Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
GOIÂNIA
2018
GILVAN DE BARROS PINANGÉ NETO
C01
GOIÂNIA
2018
3
Nelson Hungria
Ministro do Supremo Tribunal Federal
embriaguez habitual e patológica. Contudo, para Hungria diante do laudo médico deveria
prevalecer o livre convencimento do juiz, não ficando este sujeito àquele. Porém, não
descartava a utilização pelo magistrado de conhecimentos de psiquiatria forense, adstritos à
motivação da sentença.
O autor preconiza que não se descarta no todo a importância dos elementos no exame
precedente à internação, antes corroboram-se com novos dados para constatação da
permanência, agravação, atenuação ou cessação da periculosidade. Hungria enxergava na “cura
da doença mental” uma ilusão recorrente, acreditando ser dispensável para liberação do louco
infrator do manicômio, desde que fique comprovada sua condição de não-periculosidade,
constatada mediante relatório do diretor da penitenciária ou estabelecimento de segurança, além
do imprescindível laudo psiquiátrico.
O notável penalista enfatiza que os portadores de personalidade psicopática, na visão do
autor dotados de desvios na esfera do entendimento, emotividade, instintos e vontade, são os
recordistas na reincidência e habitualidade no crime. Defende análise minuciosa de diversos
aspectos na elaboração de relatórios e laudos periciais, tais como: infância do internado;
relações familiares e sociais; práticas laborais, educacionais e religiosas; possíveis vícios
(bebidas alcoólicas ou entorpecentes), além das condições favoráveis ou desfavoráveis
oferecidas após liberação e reinserção social. O autor entende que diante da acentuada melhoria
do estado psíquico do interno, devem ser concedidas licenças para afastamento temporário.
Em tom determinista, Hungria cita a máxima de Rousseau “O homem é bom por
natureza. É a sociedade que o corrompe. ”, defendendo a teoria que se o homem é produto do
meio, mudando-se o meio se mudam também os hábitos, mudando assim o próprio homem. Em
uma linha Durkheiminiana, o autor correlaciona miséria humana (falta de condições básicas de
dignidade) com vícios e criminalidade, sendo a família a base.
Hungria encerra seu discurso citando um método estatístico inovador incorporado pelos
Estados Unidos, para previsão da cessação de periculosidade e consequente concessão do
livramento condicional. Semelhante à teoria adotada por Hungria, os elementos analisados
nesse método seriam: reincidência; habitualidade criminal; associação criminosa; presença ou
ausência de relações sociais e/ou familiares; hábitos de ociosidade; delinquência precoce;
retardamento escolar; condição racial; anomalias psíquicas; idade; comportamento na prisão;
origem urbana etc.
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS