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IJUÍ
2015
MARINO LUIZ BALBINOT
IJUÍ
2015
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2 OS IMPÉRIOS DA ÁFRICA PRÉ-COLONIAL........................................................ 7
2.1 O IMPÉRIO DE GHANA ....................................................................................... 7
2.2 O IMPÉRIO DE MALI .......................................................................................... 11
2.3 O IMPÉRIO DE SONGAI .................................................................................... 16
3 A CULTURA AFRICANA ATRAVESSA O ATLÂNTICO. .................................... 21
3.1 A RELIGIÃO CANDOMBLÉ ................................................................................ 21
3.2 A RELIGIÃO UMBANDA ..................................................................................... 24
3.3 A CAPOEIRA ...................................................................................................... 26
4 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA ÁFRICA NO BRASIL................................ 30
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
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1 INTRODUÇÃO
Africana para diminuir esses preconceitos, ainda temos um abismo social que
separa a população negra da população branca.
Esta pesquisa, por conseguinte, tem a finalidade de trazer um novo olhar
sobre a África, sua riqueza cultural e importância no contexto da história da
humanidade. É fundamental que, na educação básica e universitária, quebremos
paradigmas, conceitos que ficaram enraizados na sociedade, tais como a lembrança
de um continente miserável, de doenças, guerras, escravidão.
Portanto, este trabalho teve o intuito de conhecer uma nova África. Nessa
perspectiva, abordou-se, nesta pesquisa, a África pré-colonial, o continente antes da
chegada dos europeus, seus grandes reinos, como os Reinos de Ghana, Reino de
Songhai e o Reino de Mali. Essas três civilizações tiveram um reinado que duraram
do século VIII ao século XVI. Foram sociedades que tiveram regimes parecidos e até
melhores que muitos reinados europeus da mesma época. No Reino de Mali, por
exemplo, havia universidade e biblioteca.
Além desses reinos, foram abordadas, neste estudo, as religiões africanas
que junto com os negros escravos atravessaram o Atlântico e chegaram à América;
os achados científicos na África que deram outra visão desse continente, visto que
vários cientistas já têm teorias de que os ancestrais que deram os primeiros passos
na Terra surgiram do coração da África; estudos sobre os primeiros tambores, que
espalharam seus sons pela floresta africana e originaram muitas músicas ouvidas
até hoje; a África das temperaturas extremas, ”sessenta graus no deserto do Seara”,
e neve nas montanhas do Kilimanjaro; o continente, onde animais selvagens
circulam livremente como há milhares de anos, onde é falado mais de dois mil
idiomas, entre línguas e dialetos; as religiões, crenças, os mais de mil espíritos das
florestas cultuados; enfim, uma pluralidade de riquezas que foram ocultados por
muitos séculos, excluídas do ensino já que a educação era dominada por uma elite
branca europeia que não aceitava a cultura negra.
Quando o historiador estuda os povos da África Pré-colonial, na maioria das
vezes a historiografia é oral ou existem alguns escritos feitos por viajantes, na sua
maioria árabe. Além de outras fontes, esta pesquisa teve como fonte principal as
obras de dois especialistas no continente Africano e que já produziram vários livros
sobre a África – Alberto da Costa e Silva e Mario Maestri.
A UNESCO e o MEC, nas últimas décadas, têm direcionado o ensino da
África para valorizar essa importante cultura. Nesse sentido, este estudo pode
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colaborar com os currículos escolares para que a bela cultura afro-brasileira tenha o
lugar merecido. Também, com certeza, a profissão de Historiador ficará enriquecida
através do conhecimento e divulgação dessa cultura.
Para tanto, esta pesquisa visa à diversidade cultural da África. No capítulo I,
foram destacados os três impérios mais importantes – os Impérios de Ghana, de
Mali e de Songhai. No capítulo II, foram descritas as duas religiões – Umbanda e
Candomblé, e caracterizou-se a dança da Capoeira, praticada pelos escravos que
vieram da África para o Brasil, hoje patrimônio da UNESCO. No terceiro e último
capítulo, apresentou-se a Lei 10.639/2003, que introduziu nos currículos escolares
do Brasil o estudo da cultura indígena e africana.
