Вы находитесь на странице: 1из 12

Direito Ambiental e Urbanístico II – 2º semestre 2018 – FUNCESI

Luiza Guerra Araújo


1 – Ementa

Debater as principais leis em matéria ambiental e política urbana


Responsabilidade do poluidor nas esferas administrativa, civil e penal
Diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição
Normas relativas ao parcelamento do solo municipal
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
Código Florestal
Sistema Nacional de gerenciamento dos recursos hídricos
Plano Nacional de Educação Ambiental
Política Nacional de Resíduos Sólidos e Sistema de Logística Reversa
Estudo de Impacto de Vizinhança
Diretrizes nacionais para o saneamento básico
Política Nacional de Mobilidade Urbana

2 – Bibliografia

BARROS, Wellington Pacheco. Curso de Direito Ambiental. 2ed. São Paulo. Atlas. 2008
CASSILHA, Gilda A..; CASSILHA, Simone A. Planejamento urbano e meio ambiente.
Curitiba. IESDE, Brasil 2012;
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 6ª edição. São
Paulo. Saraiva, 2009.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro. Lumen Juris, 2000.
CUNHA, Sandra Baptista da. Impactos ambientais urbanos no Brasil. 7ª edição, Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano, 4ª edição. São Paulo. Atica. 174, 2002.
PIVA Rui Carvalho. Bem ambiental. São Paulo: Max Limonad. 2000.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo. Malheiros.2000.
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo. Atlas. 2009.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente - A gestão ambiental em foco. São Paulo. Revista
dos Tribunais. 2009.
3 – Legislação
Lei nº 6.938/81 – Política Nacional Meio Ambiente
Código Civil
Lei nº 9.605/98 – Crimes Ambientais
Decreto nº 6.514/08 – Infrações Administrativas
Lei nº 9.985/00 - SNUC
Lei nº 12.651/12 – Código Florestal
Lei n º 9.433/97 – Recursos Hídricos
Lei nº 12.305/10 – Resíduos Sólidos
Lei nº 11.445/07 – Saneamento Básico
Lei nº 9.795/99 – Educação Ambiental
Lei nº 10.257/01 – Estatuto da Cidade
Lei nº 6.766/79 – Parcelamento do Solo
Lei nº 6.803/80 – Zoneamento Industrial
Lei nº 12.587/12 – Mobilidade Urbana

4 – Provas – Todo conteúdo até a data da prova, sem consulta.


1ª – 26/09
2ª – 28/11
5 – Trabalhos:
29/08
Entrega de atividade avaliativa 12/09
12/09
31/10
07/11
21/11
Aula 1 – Conteúdo: Responsabilidade Civil por dano ambiental

Art. 225 CF/88


§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

1. Dano ambiental

1.1 Conceito/ definição do dano ambiental

O que é dano? O que é dano ambiental?

Marcelo Abelha afirma que existe dano ambiental, quando há lesão ao equilíbrio
decorrente de afetação adversa dos componentes ambientais. (RODRIGUES. Marcelo
Abelha. Elementos do direito ambiental: parte geral 2. Ed. Ver. São Paulo.Revista dos
Tribunais, 2005, pag.300)

Dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com consequente degradação –


alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. (MILARÉ,
Edis. Direito do Ambiente. A gestão ambiental em foco. São Paulo. Revista dos
Tribunais. 2009. pag. 866)

Recursos ambientais: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os


estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.”
Lei nº 6.938/81.
Lembrar que o meio ambiente envolve não só o conjunto de elementos naturais, mas
também artificiais, culturais e do trabalho.

1.2 Dupla danosidade do dano ambiental (Edis Milaré)

Art. 14, §1º da Lei 6.938/81: Sem obstar a aplicação das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público
da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

Os efeitos do dano ambiental alcançam o homem (interesses pessoais) e o ambiente


que o cerca (patrimônio ambiental – coletividade).

Ações individuais (lesão patrimônio particular) e coletivas (direitos


transindividuais/indivisíveis).

1.3 Características do dano ambiental

1.3.1 A ampla dispersão das vítimas

“Bem de uso comum do povo” – difuso – atinge número enorme de lesionados.

A lesão ambiental afeta, sempre e necessariamente, uma pluralidade


difusa de vítimas (MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente, A gestão ambiental
em foco. São Paulo. Revista dos Tribunais. 6ª edição. Pag 870.)

1.3.2 Difícil reparação e valoração do dano ambiental

A reparação pecuniária é sempre insuficiente, pois jamais se reconstituirá a integridade


ambiental ou a qualidade do meio que foi afetado.

