poluído; os peixes estão mortos.

- Para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos
separados por vírgula.
Exemplo:
O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra.

- Para separar itens de uma enumeração.


Exemplo:
No parque de diversões, as crianças encontram:
brinquedos;
balões;
pipoca.

- Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia,


entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula.
Exemplo:
Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã.

- Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da


oração.
Exemplo:
Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 39


Dois-pontos ( : )

O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída.
Emprega-se, geralmente:

- Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.


Exemplo:
"Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz :
– Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos)

- Para anunciar uma citação.


Exemplo:
Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."

- Para anunciar uma enumeração.


Exemplo:
Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.

- Antes de orações apositivas.


Exemplo:
Só aceito com uma condição: irás ao cinema comigo.

- Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.


Exemplos:
Marcelo era assim mesmo: não tolerava ofensas.
Resultado: corri muito, mas não alcancei o ladrão.
Em resumo: montei um negócio e hoje estou rico.

Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou


observações.

Veja:
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma.
Exemplos:
ratificar/retificar, censo/senso, etc.

Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (=
cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios:


cedinho, melhorzinho, etc.

- Na invocação das correspondências.


Exemplo:
Prezados Senhores:
Convidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório
da empresa.
Atenciosamente,
A Direção

Ponto Final ( . )

O ponto final representa a pausa máxima da voz. A melodia da frase indica que o tom é
descendente. Emprega-se, principalmente:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 40


- Para fechar o período de frases declarativas e imperativas.
Exemplos:
Contei ao meu namorado o que eu estava sentindo.
Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar.

- Nas abreviaturas.
Exemplos:
Sr. (Senhor)
Cia. (Companhia)

Ponto de Interrogação ( ? )

O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação direta, ainda que a


pergunta não exija resposta. A entoação ocorre de forma ascendente.
Exemplos:
Onde você comprou este computador?
Quais seriam as causas de tantas discussões?
Por que não me avisaram?

Obs.: não se usa ponto interrogativo nas perguntas indiretas.


Por Exemplo:
Perguntei quem era aquela criança.

Note que:

1) O ponto de interrogação pode aparecer ao final de uma pergunta intercalada, entre


parênteses.
Exemplo:
Trabalhar em equipe (quem o contesta?) é a melhor forma para atingir os resultados
esperados.

2) O ponto de interrogação pode realizar combinação com o ponto admirativo.


Exemplo:
Eu?! Que ideia!

Ponto de Exclamação ( ! )

O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas.


Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui
entoação descendente.
Exemplos:
Como as mulheres são lindas!
Pare, por favor!
Ah! Que pena que ele não veio...

Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático.


Por Exemplo:
Ana! venha até aqui!

Reticências ( ... )

As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de


natureza emocional. Empregam-se:

- Para indicar continuidade de uma ação ou fato.


Exemplo:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 41


O tempo passa...

- Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.


Exemplo:
Vim até aqui achando que...

- Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.


Exemplos:
"Vamos jantar amanhã?
– Vamos... Não... Pois vamos."
Não quero sobremesa... porque... porque não estou com vontade.

- Para realçar uma palavra ou expressão.


Exemplo:
Não há motivo para tanto... mistério.

- Para realizar citações incompletas.


Exemplo:
O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:
"Deitado eternamente em berço esplêndido..."

- Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.
Exemplo:

"Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do
nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também,
se não vier em um ano..." (Machado de Assis)

Saiba que
As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de
sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e
poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor.

Parênteses ( ( ) )

Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não
pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:

- Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão.


Exemplo:
Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um
verbo) que já apareceu anteriormente na frase.

- Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.)
Exemplo:
" O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau,
Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.)

- Para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos
travessões.
Exemplo:
Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros
apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.

- Para delimitar o período de vida de uma pessoa.


Exemplo:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 42


Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987).

- Para indicar possibilidades alternativas de leitura.


Exemplo:
Prezado(a) usuário(a).

- Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.


Exemplo:
Abelardo I - Que fim levou o americano?
João - Decerto caiu no copo de uísque!
Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já!
(sai pela direita)

(Oswald de Andrade)

Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas
alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as
alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula).
Por Exemplo:
No Brasil existem mulheres:
a) morenas;
b) loiras;
c) ruivas.

Os Parênteses e a Pontuação

Veja estas observações:

1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem
manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto.

2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso.
Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses.
Exemplos:
É importante ter atenção ao uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!)
Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta.

Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação
ficará externo.
Por Exemplo:
O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal).

3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando


qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por
colocá-lo após o parêntese de fecho.

Travessão ( – )

O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:

- No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos


diálogos.
Exemplo:
– O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 43


- Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.
Exemplo:
"E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha."
(Machado de Assis)

- Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o
aposto.
Exemplo:
"Junto do leito meus poetas dormem
– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron – Na mesa confundidos."
(Álvares de Azevedo)

- Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.


Exemplo:
"Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade
humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima
da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase."
(Raul Pompeia)

Aspas ( " " )

As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas:

- Antes e depois de citações ou transcrições textuais.


Exemplo:
Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça
namorada."

- Para representar nomes de livros ou legendas.


Exemplo:
Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI.

Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as
palavras, conforme o exemplo:
Ontem assisti ao filme Central do Brasil.

- Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia.


Exemplos:
O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil
está cada vez mais descarado.
(Veja)

Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente.


Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!

- Para realçar uma palavra ou expressão.


Exemplos: Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não".
Quem foi o "inteligente" que fez isso?

Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente,


empregam-se aspas simples.
Exemplo:
"Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e
dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam
chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar."
(Machado de Assis)

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 44


Colchetes ( [ ] )

Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos
escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado:

- Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.


Exemplo:
amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de
outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra.
(Novo Dicionário Aurélio)

- Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.


Exemplo:
Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas
palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar:
1- Bo ta bon? [Você está bem?]
2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]

- Para inserir comentários e observações em textos já publicados.


Exemplo:
Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [ pseudônimo de Visconde de
Taunay, autor de "Inocência"]

- Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto.


Exemplo:
"É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho"
(Machado de Assis)

Asterisco ( * )

O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado:

- Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos.


Exemplo:
Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que
contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este
afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades,
como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.

*É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras
palavras.

- Nas substituições de nomes próprios não mencionados.


Exemplo:
O Dr.* conversou durante toda a palestra.
O jornal*** não quis participar da campanha.

Parágrafo ( § )

O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados,
iniciais das palavras latinas "Signum sectionis" que significam sinal de secção, de corte.
Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha,
falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a +lines) e significa
distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.

O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 45


Exemplo:
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do
disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Anotações
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OS MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

O texto não é simplesmente um conjunto de palavras; pois se o fosse, bastaria agrupá-las


de qualquer forma e teríamos um:

"O ontem lanche menino comeu"

Veja que neste caso não há um texto, há somente um grupo de palavras dispostas em uma
ordem qualquer. Mesmo que colocássemos estas palavras em uma ordem gramatical
correta: sujeito-verbo-complemento, precisaríamos ainda organizar o nível semântico do
texto, deixando-o inteligível.

"O lanche comeu o menino ontem"

O nível sintático está perfeito:


sujeito = o lanche
verbo = comeu
complementos = o menino ontem

Mas o nível semântico apresenta problemas, pois não é possível que o lanche coma o
menino, pelo menos neste contexto. Caso a frase estivesse empregada num sentido
figurado e em outro contexto, isto seria possível.

Pedrinho saiu da lanchonete todo lambuzado de maionese, mostarda e catchup, o lanche


era enorme, parecia que "o lanche tinha comido o menino".

A coesão e a coerência garantem ao texto uma unidade de significados encadeados.

A COESÃO

Há, na língua, muitos recursos que garantem o mecanismo de coesão:

*por referência: Os pronomes, advérbios e os artigos são os elementos de coesão que


proporcionam a unidade do texto.

"O Presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presidente recebeu várias


homenagens."

Esse texto repetitivo torna-se desagradável e sem coesão. Observe a atuação do advérbio
e do pronome no processo de e elaboração do texto.

"O Presidente foi a Portugal. Lá, ele foi homenageado."

Veja que o texto ganhou agilidade e estilo. Os termos “Lá” e “ele” referem-se a Portugal e
Presidente, foram usados a fim de tornar o texto coeso.

*por elipse: Quando se omite um termo a fim de evitar sua repetição.

"O Presidente foi a Portugal. Lá, foi homenageado."

Veja que neste caso omitiu-se a palavra “Presidente”, pois é subentendida no contexto.
*lexical: Quando são usadas palavras ou expressões sinônimas de algum termo
subsequente:

"O Presidente foi a Portugal. Na Terra de Camões foi homenageado por intelectuais e
escritores."

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 47


Veja que “Portugal” foi substituída por “Terra de Camões” para evitar repetição e dar um
efeito mais significativo ao texto, pois há uma ligação semântica entre “Terra de Camões”
e intelectuais e escritores.

*por substituição: É usada para abreviar sentenças inteiras, substituindo-as por uma
expressão com significado equivalente.

"O presidente viajou para Portugal nesta semana e o ministro dos Esportes o fez também."

A expressão “o fez também” retoma a sentença “viajou para Portugal”.

*por oposição: Empregam-se alguns termos com valor de oposição (mas, contudo,
todavia, porém, entretanto, contudo) para tornar o texto compreensível.

"Estávamos todos aqui no momento do crime, porém não vimos o assassino."

*por concessão ou contradição: São eles: embora, ainda que, se bem que, apesar de,
conquanto, mesmo que.

"Embora estivéssemos aqui no momento do crime, não vimos o assassino."

*por causa: São eles: porque, pois, como, já que, visto que, uma vez que.

"Estávamos todos aqui no momento do crime e não vimos o assassino uma vez que nossa
visão fora encoberta por uma névoa muito forte."

*por condição: São eles: caso, se, a menos que, contanto que.

"Caso estivéssemos aqui no momento do crime, provavelmente teríamos visto o assassino."

*por finalidade: São eles: para que, para, a fim de, com o objetivo de, com a finalidade
de, com intenção de.

"Estamos aqui a fim de assistir ao concerto da orquestra municipal."

A COERÊNCIA

É muito confusa a distinção entre coesão e coerência, aqui entenderemos como coerência
a ligação das partes do texto com o seu todo.
Ao elaborar o texto, temos que criar condições para que haja uma unidade de coerência,
dando ao texto mais fidelidade.

“Estava andando sozinho na rua, ouvi passos atrás de mim, assustado nem olhei, saí
correndo, era um homem alto, estranho, tinha em suas mãos uma arma...”

Se o narrador não olhou, como soube descrever a personagem?

A falta de coerência se dá normalmente: Na inverossimilhança, falta de concatenação e


argumentação falsa.

Observe outra situação:


“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo que parecia um saco de lixo, cheguei
mais perto para ver o que acontecia...”
Ocorre neste trecho uma incoerência pois se era realmente um saco de lixo, com certeza
não iria acontecer coisa alguma.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 48


Outro tipo de incoerência: Ao tentar elaborar uma história de suspense, o narrador escolhe
um título que já leva o leitor a concluir o final da história.

Um milhão de dólares
“Estava voltando para casa, quando vi na calçada algo que parecia um saco de lixo, ao me
aproximar percebi que era um pacote...”

O que será que havia dentro do pacote? Veja como o narrador acabou com a história na
escolha infeliz do título.
A incoerência está presente, também, em textos dissertativos que apresentam defeitos de
argumentação.
Em muitas redações observamos afirmações falsas e inconsistentes. Observe:

“No fundo nenhuma escola está realmente preocupada com a qualidade de ensino.”

“Estava assistindo ao debate na televisão dos candidatos ao governo de São Paulo, eles
mais se acusavam moralmente do que mostravam suas propostas de governo, em um certo
momento do debate dois candidatos quase partem para a agressão física. Dessa forma,
isso nos leva a concluir que o homem não consegue conciliar ideias opostas é por isso que
o mundo vive em guerras frequentemente.”

Note que nos dois primeiros exemplos as informações são amplas demais e sem nenhum
fundamento. Já no terceiro, a conclusão apresentada não tem ligação nenhuma com o
exemplo argumentado.
Esses exemplos caracterizam a falta de coerência do texto.

Finalizando:
tanto os mecanismos de coesão como os de coerência devem ser empregados com cuidado,
pois a unidade do texto depende praticamente da aplicação correta desses mecanismos.

Implícitos, pressupostos, subentendidos, ambiguidade, denotação e conotação

“Saber ler um texto é saber fazer as inferências corretas ou plausíveis que cada trecho do
texto propicia.”
(Heronides Moura)

White Chapel

Uma família brasileira foi passar as férias na Alemanha. Durante um de seus passeios, os
membros da referida família, gostaram de uma pequena casa de verão que era alugada
para temporadas. Falaram com o proprietário, um Pastor Protestante e pediram-lhe que
mostrasse a casa, a qual muito agradou aos visitantes. Combinaram então, alugá-la para o
verão seguinte. Regressando ao Brasil, discutiam os planos para as próximas férias, quando
o chefe da família lembrou-se de não ter visto o banheiro. Confirmando o sentido prático
dos brasileiros, escreveu ao Pastor, para obter pormenores. A carta foi redigida assim:
"Sou membro da família que há pouco o visitou com a finalidade de alugar sua propriedade
no próximo verão, mas como esquecemos de um importante detalhe, muito lhe
agradeceríamos se nos informasse onde se encontra o W.C. Aguardando a sua resposta.

 O Pastor Protestante, não compreendendo o sentido exato da abreviatura W.C. mas


julgando tratar-se da capelinha inglesa White Chapel, respondeu nos seguintes termos.

 “Gentil Senhor,

Recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a que se refere fica a
12 Km da casa. Isto é muito incômodo, sobretudo para quem tem o hábito de ir lá

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 49


diariamente. Neste caso é preferível levar comida e ficar o dia todo. Alguns vão a pé, outros
de bicicleta. Há lugar para 400 pessoas sentadas e mais 100 em pé. Há ar condicionado
para evitar os inconvenientes da aglomeração. Os assentos são de veludo.
Recomenda-se chegar cedo para conseguir lugar para sentar. As crianças sentam-se
ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada é fornecida uma folha de papel a
cada pessoa, mas se alguém chegar depois, pede a do vizinho. Essa folha deve ser usada
durante todo o mês. As crianças não recebem folhas, dado o número limitado das mesmas.
Existem amplificadores de sons, de modo que, quem não entra, pode acompanhar os
trabalhos lá de fora, pois se ouvem os mínimos sons.
Ali não há qualquer preconceito, pois todos se sentem irmanados, sem distinção de
sexo ou cor. Tudo o que se recolhe lá é para os pobres da região. Fotógrafos por vezes
tiram fotografias para o jornal da cidade, para que todos possam ver seus semelhantes no
cumprimento do dever humano."

A leitura de um texto exige do leitor algo mais do que conhecimento do código


linguístico, pois o texto não é apenas um amontoado de palavras e frases, e sua
interpretação não é produto da decodificação de um receptor passivo. Isso significa que
um texto não contém o sentido em si, apenas.

Implícitos e interpretação textual


A ideia de implícito em um texto está naquilo que está presente pela ausência, ou seja, o
conteúdo implícito pode ser definido como o conteúdo que fica à margem da discussão
porque ele não vem explicitado no texto.

Implícitos e interpretação textual:

a) o que não está dito, mas que, de certa forma, sustenta o que está dito;

b) o que está suposto para que se entenda o que está dito;

c) aquilo a que o que está dito se opõe;

d) outras maneiras diferentes de se dizer o que se disse e que significa com nuances
distintas etc.

Pressupostos

O dicionário Houaiss define pressuposto como “circunstância ou fato em que se considera


um antecedente necessário do outro.
Ex.: Maria parou de fumar.
Obs.: Para ser aceita como verdadeira, essa frase, seu autor e o leitor precisam concordar
como antecedente a informação verdadeira de que Maria fumava antes.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 50


Marcadores de Pressuposição

Alguns advérbios ou locuções adverbiais:


Martiniana está bela nesta noite de formatura.

Pronomes adjetivos:
Cartinélio foi meu primeiro namorado na capital de mês estado.

Verbos que indicam mudança ou permanência de estado:


O presidente americano converteu-se ao catolicismo romano.

Marcadores de Pressuposição
Determinadas conjunções:
Casei-me com uma menina bem alta, mas sou feliz.

Orações Adjetivas
Os americanos, que se consideram os guardiões da democracia, estão animados com seu
novo presidente.

Subentendido

SUBENTENDER: perceber ou compreender o que não está bem claro ou explicado, apenas
sugerido.
Em Para Entender o Texto, os autores definem os subentendidos, como: “[…] são as
insinuações escondidas por trás de uma afirmação” (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244); em
Lições de Texto, “São insinuações, não marcadas linguisticamente, contidas numa frase ou
num conjunto de frases” (PLATÃO; FIORIN, 1997, p. 310).

O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o pressuposto é um dado


posto como indiscutível para o falante e par o ouvinte, não é para ser contestado; o
subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-
se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o
que o ouvinte depreendeu. (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244)

Texto 01
 Flu se reapresenta nesta terça e deve ter mudanças.

Texto 02
 Globo muda programação para atender a nova classe C.

Texto 03
 França acha mais partes do Airbus que caiu na costa do Brasil.

Assim, no texto 01, temos:


Posto: Flu se reapresenta nesta terça e deve ter mudanças.
Pressuposto: O time do Fluminense volta a se apresentar na terça.
Subentendido: O time do Fluminense já havia se apresentado.

Vejamos o texto 02:


Posto: Globo muda programação para atender a nova classe C.
Pressuposto 1: A TV Globo mudou a programação que não atendia a nova classe C.
Pressuposto 2: Há uma nova classe C.
Subentendido 1: A programação anterior não atendia a nova classe C.
Subentendido 2: Já existia uma classe C que não era contemplada pela programação da
Rede Globo.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 51


Subentendido 3: A classe C passou a ser alvo da programação da Rede Globo.

Vamos ao texto 03:


Posto: França acha mais partes do Airbus que caiu na costa do Brasil.
Pressuposto: Outras partes do avião Airbus que caiu foram encontradas.
Subentendido 1: Partes do avião já haviam sido encontradas.
Subentendido 2: Houve um acidente envolvendo um Airbus que caiu na costa do Brasil.

A ambiguidade

A ambiguidade pode ser entendida como a possibilidade de uma palavra ou grupo de


palavras possuírem mais de um significado, podendo, dessa forma, ser compreendida de
diversas maneiras por um receptor.
Vejamos uns exemplos:

a) Menino vê incêndio do prédio.

b) Macaco esquecido no porta-malas é motivo de confusão.

Observa-se que as sentenças acima admitem mais de um significado. No exemplo


(a) podemos ter as seguintes interpretações: o menino viu o incêndio de algo do prédio
onde estava, ou o menino viu o prédio ser incendiado. Já no exemplo (b) podemos inferir
que o substantivo macaco pode ser um aparelho mecânico utilizado para levantar pesos
grandes, ou um animal (primata).
Nessas sentenças analisamos que a ambiguidade não ocorre da mesma forma. Em
(a) o contexto dá ideia de duplo sentido; em (b) o fator que determina o significado
ambíguo é o substantivo macaco.
A ambiguidade é o fenômeno que pode ser gerado em virtude de diversos fatores.
Observemos agora algumas classificações atribuídas a ela.

A ambiguidade lexical

A mesma ocorre sempre que uma palavra admite pelo menos uma dupla
interpretação num dado contexto, sendo que a mesma pode ser gerada por dois tipos de
fenômeno: a homonímia e a polissemia.

