Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
br
A FORTALEZA
DE SAFADÃO
Vintage e moderno juntos no recém-inaugurado
estúdio de uma das maiores estrela pop do país
SCHEPS PARALLEL
PARTICLES AO VIVO
O L U M E DA SUA
Plug-in Waves soma harmônicos OV
X AG E M ESTÁ
M I
e distorção a instrumentos “sem vida” CORRETO
?
No Desafiando a Lógica, Nervoso propõe ao leitor descobrir mais sobre formas Áudio Música & Tecnologia
de controle e criação de efeitos com os recursos do Environment, enquan- é uma publicação mensal da Editora
to que no Fazendo Música no Estúdio a panoramização está novamente em Música & Tecnologia Ltda,
voga. E tem mais! CGC 86936028/0001-50
Insc. mun. 01644696
Virando a chave para o caderno Luz & Cena, a matéria de capa é sobre aquele Insc. est. 84907529
espetáculo maravilhoso das luzes na cerimônia de abertura das Olimpíadas, Periodicidade Mensal
que mal acabaram e já nos enchem de saudades... Na segunda matéria, um
olhar bastante interessante sobre a direção artística de shows, com Bruno ASSINATURAS
Solino nos falando sobre a importância da função na construção de um grande Tel/Fax: (21) 2436-1825
espetáculo. Muito legal. (21) 3435-0521
Banco Bradesco
Boa leitura! Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Marcio Teixeira
Website: www.musitec.com.br
40 Produção Fonográfica
14 Em Tempo Real
Guilherme Lage
Captando Histórias de Amor: FATEC-Tatuí abre as
portas do seu estúdio para projetos independentes
Marcio Teixeira Lucas C. Meneguette e José Carlos Pires Junior
16 Notícias do Front
O volume da sua mixagem está correto? 64 Lugar da Verdade
Imperfeitamente perfeito
Renato Muñoz
Enrico De Paoli
22 Plug-ins
Scheps Parallel Particles
Pense pouco e experimente muito
Cristiano Moura seções
editorial 2 notícias de mercado 6
novos produtos 10 índice de anunciantes 63
50
58
capa
profissão
Rio 2016 – Tudo sobre a iluminação
Direção artística de shows – Bruno Solino
da cerimônia de abertura do evento
fala sobre a importância da função na
por Rodrigo Sabatinelli
construção de um grande espetáculo
por Rodrigo Sabatinelli
PRODUTOS .................................. 46
EM FOCO .................................... 48
NoTÍCIAS DE MERCADO
Serviço:
Local: Anhembi – São Paulo
Data: 21 a 25/09/2016
Horário: de quarta a sábado, das 13 às 21h, e domingo
das 13 às 19h
No novo formato do evento, palestrantes irão debater
temas como inovação, tecnologia, marketing, tendên-
cias do varejo, mídias sociais e e-commerce
áudio música e tecnologia | 7
NoTÍCIAS DE MERCADO
Divulgação
Divulgação
Carlos Kalunga Branco em uma de suas mais recen- Kalunga e sua TV recentemente se encontraram com
tes viagens: o engenheiro de PA vem dedicando parte Robert Scovill na casa de shows The Fillmore, em São
de seu tempo à TV Kalunga, divertido canal de vídeos Francisco, Califórnia
criado para compartilhar conhecimentos técnicos
Divulgação
– tudo em tempo real –, afinal, os controles intuiti-
vos, o layout simples e a compatibilidade com telas
sensíveis ao toque são alguns de seus aspectos.
Divulgação
Informações: pt-br.sennheiser.com
Representada no Brasil pela Habro Music, a Mooer inseriu no modelo cinco tipos de efeitos,
assim como um trio de formas de onda – triangular, quadrado e redondo –, a partir das quais
o músico pode criar uma ampla gama de sons.
Mais informações em
www.habro.com.br.
Divulgação
guilHerme lage
da PrOduÇÃO aO sOm diretO
A
ntes se tornar técnico de som documentários, passando por séries
direto, o carioca Guilherme Lage produzidas para canais a cabo, progra-
trabalhou por cerca de dez anos mas de entrevistas e campanhas pu-
como produtor audiovisual. A mudança blicitárias, dentre outros, com desta-
de mercado, diz ele, foi consequência de que para Conselho Tutelar, Os Anos 80
um desgaste – apesar do fascínio pelo Estão de Volta, A História do Samba e
universo audiovisual – e, também, da MPBambas”, completa o fã dos equipa-
familiaridade com o áudio – especialmente mentos Sennheiser. “Confiança, no nos-
por ter passado boa parte da vida em so métier, é tudo!”, define.
estúdios de ensaio e gravação –, algo que
tornou tal processo ainda mais natural. GRAVADOR: No momento, estou usan-
do um gravador digital modelo H6, da
“O fato de ter sido produtor musical e mú- Zoom. Trata-se de um equipamento de
sico me ajudou bastante, por exemplo, na fácil utilização e de ergonomia favorá-
questão de posicionamento dos microfo- vel à rapidez, uma necessidade de todo
nes e na interação com os demais profis- e qualquer set de filmagem. Como faço
sionais que compõe um set de filmagem, muito som direto para projetos docu-
tais como o diretor, o diretor de fotografia, mentais, que se diferem da dramaturgia
etc”, lembra ele, atuante de um mercado especialmente pelo fato de não haver
que, a cada dia, cresce, e que, no qual, já encenação e, sim, a captação de situa-
deixou sua assinatura em um sem número ções espontâneas, posso dizer que ele [o
de trabalhos. H6] é bastante funcional.
Divulgação
O vOlume da sua
mixagem estÁ cOrretO?