Valor inestimável da biodiversidade e do equilíbrio ecológico.

Importância do princípio da prevenção/precaução

1 .4 Classificação dos danos ambientais

1.4.1 Dano individual/coletivo

Relação direta com os efeitos do dano ambiental

O individual atinge uma pessoa ou um conjunto individualizado de bens. Ex.: perda de


subsistência de uma família de pescadores diante da mortandade de peixes.
O coletivo refere-se a uma afetação difusa de bens, ofensa ao ambiente em seu aspecto
macro. Ex: extinção de uma espécie.

1.4.2 Dano patrimonial/moral

O patrimonial refere-se a uma lesão ao patrimônio economicamente valorizado. Ex.:


perda do valor da propriedade decorrente da mortandade de peixes pela poluição do
rio. O proprietário não poderá mais exercer a piscicultura.

O moral diz respeito a sensação de dor, da perda experimentada.

*Existe dano moral coletivo?

O dano moral extrapatrimonial deve ser averiguado de acordo com as


características próprias aos interesses difusos e coletivos, distanciando-
se quanto aos caracteres próprios das pessoas físicas que compõem
determinada coletividade ou grupo determinado ou indeterminado de
pessoas, sem olvidar que é a confluência dos valores individuais que dão
singularidade ao valor coletivo.
O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo
ou coletividade enquanto realidade massificada, que a cada dia mais
reclama soluções jurídicas para sua proteção. É evidente que uma
coletividade de índios pode sofrer ofensa à honra, à sua dignidade, à sua
boa reputação, à sua história, costumes e tradições. Isso não importa
exigir que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação tal qual fosse
um indivíduo isolado. Estas decorrem do sentimento coletivo de participar
de determinado grupo ou coletividade, relacionando a própria
individualidade à ideia do coletivo. (STJ, REsp n.º 1.057.274/RS, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, j. 01/12/2009, DJe
26/02/2010)

_____________________________________________________________________

2. Responsabilidade Civil Ambiental

2.1 Previsão legal

Art 14 Lei nº 6.938/81 – (...).

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o


poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados
terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal,
por danos causados ao meio ambiente.
Artigo 186 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Artigo 187 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002


Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Artigo 927 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002


Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

As normas que regem a responsabilidade civil são aplicadas sempre que há lesão do
direito de terceiro(s), com o intuito de recompor o estado anterior do bem lesado
(reparação – obrigação de fazer) e/ou garantir uma importância em dinheiro visando a
indenização pelo dano causado (indenização – obrigação de dar).

No regime jurídico brasileiro, em regra, a responsabilidade extracontratual é subjetiva,


com base na culpa ou dolo do agente causador do dano.

Por força de tal regra; verificada nos art. 186, 187 e 927 caput do CC/02; haverá dever
de reparar/indenizar o dano causado quando constatada culpa (violação do dever de
cuidado, atenção e diligência) ou dolo (consciência e vontade livre de praticar o ato) na
conduta do agente.

Se o agente violar direito e causar dano a terceiro por livre vontade de praticar o ato ou
por negligência, imprudência ou omissão voluntária, restará caracterizado o ato ilícito, o
que gera o dever de reparar/indenizar o referido dano. Para fins de responsabilização
civil, o ato ilícito qualifica-se pela culpa.

Todavia, a evolução das atividades humanas, os processos de industrialização, o


consumo em massa e a utilização desenfreada dos recursos naturais, ensejaram a
percepção de que seria necessário um regime de responsabilização mais eficiente.

Nessa linha, o parágrafo único do art. 927 do CC/02 instituiu a responsabilidade civil
objetiva, na qual culpa/dolo são dispensáveis para imputar o dever de indenizar/reparar
o dano causado.

Atividades consideradas perigosas por lei ou que por sua própria natureza impliquem
riscos a direito de terceiro(s) submetem-se à responsabilidade civil objetiva, ou
responsabilidade “sem culpa”; pois quem desenvolve uma atividade que por sua
natureza apresenta risco para terceiros, deve responder pelos danos relacionados à
referida atividade.

2.2 Responsabilidade objetiva

Diversas peculiaridades do dano ambiental fizeram com que o legislador, doutrina e


jurisprudência instituíssem a responsabilidade civil OBJETIVA.
As regras clássicas da responsabilidade civil não foram capazes de garantir proteção
eficiente e adequada às vítimas do dano ambiental, relegando-as, na maior parte das
vezes, ao desamparo.

Considerando que o bem ambiental possui natureza difusa, é de fácil percepção que o
dano causado possui ampla dispersão, e na grande maioria das vezes é impossível
sequer relacionar todos os lesionados.