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O viajante Ibn Batuta viu esse rei, que tinha o titulo de mansa, dar audiência
a seus súditos, de manto vermelho e gorro bordado de ouro, sentado em
almofadas, sob um grande guarda-sol encimado por um grande pássaro de
ouro. Estava cercado por seus chefes militares, com espadas e lanças de
ouro. (COSTA; SILVA, 2008, p. 25).
família, recebia tributos de seus filhos, agregados e cativos. Ele também geria os
bens familiares e concedia as esposas e os dotes matrimoniais. As mulheres eram
subordinadas aos homens, os jovens aos patriarcas, os agregados e cativos, mesmo
quando velhos e casados, continuavam eternos “jovens‟”.
Na época de seu maior desenvolvimento, o monarca e os seus súditos
praticavam uma religião baseada no culto aos ancestrais e manifestações da
natureza, algo parecido com as religiões animistas atuais praticadas na África
Ocidental. Por outro lado, o islamismo fazia-se presente, especialmente entre os
habitantes dos subúrbios das grandes cidades. Aliás, Al-Bakri dá ênfase à influência
muçulmana neste estado animista, provavelmente pelo fato de ser ele também
muçulmano.
O império começou a declinar por volta de meados do século XI. Não existe
um dado preciso, a versão popular é que os Almorávida, povos Bérberes
muçulmanos vindos de onde hoje é o atual Marrocos, começaram a invadir Ghana
pelo norte até conquistar totalmente o império. Também se acredita que disputas
internas foram fatores para sua decadência.
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A epopeia do rei Sundiata Keita do Mali foi a inspiração para o filme da Disney “O Rei Leão”. No
entanto, o filme apenas “dá uma pincelada” na riqueza da cultura, do patrimônio e da história real.
(PROFISSÃO HISTÓRIA, 2013)
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fronteiras, formulou leis por meio de assembleias, compostas pelo diversos povos do
império.
Percebe-se que o império de Mali teve uma organização politica mais
avançada que o de Gana. Em vez de se preocupar em manter os povos dominados.
Mali tornou-se uma civilização conhecida como um lugar onde a lei era implacável
com os injustos. Muitos viajantes comentavam que esse povo negro foi o que mais
odiava injustiças. Outro dado interessante é que se acredita que Mali tenha tido uma
extensão territorial do tamanho da Europa Ocidental.
Assim como Ghana, o povo de Mali tem muitas histórias contadas pelos
viajantes, que cruzavam o deserto do Saara para comercializar trocas de
mercadorias. Uma delas conta que entre 1324 e 1325, Mansa Mussa, em
peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria presenteado tantas
pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10 anos.
O reinado de Mali foi grandioso, a capital do reino, a cidade de Timbuktu foi
uma das mais ricas e importantes da região. Nela havia uma universidade, que
surpreende todos que a visitavam. Era um dos mais belos centros culturais
muçulmano da época. Produzia várias traduções de textos gregos que ainda
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circulavam nos séculos XIV e XV. Na biblioteca visitada por muitos viajantes
muçulmanos, havia milhares de livros principalmente da teologia muçulmana.
Incrível e surpreendente é saber que, em um continente esquecido, tenha
uma sociedade com universidades, bibliotecas, ruas e casas com esgoto. A África
teve reinos mais avançados do que muitos que existiram na Europa da Idade Média.