1. A homonímia – constitui a ambiguidade lexical as palavras homófonas, isto é, que


apresentam a mesma grafia e sentido diferente (homógrafa) e o mesmo som com grafia e
sentidos distintos. (Homófonas).

Ex.: Os ministros devem aterrar a qualquer momento.


(aterrar = causar terror / aterrar = aproximar-se do solo).

2. Polissemia – constitui ambiguidade lexical as palavras polissêmicas, ou seja, que


possuem mais de um sentido.

Ex.: A rede foi cortada ontem à noite.


(rede = rede de deitar, rede elétrica, rede de computadores, etc).

A Ambiguidade sintática

Ocorre quando apresenta problemas de ordem sintática quanto às funções que cada
termo exerce nas orações. Na ambiguidade sintática há duplo sentido não em relação ao
significado das palavras, mas em relação às funções dos termos.

Ex.: Eu li a notícia sobre a greve na faculdade.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 52


Podemos interpretar esta sentença de duas formas: ou eu li a notícia estando na
faculdade, ou a greve acontece na faculdade. Nota-se que a ambiguidade da sentença não
é determinada pelo duplo sentido das palavras, mas pela funcionalidade dos termos.

A ambiguidade semântica

Resultam das diversas possibilidades de significado das palavras que ocorrem nas
frases. Vejamos o seguinte exemplo:

Garoto leva gravata do próprio irmão e vai parar no hospital.

No exemplo dado, a ambiguidade semântica resulta dos diversos significados da


palavra gravata, que pode ser: uma tira de lã, seda ou algodão que se usa no pescoço; ou
um golpe sufocante dado no pescoço.
Podemos observar também a presença dos elementos ambíguos em ocasiões
diferentes das sentenças. Observemos a sua inserção em outros contextos.

A ambiguidade nas piadas

É muito comum vermos nos enunciados humorísticos, como as piadas, a presença


constante da ambiguidade. Ela enriquece e possibilita ao ouvinte uma dupla interpretação
do enunciado, além de proporcionar uma boa dose de humor.
Vejamos um exemplo:

Nota-se que a ambiguidade está na expressão pastel de um real. O cliente pede ao


vendedor um pastel que custa um real, mas este entende que o cliente queria comer um
pastel recheado com uma nota de um real. Com isso, percebe-se que o fenômeno da
ambiguidade causou uma confusão na comunicação de ambos.

Observemos agora outro exemplo:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 53


Neste caso, a ambiguidade está no verbo torcer. O vendedor explica para a cliente que ela
deve torcer (girar) a tampa da garrafa, mas esta entende de forma errada e assim começa
a torcer (vibrar) para a tampa abrir. Percebe-se também que a comunicação entre os
sujeitos não foi bem sucedida, em virtude do duplo sentido.

A ambiguidade nas imagens

Outras situações que nos permitem múltiplas interpretações são as que se


apresentam através das imagens. É possível verificarmos a ambiguidade por meio de fotos,
desenhos, gravuras e etc.
Vejamos:

A imagem permite que o observador atribua mais de um significado para a imagem,


dependendo do enfoque ou da ótica de quem vê. Olhando ligeiramente, tem-se a impressão
que se trata de um casal de velhinhos olhando um para o outro, mas ao analisar bem a
cena, podemos perceber que são duas pessoas: uma tocando violão e outra segurando um
pote na cabeça. Ao longe, percebe-se outra pessoa saindo de uma sala, sendo que o
ambiente retratado parece uma espécie de palácio. Neste caso, a ambiguidade permite que
vejamos mais de uma cena, retratada na mesma imagem.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 54


Como se pode ver, o fenômeno da ambiguidade ocorre em virtude de diversos
eventos linguísticos, sendo que não está presente apenas em enunciados, mas também em
imagens, piadas, músicas, entre outras situações em que o receptor possa inferir mais de
uma interpretação.

A ambiguidade é a estratégia de o escritor ou falante elaborar mais de um sentido a um


mesmo enunciado ou discurso em um mesmo contexto.
Tudo isso seria resolvido se seu João pagasse logo a galinha de sua mãe.
Foi ai que o americano disse ao brasileiro que estava impossível viver no seu país.

Ambiguidade decorrente da polissemia

 Ocorre quando uma palavra propõe múltiplo sentidos, em determinado contexto e


situação de uso.

Ambiguidade causada por anáforas

 A anáfora é o processo pelo qual um termo, geralmente um pronome, retoma uma


palavra usada anteriormente na mesma frase.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 55
Ambiguidade por segmentação

 Esse tipo de ambiguidade ocorre quando palavras juntas sugerem uma terceira na
fala. Por exemplo, referindo-se ao Hino Nacional Brasileiro, alguém diz: “Nosso hino é
um dos mais poéticos do mundo”. A expressão Nosso hino sugere a palavra suíno. Na
escrita, porém, a visualização das palavras esclarece a ambiguidade.

Denotação e conotação

 A conotação, mais do que a denotação, está associada às informações implícitas.


Quando uma palavra, ou conjunto de palavras, sai de seu uso corriqueiro estabilizado,
propondo significações ambíguas, ela passa para o nível da conotação.

Atividades

 1) Responda as perguntas a seguir com base na tirinha da Mafalda abaixo.

 a) Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no último quadro?


 b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?
 c) De que maneira esse conteúdo implícito é necessário para a compreensão do texto?

 2) Leia a tira abaixo e diga qual o subentendido em que se fundamenta toda a


historinha. Explique a importância da recuperação desse subentendido para a criação
do humor, no texto.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 56


 3) Leia a charge abaixo e responda às questões que seguem:

a) Que pressuposto é ativado pela palavra agora?


b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual finalidade?

4) Qual o pressuposto e o subentendido no slogan da propaganda?

Leia este texto:

Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente
no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o
ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de
outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de
comunicação. FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006.
p. 36-37. (Adaptado)

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 57


Observe este exemplo: “João parou de fumar”.

Nesse enunciado, é a presença da expressão “parar de” que instaura o pressuposto de que
João fumava antes.

Leia, agora, estas manchetes:

1. Petrobrás é vítima de novos furtos.


(O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.)

2. Dengue vira risco de epidemia em BH.


(Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr. 2008.)

Com base nas informações dadas acima e considerando essas duas manchetes de jornal,
indique:

a) quais são os pressupostos que delas se depreendem.

b) os marcadores linguísticos responsáveis pela instauração desses conteúdos implícitos.

Anotações
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DO MUNDO DA LEITURA PARA A LEITURA DO MUNDO

La Liseuse,
PIERRE-AUGUSTE RENOIR (1841 — 1919)

Vamos estudar um pouco sobre a importância da leitura em nossas vidas, como também
como fazer um relato textual. Agora, olhe a imagem acima e retenha-se um pouquinho
admirando-a.

• Olhe para as mãos da moça retratada: o que ela segura?


• Olhe para o rosto da moça retratada: o que a fisionomia dela expressa?
• Agora repare um pouco nas cores da pintura, no jogo de luz e sombra, de onde parece
saltar a luminosidade?
• A que conclusões você pode chegar sobre a obra após essa análise realizada?

A pintura acima é bastante incentivadora, pois demonstra alegria e satisfação que o hábito
da leitura pode nos proporcionar. Contudo, aqui no Brasil, esses sentimentos joviais nem
sempre são alcançados por todos. Quer saber por quê? Então leia o texto informativo
sobre o 6º INAF (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – ano 2007), discuta-
o com seus colegas de sala e depois realize os exercícios solicitados:

CAI NÚMERO DE ANALFABETOS FUNCIONAIS

Analfabeto – Não consegue realizar tarefas simples


que envolvem decodificação de palavras e frases.
Alfabetizado Nível Rudimentar – Consegue ler
títulos ou frases, localizando uma informação bem
explícita.
Alfabetizado Nível Básico – Consegue ler um texto
curto, localizando uma informação explícita ou que
exija uma pequena inferência.
Alfabetizado Nível Pleno – Consegue ler textos
mais longos, localizar e relacionar mais de uma
informação, comparar vários textos, identificar fontes.

Inaf 2007 mostra, no entanto, que pouco mais um quarto da população alcançou o nível
pleno de alfabetismo.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 59
O Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) de 2007 mostra uma redução no
percentual da população brasileira entre 15 e 64 anos que é considerada analfabeta
funcional. De acordo com o levantamento, o percentual de analfabetos absolutos passou
de 11% no período de 20042005 para 7% agora. Já o percentual dos alfabetizados com
nível rudimentar permaneceu praticamente estável, passando de 26% para 25%. A soma
dessas duas classificações indica o total de analfabetos funcionais, que passou de 37% em
2004-2005 para 32% em 2007.
“Ao mesmo tempo, podemos observar um contínuo crescimento no nível básico de
alfabetismo, que passou de 33% em 2001 para 40% em 2007”, acrescenta Ana Lima,
diretora-executiva do Instituto Paulo Montenegro, iniciativa do Ibope na área da Educação.
O Inaf é realizado em parceria pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa, ONG
criada em 1994 com atuação na área de Educação.
Apesar nos números positivos no que se refere ao analfabetismo funcional e ao
alfabetismo nível básico, o Inaf de 2007 traz também conclusões preocupantes. O
percentual da população classificada no nível pleno de alfabetismo oscila, desde 2001, em
torno de um quarto do total de brasileiros, totalizando apenas 28% em 2007.
Ana Lima explica que, internacionalmente, as medidas de analfabetismo funcional
tomam por base os anos de estudo da população. Supostamente, ao completar a 4ª série
os alunos já deveriam dominar as habilidades básicas de alfabetismo. Do mesmo modo,
esperasse que, ao concluir o Ensino Fundamental (8ª série), os alunos alcancem o nível
pleno de alfabetismo. No entanto, os dados consolidados do Inaf no período de 2001 a
2007 mostram que, da população brasileira entre 15 e 64 anos com nível de escolaridade
de 1ª a 4ª série, apenas 31% apresentam nível básico de alfabetismo e 64% são
analfabetos funcionais; dos que completaram da 5ª a 8ª série, apenas 20% alcançam o
nível pleno de alfabetismo, enquanto 27% são analfabetos funcionais.

Fonte: De olho na Educação

INTERPRETANDO O TEXTO:

1) O que significa a sigla INAF e qual é a sua função?


2) Lendo as informações apresentadas no terceiro parágrafo, pode-se perceber que o
autor do texto revela uma preocupação. Explique qual é essa preocupação:
3) Relendo os dados estatísticos do quarto parágrafo, apresente uma conclusão a que
você chegou sobre o ensino da leitura na escola brasileira.

Quando lemos com atenção o texto sobre o 6º INAF (Indicador Nacional de


Alfabetismo Funcional – ano 2007) podemos considerar a existência de dois tipos de
leitores: o Bom e o Mau leitor. No fragmento de texto opinativo abaixo veremos o ponto
de vista de uma professora sobre as diferenças de cada um deles. Acompanhe:

O QUE É UM MAU LEITOR?

[...]O mau leitor, na verdade, não se propõe a nenhum diálogo intermediado por
outra coisa que não seja seus próprios desejos interiores. A letargia, ou a preguiça,
acompanha e consagra o indivíduo que se mantém dominado por impulsos ou como
joguete de estímulos os quais não controla. Ele não se pergunta, por exemplo, - o que
sei sobre isso? O compromisso do aprendiz consigo mesmo, enquanto potencialmente um
aprendiz, não se realiza.
Como o aprendiz não se pergunta sobre o que sabe ou não sabe, não direciona
sua atenção, muito menos se concentra em qualquer leitura. Com esse tipo de
comportamento, não pode identificar quais sejam a ideias principais de um texto, assinalar
as partes mais importantes de um artigo ou confrontar os pontos de vista do autor com
os seus. Impossível, consequentemente, analisar, avaliar, julgar por parâmetros definidos,
externos, universais ou objetivos.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 60


No entanto, mesmo admitindo que esteja fazendo um curso porque sua formação
não está finalizada, não aceita ter deficiências ou limites na esfera do conhecimento, nas
habilidades cognitivas. A imagem que tem de si mesmo não confere com seu desempenho
afetivo e intelectual. Seu sentir e seu pensar apresentam-se desconectados. Não
reconhece o tipo de energia que lhe move e, por isso mesmo, terá imensa dificuldade em
tornar-se um bom leitor.
Lizia Helena Nagel - Fonte: Revista Espaço Acadêmico. Nº 32 – Janeiro/2004

INTERPRETANDO O TEXTO:

1) De acordo com o texto, quais são as características de um mau leitor?


2) Para a autora, quais são as competências que o aprendiz não possui, tornando-o,
portanto, incapaz de constituir-se um bom leitor?

"A charge é uma espécie de crônica humorística. Tem o caráter de crítica, provocando
o hilário, cujo efeito é conseguido por meio do exagero. O chargista utiliza o humor para
buscar o que está por trás dos fatos e personagens de que se trata.

ESTABELECENDO RELAÇÃO ENTRE OS TEXTOS:

1) Qual a relação que podemos estabelecer entre a fala da personagem “mãe” da


charge com a opinião apresentada pela autora do texto “O que é um mau leitor”?
2) Se compararmos a expressão facial da moça retratada na pintura de Renoir, no início
da unidade, com a fala e a expressão no rosto do menino da charge, inseridos no
contexto da leitura, podemos afirmar que a leitura dignifica o homem? Explique:

ESTUDO DA LÍNGUA

O PRONOME

O pronome é uma palavra que tem como função substituir ou acompanhar um nome.

É uma classe de palavra muito útil na nossa comunicação oral e escrita, pois evita que
fiquemos repetindo várias vezes um mesmo nome em um texto. Veja, por exemplo, no
primeiro parágrafo do texto O que é um mau leitor? o uso que a autora fez do pronome
“Ele”, na quarta linha, para retomar a ideia “O mau leitor”, na primeira linha.
Localize outras situações nos textos e acompanhe atentamente seu professor na
explicação do quadro abaixo.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 61
Pronomes pessoais

Pessoa Caso reto / Referência Caso oblíquo

Átonos Tônicos
Singular 1ª Eu Quem fala me mim, comigo

2ª Tu Com quem se te ti, contigo


fala
3ª Ele, ela De quem se fala se, lhe, o, a si, consigo, ele, ela
Plural 1ª Nós Quem fala nos nós, conosco

2ª Vós Com quem se vos vós, convosco


fala
3ª Eles, De quem se fala se, lhes, os, eles, elas, si,
elas as consigo

EXERCÍCIO:

Reescreva o parágrafo abaixo fazendo a adequação necessária dos pronomes para evitar
repetições e dar sentido ao texto:

1) O bom leitor costuma ler com frequência o que faz o bom leitor avaliar o que lê e o
bom leitor ter bom vocabulário. Assim, o bom leitor tem habilidade para conhecer o valor
de um livro, já que sabe quando deve ler o livro até o fim ou quando deve parar de ler o
livro. Finalmente, o bom leitor compartilha as leituras dos livros com os amigos, pois quer
partilhar com os amigos a leitura dos livros que leu.

Anotações
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Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 62


MAFALDA

O texto que você lerá agora recebe o nome de tira. Ele geralmente circula em
jornais e, além de divertir, muitas vezes pode servir como questionamento frente à
sociedade na qual estamos inseridos. Nesta tira, em especial, seremos apresentados a
uma menininha de sete anos chamada Mafalda. Ela é muito esperta e faz com que em
suas histórias tomemos conhecimento de assuntos que são de gente grande. Observe
essas duas tiras e depois responda o que se pede:

Oi. A Susanita disse E então?


Burocracia? Mas
que você tem uma
que nome! Por que
tartaruga e eu vim
Burocracia, hein?
ver. Que nome você Já está
deu para ela? fechada.
Talvez se
você tivesse
vindo
Burocracia antes...

Como assim hoje não E amanhã, a que horas


dá mais? Que absurdo, mais ou menos?
eu vim especialmente!
Bom, aí eu já Afinal, não
Sinto muito! não posso fiquei sabendo
Vai ter que informar direito. por que aquele
ser amanhã. nome.
Hoje é Tá...! Tudo
im possível bem, volto
amanhã.

(Quino. Mafalda e seus amigos. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 22

EXERCÍCIOS

1) Mafalda tem uma tartaruga, chamada Burocracia.


• Levante hipóteses: por que Mafalda teria posto esse nome no animal?
• Considerando o contexto da história e a finalidade do gênero história em
quadrinhos, responda: qual é a intenção da tira ao relacionar a tartaruga com a
burocracia?

2) No primeiro balão, Miguelito diz à Mafalda: "A Suzanita disse que você tem uma
tartaruga e eu vim ver". Nesse enunciado, Miguelito suprime uma palavra facilmente
subentendida no contexto.
• Qual essa palavra?
• Caso Miguelito quisesse explicitado nome, mas sem repeti-lo, poderia empregar
um pronome. Como ficaria a frase com esse pronome?

3) O texto apresenta vários marcadores temporais, isto é, palavras e expressões


que indicam uma sequência de fatos no tempo. Indique algumas dessas palavras
ou expressões.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 63


PRODUÇÃO TEXTUAL

ANTES DE REDIGIR, PLANEJAR

Aprender a escrever é aprender a pensar. O autor Othon Garcia, autor do livro


Comunicação em prosa moderna, Rio de Janeiro: F.G.V, 2006 diz que “assim como não é
possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou. Quando
nos limitamos a dar temas para a redação sem sugerir roteiros ou rumos para fonte de
ideias, o resultado é quase sempre desanimador”.

É isso mesmo, palavras não criam a ideias. Geralmente acontece uma situação
muito comum em sala de aula: o professor dá um tema, o aluno começa a escrever
alucinadamente o primeiro parágrafo, inicia o segundo e... Trava! Por mais que ele tente,
não consegue continuar. Sabe por quê? Pois não têm ideia para continuar o caminho
escolhido.
Por isso, antes de você escrever é necessário planejar. Para ficar mais fácil, segue
um plano de trabalho. Isso realmente é muito importante!

1- quando for escrever sobre um tema, pense livremente sobre ele, anotando as ideias que
forem aparecendo.
2 - quando for produzir um texto descritivo, anote os elementos mais significativos, que
realmente caracterizam um objeto, uma pessoa, uma paisagem, um processo...
3 - caso seja um texto narrativo, defina os personagens, o cenário, tempo, conflito, o tipo
de narrador...
4 - no caso de um texto argumentativo, anote os argumentos a favor e contra a sua tese.
Em seguida, defina um posicionamento diante do tema.
5- coloque suas ideias em ordem, numa sequência organizada.
6 - selecione as melhores ideias, dando estrutura ao tema que será desenvolvido, sem
esquecer qual será o seu leitor, onde circulará seu texto, sua intenção, etc.

O RELATO PESSOAL

[...] Em santos, onde morávamos, minha mãe me lia histórias, meu pai gostava
de declamar poesias. Foi em um momento da escola - 6ª série hoje – que li do começo
ao fim um romance: Inocência, de Taunay. Essa é minha mais remota lembrança de
leitura de um romance brasileiro. Lia o livro aberto nos joelhos, afundada numa poltrona
velha e gorda, num quartinho com máquina de costura, estante cheia de livros e
quinquilharias e vez ou outra atrapalhada por uma gata branca chamada Minnie.
Até então leitura era coisa doméstica. Tinha a ver apenas comigo mesma, com os
livros que havia na estante de meu pai e com os volumes que avós, tias e madrinhas me
davam de presente. No cardápio destas leituras, Monteiro Lobato com seu sítio do pica-
pau amarelo, as aventuras de Tarzan, gibis e mais gibis.
Mas um dia a escola entrou na história.
Dona Célia, nossa professora de português, mandou a gente ler um livro chamado
Inocência. Disse que era um romance. Na classe tinha uma menina chamada Maria
Inocência. Loira desbotada, rica e chata. Muito chata. Alguma coisa em minha cabeça
dizia que um livro com nome de colega chata não podia ser coisa boa.
Foi por isso que com a maior má vontade do mundo é comecei a leitura do
romance. O livro começou bem chatinho, mas depois acabei me interessando por ele. Não
o incluo entre os melhores livros que li, mas foi ele quem me ensinou a ler romances e a
gostar deles, desconfiando primeiro, abrindo trilhas depois e, finalmente, me entregando
a história.
Depois vieram outros, em casa e na escola. Com o tempo virei uma profissional
da leitura, dando aula de literatura em colégios, cursinhos e faculdades.
Assim, livros e leituras foram ocupando espaços cada vez maiores. Na minha casa
e na minha vida. A estante do quartinho dos fundos ampliou-se. Falar de livros virou
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 64
profissão e muitos outros romances brasileiros continuaram a construção da leitora que
sou hoje.
Marisa Lajolo. Como e por que ler o romance brasileiro. Rj: objetiva, 2004.

