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Esta não é a primeira vez que o Ecad é alvo de acusações no Sistema Brasileiro
de Defesa da Concorrência (SBDC). Processos anteriores já questionavam o
suposto monopólio exercido pelo escritório na arrecadação dos direitos de
exploração musical. O ineditismo da investigação da SDE está no fato de, agora, o
órgão estar sendo indiciado por um crime efetivo contra a concorrência.
Basicamente, o raciocínio atual da equipe do Ministério da Justiça é de que o
monopólio seria resultado de uma prática anticoncorrencial (cartel) e não porque a
Lei de Direitos Autorais (5.988/73) definiu que a arrecadação caberia a uma única
entidade, o Ecad.
A Lei nº 5.988 tem sido usada com frequência para justificar a concentração do
mercado nas mãos do escritório, administrado por seis associações ligadas ao
mercado musical - UBC, Socimpro, Abramus, Amar, SBacem e Sicam. De fato, a
legislação estipula que os direitos pela exploração pública de músicas no Brasil
devem ser arrecadados por um único escritório. A SDE investiga neste momento
se realmente há um cartel formado pelas associações que controlam o escritório,
que estaria conquistando e dominando o mercado e abusando dessa posição
dominante por meio da fixação de preços considerados excessivos pelo órgão
antitruste.
Ação da ABTA
A denúncia aceita pela secretaria foi apresentada pela Associação Brasileira de
TV por Assinatura (ABTA), já que seus associados também fazem parte do rol de
pagadores de direitos autorais sobre obras musicais.
Cartel
O principal aspecto que será investigado é a polêmica tabela de preços fixada
pelos associados que controlam o Ecad e o método usado para a fixação dessas
cotas de cobrança. Na denúncia recebida, a ABTA acusa o escritório de praticar
preços abusivos e desconectados da realidade do mercado. Na visão da SDE, há
claro indício de que os preços cobrados pelo escritório têm potencial para causar
dano à sociedade. Caso seja condenado, o Ecad e as associações que o
controlam podem ser multados em até 30% de seu faturamento bruto.
A discussão que agora será levantada pela SDE traz fatores que podem gerar um
desfecho diferente do atingido por outras ações contra o Ecad. Por duas vezes o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) inocentou o escritório em
denúncias de abuso de poder econômico. Em uma das vezes, o Cade arquivou o
processo por entender que o tema "direitos autorais" não faz parte do escopo da
defesa da concorrência. Na outra, o tribunal concorrencial não constatou o abuso
denunciado.