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09/04/2018 Parte Geral - Resumo da parte geral do Código Civil | Parte Geral - Juiz Rafael de Menezes

Parte Geral Profº Rafael de Menezes

Prof. Rafael de Menezes

Caros alunos, este início é bem resumido, apenas para deixar um registro da parte geral do CC,
por que Civil I é matéria que tenho pouca oportunidade de ministrar.

Parte Geral do Novo Código Civil

Ubi societas, ibi jus, e vice-versa; quem forma a sociedade são as pessoas, por isso o CC, que é a
constituição do cidadão, começa tratando das pessoas.

1 – DAS PESSOAS: os animais e as coisas podem ser objeto de direito, mas apenas as pessoas
são sujeitos de direito. Mesmo quando uma lei ambiental protege a fauna, ela visa na verdade ao
próprio homem e seu direito a um meio ambiente equilibrado (ver CF, art. 225). As pessoas é que
vão se relacionar na sociedade, precisamos dos outros, é impossível viver sem as outras pessoas
para atender nossas necessidades e satisfazer nossos interesses individuais de saúde, educação,
habitação, lazer, etc. Das relações entre as pessoas, cuida o Direito Civil.

Podem as pessoas ser físicas (art. 1o) ou jurídicas (40):

A) pessoas físicas: são as pessoas naturais, os seres humanos, cuja personalidade começa do
nascimento com vida (2o); personalidade é a aptidão ou capacidade para adquirir direitos e
contrair obrigações; todos têm capacidade de direito (1o), mas o incapaz (arts. 3oe 4o) não
tem capacidade de fato, falta-lhe consciência e vontade, precisando ser assistido
e representado (115, 1634,V – pai, tutor e curador); a incapacidade do menor cessa aos 18 anos
ou com a emancipação (p.ú., do 5o) – aquisição da capacidade de fato;

Ao longo de sua vida o homem se relaciona com outros homens (ex: contratos) e com as coisas
(ex: ocupação, 1263) para satisfazer suas necessidades e formar um patrimônio; este patrimônio é
a projeção econômica da personalidade; mas a personalidade também envolve direitos
extrapatrimoniais, que são os direitos personalíssimos (ex: alimentos, vida, liberdade, imagem,
privacidade, honra, nome, nacionalidade, parentesco – é o direito de “status” das pessoas, arts. 11,
13, 16, 21), cujo valor econômico só surge quando violados (12); os direitos personalíssimos são
exemplificativos, são “numerus apertus” e são todos os indispensáveis à vida saudável; a
personalidade do ser humano termina com a morte, que pode ser presumida no caso do ausente
ou de quem estava em perigo de vida (6o e 7o). Ex de perigo de vida: pessoa que viajava dentro
de avião que caiu no mar, mesmo que não se ache o corpo, se presume que ela morreu e juiz
pode mandar expedir a certidão de óbito.

B) pessoas jurídicas: são o conjunto de pessoas físicas e de bens, dotado pelo Estado de
personalidade, para juntar esforços e realizar grandes empreendimentos; a PJ permite ao homem
superar seus limites físicos e ultrapassar a brevidade de sua vida; como a PF, a PJ também tem
um nascimento, registro, capacidade, domicílio, morte e sucessão (arts. 46 e 52); no séc. XX a PJ
desenvolveu-se muito e neste séc XXI tudo é feito por associações, sociedades e fundações (44);
ao contrário da PF, cuja capacidade de regra é plena, a capacidade da PJ é limitadaa sua
finalidade, prevista no estatuto que a criou; as PJ podem ser de direito público (dir. administrativo,
41 e 42) e de dir. privado, interessando estas ao dir. civil pois beneficiam particulares;

