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Índice

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

1.1. Objectivos.............................................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral.................................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos......................................................................................................2

1.2. Metodologia..........................................................................................................................2

2. QUADRO CONCEPTUAL.....................................................................................................3

2.1. Conceitos..............................................................................................................................3

2.1.1. Stress.................................................................................................................................3

2.1.2. Traumático........................................................................................................................3

2.2. Perspectiva Psicanalítica do Trauma....................................................................................4

3. TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT)...........................................5

3.1. Distúrbio de Stress Pós-Traumático: valor e limites deste conceito.....................................7

3.2. Reacções de Stress Pós-Traumático......................................................................................8

3.3. Factores para o desenvolvimento do TEPT..........................................................................9

3.4. Diagnóstico do TEPT..........................................................................................................10

3.5. Tratamento do TEPT...........................................................................................................10

3.6. Saúde física.........................................................................................................................11

3.6.1. Saúde mental...................................................................................................................12

4. CONCLUSÃO........................................................................................................................14

5. Referências Bibliográficas.....................................................................................................15

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1. INTRODUÇÃO
O Estresse Pós-Traumático (EPT) é um distúrbio de elevada importância na actualidade, pelo
risco em potencial para qualquer. Experimentando níveis altos de ansiedade, alterando os padrões
da neuroquímica, das cognições, dos afectos e dos comportamentos (D'EL REY, 2005).

Outra das questões necessárias para compreender o trauma relaciona-se com as suas
consequências, nomeadamente a nível patogénico. Neste âmbito, encontramos como um dos
efeitos patogénicos mais frequentes, a perturbação de stress pós-traumático.

As intervenções usadas no manejo do transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) focalizam-se


em: (1) prevenção do desenvolvimento da doença após um evento traumático, (2) tratamento do
quadro já estabelecido e (3) manutenção do funcionamento e da qualidade de vida em longo
prazo. Uma variedade de tratamentos psicoterápicos e farmacológicos tem sido proposta para o
tratamentos do TEPT. Entretanto, nem todas as modalidades de tratamento apresentam
comprovação científica

O presente estudo têm em vista a realização de uma revisão sistemática da literatura sobre o
conceito de stress pós traumática psíquico, por um lado, através de uma perspectiva psiquiátrica
e cognitivo comportamental e, por outro lado, através de uma perspectiva psicanalítica.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Compreender o trauma na Perspectiva Psicanalítica e Transtornos de Stresse Pós-
Traumático

1.1.2. Objectivos Específicos


 Definir os conceitos de stress e trauma;
 Decifrar o Stress Pós-Traumático: valor e limites deste conceito;
 Descrever a Reacções de Stress Pós-Traumático
 Perceber a Saúde física e mental pós traumático.

1.2. Metodologia
Para Minayo e Sanchez(1993), este método enquadra-se na corrente compreensivista
considerada pilar das abordagens qualitativas. Segundo Hengerbeg citado por Lakatos
(2000;64). Método é o caminho para se chegar a determinados resultados.

Assim a pesquisa recorreu a técnica de revisão bibliográfica que consistiu na consulta de obras,
artigos científicos entre outros.

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2. QUADRO CONCEPTUAL

2.1. Conceitos

2.1.1. Stress
O termo " stress" foi introduzido na área da saúde por Selye, em 1936, para designar a resposta
geral e inespecífica do organismo frente a um estressor ou situação estressante. Posteriormente o
termo passou a ser utilizado tanto para designar esta resposta do organismo como a situação que
o desencadeia (LABRADOR & CRESPO, 1994).

Os factores que levam ao estresse são sempre indesejáveis, incontroláveis, súbitos e, muitas
vezes, imprevisíveis e difíceis de adaptação. Desencadeiam reacções severas, intensas e
negativas, diferentes do comportamento habitual, pois elas são influenciadas pelo eixo
hipotalâmico – hipofisário – adrenal com a liberação de vários harmónios e neurotransmissores
(dopamina, serotonina, acetilcolina, noradrenalina e adrenalina) capazes de activar os
mecanismos de adaptação corporal para a sobrevivência. Portanto, ocorre um desequilíbrio da
homeostase corporal, levando a uma cascata de reacções sistémicas nos órgãos‐alvo frente às
alterações do sistema autonómico periférico (CHROUSOS & GOLD, 1995).