E
sta realmente é uma pergunta difícil de ser respon- cidos. Devemos conhecer os equipamentos de medição,
dida, simplesmente por existirem diversos fatores entender um pouco de como as leis funcionam (já que
que devem ser levados em consideração quando são tantas, tão diferentes) e, principalmente, usar o nosso
vamos discutir este tema: desde o tipo de programa que profissionalismo.
estamos mixando, passando pelo tipo de evento, ambien-
te, além de fatores que estão fora do nosso controle. cOmO adaPtar O vOlume da
Há, basicamente, duas maneiras de trabalharmos em re-
mixagem a determinadOs
lação ao volume (pressão sonora) do sistema de sonori- eventOs?
zação. Uma é quando um limite qualquer é estabelecido
(veremos, mais à frente, como isso pode acontecer) e a Para mim, bom senso e profissionalismo! Essa seria a res-
outra é quando este limite não existe e quem determina posta mais objetiva. Tudo vai depender destes dois fato-
isso é a pessoa que está mixando (em alguns casos, junto res e, principalmente, de como os produtores executivos
com o técnico do sistema). e produtores técnicos do evento, além do técnico do sis-
tema e do técnico da banda, irão trabalhar. Todos esses
Muito do que acontece de errado em relação ao volume profissionais são responsáveis por algum ponto dessa his-
de uma mixagem se deve, principalmente, a falta de bom tória – desde estabelecer limites, controlar estes limites e,
senso e de experiência. Alguns técnicos, simplesmente, principalmente, obedecê-los.
não se preocupam com isso e trabalham com um volume
muito acima do necessário. Outros, por sua vez, ainda Trabalhando com o Skank há cerca de 15 anos, já parti-
não conseguem perceber que estão passando do limite e cipei de todo tipo de evento que se possa imaginar. Em
prejudicando o seu trabalho. festivais nacionais, festivais internacionais, eventos cor-
porativos, eventos particulares e shows em geral, sempre
Também há a tradicional necessidade de grande par- procuro me adaptar, o que nem sempre é fácil. E olha que
te do público brasileiro de-
sejar um volume mais alto.
WikiImages
Cansei de assistir a shows
com um volume confortável
e observar comentários de
pessoas como “o som deve-
ria estar mais alto” e “assim
parece ruim”. Claro que isso
não ocorre só aqui no Brasil,
afinal de contas, cada país
possui características dife-
rentes de público.
O público brasileiro, em geral, está acostumado com volume alto nos shows
WikiImages
som que o necessário, daí,
a importância da decisão do
técnico.
cuidadOs e
sOluÇÕes Para
aJudar O nOssO
trabalHO em
relaÇÃO aO sPl
Um dos grandes problemas
em relação ao volume do sis-
tema é, na verdade, o volume
dos instrumentos e dos moni-
tores no palco. Dependendo
principalmente do tamanho
Em eventos corporativos nem sempre mixamos do ambiente, quanto menor
no mesmo volume do que em festivais for este ambiente, maior se-
rão os problemas para o téc-
nico de PA. Muitas vezes, já vi o som do palco ser mais
eu não estou nem falando sobre trabalhar dentro de de-
terminados volumes. alto que o som do próprio PA, o que, obviamente, difi-
culta – e muito – a mixagem.
Pior que trabalhar dentro de determinados limites de vo-
lume (quando eles fazem sentido) é ter que trabalhar Em ambientes pequenos e até médios, quando a plateia
acima do que acho “aceitável”, situação comum em festi- consegue ouvir bem o som do palco, sempre haverá a
vais. Imagine que a banda anterior a sua trabalhou com possibilidade deste som influenciar no volume geral da
uma média de 105 dBA. Se você trabalhar com 95 dBA, mixagem. Quando isto ocorre, técnicos mais experientes
a sua mixagem pode estar perfeita, porém, o
público tenderá a achar que a sua mix está
pior que a anterior.
WikiImages
vem do palco para, depois, ape-
nas “colocar” os instrumentos
que estão faltando. Essa não é a
melhor situação. É apenas uma
maneira de adaptar a mixagem.
mais alta e qual o momento para uma mixagem mais bai- forem cometidos? Tudo isso deve ser levado em con-
xa. Além disso, devemos entender que um sistema bem sideração, principalmente na metodologia da aplicação
dimensionado e bem distribuído permite uma mixagem do limite e, mais importante ainda, na forma como será
mais baixa, porém, com uma cobertura sonora agradável. feito o controle do volume.
O que fazer quando existem Não existe muita lógica para os padrões estabelecido. As
leis são – como sempre – confusas e variam muito, de-
limites estabelecidos?
pendendo da situação e, até mesmo, do Estado. Além dis-
so, as pessoas responsáveis pela medição normalmente
A resposta é bem simples, devemos segui-los! O problema
não têm ideia do que estejam fazendo e, principalmente,
é que, normalmente, duas coisas acontecem e que atra-
não possuem o conhecimento técnico para operar os apa-
palham o nosso trabalho. A primeiro é que, raramente,
relhos de medição.
alguém da produção do evento se lembra de avisar sobre
estes limites, e os técnicos acabam pegos de surpresa. A
segunda e mais tradicional é que os limites estabelecidos Como medir o volume
são quase sempre impossíveis de serem mantidos. da nossa mixagem?
Não sou contra limites de SPL, muito pelo contrário, Independente da maneira como medimos o som da nossa
acho muito importante, principalmente, para a nossa mixagem, os nossos ouvidos sempre devem dar a palavra
saúde auditiva (técnicos e público). Também acho que final. É claro que a experiência ajuda bastante. Nesse mo-
a vizinhança não deve ser importunada além de um mento, o mais importante é sabermos quais são os equi-
limite civilizado (como eu não gosto de ser). Existem pamentos que podemos utilizar para fazer estas medições
outros motivos que nem sempre são compreensíveis, e, principalmente, como eles funcionam e como podem
porém, podem fazer parte nos ajudar.
das regras.