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As associações não tem fins lucrativos (53 CC; 5o XVII CF, ex: partidos políticos, 17 e § 2o, CF),
ao contrário das sociedades que visam ao saudável lucro (981) e que vão interessar ao dir.
empresarial; já a fundação é um patrimônio despersonalizado destinado a um fim altruísta indicado
pelo fundador (62 e p.ú.), fiscalizada pelo Ministério Público (66); diz-se “despersonalizado” pois o
gestor da fundação não é seu sócio, é mero administrador; quando a PJ for usada para lesar
terceiros (ex: fraudar credores), o Juiz deve desconsiderá-la para responsabilizar seus sócios e
membros, ou seja, como se o ato fosse praticado por uma PF (50); atenção que a
desconsideração é exceção, precisa atender os requisitos desse art. 50, ou seja, desvio de
finalidade ou confusão patrimonial, comprovado em perícia contábil. Isto porque, via de regra, a PJ
é distinta dos seus membros, apesar de serem eles que a representam e agem por ela. Pensar
diferente, ou seja, responsabilizar os sócios por toda insolvência da empresa, sem atentar para o
art. 50, fragilizaria o empreendedorismo. Quem vai arriscar seu patrimônio num negócio, sabendo
que se o negócio fracassar, todos os bens do empresário serão confiscados? E pela importância
das empresas na sociedade, pela geração de empregos, riqueza e impostos que ela traz, o
empreendedorismo precisa ser protegido pelo Direito.

2 – DOMICÍLIO: toda pessoa tem um lugar onde se concentra sua vida, sua família e seus
negócios; o nomadismo é exceção pois as pessoas sempre se fixam em algum lugar; domicílio é o
lugar onde a pessoa física reside (elemento objetivo) com ânimo definitivo (elemento subjetivo),
conforme art. 70 e 74; já a PJ tem por domicílio o lugar de sua sede (75, IV) prevista em estatuto;
domicílio é importante para fins civis (7o, LICC), processuais (competência), eleitorais e fiscais
(tributários); admite-se a pluralidade de domicílios (72); algumas pessoas têm domicílio fixado por
lei (domicílio necessário, 76 e p.ú.).

3 – DOS BENS: são os objetos raros e úteis ao homem que podem ser apropriados (propriedade =
é o direito real mais importante; não é só, a proteção à propriedade é condição de
desenvolvimento, pois história mostra que neste séc XXI os países socialmente mais justos e
economicamente desenvolvidos, são aqueles que garantiram a propriedade dos seus cidadãos ao
longo dos séculos).

Classificação dos bens:

a) incorpóreos (softwares, dir. autoral, fundo de comércio) e corpóreos (a grande maioria), estes
sujeitos à posse e à usucapião; atenção que neste séc XXI os bens incorpóreos tem mais valor
que os corpóreos, basta lembrar o patrimônio de companhias como Apple, Google e Windows. Até
o séc XX ouro, terra e petróleo eram os bens mais preciosos. Agora tecnologia e informação são a
riqueza.

b) móveis (podem ser deslocados sem dano, 82), semoventes (seres com movimento próprio,
82) e imóveis (não podem ser deslocados, 79; sujeitam-se a fins sociais, § 1odo 1.228);

c) fungíveis (são os móveis que podem ser substituídos por outros, 85, ex: dinheiro),
consumíveis (se exaurem com o uso normal, como os alimentos) e infungíveis (individuais como os
imóveis e uma obra de arte);

d) divisíveis (87, imóvel, pois forma coisa autônoma com valor proporcional ao todo) e indivisíveis
(diamante grande, barco, carro)

e) singulares (89, um livro, um boi) e coletivos (90, universalidade de fato= biblioteca, rebanho;
91, universalidade de direito= complexo de rel. jurídicas = patrimônio, herança, massa falida);

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f) principais e acessórios (92): o acessório segue o principal (1.209) e pode ser: natural(frutos e
produtos), industrial(derivado do trabalho humano) e civil (juros, aluguel, rendimentos);
as pertenças via de regra não são acessórios, mantendo sua individualidade e autonomia, sem
incorporação à coisa principal; as pertenças são empregadas intencionalmente para exploração,
aformoseamento ou comodidade da coisa principal (ex: som num automóvel, lustre e cortina numa
casa, 94).

Benfeitorias: são acessórios industriais, decorrentes do trabalho humano, ou seja, são obras feitas
para conservar, melhorar ou embelezar a coisa principal (96 e 97).

g) públicos (99) e particulares (98), mas há bens que a ninguém pertencem (é a res nulius1263,
que difere da res amissa 1233, que difere da res derelictae 1275, III); outros bens estão fora do
comércio(ex: bens públicos 100, bens abundantes como a energia solar, o ar, a areia da praia, a
água do mar; bens inalienáveis por determinação do dono em favor de terceiros nas doações e
testamentos 1911 e p.ú.; bem de família dos arts. 1.715 e 1.717)

obs: sobre o Bem de Família: são bens protegidos pela lei com a inalienabilidade e
impenhorabilidade para garantir a família com uma moradia – 1.712. É exceção à regra de que o
proprietário não pode tornar seus bens impenhoráveis, já que a garantia do credor é o patrimônio
do devedor – 1.715. No CC existe o bem de família voluntário, que exige um custo para registro
(1.714). Já na lei 8.009/90, temos o bem de família legal, com proteção automática, independente
de registro (art. 5o da lei), de modo que o bem de família voluntário tem pouco uso prático. Crítica:
dificulta a obtenção de crédito por quem só tem um imóvel residencial, privando os maus e bons
pagadores de acesso a crédito.