Diante da numerosidade das vítimas do dano ambiental, os instrumentos processuais


tradicionais não se mostravam suficientes, sendo que muitas vezes apenas se buscava
a reparação/indenização de danos individuais e materiais. Desse modo, a efetiva
reparação do dano ambiental causado à coletividade nunca era reparado.

Não menos grave era o fato de que o agente causador do dano era raramente
responsabilizado, diante da inequívoca dificuldade de comprovar sua culpa direta na
ocorrência do evento danoso. Muitas vezes as condutas eram revestidas com aparente
formalidade, o que inviabilizava a condenação. E por fim, as excludentes de
responsabilidade da teoria clássica (caso fortuito, força maior, etc) impediam a também
dificultavam a reparação do dano ambiental.

Contudo, é preciso perceber que o bem ambiental é de interesse de todos, sendo


essencial à própria vida humana. Logo, renegá-lo a um sistema jurídico ineficiente para
manutenção do seu equilíbrio, seria permitir a renúncia de um direito irrenunciável.

O Direito Ambiental, justamente pelas peculiaridades do bem tutelado, na maior parte


das vezes, não admite as teorias clássicas utilizadas em outros ramos do direito, ao
menos não de forma absoluta, sendo essencial a adequação.

Foi assim que a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) adotou a teoria da
responsabilidade civil objetiva face aos danos ambientais ao dispor expressamente a
prescindibilidade de aferir culpa para que haja o dever de reparar/indenizar.

Dessa forma, toda vez que uma conduta gerar dano ao meio ambiente, haverá o dever
de reparar e/ou indenizar, ainda que a referida conduta seja considerada lícita, sendo
considerado abuso de direito a lesão ao equilíbrio decorrente de afetação adversa dos
componentes ambientais.

Segundo a ótica objetivista, para tornar efetiva a responsabilização, basta a prova da


ocorrência do dano e do vínculo causal deste com o desenvolvimento - ou mesmo mera
existência – de uma determinada atividade humana (MILARÉ, Edis. 2009. P.954).

Não cogita indagar como ou porque ocorreu o dano. É suficiente apurar se houve o
dano, vinculado a um fator qualquer, para assegurar à vítima uma indenização
(PEREIRA, Caio Mário da Silva. 2000.p.281). Em outro modo de dizer, passa a lei a
procurar identificar um responsável pela indenização, e não necessariamente um
culpado, individualmente tomado (GODOY, Claudio Luiz Bueno de. 2008. P.857).

A teoria da responsabilidade civil objetiva por dano ambiental encontra-se atrelada à


teoria do risco integral, sendo esta a mais radical possível em termos de
responsabilização, uma vez que o agente assume integralmente o risco pelo
desenvolvimento de sua atividade, sem possibilidade de arguir sequer a licitude da
conduta e/ou qualquer excludente de responsabilidade. Verificado o dano e sua relação
de causalidade com a atividade desenvolvida pelo agente, restará configurada a
responsabilidade civil. A ação, da qual a teoria da culpa faz depender a responsabilidade
pelo resultado, é substituída pela assunção do risco em provocá-lo.

2.3 Objetivos

2.3.1 Em regra, o objetivo será sempre a prevenção/precaução para que não ocorra o
dano ambiental (princípios prevenção/precaução).

Todavia, uma vez constatado, mister se faz a reparação do dano ambiental que, embora
se trate de mecanismo repressivo, carrega com sigo o intuito de desestimular práticas
similares.

O fundamento básico da responsabilidade civil na área ambiental é o princípio do


poluidor-pagador. Aquele que lucra com uma atividade deve responder pelo risco ou
pelas desvantagens dela resultantes, uma vez que o agente deve internalizar os custos
decorrentes das externalidades negativas ambientais (voluntárias ou não).

Também deve arcar com o custo das medidas preventivas, lembrando que a prevenção
é sempre preferível à reparação, uma vez que esta última não dificilmente vai alcançar
o estado natural existente antes da lesão.

É importante que se diga que a pretensão do instituto da responsabilidade civil é de


recompor o estado anterior do bem lesionado, normalmente pela imposição de uma
obrigação de fazer, muitas vezes conjugada com uma obrigação de não fazer (cessar a
atividade causadora do dano), podendo ser cumulada com uma indenização (obrigação
de dar).

O princípio do Direito Ambiental aplicado é o da “Reparação Integral”, por meio do qual


a lesão causada ao meio ambiente há de ser recuperada em sua integridade e qualquer
norma jurídica que disponha em sentido contrário ou que pretenda limitar o montante
indenizatório a um teto máximo será inconstitucional (MILARÉ, Edis.2009, p.957).

