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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO


GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 328942/PE (2001.83.00.021535-5)


APTE : EDNA MARIA PIMENTEL DE ABREU
ADV/PROC : LEÔNIDAS SIQUEIRA DE ANDRADE
APDO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
ADV/PROC : FERNANDO LUIZ DE NEGREIROS E OUTROS
ORIGEM: 7ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ESPECIALIZADA EM
QUESTÕES AGRÁRIAS)
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS -
Segunda Turma

RELATÓRIO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO


BARROS DIAS (Relator):
Trata-se de apelação de sentença que julgou improcedente o pleito
autoral, em que a parte autora pleiteava a revisão do contrato de mútuo, o
cancelamento do protesto junto ao SERASA, bem como o pagamento de danos
morais.

Nas razões de seu apelo, a parte autora sustenta a responsabilidade


objetiva, de modo que é devida a indenização por danos morais. Requer ainda a
condenação no percentual de 1% sobre o valor da indenização, a título de multa por
litigância de má-fé, bem como pagamento de 20% sobre o valor da indenização a
título de indenização pela má-fé.

É o relatório.

(GSPF) AC-328942 - PE 1
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GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 328942/PE (2001.83.00.021535-5)


APTE : EDNA MARIA PIMENTEL DE ABREU
ADV/PROC : LEÔNIDAS SIQUEIRA DE ANDRADE
APDO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
ADV/PROC : FERNANDO LUIZ DE NEGREIROS E OUTROS
ORIGEM: 7ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ESPECIALIZADA EM
QUESTÕES AGRÁRIAS)
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS -
Segunda Turma

VOTO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO


BARROS DIAS (Relator):
Trata-se de apelação de sentença que julgou improcedente o pleito
autoral, em que a parte autora pleiteava a revisão do contrato de mútuo, o
cancelamento do protesto junto ao SERASA, bem como o pagamento de danos
morais.

De início, tenho que tanto a CAIXA quanto o Município de Belo


Jardim têm responsabilidade no que se refere aos descontos em consignação
realizados nos proventos de seus servidores/pensionistas, visto que a consignatária
(CAIXA) informa os débitos, e o Município de Belo Jardim faz o controle dos
descontos que são solicitados por diversas entidades, de modo que ambos são
responsáveis solidários no presente caso. Dessa forma, não há o que se falar em
ilegitimidade passiva, seja da CAIXA, seja do Município de Belo Jardim.

O instituto da Responsabilidade Civil revela o dever jurídico, em que


se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão
que seja imputada para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as
sanções legais que lhes são impostas, tendo por intento a reparação de um dano
sofrido, sendo responsável civilmente quem está obrigado a reparar o dano sofrido
por outrem.

Nos termos do art. 927 do Código Civil de 2002, “Aquele que, por ato
ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo", sendo
independentemente de culpa nos casos especificados em lei ou quando a atividade

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normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza risco para
os direitos de outrem (parágrafo único).

Também é objetiva a responsabilidade civil decorrente de atividade


bancária, já que o § 2° do art. 3° da Lei 8.078/90 inclui essa atividade no conceito de
serviço, dispositivo este que foi declarado constitucional pelo STF ao julgar pedido
formulado na ADI 2591/DF (rel. orig. Min. Carlos Velloso, rel. p/ o acórdão Min. Eros
Grau, 7.6.2006). A propósito, a súmula do STJ n° 29 7 dispõe que o “Código de
Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Ressalte-se que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de


direito público e das de direito privado prestadoras de serviços públicos é objetiva,
independentemente de culpa, e está prevista no art. 37, § 6º, da Constituição
Federal, “in verbis”:

“§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

Portanto, são pressupostos da responsabilidade civil: a) a prática de


uma ação ou omissão ilícita (ato ilícito); b) a ocorrência de um efetivo dano moral ou
patrimonial; c) o nexo de causalidade entre o ato praticado - comissivo ou omissivo.
Nos casos de responsabilidade subjetiva, impende ainda verificar a existência de
culpa.