Os próprios portugueses, que começaram a chegar ali por volta do século XI,
surpreenderam-se com essas civilizações. Há relatos de navegadores portugueses
que, quando chegaram a comunidades aldeãs que pertenciam a esse reino,
surpreenderam-se com casas feitas de barro e areia de cor branca que muito se
pareciam com as moradias das aldeias portuguesas.2
2
Tratado como grande e inútil, o deserto do Saara foi, na África Pré-colonial, usado como transporte
de mercadorias. Sobre o lombo dos camelos, era feita a travessia de ligação entre o norte e o sul do
continente africano. (TURCI, 2010)
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Mali tinha uma formação tributária mais acabada que Ghana. A classe dominante (os
keitas) assentava seu poder sobre a extração do excedente. As comunidades aldeãs
pagavam tributos diretamente ao rei. Os agricultores e artesãos pagavam tributos
em forma de dízimos. Esses impostos eram recolhidos em espécie, por caravanas
imperiais, quando das colheitas. As comunidades eram divididas por castas
produtivas por Sundiata – artesãos, camponeses, servidores domésticos, etc. Em
relação aos ferreiros, por exemplo, por ano a família tinha que entregar cem flechas
e cem lanças; os pescadores, dez pacotes de peixe seco. Outro tributo rentável era
o comércio transaariano. O deserto do Saara sempre foi tratado como grande e
inútil, mas esse deserto desprezado pela historiografia teve uma grande importância
de ligação comercial entre a África Negra e a África do norte. Durante muitos
séculos, milhares de caravanas atravessavam o Saara para trazer e levar
mercadorias nos lombos dos camelos. Muitos árabes ficaram ricos trabalhando com
o transporte saariano. Por ali era transportado ouro, escravos, tecidos, sal,
artesanatos, etc. Esse comércio pelo Saara perdeu força em razão da chegada dos
europeus pelo mar Atlântico.
Foi o último grande império do Sudão Ocidental que rompeu a ascensão dos
impérios negros da região africana. As origens desse império são desconhecidas.
Alguns textos árabes falam de um príncipe Soni, chamado de Ali, o grande. Ele
derrotou o Império de Mali e fundou o mais importante império comercial-tributário da
região.
Os tipos de “casas cônicas” descritas por Al-Bakri em sua obra ainda podem
ser vistas no Mali, como mostra a fotografia acima da Vila de Songo, no Mali.
Nas últimas décadas do século XVI, assim como a história dos outros grandes
impérios que existiram, Songhai não foi diferente, inimigos de outras regiões do
continente começaram a tentar invadir o reino. Além disso, os portugueses já tinham
feitorias na costa africana e já afetavam o comércio pelo deserto do Saara, pois as
caravelas, além de levar uma maior quantidade de mercadorias, eram bem mais
velozes.
Outro fator para a decadência foi a substituição do grande líder Mohammed
aos 86 anos, pelo seu filho, que governou com tirania, impondo terror às sete
cidades-estados dos Hauçás, povos que falavam línguas semelhantes e pertenciam
ao Reino de Songhai. Essa tirania começou a causar revoltas nos povos Hauçás. De
olho nas riquezas de Songhai, os senhores muçulmanos de Marrocos, após várias
tentativas, conseguiram invadir pelo Saara e se apoderar do império. Os invasores
armados de fuzis venceram em 1591, na batalha de Tondibi, o último grande império
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No Brasil, existe um mito de que aqui temos uma democracia racial, ou seja,
uma sociedade pluriétnica, onde não existe preconceito contra os afro-brasileiros. O
futebol e o carnaval ajudam a expor esse mito racial, no qual uma multidão de
negros e brancos se mistura, com largos sorrisos. Uma imagem de classe de iguais,
mas que não é verdadeira.
Essa mistura de etnias começou com a colonização e a vinda décadas depois
de milhões de africanos como escravos. Todavia, mesmo depois da abolição,
continuaram a sofrer uma segregação social, que uma elite branca tenta esconder.
Contudo, infelizmente, ela está aí e precisa ser mostrada e combatida.
As caravelas começaram a atravessar o Atlântico com os porões lotados de
escravos africanos, em condições piores que o transporte de animais. Vieram junto
com os escravos várias religiões e danças que, mesmo com a repressão feita pelos
seus donos, sobreviveram e passaram a fazer parte da vida de milhões de
brasileiros, mesmo com preconceitos e perseguições.