A resposta ao estresse é a somatória da interacção entre as características da pessoa e as


demandas do meio, ou seja, as discrepâncias entre o meio externo e interno e a percepção do
indivíduo quanto a sua capacidade responsivo. Essa resposta ao estresse compreende aspectos
cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Nesses três níveis, ela é necessária até certo limite,
que quando ultrapassado, pode levar a um efeito desorganizador – propiciando o surgimento de
transtornos psiquiátricos (MARGIS, 2011).

2.1.2. Traumático
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2002), o conceito de trauma pode
ser entendido como “a experiência pessoal directa com um acontecimento que envolva morte,
ameaça de morte ou ferimento grave, ou outra ameaça à integridade física; ou observar um
acontecimento que envolva morte, ferimento grave ou ameaça à integridade de outra pessoa; ou
ter conhecimento de uma morte violenta ou inesperada, ferimento grave ou ameaça de morte ou
ferimento vivido por um familiar ou amigo íntimo” (APA, 2002, p.463).

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Apresentando uma visão do trauma como algo externo, que resulta de situações extremas ligadas
sobretudo ao próprio corpo, como é o caso da morte ou ferimento, apresentando sobretudo uma
noção muito próxima da medicina e não tanto da Psicologia. Diferindo da medicina, em
Psicologia, torna-se relevante compreender-se o trauma como algo que tem origem no exterior,
num acontecimento externo, mas que apresenta repercussões a nível interno, ao nível do
funcionamento psíquico.

O conceito de trauma é entendido, na sua generalidade, como decorrente de um acontecimento


que abalou de tal forma o indivíduo que provocando modificações consideráveis no seu modo de
funcionamento psíquico. Esta delimitação do conceito introduz a problemática da tensão entre o
que é interno e o que é externo no trauma, uma tensão entre aquilo que resulta do acontecimento
e o que resulta da experiência subjectiva do indivíduo (Sandler, 1991).

Deste modo, em primeiro lugar e a nível externo é necessário perceber-se a origem do trauma e,
portanto, explorar o acontecimento traumático. Por acontecimento traumático, como já referido
anteriormente, entende-se qualquer acontecimento que, devido à sua magnitude e
imprevisibilidade, coloque o indivíduo numa posição de impotência tal, que este sente não
possuir as capacidades necessárias para lhe fazer face.

2.2. Perspectiva Psicanalítica do Trauma


Para a Psicanálise, o conceito de trauma emerge, desde cedo, como um conceito preponderante
para o entendimento dos mais diversos fenómenos ligados à compreensão de comportamentos e
com o diagnóstico das mais diversas patologias identificáveis no ser-humano, apresentando por
isso, ao longo do tempo, uma necessidade de exploração e de compreensão cada vez maior,
motivado em grande parte pela multiplicidade de significações que o conceito de trauma abarca.
Conceptualmente existiu desde sempre alguma dificuldade na sua delimitação devido a esta
multiplicidade de significações, tornando-se por isso relevante ter em conta algumas
características que se levantam quando exploramos a noção de trauma.

Em primeiro lugar, ao falarmos de trauma é relevante termos em consideração a origem do


conceito e como este se constitui, dependendo de indivíduo para indivíduo, apresentando por isso
um carácter subjectivo. Devemos, nesse caso, compreender primeiramente o indivíduo, a sua
história e experiência de modo a que seja possível determinar se uma dada experiência pode ou

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não ser considerada traumática. Assim, tal como acontece na medicina, também em Psicanálise a
ideia de trauma como ferida é retomada, tal como refere Garland (2011), “quando chamamos
traumático a um evento, estamos a utilizar a palavra que vem do grego e que se refere a uma
ferida na pele, uma quebra no envelope corporal” (Garland, 2011, p. 9).

