Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Resumo
A instalação dos grupos escolares traz a marca da
modernidade, tão aspirada pela República brasileira e
apresentada como solução para os problemas sociais.
Alçada à missão de formação do cidadão brasileiro, a
instituição escola foi organizada a partir do estabelecimento
de muitas práticas: o ensino seriado, classes homogêneas,
método de ensino apropriado, festas cívicas, exames
públicos e as caixas escolares, por exemplo. Este artigo
discute a instituição da caixa escolar como um mecanismo
para garantir a freqüência das crianças pobres, pois a
freqüência era fundamental para, através da escola, as
crianças e suas famílias recebessem a instrução necessária
à constituição do cidadão republicano. Discute-se, ainda, o
caráter dessa instituição: muito menos que o inanciamento
da educação, entendemos a caixa escolar como entidade de
ilantropia, a ponto de ser elogiada por órgãos religiosos
que, em principio, se opunham à escola laica imposta pela
República.
Abstract
Elementary School establishment had a so desired by
The Republican Government modernity mark and was
recognized as a solution for the social problems. Elementary
School was charged with growing Brazilian citizen so it
was organized after some usual practice as: serial teaching,
classes at the same level of learning, appropriated teaching
method, civic parties, public tests and the School Bank (the
institution responsible by school inancial resources). This
article discuss School Bank establishment as a way to assure
poor children frequency at the school once this frequency
was essential to them receive necessary instruction to their
growth. This aim is still arguable because besides to inance
teaching we see the as a philanthropic institute that was
praised by the Church which was, at the beginning, against
secular school. 141
Rosana Areal de Carvalho
Fabiana de Oliveira Bernardo Introdução
1 A Caixa Escolar tem sido objeto de pesquisa ao longo dos últimos três anos,
Educ. foco, no âmbito de projetos de IC, com apoio da FAPEMIG, pelo que agradecemos.
Juiz de Fora,
v. 16, n. 3, p. 141-158, Assim, vários recortes sobre o tema já foram apresentados em congressos da
set 2011/fev 2012 142 área de História da Educação.
Partindo de um cenário local, a cidade de Mariana, fomos, Caixa escolar: instituto
inestimavel para
paulatinamente, ampliando o raio de pesquisa, estendendo-a para o execução do projeto
da educação primária
âmbito estadual. Conforme já nos indica a bibliograia consultada,
o modelo se apresenta em diversos estados da União, motivo que
demonstra a importância da instituição para o cenário da educação
nacional.
16 GOMES, Ângela Maria de Castro. República, educação e história pátria no Brasil e Educ. foco,
Juiz de Fora,
Portugal. In: A República, a História e o IHGB. Belo Horizonte, Argvmentvm, v. 16, n. 2, p. 141-158,
2009. 151 set 2011/fev 2012
Rosana Areal de Carvalho
Fabiana de Oliveira Bernardo
documentação sobre os mesmos, principalmente nos casos dos
dois últimos temas. Buscamos compreender, em nossa pesquisa,
como foi forjada essa identidade nacional, como foi construído esse
sujeito republicano, e de que maneira a Caixa Escolar compunha
esse cenário: como coadjuvante ou como uma peça fundamental na
criação desse novo sujeito.
Consideramos, então, a Caixa Escolar como um dispositivo
de poder nos termos foucaultianos. Entende-se por
dispositivo de poder o “conjunto de discursos, instituições,
organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas
administrativas, enunciados cientíicos, proposições ilosóicas,
morais, ilantrópicas”17, bem como a rede que se estabelece entre
estes segmentos.
Para o autor, todo objeto da história é construído e se
constitui historicamente. Ora, dessa forma entendemos que a
implementação da Caixa Escolar não foi organizada de forma
aleatória ou despretensiosa, mas se inseria nas transformações
ensejadas pelo projeto de nação forjado no início do século XX.
O dispositivo de poder se constitui em um momento histórico
especíico, com o objetivo de responder a uma urgência da sociedade
que o produz.
Nessa perspectiva, as práticas escolares mencionadas neste
trabalho, devem ser vislumbradas não a partir delas mesmas, ou
seja, não buscamos analisar como elas eram praticadas, mas estudar
o que determinava estas práticas, o que estava em jogo na legislação
acerca da Caixa Escolar e os outros mecanismos do governo
republicano disseminados pelos estabelecimentos de ensino.
Para Foucault, tanto o poder como o dispositivo de poder
tem como objetivo produzir tendências de ações. Procuramos,
assim, veriicar quais relações de força sustentaram a elaboração
meticulosa do regulamento da Caixa Escolar e quais foram as ações
articuladas pelo governo republicano para que a adesão a este
instituto se concretizasse em todos os grupos escolares do Estado.
Veriicamos que no interior da escola republicana estavam
presentes diversos dos fatores citados pelo pensador francês, nas
mais variadas formas, todos amparados legalmente e devidamente
publicados nos jornais oiciais, bem como sempre iscalizados pelos
inspetores de ensino, com o objetivo de garantir sua funcionalidade,
qual seja a de promover a criação do sujeito republicano almejado.
Educ. foco,
Juiz de Fora,
v. 16, n. 3, p. 141-158,
set 2011/fev 2012 152 17 FOUCAULT, M. Microfísica do poder.
Caixa escolar: instituto
A Caixa Escolar e a manutenção de alunos inestimavel para
execução do projeto
carentes no âmbito da educação pública da educação primária
Conclusões
Fontes Primárias
Referências Bibliográficas
Educ. foco,
Juiz de Fora,
v. 16, n. 3, p. 141-158,
set 2011/fev 2012 158