Assim como no capítulo I sobre os reinos, aqui neste capítulo também foram
selecionadas duas religiões e a dança de capoeira. Foram dezenas de religiões e
danças, mas foram abordadas aqui as duas principais religiões africanas que têm
milhões de adeptos no Brasil – o Candomblé e a Umbanda. Por outro lado, as
danças também foram muitas, trazidas com os escravos africanos; uma delas, em
especial, depois de perseguida e tratada como crime, virou patrimônio da UNESCO
e, atualmente, é muito praticada no Brasil: a Capoeira.
O Candomblé é hoje uma religião muito praticada no Brasil nas áreas onde
mora grande quantidade de populações afro-brasileiras. Como é o caso de Salvador,
na Bahia, e a zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Foi na Bahia que, em 1830,
surgiu o primeiro terreiro. Essas novas religiões apareceram primeiro na periferia
urbana brasileira, onde os escravos tinham maior liberdade de movimento e eram
capazes de se organizar em nações. Daí eles se espalharam por todo o país, e
tomaram diversos nomes como Catimbó, Tambor de Minas, Xangó, Candomblé,
Macumba e Batuques.
Cada divindade preside uma família em particular e um aspecto da natureza.
No Brasil, os escravos eram vendidos e separados de suas famílias, assim essas
divindades se tornaram protetores dos indivíduos. As festas tinham como ponto
central as divindades, como os Orixás e Vodus. Nessas festas, são feitas oferendas,
como o sacrifício de animais.
Figura 13 – Umbanda
3.3 A CAPOEIRA
Uma linda dança ao som de uma bela música é praticada no Brasil há 500
anos. Só recentemente, nas últimas décadas, a capoeira começou a ganhar seu
lugar merecido. No ano passado, foi transformada pela UNESCO em patrimônio
cultural. Foi ocultada por cinco séculos, devido ao racismo contra os negros. Mesmo
com a abolição, no Brasil, a capoeira foi tratada como crime até o início do governo
de Getúlio Vargas.
A história da capoeira começou com a vinda, no século XVI, dos primeiros
escravos angolanos para trabalharem no cultivo da cana de açúcar. No início, os
escravos praticavam lutas ao ritmo de tambores na senzala das fazendas; alguns
senhores de engenhos deixavam que os escravos praticassem em volta da fogueira.
Mas logo os africanos começaram a usar essas lutas como forma de defesa contra a
violência de seus donos. Sabendo disso, os senhores dos engenhos reprimiram
violentamente, proibindo qualquer tipo de luta praticada por escravos.
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A lei traz dezenas de ações para que seja instituído, de fato, no Brasil, o
estudo da cultura afro-brasileira. Destacam-se essas três principais para justificar
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presente todos os dias na vida dos brasileiros, nas roupas coloridas, nos cabelos
rastafári, Black Power, trançados; nas comidas, como o acarajé, vatapá, feijoada,
entre tantas outras; nas religiões, como o Candomblé e a Umbanda. Nessa
assertiva, é uma cultura que precisa ser vista com um olhar diferente.
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5 CONCLUSÃO
tenha plantado uma semente para que outros colegas também pesquisem acerca
dessa temática. A minha intenção foi que este trabalho não seja como muitos que
são produzidos por mera obrigação formal e acadêmica. Quero que ele fique na
minha estante de livros para que possa usá-lo como uma ferramenta nas minhas
aulas de história.
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REFERÊNCIAS
DARIO, Luiz Teixeira Ribeiro; VISENTINI, Paulo Fernandes; PEREIRA, Ana Lucia D.
História da África e dos africanos. São Paulo: Vozes, 2013.
SILVA, Alberto da Costa. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,
2008.
Correção ortográfica.
Profª Me. Eliana Müller de Mello
Mestre em Educação, especialista em Linguística Aplicada, pós-graduada em
Metodologia de Ensino, graduada em Letras - Língua Portuguesa e Literatura.