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
A reparação pode se dar por meio da recomposição do estado anterior, por meio de
uma obrigação de fazer ou numa importância em dinheiro, por meio de uma indenização
(obrigação de dar).

2.4 Teoria do Risco Integral

A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral,
sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na
unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano
ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de
indenizar.

2.4.1 Consequências da objetivação da responsabilidade civil fundada na teoria


do risco integral

2.4.1.1 Prescindibilidade de investigação de culpa

Segundo o sistema engendrado pelo nosso legislador, a obrigação de reparar e de


indenizar emerge da simples ocorrência de um resultado prejudicial ao homem e ao seu
ambiente, sem qualquer apreciação subjetiva da contribuição da conduta do poluidor
para a produção do dano. Esse é o dizer claro do art. 14, §1º, da Lei nº 6.938/81: “É o
poluidor, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

Desse modo, a primeira e importante consequência que a regra da objetividade enseja


é afastar a investigação e a discussão da culpa do poluidor. (MILARÉ, Edis. 2009.p.961).

2.4.1.2 Irrelevância da licitude da atividade

Tendo em vista a aplicação da responsabilidade civil objetiva, pautada na teoria do risco


integral, torna irrelevante a licitude da atividade que desencadeou o dano. Basta, tão
somente, a lesividade.

Registra-se a importante observação quanto a impossibilidade do Poder Público


consentir com a agressão à saúde da população por meio do controle exercido por seus
órgãos. Logo, ainda que um empreendedor exerça suas atividades dentro dos
parâmetros legais, bastará a constatação da ocorrência de dano ambiental relacionado
à sua atividade para que lhe seja atribuído o dever de reparação/indenização.

A outorga de autorização, de licença ou permissão pelo Poder Público, ainda que


perfeitamente acorde com a legislação vigente, apenas trará para este, solidariamente,
a obrigação de indenizar.

2.4.1.3 Inaplicabilidade de excludentes e de cláusula de não indenizar


Considerando a aplicação da teoria do risco integral não há o que se falar em caso
fortuito, força maior e fato de terceiro como exonerativas da responsabilidade ambiental.

A responsabilidade civil objetiva, pautada na teoria do risco integral, é fundamentada


pelo só fato de existir a atividade da qual adveio o prejuízo.

2.5 Pressupostos da responsabilidade civil por dano ambiental

2.5.1 Dano (evento danoso)

O evento danoso é o resultado das ações/atividades que de forma direta ou indireta


causem degradação ambiental. Isto é, diz respeito à lesão ao equilíbrio decorrente de
afetação adversa dos componentes ambientais. Ressalta-se que as lesões materiais e
imateriais são suscetíveis de recomposição, sendo admitidos danos morais e materiais.

A grande questão é precisar o que seria uso ou abuso, ou melhor dizendo, definir qual
parâmetro a ser utilizado para definir a obrigação reparatória.

Praticamente todas as atividades humanas causam impactos sobre o meio ambiente,


sendo muitos deles negativos. Contudo, um impacto negativo não será,
necessariamente, caracterizado como dano ambiental apto a ensejar o dever de reparar.

Assim, seria lógico sustentar que para o Direito só interessariam aquelas ocorrências
de caráter significativo, cujos reflexos negativos transcendessem os padrões de
suportabilidade estabelecidos (MILARÉ, Edis. 2009. P.959).

Porém, é importante lembrar que uma vez adotada a teoria do risco integral e aplicada
a responsabilidade civil objetiva, a licitude da conduta não é relevante para aferir
responsabilidade. Assim, ainda que uma determinada atividade esteja em conformidade
com a legislação ambiental (ex.: possua licença ambiental, esteja dentro dos padrões
de qualidade ambiental previstos nas normas do CONAMA, etc), é possível a ocorrência
do dano e a imputação do dever de reparar.

Os padrões de qualidade são meros indicativos e tratando-se de matéria ambiental é


importante lembrar que as variações naturais não são totalmente conhecidas pelo
homem. Por outro lado, pode ser que uma atividade isolada não represente qualquer
dano considerável ao equilíbrio ambiental, mas que uma série de atividades, exercidas
de forma conjunta, possa representar um dano considerável.

É da própria lei que a poluição não se caracteriza apenas pela inobservância de normas
e padrões específicos, mas também pela degradação da qualidade ambiental resultante
das atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou
sanitárias do meio ambiente. Poluição é a degradação que se tipifica pelo resultado
danoso. (MILARÉ, Edis. 2009. P.959).