A primeira coisa que nos
Como se diz normalmente, vêm a cabeça quando pen-
o combinado não sai caro. samos em medir o SPL é
Toda vez que sou avisa- um decibelímetro. O pro-
do antecipadamente que blema desse equipamen-
existe alguma limitação to é que, normalmente, a
de volume (SPL), primeiro pessoa encarregada pelas
procuro checar se os valo- medições não tem ideia
res que serão impostos fa- do que está fazendo, en-
zem algum sentido e serão tão, acaba fazendo alguma
possíveis de serem alcan- besteira, o que pode pre-
çados (posso me repor- judicar o nosso trabalho.
tar ao escritório de banda Mais uma vez, temos que
caso veja algum proble- dominar um equipamento
ma) e, depois, posso me relacionado diretamente
preparar para trabalhar. ao nosso trabalho.
scHePs Parallel
Particles
Pense pouco e experimente muito
É um plug-in que não “corrige” nem “salva” nada. A ideia é Os outros dois elementos são o Bite e o Thick. Cada um
tentar somar, seja harmônicos ou distorção, ao sinal para tra- deles pode ser encarado como um único controle que re-
zer uma identidade em um instrumento que está “sem vida”. gula três processamentos: equalização, compressão e dis-
torção. Enquanto o Bite é mais agressivo na distorção nas
Fiz alguns testes e, portanto, vamos mais a fundo para média-altas, o Thick limpa os médio-graves com equali-
entender um pouco mais sobre o Scheps Parallel Particles. zação ao mesmo tempo em que tenta destacar os graves.
PreParandO O
terrenO Para usar
Ok, e vamos usar este plug-in onde? Em um
instrumento específico? Em um grupo? No
master da mix?
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os trei-
namentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha Sonora, Gravação e Mixagem
de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br
a fOrtaleza
de safadÃO
vintage e moderno se fundem em
recém-inaugurado estúdio de estrela pop
F
ortaleza, Ceará, 2014. Por intermédio do en- alização de suas produções. E o local escolhido para
genheiro de gravação Jeimes Teixeira, o cantor a construção de duas salas de médio porte e uma
e compositor Wesley Safadão faz um convite técnica foi um galpão no qual é organizada a rotina
ao engenheiro de acústica e projetista de estúdios de logística de seus shows, bem como a acomoda-
Carlos Duttweller, que, até chegar à capital, não ção de sua equipe.
imaginava ser ele, o grande fenômeno de vendas da
música brasileira, seu próximo cliente. Porém, ao iniciar os primeiros rascunhos do que
viria a ser o tal estúdio, o engenheiro entendeu
“O chamado”, segundo Duttweller, tinha um motivo que o local seria insuficiente para “abrigar” tama-
óbvio: Wesley queria construir um estúdio para a re- nha estrutura. E com o aval de Safadão, Carlos
acabou optando por realizar a empreitada em um As paredes das salas foram feitas com blocos de ci-
terreno de 18m x 7m, localizado exatamente ao mento preenchidos com areia, o que, ainda de acordo
lado do galpão, onde construiu duas salas de gra- com Duttweller, “garantiu ao projeto um bom isolamen-
vação e uma técnica. to de ruído exterior”. “E o condicionamento interno dos
ambientes”, lembrou ele, “recebeu estruturas de ma-
“No fim das contas”, disse o engenheiro, “partir para deira auto clavada – matéria prima bastante resistente
a exploração do terreno foi a melhor opção, pois, a umidade e, principalmente, a ataques de cupins –,
como sabemos, construir um projeto ‘do chão’ é além de mantas de lã de rocha de alta densidade, pai-
bem melhor que ter de adaptá-lo a um ambiente néis acústicos com acabamento em tecido anti-chama e
pré-determinado”. madeira de demolição, lançada no piso e nas paredes”.
Carlos Duttweller
Carlos Duttweller
Nas imagens, dois ângulos do grande pé direito do estúdio
Todo o material pré-fabricado – além de todos os mento, três paredes de concreto. “Em seu interior
dutos e o sistema de condicionamento de ar – foi constam, ainda, difusores para corte de ondas es-
comprado de fornecedores locados em São Paulo e tacionárias, instalados no teto, e rebatedores es-
enviado para Fortaleza. “A opção pela ‘importação’”, peciais móveis, usados no controle de reflexões”,
justificou o engenheiro, “tinha como objetivo dimi- acrescentou o engenheiro.
nuir a permanência do pessoal técnico no local e,
naturalmente, com isso, viabilizar os custos da obra, A segunda sala, projetada especialmente para a gra-
que levou cerca de 90 dias para ser concluída”. vação de metais e instrumentos de corda, dentre
outros, é bastante flexível e conta com tempos mais
SALAS SE DIFEREM EM curtos de reverberação, graças a presença de um
CARACTERÍSTICAS difusor omnidirecional. Com 7 m x 6 m e 6 m de pé
direito, ela conta, ainda, com um iso booth dedicado
Uma das salas de gravação, utilizada para regis- a gravação de vozes e / ou vocais e com uma es-
tros de instrumentos como bateria e percussão, foi pécie de mezanino com acesso via escada, no qual
feita com acústica mais viva, especialmente para a podem ser registrados acordeons e teclados.
obtenção de um som natural de ambiência, “algo
muito comum nas produções de Wesley”, como Localizada entre as duas salas de gravação, a téc-
atestou Duttweller. nica, que mede 5,5 , x 5,5 m, é uma sala bastante
confortável. Capaz de acomodar todos os equipa-
Medindo aproximadamente 6 m x 5,5 m, e tendo mentos, além de técnicos e profissionais de pro-
um pé direito de 6 m, ela recebeu, em seu acaba- dução, ela foi desenvolvida dentro do padrão que
Carlos Duttweller
voz e de salas.