4 – DOS FATOS JURÍDICOS

FJ lato sensu: é todo acontecimento, natural ou humano, voluntário ou não, relevante para o direito
(o direito se origina do fato), em virtude dos quais nascem, subsistem e se extinguem as relações
jurídicas.

Os FJ em sentido restrito são o terremoto em zona urbana ou o raio que atinja uma pessoa,
exemplos em que haverá consequências jurídicas: morte, sucessão, seguro, etc.

Os Atos Jurídicos são praticados pelo homem; o AJ restrito não tem intenção de negócio, mas
por acidente, surgem efeitos jurídicos (ex: descobrir um tesouro 1264, plantar por engano em
terreno alheio 1255 – no p.ú. temos a desapropriação particular, tema bastante interessante).

Os Negócios Jurídicos são uma declaração de vontade para produzir efeito jurídico, podendo ser
mais livremente combinados pelas partes do que previamente regulados pela lei (é informal, ex:
contratos verbais do 107,112; os contratos e a propriedade são os dois principais institutos do dir.
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civil, art. 170 CF), ou então o contrário (negócio solene, ex: casamento, testamento, alienação de
imóvel que exige forma escrita do 108). O art. 104 traz os elementos do NJ, aos quais se deve
acrescentar a legitimidade: limitador da capacidade em relação a certos negócios jurídicos, ou
seja, é o interesse e autorização para agir em certos casos previstos em lei como o 497 e o 1647.

Finalmente, os atos ilícitos produzem efeitos jurídicos contrários à lei; seu autor será punido
financeiramente se provocou um dano, patrimonial ou moral, a outrem (art 186). Consequência do
ato ilícito é a responsabilidade civil (art 927) que veremos em Civil III, nas Fontes das Obrigações.

5 – ELEMENTOS MODIFICADORES DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

São três os elementos acessórios (não obrigatórios – 104) que subordinam a eficácia do negócio
jurídico a certos acontecimentos determinados pelas partes:

a) condição (121): não afeta a existência mas a execução do negócio, a depender de


acontecimento futuro e incerto (ex: loja que pega roupa da fábrica mas só paga se vender ao
consumidor; se não vender, devolve a roupa ao fabricante); não é condição a cláusula natural do
negócio, como pagar o preço na compra e venda; não se admite condição em certos casos
previstos em lei (ex: 1.613, 1.808) ou em outros negócios que, de modo geral, contrariem os bons
costumes (negócios ilícitos e imorais, 104, II); a condição tem duas espécies: suspensiva(o seu
acontecimento faz iniciar os efeitos do negócio, exemplo supra, 125) e resolutiva (o seu
acontecimento faz terminar os efeitos do negócio, 127, ex: ajudar um jovem carente se estudar);

b) termo: é o dia no qual tem que começar ou extinguir-se a eficácia de um negócio jurídico; no
termo o evento é futuro e certo (ex: daqui a dez meses, quando meu filho fizer 21 anos); na
condição o “se”, no termo o “quando”; o termo depende do passar do tempo que é imposto pela
natureza; prazo é o lapso de tempo entre a formação do negócio (termo inicial) e a sua eficácia
(termo final), art. 132;

c) encargo ou modo: é um ônus imposto a uma liberalidade; só é encontrado nos negócios


gratuitos como doação e legado; é uma simples diminuição da vantagem criada pelo doador ou
testador (ex: doação de uma fazenda com o ônus de construir uma creche; doação de dinheiro à
Prefeitura com o ônus de colocar meu nome numa rua); há um clássico exemplo de encargo na
literatura no maravilhoso “Quincas Borba” de Machado de Assis. O encargo deve ser pequeno
para não configurar contraprestação, hipótese em que não haveria liberalidade, mas troca;
assemelha-se à condição, mas o encargo não suspende a aquisição do direito (136); por outro
lado, o encargo não cumprido posteriormente pode revogar a liberalidade (553, 1.938); na dúvida,
considera-se encargo.

