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Teoria Geral do Direito Privado II

Turma 186-11
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Versão 1.2: novembro/2013

ATENÇÃO: o presente documento não constitui material oficial do curso

1. Fatos e Atos
Esquema da aula:

Os acontecimentos da vida (fatos da vida) podem ou não desenrolar


consequências jurídicas. Os que não produzem efeitos são chamados de Fatos
Ajurígenos, aqueles que produzem, por sua vez, são denominados Fatos
Jurídicos.

Esses últimos, ainda serem classificados como Fatos Naturais, quando


dependem de acontecimentos da natureza, sem influência dos homens; ou
Fatos Voluntários, que são aqueles realizados por seres humanos e que visam
criar, modificar ou extinguir direitos.
Os Fatos Voluntários podem ser realizados em desconformidade com a lei, ou
seguindo os preceitos legais. Os primeiros são Ilícitos e os segundos, Lícitos.

Diferenciam-se ainda, dentre os Fatos Jurídicos Voluntários Lícitos, os Atos


Jurídocos Strictu Sensu e os Negócios Jurídicos. Aqueles são os fatos no
qual ocorre a manifestação de vontade do agente e os efeitos são produzidos
independente de serem perseguidos ou não pelos agentes, pois são decorrências
da lei (exemplo: transferência de domicílio – local de citação, a residência do
agente altera-se, independente de essa ser a vontade ou não). Os negócios
jurídicos são os fatos no qual ocorre a manifestação de vontade e os efeitos
gerados são aqueles perseguidos pelos agentes.

2. Classificação dos Negócios Jurídicos


A doutrina costuma a organizar em certas categorias, tendo em vista elementos
comuns que os aproximam. As classificações tem apenas valor de organização,
tendo em vistas a aplicação legais.

2.1. Classificação quanto à formação

 Unilaterais: negócios que se perfazem com apenas uma declaração de


vontade (exemplo: testamento);
 Bilaterais: negócios que se perfazem por meio de duas declarações de
vontade (exemplo: compra e venda);
 Plurilaterais: negócios que se perfazem por meio de mais de duas
declarações de vontade (exemplo: formação de sociedade).

 Onerosos: negócios que implicam na transmissão mútua de bens;


 Gratuitos: negócios que se realizam com vantagem exclusiva para uma
das partes, com diminuição do patrimônio da outra.

2.2. Classificação quanto ao momento da produção de efeitos


 Intervivos: realizado para produzir efeitos enquanto ambas as partes
estão em vida.
 Causa Mortis: realizado para que os efeitos sejam adiados para após da
morte do agente

2.3. Negócios Jurídicos Reciprocamente Considerados


 Principal: negócio jurídico cuja existência independe de qualquer outro.
 Acessório: negócio jurídico cujo destino está subordinado a um outro, o
principal
2.4. Classificação quanto à forma
 Solenes (formais): negócios que só têm validade se estiverem revestidos
de determinada forma (descritos no artigo 108 do Código Civil)
 Não-solenes (não-formais): negócios que podem ser realizados sem uma
forma pré-definida exigida (todos os que não são descritos no artigo 108).

3. Interpretação do Negócio Jurídico


A interpretação do negócio jurídico deve ser realizada buscando o conteúdo da
declaração, seguindo fatores determinados pelo Código Civil em seus artigos
112 e 113.

Art. 112: Para a interpretação dos negócios jurídicos, deve-se considerar mais
do que apenas as palavras.

Art. 113: Interpretação deve levar em consideração a boa-fé objetiva e os usos


do lugar de celebração.

Boa-fé objetiva: Partes devem colaborar entre si, como um padrão de conduta
ético. Pode incidir não apenas na execução, mas também antes do contrato, ou
após ele. Existe, por exemplo, o dever de sigilo contratual, que deve seguir nas
fases pré e pós-contratual.

Usos do lugar de celebração: se, em determinada região, é utilizada uma forma


diferente da prescrita em leis para aquele certo modelo de contrato, essa
diferente é a que deve ser seguida, e ninguém pode utilizar-se da forma
legalmente definida para obter vantagens e enganar outros

Art. 114: Negócios jurídicos benéficos e a renúncia devem ser sempre


interpretados estritamente, para proteger aqueles que estão de boa-fé.

4. O Silêncio e seus efeitos


De acordo com o professor Francisco Amaral, o silêncio é o mesmo que nada, e
portanto, não pode levar à produção de Negócio Jurídico. No entanto,
excepcionalmente, o silêncio pode ser considerado uma declaração de vontade,
o chamado silêncio circunstancial.
Silêncio Circunstancial: é considerado quando as circunstâncias ou os usos
do lugar o autorizam e quando não é necessária a declaração de vontade
expressa, de acordo com o artigo 111 do Código Civil.

O principal exemplo é o direito à herança, pois uma vez que o ascendente morre,
os herdeiros não precisam declarar vontade para receber a herança. Além disso,
em outros casos, como em determinadas sessões legislativas, o silêncio pode
valer como voto (ex: todos que concordam permaneçam como estão).

5. Reserva Mental
Art. 110: a manifestação de vontade subsiste mesmo que o autor tenha uma
vontade diferente da manifestada, mas reservou essa vontade para si (fez
reserva mental).

A reserva mental ocorre, portanto, quando uma das partes não quer o efeito
jurídico que declara querer. Isso é realizado, no geral, para enganar a outra
parte.

Se a outra parte sabe da reserva mental, o negócio é considerado inexistente. Se


não sabe, a vontade declarada (mesmo que diferente da interior) é considerada,
para evitar a má-fé.

