Вы находитесь на странице: 1из 2

COMUNICAÇÃO LITERÁRIA

by Carlos Ceia | Dez 29, 2009 | C | 0 comments


Processo de transmissão de um texto literário, escrito ou oral, de um autor para
um leitor ou receptor. A comunicação literária escrita processa-se in absentia de um dos
intercomunicantes; a comuniação literária oral faz-se geralmente in praesentia, como
na comunicação linguística. Em termos metafóricos, diríamos que a
comunicação linguística exige a presença de um espectador e a comunicação literária parte da
sua ausência. Como observa Aguiar e Silva, na comunicação literária, “a ausência de uma das
referidas instâncias reforça poderosamente a atenção que a outra instância consagra
à mensagem, […] já que na codificação e na descodificação desta residem as garantias mais
sólidas de superar os efeitos comunicacionais negativos resultantes da defectividade.” (Teoria
da Literatura, 4ª ed., Almedina, Coimbra, 1982, p.194).
A comunicação literária é mais complexa do que a comunicação linguística por
envolver uma rede de relações ambíguas entre os seus interlocutores: o código do emissor-
autor pode não ser reconhecido pelo leitor-receptor, mesmo que pertençam à mesma
comunidade linguística; a descodificação da mensagem literária depende de factor subjectivos
e ideológicos; o texto literário é marcado pela conotatividade e pela plurissignificação, o que
pode impedir a comunicação; a mensagem literária é mais marcada por factores culturais e
sociais do que uma mensagem não literária, além de que, por norma, utiliza o livro impresso
como meio de transmissão, o que implica a dependência de terceiros (editores, livreiros,
distribuidores) no processo de comunicação literária. Um dos elementos do processo geral da
comunicação que mais pode interferir na concretização da comunicação literária é o código,
que aqui envolve subcategorias como a retórica, a poética, a métrica, as escolas literárias, os
géneros e os modos literários, etc., cujo conhecimento é fundamental para que a comunicação
se concretize em leitura. A comunicação linguística não está tão dependente de subcategorias
(dialectos, regionalismos, pronúncias típicas, por exemplo) como a comunicação literária: não
é necessária uma aprendizagem escolar para se dominar um dialecto, mas é necessário um
treino técnico para dominar a retórica de um texto. É, portanto, obrigatório o pré-
conhecimento de um conjunto de regras pragmáticas que possibilitam a recepção e
compreensão dos textos literários. A este conjunto de regras chamou Siegfried J.
Schmidt nalidade (“Towards a Pragmatic Interpretation of ‘Fictionality’ ”, in T. A. van Dijk,
1976).
A transmissão interpessoal de ideias, sentimentos e atitudes que caracteriza a
comunicação em geral segue, salvo as devidas excepções, um padrão: à frase “Prazer em
conhecê-lo.” deve seguir-se uma resposta do tipo “Muito obrigado. O prazer é meu.” Na
comunicação literária, o emissor-autor procura fugir a este tipo de discursopadronizado, na
tentativa de criar um texto original. Numa situação idêntica, o autor literário procura outras
modulações mais criativas, como neste caso: “ «O senhor conhece-me? – perguntou ele.»
«Conheço muito bem – respondi eu. – É o sr. Belchior Pereira.» «Para o servir e amar, se nisto
lhe dou prazer.» (Camilo Castelo Branco, Vinte Horas de Liteira, 1864). Outra diferença reside
no controlo que o emissor-autor tem sobre os elementos não desejados no processo de
comunicação, que podem interferir e alterar o sinal: são os denominados ruídos: na
comunicação literária, o emissor-autor controla e pode servir-se literariamente desses ruídos
inscrevendo-os no discurso, criando factores de suspense na narrativa, por exemplo, ou
produzindo marcas originais no seu discurso (veja-se o caso da poesia futurista ou
experimentalista que integra onomatopeias e sinais gráficos não convencionais nos seus
textos). O ruído pode ser, assim, um elemento que marca a originalidade e a expressividade do
texto literário e não apenas um obstáculo físico ou fenomenal à comunicação.
{bibliografia}
AA.VV.: Evolution of Literary Communication Instead of Social History of Literature,
Proc. of the Fourth Biannual Conf. of the Internat. Soc. for the Empirical Study of Lit.erature
(Budapeste, 1994); Donald E. Phillips (org.): Human Communication Behavior and Information
Processing: An Interdisciplinary Sourcebook (1992); Eduardo Portela: Teoria da Comunicação
Literária (1970); Ernest W. B. Hess Luttich: “How Does the Writer of a Dramatic Text Interact
with His Audience? On the Pragmatics of Literary Communication”, Roger D. Sell (ed.): Literary
Pragmatics (1991); Elrud Ibsch: “Observer and Participant in Literary
Communication”, Poetics Today, 9, 3 (1988); Gerald Prince: “On Readers and Listeners in
Narrative”, Neophilologus, 55 (1971); J. A. Mayoral (ed.): Pragmática de la comunicación
literaria (1987); Jose Benito Alvarez Buylla: “El umbral del signo linguistico: Un ensayo literario
sobre comunicacion y literatura”, Arbor: Ciencia, pensamiento y cultura, 108, 423 (1981); Julie
Solomon: “Fictional Questions: Illocutionary Force in Literary Communication”, AUMLA:
Journal of the Australasian Universities Language and Literature Association: A Journal of
Literary, 74 (1990); Kazimierz Bartoszynski: “Research in So-Called Literary Communication”,
in Karl Eimermacher et al. (eds.) Issues in Slavic Literary and Cultural Theory (Bochum , 1989);
José A. Mayoral (ed.): Pragmática de la comunicación literaria (1987); Linda A. M. Perry, Lynn
H. Turner e Helen Sterk(ed.s): Constructing and Reconstructing Gender: The Links among
Communication, Language, and Gender (1992);Maria Corti: Principi dela communicazione
letteraria (1976); Marilyn Randall: “The Context of Literary Communication: Convention and
Presupposition”, Journal of Literary Semantics, 17, 1 (1988); Siegfried J. Schmidt: “On the
Foundation and the Research Strategies of a Science of Literary Communication”, Poetics:
International Review for the Theory of Literature, 7 (1973); idem: “Reception and
Interpretation of Written Texts as Problems of a Rational Theory of Literary Communication”,
in AA.VV.: Style and Text: Studies Presented to Nils Erik Enkvist (Estocolmo, 1975); idem: “Zu
einer Theorie asthetischer Kommunikationshandlungen”, Poetica: Zeitschrift fur Sprach und
Literaturwissenschaft, 10 (1978); T. A. van Dijk (ed.): Pragmatics of Language and
Literature (1976); Tae ok Kim: “Linguistic Theories and the Study of Literature: A Cognitive
Approach to Literary Communication”, The Journal of English Language and Literature, 36, 1
(1990); Thomas B. Farrell: “Beyond Science: Humanities Contributions to Communication
Theory”, in Charles R. Berger e Steven H. Chaffee (eds.): Handbook of Communication
Science (1987); Volker Roloff: “Der Begriff der Lekture in kommunikationstheoretischer und
literaturwissenschaftlicher Sicht”, Romanistisches Jahrbuch, 29 (1978); William B. Gudykunst
(ed.): Intercultural Communication Theory: Current Perspectives (1983).
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/comunicacao-literaria/

http://edtl.fcsh.unl.pt

Вам также может понравиться