EXERCÍCIO:

1) Nesse texto, a autora relata alguns fatos de sua vida relacionados à leitura.
• O que a autora chama de leitura doméstica?
• O livro indicado pela professora de português tinha o mesmo nome que o de uma
colega de classe: Inocência. Que relação feita pela autora a predispôs começar a
leitura do livro sem entusiasmo?
• Apesar da desconfiança inicial, o que o romance ensinou a autora? Por quê?

2) Nos relatos, é comum o emprego da descrição, usada para caracterizar pessoas,


lugares, objetos, etc. Como autora descreve:
• A sua colega Maria inocência?
• A poltrona onde costumava ler?

3) Os fatos relatados no texto são ficção ou episódios vividos pela autora? Que trecho do
primeiro parágrafo comprova sua resposta?

4) Embora esteja escrito em linguagem padrão, existem alguns momentos do texto em


que a autora faz uso de certa informalidade. Identifique no texto uma dessas
passagens.

5) Levante hipóteses: por que a autora faz uso de certa informalidade em seu relato?

Resumindo: o relato pessoal em um texto que representa episódios marcantes na vida de


uma pessoa. O narrador é protagonista. Os verbos e os pronomes são empregados
principalmente na primeira pessoa e predomina o tempo passado. A linguagem empregada
é compatível com o perfil do autor e de seus leitores e segue geralmente a variedade
padrão da língua.

AGORA É COM VOCÊ:

Lembre-se de um episódio marcante ocorrido com você, na infância ou mais


recentemente, no qual esteja envolvida uma experiência de leitura. Agora, escreva um
relato pessoal seguindo estas instituições:

• Antes de começar a escrever o relato, pense nos leitores. Ele será lido por
colegas da sua classe de nivelamento, pelo professor e por seus familiares.
• Relate o episódio escolhido procurando situá-lo no tempo e no espaço,
citando as pessoas envolvidas, descrevendo o que você sentiu no momento,
etc. Escreva seu relato na primeira pessoa empregando os verbos no
passado.
• Faça um rascunho e, quando terminar de escrever seu texto, realize uma
revisão cuidadosa seguindo as orientações do quadro resumindo acima.
• Lembre-se, se precisar de ajuda, chame o professor. Agora, mãos à obra!

Anotações_______________________________________________________________
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A DITADURA DA BELEZA

Fonte: www.arteonline.com.br/narciso

Vamos estudar um pouco sobre a ditadura da beleza, assunto tão valorizado em


nosso País Tropical. Como tipologia textual, estudaremos o resumo.
Você percebeu a imagem acima? É um jovem chamado Narciso. A história dele é
muito bonita e serve como introdução ao nosso tema.

O MITO DE NARCISO

Quase todo mundo conhece a história original (grega) sobre Narciso: um belo
rapaz que, todos os dias, ia contemplar seu rosto num lago. Era tão fascinado por si
mesmo que, certa manhã, quando procurava admirar-se mais de perto, caiu na água e
terminou morrendo afogado. No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que passamos a
chamar de narciso.
O escritor Oscar Wilde, porém, tem uma maneira diferente de terminar esta
história. Ele diz que, quando Narciso morreu, vieram as Oréiades – deusas do bosque –
e viram que a água doce do lago havia se transformado em lágrimas salgadas -Por que
você chora? – perguntaram as Oréiades.
-Choro por Narciso.
-Ah, não nos espanta que você chore por Narciso – continuaram elas. – Afinal de
contas, de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, apenas você era o único
que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza.
-Mas Narciso era belo? – quis saber o lago.
-Quem mais do que você poderia saber disso? responderam surpresas, as
Oréiades. Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:
-Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo. Choro
por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens eu podia
ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza refletida.

Paulo Coelho. O Alquimista. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

INTERPRETANDO O TEXTO:

1) A história lida é uma narração adaptada pelo autor do mito de Narciso. De acordo
com o texto, qual foi o motivo da morte do personagem?
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 66
2) A fala do lago, ao final da narrativa, apresenta um jogo de espelhos. Narciso via-se
no lago e este se admirava nos olhos de Narciso. Desenvolva um pequeno parágrafo
explicando o verdadeiro motivo do choro do lago.

A beleza é algo que vale, realmente, qualquer esforço? O texto abaixo, embora
informativo, apresenta uma estrutura na qual o ponto de vista de seu autor fica evidente.

Vamos lê-lo?

DESCONSTRUINDO O BELO

O ditado popular é definitivo nas discussões sobre a beleza: quem ama o feio, bonito
lhe parece. Mesmo assim, padrões estéticos muitas vezes são impostos de forma ditatorial
pela mídia, levando pessoas a regimes absurdos e comportamentos obsessivos em busca
da forma ideal. Todos querem, cada vez mais, ser mais bela do que fera. Tão logo pula da
cama, o modelo Diego Pretto da agência People corre para espiar o espelho. “Acordo, olho
o meu rosto e digo: como eu sou bonito!” O porto-alegrense de 18 anos, olhos verdes, 1,75
m de altura e 62 quilos, se define como dono de uma “beleza clássica”, sem explicar muito
o conceito. O jovem narciso só não é original. Arqueólogos encontraram varetas de ocre
vermelho no sul da África, provando que a preocupação com a aparência data de pelo
menos 40 mil anos. Tal esmero em alcançar o belo – que hoje rende à indústria estética
centenas de bilhões de dólares – parece valer a pena, não importa o sacrifício que implique.
Afinal, o que é ser belo? Lendas, condicionamentos sociais, imposição de modelos
de raça, cor, tamanho e volume, tudo faz parte de um padrão de beleza que sempre muda
muito com o tempo.
O afã de embelezar-se implica riscos para a saúde. A empresária carioca Márcia
Pinheiro Brasil sofreu uma parada cardíaca durante uma lipoaspiração e ficou em coma 12
dias. Sete anos depois, não recuperou ainda com plenitude a visão. Tem sequelas
neurológicas que a impedem de ler ou fazer cálculos simples como dois e dois. Deficiências
do tato não permitem sequer abotoar a roupa. “A vaidade pode custar caro”, afirma ela.
Para o presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica, casos como o de Márcia são acidentais.
“É o mesmo risco de atravessar a rua.”
Os psiquiatras diagnosticaram uma forma inversa de anorexia nervosa, chamada
disformia muscular, que ataca os homens. É quando o sujeito se diz fraco e mirrado, quando
é grande e musculoso. O distúrbio afetivo causa ansiedade, depressão, compulsão
obsessiva e distúrbios de alimentação. Estudos mostram que 15% dos adolescentes
americanos já usaram “bombas” (anabolizantes) para inflar os músculos, correndo o risco
de derrame, infarto e esterilidade. Isso ocorre quando o modelo de beleza se torna
patológico. Não é o caso de Leandro Xavier Fraga, 18 anos, do curso de Administração de
Empresas da Ulbra. Ele nunca usou anabolizantes para virar um Arnold Schwarzenegger.
“Está fora de moda. Mas não importa porque sempre haverá uma garota a fim de um cara
musculoso. Eu era fraco e feio. Em dois anos de musculação e dieta, ganhei 15 quilos. O
assédio feminino aumentou”, conta o rapaz. As garotas flertam com a anorexia, que pode
ser fatal quando a pessoa consome menos de 400 calorias diárias. Emagrecer à custa de
dietas inadequadas provoca descontrole da glândula tiroide, taquicardia e arritmia, além de
distúrbios nos rins. “A pele fica ressecada e pode até cair cabelo. Estrias nas pernas não
devem ser descartadas. Sem falar em problemas emocionais como ansiedade e depressão”,
afirma o endocrinologista Jorge Bastos Garcia. “No Brasil, artista que emagrece escreve
livro, quando não abre um spa”, diz Garcia, referindo-se a Adriana Galisteu e Tânia Alves.
“Pior: professor de educação física de academia está receitando fórmulas milagrosas de
emagrecimento.” As magérrimas podem não conseguir engravidar ou sofrer complicações
na gravidez. “A gordura do ventre alimenta o feto. Quem é saudável tem 25% de teor de
gordura, mas as agências de modelos fazem com que as raparigas tenham menos de 10%”,
condena Garcia.
Paulo César Teixeira
Fonte: www.sinpro.rs.org/extra/set00/comportamento.asp

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 67


INTERPRETANDO O TEXTO:

1) No primeiro parágrafo do texto é utilizada a expressão “todos querem, cada vez


mais, ser mais bela do que fera”. Qual a mensagem que o autor pretende passar?
2) No texto “Desconstruindo o belo” o jovem modelo Diego Pretto é chamado de
Narciso. Responda: Em quais elementos o autor se baseia para fazer a comparação?
O que eles (o modelo Diego e Narciso) apresentam em comum?
3) Segundo o autor, quais são os malefícios que a busca desenfreada da beleza pode
trazer aos seres humanos?

MISSÓLOGO SUGERE LIPOASPIRAÇÃO PARA MISS RS

Bruna Gabriele Felisberto, 21 anos, conquistou o título de Miss Rio Grande do Sul
2009 na noite de sábado (7). Para concorrer ao título de Miss Brasil 2009, a morena
estuda a possibilidade de fazer algumas intervenções cirúrgicas.
Embora reconheça a beleza de Bruna, o missólogo (especialista em misses)
Evandro Hazzy acredita que a beldade ficaria ainda mais exuberante caso fizesse uma
lipoaspiração no abdome e na cintura e colocasse próteses de silicone nos seios. “Ela é
uma mulher lindíssima, mas precisa de alguns ajustes para ficar ainda mais perto dos
padrões que agradam a comissão julgadora”, afirma Hazzy.
A miss cursa o terceiro semestre da faculdade de biomedicina na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pretende conciliar os estudos com a preparação
para o concurso Miss Brasil do próximo ano.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil

ESTABELECENDO RELAÇÃO ENTRE OS TEXTOS:

1) Comparando os textos acima (Missólogo sugere lipoaspiração para miss RS e


Desconstruindo o Belo), verifica-se que ambos tratam de um mesmo assunto,
contudo através de temas diferentes. Considerando as discussões e leituras
realizadas sobre os avanços biotecnológicos na área da saúde humana, pode-se
afirmar que a tecnologia ainda restringe-se a aparência e não a essência
humana? De acordo com os textos, qual o motivo dessa afirmação?

ESTUDO DA LÍNGUA

Elementos de Coesão Textual

A palavra texto relembra tecido, a soma ordenada de um emaranhado de fios que


juntos tomam forma. Logo, um determinado tecido é muito mais que a soma de seus fios.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 68


É na unidade que ele tem sentido. Assim também é um texto, muito mais que apenas
palavras soltas, é um todo cheio de significados.
Mas, para que isso aconteça, essa tessitura tem que ter uma lógica de ligação
interna que permita identificá-la como um todo, pois um texto torna-se claro, coeso e
coerente quando está bem estruturado, os termos e as orações estão bem relacionadas.
A coesão é a amarração entre as várias partes do texto, apresentada por "Certas Palavras"
visando às relações sintáticas possíveis dentro da língua. Abaixo, apresentamos alguns
desses mecanismos:

O pronome isso (em destaque) se refere a toda a frase anterior

Segundo psicólogos, a baixa autoestima pode gerar problemas sérios para os indivíduos.
Isso significa no futuro uma provável depressão patológica.

O pronome as quais e o pronome se, (em destaques) Se referem à expressão muitas


adolescentes.

Ficar horas a frente de um espelho é a mania de muitas adolescentes, as quais muitas


vezes não enxergam a imagem real, achando-se sempre muito gordas.

O emprego dos conectivos é imprescindível para o sentido do texto. Veja as conjunções


e preposições em destaque nos fragmentos textuais abaixo:

Os pais avançadinhos que me desculpem, mas deixar os filhos adolescentes livres para
decidirem sobre o que é bom ou mal para eles no quesito saúde é errado. Mesmo que
tenham estudado e nunca “reprovado na escola” isso não é argumento para autonomia
porque biologicamente não estão prontos para decisões dessa magnitude.

Um curso de Psicologia de uma universidade do interior do Paraná avaliou três grupos de


adolescentes buscando informações sobre comportamentos violentos em ambiente de sala
de aula com colegas e professores durante 30 dias.

Exercício:
Preste bastante atenção às diferenças para que o texto fique coeso.

MAS = PORÉM MAIS = INDICA QUANTIDADE MÁS = FEMININO DE MAU

A mãe e o filho discutiram, ...........não chegaram a um acordo.


Você quer..............razões para acreditar em seu pai?
Pessoas...........deveriam fazer reflexões para acreditar..........na bondade do que no ódio.
Eu limpo,................depois vou brincar.
O frio não prejudica................o Tico.
Infelizmente Tico morreu,..............comprarei outro cãozinho.
Todas as atitudes.............devem ser perdoadas,...........jamais ser repetidas, pois,

PRODUÇÃO TEXTUAL

Agora chegou a hora de estudarmos mais um tipo de texto. O resumo. Esse texto é muito
utilizado no ensino superior. Então, muita atenção e bom estudo!

A TÉCNICA DO RESUMO

As muitas qualidades de vida

O que vale mais: dinheiro ou felicidade? Se você escolhesse um país para viver,
levaria quais valores em consideração? Perguntas como essas costumam vir embutidas nos
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 69
famosos rankings de qualidade de vida. O mais recente, da revista inglesa The Economist,
publicada no fim de 2007 trouxe um resultado curioso: colocou em primeiro lugar a Irlanda,
país que ocupa a décima posição no índice de desenvolvimento humano (IDH) da ONU, o
mais famoso levantamento do tipo. Afinal, qual é o melhor critério de avaliação?
"O IDH é útil para revelar as situações emergenciais num país. Já o objetivo da The
Economist é fazer um balanço econômico", diz Alberto Ogata, vice-presidente da Associação
Brasileira de Qualidade de Vida. Mas há quem ache ambos limitados. "O ranking das
tradicionais costumam ter defeitos como apontar o índice de alfabetização, mas não a
qualidade dos livros", afirma Francisco Milaez, da Associação Gaúcha de Proteção do
Ambiente Natural.
Um caso, em especial, ilustra como a qualidade de vida é um conceito subjetivo.
Rankings mostram a Colômbia ao mesmo tempo como o país mais feliz e a nona maior
desigualdade de renda do planeta. Qual das duas é a mais importante? "O melhor seria
medir a diferença entre essas aspirações de um povo e as condições em que ele vive.
Quanto menor a diferença, melhor a qualidade de vida", diz o americano Chris Warner,
doutor em qualidade de vida pela Southern University. E aí: você escolheria viver na
Colômbia ou na Irlanda?
Superinteressante, edição 209

Exercício:

 Reler o primeiro parágrafo do texto.


o Qual é o assunto central dele?
o O que provocou a discussão desse assunto?

 No segundo parágrafo, dois especialistas falam sobre os dois levantamentos sobre


qualidade de vida. O que a fala deles ajuda a esclarecer?

 O terceiro parágrafo apresenta uma conclusão acerca do que foi discutido nos dois
parágrafos anteriores. Qual essa conclusão?

Para fazer um resumo é necessário compreender as ideias apresentadas no texto. As


questões referentes ao texto lido foram elaboradas com esse objetivo. É possível perceber
que o texto pode ser dividido em três partes, cada uma correspondendo a um parágrafo.
A resposta de cada questão pode ser transformada numa frase que constitua um resumo
da ideia essencial de cada parte. Veja:

 É muito difícil medir a qualidade de vida de um país, uma vez que diferentes
levantamentos obtêm diferentes resultados;
 Segundo especialistas, os resultados diferem, porque cada levantamento feito com
um objetivo determinado e, por isso, tem limitações;
 Qualidade de vida é um conceito subjetivo e, para avaliá-la bem, seria conveniente
medir a diferença entre as aspirações de um povo e as condições em que ele vive.
Diferença menor indicaria melhor qualidade de vida.

Juntando-se resumos das partes de fazendo das ligações sintáticas necessárias


(atente para os elementos sublinhados), temos um resumo das ideias essenciais contidas
no texto, observe:

EXEMPLO DE RESUMO

É muito difícil medir a qualidade de vida de um país, uma vez que diferentes
levantamentos obtêm diferentes resultados. Segundo especialistas, isso acontece porque
cada levantamento é feito com um objetivo específico e por isso apresenta limitações. Para
um resultado satisfatório seria necessário medir a diferença entre as aspirações de um povo

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 70


e as condições em que ele vive. Pode-se concluir, então, que qualidade de vida é um
conceito subjetivo.

Como você pode observar, resumir um texto não é reproduzir frases ou partes integrais do
texto original, construindo uma espécie de colagem de suas ideias principais. Então é
necessário:
1) ler mais de uma vez o texto e dividi-lo em partes;
2) identificar as ideias essenciais de cada parte e reescrevê-las de maneira sucinta,
eliminando comentários de citações. Ainda nesta etapa, fique atento à relação entre as
frases, prestando atenção nas locuções adverbiais (em primeiro lugar,
consequentemente, etc.) e nos elementos relacionais (entretanto, já que, embora, mas,
etc.) palavras que estabelecem relações entre as ideias.
3) dar a redação final, juntando as ideias na sequência em que elas aparecem no texto
original e explicitando as relações entre elas.

AGORA É COM VOCÊ:

Leia o texto abaixo e faça um resumo, seguindo as etapas apresentadas acima:

Autoestima não é vaidade

Autoestima corresponde a uma sensação íntima de bem-estar, relacionada com


termos sido capazes de executar alguma tarefa à qual nos propusemos. Por exemplo, se
decidirmos querermos acordar todo dia às 6h da manhã para fazer 1h de ginástica e, de
fato, assim procedermos, o resultado será uma enorme satisfação interior. O mesmo vale
para alguém que se proponha estudar inglês, a perder peso, etc. O assunto é irrelevante.
O que conta é a pessoa determinar uma tarefa e conseguir realizá-la. Autoestima tem a
ver consigo mesmo. É estar feliz com o próprio desempenho.
A vaidade é totalmente diferente. Depende de observadores externos, pessoas
que nos aplaudam e nos admirem. A gratificação da vaidade depende de sermos capazes
de nos destacar.
A partir da adolescência, esse ingrediente da nossa sexualidade se torna muito
importante. Sei, durante a infância, queremos ser iguais aos nossos amiguinhos, a partir
da puberdade, desejamos ser especiais e únicos para atrair os olhares que nos excitam.
No que diz respeito à vaidade, é possível que as pessoas sejam capazes de
enganar os observadores. Um rapaz poderá, por exemplo, ganhar do seu pai um carro
muito bonito. Isso poderá despertar olhares de admiração por parte de muitas moças,
além de inveja de muitos rapazes - o que sempre tem a ver com a admiração. A vaidade
do rapaz poderá se satisfazer muito com esses olhares e ele irá se sentir especial,
importante, dirigindo aquele carro. A vaidade estará gratificada e a autoestima rebaixada,
uma vez que intimamente ele sabe que os méritos não podem ser creditados a si mesmo
e sim ao carro que o pai comprou.
A vaidade depende apenas do mundo das aparências, ao passo que autoestima
depende da nossa essência. E assim não existe possibilidade de engano, pois podemos
iludir os outros, mas não a nós mesmos.
GIKOVATE, Flávio. Autoestima não é vaidade. Cláudia. São Paulo: julho 1996 p. 208.