6 – DOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

A vontade espontânea é o elemento principal dos negócios jurídicos, e tal vontade deve
corresponder ao desejo da pessoa (art. 112); porém tal vontade pode ser perturbada por algum
vício, por algum defeito, capaz de ensejar a anulação ou até a nulidade do negócio jurídico; tais
defeitos são:

a) o erro ou ignorância: é o desconhecimento de um fato que leva o agente a emitir sua vontade de
modo diverso do que a manifestaria se tivesse conhecimento exato daquele fato, conforme art. 139
do CC (exs: 1.557, 441, 1.974); o erro facilmente perceptível não anula o negócio para não trazer
grande instabilidade às relações jurídicas – art. 138: pessoa de diligência normal; o erro importa
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em verdadeiro prejuízo ao declarante; a anulação de um NJ por erro deve ser pleiteada em ação
ordinária no prazo de quatro anos (art. 178), valendo o negócio até a sentença. Lamentável que
vários devedores aleguem “erro” e desconhecimento do que assinaram para escapar das
obrigações…

b) dolo: enquanto o erro decorre de equívoco da própria pessoa, que se engana sozinha, o dolo é
o erro provocado na pessoa pela outra parte do negócio; o erro é espontâneo e o dolo é
provocado; o dolo é a provocação intencional de um erro através de ações maliciosas, ou da
própria omissão (147, 773), prejudicando a parte em benefício do autor do dolo ou de terceiro; no
dolo existe vontade de enganar, é o “dolus malus”, diferente do “dolus bonus”, que é tolerado por
ser facilmente perceptível (ex: propaganda comercial que exalta o produto); o dolo não se presume
e precisa ser provado pela parte enganada, que pode exigir anulação do negócio mais perdas e
danos (art. 186); se ambas as partes agiram com dolo, nada podem pleitear, afinal ninguém pode
se beneficiar da própria torpeza (art. 150).

c) coação: quem pratica negócio jurídico sob ameaça moral ou patrimonial, tem a vontade viciada
e o negócio é anulável – 151; se sofre violência física o ato é nulo pois a vontade inexiste (ex:
apontar arma – coação absoluta); a coação é a ameaça injusta e seria capaz de provocar temor –
152; enquanto o dolo atinge a inteligência da parte, a coação atinge a liberdade da parte; na
violência física (ex: assine o contrato ou lhe mato), a parte não tem opção, por isso o negócio é
nulo; já na ameaça (coação relativa) a parte pode optar entre realizar o negócio exigido ou sofrer
as consequências da ameaça (ex: sofrer calúnia, desonra por um segredo revelado); não há
coação se a ameaça é justa (ex: protestar título vencido, pedir a prisão do devedor de alimentos)
ou decorre de temor reverencial (receio de desgostar amigos e parentes), conforme art. 153;

d) estado de perigo: é semelhante ao estado de necessidade do Direito Penal; o indivíduo, diante


das circunstâncias, não possui outra alternativa e assume obrigação excessivamente onerosa
(156); ex: prestar elevada caução (cheque) em hospital para internar parente; o Juiz deve manter o
negócio reduzindo o valor da prestação com razoabilidade, por analogia do § 2odo art. 157.

e) lesão: o negócio jurídico pode ser viciado quando há desproporcionalidade nas prestações,
afinal um contrato pressupõe trocas úteis e justas, e ninguém contrata para ter prejuízo (arts. 157,
421, 478); é modo de proteger a parte economicamente mais fraca dando-lhe superioridade
jurídica – dirigismo contratual; considera-se viciada a vontade de quem age sob necessidade
(semelhante à coação, ex: comprar água por uma fortuna durante uma seca) ou por inexperiência
(semelhante ao dolo, ex: médico comprando fazenda); a lesão enseja a nulidade do negócio em
quatro anos (178, II) e o retorno ao estado anterior, salvo na hipótese do § 2odo art. 157;

f) fraude contra os credores: é a diminuição maliciosa do patrimônio para prejudicar credores