“Selecionamos, também, o
C12, da AKG, original, ra-
ríssimo, que parecia muito
novo; o R44C, da AEA, um
microfone de fita incrível,
que cai muito bem em vo-
zes como a de Wesley, que
tem muita emissão; o CMXY
4V, da Schoeps, e o 4038,
da Cole, ambos indicados
para uso em salas; o R122,
da Royer, para captação de
amplificadores de guitarra,
e, por fim, o LoFreQ, da
Solomon, para bumbos de
bateria”, enumerou. Da esquerda para a direita, Jaimes Teixeira, Beto Neves e Carlos Duttweller
exPlOrandO
Parte 1
as entranHas
dO lOgic cOm
O envirOnment
descubra mais sobre diferentes formas
de controle e criação de efeitos com os
recursos do environment
A
série “Stranger Things”, da Netflix, mostra as de um botão ou fader – e criar seu próprio rack
aventuras de um grupo de adolescentes en- virtual, incluindo inúmeras outras possibilidades a
volvidos com um universo paralelo após o su- partir, por exemplo, das inúmeras possibilidades
miço de um deles. Trata-se de uma cópia obscura de de quantização, automação (MIDI Draw) etc.
suas próprias moradias, na forma de um ambiente
sombrio e sinistro. Assim como acontece na história Mas isso foi assunto de colunas passadas. Vamos se-
protagonizada por Winona Ryder, o Logic também guir adiante, ou, seria melhor dizer, explorar aquilo
possui seu universo paralelo, porém, não tão som- que existia, de certa forma, já que o Environment
brio assim. Bem vindo ao complexo e estimulante existia em versões anteriores?
domínio do MIDI Environment no Logic.
O que é e Pra que serve, afinal?
cOmeÇandO dO inÍciO...
Tenho certeza de que a grande maioria dos usuários
A eficiente relação do Logic com o protocolo MIDI de Logic se mantém distante da janela do Environ-
não é novidade para usuários mais antigos. Cer- ment (cmd+0) por diferentes motivos, entre eles,
tamente, nos tempos da Emagic – empresa que o a falta de conhecimento, interesse, necessidade,
colocou no mercado antes de ser vendida à Apple tempo, oportunidade e – muitas vezes, sim, acredi-
–, já era possível, para a turma mais antenada, con- te! – medo. Medo causado por outros diversos moti-
figurar mensagens e controles na plataforma. Hoje vos cujo sentido não cabe nessa coluna.
em dia, não é preciso muito esforço e conhecimento
para controlar instrumentos virtuais, pois o Logic re- Não importa! O que vale aqui é mostrar porque a pos-
conhece praticamente todos dispositivos dispo-
níveis no mercado atual.
arPeJOs dO
PassadO
Para entender o básico do básico,
vamos criar um objeto simples:
o arpejador. Nas versões ante-
riores do Logic, só era possível O Arpeggiator do Logic, exatamente como era utilizado
arpejar um synth com ajuda do nas versões anteriores, sem a opção do plug-in atual,
Environment, pois o atual e ex- inserido na cadeia básica do layer Click & Ports
André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade e cinema. Já trabalhou como roteirista nos canais Te-
lecine e Multishow. Assinou a direção musical de espetáculos teatrais como “Medea en Promenade” e “O Médico que Tinha Letra Bonita”.
O SuperStudio é a sua casa e também de artistas que passam por lá. Alguns deles chegam ao mundo através do selo Super Discos. Como
músico, gravou e lançou discos com bandas como Acabou la tequila, Matanza, Beach Lizards, Nervoso e os Calmantes, Lafayete e os Tre-
mendões. Atualmente finaliza o projeto Fora do Ritmo, um disco autoral com 12 bateristas, entre eles, Wilson das Neves, Pupillo, Guto Goffi,
Rodrigo Barba, entre outros. Acesse foradoritmo.com e descubra mais.
andre@suprasonica.com.br
www.superstudio.com.br
www.facebook.com/DesafiandoLogic
Panorâmico (Parte 3)
Outras texturas e interações
N
o nosso último encontro dissertamos
Wiki Images
sobre alguns princípios e conceitos para
usar na panoramização de blocos, contra-
cantos e respostas. Agora vamos mudar um pouco
o foco, saindo de elementos que interagem só com
a melodia principal e falar de outras texturas, que
apresentam também interações internas. Vamos
começar com as texturas harmônicas.
HARMONIA
É denominada “harmonia” a execução simultânea
de sons com afinação definida, de forma a
explicitar a escala, função ou contexto em que
as melodias e contracantos vão atuar. Quer
dizer, são sons simultâneos e com uma relação
entre si, que funcionam como fundo para a melodia, mas zir a disposição dos instrumentos no mundo real. No caso
com certa independência em relação a ela. Podemos das cordas, os violinos e violas do lado esquerdo, e cellos e
diferenciar dois tipos de sons com função harmônica: baixos mais para a direita, com diferentes densidades ins-
sons longos, com a função exclusiva de definir a trumentais no centro do campo LR. No caso de formações
harmonia, sem função rítmica; e notas simultâneas e pequenas de metais, o que vai determinar o posicionamento
com atividade rítmica, intercalando sons e pausas, de dos músicos é o arranjo, organizando as vozes que dialo-
forma a conduzir o ritmo, além de explicitar a harmonia. gam e que servem de referência mútua para afinação na
hora de tocar. O grave pode tanto estar no centro quanto em
Na primeira categoria incluímos sons que são chamados de alguma das pontas. É interessante (mas não obrigatório)
“camas”, ou “pads”. Podemos mencionar cordas, teclados, deixar um espaço no centro do palco sonoro para que a voz
coros e outros sons longos. Repare que todos esses instru- ou instrumento solista possa ocupá-lo. Esse espaço tanto
mentos também podem atuar com função de contracanto, pode ser um vazio quanto pode ser um instrumento que
interagindo com a melodia, ou até com intenção rítmica. preencha uma região diferente da voz ou melodia conduto-
Não nos referimos à sua função nesses casos, e sim à situ- ra no espectro harmônico (como o baixo ou o instrumento
ação em que sons longos funcionam como fundo, ou base, mais grave do naipe, por exemplo).
