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ANÁLISE DO FLAGRANTE PREPARADO E DO FLAGRANTE ESPERADO À LUZ


DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Adriano Vieira Santos

Sumário: 1 - Introdução; 2 - Conceito de flagrante; 3 - Análise da Validade do Flagrante;


4 - Considerações Finais; 5 - Referências.

1 - Introdução

O presente trabalho se destina a estabelecer uma sucinta discussão entre duas


espécies de flagrantes que são objetos de estudo e controvérsia no Direito Processual Penal:
flagrante preparado e flagrante esperado.
Tal temática sempre despertou acalorados debates no âmbito do Processo
Penal. Discutir a validade dos flagrantes, em especial o flagrante preparado e o flagrante
esperado, sempre proporcionou, no universo jurídico, controvérsias entre as análises dos
doutrinadores pátrios, constituindo assim um importante tema de debate entre os operadores
do direito.

2 - Conceito de Flagrante

Fernando Capez, como vários doutrinadores do direito processual penal, a


exemplo de Frederico Marques e Tourinho Filho, define o termo flagrante a partir do seu
significado em latim, traçando uma ideia entre o significado originário da palavra e o fato
criminal ocorrido. Assim, Capez explica que “[...] o termo flagrante provém do latim flagrare,
que significa queimar, arder. É o crime que ainda queima, isto é, que está sendo cometido ou
acabou de sê-lo.”1 A partir dessa explicação, deve, o flagrante, deve ser entendido como a
perceptividade do crime que está sendo consumado ou acabou de sê-lo.2
Segundo Hélio Tornaghi, reforçando o conceito de flagrante e, seguindo, ainda,
o significado do termo flagrante em latim, para a compreensão do que vem a ser prisão em

*
Acadêmica de Direito da Faculdade Raimundo Marinho (FRM) em Penedo-AL.
1
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva. 2006, p. 251.
2
Id. Ibid.
2

flagrante no processo penal, “[...] flagrante é, portanto, o que está a queimar, e em sentido
figurado, o que está a acontecer.” 3 Com esse entendimento, pode-se concluir que é passível de
prisão em flagrante todo crime que é percebido no momento de sua consumação ou, ainda, e
conforme autor já citado, logo após a consumação, ou seja, ser, o agente, surpreendido no
momento do delito, caracteriza o momento certo, válido para a aplicação da prisão em
flagrante.4
Duas espécies de flagrante são alvo de discussões acerca de suas validades
utilização, cuja finalidade é prender um criminoso, são elas: o flagrante preparado e o
flagrante esperado.

2.1 - Flagrante Preparado

O flagrante preparado, também chamado por alguns doutrinadores de flagrante


provocado, a exemplo de Capez que até utiliza os dois termos, na definição de Damásio de
Jesus, “[...] ocorre crime putativo por obra do agente provocador quando alguém de forma
insidiosa provoca o agente à prática de um crime ao mesmo tempo em que toma providências
para que o mesmo não se consume.”5
Assim, Capez comprova:

Trata-se de modalidade de crime impossível pois, embora o meio empregado e o


objeto material sejam idôneos, há um conjunto de circunstâncias previamente
preparadas que eliminam totalmente a possibilidade da produção do resultado.
Assim, podemos dizer que existe flagrante preparado ou provocado quando o
agente, policial ou terceiro, conhecido como provocador, induz o autor à prática do
crime, viciando a sua vontade, e, logo em seguida, o prende em flagrante. 6

Conforme exposto no texto acima, a prisão em flagrante torna-se visível


quando uma pessoa provoca a outra com o intuito de prendê-la, preparando meios que possam
efetivar a prisão, e que a ocorrência do crime só surge em razão da provocação daquele que
pretende utilizar a prisão em flagrante.

2.2 - Flagrante Esperado


3
TORNAGHI, Hélio. Curso de Processo Penal. 7 Ed. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 48
4
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 14 Ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
5
DE JESUS, Damásio. Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 176.
6
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 2006, pp. 253­254.
3

Com relação ao flagrante esperado, pode-se entender sua ocorrência quando


uma autoridade policial ou terceiro previamente informado acerca de um crime, trata de
promover diligências a fim de prender o agente que poderá praticar o crime, sendo a prática
da autoridade policial ou de terceiro apenas a espera da ocorrência do crime, sem qualquer
provocação.7
Para Capez, consiste apenas no aguardo da ocorrência do crime, ao definir o
flagrante esperado, dizendo que “[...] nesse caso, a atividade do policial ou do terceiro
consiste em simples aguardo do momento do cometimento do crime, sem qualquer atitude de
induzimento ou instigação.”8
Nesse sentido, conclui-se que o no flagrante esperado não há a figura do agente
provocador, como ocorre no flagrante preparado, sendo que o papel da autoridade policial ou
do terceiro reside em simples aguardo, vigilância, não havendo positiva atuação no
cometimento do crime, sendo apenas uma ação monitorada e sem nenhum tipo de
interferência.9

