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Anotações: Marx & o Dinheiro

Apontamentos de contribuição à elaboração do pré-projeto de mestrado sobre Marx e o dinheiro

Segundo David Harvey, a principal chave para a compreensão da teoria do valor é a


oposição fundamental entre valor de uso e valor, o antagonismo intrínseco à forma
mercadoria cujas tensões conformariam o modus operandi dialético do dinheiro.

O entendimento profundo dessa lógica é viabilizada através da apropriação


transformada do pensamento hegeliano pelo materialismo histórico. Em outras palavras,
a unidade subjacente é o fundamento e a essência da sucessão dos momentos, à medida
que é determinada pelas oposições entre eles, confrontos que consubstanciam o todo
através da negatividade recíproca, o aspecto mutuamente excludente das partes que
comunicam sua dependência ao todo1.

“(...) ao reunir os fragmentos do pensamento de Marx sobre alguns tópicos fiquei atento
ao fato de que aquilo que Marx chamava de ‘interação mútua’ que ocorre ‘entre os
diferentes momentos’ em ‘qualquer todo orgânico’ só poderia ser transformado em algo
semelhante a uma unidade mediante a aplicação adequada do método dialético. [...].
‘Toda forma de desenvolvimento, escreve Marx em O capital, deve ser captada no fluxo
do movimento, e é isso que a dialética tem de fazer. A prática de Marx é uma dialética
sutil, baseada no processo que capta perfeitamente os fluxos do capital no espaço e no
tempo.” (HARVEY, 2013, p. 18).

O processo e a dialética sutil propostos por Harvey para instrumentalizar sua discussão
remetem à articulação entre o espaço e o tempo em sua reinterpretação materialista dos
desdobramentos que dão substância e existência social ao valor. Sua parcialidade e
integralidade simultâneas só fazem sentido enquanto as contradições entre o produzido
e a sua negatividade ôntica se desenrolam no espaço-tempo como tensões que
imprimem às partes as determinidades do todo.

Eis o viés hegeliano presente no pensamento marxiano e imprescindível ao


entendimento de suas análises: a existência de contrários e o caráter irremediável das
oposições é, antes, o constituinte da essência e das transformações que configuram os
agregados lógicos emergentes. Os fundamentos, arquitetura lógica do pensamento, não
se encontram num ponto específico, prontamente manifesto como a matriz-fractal que
converge toda carga interpretativa universal a uma singularidade. Não há unidade sem
mobilidade, unificação sem dispersão, tampouco coerência sem descontinuidades.

Uma adequada compreensão do modus operandi dessas transformações que asseguram


a unidade do diverso2 do valor e do dinheiro (que, dentre outras diferenças para com o

1
BREVE NOTA SOBRE A TEORIA HEGELIANA????
2
TERMINOLOGIA DE HEGEL, EXPLICAR????
principal filósofo de inspiração para a tradição marxiana da dialética, mantém-se como
resultado e fundamento retroativo de relações materiais essenciais à reprodução da vida
social) requer alguns esclarecimentos sobre o significado e/ou a origem de cada forma
de valor e dos seus vínculos para com a natureza humana e do modo capitalista de
produção.

O valor de uso consiste na utilidade de cada objeto que, após ter passado por algum tipo
de modificação ou manejamento (trabalho específico), deve atender a alguma
necessidade individual ou coletiva. Esse tipo de valor não teria datação ou origem
histórica, pois trata-se de um aspecto fundamental de nossa capacidade de
autoprodução. De inspiração feuerbachiana e elaborada com bastante consistência no
livro Manuscritos Econônimo-Filosóficos, a antropologia em Marx concebe o humano
(ou ser genérico) como fruto da intervenção e interação para com a natureza, do fazer
(produção) como projeção do corpo e da mente sobre o objeto exterior e de sua
reassimilação ativa e condicionada (consumo) pela modificação impressa e pelos efeitos
mútuos entre o ator e o atuado. Assim, o paradigma antropológico-econômico parte da
distinção e da junção entre o plano material e o “consciencial”, que confrontaria o ser e
o outro numa dinâmica de realizações produtivas (atividades genéricas) e resultados
cuja efetivação pelo consumo retroage sobre os produtores e restaura diversamente seus
ciclos de transformação (re)produtiva.

Nos Grundrisse, o capítulo sobre o dinheiro apresenta um dos textos mais completos e
bem articulados das múltiplas determinações dessas oposições que geram a síntese do
dinheiro. O texto começa com as críticas de Marx à formulação (por Alfred Darimon)
de explicações para a diminuição da disponibilidade de meios de pagamento e a sua
concepção da capacidade de controle que os bancos centrais teriam sobre isso.

HARVEY, Os limites do capital, pág. 24

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