antigos(quem contrata com pessoa já insolvente não encontra patrimônio garantidor), pois a
garantia do credor quirografário é o patrimônio do devedor (primitivamente era o próprio corpo do
devedor, que podia ser preso, escravizado ou esquartejado); credor quirografário é o credor sem
garantia real (uma hipoteca ou penhor) ou sem garantia pessoal (um aval ou fiança); o ANIMUS
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NOCENDI não é relevante pois presume-se a fraude (presunção absoluta) desde que o devedor
esteja insolvente (dívidas superiores aos bens ativos; não se aplica aos devedores solventes) e
efetuou alienação gratuita (doação) ou perdoou dívidas – art. 158; a alienação onerosa (compra e
venda, troca) também é anulável nos termos do art. 159, quando feita a parente ou amigo; chama-
se de “pauliana” a ação que vai anular o negócio e devolver o bem ao patrimônio do devedor para
ser alvo de execução por seus credores; a fraude à execução é diferente, pois já existe ação
judicial em curso, e ocorre nos termos do art. 593 do CPC; o art. 1.813 do CC (renúncia à herança)
também visa coibir fraude contra os credores.

g) simulação: é mais grave do que os demais pois é defeito que enseja a nulidade, e não apenas a
anulabilidade do negócio; há simulação quando em um negócio se verifica intencional divergência
entre a vontade (interna) e a declaração (externa) das partes, a fim de enganar terceiros; ou seja, a
simulação é a declaração enganosa da vontade entre as partes de um negócio para prejudicar
terceiros (ex: contrato a preço vil para não pagar imposto; atestado médico falso; compra e venda
aparentando doação para não ser aquesto, 1.659,I); enquanto no dolo uma parte engana a outra,
na simulação ambas as partes enganam terceiro; na fraude o devedor insolvente realiza negócio
verdadeiro para prejudicar credores, na simulação o negócio é aparente, as partes, insolventes ou
não, não têm intenção de praticar tal negócio; o negócio simulado é nulo e imprescritível (167 e
169) por opção do legislador.

7 – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

A invalidade comporta graus, de acordo com o defeito do negócio jurídico, podendo ser:

a) nulo: quando o defeito é mais grave e consiste na falta de um dos elementos essenciais do art.
104, conforme art. 166; é nulo também quando ocorre simulação (167) ou nos casos dos arts. 489,
548, 549, 1.428, 1.548; a nulidade pode ser apenas de algumas cláusulas (184); a nulidade
caracteriza-se por ser imediata(invalida o negócio desde o nascimento – natimorto, pelo que o Juiz
de ofício deve declará-lo nulo, p.ú., 168), absoluta(qualquer pessoa tem legitimidade para alegá-la,
168), insanável (não tem cura, não pode ser confirmada pelas partes, 169 e p.ú. 168)
e perpétua (não se confirma pela prescrição, pois o decurso do tempo não convalesce o que
nasceu morto, 169)

b) anulável: o defeito é menos grave nas hipóteses do art. 171; estão presentes os elementos
essenciais, mas a vontade foi perturbada, pelo que a parte prejudicada pode pedir sua anulação,
se não preferir confirmar o negócio; a anulabilidade tem as seguintes características, antônimas
daquelas do negócio nulo: diferida(= adiada até a sentença suspender o negócio, anulando-o após
provocação da parte, não podendo o Juiz agir de ofício, 177, 1aparte), relativa (só a parte
prejudicada é que tem legitimidade para alegá-la, 177, in fine), sanável (o ato anulável pode ser
confirmado expressamente pela parte, 172) e provisória (é a confirmação tácita do negócio pelo
não ajuizamento da ação de anulação no prazo legal dos arts. 178 e 179)

Nulo o negócio, ou anulado o negócio, as partes retornam ao estado anterior (art. 182).

Há ainda negócios inexistentes que não entram no mundo jurídico, são desprezados pelo
legislador e são equiparados aos negócios nulos (ex: casamento celebrado por um prefeito,
sentença proferida por um deputado, lei feita por um juiz).

8 – DOS ATOS ILÍCITOS

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Conforme classificação supra dos Fatos Jurídicos (nº 4), os atos ilícitos são praticados pelos
homens mas produzem efeitos jurídicos contrários à lei; seu autor será punido financeiramente se
provocou um dano, patrimonial ou moral, a outrém (186).