Anotações
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Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 71


ESPREME QUE SAI SANGUE!

Vamos estudar um pouco sobre a influência da mídia sensacionalista em nossas


vidas e a estrutura do texto dissertativo. Proteja-se, com muito cuidado, e bom estudo!

Dê uma boa olhada na montagem de imagens apresentada acima:

• O que é que elas possuem em comum?


• Na montagem existem dois conhecidos apresentadores de televisão da cidade de
Maringá. Que relação é possível ser estabelecida entre a presença deles na imagem
com o título da unidade?

Agora, dando continuidade, realizaremos a leitura de um artigo científico.


Você deve participar atentamente, pois esse tipo de texto é muito solicitado pelas FASP e
Centro Paulistano pelos professores dos cursos de graduação:

A CONSTRUÇÃO DE UM DISCURSO NÃO-SENSACIONALISTA


Por Lívia Andrade em 2/9/2008

A revista Veja é a publicação semanal de maior circulação no país e possui um


caráter de legitimidade e veracidade. Em seu discurso, porém, encontram-se fatores
considerados jornalismo sensacionalista. No entanto, Veja não se assume como tal e, para
isso, constrói suas reportagens sob as prescrições jornalísticas. O artigo pretende revelar
pontos sensacionalistas encontrados no discurso de Veja e, como a mesma se posiciona
no jornalismo brasileiro como publicação séria, verdadeira e confiável, analisar uma
reportagem sobre o caso Isabella Nardoni.

O conceito de sensacionalismo pode ser definido como:


"Modo de produção discursivo da informação da atualidade processado por critérios de
intensificação e exagero gráfico, temático, lingüístico e semântico, contendo em si valores
e elementos desproporcionais, destacados, acrescentados ou subtraídos no contexto de
representação ou reprodução de real social" (Pedroso apud Angrimani, 1995: 14).

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 72


O termo vem de "provocar sensação" através da abordagem do tema, seja pelo
texto, pelas fotos, ou pelas ilustrações. Logo, a mesma notícia pode ser sensacionalista
ou não, dependendo do modo de produção e veículo que a publica. Marcondes Filho
descreve a prática sensacionalista como:
"O grau mais radical da mercantilização da informação: tudo o que se vende é
aparência e, na verdade, vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver
melhor do que a manchete. (...) O jornalismo sensacionalista extrai do fato, da notícia, a
sua carga emotiva e apelativa e a enaltece. Fabrica uma nova notícia que, a partir daí,
passa a se vender por si mesma" (Marcondes Filho apud Angrimani, 1995: 15).

Suspeitos são condenados; BO’s são sentenças

Um dos pontos altos do discurso sensacionalista é a sua narrativa. O relato


transporta o leitor; é como "se ele estivesse lá, junto ao estuprador, ao assassino, ao
macumbeiro, ao sequestrador, sentindo as mesmas emoções" (Pedroso apud Angrimani,
1995). É preciso narrar a notícia em tom dramático, dar detalhes, voz à testemunha e
principalmente à vítima ou parente desta. A linguagem utilizada não admite neutralidade
ou distanciamento. É uma linguagem mais coloquial, clichê, que faz com que o leitor se
entregue às emoções. A linguagem editorial precisa ser chocante e causar impacto. O
sensacionalismo não admite moderação" (Angrimani, 1995: 40).
A violência é um tema recorrente, tanto em jornais considerados sérios quanto
nos sensacionalistas. A reportagem estudada traz morte e violência, assuntos comuns em
veículos sensacionalistas. Estes temas atraem leitores independentemente do nível
cultural ou econômico (Angrimani, 1995). O que difere os jornais sensacionalistas é a
valorização do assunto, já que o veículo sensacionalista coloca uma "lente de aumento"
sobre o fato (Angrimani, 1995).
A cobertura da violência na mídia nacional apresenta problemas de informação ao
tratar suspeitos como condenados e apresentar boletins de ocorrências como sentenças
judiciais (Agência de Notícias dos Direitos da Infância, 2001). O atual jornalismo não
contextualiza, não explica; limita-se a entrevistar testemunhas e narrar os atos de
violência (ANDI, 2001).

"Foram eles"

Luís Nassif escreveu sobre o problema do timing ao entrar e sair de assuntos


polêmicos:
"O primeiro a avançar um pouco mais, mesmo que não haja elementos
consistentes para comprovar a acusação, faz o alarde para firmar a posição de
pioneirismo, caso as acusações tenham fundamento. Depois, quando as acusações
começam a se dissolver, há uma resistência em se render aos fatos" (Nassif apud Benette,
2002: 71).
Angrimani (1995) descreve que o sensacionalismo pode ser visto como uma forma
diferente de passar informação, como uma opção de estratégia usada pelos meios de
comunicação. Assim, mesmo veículos não considerados sensacionalistas podem ter
algumas vezes na sua produção momentos sensacionalistas.
Os veículos tentam se afastar dessa denominação pelo fato de que os leitores
associam o termo a fatores como erro de apuração, distorção, deturpação, editorial
agressivo, entre outros que, para Angrimani, são acontecimentos isolados que podem
ocorrer também dentro de jornais informativos comuns. Por causa dessa associação, a
publicação considerada sensacionalista é coloca à margem, afastada da mídia "séria"
(Angrimani, 1995).
Em 23 de abril de 2008, Veja publicou uma reportagem especial de capa sobre a
morte de Isabella Nardoni, ocorrida três semanas antes. Naquela semana, o pai e a
madrasta da menina haviam sido indiciados. Na capa, foi publicada uma foto do casal na
qual apenas parte dos rostos aparece em meio ao escuro, foto comum tirada de
criminosos dentro do carro de polícia. Para completar o ar de bandidos, a manchete é

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 73


dada em fonte chamativa: "Foram eles". A revista coloca uma linha fina em cima da
manchete, em letras amarelas, em uma fonte muito menor: "Para a polícia, não há mais
dúvidas sobre a morte de Isabella."

Dar a "última verdade"

A reportagem especial, de oito páginas, recebe como título dois adjetivos nada
imparciais: "Frios e Dissimulados". Dessa vez, a conclusão é a opinião clara da revista. O
texto traz informações sobre acontecimentos na família horas antes do crime. É seguido
de um relato sobre a vida do pai e da madrasta, bem como sua relação, fazendo juízo de
valor dos dois personagens através da voz de amigos e parentes não identificados no
texto. A reportagem aborda ainda a avó materna e a mãe da menina, através de relatos
de amigos também não identificados, narrados com forte teor sentimental, além de fotos
e uma ilustração dos fatos descritos naquela noite. Apenas no último parágrafo a
reportagem explica que agora a polícia pode pedir a prisão preventiva e que o casal deverá
ser julgado.
Ao contrário de veículos vistos como sensacionalistas, a revista apresenta alguns
pontos em sua linha editorial que a caracterizam como fonte fiel à verdade, mesmo que
a revista assuma sua linha opinativa. Para isso, a revista de maior circulação nacional se
mostra como "uma instituição que está autorizada a falar porque é detentora de um poder
legitimado pelo seu status" (Augusti, 2005: 80). Nilton Hernandes afirma que Veja tem
uma ideologia e "vai construir o real em função dessa ideologia, e não o contrário". O
dono da revista, Roberto Civita, assume a publicação como aquela que dá a verdade
última sobre tudo. Hernandes afirma que Veja transforma o problema de ser a última
mídia a noticiar a seu favor, já que assim pode dar a última verdade, julgando o que é
verdade e o que é mentira.

"Frieza e dissimulação"

E de onde vem essa legitimidade atribuída a Veja? Uma das estratégias é o uso
de fontes oficiais para justificar as suas teses. A impressão com que o leitor fica é que a
revista ouviu tantas pessoas, e dessas, tantos especialistas, que o que ela diz só pode ser
verdade. Muitos leitores não percebem que, muitas vezes, as fontes defendem o mesmo
ponto de vista, por mais numerosas que sejam.
Na reportagem analisada, a tese é de que o pai e a madrasta mataram Isabella –
mesmo antes de isso ser julgado pela Justiça. Para isso, a repórter coloca na boca de
policiais os fatos afirmados como verdades finais. "A polícia está convencida de que
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá combinaram jogar Isabella pela janela..." Outro
fator que dá credibilidade ao discurso da revista é o caráter explicativo que o veículo
possui em seus textos, como se estes não fossem abertos à discussão ou interpretação.
O texto analisado traz a linguagem de um jornal sensacionalista. As frases e
termos são recheados de adjetivos, figuras de linguagem e outros elementos que
"mostram, a todo o momento, a opinião do jornalista" (Augusti, 2005). A narrativa procura
envolver o leitor, levá-lo ao crime num tom dramático e assume um tom sentimental ao
tratar da mãe e avó da vítima. O título da matéria traz apenas dois adjetivos: "Frios e
Dissimulados". A linha-fina confirma a tese a ser defendida: "Pai e madrasta mataram
Isabella, numa sequência de agressões que começou ainda no carro, conclui a polícia".
Ao longo do texto são constatados termos como "tranquilos, filhinho de papai,
esquentada, relação tumultuada, família harmoniosa, provavelmente aterrorizadas",
"espetáculo de frieza e dissimulação" etc.

Conclusão de algo que não é real

A publicação utiliza-se de formas opinativas, mas apresenta-se sob as prescrições


jornalísticas (Nascimento, 2002). Para isso, usa a impessoalidade da terceira pessoa ("Não
se sabe ainda o que motivou o crime..."); fontes oficiais ("Pai e madrasta mataram

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 74


Isabella, numa sequência de agressões que começou ainda no carro, conclui a polícia");
e coloca as acusações na boca das fontes na narrativa ("Em determinado momento, como
disseram à polícia testemunhas presentes à festa, a menina fez algo que enfureceu o
pai").
Apenas no último parágrafo da reportagem, Veja esclarece que os suspeitos ainda
não foram condenados: "A polícia tenciona pedir a prisão preventiva de Nardoni e Anna
Carolina. Se condenados ao final do processo..."
Faz parte da tradição das revistas nacionais terminar suas reportagens com a
opinião do jornalista (Augusti, 2005). Logo, o texto transcorre entre informações
concretas e teses defendidas pela revista. "Nessa transposição de linguagem é que pode
ocorrer o sensacionalismo" (Angrimani, 1995: 41). O leitor precisa ter espírito crítico para
saber quando se passa da linguagem objetiva para a sensacionalista, devendo estar
atento às intenções discursivas presentes na notícia.
Veja é fonte de diversas pesquisas e ataques críticos. Encaixada dentro dos
conceitos jornalísticos, ela se mostra verdadeira ao leitor "formador de opinião" do país.
Foi aqui mostrado que, para repercutir do jeito que o faz, a publicação faz uso de diversos
elementos presentes no jornalismo sensacionalista.
O erro do sensacionalismo é o exagero e a condução do leitor à conclusão de algo
que não é real. Na reportagem analisada, recursos sensacionalistas fazem o leitor concluir
a tese defendida por Veja: o pai e a madrasta da menina são culpados, mesmo antes de
um julgamento.

INTERPRETANDO O TEXTO:

1) O autor do texto “a construção de um discurso não-sensacionalista”, logo no início,


apresenta sua opinião sobre a revista Veja. Qual é a opinião dele sobre ela?
2) Para o autor, por que o sensacionalismo se torna tão agradável aos olhos do público?
3) Desenvolva uma síntese de como o caso da prisão dos pais da menina Isabella
Nardoni foi apresentado pela revista Veja.
4) Segundo o autor, no que a escolha de certas palavras como os adjetivos da matéria
podem interferir na opinião pública?
5) Durante a matéria apresentada no texto, o autor em muitos momentos apresenta no
final de algumas frases nomes e números como, por exemplo, (Pedroso apud
Angrimani, 1995: 14). O que é que essa marcação significa? Qual é a função dela
nos textos científicos?

Agora, leia a charge abaixo e responda o que se pede:

Fonte: www.chargeonline.com.br
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 75
INTERPRETANDO O TEXTO:

A charge de Kleber, acima, busca apresentar um ciclo vicioso existente quando


tratamos do assunto Violência. Sobre a charge, responda:

1) Quais são os tipos de violência retratadas pelo chargista?


2) O pronome de terceira pessoa do caso reto “ela” é repetido diversas vezes na charge.
Que elemento retoma? Qual o objetivo autor da charge ao utilizar esse recurso de
repetição?
3) A charge apresentada possui um título. Qual o significado pretendido pelo chargista ao
escrever “A sociedade e suas cobaias”?

ESTUDO DA LÍNGUA

ACENTO TÔNICO/GRÁFICO

Um dos conteúdos que deixa a maioria das pessoas confusa é a tal da


acentuação. Para ficar mais claro, procuraremos desmistificar esse assunto agora. É
importante que você não confunda acento tônico com acento gráfico. Mas como saber
qual é qual?
O acento tônico está relacionado com intensidade de som e existe em todas as
palavras com duas ou mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas palavras
e será usado de acordo com regras de acentuação. Por enquanto, vamos nos deter ao
acento tônico, pois será imprescindível para o estudo que faremos na próxima unidade:
a nova ortografia da língua portuguesa. Há, vale lembrar também que sílaba é cada
pedacinho da palavra!

SÍLABA TÔNICA - A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba
tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico.
Nem sempre a sílaba tônica recebe acento gráfico.
Exemplos:
CAJÁ, CADERNO, LÂMPADA

SÍLABA ÁTONA – São as sílabas que não são tônicas.


Exemplos:
BARATA, MÁQUINA

Classificação das palavras quanto à sílaba tônica

Em língua portuguesa, a sílaba tônica, isto é, aquela que soa mais forte quando falamos
uma palavra, sempre virá na parte final desta. Para sabermos exatamente onde está,
devemos falá-la pausadamente, separando-a em sílabas. SEMPRE, o som mais forte será
a última, penúltima ou antepenúltima sílaba. Quanto à posição da sílaba tônica, as
palavras podem ser classificadas em:

OXÍTONAS:
A sílaba tônica é a última sílaba da palavra.
MA-RA-CU-JÁ, CA-FÉ, RE-COM-POR.

PAROXÍTONAS:
A sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra.
CA-DEI-RA, CA-RÁ-TER, ME-SA.

PROPAROXÍTONAS:
A sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.
SÍ-LA-BA, ME-TA-FÍ-SI-CA, LÂM-PA-DA.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 76


Como você percebeu nos exemplos, nem sempre a sílaba tônica vem indicada
com acento gráfico. Dessa forma, é fundamental distinguir o acento tônico do acento
gráfico.
O acento tônico é o acento da fala; marca a maior intensidade na pronúncia de
uma sílaba.
O acento gráfico é o sinal utilizado, em algumas palavras, para indicar a sílaba tônica.

EXERCÌCIOS

Agora é com você: Indique quais são as sílabas tônicas das palavras em destaque na fala
da personagem da charge e do fragmento textual abaixo e classifique-as de acordo com
a posição do acento tônico:

Violência Doméstica

Querido, você poderia me adiantar


a surra das 8:00, porque eu preciso
ir ao mercado comprar lâmpadas!!?

Fonte: www.chargeonline.com.br

A construção do discurso não-sensacionalista.

O conceito de sensacionalismo pode ser definido como: "Modo de produção


discursivo da informação da atualidade processado por critérios de intensificação e
exagero gráfico, temático, lingüístico e semântico, contendo em si valores e elementos
desproporcionais, destacados, acrescentados ou subtraídos no contexto de representação
ou reprodução de real social"

PRODUÇÃO TEXTUAL

Agora chegou a hora de estudarmos mais um tipo de texto. A dissertação. Esse


texto é muito utilizado no ensino superior, pois dá destaque a argumentatividade do futuro
profissional que você deseja ser. Então, muita atenção e bom estudo!

Violência No Brasil

O Brasil é considerado um dos Essa é a primeira parte do texto


países mais violentos do mundo. O índice dissertativo: a INTRODUÇÃO. Aqui é
de assaltos, sequestros, extermínios, que o autor apresenta de modo geral o
violência doméstica e contra a mulher é tema que vai discorrer
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 77
muito alto e contribui para tal
consideração. Suas causas são sempre as
mesmas: miséria, pobreza, má
distribuição de renda, desemprego e
desejo de vingança.
A repressão usada pela polícia Essa é a segunda parte do texto
para combater a violência gera conflitos dissertativo: o DESENVOLVIMENTO.
e insegurança na população que nutrida Aqui é que o autor apresenta, de modo
pela corrupção das autoridades não sabe específico, os dados e informações
em quem confiar e decide se defender a pertinentes ou exemplos que ilustram
próprio punho, perdendo seu referencial seu ponto de vista sobre o que está
de segurança e sua expectativa de vida. sendo argumentado.
O governo, por sua vez, concentra o
poder nas mãos de poucos, deixando de
lado as instituições que representam o
povo. A estrutura governamental torna a
violência necessária, em alguns aspectos,
para a manutenção da desigualdade
social. Não se sabe ao certo onde a
violência se concentra, pois se são presos
sofrem torturas, maus tratos, descasos,
perseguições e opressões fazendo que
tenham dentro de si um desejo maior e
exagerado de vingança. Se a violência se
concentra fora dos presídios, é
necessário que haja um planejamento de
forma que se utilize uma equipe
específica que não é regida pela força,
autoridade exagerada e violenta.
Medidas precisam ser tomadas para
diminuir tais fatos, mas é preciso que se
atente para a estrutura que vem sendo
montada para decidir o futuro das
cidades brasileiras.
Não é necessário um cenário de Essa é a terceira parte do texto
guerra com armas pesadas no centro das dissertativo: a CONCLUSÃO. Aqui é que
cidades, mas de pessoal capacitado para o autor apresenta SUA TESE sobre o
combater a violência e os seus tema que discorreu.
causadores. Um importante passo seria
cortar a liberdade excessiva que hoje
rege o país, aplicar punições mais
severas aos que infringirem as regras e
diminuir a exploração econômica.

COMO FAZER UMA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA

Como fazer nossas dissertações? Como expor com clareza nosso ponto de vista?
Como argumentar coerentemente e validamente? Como organizar a estrutura lógica de
nosso texto, com introdução, desenvolvimento e conclusão?

Vamos supor que o tema proposta seja VIOLÊNCIA.

Primeiro, precisamos entender o tema. (O que você já leu ou ouviu a respeito


desse assunto? Que tipo de violência desejo falar sobre?)
A próxima etapa é a estruturação do texto. Vamos sugerir alguns passos para a
elaboração do rascunho de sua redação.
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 78
Transforme o tema em uma pergunta:

Qual a maior causa da violência doméstica?

Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro: essa resposta é o seu
ponto de vista.

Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão
para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a
fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares.

Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este
fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você
leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele
precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo,
geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece
os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto:
como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à dissertação.

A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação.
Por enquanto, você pode agrupá-los na sequência que foi sugerida:

Os passos da dissertação
1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião;
3) apresentar argumento básico
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato-exemplo
6) concluir

AGORA É COM VOCÊ:

• Utilize os apontamentos sugeridos nos passos da dissertação acima e monte um


esquema textual sobre o tema “SENSACIONALISMO NA IMPRENSA”.

