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Universidade Federal Fluminense

História Econômica Geral

Professor: Luiz Fernando Saraiva

Aluna: Alice Gonçalves de Miranda

05/07/17

KEMP, Tom. A Revolução Industrial na Europa do século XIX. Lisboa, Ed. 70, 1987. (cap. 2)

Segundo Tom Kemp, o período pré-industrial significou importantes mudanças na estrutura


agrária, mesmo que de maneira irregular. A agricultura tradicional, sustentada pelo
campesinato, tinha que ser substituída por uma agricultura mais comercializada, produzindo em
parte para o mercado, para que existisse condições pra a industrialização pretendida. Desse
modo, a sobrevivência do campesinato significava que o processo de industrialização ainda
não estava completo.
O autor, através de uma perspectiva histórica, discorre sobre a estrutura europeia séculos
antes de a industrialização começar. Tal estrutura se deu por comunidades agrícolas estáveis
na maior parte das regiões da Europa, terras de cultivo pouco extensas e o estabelecimento de
comunidades rurais limitadas em extensão, que produziam o suficiente para abastecer os
proprietários de terra. Posteriormente, depois do declínio do Império Romano, desenvolveu-se
a variedade especificamente europeia de feudalismo, que consistia na imposição da
organização senhorial a toda a aldeia-comunidade. O feudalismo europeu, no entanto,
consistiu na semente da mudança, para Tom.
Para embasar a argumentação da obra, é feito um paralelo entre as estruturas presentes no
Oriente e na Europa que os diferenciaram em seus processos de industrialização. No primeiro,
o Estado era detentor de um maior poderio e a civilização, portanto, podia possuir uma
autoridade política centralizada, porém tendiam ou para não mudar ou então para ruptura e
decadência. Já na segunda, os poderes centrais eram fracos em comparação com os chefes
senhoriais. Contudo, havia mais possibilidades de mudança e adaptação, por conta da
descentralização do poder ter gerado oportunidades para um desenvolvimento autônomo, não
só dos senhores, mas também das cidades e dos seus homens. A existência de mercados e o
uso do dinheiro eram necessários aos senhores se estes queriam viver melhor e aumentar sua
riqueza, sendo assim as cidades conseguiram privilégios que aumentaram a capacidade de se
autogovernarem e expandiram as operações que os seus habitantes influentes estavam
interessados.
No momento mais adiante do capítulo, é desenvolvida uma definição do feudalismo agrário,
uma classe de proprietários fundiários extrai, por meios coercivos, um excedente de uma
população de cultivadores a eles submetida; e exposta sua estrutura. O feudo, consiste na
população das comunidades aldeãs, onde essas possuíam proteção dos senhores, cujo
monopólio de poder coercivo dava alguma garantia de tranquilidade. Os homens eram
autorizados a usar parte da terra para a sua subsistência e da família, a maior parte do que
produziam além do que precisavam, destinava-se a abastecer os senhores e a sua corte. Essa
forma pela qual o excedente dos cultivadores era retirado na economia senhorial fornece o
traço característico específico do feudalismo europeu.
Um fator interessante destacado no texto diz respeito à ecologia da comunidade campesina na
Europa. Essas possuíam estranhos processos de colheita, com perdas e ineficácia das práticas
da comunidade aldeã, por conta de sua adaptação empírica dos meios e do ambiente físico.
Possuíam poucos apetrechos, não possuíam conhecimento técnico e científico, trabalhavam
com um baixo nível de reservas e eram extremamente vulneráveis às oscilações da natureza.
Ademais, os animais tinham uma função indispensável na economia da aldeia europeia, uma
vez que forneciam alimentos, puxavam os pesados arados e davam o estrume preciso para
manter a fertilidade. A agricultura europeia, portanto, nada mais era do que um meio através do
qual os senhores podiam reunir um excedente da produção agrícola, que era controlada por
eles e que servia para os suportar materialmente, além de representar a estrutura necessária à
existência de comunidades campesinas fechadas, caracterizadas por seus baixos níveis
técnicos e o pouco capital às suas disposições. Consequentemente, o descontentamento
camponês explodia de tempos e tempos em revoltas ou desordens, embasadas nas
reinvindicações dos senhores e a luta dos camponeses para ficarem com uma maior parte do
que produziam.
Segundo Kemp, a maior força que fez evoluir a sociedade rural foi a externa, por meio do
crescimento das cidades e do comércio, a expansão da economia monetária e o desejo dos
senhores em aumentar seus rendimentos. No entanto, a forma de agricultura capitalista que
emergiu, além de surgir em diferentes épocas a partir do século XVI, variou de região pra