para a melodia, mas apresentando equilíbrio interno, com
condução de diversas vozes ou melodias simultâneas. Na abordagem criativa, pode-se ou não ser fiel à distribuição
espacial original, além de usar processamentos para acen-
Nessa situação, os sons costumam ter como fonte instru- tuar ou modificar essas texturas. Os efeitos mais usados
mentos usados em formações instrumentais grandes, ou são o delay e a equalização. Falaremos mais disso adiante.
outros instrumentos que imitam essas formações, como
teclados, podendo criar também sons artificiais, mas com INSTRUMENTOS
a mesma função. Seguindo a linha das colunas anteriores, HARMÔNICO-RÍTMICOS
podemos descrever duas abordagens.
A segunda categoria abrange instrumentos que permi-
Na abordagem realista, a panoramização tenta reprodu- tem atividade rítmica, além da harmônica. Podemos in-
Um caso que acho interessante: quando há dois instru- crofones de “over”, que capturam todas as peças ao mes-
mentos iguais (como guitarras, por exemplo), um com mo tempo. Essa microfonação pode ser mono ou estéreo,
função rítmico-harmônica e o outro dialogando com a e cabem aí todas as técnicas de par coincidente e par
melodia, como contracanto. Eles podem ser panorami- espaçado. Nesse caso, considerando que provavelmente
zadas simetricamente uma para cada lado, usando uma o instrumento foi microfonado pensando nas técnicas de
abordagem realista, e deixando um espaço no centro para audiografia, que buscam reproduzir uma imagem sonora
a voz. Apesar de correta, não acho que essa seja ne- fiel da fonte sonora, as peças individuais seriam panora-
cessariamente a visão mais interessante para valorizar o mizadas pensando em casar a sua posição no campo L-R
discurso musical. Gosto quando o contracanto dialoga no com a posição dessa mesma peça no over, onde está sua
panorâmico com a melodia e o instrumento rítmico-har- imagem fantasma. A abertura do estéreo vai depender do
mônico dialoga com outro instrumento rítmico, ou com espaço que se quer dar ao instrumento no palco sonoro e
algum processamento do próprio instrumento. Mas estas da sonoridade, considerando que panoramizações laterais
são somente escolhas estéticas e arbitrárias, sem erro ou extremas acentuam as altas frequências. Cabe aí lembrar
acerto. Cada situação vai gerar discursos musicais únicos as possibilidades com as abordagens realista e criativa.
e as decisões devem ser tomadas caso a caso.
No caso de peças individuais, sem uma microfonação ge-
ral, ou “overhead”, podem-se também usar os princípios
SONS SEM AFINAÇÃO DEFINIDA E
dessas duas abordagens. Na panoramização realista,
COM FUNÇÃO DE CONDUÇÃO procura-se uma posição condizente com o posiciona-
RÍTMICA E ACENTUAÇÃO mento original dos instrumentos. Em uma abordagem
criativa, me parece conveniente buscar sempre o equilí-
Podemos listar nesta categoria instrumentos de percus- brio de qualquer som, compensando ele com outro som
são, a bateria e efeitos em geral. Quando provenientes de mesma função, distribuído simetricamente no pano-
de um instrumento (ou conjunto de instrumentos) que râmico. É bom lembrar que os instrumentos percussivos
possui um tamanho e ocupa um espaço, como uma ba- graves, que em geral possuem curta duração e função de
teria ou um set de percussão, existem algumas aborda- condução ou acentuação, costumam ficar no centro por
gens possíveis para posicionamento no campo L-R, todas todas as razões apresentadas nas colunas anteriores.
dependentes de como o som for captado.
ESTEREOFONIZAÇÃO
Em geral, além dos microfones individuais em algumas
peças, esses instrumentos são captados também por mi- Um recurso usado na abordagem criativa é a panorami-
zação artificial de sons grava-
dos originalmente em mono.
keymusic.com
Captando
Histórias de Amor
FATEC-Tatuí abre as portas do seu
estúdio para projetos independentes
D
esde o início do projeto do curso de Pro- produção de áudio como estratégia pedagógica de
dução Fonográfica da FATEC-Tatuí havia formação do alunado. Isso foi impulsionado com a
uma grande preocupação em permitir aos reformulação, em 2014, de parte da grade curricular
alunos uma vivência consistente no processo de do curso, que permitiu a criação de núcleos de prá-
produção do fonograma. Dessa forma, além das ticas profissionalizantes.
aulas regulares semanais, nós projetamos nosso
curso para que o aluno pudesse participar de pro- Atualmente, existem núcleos de pesquisa e pro-
jetos de álbuns ou singles desde o planejamento dução que abrangem diversas áreas relacionadas
até o lançamento, passando pela gravação e pela à produção fonográfica, como os núcleos TecGrav
pós-produção. (Núcleo de Técnicas de Gravação), o NAGA (Nú-
cleo de Áudio e Games), o NAV (Núcleo de Audio-
Recentemente, o curso passou a fazer parcerias com visual), o ProCult (Núcleo de Produção Cultural) e
grupos independentes, dando apoio no processo de o Núcleo de Acústica.
histórias que surgiram de conversas com o público sala técnica, com pleno contato visual com a equipe
e por meio da colaboração de pessoas, que enviam de gravação, e os demais músicos formaram um se-
vídeos com declarações de amor, além de poetas, micírculo que permitia a interação entre eles.