6. Relações Contratuais Ex Facto


Alguns fatos sociais podem gerar efeitos jurídicos independentes da
manifestação de vontade ou de contratos. As relações contratuais de fato devem
estar envoltas de uma série de circunstâncias negociais que permitem seu
acontecimento. No geral, tratam de condutas sociais (fatos sociais) típicas na
sociedade.

Pode-se exemplificar isso com, por exemplo, a compra e venda de coisas de


pequeno valor realizada por crianças, uma vez que não há manifestação de
vontade, pois os incapazes não manifestam vontades. Por óbvio, a conduta gera
os efeitos jurídicos. Outros exemplos são os estacionamentos públicos, que,
apenas por parar lá, a relação é estabelecida, mesmo sem o dono do espaço
manifestar, na hora, a vontade.

7. Conversão do Negócio Jurídico (Artigo 170 do Código Civil)


Modelo de conservação do negócio jurídico. Baseia-se na transformação de um
negócio jurídico nulo que contém requisitos de um diferente (e que não seria
anulável) nesse diferente. Isso pode ser realizado quando puder presumir que o
novo negócio tem os fins que as partes desejavam.
Conceitos:

 Prof. Junqueira: ato pelo qual a lei ou o juiz consideram um negócio uqe
é nulo, anulável ou ineficaz como sendo de um tipo diferente do
efetivamente realizado, a fim de que, através desse artifício, ele seja
considerado válido e possam ser produzidos pelo menos alguns dos
efeitos manifestados pelas partes como queridos.
 Prof. Francisco Amaral: Processo pelo qual um negócio jurídico pode
produzir efeitos de um negócio diverso.
 Prof. Pontes de Miranda: Conversão é a transformação de um ato que
não reúne os elementos necessários para o fim que se destina, em outro
para o qual seja suficiente, desde que tenha os requisitos de substância e
forma previstos para esse novo ato e seja querida pelas partes, cientes da
inviabilidade do primeiro.
 Art. 140 do BGB: se um negócio jurídico nulo contiver os requisitos de
outro negócio, esse último vale, desde que se entenda que a sua validade
seja querida pelas partes, embora conhecida a nulidade.

Requisitos para a conversão:

 Identidade de substância e de forma entre o negócio nulo e o convertido.


 Identidade de objeto.
 Adequação do negócio convertido à vontade declarada pelas partes.
Deve-se, aqui, observar o sentido objetivo de vontade declarada.

Espécies de conversão:

 Conversão substancial do negócio: quando importa na mudança de


qualificação categoria do negócio (exemplo: conversão de comodato em
locação).
 Conversão legal: quando é fixada por disposição legal. Na verdade, por
não depender da vontade das partes, é chamada de conversão imprópria.
 Conversão formal: quando ato originário possuía mesma substância do
novo, mas seguia forma diversa.

8. Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil pode ser diferenciada entre a subjetiva, existente há
mais tempo na doutrina jurídica e a responsabilidade civil objetiva, fruto de
necessidades da vida civil moderna.

Responsabilidade Civil Subjetiva: definida com clareza pelo Código Civil


de 1916 nas seguintes palavras: “a obrigação de reparar o dano imposta a todo
aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar
direito ou causar prejuízo a outrem”.
Os requisitos para a responsabilidade civil são a conduta antijurídica, mesmo
sem a intenção de fazer o mal; a existência de um dano; e o estabelecimento de
um nexo de causalidade entre os dois primeiros requisitos.

Responsabilidade Civil Objetiva: a obrigação de alguém a reparar um dano


gerado sem culpa (sentido lato), mas por causa de uma atividade a qual sua
realização envolve um risco e, além disso, que traz lucro a quem a exerce.

No campo objetivo situa-se a teoria do risco, que defende exatamente que cada
um deve responder pelo risco que seus atos trazem, ou seja, que quem realize
empreendimento portador de utilidade ou prazer, e lucre com ele, deve suportar
o risco que expor a outros.

O conceito objetivo surgiu no direito moderno devido à necessidade de ter uma


resposta e uma reparação àquele que sofreu o dano, quando era causado sem
culpa.

9. Abuso de Direito
No início, é um exercício regular de direito, mas acaba por lesar outros.

Art. 187 do Código Civil - Também comete ato ilícito quem exerce um direito
e, ao exercê-lo, excede, manifestamente, os limites impostos pelo fim econômico
social, pela boa-fé e pelos bons costumes. Desse modo, não é necessário provar a
deliberação de malfazer.

Entende-se, ainda, que o abuso de direitos pode ocorrer dentro da própria


propriedade, quando o funcionamento dela prejudica saúde, segurança e
sossego dos outros (art. 1277 do código civil).

Vale ressaltar que nos casos fortuitos de força maior e em fatos provocados por
terceiros estranhos ao empreendimento, não existe abuso de direito. O chamado
“fato da vítima”, ou seja, uma atitude realizada pela vítima que adequou o dano,
não pode ser considerado causa de exaurimento de abuso de direito, pois rompe
o nexo causal.

Precedentes fundamentais para a criação do Instituto:

1 - Caso Colmar (1855): proprietário de um imóvel imenso ergue uma chaminé


gigante sobre sua casa com o objetivo de criar uma sombra eterna na
propriedade do vizinho. A resolução do caso percebeu aquilo como uso anormal
da propriedade e surgiu a teoria dos atos emulativos (com objetivo de prejudicar
terceiros)
2 - Clement-Bayard (1913): vizinho do homem utilizava-se de dirigíveis na
propriedade rural. Irritado, Clement colocou hastes de madeira pontiagudas em
sua propriedade, para espetar os dirigíveis e estes caírem. Foi decidido que era
um ato emulativo e, portanto, era um abuso de direito.

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