• Depois, monte um parágrafo rascunho para cada um dos passos esquematizados por
você.

• Lembre-se, sempre que sentir dificuldade chame o professor para perto de você!
Ele está aí para ajudá-lo!

Anotações
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A reforma ortográfica 1ª parte

Fonte: www.brasilescola.org.br

Vamos estudar a mudança na ortografia da língua portuguesa, ou seja, mudança


na forma de escrever algumas palavras. Além disso, estudaremos também alguns tipos
de desenvolvimento da introdução de textos dissertativos.

UMA QUESTÃO DE TEMPO

Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem contou com a ajuda dos
editores de texto, no computador. Quando eu cometia uma infração, pequena ou grande,
o programa grifava em vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever
minimamente do jeito correto.
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, a do monstro
ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, esse animal existiu de fato. A professora
de Português nos disse que devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o
u é pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enigmática na cabeça.
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-adolescência sempre temos
problemas terríveis –, eu tentava me libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi
Güegüi”. Se numa prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmula, lá
vinham as palavras mágicas.
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha evocação, quis saber
o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de terror.
– E ele faz o quê? – Atrapalha a gente na hora de escrever.
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia usar trema nem
se lembrava da regrinha.
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no lugar certo. Como
essa aprendizagem foi demorada, não sei se conseguirei escrever de outra forma – agora
que teremos novas regras. Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que
servirão ao menos para determinar minha idade.
– Esse aí é do tempo do trema.
Fonte: www.brasilescola.org.br/artigo

O texto uma questão de tempo aponta para mudanças que eventualmente ocorrem na
língua.

Veja no texto abaixo um pouco das evoluções que a Língua Portuguesa sofreu em sua
história:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 80


DE ONDE VEM A LÍNGUA PORTUGUESA

De onde vem a língua portuguesa? Pergunta difícil... É fato que seu surgimento
está intimamente ligado à constituição da Nação Portuguesa, entretanto, quanto mais
recuamos cronologicamente, mais difícil se torna a tarefa de situá-la no tempo e espaço.
Porém, comecemos lembrando que a língua portuguesa nasceu do latim, que séculos
antes da nossa era já era falado em uma região chamada Lácio onde, mais tarde, foi
fundada a cidade de Roma. TERSARIOL esclarece, em seu livro “Origem da Língua
Portuguesa”, que posteriormente o latim foi imposto pelos romanos aos povos
conquistados da Península Ibérica, região essa ocupada no século III a.C., mas só
incorporada ao Império no ano 197 a.C., de forma bastante conturbada. Se haviam outros
povos nessa região, haviam outras línguas, que a colonização “soterrou”, sem deixar
registros significativos de sua existência e influência no latim que passou a ser utilizado
nessa região.
Desse latim, chamado latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus, plebeius) por ser uma
variedade mais prática e de vocabulário mais reduzido do que o latim clássico (sermo
litterarius, eruditus, urbanus), surgiram falares diversos, ocasionados pela inexistência de
um registro escrito, aliado à difusão e miscigenação da língua, gerando os chamados
"romanços", fases de transição entre o latim e as novas línguas que surgiram, chamadas
línguas românicas ou neolatinas, das quais as principais são o português, o espanhol, o
italiano, o provençal, o catalão, o francês, o rético, o sardo e o romeno.
Posteriormente, houve influência das línguas de povos bárbaros germânicos
(vândalos, suevos e visigodos) que invadiram a Península no século V (por volta do ano
476) e, mais tarde, das línguas dos povos árabes, mouros, que dominaram o local após a
queda dos bárbaros, no século VII, por volta do ano de 711. Todas essas influências
culturais e lingüísticas ocasionaram o surgimento de um incontável número de dialetos,
dentre os quais o chamado galaico-português, que se separou, gerando o galego e o
português, este último tornando-se língua nacional do Condado Portugalense quando da
sua independência política (aceita pela Igreja em 1143).
Com as navegações realizadas por Portugal no século XV, a língua portuguesa foi
levada para diversas partes do mundo. Entretanto, em cada um dos lugares em que foi
adotada, foi alterada em seu uso e pronúncia, adequando-se à realidade de cada um dos
locais.

Entre os locais onde a Língua Portuguesa é falada atualmente estão Portugal,


Arquipélago dos Açores, Ilha da Madeira, Brasil, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique,
Arquipélago de Cabo Verde e nas Ilhas de São Tomé e Príncipe, entre outros, além de ser
falado como dialeto por parte da população em Macau, Goa, Damão e Timor.
Também no Brasil, a Língua Portuguesa recebeu muitas influências até chegar ao
que é hoje. Uma delas foi a indígena, mormente a da língua tupi, que acabou sendo

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 81


bastante considerável devido as chamadas Bandeiras, já que os bandeirantes
precisavam da ajuda dos índios para desbravar novos locais, geralmente de difícil acesso.
Apesar do ensino da língua portuguesa haver sido imposto aos índios, não houve
como impedir a influência de sua língua e, em menor grau, de sua cultura. Alguns
exemplos de sua influência são as palavras: Ceará, Cuiabá, Curitiba, piracema, capinzal,
tatu, jacaré, piranha, gambá, paca, siri, sabiá, abacaxi, mandioca, arara, etc.
Outra influência de grande importância na Língua Portuguesa foi a exercida pelos
elementos africanos, que chegaram até aqui devido a escravidão, que trouxe negros da
Guiné, de Sudão Ocidental e da África Austral, e, dessa forma, as línguas Nagô e
Quimbundo, faladas na Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Alguns exemplos da influência africana em nosso vocabulário são as palavras:
quitute, vatapá, cachaça, maxixe, caxumba, camundongo, maribondo, quindim, quiabo,
etc.
Temos, além dessas, influências de diversas outras línguas, como o Alemão
(Níquel, gás), o Espanhol (bolero, castanhola), o Japonês (karaokê, kamikase), o Francês
(paletó, boné, abajur, matinê, cachecol, batom, cabaré), o Italiano (macarrão, piano,
soneto, lasanha, bandido, camarim, partitura, ária) e o Inglês (show, software,
hamburguer), entre outras. E mesmo com todas essas influências e modificações, a língua
portuguesa não parou. Ela, assim como todas as outras, é viva e evolui constantemente,
o tempo todo.

A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

1500 Os cerca de 5 milhões de indígenas que aqui viviam, distribuídos em mais de 1


500 povos, falavam em torno de mil línguas de vários grupos linguísticos
1580 Começa a ser registrada a Língua Geral Paulista, difundida por padres jesuítas e
bandeirantes. “Tucuriuri” significava “gafanhotos verdes”
1700 Surgem registros da Língua Geral Amazônica, de base tupinambá, e do dialeto
de Minas, misto de português com o Evé-fon, trazido por escravos africanos
1759 O Marquês de Pombal promulga lei impondo o uso da língua portuguesa, mas
ainda coexistem NO PAÍS DIVERSOS idiomas indígenas e africanos
1808 A chegada da família real é decisiva para a difusão da língua: são criadas
bibliotecas, escolas e gráficas (e, com elas, jornais e revistas)
1850 imigrantes europeus aportam em grande número no país, incentivando
transformações no idioma com a introdução de diversos estrangeirismos
1922 A Semana de Arte Moderna leva o português informal para as artes. A crescente
urbanização e o surgimento do rádio ajudam a misturar variedades lingüísticas
1988 A Constituição garante a preservação dos dialetos de grupos indígenas e
remanescentes de quilombos. Hoje Ha 180 línguas indígenas e mil quilombolas
1990 Com a TV presente em mais de 90% dos lares, não se constata isolamento
lingüístico. Começa a nascer a linguagem rápida usada na internet
Fonte: www.novaescola.com.br

RELACIONANDO OS TEXTOS:

1) De acordo com o texto “De onde vem a Língua Portuguesa”, por que é difícil resgatar
a origem da Língua Portuguesa?
2) Ainda sobre o mesmo texto, como se deu a expansão do latim pela Península Ibérica?
3) Depois das várias influências sofridas, como foi que a Língua Portuguesa alastrou-se
no século XV?
4) Quais são os países que adotaram o português como língua oficial ou dialeto?
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 82
5) Comparando os textos “Uma questão de Tempo”, “De onde vem a Língua
Portuguesa” e a “História da Língua Portuguesa no Brasil” no que diz respeito à
temporalidade, a que conclusão podemos chegar?

ESTUDO DA LÍNGUA
Já estudamos a acentuação tônica. Agora, veremos os acentos gráficos
novamente:

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Os acentos gráficos são utilizados como forma de indicar a sonorização da pronúncia da


palavra, isto é, como se diz. São eles:

Acento Agudo (á)


Acento Circunflexo (â)
Acento Til (ã)
Acento Grave (à)
Trema (ü) (in memorian)

1. Regras gerais:

Para acentuar corretamente as palavras, convém observar as seguintes regras:

PROPAROXÍTONAS

Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados.

ÁRVORE, METAFÍSICA, LÂMPADA, PÊSSEGO, QUISÉSSEMOS, ÁFRICA, ÂNGELA.

PAROXÍTONAS

São acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em:

I(S): JÚRI, JÚRIS, LÁPIS, TÊNIS. US: VÍRUS, BÔNUS.


UM/UNS: ÁLBUM, ÁLBUNS. R: CARÁTER, REVÓLVER.
X: TÓRAX, ÔNIX, LÁTEX. N: HÍFEN, PÓLEN, PRÓTON.
L: FÁCIL, AMÁVEL, INDELÉVEL. DITONGO: ITÁLIA, ÁUSTRIA, CÁRIE
ÃO(S): ÓRGÃO(S), BÊNÇÃO (S). Ã (S): ÓRFÃ(S), ÍMÃ (S).
PS: BÍCEPS, FÓRCEPS

Não se acentuam os paroxítonos terminados em ens: hifens, polens, jovens, nuvens,


homens.

Não se acentuam os prefixos paroxítonos terminados em i ou r: super-homem, inter-


helênico.

OXÍTONAS
São acentuados os vocábulos terminados em:

A(S ), E(S), O(S):


MARACUJÁ, ANANÁS, CAFÉ, VOCÊ, DOMINÓ, PALETÓS, VOVÔ, VOVÓ, PARANÁ.

EM/ENS:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 83


ARMAZÉM, VINTÉM, ARMAZÉNS, VINTÉNS.

Acentuam-se também os monossílabos tônicos terminados em A, E, O (seguidos ou não


de s):

PÁ, PÉ, PÓ, PÁS, PÉS, PÓS, LÊ, DÊ, CRÊS.

As formas verbais terminadas em A, E, O tônicos seguidos de lo, la, los, las também
são acentuadas:

AMÁ-LO, DIZÊ-LO, REPÔ-LO, REPÔ-LA, COMPRÁ-LA.

O til vale como acento tônico se outro acento não figura no vocábulo:

LÃ, FÃ, IRMÃ, ALEMÃ

PRODUÇÃO TEXTUAL

Olá. Você se lembra dos passos da dissertação da unidade passada? Pois é, eles
serão muito úteis na sua produção hoje.

interrogar o tema;
responder, com a opinião
apresentar argumento básico
apresentar argumentos auxiliares
apresentar fato-exemplo
concluir

AGORA É COM VOCÊ:

• Utilize os apontamentos sugeridos nos passos da dissertação acima e monte um


esquema textual sobre o tema “Ensino de Língua Portuguesa no Brasil”;

• Depois, desenvolva um parágrafo rascunho para cada uma dos passos


esquematizados por você;

• Agora, desenvolva um rascunho textual bem elaborado e divida com seus colegas
de sala. Seu professor irá orienta-lo como proceder;

• Lembre-se, sempre que sentir dificuldade chame o professor para perto de você! Ele
está aí para ajudá-lo!

Anotações
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Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 84


A reforma ortográfica 2ª parte

Nesta unidade daremos continuação ao estudo da nova ortografia da Língua


Portuguesa. Você viu na unidade passada que existiram diversas mudanças durante os
séculos. Agora, você está participando desse processo de inovação. Vale lembrar que as
duas formas de escrita continuam valendo até 2012. Veremos agora as regras e
estudaremos uma a uma com muita calma, acompanhando as desventuras de Grump, um
sujeitinho divertido, bem brasileiro. Acompanhe seu professor e bom estudo!

1) Como você pode ver na tira, o autor propõe que muita gente não se encontra
preparada para a implantação da nova ortografia devido à influência que as
ferramentas computacionais, como os editores de texto, têm exercido sobre os
usuários da língua. E você, o que pensa sobre o assunto? Como é que as ferramentas
computacionais atrapalham um bom conhecimento da língua?

2) Nesta tira, o personagem Grump resolve recorrer a um sobrinho para pedir ajuda
sobre a nova ortografia. Contudo, no terceiro quadro, o personagem diz “melhor
pensar em outra coisa”. Segundo análise da tira, o que motivou Grump a mudar de
opinião?

3) Por que Grump, no primeiro quadro, diz ser moleza para essa molecada assimilar as
novas regras mais facilmente? Você concorda que as gerações mais novas levam
vantagem na aprendizagem?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 85


TREMA

O trema, sinal gráfico de dois pontos usado em cima do u para indicar que essa letra, nos
grupos que, qui, gue e gui, é pronunciada, será abolido. É simples assim: ele deixa de
existir na língua portuguesa. Vale lembrar, porém, que a pronúncia continua a mesma.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR


agüentar aguentar
eloqüente eloquente
freqüente frequente
lingüiça linguiça
sagüi sagui
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo
anhangüera anhanguera

NO ENTANTO, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de


origem estrangeira, bem como em seus derivados. Exemplos: Bündchen, Müller,
mülleriano.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 86


K, W, Y

4) A tira acima apresenta a regra que, oficialmente as letras W, K e Y passam a fazer


parte do vocabulário brasileiro. Contudo, a fala do personagem no terceiro quadrinho
revela uma constatação: há muito tempo essas letras já circulavam em palavras por aqui.
Como são chamadas essas palavras e como foram surgindo no Brasil?

ACENTO AGUDO
O acento agudo desaparece das palavras da língua portuguesa em três casos, como se
pode ver a seguir:

• nos ditongos (encontro de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e


oi das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a
penúltima).

COMO É HOJE COMO VAI FICAR


assembléia assembleia
heróico heroico
idéia ideia
jibóia jiboia

NO ENTANTO, as oxítonas (palavras com acento na última sílaba) e os monossílabos


tônicos terminados em éi, éu e ói continuam com o acento (no singular e/ou no plural).
Exemplos: herói(s), ilhéu(s), chapéu(s), anéis, dói, céu.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 87


• nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato (sequência de duas
vogais que pertencem a sílabas diferentes) com a vogal anterior quando esta faz parte de
um ditongo;

COMO É HOJE COMO VAI FICAR


baiúca baiuca
boiúna boiuna
feiúra feiura

NO ENTANTO, as letras i e u continuam a ser acentuadas se formarem hiato mas


estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de s. Exemplos: baú, baús, saída.
No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento
permanece. Exemplos: tuiuiú, Piauí.

ACENTO CIRCUNFLEXO

Com o acordo ortográfico, o acento circunflexo não será mais usado nas palavras
terminadas em oo.
COMO É HOJE COMO VAI FICAR
enjôo enjoo
vôo voo
abençôo abençoo
perdôo perdoo

Da mesma forma, deixa de ser usado o circunflexo na conjugação da terceira pessoa do


plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus
derivados.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 88


COMO É HOJE COMO VAI FICAR
crêem creem
dêem deem
lêem leem
vêem veem

NO ENTANTO, nada muda na acentuação dos verbos ter, vir e seus derivados. Eles
continuam com o acento circunflexo no plural (eles têm, eles vêm) e, no caso dos
derivados, com o acento agudo nas formas que possuem mais de uma sílaba no singular
(ele detém, ele intervém).

Está difícil entender? Não desista, você conseguirá! Agora, não faça como o
Grump!

ACENTO DIFERENCIAL

O acento diferencial é utilizado para permitir a identificação mais fácil de palavras


homófonas, ou seja, que têm a mesma pronúncia. Atualmente, usamos o acento
diferencial – agudo ou circunflexo – em vocábulos como pára (forma verbal), a fim de
não confundir com para (a preposição), entre vários outros exemplos.
Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial não será mais usado nesse caso
e também nos que estão a seguir:

• péla (do verbo pelar) e pela (a união da preposição com o artigo);


• pólo (o substantivo) e pêra (a união antiga e popular de por e lo);
• pélo (do verbo pelar) e pêlo (o substantivo);
• pêra (o substantivo) e pêra (o substantivo arcaico que significa pedra), em oposição a
pêra (a preposição arcaica que significa para).

NO ENTANTO, duas palavras obrigatoriamente continuarão recebendo o acento


diferencial:
• pôr (verbo) mantém o circunflexo para que não seja confundido com a preposição por;
• pôde (o verbo conjugado no passado) também mantém o circunflexo para que não haja
confusão com pode (o mesmo verbo conjugado no presente).

Observação: já em fôrma/forma, o acento é facultativo.

HÍFEN

Palavras compostas
O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 89


• quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s
ou r.
Nesse caso, a consoante obrigatoriamente passa a ser duplicada;
• quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal
diferente.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR


anti-religioso antirreligioso
anti-semita antissemita
auto-aprendizagem autoaprendizagem
auto-estrada autoestrada
contra-regra contrarregra
contra-senha contrassenha
extra-escolar extraescolar
extra-regulamentação extrarregulamentação

NO ENTANTO, o hífen permanece quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super)
e a primeira letra do segundo elemento também é r. Exemplos: hiper-requintado,
super-resistente.
Como você pode perceber, existem vários detalhes adotados pelas mudanças.
Talvez você se pergunte qual é o tamanho disso tudo? A resposta é que apenas 5% de
todas as palavras da língua portuguesa sofrerão mudança. Pouco? Sim, mas certamente
influenciarão muito no quesito econômico do mercado editorial e educacional.
Já pensou na quantidade de livros que circulam todo dia pelas livrarias e escolas
do país?
Agora, junto com seu professor, exercite os conhecimentos debatidos até aqui.

PRODUÇÃO TEXTUAL

A IMPORTÂNCIA DOS CONECTIVOS

A coesão (amarração das ideias) de um texto depende muito da relação entre as orações
que formam os períodos e os parágrafos. Os períodos compostos precisam ser relacionados
por meio de conectivos adequados, se não quisermos torná-los incompreensíveis.

Para cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma
conjunção que se adapta perfeitamente a ela. Veja nos exemplos!

Por exemplo, a conjunção MAS só deve ser usada para estabelecer uma relação de
oposição entre dois enunciados. Porém, se houver uma relação de adição ou idéia de
concessão, a conjunção deverá ser outra:

EMBORA. Se não for assim, o enunciado ficará sem nexo. Observe um caso de escolha
inadequada da conjunção:

"EMBORA O BRASIL SEJA UM PAÍS DE GRANDES RECURSOS NATURAIS, TENHO CERTEZA


DE QUE RESOLVEREMOS O PROBLEMA DA FOME”.

Veja que não existe a relação de oposição ou a ideia de concessão que justificaria
a conjunção EMBORA. Como a relação é de causa-efeito, deveria ter sido usada uma
conjunção causal:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 90


“COMO O BRASIL É UM PAÍS DE GRANDES RECURSOS, TENHO CERTEZA DE QUE
RESOLVEREMOS O PROBLEMA DA FOME.”

Para que problemas desse tipo não aconteçam em suas redações, acostume-se a
relê-las, observando se suas palavras, orações e períodos estão adequadamente
relacionados.

