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do brasileiro
27/11/2015 / DANILO CATALANO
Pelo homem branco e livre, não poder viver de um salário, mesmo que às
vezes ele trabalhasse em algo, que na realidade da época não teria alguma
remuneração, mas ocuparia o tempo ocioso desta classe, eles viviam de
favores, muitas vezes com a ajuda dos senhores de engenho que podiam dar-
lhes algum trabalho e em troca eles viviam em seus casarões, isto é, seria uma
troca de favores na qual um dá abrigo e comida e em troca o outro oferece sua
mão de obra.
A passagem das distintas formas que o protagonista usa para se safar dos
problemas que passa e no caso, quando criança se vingar do que os adultos o
fizeram passar, é uma forma da malandragem, pois demonstra uma forma
sorrateira, porém divertida para quem observa de longe, de sair dos seus
problemas, que pode muitas vezes se relacionar a uma forma de favor, porque
Leonardo pede a cigana e a Chico-Juca, que o ajudem em sua vingança.
Podemos ver ai, a distinção entre o favor, que permeia todos os personagens
de Manuel Antônio de Almeida e a figura do malandro, que é a características
de Leonardo, esta diferença é que um utiliza de maneiras para sair de
problemas, apenas em momentos em que seja expressamente necessário e o
outro vive assim, seu meio de sair de problemas, não apenas serve para tal,
mas para vinganças e outras coisas, ele seria por assim dizer um especialista
em dar um jeito de se safar.
Nunca se saberá o que aconteceu com Leonardo após a história contada, mas
podemos apenas imaginar que sua vida por meio de favores e sua figura de
malandro, que eram as principais características dele na história, continuarão.
A diferença é que agora ele está mais amadurecido e tem um trabalho, mas
isso não muda os aprendizados e a maneira de ser do protagonista, isto é,
mesmo que ele trabalhe e seja sargento das milícias, Leonardo continuará
malandro nas maneiras de sair dos problemas, como pudemos ver em sua
nomeação para sargento, a qual foi um pedido por carta ao major,
simplificando, foi um favor pedido por Leonardo.
A questão é que o malandro brasileiro não se dá mal, muito pelo contrário, ele
se integra a sociedade, tendo uma vida “normal”, sem mais estar
marginalizado. As obras culturais brasileiras não mostram que a malandragem
é algo que marginalizará quem se utiliza dela, mas sim mostra que com ela é
possível levar uma boa vida, podendo até se mostrar como uma característica
positiva do protagonista.
“Por tudo isso, não há no Brasil quem não conheça a malandragem, que não é
só um tipo de ação concreta situada entre a lei e a plena desonestidade, mas
também, e sobretudo, é uma possibilidade de proceder socialmente, um modo
tipicamente brasileiro de cumprir ordens absurdas, uma forma ou estilo de
conciliar ordens impossíveis de serem cumpridas com situações especificas, e
– também – um modo ambíguo de burlar as leis e as normas sociais mais
gerais.” (DAMATTA, 1984, p.65)
“É um papel social que está à nossa disposição para ser vivido no momento
em que a lei pode ser esquecida ou até mesmo burlada com certa classe ou
jeito” (DAMATTA, 1984, p.66), assim as leis estão na sociedade brasileira,
mas se ela vai ou não ser praticada, cabe a cada indivíduo que a compõe. Com
exemplo no livro, “Memórias de um sargento de milícias” poderíamos dizer
que o papel da lei está incorporada no Vidigal, cabe a ele impor e ser a
personificação da lei no Brasil.
“Esta última pôs-se aos pés do Vidigal, mas ele foi inflexível; e o Rev. foi
conduzido com os outros para a casa da guarda na Sé, sendo-lhe apenas
permitido pôr-se em hábitos mais decentes” (ALMEIDA, 1996, p.57), Vidigal
não cedeu, mesmo com o pedido exaustivo do Rev. de tentar dar um jeito de
não ser levado para a cadeia, nesta parte o autor, mostra exatamente que
Vidigal é a personificação da lei e por isso ele não cede, se mostra inflexível
por toda a história, mas em momentos em que ele não está presente, a
malandragem se dispersa e é praticada livremente.
“Um fato social só pode ser considerado normal para uma dada espécie social
quando relacionado com uma fase bem determinada do seu desenvolvimento;
por conseguinte, para saber se ele tem direito a essa designação, não é
suficiente observar a forma sob a qual se apresenta na generalidade das
sociedades que pertencem a esta espécie; é ainda necessário considerá-las
numa fase correspondente da evolução respectiva” (DURKHEIM, 1973,
p.417)
Bibliografia
Almeida, Manuel Antônio, Memórias de um sargento de milícias, 26 Ed, São
Paulo, Editora Ática, 1996.
DaMatta, Roberto, O que faz o brasil, Brasil, Rio de Janeiro, Editora ROCCO
ltda, 1984.
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A
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Quase que como uma marca, o "jeitinho brasileiro" faz parte da identidade nacional. O
senso comum diz que o brasileiro é acostumado a ter uma saída e um modo fácil de
resolver qualquer coisa em benefício próprio, mesmo que, para isso, seja necessário
algum pequeno ato de corrupção.
"O desejo de burlar as leis não é um privilégio do brasileiro. Na Espanha, por exemplo,
existe a cultura do 'pelotazo', em que as pessoas procuram flexibilizar as leis em
benefício próprio", disse o pesquisador.
"Quando alguém percebe que as leis não são cumpridas em determinadas camadas
sociais, surge um sentimento de que ele também pode realizar tais atos. Percebo em
muitos jovens da periferia da Região Metropolitana do Recife o sentimento positivo
quanto à corrupção, em que aqueles que aproveitam oportunidades para benefícios
individuais são 'espertos'".
"A democracia ainda é muito recente no Brasil e as pessoas ainda não estão
culturalmente acostumadas que a lei seja cumprida da mesma forma em todas as
camadas da sociedade", disse Zuleica.
Zé Carioca é a representação do estereótipo brasileiro na DisneyFoto: divulgação
Não há no Brasil algo inato que lhe dê o desejo de burlar as leis. Existe, na verdade,
uma construção histórica e conjuntural, aliados ao sentimento de impunidade que
reflete nos pequenos atos do cidadão. O brasileiro tem o desafio de afastar de si o
estigma