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O Principe das Trevas - Na Obra

de Rubens Saraceni  
Organizado e Comentado por Alexandre Cumino  
   
   
Lúcifer, Satã, Satanás, Capeta, Demônio, Belzebu, Tinhoso,
Chifrudo, Coisa Ruim, Principe das Trevas etc...  
O que seria isto à Luz da Umbanda?  
 
A Umbanda não crê em “demônio”, da forma como foi
idealizado no Cristianismo e mais especificamente no
Catolicismo ou no Islã, no entanto muitas vezes nos
deparamos com “Mistérios Negativos” ou “Mistérios Divinos”
assentados em faixas negativas, a que nós chamamos trevas,
que outros identificam com a palavra católica ou popular
“inferno”, e nos questionamos acerca de nossa ignorância
sobre os mesmos. Afinal Inferno não é um estado de espírito,
ou região astral criada pelo psiquismo dos que estão
mentalmente nesta condição? No entanto me parece que
algumas regiões negativas foram criadas antes que ali
chegasse o primeiro ser infernal, ou melhor trevoso, bem me
desculpe apenas um ser (filho de Deus) negativado. Não é
fácil avaliar quem desce as trevas, afinal muito amor deve ter
a mãe ou o pai que vai visitar ou resgatar um filho na cadeia,
numa zona de meretrício ou numa “cracolândia”. Mas nem
sempre esta mãe ou pai, por mais amor que tenha pode ir
desprotegida (o) demosntrando sua fragilidade e mesmo
porque para entrar em certos lugares não se pode ser frágil.  
 
Lendo a obra psicografada por Rubens Saraceni nos
deparamos muitas vezes com mistérios da criação em suas
realidades negativas que em outras obras nem de perto nos
foram apresentados e muito menos de tal forma.  
 
Em A Evolução dos Espíritos tomamos conhecimento de
um Avatar, um Demiurgo, que em uma era desconhecida para
nós, Era Cristalina, talvez a mítica Atlântida, que encarnou e
chamou a si todos os filhos de Deus negativados para
recolherem-se com ele nas faixas negativas do astral.  
 
Esta seria uma forma de entender o mítico Lúcifer-yê, um
mistério assentado nas Trevas para recolher os que ficam pelo
caminho.  
 
No Cavaleiro da Estrela Guia nos deparamos com “O Próprio
Ser Infernal” que invade a “Assembléia Sinistra” com o
objetivo específico de levar consigo o Cavaleiro, que mergulha
na dor e nas trevas.  
 
Nas palavras do Cavaleiro da Estrela da Guia:  
 
O que me aconteceu? O horror, o pavor, o medo, a
angústia, a aflição, o desespero, a loucura, o
remorso, a tentação, a luxúria, o desejo, e muitos
outros mistérios das trevas da ignorância se fizeram
vivos no meu mental: tanto superior quanto
inferior. Todo o meu ser imortal foi violado e
violentado. O horror de me ver sendo levado pelo
próprio senhor dos horrores. O medo do que me
aconteceria. A angustia por não saber se voltaria à
Luz. A aflição por meu estado enérgico que se
enfraquecia a cada instante. O desespero pelas
dores horríveis que sentia ao ser torturado
cruelmente. A loucura pelas visões horrendas que
tive. O remorso ao ter, diante de meus olhos, todos
os meus fracassos diante da lei na execução de
determinadas tarefas. A tentação, ao ter meu
mental inferior ativado ao máximo por aquele que
tem a chave de acesso a ele. A luxúria ao dar vazão
a tentação, ampliada em muito na sua intensidade.
O desejo ao ver, ainda que ilusório, o ser dos meus
encantos e desejos.
A tudo eu ouvia, via ou reagia com uma observação
apenas: eu sou você e você é parte de mim...
[...] Então, em um último esforço, criei em meu
mental o vazio absoluto...
A voz do silêncio... eu tornei a ouvi-la, no meu
vazio absoluto, dizendo: “Se você morrer por mim,
eu, o seu Criador, irei revivê-lo em mim, pois só eu
sou a Vida, o resto é apenas um meio de vida da
Vida. Eu sou a Vida, e quem vive em mim, por mim
e para mim, jamais morrerá...
[...] Minha prova havia terminado. Um dia meu
ancestral místico me havia dito: “Um dia eu testarei
seu amor por mim”. Este havia sido o dia... E foi
este amor que me resgatou da queda nas trevas do
mental inferior...
 
