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Teoria Política – Professor Bráulio Cavalcanti Ferreira

Fichamento de 28/08/2018
Obra: A teoria das formas de governo
Autor: Norberto Bobbio
Capítulo: III – Aristóteles
Aluno: Thiago Francisco Amaral Moreira de Assis

Na clássica obra Política, Aristóteles apresenta a teoria clássica das


formas de governo, estabelecendo algumas das categorias fundamentais nas
quais a ciência política se baseia até os dias de hoje.
Aristóteles se refere a uma forma de governo como politeia, termo
normalmente traduzido como “constituição”. Uma constituição é assim definida
pelo filósofo grego:
“A constituição é a estrutura que dá ordem à cidade,
estabelecendo as diversas funções de governo e, sobretudo,
a autoridade soberana.”
Para Aristóteles, a constituição é o “ordenamento das magistraturas”, ou
seja, as funções de governo. Tal definição continua válida, mesmo que
incompleta para os padrões contemporâneos, uma vez que, de fato, a
constituição de um país é sua lei fundamental, na qual são estabelecidos seus
órgãos de Estado, com suas funções e relações, dentre outros aspectos. Assim,
existem vários tipos de constituições, sendo um dos objetivos da ciência política
a descrição e a classificação das constituições.
Nesse sentido, Aristóteles afirma que “constituição e governo significam a
mesma coisa”, sendo este “o poder soberano da cidade”. Tal poder pode ser
exercido por um, por poucos ou pela maioria (quem governa), podendo ser
exercido com o objetivo de (como governa) atender ao interesse comum, dando
origem a constituições boas e corretas, ou a interesses privados, dando origem
a constituições degeneradas e más. Assim, para Aristóteles, as constituições são
as seguintes, classificadas de acordo com tais critérios:

Como governa?
Quem governa? Interesse comum Interesse privado
(formas boas) (formas más)
Um Monarquia (Reino) Tirania
Poucos Aristocracia Oligarquia
Maioria Politia Democracia

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Assim, as constituições tirania, oligarquia e democracia, são, para
Aristóteles, as formas más, degeneradas, desviadas, da monarquia, da
aristocracia e da politia, respectivamente.
Para fins de uso axiológico, tais constituições podem ser classificadas de
forma hierárquica, da melhor para a pior, tendo por base o critério de que a pior
forma de governo é a degeneração da melhor forma, sendo cada vez “menos
piores” as formas degeneradas das constituições que se seguem à melhor.
Assim, a ordem hierárquica das constituições para Aristóteles é: monarquia,
aristocracia, politia, democracia, oligarquia e tirania.
Para Aristóteles, a monarquia é considerada a melhor forma de governo
por ser a mais “divina” dentre todas, visto que, numa verdadeira monarquia, não
basta haver um monarca, mas este deve ser o melhor dentre os homens,
superando aos demais de forma tão extraordinária que todos os demais o
reconhecem, voluntariamente, como seu governante. Daí o motivo da tirania ser
a pior das constituições, visto que implicaria no governo do pior dos homens.
Vale ressaltar, conforme já mencionado, que Aristóteles utiliza como
critério para avaliar se uma forma de governo é boa ou má o fato dos governantes
exercerem o poder político a favor do interesse comum ou de interesses
privados. Tal critério decorre do próprio conceito de Aristóteles para a pólis,
através do qual as pessoas se reuniriam nas cidades não apenas para viver em
comunidade, mas também para “viverem bem”. E, para que a meta de uma “vida
boa” seja alcançada dentro de uma comunidade, é necessário que todos
busquem o interesse comum. Assim, quando aqueles que exercem o poder o
fazem visando a interesses privados, a própria existência da pólis se
compromete, pois não caminha rumo a seu objetivo primordial.
Outro ponto a ser destacado é o fato de que cada uma das seis formas de
governo na classificação de Aristóteles é subdividida em várias subespécies de
acordo com os contextos históricos em que se apresentaram, porém, podendo
ser normalmente classificados em formas boas ou más de acordo com critérios
como os já mencionados. Um exemplo disso são os vários tipos de monarquia
que podem existir, incluindo a “monarquia despótica” que, apesar de possuir um
governante que exerce o poder de forma tirânica, continua sendo um governo
legítimo, visto que é um governante consentido por parte dos governados,
diferentemente da tirania, onde o governante exercer seu poder sobre súditos
insatisfeitos, sem haver consenso quanto a sua posição de governante.
Um aspecto interessante da classificação aristotélica diz respeito ao
conceito de politia. Para Aristóteles, a politia, que é uma forma boa de governo,
é uma mistura da oligarquia e da democracia, que são suas formas más de
governo. Ou seja, uma forma boa seria resultante da mistura de duas formas
más. Como pode ser possível? A explicação está no critério utilizado pelo filósofo
para a caracterização da oligarquia e da democracia: não o critério numérico

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referente à quantidade de governantes (poucos, oligarquia; muitos, democracia),
mas sim o critério da diferença social entre pobreza e riqueza. Assim, onde os
ricos dominem, sejam eles poucos ou muitos, há oligarquia, e onde os pobres
dominem, há democracia. Como, quase sempre, o número de ricos é muito
inferior ao número de pobres, a classificação mediante o critério numérico acaba
coincidindo com tal definição. Dessa forma, o que se pode concluir acerca do
conceito de politia de Aristóteles é de que ela seria a constituição na qual
ocorreria a união de interesses entre ricos e pobres, resolvendo o problema da
tensão social entre quem possui a riqueza e quem não a possui, sendo, assim,
o melhor regime para se assegurar a “paz social”.
Quanto à forma de se fazer tal mistura, são apresentados 3 mecanismos:
- Conciliar medidas incompatíveis das duas constituições originárias,
criando lei que puna os ricos que não participam da vida pública e concedendo
incentivos aos pobres que dela participam;
- Buscando o “meio-termo” entre regras extremas das duas formas de
governo iniciais, de modo que pudesse participar do poder todo aquele que
possuísse alguma riqueza intermediária, nem muito elevada, nem muito baixa; e
- Adotando as boas características dos sistemas legislativos de cada
forma de governo original, quais sejam, as eleições previstas pelo regime
oligárquico e a ausência de requisitos para participação na vida pública do
regime democrático, de modo a criar um sistema híbrido, no qual qualquer um
pudesse participar das eleições e ser eleito.
O pensamento por detrás de tais propostas é o de “mediação”, base de
toda ética aristotélica, que versa sobre virtude do “meio-termo” em relação aos
extremos. Tal ideal levou Aristóteles a considerar que “a melhor comunidade
política é a que se baseia na classe média e que as cidades que estão nesta
condição podem ser bem governadas”, visto que a classe média seria um fator
de equilíbrio entre os extremos da riqueza e da pobreza, uma vez que impediria
que qualquer um deles alcançasse um poder excessivo.
Tal fato conduziria a uma maior estabilidade da constituição, visto que
estaria mais protegida contra os perigos das revoluções causadas quando há
uma grande discrepância social entre ricos e pobres. Tal tema da estabilidade é
um dos mais relevantes para o estudo da ciência política, mesmo para os dias
atuais, sendo um critério ainda hoje utilizado para se definir um bom governo. A
existência de uma classe social predominante, nem rica, nem pobre, contribuiria
para um governo estável, pois estaria menos sujeito a conflitos sociais.
Por fim, a politia, o bom governo, como o resultado da mistura de duas
outras constituições é um dos principais temas do pensamento político ocidental
que chega aos dias atuais, sendo tratado como “governo misto”, tema este que
será retomado pelos grandes pensadores políticos depois de Aristóteles.

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