CONECTIVOS

Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que


servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como:
então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é,
embora e tantas outras. Veja o exemplo:

Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura, porém chega a exportar certos
produtos agrícolas.

No caso, faz sentido o uso do porém, já que entre os dois segmentos ligados existe
uma contradição. Seria inadequado trocar o porém pelo porque, que serve para indicar
causa. Segue a relação dos principais elementos de coesão:

1) assim, desse modo: têm um valor exemplificativo e complementar. A


sequência introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confirmar ou ilustrar o
que se disse antes.

O Governador resolveu não comprometer-se com nenhuma das facções em disputa pela
liderança do partido. Assim, ele ficará à vontade para negociar com qualquer uma que
venha a vencer.

2) e: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do que foi dito


antes; indica uma progressão que adiciona, acrescenta, algum dado novo. Se não
acrescentar nada, constitui pura repetição e deve ser evitada. Ao dizer:
Tudo permanece imóvel e fica sem se alterar.

3) ainda: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a


favor de determinada conclusão, ou para incluir um elemento a mais dentro de um
conjunto qualquer.

O nível de vida dos brasileiros é baixo porque os salários são pequenos. Convém lembrar
ainda que os serviços públicos são extremamente deficientes.

4) aliás, além do mais, além de tudo, além disso: introduzem um


argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fosse desnecessário,
justamente para dar o golpe final no argumento contrário.

Os salários estão cada vez mais baixos porque o processo inflacionário diminui
consideravelmente seu poder de compra. Além de tudo são considerados como renda e
taxados com impostos.

5) isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras: introduzem


esclarecimentos, retificações ou desenvolvimento do que foi dito anteriormente.

Muitos jornais, fazem alarde de sua neutralidade em relação aos fatos, isto é, de seu não
comprometimento com nenhuma das forças em ação no interior da sociedade.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 91


6) mas, porém e outros conectivos adversativos: marcam oposição entre
dois enunciados ou dois segmentos do texto. Não se podem ligar, com esses relatores,
segmentos que não se opõem. Às vezes, a oposição se faz entre significados implícitos
no texto.

Choveu na semana passada, mas não o suficiente para se começar o plantio.

7) embora, ainda que, mesmo que: são relatores que estabelecem ao


mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um dado
contrário para depois negar seu valor de argumento.
Trata-se de um expediente de argumentação muito vigoroso: sem negar as
possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário. Observe o exemplo:

Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com abrigos confortáveis,
pés velozes como o raio, olhos de longo alcance e asas para voar, não resolveram o
problema das injustiças.

Como se nota, mesmo concedendo ou admitindo as grandes vantagens da técnica


e da ciência, afirma-se uma desvantagem maior.

8) Certos elementos de coesão servem para estabelecer gradação entre os


componentes de certa escala. Alguns, como mesmo, até, até mesmo, situam alguma
coisa no topo da escala; outros, como ao menos, pelo menos, no mínimo, situam-na
no plano mais baixo.

O homem é ambicioso. Quer ser dono de bens materiais, da ciência, do próprio semelhante,
até mesmo do futuro e da morte.

É preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou, no mínimo,
a moradia, o alimento e a saúde.

AGORA É COM VOCÊ

Agora que já vimos os principais conectivos e também exemplos de seu uso,


desenvolva frases dissertativas nas quais estabeleça relações entre as ideias que sejam
interligadas por cada um dos oito tipos de conectivos apresentados na teoria. Depois,
justifique o sentido empregado em cada uma de suas frases. Ah, use os temas trabalhados
em nossas leituras até agora, no nivelamento!

assim, desse modo;


e;
ainda;
aliás, além do mais, além de tudo, além disso;
isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras;
mas, porém;
embora, ainda que, mesmo que;
mesmo, até, até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo.

Anotações
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Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 92
E DAÍ, EU “TÔ” PAGANDO!

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/consumismo

Discutiremos o hábito consumista da geração jovem brasileira. O texto abaixo relata que
com um apetite consumista maior que o da média da população, o jovem brasileiro sabe
onde quer gastar e ainda influencia as compras da família.

ELES GASTAM MUITO

São adolescentes, mas pode chamá-los de maquininhas de consumo. Um estudo


realizado com garotas e rapazes de nove países mostra que no Brasil sete em cada dez
jovens afirmam gostar de fazer compras. Desse grupo de brasileiros, quatro foram ainda
mais longe – disseram ter grande interesse pelo assunto. O resultado da pesquisa, que
tomou como base um trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) chamado Is the
Future Yours? (O Futuro É Seu?), foi significativo: os brasileiros ficaram em primeiríssimo
lugar no ranking desse quesito, deixando para trás franceses, japoneses, argentinos,
australianos, italianos, indianos, americanos e mexicanos. Ou seja, vai gostar de consumir
assim lá no shopping center.

E não precisa nem mandar, porque a turma vai mesmo. Outra pesquisa, feita pelo
Instituto Ipsos-Marplan, constatou que 37% dos jovens fazem compras em shoppings,
contra 33% dos adultos. Nem sempre os mais novos adquirem produtos mais caros, mas,
Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 93
proporcionalmente, têm maior afinidade com as vitrines. A lista de vantagens dos
adolescentes sobre outros públicos é de tirar o fôlego: eles vão mais vezes ao cinema,
viajam com maior frequência, compram mais tênis, gostam mais de roupas de grife –
mais caras que as similares sem marca famosa –, consomem mais produtos diet, têm
mais computadores, assistem a mais DVDs e vídeos e, só para terminar, são mais vorazes
na hora de abocanhar balas, chicletes e lanches. Não é à toa que a falência antes do fim
do mês é maior entre os jovens: invariavelmente atinge quase a metade deles, que
estoura a mesada ou o salário.
O poder dos adolescentes sobre o mercado vai mais longe ainda, mesmo que eles
não deem a mínima para abstrações como "mercado". Costumam, por exemplo, aparecer
com mais assiduidade no balcão. Pessoas com menos de 25 anos trocam de aparelho
celular uma vez por ano (as mais velhas, a cada dois anos). Em relação às bicicletas, só
para citar mais um exemplo, a situação é semelhante. Os adolescentes não são os maiores
compradores do setor, mas aposentam uma bike a cada quatro anos. Os mais velhos só
mudam de selim de sete em sete anos. Diante de tantas evidências, não causa surpresa
que o gasto médio das famílias brasileiras seja maior nas casas em que moram
adolescentes de 13 a 17 anos. Nesses domínios, a lista dos cinco produtos mais
consumidos traz, em primeiro lugar, o leite longa vida. Depois vêm os refrigerantes. Nos
lares com jovens entre 18 e 24 anos, a hierarquia é surpreendente. O refrigerante lidera
o ranking, seguido por leite, óleo vegetal, cerveja e café torrado – o que explica o fato de
a Coca-Cola ter no Brasil seu terceiro maior mercado em todo o mundo.
O poder de consumo dos jovens é um filão que anima vários setores da economia.
Há em curso uma corrida para conquistar o coração dessa rapaziada (e o bolso dos pais).
As grandes marcas desenvolvem estratégias milionárias para tornar esse público fiel desde
já. A maior parte do que se produz no mercado publicitário, que movimenta 13 bilhões
de reais por ano, tem como alvo a parcela de 28 milhões de brasileiros com idade entre
15 e 22 anos. É esse grupo que fornece boa parte do ideário da propaganda, enchendo
os anúncios com mensagens de liberdade e desprendimento. Mostra-se extraordinária
também a influência que essa molecada exerce sobre as compras da família. Oito em
cada dez aparelhos de som só saem das lojas a partir do aval da ala jovem do lar. A
fabricante de eletrodomésticos Arno não faz nada sem pensar nos mais novos, pois, na
comum ausência das mamães trabalhadoras, é a garotada quem usa espremedores de
fruta, tostadores de pão, sanduicheiras e liquidificadores. "Hoje, vendemos tanto para os
filhos como para as donas-de-casa", conta Mauro de Almeida, gerente de comunicação
da Arno, que mantém duas escolinhas de gourmet para cativar consumidores desde a
pré-adolescência.
Essa influência é exercida já em tenra idade. Nos dias de hoje, um indivíduo é
considerado consumidor aos 6 anos. Nesse momento as crianças começam a ser ouvidas
na hora de tirar um produto das prateleiras do supermercado. Para cada dez crianças de
até 13 anos, sete pedem itens específicos às mães. O poder jovem também se nota na
hora de esvaziar o carrinho no caixa. Um quarto do que é registrado foi pedido pela
garotada. "Nós educamos as crianças e os jovens para que tenham autonomia, opinião,
poder de decisão. Pois é, eles aprenderam e decidem o que comprar por nós", ironiza Rita
Almeida, especialista em tendências e hábitos de consumo de adolescentes da agência
de propaganda AlmapBBDO.
(Revista Veja, Edição Especial Jovens, 2003)

INTERPRETANDO O TEXTO

1. Qual é o tema apresentado no texto e o objetivo pretendido pelo autor?


2. Como é comprovado o fato de o jovem gostar de gastar, no primeiro parágrafo do
texto, e qual a categoria de ideia utilizada nessa justificativa?
3. Por que o texto aponta os jovens como grandes influenciadores das compras
familiares?
4. Qual é o posicionamento do mercado diante desse perfil do adolescente?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 94


O texto abaixo é um fragmento de um texto poético, escrito por Carlos Drummond
de Andrade. Leia-o e responda as questões levantadas

EU, ETIQUETA

Estou, estou na moda,


É doce estar na moda,
ainda que a moda seja
negar minha identidade,
trocá-la por mil,
açambarcando todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.

INTERPRETANDO O TEXTO

1. Qual é o assunto do texto, a ideia geral? (Perceba qual é a palavra mais


repetida)
2. Qual é a delimitação desse assunto, o tema?
3. Qual é o enfoque temático, a opinião defendida pelo autor no texto?

O texto abaixo apresenta uma discussão sobre como nosso país está sendo
atingido pelo fenômeno que prega a obtenção de uma identidade pelo que se tem e não
pelo que se é. Então, qual é o seu preço?

UMA SOCIEDADE DESCONFIGURADA

Crianças e jovens deste início de século, de todas as classes sociais, estão


perdendo algo precioso, que loja ou shopping nenhum é capaz de colocar à venda: a
autoestima. Paradoxalmente, o fenômeno é uma das consequências da excessiva
valorização de bens materiais que acomete o país.
O tema foi abordado pelo psicólogo e psicoterapeuta Ivan Capelatto no artigo “A
construção da autoestima como base para a saúde mental”, que faz um raio-x cruel da
atualidade: as doenças sociais crescem na mesma proporção do consumismo e, como
resultado, estamos vivendo a morte do futuro.
De acordo com o psicoterapeuta, que em 2001 publicou o livro “Diálogos sobre
afetividade – Nosso Lugar de Cuidar”, uma coletânea de entrevistas concedidas à
jornalista Patrícia Zanin, da Rádio Universidade, da Universidade Estadual de Londrina

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 95


(UEL), todas as classes estão sendo atingidas pelo fenômeno, que prega a obtenção de
uma identidade pelo que se tem e não pelo que se é. “Hoje consumimos objetos, marcas
de roupa, estética. Nunca se viu tanta preocupação com o corpo. A sociedade se
desconfigurou como protetora, cuidadora, e passou a exigir”.
Segundo Capelatto, temos hoje uma doença social, que alguns autores chamam
de A Era da Indiferença ou A Era do Gozo, que se caracteriza pela substituição da
afetividade e da política dos cuidados por uma política narcísica. O lema é: você tem que
estar com prazer, e não importa o custo disso. “O resultado é a morte de tantos jovens
que aderem aos anabolizantes de animais para ficar com o corpo bonito; de meninas
vítimas de anorexia e de bulimia. Muitos adquirem problemas sérios, inclusive cerebrais.”
Para Capelatto, existe uma política social que estimula esse comportamento e envolve o
tráfico de drogas, a venda de filosofias narcísicas – como tatuagens e piercings, muito
incentivados pela mídia. Na mente dos adolescentes, segundo o psicólogo, começa então
a acontecer uma troca: o que é ético passa a não valer. “Aquele menino que é bom com
os amigos, com a namorada, passa a ser tolo. O estudioso é chamado de CDF ‘nerd’, de
babaca. Todo esse fenômeno gera um narcisismo exacerbado e a autoestima começa a
cair. Passa a valer a seguinte ideia: eu não sou mais eu, mas aquilo que eu posso mostrar
para os outros”. Outra consequência desastrosa disso tudo é a banalização da morte. O
psicoterapeuta lembra que hoje em dia ninguém mais quer falar em perda, não há mais
tolerância à dor. Ele afirma que este é um sinal de que a sociedade adoeceu e junto está
adoecendo o conceito de família, de religião, de escola. “As escolas passam a ser
narcísicas, preocupando-se mais com vestibular do que em cuidar dos alunos. A família,
por sua vez, só se preocupa em dar o status que o filho ‘precisa’ ter e, para isso, os pais
passam a trabalhar cada vez mais, parando de cuidar dos filhos. As instituições sociais
também não cuidam. Temos a doença: a dificuldade de conseguir autoestima – que é
gostar de si mesmo como se é, sem ter como referência o outro”.
A falta de autoestima se manifesta, por exemplo, na tentativa de mudar o corpo
a qualquer custo e nas agressões que vêm sob o status de beleza. Morre-se muito e mata-
se muito por este narcisismo – quase sempre sinônimo de prazer momentâneo – capaz
de comprometer a capacidade de estudar, de ter paciência no semáforo, de estar
disponível para ajudar um amigo que não está bem. Sem autoestima, alerta Capellato,
ninguém perde tempo com isso. Há prejuízo para o futuro dessas crianças. A criança que
não é cuidada não cuida de si própria e não cuida do outro. A ligação com a vida se
fragiliza profundamente”.
O psicoterapeuta diz ainda que o problema independe de classe social. Ele afirma
que tanto nas favelas como nos condomínios fechados o quadro que se vê é o mesmo,
só mudam as condições materiais. “O estigma que acompanha a morte de muitos jovens
hoje em dia – seja porque foi morto pela polícia quando roubava para pagar dívidas de
drogas, ou porque estava bêbado e chocou o carro em um poste, ou porque usou
anabolizante animal – é todo o mesmo tipo”.
A receita para mudar esse quadro, de acordo com Capellato, é fazer com que a
criança e o adolescente se sintam cuidados. Porém, ele alerta: Cuidar dá trabalho, é
barulhento, traz conflitos, mas é a única saída. Precisamos, o mais rápido possível, sair
do comodismo de apenas punir e resgatar o espírito cuidador dentro das famílias, das
escolas e de todas as instituições sociais”.
(Folha de Londrina, sessão Paraná/Geral, 21 de novembro de 2004)

INTERPRETANDO O TEXTO

1 - Qual é a razão, segundo o texto, para o jovem estar perdendo a autoestima?


Estima, segundo o Dicionário Aurélio, é: 1. Sentimento de importância ou do valor de
alguém ou de alguma coisa; apreço, consideração, respeito. 2. Afeição, afeto; amizade.
(...) No Dicionário Filosófico (RUSS;1994:94), tem-se estima como um sentimento
favorável ou consideração nascidos de virtudes ou do mérito de uma pessoa.
2- Como o psicoterapeuta Ivan Capelatto define, por sua vez a autoestima?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 96


3- Esse fenômeno que acomete o país, segundo Capelatto, desconfigura a sociedade e o
próprio jovem. Explique o que o psicólogo quis afirmar com isso.
4 - Quais os efeitos apontados por Capellato para a falta de autoestima dos jovens?
5 - Capellato apresenta soluções para o problema? Se apresenta, quais são elas e em que
parágrafo se encontram.

Agora chegou o momento de conhecermos mais uma tipologia textual: a entrevista.

Nesse tipo de texto, um repórter que representa uma empresa da área da comunicação
entrevista uma personalidade de um determinado segmento para saber sua opinião sobre
assuntos de interesse do público leitor. Vamos conhecer então o ponto de vista desse
entrevistado sobre o papel da juventude na contemporaneidade?

HORA DE OUVIR A VOZ DO JOVEM

Se a juventude é a faixa etária com maior número de brasileiros, se são os jovens que vão
herdar as consequências de tudo o que se faz hoje, parece indiscutível que estejam
presentes em todas as instâncias decisórias da vida do povo.
É isto o que acontece? Não há alguma coisa errada na organização de nossa sociedade? A
pesquisa Juventude, juventudes: o que une e o que separa escutou jovens em todo país.
Um dos coordenadores da pesquisa ajuda a fazer algumas interpretações.

Leonardo de Castro, assessor de políticas públicas da Organização dos Estados


Iberoamericanos - OEI, um dos coordenadores da pesquisa.

Mundo Jovem: Qual é o perfil do jovem brasileiro, hoje?

Leonardo: O jovem brasileiro é uma pessoa sem emprego, muito propenso a sofrer
violência, especialmente nos grandes centros urbanos, a ser agente ou vítima da violência.
É um jovem que não recebe uma formação adequada no ensino formal. É um jovem que
tem dificuldades para entrar no mercado de trabalho e para acessar o Ensino Superior e
está em situação de vulnerabilidade. Para que realize o trânsito entre deixar de ser criança
e tornar-se um adulto produtivo na sociedade, ele enfrenta muitas dificuldades.

Mundo Jovem: Que mundo e que futuro este jovem vai construir?

Leonardo: O jovem sempre recebeu essa carga de ser o futuro do país. É uma carga pesada,
porque o mais importante é trabalhar o presente e não só ficar jogando os planos para o
futuro. O jovem tem um desafio duplo que é superar todas as vulnerabilidades sociais que
enfrenta hoje e ainda ser o motor do desenvolvimento futuro do nosso país. Vivemos um
momento no qual, demograficamente, existem mais jovens do que qualquer outra faixa
etária na população brasileira. E nesta faixa etária, dos 15 aos 29 anos, temos jovens
inativos e jovens economicamente ativos, que trabalham e contribuem com a poupança
interna do país. Se forem dadas as garantias de educação e emprego, eles podem criar
bases para o desenvolvimento do país e, inclusive, para a nossa Previdência Social. Se
todos os jovens se tornarem economicamente ativos, será uma garantia de que a
Previdência não vai “quebrar”, porque teremos mais gente contribuindo do que recebendo.
Mas como eles estão bastante fora do mercado de trabalho, não estão contribuindo
plenamente. Este potencial, infelizmente, ainda não está sendo realizado.

Mundo Jovem: Há pessoas que veem o jovem com certo preconceito, considerando-o
indiferente, passivo... Há razões para isso?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 97


Leonardo: É curioso, porque, ao mesmo tempo em que o jovem tem esse conceito negativo
(em que ele é estigmatizado como violento e vadio), a juventude é perseguida por todos,
principalmente nesta era em que a gente vive. Todo mundo quer ser jovem, bonito, fazer
plástica. Tem-se a ideia de que ser jovem é ser saudável, inovador, conhecer o novo, saber
lidar com as novas tecnologias. Tem alguma coisa errada aí. Se, por um lado, a juventude
é tão boa e, por outro, tão ruim, o que falta realmente é uma sensibilização, até da própria
mídia. O jovem deve ser o que ele realmente é, e não uma projeção de tudo o que é bom
ou de tudo o que é ruim na sociedade brasileira.

Mundo Jovem: O diálogo entre as gerações, a partir da realidade que temos, não é também
um ponto que pode contribuir?