região. Por isso, é possível falar das características específicas do sistema agrário em
diferentes países, sustentando assim, a característica de irregularidade que lhe foi agregado.
Em certos casos, o desenvolvimento da produção para o mercado conduziu a uma
intensificação da servidão, como sucedeu na Inglaterra no século XII, ou como aconteceu,
cinco séculos depois, com a chamada "segunda servidão" no Leste da Europa. Em algumas
zonas, portanto, surgiram muitos dos traços característicos de uma agricultura capitalista, em
que a produção já não visava a subsistência, mas sim a venda no mercado. As diferentes
médias de desenvolvimento do capitalismo, determinam a que nível, e em que período, as
regiões em questão viriam a amadurecer para a industrialização.
Em nenhum outro lugar aconteceu como na Inglaterra, no século XVIII, das relações agrárias
conformarem-se tão exatamente às necessidades do capitalismo industrial. A transformação do
feudalismo começou cedo e as condições eram favoráveis ao fortalecimento das forças de
mercado e da propriedade individual. O sistema inglês começou cedo a eliminar a posição do
campesinato, e uma combinação de forças econômicas e de pressões institucionais
enfraqueceu a comunidade aldeã e fez decair o controle dos camponeses sobre a terra. Em
outras partes da Europa, no entanto, as operações agrícolas continuavam nas mãos dos
camponeses. Por isso, segundo o autor, que a evolução do progresso agrícola era lenta.
Todo o curso da evolução da agricultura inglesa a partir do fim da Idade Média foi, portanto,
favorável ao desenvolvimento do capitalismo: campesinato enfraquecido, distinção entre
proprietários e não-proprietários, propriedade de terra ganha uma nova forma. Sendo assim, a
remodelação das relações agrárias é uma condição indispensável para a industrialização de
qualquer sociedade. Uma sociedade predominantemente agrária mostrará poucas
potencialidades para o crescimento, seja qual for a sua forma de organização social, partindo
do princípio de que a quantidade de terra é limitada. Desse modo, em países, como a
Inglaterra, onde diferentes condições favoreceram um ritmo mais rápido de crescimento
econômico, o crescimento da população constituiu um novo fator favorável, uma vez que
representou novos contingentes de força de trabalho.
Para Tom Kemp, o tipo de reforma mais propício à aceleração do crescimento econômico era o
que expunha o campesinato às forças de mercado, conforme aconteceu no modelo inglês. O
campesinato da Inglaterra, enquanto classe, desapareceu para se transformar na força de
trabalho para os agricultores capitalistas e no contingente de recrutamento para as atividades
urbanas. Enquanto na França, a erosão constante da velha sociedade campesina pelas forças
do mercado e pelo individualismo agrário manteve-se ao longo do século XIX até que, já no
final desse século, a extensão do êxodo rural levantou problemas e preocupações
generalizados. Muito da velha estrutura agrícola sobreviveu num ambiente que, em outros
aspectos, era favorável à industrialização. Segundo o autor, é possível que a via francesa para
a industrialização tenha sido mais humana, além de voluntariamente escolhida e, de qualquer
modo, mais típica da experiência europeia global do que a via britânica.
O fato é que na maior parte da Europa o campesinato sobrevivia e certas zonas prosperavam
em consequência das oportunidades que lhes eram oferecidas de produzirem para o mercado.
Durante o século XIX, uma série cada vez maior de melhorias técnicas ficou à disposição dos
agricultores europeus, e como a rede de transportes se alargou, a especialização e a produção
para o mercado tornaram-se mais generalizadas. Desse modo, o desenvolvimento da indústria
exigia uma série de materiais que não podiam ser produzidos, por completo ou em parte, na
Europa. Consequentemente, através dos mercados europeus de mercadorias, a agricultura do
mundo passou a estar ligada às necessidades dos países industriais avançados. Entretanto, o
problema era obscurecido pelo fato de a indústria também ser protecionista: as preocupações
com a competição estrangeira, que provocaram alianças entre os industrialistas e os agrários,
significavam a adoção de medidas que diminuíam a transferência de recursos do setor rural
para o industrial. Tom Kemp, então, estabelece a existência de um paradoxo nesse processo,
onde os interesses dos próprios industrialistas foram os que ajudaram a manter viva uma
agricultura inflacionada e apenas parcialmente modernizada. Só na Grã-Bretanha é que a
agricultura era "sacrificada" à causa da indústria e à integração da economia na divisão
internacional do trabalho.

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