músicos e atores. Participaram dessas ações, por
exemplo, o ator Brás Antunes, filho do compositor Mesmo com contato visual, um sistema de talk-
Arnaldo Antunes, o cantor Liniker e a compositora back de mão-dupla foi essencial para dar prosse-
Roberta Campos. guimento à sessão de gravação – o responsável
pela mixagem de monitoramento, nosso aluno Luiz
A equipe é formada pelo produtor fonográfico con- Henrique Kichel, é deficiente visual (de fato, algu-
vidado Pedro Montessanti, os músicos de base Fabio mas situações inusitadas surgiram, como o bate-
Zavanella (guitarra), Fernando Perre (contrabaixo), rista dizendo que ele lhe daria um sinal com a mão
Neto Mantovani (piano) e Pepe Dmarco (bateria), para desligar o click...).
que realizaram as gravações da seção rítmica no Es-
túdio Escola da FATEC-Tatuí. Também passaram por Captação da bateria
aqui um quarteto de cordas, contando com Erica Be-
atriz Navarro (cello), que já trabalhou com Hermeto A bateria utilizada foi uma Gretsch Renown Maple,
Pascoal, e a multi-instrumentista Ana Elisa Colomar microfonada da seguinte forma:
(sax, flauta e cello), do grupo Mawaca. O projeto
conta ainda com participações posteriores de Adil- Caixa: Shure SM57 na pele de ataque e DPA 4099
son Camarão (percussionista) e o renomado acorde- na pele de resposta
onista Toninho Ferragutti. Bumbo: Shure Beta 52 próximo da pele de resposta
e Neumann U87 a cerca de meio metro de distância
Processos de gravação Tons e surdo: Sennheiser e904
Chimbal: Neumann KM184
A base rítmica foi gravada de forma simultânea, Overhead: DPA 4015
com monitoramento via fone de ouvido. A bateria Central: Neumann U87 entre o bumbo e a condução
foi posicionada ao ponto áureo da sala de gravação Ambiência: Neumann M149, valvulado, sobre o ba-
principal, enquanto o amplificador de guitarra e o de terista e Sennheiser e609 perto da parede do estúdio
contrabaixo ficaram selados cada um em uma sala
de amplificadores. Os músicos foram posicionados No bumbo, foi utilizado um pano de lycra para atenuar
de maneira que o baterista ficasse de frente para a frequências “brilhantes” vindas dos pratos. Uma curio-
sidade sobre o microfone
central é que, pela posi-
ção adotada nessa técni-
ca, ele ficou direcionado
para a região pélvica do
baterista (coerentemen-
te, o Montessanti pre-
fere chamá-lo de “dick
mic”...). O microfone de
ambiência e609 foi usado
de forma experimental
(daí o engenheiro chamá-
-lo de “mic estranho”),
mas funcionou: por ser
um microfone dinâmico,
ele foi menos sensível
aos transientes e propor-
cionou uma espécie de
compressão natural da
pressão acústica.
plificador. O cabeçote GK MB500 deu potência a uma soprano microfonado por um Sennheiser MD421
caixa Carvin 4x10, microfonada com um Sennhei- na sala de amplificadores, de modo a evitar a re-
ser MD421. Os teclados utilizados foram os Yamaha verberação da sala principal.
Tyros 2 e Motif XF8, em linha.
Consolidando parcerias
Overdubs
Conforme nos comentou Fabrício Zava, a parceria
Um quarteto de cordas complementou a instru-
com a FATEC fez muito sentido no projeto, também
mentação de algumas faixas, com arranjos escri-
pelo fato de que boa parte dos músicos tiveram sua
tos pelo próprio Montessanti. O grupo foi posicio-
nado em um arco de 180º e sua gravação utilizou formação musical iniciada em Tatuí. Fora isso, a di-
oito microfones: uma técnica Blumlein com dois retora artística do projeto, Ester Freire, é professora
Neumann U87, ao centro da formação; quatro DPA do Conservatório de Tatuí, regente de coro e atuante
4099 em microfonação próxima; e um par espaça- na música e no teatro em São Paulo.
do com dois DPA 4006, mais distantes.
Além dos objetivos pedagógicos, a função que o
O par central serviu de base para a captação do pla- Estúdio Escola do curso de Produção Fonográfica
no estereofônico, enquanto os DPA 4099 realçaram vem assumindo é de facilitador de produções in-
os parciais agudos e a sensação de presença. Já o dependentes, colaborando para a redução de cus-
par espaçado serviu de captação da reverberação
to e a viabilidade de projetos com grande poten-
natural da sala, dando a opção de dispensar o acrés-
cial de difusão artística e cultural. Uma vez que o
cimo de reverberação artificial na mixagem.
meio acadêmico é, em boa parte, composto pela
tríade de ensino, pesquisa e extensão, a realiza-
Outras faixas também contaram com um saxofone
ção desses projetos permite
ao curso oferecer uma ex-
tensão dos conhecimentos,
técnicas e produções à co-
munidade.
José Carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de Gravação e Acústica
Aplicada ao Instrumento. E-mail: cravelha@gmail.com.
Lucas C. Meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção
Musical no curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí. E-mail: lucasmeneguette@gmail.com
www.robe.cz
www.tacciluminacao.com.br
Divulgação
Campinas, São Paulo, acaba de lançar a
“pequena notável” PAR 64 144 Slim. Com
seis canais DMX, 144 LEDs de alto brilho
em sua estrutura – sendo 48 vermelhos,
48 verdes e 48 azuis –, ela opera com
ângulo de abertura de 30 graus e
nos modos automatic, sound e slave.