Leonardo: O diálogo é um componente fundamental para o desenvolvimento do país. Abrir


o diálogo intergeracional, permitir que o jovem possa ser escutado. Muitas vezes não é o
jovem que não quer ouvir, mas ninguém quer escutá-lo porque acham que ele não sabe
nada. Daí a necessidade de abrir um espaço para que a juventude possa expressar suas
ideias e que possa também ouvir e debater. Não só escutar as coisas como se fossem
dogmas, mas que possa se posicionar.
Já existem algumas iniciativas, como o Plano Nacional da Juventude. É um espaço que foi
aberto para o diálogo intergeracional. Ao mesmo tempo em que se tinha ali o Congresso
Nacional, tinha também um grupo de jovens debatendo junto com deputados e senadores
quais seriam as metas, os programas, os projetos para a juventude brasileira para os
próximos dez anos. Considero esta uma experiência de diálogo bem-sucedida, mas
deveriam existir muitas outras.

Mundo Jovem: A escola poderia ou deveria ter uma participação nessa organização da
juventude, através de debates ou mostrando alternativas?

Leonardo: A escola é uma instituição fundamental para a formação de valores, enquanto


cidadãos. Infelizmente nós vemos um descolamento da escola com a questão da cidadania.
Ela prepara o jovem para passar de ano ou para o vestibular, mas não o prepara para a
vida. Então existe uma distância entre o que é a escola hoje e o que é uma educação
abrangente, para a cidadania.
Reformar a escola não é uma tarefa simples, mas existem formas de fazer isto. O primeiro
passo seria a reestruturação dos ambientes físicos, porque existem muitas escolas cujo
ambiente está decadente, sem equipamentos. E falta valorização da carreira de professor.
Hoje em dia são poucas as pessoas que cursam o ensino superior para serem professores
por vocação. Geralmente trabalham como professor como última alternativa. E é necessário
que volte aquele orgulho de ser professor, ser um mestre e assim ensinar bem aos seus
alunos.
Além disso, um grande problema das escolas brasileiras é a violência. A violência atrapalha
diretamente o ensino. As escolas brasileiras sofrem muito com esta situação e isto influencia
na qualidade da educação. Então, reformar a escola pressupõe qualidade de educação,
valorização da carreira do professor e integração entre a cultura do jovem para a cidadania
e a cultura escolar.

Mundo Jovem: E o jovem também tem parcela de responsabilidade nisso?

Leonardo: O jovem deve ser um ator, protagonista desta mudança. Deve colocar dentro da
escola estes componentes que são da sua cultura, que é a facilidade de lidar com o novo,
com as novas tecnologias, de estar mais aberto para as mudanças. Isso ele pode levar para
a escola e a escola deve se preparar para receber, para dialogar com ele.

Mundo Jovem: Até que ponto as instabilidades familiares afetam o jovem?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 98


Leonardo: Aí que entra o desafio das políticas públicas. A política nasce para resolver um
problema social. Se você tem uma sociedade onde a família está desestruturada, onde a
escola não está bem preparada e o jovem está desencantado, a responsabilidade de
promover as mudanças é do governo. O governo tem que promover políticas educacionais,
sociais, de proteção, para que se quebre o círculo vicioso de exclusão, de estigmatização
do jovem.

Mundo Jovem: Enquanto há exclusão, a participação de todos os jovens não fica


comprometida?

Leonardo: A sociedade atual é muito fragmentada e a exclusão social que se impõe aos
mais pobres no Brasil é cruel. Os jovens são muito diferentes entre si. Por isso é preciso
falar em juventudes. O trânsito de criança para a idade adulta acontece de forma diferente
entre as parcelas da população brasileira. Se por um lado os jovens rurais estão
abandonando a escola, entrando no mercado de trabalho mais cedo, por outro lado, os das
classes médias altas estão abandonando o lar mais tarde. Hoje é comum ver pessoas com
mais de 30 anos ainda no domicílio dos pais, chegando a fazer até dois, três cursos
superiores antes de entrar no primeiro emprego. Na zona rural, o jovem de 12 ou 13 anos
já está trabalhando e a escola já não é mais uma perspectiva para ele.
A falta de referência é da própria sociedade, organizada de uma forma em que os mais
pobres estão excluídos e os mais ricos têm a chance de estudar e ficar durante bem mais
tempo na casa dos pais. Assim não sofrem pressão para terem uma autonomia.

Mundo Jovem: O consumismo e o individualismo também afetam a vida do jovem?

Leonardo: Mais uma vez eu gostaria de enfatizar que hoje temos que falar em juventudes,
no plural. Porque realmente a individualidade é uma marca dos jovens. Existem poucos
espaços de cooperação e de cultura cívica. Pelo ambiente competitivo da sociedade, que
impõe que você seja o melhor em tudo, que tenha muitos cursos e isto aliado ao
consumismo, no qual o valor é dado não por aquilo que você é, mas por aquilo que você
tem, a sociedade simplifica as pessoas desta forma. Então o jovem se torna um
individualista. E essa é uma mudança cultural que está ocorrendo no mundo todo por causa
da globalização, que impõe padrões de consumo que são irreais para a realidade brasileira.
Você vê nos filmes norte-americanos, nas séries da TV, um modo de vida que não é
compatível para toda a população do planeta, pois não existem recursos naturais que
consigam dar conta deste nível de consumismo.
http://www.mundojovem.com.br/entrevista-03-2007.php>Acesso:13/03/08.

AGORA É COM VOCÊ

Agora que já discutimos o assunto juventude e seus comportamentos, escreva um texto


dissertativo expondo o seu ponto de vista sobre o jovem contemporâneo. Você pode
explorar o tema o jovem em relação ao consumismo, o jovem e a educação, o jovem e a
violência, o jovem e a ditadura da beleza ou outros temas que julgar interessantes para a
discussão, desde que relacionados ao macrotema. Seu texto deve ser organizado no que
diz respeito a toda estrutura do texto argumentativo/dissertativo estudados até agora nesse
nivelamento.

Anotações
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CERTO OU ERRADO

Faz duas semanas que ele partiu... OU Fazem duas semanas que ele partiu?

O correto é FAZ duas semanas que ele partiu.

Sabe por quê? Quando o verbo FAZER se refere a tempo transcorrido, ele é impessoal. Ou
seja, ele não tem sujeito com quem concordar e então deve ser empregado sempre no
singular.
Por isso, devemos dizer: faz 20 anos que o conheço/ Fazia três anos que ele não tirava
férias.

O certo é vai fazer OU vão fazer dois meses que ele viajou?

O correto é, VAI FAZER, pois como o verbo FAZER pertence a uma locução verbal (VAI +
FAZER) e é o verbo principal da locução, ele transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar
que deve ficar no singular.

Ela mesmo ou ela mesma?

É muito comum as pessoas ficarem em dúvida na hora de usar o pronome MESMO.

Será que o certo é: Ela mesmA ou ela mesmO me convidou para jantar?

Para dar um fim definitivo na sua dúvida, basta lembrar que quando a palavra MESMO tiver
o sentido de PRÓPRIO, ela deve concordar em gênero e número com a palavra a que faz
referência.
Assim, o correto é dizer: ela MESMA me convidou para jantar, pois podemos dizer: ela
PRÓPRIA me convidou para jantar.

A palavra MESMO é invariável quando significa “até, inclusive”: MESMO a professora errou
aquela questão; MESMO os diretores não vieram à reunião.

Agora, CUIDADO com a palavra MENOS! Pois ela é sempre invariável. Ou seja, a palavra
MENAS NÃO EXISTE!

Jamais diga: Havia "menas" pessoas na festa deste ano que do ano passado. O certo é:
Havia MENOS pessoas...

Como é que se fala?

Agora vamos observar algumas palavras que sempre nos deixam em dúvida na hora de
falar.
Por exemplo, você fala que o bolo está RUim ou que o bolo está ruIM?

Ficou em dúvida? Então grave a pronúncia oficial. Devemos dizer: ruIM. Com a última sílaba
forte assim como cupim, amendoim, jardim...

Conheça, agora, outras palavras que também apresentam a última sílaba forte e que podem
nos deixar em dúvida na hora de falar.

Diga: esta é uma questão suTIL. Nenhum brasileiro ganhou o prêmio NoBEL de literatura.
Mas as campeãs da pronúncia indevida são aquelas que apresentam a penúltima sílaba
forte.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 100


Por exemplo, você sabia que a forma oficial, aquela que está registrada em nossos
dicionários, é reCORde e não RÉcorde? Embora muito jornalista diga na TV que o atleta
bateu um RÉcorde, o oficial é dizer que ele bateu um reCORde.
Outra palavra muito maltratada é a famosa RUBRICA, que muita gente insiste em
pronunciar “rúbrica”.

Diga: vou colocar minha RUBRICA no contrato.

Também existem palavras que apresentam mais de uma pronúncia aceita, como acróbata
e acrobata, biótipo e biotipo, boêmia e boemia, xérox e xerox, necrópsia e necropsia...

Ela se maquia ou ela se maqueia?

Você já notou como alguns verbos sempre nos deixam em dúvida?

Por exemplo, você diria que: ela se maquia ou se maqueia?


O correto, nesse caso, é maqUIA.

Assim como maquiar, os verbos regulares terminados em IAR, como, VARIAR, PREMIAR,
NEGOCIAR... não apresentam a letra "e" na terminação.
Assim, diga: maquia / varia / premia / negocia...

Mas há exceções: os verbos MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR E ODIAR terminam


em IAR, mas, quando flexionados, acrescentam a letra "e", formando um ditongo “ei”.
Devemos dizer: ele medeia / anseia / remedeia / incendeia / odeia

Para ajudar a memorizar esses cinco verbos irregulares, guarde que, se juntarmos as letras
iniciais de todos eles, temos a palavra MÁRIO Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar.

Dúvidas eternas: onde ou aonde?

Quando uso onde e quando uso aonde? O correto é degraus ou degrais? É a lotação ou o
lotação? Confira:

Degraus ou degrais

Colocar as palavras no plural é fácil, não é mesmo? O problema são algumas palavras que
insistem em nos confundir.

Por exemplo, o plural de DEGRAU, será DEGRAUS ou DEGRAIS? Achou difícil? Então anote
aí: o correto é DEGRAUS.

A regra diz que as palavras terminadas em AU fazem o plural acrescentando-se apenas um


S no final. Assim, o plural de bacalhau é bacalhaus; de grau é graus; de sarau é saraus...

Já as palavras terminadas em AL fazem o plural em AIS. Como a palavra ANIMAL que,


como termina em AL, tem como o plural ANIMAIS. Temos, assim, o plural de CANAL que é
CANAIS; de IGUAL que é IGUAIS; de AVENTAL que é AVENTAIS; de MANUAL que é
MANUAIS.

Essa troca do L por IS também acontece com o plural das palavras terminadas em EL, OL
e UL.

Confira:
O plural de CASCAVEL é CASCAVÉIS; de ANEL é ANÉIS; de ANZOL é ANZÓIS; de GIRASSOL
é GIRASSÓIS; de FAROL é FARÓIS; de AZUL é AZUIS.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 101


Mas, como toda boa regra tem suas exceções, guarde que a palavra CÔNSUL, embora
termine com UL, tem como plural CÔNSULES e que a palavra MAL com L (o contrário de
BEM) tem como plural a palavra MALES.
Dizemos, assim:
O MAL da humanidade é a cobiça. Os MALES da humanidade são a cobiça e a vaidade.

O lotação ou A lotação?
Você já notou que algumas palavras mudam de sentido quando mudam de gênero, ou seja,
quando a palavra é masculina tem um sentido e quando a mesma palavra é feminina tem
um sentido diferente?
Por exemplo, a palavra LOTAÇÃO, pode ser O LOTAÇÃO ou A LOTAÇÃO.
Quando for O LOTAÇÃO, tem o sentido de veículo de transporte. É aquele micro-ônibus
que muitos pegam para trabalhar.

Mas, quando usamos essa palavra no feminino, A LOTAÇÃO se refere à quantidade de


pessoas ou coisas que um lugar é capaz de receber.

Assim, pegamos O LOTAÇÃO para trabalhar, rezando para que A LOTAÇÃO dele não esteja
esgotada.

Outra palavra que altera o sentido quando muda de gênero é a palavra GRAMA.

Quando ela se refere ao gramado que cobre o campo de futebol, ela é feminina. Dizemos:
A grama do Maracanã estava em ótimo estado.

Mas, CUIDADO, quando a palavra GRAMA se refere a peso (massa), ela é masculina.
Portanto, diga: Ele comprou duzentOs gramas de queijo e NÃO duzentAs gramas de queijo.

Onde ou aonde?
Agora vamos falar da duplinha ONDE e AONDE que muita gente acha que se trata de
palavras sinônimas.

Não se deixe levar pelas aparências. Embora tenham o som muito parecido, elas devem ser
usadas em situações diferentes.

Segundo a tradição da nossa língua, usamos a palavra ONDE quando ela tiver o sentido de
NO LUGAR. Por exemplo, dizemos: Esta é a casa ONDE moro, pois podemos dizer: Eu moro
NA CASA.

Acompanhe mais estes exemplos:


Dizemos: Esta é a escola ONDE meus filhos estudam, pois dizemos: Meus filhos estudam
NA ESCOLA. Esta é a cidade ONDE eu vivo, pois Eu vivo NA CIDADE. Este é o quarto ONDE
as crianças dormem, pois As crianças dormem NO QUARTO.

Agora, devemos usar a palavra AONDE quando ela tiver o sentido de AO LUGAR. Por
exemplo, dizemos: Este é o restaurante AONDE fomos no sábado passado, pois é possível
dizer: Fomos AO RESTAURANTE.

Na frase: Este é o paraíso AONDE todos querem chegar, usamos AONDE, pois podemos
dizer: Todos querem chegar AO PARAÍSO.

Note que usamos AONDE quando o verbo exige a preposição A. Como os verbos: ir, chegar,
dirigir-se, levar...

Calças cinza ou calças cinzas?

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 102


Como fica a concordância do nome das cores com a palavra a que se refere? Acredito que
ninguém tem dificuldade para concordar, por exemplo, o adjetivo AMARELO com os
substantivos CARROS e CASA. Todos diriam: Carros AMARELOS e Casa AMARELA, não é
mesmo?
Mas e com a palavra CINZA?

Você saberia dizer se o correto é: calças cinza ou calças cinzas? Aqui vai a dica:

Quando o nome da cor for uma palavra que também pode designar alguma coisa
(substantivo), ela não varia, ou seja, não tem plural.

Assim, o correto é CALÇAS CINZA. CINZA não vai para o plural, pois a palavra CINZA
também significa o resíduo que sobra da queima de algum material, como, cinza de cigarro,
cinza da madeira, das folhas de papel...

É como se você dissesse: Calças cor de cinza.


O mesmo acontece com: Casacos LARANJA, camisas VIOLETA, sapatos PRATA, calças
VINHO, meias MOSTARDA, vestidos CREME, camisetas LIMÃO...

Metade dos alunos passou ou passaram?

Vamos falar sobre alguns plurais que merecem nossa atenção. Vamos começar com uma
dúvida muito comum: letra tem plural?

Claro que letra tem plural. Tem, inclusive, duas formas corretas de plural. A forma preferida
da maioria dos autores é escrever por extenso o nome da letra e simplesmente acrescentar
um "s" ao final do nome. Assim, escrevemos dois ESSES.
Outra forma possível e igualmente correta é representar o plural duplicando a letra. Para
representar o plural de "S", escrevemos duas vezes a letra "s": esta palavra se escreve com
dois SS.
Outro plural que pode gerar dúvida é o plural dos números. Você já pensou se "cinco" ou
"quinze" têm plural? Podemos dizer os cincos e os quinzes?

É claro que pode. Por exemplo, se você estiver contando quantos números repetidos há em
uma cartela, poderá dizer que encontrou dois cincos, três quinzes, oito noves...

Mas cuidado, se o número terminar com "s" ou com “z”, não apresenta forma no plural.
Diga que você encontrou cinco dois e quatro três. Na última prova, houve vários dez.

Metade dos alunos passou ou passaram?

Agora vamos falar de uma concordância especial. A concordância verbal com expressões
do tipo: PARTE DE, UMA PORÇÃO DE, METADE DE, A MAIORIA DE, GRANDE PARTE DE...

Por exemplo, você diria que: A metade dos professores participou da reunião OU A metade
dos professores participaram da reunião?

Em casos como esse, a preferência é pelo verbo no singular: A metade dos professores
participou da reunião. Pois, assim, o verbo concorda com a palavra METADE que é o núcleo
do sujeito. Mas a concordância com a palavra no plural também é aceita.

Você pode dizer: a metade dos professores participaram da reunião.

Assim, embora a preferência seja pela concordância com o núcleo do sujeito no singular,
estão igualmente corretas as duas formas.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 103


Veja alguns exemplos: A maioria dos vereadores votou no projeto. OU A maioria dos
vereadores votaram no projeto. A maior parte dos turistas aprovou as instalações da Copa.
OU A maior parte dos turistas aprovaram as instalações da Copa.

Bastante ou bastantes? Você sabia que a palavra BASTANTE tem plural: BASTANTES?
O problema é saber quando está correto usar BASTANTES assim, no plural.

Um método simples e fácil de saber quando a palavra BASTANTE deve ir para o plural é
substituí-la por MUITOS ou MUITAS.

Se a palavra MUITO for para o plural, a palavra BASTANTE também vai. E se a palavra
MUITO ficar no singular, a palavra BASTANTE também fica no singular.

Confira comigo. Se dizemos: "Eles ficaram MUITO cansados", com a palavra MUITO no
singular, devemos dizer: "Eles ficaram BASTANTE cansados", com a palavra BASTANTE no
singular.

Mas, se dizemos: "Ele está com MUITOS problemas", com a palavra MUITOS no plural,
devemos dizer: "Ele está com BASTANTES problemas", com a palavra BASTANTES no plural.

A palavra BASTANTE também vai para o plural quando ela tiver o sentido de SUFICIENTE
e vier depois de um substantivo no plural.

Por exemplo, na frase: "Maria já tem provas BASTANTES do seu amor", a palavra
BASTANTES está no plural porque se for substituída pela palavra SUFICIENTES, não muda
o sentido da frase: Maria já tem provas suficientes do seu amor.

Bateu a porta ou bateu à porta? Não pense que a crase é um detalhezinho bobo e sem
importância. Ao contrário, a crase é muito importante, pois a sua presença ou a sua
ausência pode mudar o sentido da mensagem.
Por exemplo, a frase: "O diretor bateu a porta" pode ter dois sentidos diferentes,
dependendo da presença da crase.

Confira comigo: se colocarmos o acento indicativo da crase, passaremos a mensagem que


o diretor, querendo entrar, bateu NA porta. Mas, se tirarmos o acento indicativo da crase,
mudamos o sentido da mensagem. A frase: "O diretor bateu a porta" passa a informação
de que ele, nervoso, bateu (fechou) a porta com força.

Percebeu como a crase pode mudar sentido da mensagem?


Acompanhe mais esse exemplo comigo. "Precisamos combater a sombra." Sem o acento
indicativo da crase, "a sombra" é o inimigo, é o objeto que precisa ser combatido. Mas, se
colocarmos o acento indicativo da crase em "Precisamos combater à sombra", "a sombra"
passa a ser o lugar onde o combate vai se realizar.

Revisão: concordância nominal

Caso 1 - Regras básicas: 1ª) Os adjetivos, os numerais, os pronomes e os artigos


concordam com o substantivo em gênero e número; “Ele é um homem ALTO”; “Ela é uma
mulher ALTA”; “São dois homens ALTOS”; 2ª) Os advérbios, as conjunções e as preposições
não se flexionam. “Ele fala ALTO”; “Ela fala ALTO”; “Eles falam ALTO”.