No Guardião da Meia Noite a mesma história se passa por
outro prisma, no qual é ressaltado o compromisso que todos
os guardiões assumem, após a queda do Cavaleiro e sua
posterior reencarnação.  
 
No título Guardiões dos Sete Portais, Lúcifer-yê aparece
muitas vezes como o mistério da ilusão, aquele que abençoa
amaldiçoando e que amaldiçoa abençoando, pois se apresenta
invertido na criação. Acompanhamos uma luta milenar
travada entre o Cavaleiro da Estrela da Guia junto aos
Guardiões, contra Lúcifer-yê e os caídos nas trevas humanas.
Fica claro, no entanto, que tem uma importância maior a
presença de Lúcifer-yê e seu mistério nas faixas negativas.  
 
No Guardião das Sete Encruzilhadas podemos ler as
palavras de Lúcifer-yê, em desabafo dirigido ao Criador, a
quem ele diz amar, adorar e venerar. Abaixo coloco apenas
uma parte de seu “desabafo” de forma editada:  
 
-Por que, meu Senhor? Por que tinhas de me enviar
até este abismo da perdição humana?
Por que logo eu, que tanto vos amo, adoro e
venero, tinha de ser o escolhido para ser o
catalizador, absorvedor e acumulador das energias
geradas por todos os espíritos humanos viciados?
Por que, meu Senhor? Não vedes que eles, os
humanos nunca vão aprender...
[...] Senhor meu, eu vos amo, respeito, adoro e
venero, e, no entanto sou tão incompreendido
pelos servos do meu irmão do alto! Eles não
entendem que se sou como sou é porque assim são
os semelhantes deles que não vos amam, veneram,
adoram e respeitam, e que por vós são enviados ao
meu reino sem luz com todos os vícios humanos, os
quais tornam meus domínios depósitos da escória
humana. Eles não sabem que só odeio quem vos
despreza; só persigo quem se afasta de voz...
[...] Por que vosso servo do alto não diz a eles
como realmente sou, quem eu sou e por que sou
como sou?
 
Logo esta representação de Lucifer-yê está distante da
tradicional representação católica de “Lucifer” (“O Anjo
Caido”, aquele que desafiou Deus, por vaidade, ego e
eorgulho).  
 
E agora, quase dez anos depois, com a publicação do recém
lançado Cavaleiro do Arco Íris, temos uma conclusão com
relação a este mistério na criação, que se revela num diálogo
travado entre o Cavaleiro e o “Príncipe das Trevas”, como
vemos abaixo:  
 