O AI tem quatro elementos: 1) ação ou omissão de alguém; 2 ) culpa “lato sensu” (abrange o dolo
e a culpa stricto sensu que é a negligência e impridência; a culpa pode ser contratual – 389, ou
extracontratual – 927, que é a culpa do AI, também chamada “aquiliana”); 3 ) violação de direito
privado (se violar direito público, pode configurar crime e ensejar duas sanções; 948); 4) dano
(patrimonial ou moral; o dano é mais importante do que a culpa, pois eventualmente existe
responsabilidade sem culpa – objetiva, p.ú. 927).

Mais detalhes em responsabilidade civil em Fontes das Obrigações.

Não são atos ilícitos aqueles do art. 188: legítima defesa, exercício regular de um direito e estado
de necessidade.

Abuso de Direito: é o ato praticado no exercício irregular de um direito, com abuso para terceiros
(ex: fechar a rua num protesto, greve de servidor público que tem estabilidade no cargo, cerca
elétrica num muro de mil volts); o juiz deve analisar a irregularidade, fixar uma indenização e
destruir o ato abusivo; trata-se de regra de harmonia social, pela qual o direito de um termina onde
começa o do outro (art. 187)

9 – PRESCRIÇÃO

O passar do tempo é um fato jurídico “stricto sensu” ordinário (vide item 4 supra) de grande
importância pois conduz à prescrição; conceito de prescrição: perda da ação atribuída a um
direito, em consequência do não uso dessa ação durante certo lapso de tempo – 189; a prescrição
se justifica porque “dormientibus non sucurrit jus” e para que relações incertas (ex: posse injusta
conduz à usucapião – 1208; pessoas conservarem recibos de pagamento para sempre; o credor
poder para sempre executar o devedor) sejam resolvidas pelo tempo – estabilidade das relações
sociais; a prescrição extingue o exercício do direito e não o direito em si; a prescrição é matéria de
ordem pública, muito importante para o ordenamento jurídico, de modo que só a lei (e não o
contrato – 192) pode declarar os direitos que são prescritíveis e por que prazo; a prescrição pode
ser renunciada por aquele a quem favorece (191, 193 – ex: a dívida está prescrita, mas o devedor
quer pagar ao credor e não alega a prescrição que lhe beneficiaria – obrigação natural 882; o juiz
pode declarar de ofício com a revogação do art 194.

A prescrição pode não correr por:

a) impedimento: é obstáculo ao início do prazo prescricional (197, 198 I e 199 I e II).

b) suspensão: é a parada do curso do prazo após ter se iniciado ( 198, II e III, 199 III); o tempo
decorrido é integrado no prazo após o reinício, ou seja, aproveita-se o prazo já percorrido,
considera-se o tempo anterior.

c) interrupção: inutiliza-se a prescrição em curso, determinando o reinício da contagem do prazo


prescricional, ou seja, o prazo recomeça todo (202)

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Toda ação de regra é prescritível nos prazos dos arts. 205 e 206, mas alguns direitos são
imprescritíveis como os direitos de personalidade: vida, honra, nome, ação de divórcio,
investigação de paternidade, pedir alimentos (§ 2o do 206); os direitos potestativos (só dependem
de um para ser exercido), exs: art. 1.320, despedir empregado, revogar procuração; os bens
públicos são também imprescritíveis, ou seja, terceiros não adquirem pela usucapião – prescrição
aquisitiva do art. 102.

10 – DECADÊNCIA

É a perda de um direito pelo decurso do prazo (tempo) fixado para seu exercício, sem que o titular
o tivesse exercido (inércia). Enquanto a prescrição extingue diretamente as ações e indiretamente
o direito, a decadência extingue diretamente o direito. Possui o mesmo efeito da prescrição, pois
em qualquer caso haverá a extinção de um direito, tanto que a doutrina tem dificuldade em
diferenciá-las.

A decadência não se sujeita à suspensão ou interrupção, apenas ao impedimento do art. 198, I


(vide 207 e 208); o prazo decadencial pode ser fixado pela lei ou pelas partes (211), já a prescrição
é apenas legal (192); a decadência fixada pela lei deve ser reconhecida de ofício pelo Juiz (210); a
decadência não pode ser renunciada (209), já a prescrição pode (191); a decadência tem efeito
contra todos, já a prescrição não produz efeitos para as pessoas do art. 197.

Os prazos de decadência estão espalhados pelo Código nos arts. 119,pú, 178, 179, e na parte
especial nos arts. 445, 501, 559, 1.481, 1.532, 1.555, 1.560; todos os prazos da parte especial são
de decadência.

FIM DO RESUMO DA PARTE GERAL DO CC

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