Caso 2 - Um adjetivo e vários substantivos: Se houver um substantivo masculino, o


adjetivo concordará no masculino plural: “Só lia livros e revistas especializados”;
Se o adjetivo estiver antes dos substantivos, deverá concordar com o mais próximo:
“Apresentou péssima forma física e desempenho”.

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 104


Caso 3 - Um substantivo e vários adjetivos: O substantivo vai para o plural ou fica no
singular e o artigo deve ser repetido: “As polícias civil e militar”; “A polícia civil e a militar”;
“Hastearam as bandeiras brasileira e argentina”; “Hastearam a bandeira brasileira e a
argentina”; “Alunos de quinta e sexta séries; “Alunos da quinta e da sexta série”.

Caso 4 – Adjetivos compostos Somente o segundo elemento se flexiona em gênero e


número: “Eram questões médico-hospitalares”; “Sempre admirou a cultura greco-latina”;
“Camisas verde-amarelas”; “Cabelos castanho-escuros”.

Caso 5 – Cores
Adjetivos concordam: “Eram camisas vermelhas, azuis e amarelas”;
Substantivos em função de adjetivo não se flexionam: “Eram camisas limão, gelo e violeta”;
Cores compostas em que o segundo elemento é substantivo não se flexionam: “Eram
camisas verde-limão, azul-céu e vermelho-sangue”.
Caso 6 Meio = metade (numeral): concorda; Meio = mais ou menos (advérbio): não
concorda. “Comeu meia laranja”; “Ela estava meio nervosa”;

Caso 7 Bastante = muito, suficientemente (advérbio): não concorda; Bastante = suficiente


(adjetivo): concorda. “Eles ficaram bastante cansados”; “Já tem provas bastantes para
incriminar o réu”;

Caso 8 Só = sozinho: concorda; Só = somente: não concorda. “Eles moram sós”; “Só os
dois não viajaram”;

Caso 9 Mesmo = próprio: concorda; Mesmo = até, realmente: não concorda. “Ela mesma
resolveu o problemas”; “Eles feriram a si mesmos”; “Mesmo as professoras erraram aquela
questão”;

Caso 10 Junto = adjetivo: concorda; Junto a / junto de (ao lado de) = locução prepositiva:
não concorda. “Elas moram juntas”; “As mesas estão junto da parede”; “A farmácia fica
junto ao hotel”;

Caso 11 Anexo = adjetivo: concorda; Em anexo = não concorda. “Segue anexo (OU em
anexo) o contrato assinado”; “Seguem anexos (OU em anexo) os arquivos solicitados”; “As
notas fiscais estão anexas (OU em anexo);

Caso 12 É PROIBIDO, É PERMITIDO, É BOM... só flexionam se o substantivo estiver


determinado: “É proibido entrada de estranhos”; “É proibida a entrada de estranhos”;
“Dizem que pimenta é ótimo para o coração”; “Dizem que esta pimenta é ótima”;
“Demissão em massa não é bom”; “Minha demissão não foi boa”.

Caso 13 – Com pronomes de tratamento O verbo concorda na terceira pessoa: “Vossa


Senhoria já PODE ASSINAR o contrato”; “Vossa Majestade já DECIDIU o que vai fazer neste
caso?”.

Caso 14 – Com a partícula apassivadora SE O verbo concorda com o sujeito passivo:


“ALUGA-SE este apartamento”; “ALUGAM-SE apartamentos”; “Ainda não SE DESCOBRIU a
causa da sua morte”; “Ainda não SE DESCOBRIRAM os motivos de sua decisão”.

Caso 15 – Com partícula de indeterminação do sujeito SE O verbo fica


obrigatoriamente no singular: “PRECISA-SE de operários”; “Não SE DEVE CONFIAR em
estranhos”; “Aqui SE VIVE com mais segurança”.

Caso 16 – Com verbos que expressam fenômenos da natureza A concordância deve


ser feita no singular. O plural só será possível se o verbo for usado no sentido figurado:

Nivelamento Língua Portuguesa 01 – Professor Jorge Luiz Freneda 105


“CHOVIA sempre aos sábados”; “Durante as reuniões, CHOVIAM palavrões”; “GEOU
durante sete dias”; “Os moradores TROVEJAVAM contra o prefeito”.

Caso 17 – Com sujeito composto O verbo concorda no plural: “O vizinho e a irmã


FORAM à praia”; A primeira pessoa predomina sobre as demais (eu e tu = nós / eu e ele =
nós): “Eu e minha irmã FOMOS à praia”; Com sujeito composto posposto, a concordância
atrativa é aceitável: “FOMOS ou FUI eu e minha irmã”.

Caso 18 - Com a conjunção OU Se houver ideia de exclusão, o verbo concorda com o


mais próximo: “Ou você ou o diretor TERÁ DE IR a São Paulo amanhã”; Se não houver ideia
de exclusão (OU = E/OU), a concordância é facultativa: “O gerente financeiro ou o contador
PODE ou PODEM RESOLVER o caso”; Se houver ideia aditiva (OU = E), o verbo concorda
no plural: “Futebol ou carnaval FAZEM a alegria do brasileiro com a mesma intensidade”.

Caso 19 - Com sujeito composto por infinitivos A concordância é facultativa. A


preferência é o uso do verbo no singular: “Sorrir e balançar a cabeça não RESOLVE (ou
RESOLVEM) seu problema”; Se os infinitivos forem antônimos, o verbo concorda no plural:
“Rir e chorar FAZEM parte da vida”; Se os verbos estiverem substantivados, o plural é
obrigatório: “O entrar e o sair da sala ATRAPALHARAM muito o palestrante”.

Caso 20 – Com o verbo HAVER O verbo HAVER, no sentido de “existir” ou de


“acontecer”, é impessoal (=sem sujeito). Deve ser usado sempre no singular: “HÁ muitas
pessoas na reunião”; “Sempre HOUVE muitos acidentes nesta esquina”; “Ainda PODE
HAVER dúvidas a serem resolvidas”;

Caso 21 - Com os verbos HAVER e FAZER (= tempo decorrido) Os verbos HAVER e


FAZER, quando se referem a tempo decorrido, são impessoais (sem sujeito). Devem ser
usados sempre no singular: “Não nos vemos HÁ duas semanas”; “Não nos vemos FAZ duas
semanas”; “HAVIA dez anos que ele não nos visitava”; “DEVE HAVER duas horas que ele
saiu”.

Caso 22 - Com o verbo SER (= tempo e distância) O verbo SER, com referência a
tempo e distância, concorda com a palavra seguinte: “É 1h”; “SÃO 2h”; “É meio-dia e meia”;
“SÃO doze horas e trinta minutos”; “SÃO 20 quilômetros até o aeroporto”;

Caso 23 - Com o verbo SER O verbo SER, a princípio, pode concordar com o sujeito ou
com o predicativo: “Tudo É ou SÃO flores”; A preferência é a concordância no plural: “Sua
maior reclamação são os atrasos”; “Estes dados são parte de um relatório confidencial”; O
verbo SER concorda com o pronome pessoal: “O professor sou eu”; “Os escolhidos fomos
nós”. As expressões É POUCO, É MUITO, É DEMAIS, É O QUE... são invariáveis: “Um é
pouco, dois é bom e três é demais”; “Dez quilômetros é muito para mim”; Nas frases
interrogativas, o verbo SER concorda com o predicativo: “Quem eram os candidatos?”
Aula de revisão: concordância verbal

Regra básica: o verbo concorda com o sujeito em pessoa e número.

Caso 1 – Com sujeito simples posposto A posição natural do sujeito é antes do verbo,
mas a concordância é obrigatória mesmo quando o sujeito aparece depois do verbo:
“COMPARECERAM à reunião todos os diretores”; “Ainda FALTAM dois exercícios”; “Para não
ser rebaixado, SÃO NECESSÁRIOS no mínimo 40 pontos”.

Caso 2 – Com sujeito oracional Quando o sujeito é formado por uma oração (= frase
com verbo), a concordância se faz no singular:
“Ainda FALTA resolver dois exercícios”; “Para não ser rebaixado, É NECESSÁRIO no mínimo
chegar a 40 pontos”.

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Caso 3 – Com sujeito simples anteposto O verbo concorda obrigatoriamente com o
núcleo do sujeito (quando houver a preposição “de”, em geral, o núcleo do sujeito será o
substantivo ou o pronome que fica antes da preposição): “O PRESIDENTE das organizações
Delta VIAJOU a Brasília”; “Os ATACANTES do Brasil TREINARAM em separado”; “NENHUM
dos atacantes TREINOU ontem”.

Caso 4 – Com partitivos (parte, maioria, metade...) Rigorosamente o verbo deve


concordar no singular: “Grande parte dos alunos já SAIU”; “A maioria dos problemas ainda
não FOI RESOLVIDA”; “Metade dos convocados já ESTÁ em Teresópolis”.
A concordância (atrativa) no plural com o especificador é aceitável: “Grande parte dos
alunos já SAÍRAM”; “A maioria dos problemas ainda não FORAM RESOLVIDOS”; “Metade
dos convocados já ESTÃO em Teresópolis”.

Caso 5 – Com coletivos (grupo, bando, manada...) Rigorosamente o verbo deve


concordar no singular: “Um bando de aves POUSOU no fio”; “Uma manada de búfalos
SURGIU ao longe”.
A concordância (atrativa) no plural com o especificador é aceitável: “Um bando de aves
POUSARAM no fio”; “Uma manada de búfalos SURGIRAM ao longe”.

Caso 6 – Com CERCA DE, PERTO DE, POR VOLTA DE, EM TORNO DE... O verbo
concordará obrigatoriamente com o núcleo plural: “Cerca de duzentas pessoas
COMPARECERAM à festa”; “Por volta de quinhentas crianças já FORAM VACINADAS”.

Caso 7 – Com os pronomes QUE e QUEM Com o pronome relativo QUE, o verbo
concorda com o antecedente: “Fui eu que FIZ o trabalho”; “Fomos nós que FIZEMOS o
trabalho”.
Com o pronome QUEM, embora alguns autores aceitem a concordância com o antecedente,
o mais recomendável é que a concordância seja feita na terceira pessoa do singular: “Fui
eu quem FEZ o trabalho”; “Fomos nós quem FEZ o trabalho”; “Quem FEZ o trabalho fomos
nós”.
Com UM DOS...QUE, embora alguns autores aceitem a concordância no singular, o mais
recomendável é que a concordância seja feita no plural: “Ele é um dos que FIZERAM o
trabalho”; “Ela é uma das atrizes que FORAM PREMIADAS no festival de Gramado”.

Caso 8 – Com frações Rigorosamente, o verbo deve concordar com o numerador:


“Um quinto FOI ENTREGUE ao rei”; “Três quintos FORAM ENTREGUES ao rei”.
A concordância atrativa com o especificador é aceitável: “Um quinto das nossas riquezas
FOI ENTREGUE ou FORAM ENTREGUES ao rei”; “Três quintos da sua riqueza FORAM
ENTREGUES ou FOI ENTREGUE ao rei”.

Caso 9 – Com milhão, bilhão, trilhão... O verbo concorda com o núcleo: “Um milhão
FOI GASTO”; “Dois milhões FORAM GASTOS”.
Quando houver especificador, o verbo pode concordar no singular ou preferencialmente no
plural: “Um milhão de dólares FOI GASTO ou FORAM GASTOS no projeto”.

Caso 10 – Com percentagens O verbo concorda com a percentagem: “Somente 1% não


COMPARECEU à prova”; “Somente 2% não COMPARECERAM à prova”.
Quando houver especificador, o verbo pode concordar com a percentagem ou
preferencialmente com o especificador: “Somente 1% dos alunos não COMPARECEU ou
COMPARECERAM à prova”; “Somente 2% da turma não COMPARECERAM ou COMPARECEU
à prova”.
Se a percentagem estiver determinada, o verbo deverá concordar obrigatoriamente com a
percentagem: “Estes 10% da turma FORAM REPROVADOS”; “Os restantes 90% da turma
FORAM APROVADOS com louvor”.

O uso recorrente de determinadas expressões

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Referindo-nos ao adjetivo “recorrente”, estamos justamente enfatizando sobre o uso
corriqueiro de alguns termos que mediante ao atributo da língua escrita precisam estar em
consonância com o padrão formal. Estes, na maioria das vezes, são alvo de dúvidas entre
os usuários, mesmo porque quase todos são dotados de extrema semelhança sonora.
Todavia, graficamente, apresentam divergências, e são estas que lhes atribuem também
significados diferentes. Mas nada que uma efetiva assiduidade mediante a prática da leitura
e escrita não consiga sanar estes “supostos” questionamentos, ampliando, assim, ainda
mais a nossa competência como um todo. E para tal, algumas dicas tendem a tão somente
nos auxiliar rumo à conquista dessas habilidades. Sendo assim, eis que segue uma relação
precedida dos principais casos:

*Abaixo/ A baixo Abaixo revela o sentido de lugar menos elevado, inferior. Para Marcela,
era inaceitável que ocupasse uma posição abaixo de suas verdadeiras pretensões. A baixo
significa “para baixo”. Quando percebemos, lá estava o brinquedo sendo levado correnteza
a baixo.

*A cerca de/ Acerca de/ Cerca de/ Há cerca de. A cerca de ou cerca de retrata o
sentido de “aproximadamente, mais ou menos”. O parque foi construído a cerca de
quinhentos metros do condomínio. O tempo estimado pelo profissional foi cerca de três
semanas para a conclusão das obras.

Acerca de corresponde ao sentido de “a respeito de, sobre”. Durante a reunião muito se


discutiu acerca da problemática ambiental.

Há cerca de relaciona-se ao sentido de tempo decorrido, haja vista que o verbo haver se
encontra na sua forma impessoal. Há cerca de três anos não visito meus familiares.

*Acima/ A cima Acima retrata o sentido de “um lugar mais elevado, superior”. Conforme
pode perceber, na lista de aprovados seu nome se encontra acima do meu.

A cima significa “para cima”. Todos os convidados me olharam de baixo a cima.

*A fim/ Afim A fim encontra-se relacionado ao sentido de “finalidade, objetivo


pretendido”. A fim de evitar maiores contratempos, ele resolveu afastar-se de sua amiga.

Afim classifica-se como um adjetivo invariável, cuja significância se atribui à semelhança,


afinidade. Como na antiga grade havia matérias afins, pude adiantar bastante o meu curso.

*A menos de/ Há menos de A menos, classifica-se como locução prepositiva, e retrata


o sentido de tempo futuro ou distância aproximada. Encontramo-nos a menos de dois
quilômetros do destino almejado. A menos de um mês estaremos de férias.

Há menos de significa “aproximadamente, mais ou menos”, conjuntamente ao verbo


haver, que estando de forma impessoal denota tempo decorrido. Ele saiu de casa há menos
de dois anos.

*Ao encontro de/ De encontro a Ao encontro de revela o sentido de a favor de. As


propostas dos candidatos vão ao encontro do que se espera a população.

De encontro a significa oposição, ideia contrária. Suas opiniões vão de encontro às


minhas.

*Ao invés de/ Em vez de Ao invés denota o sentido de “ao contrário de” Ao invés de
calar-se, continuou discutindo com seu superior.

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Em vez exprime a ideia de substituição, “em lugar de’. Em vez de viajar nas férias, optou
por descansar em casa.

*A par/ Ao par A par significa estar ciente de algo, informado sobre um determinado
assunto. Quando ela resolveu se abrir, seus pais já estavam a par de tudo.

Ao par indica o sentido de equivalência cambial. O euro e o dólar já estiveram ao par por
algum tempo.

*Demais/ De mais Demais, caracterizado como advérbio de intensidade, se equivale a


muito, excessivamente. Nossa! A meu ver você parece egoísta demais.

Como pronome indefinido corresponde a “os restantes, os outros”. Ele foi o único
que se sobressaiu entre os demais.

De mais caracteriza-se como o oposto do termo “de menos”. Há alunos de mais nesta sala.

*Há/ A Há, depreendendo o sentido de impessoalidade (por isto permanece sempre na


terceira pessoa do singular), revela o sentido de existir ou fazer. Nesta sala há verdadeiros
talentos na área de exatas. O A, tanto pode indicar tempo futuro (que se conta de hoje
para o futuro) ou apenas se revelar como uma preposição. Daqui a alguns meses
concluiremos nossa pesquisa. Não entregue esta encomenda a ele.

*Mas/ Mais

Mas integra a classe das conjunções, revelando o sentido de ideia contrária, oposição. Não
pôde comparecer ao aniversário, mas enviou o presente.

Mais pode ser classificado como advérbio de intensidade ou pronome indefinido. Clarice
foi a menina que mais se destacou durante a apresentação.

*Mau/ Mal

Mau pertence à classe dos adjetivos, podendo ser utilizado quando significar o contrário
de “bom”. Ele é um mau aluno. (Poderíamos substituí-lo por bom)
Mal pode adquirir os seguintes valores morfológicos:

* advérbio de modo – podendo ser substituído por “bem”. Carlos foi mal sucedido
durante o tempo em que atuou nesta profissão. (O contrário poderia ter acontecido)

* conjunção subordinativa temporal – denota o sentido de “assim que, quando”.


Mal chegava em casa, já começavam as discussões. * substantivo – neste caso, sempre
aparece precedido de artigo ou qualquer outro determinante. Este mal só pode ser
resolvido com a chegada dele.

*Onde/ Aonde Onde é utilizado mediante o emprego de verbos que indicam sentido
estático, permanente. Gostaria muito de saber onde ele mora.

Aonde é utilizado com verbos que indicam movimento. Aonde vais com tamanha pressa?

*Por que/ Porque/ Por quê/ Porquê Por que – Trata-se de duas palavras – preposição
(por) + pronome (que). Desta forma assume as seguintes posições:

* quando equivale a “pelo qual” e demais variações: Esta é a conquista por que
sempre busquei. (pela qual)

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* quando equivale a “por qual razão”, “por qual motivo”.

Neste caso, trata-se da preposição “que” + o pronome interrogativo “quê”. Por


que não compareceu à reunião? (por qual motivo)

Por quê – ocorrência esta que se efetiva quando o pronome interrogativo se posiciona no
final da frase ou aparece seguido de uma pausa forte, fato que permite que o monossílabo
átono(que) passe a ser concebido como tônico (quê). Vocês saíram mais cedo da festa, por
quê? Porque somente pode ser utilizado quando retratar o sentido das conjunções
equivalentes a visto que, uma vez que, pois ou para que. Não poderemos viajar porque
minhas férias não coincidem com as suas.

Porquê é empregado quando se classifica como um substantivo, revelando o sentido de


causa, motivo. Nesse caso, sempre aparece acompanhado por um determinante.
Desconhecemos o porquê de tanta desorganização. (o motivo) *Se não/ Senão

Se não equivale a caso não, indicando, assim, uma probabilidade. Se não chover, iremos
ao cinema amanhã.
Senão equivale a “caso contrário” ou “a não ser’. Espero que estejas bem preparado, senão
não conseguirás obter bom resultado.

*Na medida em que/À medida que

Na medida em que exprime relação de causa, equivalendo-se a porque, já que, uma vez
que. Na medida em que os inquilinos não cumpriam com o pagamento em dia, iam sendo
despejados.

À medida que indica proporção, simultaneidade.


À medida que o tempo passa, mais aumenta a saudade.

*Tampouco/ Tão pouco

Tampouco equivale a “também não”.


Quem não respeita a si próprio, tampouco respeita a seus semelhantes.

Tão pouco equivale a muito pouco.


Como posso me divertir se ganho tão pouco?

Finalmente chegamos ao término deste módulo.


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Nos vemos

Professor Jorge Luiz Freneda

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