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A construção do novo nas políticas sociais, apontada por Barros, é buscada mediante soluções que privilegiam estratégias viabilizadoras de uma sociedade mais equânime e menos desigual. Para isto a autora fala da necessidade da ação estatal tornar-se mais ágil e flexível, através da descentralização. Esta constituiria uma condição essencial para mudar o próprio aparato estatal, tornando-o mais eficaz, de modo a garantir a todo cidadão o direito de acesso a serviços de qualidade. E isso deve ser assegurado por um processo decisório participativo e pelo controle dos sujeitos sociais. Esse processo se consolida no município, espaço onde as relações do cidadão com os serviços ocorrem de maneira privilegiada
A construção do novo nas políticas sociais, apontada por Barros, é buscada mediante soluções que privilegiam estratégias viabilizadoras de uma sociedade mais equânime e menos desigual. Para isto a autora fala da necessidade da ação estatal tornar-se mais ágil e flexível, através da descentralização. Esta constituiria uma condição essencial para mudar o próprio aparato estatal, tornando-o mais eficaz, de modo a garantir a todo cidadão o direito de acesso a serviços de qualidade. E isso deve ser assegurado por um processo decisório participativo e pelo controle dos sujeitos sociais. Esse processo se consolida no município, espaço onde as relações do cidadão com os serviços ocorrem de maneira privilegiada
A construção do novo nas políticas sociais, apontada por Barros, é buscada mediante soluções que privilegiam estratégias viabilizadoras de uma sociedade mais equânime e menos desigual. Para isto a autora fala da necessidade da ação estatal tornar-se mais ágil e flexível, através da descentralização. Esta constituiria uma condição essencial para mudar o próprio aparato estatal, tornando-o mais eficaz, de modo a garantir a todo cidadão o direito de acesso a serviços de qualidade. E isso deve ser assegurado por um processo decisório participativo e pelo controle dos sujeitos sociais. Esse processo se consolida no município, espaço onde as relações do cidadão com os serviços ocorrem de maneira privilegiada
sociais, apontada por Barros, é bus- cada mediante soluções que privilegiam estra- A gestão do sistema local de saúde e a garantia de acesso dos seus munícipes aos serviços de saúde de qualidade são de atribui- tégias viabilizadoras de uma sociedade mais ção dos municípios. Assim, tudo que se refere equânime e menos desigual. Para isto a autora a essa gestão já é de sua competência, en- fala da necessidade da ação estatal tornar-se quanto poder definido constitucionalmente. Por mais ágil e flexível, através da descentralização. isso o conceito de descentralização como trans- Esta constituiria uma condição essencial para ferência de poder de um nível de governo mudar o próprio aparato estatal, tornando-o para outro não é adequado a essa situação, mais eficaz, de modo a garantir a todo cidadão pois quem transfere o poder pode, quando o direito de acesso a serviços de qualidade. E lhe aprouver, recuperá-lo integralmente. Isso isso deve ser assegurado por um processo não ocorre com os municípios no que se re- decisório participativo e pelo controle dos fere à saúde. Eles têm poder sobre a prestação sujeitos sociais. Esse processo se consolida no não apenas dos serviços públicos de saúde, município, espaço onde as relações do cida- mas dos privados, ou seja do sistema local de dão com os serviços ocorrem de maneira pri- saúde. O que lhes é transferido são os recur- vilegiada. sos financeiros, de que também devem dispor, A descentralização, na ótica da autora, deve por definição constitucional. garantir aos municípios, através da "atribuição Nesse contexto parece mais oportuno fa- de responsabilidades", a gestão da prestação lar de não-centralização, conceito utilizado por de serviços de saúde. Será que esse processo Elazar (1990, p. 35) para designar esse proces- é de descentralização? Será que o município so de distribuição de competências nos países necessita de novas responsabilidades para tor- federativos. Nessa concepção não está presen- nar eficaz a gestão dos serviços de saúde, ou te a descentralização, pois a autoridade central apenas da garantia de transferência dos recur- não tem poder nem para descentralizar nem sos financeiros para o desempenho de suas para recentralizar, conforme seus desejos ou atribuições? interesses. A autoridade do município não Para visualizar