Dessa forma, não existem critérios objetivos e seguros predeterminantes do dano


ambiental, sendo essencial que o julgador avalie, caso a caso, as características de
cada caso para caracterizar – ou não – o dano apto a gerar o dever de
reparação/indenização.

2.5.2 Nexo causal

Entende-se por “nexo causal” a relação de causa e efeito entre a atividade e o dano por
ela causado, sendo imprescindível para a responsabilização pelo dano ambiental.

Analisa-se a atividade, indagando-se se o dano foi causado em razão dela, para se


concluir que o risco que lhe é inerente é suficiente para estabelecer o dever de reparar
o prejuízo. Em outro modo de dizer, basta que se demonstre a existência do dano para
cujo desenlace o risco da atividade influenciou decisivamente. (MILARÉ, Edis. 2009.
P.960).

O STJ sintetiza essa posição da seguinte forma: "Para o fim de apuração do nexo de
causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria
fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que
façam, e quem se beneficia quando outros fazem." (REsp 650.728/SC)

Oportuno ressaltar que muitas vezes surgem várias dúvidas acerca do nexo de
causalidade que culminou na ocorrência de determinado dano ambiental. A
multiplicidade de causas, as dificuldades técnicas e financeiras e a distância entre a
fonte emissora e o resultado lesivo são alguns dos fatores que dificultam a constatação
do nexo de causalidade.

Novamente fazendo referência à natureza difusa do bem ambiental, bem como sua
direta relação com a saúde e dignidade humana e a necessária aplicação dos princípios
da prevenção e da precaução; os aplicadores do Direito precisaram encontrar uma
solução para que essas dificuldades não tornassem o causador do dano ambiental um
agente impune.

Por isso aplica-se a possibilidade de inversão do ônus da prova, transferindo ao


demandado a necessidade de provar a inexistência de relação de sua atividade com o
dano sob análise.

A partir dessas noções, a jurisprudência do STJ solidificou-se no sentido de que quem


explora atividade que sujeita a população a riscos deve arcar com o ônus de comprovar
que eles não existem, ou que não foi ela a causadora de eventual dano. A
fundamentação jurídica para a inversão do ônus da prova decorre da interpretação do
artigo 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 combinado com o artigo 21 da Lei 7.347/1985 (REsp
n. 972.902/RS).
Lei 7.347 - Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos,
coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da
lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.

Lei nº 8.078 - CAPÍTULO III


Dos Direitos Básicos do Consumidor
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

2.6 Sujeitos

2.6.1 Previsão legal e responsabilidade solidária

O responsável pelo dano ambiental é denominado “poluidor”, que nos termos do art. 3º,
IV da Lei nº 6.938/81 é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.

Quando vários agentes tiverem participado de uma ação que venha a causar a poluição
ou a degradação ambiental, ou ainda quando não se tiver certeza de qual deles – em
um rol de possíveis autores – foi o responsável pelos danos, aplica-se a
responsabilidade solidária. (GRANZIEIRA. Maria Luiza Machado. Direito Ambiental.
Editora Atlas.2009. pag.590)

CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002


Institui o Código Civil.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de
outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver
mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-
autores e as pessoas designadas no art. 932

Logo, todos os responsáveis pela degradação ambiental são co-obrigados solidários,


formando-se, em regra, nas ações civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo.

2.6.2. Responsabilidade do Estado

Com base na previsão legal, art. 3º, IV da Lei nº 6.938/81, o Estado também pode ser
responsabilizado por dano ambiental, uma vez que lhe foi atribuído,
constitucionalmente, o dever de zelar pelo equilíbrio ambiental.
Assim, entendemos que nos casos nos quais as pessoas jurídicas de direito público
interno causarem danos ambientais, deverão ser responsabilizadas à
reparação/indenização do dano, por força da redação legal.

Mas também deverá ser responsabilizado nos casos de omissão do seu dever
constitucional de proteger o meio ambiente quando, por exemplo, falhar no seu dever
de fiscalização, conceder licenças ambientais contrárias às normas, etc. Dessa forma,
entendemos que poderá haver responsabilidade do Estado mesmo quando o dano for
causado por atividade de terceiros.

Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a


omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a
concretização ou o agravamento do dano causado.

Nesse sentido já decidiu o STJ: “Trata-se, todavia, de responsabilidade subsidiária, cuja


execução poderá ser promovida caso o degradador direto não cumprir a obrigação, ‘seja
por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou
incapacidade, por qualquer razão, inclusive técnica, de cumprimento da prestação
judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934, do Código
Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica, conforme preceitua o art. 50
do Código Civil’" (REsp n 1.071.741/SP).

Вам также может понравиться