- Descobriu quem sou eu, Mago da Vida?
- Se não estou enganado, é aquele que chamo de
Príncipe das Trevas. Estou certo?
- É assim que me concebe, mago da Vida?
- É assim que o idealizo e concebo, já que reina
absoluto nos domínios sóbrios da face escura do
Senhor das Trevas.
- Não acha melhor uma concepção menos humana,
Mago da Vida?
- Nem pense nisso, Príncipe das Trevas.
- Por que não? Uns me concebem e idealizam como
um cão infernal, outros me imaginam como uma
hidra ou um dragão, ambos assustadores. Já me
idealizaram e conceberam de tantas formas que só
a criativa imaginação humana é capaz de tanto,
sabe?
- Sei, sim. Por isso o idealizo e o concebo como
príncipe, Príncipe das Trevas!
- Tem certeza de que não me prefere como a
tenebrosa, assustadora e maldita serpente das
trevas , à qual você vinha combatendo desde que
se humanizou e idealizou-me e concebeu-me como
a traiçoeira e peçonhenta serpente das trevas?
- Nem pense nisso, príncipe! Já chega de combater
serpentes.
- Mas foi você mesmo que semeou essa minha
concepção no meio humano, Mago da Vida!
- Eu fiz isso?
- Fez, sim.
- Essa não! Deve ter sido por causa dos meus
ancestrais irmãos venenosos e traiçoeiros, sabe?
- Eu sei?
- Não sabe?
- Eu deveria saber, Mago da Vida? Afinal,
venenosos e traiçoeiros são seus asquerosos irmãos
ancestrais, não eu, que só tenho recolhido-os em
meus domínios e contido suas iras e fúrias com os
tormentos que eles criaram para si mesmos.
- Essa não! Só agora você me revela isso, irmão
Príncipe das Trevas?
- O que foi que eu revelei, irmão Mago da Vida?
- Que você assume a condição com a qual o
distinguimos em nossa imaginação, e depois
plasma o tormento que é em si mesmo, já segundo
nossa concepção e idealização. E daí em diante se
nos mostra tão tormentoso e assustador como
imaginamos que deva ser, oras!
- Você não sabia que eu era, e sou assim?
- Agora sei, irmão Príncipe das Trevas.
- Que Mago da Vida estúpido que você era, não?
- Sem ofensas, príncipe. Não vamos baixar o nível
de nossa conversa, certo?
- Tudo bem, Mago. Mas que você foi um estúpido
em comparar-me aos seus venenosos e traiçoeiros
irmãos ancestrais, isso foi, certo?
- Ponto para você, príncipe. Eu real-mente fui um
estúpido quando acreditei que aqueles safados
eram você. Mas ago-ra não me enganarão mais,
sabe?
- Porque acha que eles não o enganarão, se são
uns enganados enganadores?
- Bom, eu já o idealizei e concebi como o Príncipe
das Trevas, que aos meus olhos só se mostrará
como escuridão, nunca como uma aparência
desumana. Portanto se alguma sombra mover-se
no meio da escuridão, com certeza não será você
porque é ela em si mesmo, e não o que se move
dentro dela.
- Que sábia descoberta, Mago da Vida. Já estou
deixando de vê-lo como um estúpido e achando-o
um sábio.
- Eu, um sábio? Nem pense isso, príncipe. Sou só
um modesto aprendiz dos vastos mistérios da
Criação. Agora, você sim, é um sábio que tem
muito o que me ensinar sobre seus domínios
ocultos pela escuridão do seu mistério, que é você
em si mesmo.
- Você está me idealizando como um sábio, Mago
da Vida?
- Já o idealizei como sapientíssimo Príncipe das
Trevas, que certamente me instruirá em como devo
proceder com meus astutos, traiçoeiros e
venenosos ir-mãos ancestrais que se ocultaram na
sua escuridão. Com certeza de agora em diante
eles não ficarão invisíveis aos meus olhos porque os
diferenciarei de você mesmo, já que você é a
escuridão e eles são as sombras ou as formas
desumanas que vivem, habitam e se movem em
seus domínios. Com certeza caso eu venha a ser
confundido por eles, você imediata-mente me
alertará e instruirá sobre como proceder em seus
domínios e como anular as ações intentadas por
eles.
- Essa não, Mago da Vida!!!
- Esse sim, Príncipe das Trevas...
[...] Você disse que me ama e estima, respeita e
confia e até me tem na conta de um nobre
príncipe!
- É isso mesmo. Eu descobri sua razão de existir
como parte do todo e encontro nobreza no seu
modo de atuar, pois não atua de outro modo e
forma que não a desejada por quem o idealiza,
concebe e concretiza. Só um nobre é tão generoso,
e só um concede o que dele desejam, ou estão
aptos adquirirem, assumirem e sustentarem. Um
nobre não nega algo se o que lhe foi pedido é
justo, e não impõe nada a ninguém se for violentar
sua natureza ou contraria seus desejos mais
íntimos, sabe?
- Agora sei, Mago da Vida. Já estou me sentindo
um nobre príncipe regente dos vastos domínios
escuros do Senhor da Trevas. E, para ser sincero,
até estou me sentindo melhor nessa sua nova
idealização e concepção humana do que eu me
senti na concepção anterior, quando você me
idealizou como uma asquerosa e traiçoeira,
venenosa e ardilosa serpente, sabe?
- Agora sei, Príncipe das Trevas!...
[...] - É isso, Mago esclarecido. Eu não tenho a
iniciativa em nenhum campo. A mim compete
unicamente a reação a todas as iniciativas
incorretas. Se uma religião disser que um
determinado procedimento é um pecado, quem
proceder segundo ela indicou estará pecando e
provocará uma reação de minha parte. E se a
reação é ir para o purgatório, o pecador irá para o
purgatório. Se indicar que deve ir para o inferno,
então irá para o inferno. E assim por diante.
Eu sou um mistério que só adquiro existência a
partir das ações contrárias à vida. Mas, quando
cessam as ações e as causas delas, cessa minha
atuação na vida de quem me ativou em sua
existência.
- Acho isso tudo de uma lógica e grandeza única,
nobre e esclarecedor Príncipe das Trevas.
 