Indicado para uso cênico e arquitetural,
o refletor – que pesa somente 3 Kg, tem
dimensão de 21 cm x 24 cm x 7 cm e
é transportado por um sistema de alças
duplas – consome 20W de potência e é
alimentado no modo bivolt.
www.star.ind.br
Divulgação
Divulgação
Responsável pela parte criativa/artística dos jogos Martin, sendo a última, das três, a mais usada. Esses
olímpicos internacionais, a The Sports Presentation aparelhos atuaram como uma espécie de ‘termômetro’
Company escolheu, por meio de longa licitação, a LPL das torcidas, acompanhando suas reações, e, além dis-
como fornecedora oficial de equipamentos de luz para so, foram usados em momentos especiais dos jogos,
os jogos da Olimpíada 2016. Representada pelo li- como nos monster blocks e nos set points”, explicou.
ghting designer Caio Bertti, a empresa, que disputou o
posto com mais de 50 companhias, atendeu a diversas Nas partidas de vôlei de praia, servindo à demanda
federações, como, por exemplo, as de voleibol, boxe, dos pontos disputados, o iluminador usou 32 Mac Vi-
esgrima e atletismo. per Air FX, da Martin, e 32 LED 600, da Robe, enquan-
to que, nas disputas de boxe e atletismo, lançou mão
Contratada pelas federações correspondentes a essas
de quatro aparelhos XR2000 Beam, da DTS, e 24 PAR
modalidades, a locadora desenvolveu projetos especí-
LED, cedidos em parceria com a Novalite.
ficos, disponibilizou equipes e elencou programadores
e operadores para alguns ambientes. No entanto, par-
Mas foi nas disputas de esgrima que o iluminador
ticipar dos jogos representou, para a empresa, muito
empenhou uma grande novidade: os aparelhos BMFL
mais que um simples fornecimento, pois, pela primeira
Wash Beam, da Robe, recém-adquiridos por sua em-
vez na história de uma olimpíada, a Olympic Broadcs-
presa. Com 16 desses, que trabalharam juntamente a
ting Service, OBS, autorizou o uso de iluminação cêni-
16 Vari-lite 4000 e 24 Wash 2500, da Robe, Caio colo-
ca nas transmissões, algo, até então, proibido.
cou em prática um verdadeiro show à parte.
RIO 2016
tudo sobre a iluminação da
Divulgação
cerimônia de abertura do evento
Divulgação
O enorme rider de luz, composto por uma centena de aparelhos, iluminou o Maracanã em sua totalidade
Paulinho Lebrão
Na estação de controle das luzes, Ross Willians: um dos programadores das luzes da cerimônia
Divulgação
Na sequência, dois momentos da Box City: ambiente esteve nas mãos de Paulinho Lebrão
Divulgação
nham tamanho nem
posicionamento si-
métricos, portanto,
para criar uma po-
sition, era preciso ir
até a ‘cidade’ com o
remote e, lá dentro,
torcer para conseguir
encontrar a saída e
retornar à mesa. Era
um verdadeiro labi-
rinto no qual nos per-
díamos com facilida-
de. Eu brincava com o
Joyce Drummond, as-
sistente do Duhram,
dizendo a ela que, ‘a
cada ida minha à Box City, ele corria o risco de ficar Programador assegurou:
sem um programador’”, explicou Paulinho, que uti- "A Box City era um
lizou, para fazer as tais positions, 20 unidades dos verdadeiro labirinto. Sair
Alpha Beam 1500, 20 dos Alpha Profile 1500, 20 de lá não era fácil!"
dos Mac 2000 Wash XB e 20 Mythos.
BATE-BOLA
Profissionais comentam suas participações no evento
Divulgação
to time de programadores da Olimpíada 2016.
Direção Artística
de Shows
Bruno Solino fala sobre a importância da função
na construção de um grande espetáculo
H
á um ano, o cantor Alexandre Pires caiu na
Bruno: A intimidade com todas as fazes de execu- L&C: Como o mercado nacional de shows vê o
ção desses shows me impulsionou a ir além e, ao papel do diretor?
lado do então iluminador [da dupla], Valmir Laran-
jeiras, assinei a criação de projetos de cenário e Bruno: Apesar de o Brasil ter dado um salto considerá-
programação de luz de quatro espetáculos. Esse foi, vel nos últimos 15 anos, aqui, [o mercado de direção de
digamos, o primeiro passo para a direção, sim. shows] ainda é “tímido”, pois boa parte dos empresários
e artistas, infelizmente, não dá o devido valor a essa
L&C: É verdade que o DVD Em Casa, do cantor função. Acontece que, hoje, o público consumidor não
Alexandre Pires, foi determinante para sua de- se satisfaz mais só com música. Ele precisa de mais!
cisão de dirigir espetáculos?
L&C: É verdade que, em tempos de “orçamentos
Bruno: Pois é! Nesse projeto, trabalhando com o apertados”, o diretor tem que, dentre outras
Alexandre, conheci a Joana [Mazzucchelli, diretora] funções, criar soluções “boas, bonitas e baratas”
para a realização das turnês?