O caso em apreço ainda envolve relação disciplinada pela Lei


8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) em seu artigo 22, abaixo reproduzido:

“Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das


obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste Código.”

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Assim, tratando-se de reparação de danos, vigora o princípio da


responsabilidade objetiva do fornecedor por danos patrimoniais ou morais causados
aos consumidores, consoante disposição de seu art. 14:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.”

Deste modo, mister se torna a conjugação de três elementos para


que se configure o dever de indenizar: o ato ilícito, o prejuízo e o nexo de
causalidade entre o atuar do ofensor e o dano sofrido pela vítima, sem investigação
de culpa.

No caso em tela, para análise do ato ilícito, imperioso se faz o


exame dos procedimentos de inscrição e manutenção do nome no SERASA
distintamente.

Na hipótese em apreço, considero abusiva a cláusula 6.2 do contrato


de empréstimo sob consignação (fls. 73) firmado pela autora junto à ré, que dispõe:

6.2 – Havendo averbação e não ocorrendo o repasse pela


CONVENENTE no prazo máximo de 10 dias, após o vencimento do
extrato, o DEVEDOR se obriga a efetuar o pagamento da prestação
imediatamente, acrescida do valor dos encargos por atraso.

Assim, como no caso em análise a demandante comprovou a


quitação da parcela relativa ao mês de maio de 2001 (fls. 22v), tenho que a inscrição
do nome da autora em cadastros de proteção ao crédito foi indevida, diante da
abusividade da cláusula que determina a necessidade de que o mutuário, que já
teve a parcela do empréstimo descontada em folha, tenha que pagar novamente a
parcela diante da inexistência do repasse do montante pela convenente.

Está comprovada, pois, a conduta ilícita da CAIXA, que inscreveu o


nome da autora no SERASA, bem como do Município de Belo Jardim, que deixou de
repassar o montante em questão.

O dano moral também está configurado, pelo só fato da inclusão do


nome da autora no cadastro de inadimplentes, tendo esta quitado sua dívida,
estando, portanto, em situação regular.

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O nexo de causalidade está inconteste, pois se a CAIXA e o


Município de Belo Jardim tivessem tomado as providências necessárias, a
manutenção do nome e a posterior situação embaraçosa para o autor não teriam
ocorrido.

Resta, pois, fixar o montante a ser indenizado pela ré como forma de


reparação pelos danos morais gerados por tal conduta danosa.

Este é o posicionamento expresso nos julgados abaixo, desta E.


Corte:
CIVIL. CEF. EMPRÉSTIMO. CONSIGNAÇÃO EM FOLHA. NÃO
REPASSE DE PRESTAÇÃO. INSCRIÇÃO NA SERASA. DANO
MORAL. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO.
1 - Constatado o desconto em folha de prestação e o não repasse de
valores à CEF, descabida nova cobrança frente ao mutuário e
indevida a inscrição de seu nome nos serviços de proteção ao
crédito.
2 - Dano moral configurado.
3 - Apelação da Caixa Econômica Federal não provida .
(TRF 5. AC 377440/PB. Terceira Turma. Relator Des. Carlos Rebelo
Júnior. DJ 13/11/2008, p. 307).

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO. DESCONTO DE


VALORES DO CONTRA-CHEQUE DA APELADA. NÃO
TRANSFERÊNCIA DO NUMERÁRIO PARA A CEF. INCLUSÃO
INDEVIDA DO NOME DE SERVIDORA NO SERASA. DANOS
MORAIS. OCORRÊNCIA.
1. Resta caracterizada a responsabilidade do Município de Cabedelo-
PB, que deixou de repassar à CEF os valores descontados dos
contra-cheques da apelada, correspondentes às prestações mensais
de empréstimo sob consignação por ela firmado junto à CEF.
2. Ato omissivo do agente municipal que descumpriu o dever de
transferir os valores das parcelas do empréstimo para a CEF, tendo
em vista o convênio que a Prefeitura havia firmado com aquela
instituição bancária. O não envio dos valores representa verdadeira
conduta omissiva, resultante de postura culposa do agente municipal,
que foi negligente no cumprimento de um de seus deveres funcionais.
3. Presença de dano moral indenizável e do nexo causal, eis que,
em decorrência da inação do agente municipal, a apelada tornou-se
inadimplente junto à CEF, tendo seu nome incluído no SERASA.
4. Apelação improvida.