essa questão é importante advém do governo federal nem do estadual, e, ter claro o significado que assume a descentra- ainda que participe de atividades patrocinadas lização nos países, como o Brasil, onde o por estes níveis de governo, ele não perde seu município é um ente federado e, como tal, poder de decisão sobre o sistema local de possui atribuições definidas pela Constituição saúde. federal e pelas leis complementares. Apesar do Brasil ser um dos únicos países em que os municípios são entes federativos ==1 Diretoria de Gestão de Políticas Governamentais - (Camargo, 1994, p. 88), isso não se efetiva Fundação do Desenvolvimento Administrativo - FUNDAP, plenamente, já que esse "novo statiis recém- Brasília. conquistado exige autonomia financeira e ¬ autogoverno". Por isso, o discurso que pre- ção da instituição no sistema, da incorporação valece é o da descentralização, tornando oficial da integralidade da atenção na sua prática. a dependência dos municípios com relação à Essa questão da autonomia assume um gestão da política de saúde, o mesmo ocor- significado particular quando se considera a rendo com os estados federados. Assim, o necessidade de encontrar novas soluções para município, como um ente federativo, tem au- superar os constrangimentos que vêm sendo tonomia para implantar um sistema local imputados ao SUS. A busca de alternativas de resolutivo. O problema é saber em que gestão tem sido apontada como uma saída medida, em um país com as desigualdades para a eficácia do sistema. Nesse sentido a sociais abismais que caracterizam a socieda- autonomia pode constituir um importante ins- de brasileira, o município pode constituir-se trumento, inclusive para redefinir a relação sem articulação ou mesmo dependência de Estado e Sociedade. O fato da saúde ser um outros níveis de governo. Isso não significa direito do cidadão e um dever do Estado que os municípios não possam encontrar não significa que, para garantir um novo saídas novas e conduzir a gestão do seu sis- modelo de atenção, apenas a instituição es- tema local de saúde de maneira inovadora e tatal esteja apta a realizar a tarefa. É neces- mesmo de forma autônoma. Com isso, não sário pensar que as ações de promoção da estou reiterando a autonomização, que a saúde são também de responsabilidade da autora diz ser uma das deficiências da pro- sociedade e que a devolução dessa tarefa posta de reforma do Sistema de Saúde, dado para suas instituições pode se constituir em que é inerente ao SUS, enquanto sistema, a um fator de superação dos pontos de estran- interdependência. No entanto, essa interde- gulamento que vêm afetando o desempenho pendência não retira do município sua auto- do SUS. E por que não poderia ser o campo nomia de gestão dos serviços de saúde, pois da saúde o público-privado onde o Estado lhe cabe garantir aos munícipes o acesso a transferiria competência para a execução, man- serviços resolutivos, mesmo quando não si- tendo o seu poder de regulação e controle ? tuados no seu âmbito. Assim, a construção do novo nas políti- Essa questão da autonomização, que Bar- cas sociais, ao privilegiar a participação e o ros considera, da perspectiva da proposta da controle social, se viabiliza pelo reordena- reforma, como um fator de desagregação e mento do aparato estatal, através da criação de conseqüências nefastas à integração do de instâncias de negociação que permitam sistema, inviabilizando a sua "accountability", aos usuários dos serviços de saúde controlá- merece ser melhor qualificada. Não creio que los e participarem do processo de tomada o compromisso e o resultado do trabalho de de decisão. Isso talvez não agilize as deci- uma instituição de saúde possa ser compro- sões, mas pode criar oportunidades para que metido pelo fato de possuir autonomia de os cidadãos participem e incorporem seus in- gestão. Talvez, ocorra mesmo o contrário, teresses e necessidades à prática dos serviços. pois, ao dispor de poder sobre seus recur- sos, a organização pode ser avaliada quanto à eficácia de seus serviços. No que diz respeito à integralidade da Referências bibliográficas atenção a situação é um pouco diferente, pois a autonomia institucional pode aprofun- ELAZAR, D. (1990) - Exploring Federalism. dar a fragmentação do sistema, como identi- Tuscalossa: University of Alabama Press. ficado pela autora. Mesmo aí, creio que a CAMARGO, A. (1994) - O novo pacto fede- questão não é da autonomia, mas da inser¬ rativo. Revista do Serviço Público 118(1):87-94.