Arquivo Pessoal Bruno Solino
Ao apresentar essa referência ao Danny [Nolan, li- L&C: E, para terminar, o que diria a quem pre-
ghting designer], que assinaria a fotografia do DVD, ele tende, um dia, dirigir artisticamente um gran-
[Danny] sorriu, afinal de contas, era sua a luz em ques- de espetáculo?
tão. Coincidência ou não, Renato [Teixeira] também
havia separado esse especial e levado para a reunião. Bruno: O trivial, né? Estudar muito, pesquisar muito,
assistir a diversos shows e conhecer todas as etapas de
L&C: Para você, em que aspectos a direção um espetáculo: da iluminação à cenografia, passando
pode contribuir para o sucesso de um projeto? pela sonorização e pela escolha de repertório. •
62 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Expomusic 31 www.expomusic.com.br
Gigplace 55 www.gigplace.com.br
Martin 5 www.harmandobrasil.com.br
Powerclick 33 www.powerclick.com.br
Sennheiser 11 www.sennheiser.com
TSI 9 www.microfonetsi.com.br
“Imperfeitamente perfeito”
O
ntem, assisti um vídeo produzido pela BBC de assistam à banda, mas conversem alto o suficiente pra se
Londres em homenagem às Olimpíadas no Rio ouvirem com o PA tocando. Ou seja, eu ouvia mais o públi-
de Janeiro. O vídeo, compost por lindas imagens, co do que o próprio PA, a 25 metros longe de mim.
uma narração expressiva e uma sonoridade clássica e vin-
tage, começa mostrando o esplendor carioca e, de repen- Essas milhares de pessoas, felizes, curtindo a noite, jun-
te, o foco se inverte e a matéria passa a mostrar os con- tas, geravam uma boa quantidade de ruído sonoro, que,
trastes da cidade e, então, os problemas. Ele segue e, por então, entrava nos microfones do palco. Principalmente
algum motivo, ainda que com os problemas claramente no microfone principal (do cantor), que está lá cheio de
mostrados, a sensação é de emoção, comoção, e beleza. ganho para captar as nuances de um artista de MPB que
se expressa com dinâmica entre notas altas e muitas ou-
Mesmo assistindo-o por trás de um notebook, vivenciei tras sutis, baixas, tranquilas e quase silenciosas.
sensações de conquistas e realizações. Por minutos, é
como se eu fosse um atleta ou um assíduo torcedor que Para ser ouvido pelo público, este microfone precisa estar
estivesse dentro daquelas cenas. Em dado momento, o ALTO! E quando eu o aumento, ele capta todo tipo de
narrador sugere que, ao contrário do que possivelmente som existente naquele ambiente. Este som todo é am-
pudesse se esperar, as olímpiadas no Rio superaram todas plificado, então, sonorizado pelas caixas de som de volta
as expectativas e, inclusive, aos últimos Jogos Olímpicos ao ambiente, e novamente, a cena se repeta em loop,
que aconteceram em… Londres, com toda a sua perfei- sucessivamente. Sendo assim, mixar nessas situações é
ção. E, enfim, ele termina dizendo que a Cidade Maravi- um desafio muito parecido ao de fazer monitor pra uma
lhosa, durante o evento, estava imperfeitamente perfeita, banda cujo palco é altíssimo em volume de som.
o lugar mais lindo do mundo.
Mas, com todas estas dificuldades, o show estava lindo.
Banhado de emoção em assistir tamanha homenagem Energético! A banda tocando bem e o artista submerso
à cidade do Rio de Janeiro – despida de qualquer orgu- em emoções que eram transmitidas ao público e, então,
lho por parte deles, britânicos, que sediaram as últimas devolvidas a ele. Isso, sim, é um grande show. Eis que,
olimpíadas –, imediatamente associei todo o conteúdo do de repente, com os meus inúmeros cuidados e técnicas
vídeo deles à música, ou melhor, ao nosso trabalho de durante aquela mixagem distante e delicada, num dado e
engenharia de produção de mixagem de música. único momento, deixo sobrar uma frequência na voz que
lutava para que fosse BEM ouvida, e temos meio segundo
Sendo assim, relato uma passagem minha, quase tão re- de microfonia. Três pessoas do público que estavam bem
cente a esta incrível homenagem da BBC. Esta semana à frente da mesa de som, justamente algumas das que,
mesmo, eu estava mixando um show do cantor Jorge Ver- sem perceber (e sem ter culpa), ajudavam a bloquear o
cillo em Campina Grande, no lindíssimo e hospitaleiro Es- som aos meus ouvidos, olham pra mim com cara de hor-
tado da Paraíba. Como quase sempre, nossa inteligência e ror! E eu penso: “será que esta metade de um segundo
conhecimento técnico é posto à prova num dia de show. A foi o suficiente pra destruir por completo um espetáculo?”
console nem sempre está onde deveria, entre outras ques-
tões comuns. Neste dia em específico, a house-mix tinha Eu sou perfeccionista. Não aturo “bom o suficiente”. Não
uma tenda protegendo-a. E, como quase sempre, a tenda aturo “rouba, mas faz”. Não aturo “jeitinho brasileiro”.
era baixa demais. E, pior, ela tinha uma forma parabólica Mas, há tempos, já aprendi que a beleza não está exata-
causando relexões internas que me faziam ouvir tudo, me- mente e somente na perfeição. Não! Isso não é desculpa
nos o som similar ao que o público ouvia fora dela. pra ser fazer algo mal feito. Não me entendam errado!
Uma música que emociona, com certeza não tem todas
Pra piorar a situação, eu, mixando ali de dentro, com o pú- as suas notas cravadas, nem na afinação, nem no tem-
blico todo em pé na frente da console, sobrava – de altura po. Isso a faria soar mecânica. Não confundamos desleixo
entre as cabeças das pessoas e a tenda – somente uns 30 com emoção. A fórmula do que emociona é difícil (ou im-
cm de espaço para o som do PA visitar meus ouvidos. E, possível) de se colocar no papel. Até mesmo os britâni-
pra finalizar, a alegria do brasileiro em estar numa festa cos, com toda a sua precisão, tentaram descrevê-la como
(sim, shows viram festas!), faz com que eles não somente imperfeitamente perfeita. Até mês que vem! •
Enrico De Paoli é engenheiro de produção de música. Mixa para a música. Masteriza para a música. Vive para a satisfação do fazer bem
feito, sem jamais deixar a emoção em segundo plano! Conheça mais sua discografia e treinamentos em engenharia de música no site
www.EnricoDePaoli.com.