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(TRF 5. AC 422511/PB. Segunda Turma. Relator Des. Manoel


Erhardt. DJ 03/09/2008, p. 499).

A doutrina e a jurisprudência são pacíficas em afirmar que, quanto a


esse tipo de dano, vale o arbitramento do juiz, que, levando em consideração as
circunstâncias do caso concreto, arbitra o valor da reparação. Ademais, a reparação
deve ter fim também pedagógico, de modo a desestimular a prática de outros ilícitos
similares, sem que sirva, entretanto, a condenação de contributo a enriquecimentos
injustificáveis (RESp nº 355.392-RJ, Rel. Min. Castro Filho, DJU/II de 17.06.2002).

Assim, na hipótese em tela, tenho que deve ser reformada a


sentença, para condenar as rés ao pagamento de indenização por danos morais, no
montante de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), sendo a metade do valor (R$ 2.000,00),
a ser suportada por cada uma das rés, atualizados pela taxa de juros SELIC a contar
deste decisum. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do valor da
condenação.

Por fim, com relação à litigância de má-fé, esta não pode ser aqui
reconhecida. As alegações formuladas pela CAIXA, por si só, não têm o condão de
configurar possível má-fé da ré. Como não há nos autos outros elementos capazes
de caracterizá-la, rejeito o pedido formulado pela apelante.

Diante do exposto, dou parcial provimento à apelação, para


condenar as rés ao pagamento de indenização por danos morais, no montante de
R$ 4.000,00 (quatro mil reais), sendo a metade do valor (R$ 2.000,00), a ser
suportada por cada uma das rés, atualizados pela taxa de juros SELIC a contar
deste decisum. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do valor da
condenação.
É como voto.

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ADV/PROC : FERNANDO LUIZ DE NEGREIROS E OUTROS
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Segunda Turma

EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA E MUNICÍPIO DE BELO JARDIM.


DESCONTO DE PARCELA DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NOS
PROVENTOS DA AUTORA. AUSÊNCIA DE REPASSE À CAIXA.
INCLUSÃO DO NOME DA AUTORA EM CADASTRO RESTRITIVO.
CONDUTA ILÍCITA DAS RÉS. DANO MORAL CONFIGURADO.
1. Comprovada a quitação da parcela relativa ao mês de maio de 2001,
de modo que a inscrição do nome da autora em cadastros de proteção
ao crédito foi indevida, diante da abusividade da cláusula que
determina a necessidade de que o mutuário, que já teve a parcela do
empréstimo descontada em folha, tenha que pagar novamente a
parcela diante da inexistência do repasse do montante pela
convenente.
2. Comprovada, pois, a conduta ilícita da CAIXA, que inscreveu o nome
da autora no SERASA, bem como do Município de Belo Jardim, que
deixou de repassar o montante em questão.
3. O dano moral também está configurado, pelo só fato da inclusão do
nome da autora no cadastro de inadimplentes, tendo esta quitado sua
dívida, estando, portanto, em situação regular.
4. Apelação parcialmente provida, para condenar as rés ao pagamento
de indenização por danos morais, no montante de R$ 4.000,00 (quatro
mil reais), sendo a metade do valor (R$ 2.000,00), a ser suportada por
cada uma das rés, atualizados pela taxa de juros SELIC a contar deste
decisum. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) do
valor da condenação.

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A C Ó R D Ã O

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas,


decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por
unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL À APELAÇÃO, na forma do relatório,
voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante
do presente julgado.
Recife/PE, 14 de julho de 2009. (data do julgamento)

Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS


Relator

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