Este desfecho para as aparições do “Príncipe das Trevas” na
obra de Rubens Saraceni, revela algo muito especial no que
diz respeito à compreensão dos mistérios, no caso deste em
específico e de outros que seguem o mesmo modelo. Creio
que algo semelhante se dá com o Mistério Exu, por exemplo,
pois quando se concebe Exu como algo positivo ele se mostra
de forma positiva, ao concebê-lo de forma negativa ele se
mostra de forma negativa. Muitos crêem que Exu deve ser
agressivo, falar impropérios e expor as pessoas ao ridículo, o
resultado é que muitas entidades assumem esta carapaça
para se enquadrar na expectativa de quem o evoca. É claro
que nem sempre quem responde a este chamado são as
entidades de Lei.  
Pelo que entendemos aqui o “Príncipe das Trevas” está muito
longe da concepção e idealização do “demônio” católico ou
evangélico, portanto que cada um fique com os “demônios”
que criaram para si e para suas religiões. Pois o único e
verdadeiro demônio em nossas vidas somos nós mesmos
quando caminhamos movidos pelo Ego.  
 
No Catolicismo “Lucifer” é o Anjo Caído porque quis ser como
Deus, No judaísmo não há um anjo com o nome “Lucifer”,
que é latino, uma tradução do romano “Phósforos”, uma
divindade, “O Portador da Luz”. No judaísmo Anjo não tem
livre arbítrio ele cumpre a vontade de Deus, logo é
inconcebível o mesmo se “revoltar”. No Velho Testamento
vemos “O Opositor” (Satanás) dialogando com Deus, como
velhos amigos a cerca de Jó e o “tentador” cria situações para
desviar Jó, tão querido a Deus. Esta é uma das poucas
passagens do Antigo Testamento em que aparece “o
opositor”, pois nesta realidade pré-cristã Deus faz o bem e faz
o mau, se é para matar os Egípcios Ele mesmo mata... mas
por meio do “Anjo da Morte” é claro, que não é nenhum
demônio apenas está a serviço de Deus.  
 
E voltando ao Anjo Caido, enquanto umbandista me parece
uma história bem mal contada, um Anjo, o mais belo, ter sua
queda por vaidade? Difícil de crer, mais fácil entender que é
mais um mito e tabu católico para evitar de explicar um
mistério teológico. No islã “Shaitan”, segundo o Corão teve
sua queda por se recusar a abaixar a cabeça para o homem
feito de barro, já que ele era um anjo feito do fogo. No
mesmo Islã há também os Gênios (djin) que podem ser bons,
maus e neutros.  
 
Afinal quem é o demônio em nossas vidas que não nossas
vontades e vícios?  
Quanto a espíritos obsessores, são o que são, apenas
espíritos.  
 
Já “Tronos Opostos” são outro mistério do Criador, não
confundir com Orixás Cósmicos, os quais de asentam no
embaixo exatamente nos pólos opostos aos 14 Orixás
exatamente para absorver nossos vícios nos sete sentidos da
vida:  
 
Fanatismo e Ilusão, Ciúmes e Ódio, Soberba e Ignorância,
Preconceituosidade (Mediocridade) e Injustiça, Arrogância e
Desordem, Imobilidade (acomodação) e Involução, Apatia e
Morte.  
 
Somos nós que geramos o vicio e o oposto das virtudes (Fé,
Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração) e a
função dos Tronos Opostos é atrair os seres “pesados” que
carregam seus vícios e absorver os mesmos. São eles O Trono
Oposto da Fé, do Amor... e claro Masculino e Feminino. No
Livro Orixás Ancestrais considera Lucifer e Lilith como os
Tronos Opostos à Oxalá e Logunan (Oyá-Tempo), o que deve
ser interpretado também e não levado ao pé da letra, são
opostos mas não deixam de ser “Mistérios do Criador”.  
 
Sei que não é fácil entender alguns conceitos, mas temos a
eternidade para compreendê-los não é?  
P.S. Todos os livros citados de Rubens Saraceni são
publicados pela Editora Madras www.madras.com.br  

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