3 - Análise da Validade dos Flagrantes

Dada a definição das duas espécies de flagrante, objeto deste estudo, é preciso

analisar a ocorrência de alguns requisitos para verificar a validade do flagrante e, por fim,

saber qual das espécies é válida no mundo jurídico. Como dito inicialmente, o flagrante delito

é considerado o crime que está sendo cometido, que acabou de ser consumado, sendo que a

sua existência é indiscutível, havendo a certeza visual do crime.10 Inexistindo a certeza visual

de que o crime foi cometido, já é fator capaz de invalidar o flagrante.
Com relação ao flagrante esperado, é simples concluir sua validade, pois a
autoridade policial ou terceiro não contribui à ocorrência do crime, há apenas o seu aguardo.
Assim, o criminoso pratica o delito sem estar sob qualquer influência, e o flagrante ocorre a
partir à espera de sua efetivação.11 Assim, o flagrante que ocorre sob a investigação policial
consistente no aguardo e sem influência na vontade e execução por parte do delinqüente, é
7
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 14 Ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
8
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 254.
9
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 14 Ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
10
Id. Ibid.
11
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
4

válido, pois não houve a utilização do agente provocador, e sim a simples espera do crime
cuja ocorrência já era sabida.12
No que concerne ao flagrante preparado (ou provocado), é possível notar a
contribuição do agente policial ou de terceiro à ocorrência do crime, a partir da utilização do
agente provocador, ou seja, a autoridade policial ou terceiro, munido de meios para efetuar a
prisão, induz o autor à prática do crime, prendendo-o em seguida, tornando-se inválida essa
espécie de flagrante.13 Posto isto, enfatiza Capez que “[...] neste caso, em face da ausência de
vontade livre e espontânea do infrator e da ocorrência de crime impossível, a conduta é
considerada atípica.”14 Portanto, a falta da vontade livre e espontânea do infrator torna
inválido o flagrante preparado, posto que é atípica sua conduta, pois a própria preparação do
flagrante torna impossível a consumação do crime.15

4 ­ Considerações Finais

A   principal   constatação   a   ser   feita   ao   final   deste   trabalho,   é   a   análise   da

vontade livre e espontânea do infrator no momento do crime, pois sem ela, o flagrante delito

torna­se inválido, uma vez que o crime cometido é atípico. Neste caso, foi possível identificar

que o flagrante preparado não é considero válido porque inexiste a vontade do infrator, este

acaba agindo por provocação da autoridade policial ou de terceiro que tomou providências

para efetuar a prisão, caso o crime viesse a ser consumado. O flagrante preparado se torna

inválido, não quanto à prisão, mas à consumação do crime, a motivação para execução do

mesmo, pois o infrator não age por vontade livre e espontânea, mas por uma provocação.

Foi possível identificar também que não é somente da autoridade policial a

capacidade de prender um infrator em flagrante delito, terceiros, isto é, o povo, também pode

prender  em  flagrante.   Mas,  é  preciso  identificar  a  forma  como  o  crime  para  não  cair  no

descuido de efetuar uma prisão quando a conduta, na verdade, foi atípica.

Por   fim,   resta   frisar   a   semelhança   existente   entre   o   flagrante   preparado   e

12
BRASIL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ­ RSTJ, 10/389.
13
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
14
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 2006, pp. 253­254.
15
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Vade Mecum ­ Súmula 145. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 1767.
5

flagrante esperado, sendo que ambas as espécies  de flagrante  diferem a partir do aspecto

provocador   do   agente   para   a   ocorrência   do   crime,   sendo   que   nas   mesmas   já   há   meios

empregados para efetuar a prisão no caso da ocorrência do delito, tendo o flagrante preparado

a contribuição do agente e no flagrante esperado um simples aguardo.

5 ­ Referências

BRASIL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - RSTJ, 10/389.

BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Vade Mecum - Súmula 145. 10 Ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

DE JESUS, Damásio. Direito Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva, 1988.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13 Ed. São Paulo: Saraiva. 2006.

TORNAGHI, Hélio. Curso de Processo Penal. 7 Ed. São Paulo: Saraiva, 1990.

TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 14 Ed. São Paulo: Saraiva, 1993.

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