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Dilma e Serra: vejam e discutam o Novo Brasil
por Luiz Otavio da Silva Nascimento
Neste momento já sabemos que haverá o segundo turno das eleições presidenciais
de 2010. Ao contrário de vários estados onde os eleitores tiveram condições de claramente
escolher os seus governantes, a opção pelo presidente ainda é difícil e o cenário é incerto.
Vários paradoxos foram explicitados, desde os quase 20 milhões de votos na Marina e no
Partido Verde, requerendo uma nova forma de fazer política, até um voto – talvez um
misto de protesto, anarquia e ignorância – no palhaço Tiririca.
Nada foi citado, por exemplo, sobre a necessária reforma do Serviço Público à luz da
aplicação da Tecnologia da Informação, para melhorar e ampliar o alcance de cada serviço
prestado a um contribuinte que arca com uma das maiores cargas tributárias do planeta.
Vários equívocos foram cometidos pelos governos passados, desde a priorização para
realização de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, até a construção de submarinos
nucleares, ao invés de resolver de vez os crônicos problemas com a saúde, a educação e a
segurança pública. É notória e caótica a nossa falta de infra-‐estrutura.
Apesar de largamente apregoado pelo seu partido político, o crescimento brasileiro
ficou aquém do crescimento mundial ao longo da maior parte do governo do Presidente
Lula, exceção em 2009 (-‐0,2% do Brasil contra -‐0,6% da média mundial) e em 2010 cuja
expectativa é de 7,5% do Brasil contra 4,6% da média mundial. Como manter um ritmo
acima da média mundial?
O Fundo Monetário Internacional no seu estudo lançado no final de julho passado,
projeta um crescimento médio anual do Brasil da ordem de 3,5%, o que nos colocaria na
posição de 5a maior economia mundial em 2032. Ou seja, seremos um dos países mais
ricos do mundo. Recursos não nos faltarão, mas como aplicá-‐los? Onde colocá-‐los? Como
ser eficazes e eficientes? Como extirpar o câncer da corrupção que nos assola por décadas?
Não seria o caso de um Plano Moral? Lembrando que é no campo político onde reside o
nosso maior atraso. Ainda somos feudais, pessoais e operacionais, ao invés de democratas,
idealistas e estratégicos.
O Plano Real, uma das maiores conquistas que tivemos nas últimas décadas, nos
trouxe a estabilidade econômica e também crédito crescente da comunidade
internacional. O mundo, com um atraso de mais de 500 anos em relação a Pero Vaz
Caminha, está investindo no Brasil. Nossas reservas internacionais saltaram de US$ 49
bilhões no final de 2003 para mais de US$ 275 bilhões às vésperas do 1o. turno. Isso, por si
só, gera um vetor que tende a diminuir a cotação do dólar e, conseqüentemente, o poder
competitivo dos produtos e commodities brasileiras no mercado mundial. É algo que não
dá mais para combater através do cotidiano “entra-‐e-‐sai” do Banco Central, agora com a
ajuda do Fundo Soberano, mesmo porque a tendência é de contínuo aumento de tais
reservas. São necessárias medidas que desobriguem fiscalmente a produção, não mais
ocasionalmente e sim de maneira progressiva e sem retrocessos. E isto nos remete à velha
questão da reforma tributária que não dá mais para ser adiada.
O Novo Brasil que precisa ser discutido será bem mais velho no final da década, pois
teremos muito mais pessoas acima dos 40 anos de idade que abaixo dos 19 anos.
Provavelmente, a maioria da População Economicamente Ativa será composta de
mulheres. E todos estarão mais ricos de informação e mais pobres em termos de tempo.
Todos necessitarão de maiores e melhores serviços, e serão mais orientados à
sustentabilidade.
Que venha, então, o 2o turno e que os candidatos nos contemplem com o debate de
suas idéias para construir o Novo Brasil, mais rico, mais educado, mais saudável e mais
justo.
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Luiz Otavio da Silva Nascimento. Engenheiro, especializado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas.
Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com cursos
nos Estados Unidos (Darden Business School da University of Virginia) e na França (L’École des Hautes Etudes
Commerciales – HEC – Paris). Tem mais de 25 anos de experiência na geração de resultados e na gestão de
empresas varejistas e industriais, dentre as quais Perrier, Cisper-‐Owens Illinois, Smuggler, Carrier e Lojas
Renner.
Atualmente é Sócio-‐Diretor Geral da Merita Consultoria Empresarial, Sócio-‐Diretor e Membro do Conselho de
Administração da PBS – People & Business Solutions, Diretor Comercial do Grupo Simus, especializado em
soluções em Processos e em Tecnologia da Informação para o varejo. É membro do IBGC – Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa e do Retail Council do GLG – Gerson Lehrman Group. É professor da cadeira de
Inteligência Competitiva e Conhecimento do Consumidor do Mestrado em Gestão de Marketing em Serviços
e Varejo da Universidade Anhembi-‐Morumbi (Laureate International Universities).
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