No entanto, apesar de retomar esta noção de ferida no envelope corporal, para a Psicanálise
importa não só a compreensão do acontecimento que despoletou o trauma mas sobretudo a
experiência originada pelo mesmo. Em suma, como refere Sandler (1991), “por norma o
acontecimento encontra-se directamente relacionado com acontecimentos exteriores que não são
controláveis pelo indivíduo e que ao ocorrerem desencadeiam no indivíduo um processo de
relação de objecto que invoca uma determinada significação para o mesmo tornando a
experiência traumática, dizendo-se por isso que toda a experiência traumática é uma experiência
subjectiva e que depende de indivíduo para indivíduo” (Sandler, 1991, p. 137).

O acontecimento traumático só deve ser considerado traumático tendo em consideração o


funcionamento psíquico do indivíduo e a experiência traumática que este lhe provoca. Em
segundo lugar é igualmente relevante ter-se em conta as consequências que esta experiência
traumática provocou no indivíduo. De acordo com Sandler (1991), é possível fazer-se uma
distinção entre dois tipos de consequências patológicas: as consequências imediatas e directas e
as consequências secundárias.

3. TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT)


O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um quadro psiquiátrico que se desenvolve
como resposta a um estressor traumático, de significado emocional suficiente para desencadear
uma série de eventos neurobiológicos e psicológicos relacionados. A pessoa envolvida em uma
situação de estupro, sequestro, assalto, etc., perde o controle psicológico e físico da situação,
experimentando níveis altos de ansiedade, alterando os padrões da neuroquímica, das cognições,
dos afectos e dos comportamentos (D’EL REY, 2005).

O TEPT é definido no DSM-IV como uma resposta sintomática envolvendo revivência (critério
B), esquiva de estímulos associados ao trauma e entorpecimento da responsividade geral (critério
C) e excitabilidade aumentada (critério D) a um evento estressor (critério A). É um transtorno
que acarreta sofrimento clinicamente significativo e/ou prejuízo social ou ocupacional (critério

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F), com presença de sintomas por tempo superior a 1 mês (critério E) (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002).

No cérebro humano, as alterações decorrentes do trauma nada mais são do que uma tentativa de
resposta adaptativa à nova ordem imposta por eventos que desestruturam gerenciadores
cognitivo-comportamentais, ou seja, os esquemas (conjunto de crenças, regras e pressupostos
que regem nosso modo de ver e interpretar a nós mesmos e ao mundo). A repercussão é sentida
não apenas na estrutura neural, mas também em seus efeitos funcionais, nas cognições formadas
a partir do evento traumático, nas impressões afectivas, nos comportamentos e nas reacções
fisiológicas (PERRY & POLLARD, 1999; VAN der KOLK et al., 1987).

As experiências traumáticas armazenadas nas memórias cognitivas, emocional e motora, geram


um padrão característico de estimulação da memória e estruturas corticais e subcorticais
associativas, facilitando ao cérebro associações (pareamentos) entre os diversos estímulos
sensoriais presentes no evento. Desenvolve-se, também, uma certa vulnerabilidade para falsas
associações e generalizações com outros acontecimentos não ameaçadores (JONES &
BARLOW, 1990).

A base dos vários modelos explicativos, que levam em consideração os processos cognitivos
envolvidos na formação do TEPT, sugerem que a capacidade de adaptação do sujeito ao evento
traumático requer e depende do processamento e da integração do ocorrido nos esquemas
cognitivos pré-existentes no repertório do sujeito e o subseqüente desenvolvimento de novos
esquemas, conforme propõe CREAMER et al. (1992) e VAN der KOLK et al. (1987).

A Perturbação de Stress Pós-Traumático A perturbação de stress pós-traumático apresenta-se


como uma das consequências mais relevantes e comuns a nível psicológico e psiquiátrico, sendo
caracterizada por sintomas de medo e horror intenso desencadeados por um acontecimentos
psicologicamente angustiante que envolva uma ameaça real ou percebida à integridade física do
indivíduo (Hien, Litt, & Cohen, 2008).

Em termos históricos e conceptuais, dispomos de um leque variado de estudos referentes ao


trauma, desde logo com Freud e a neurose traumática e a sua percepção de como o

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acontecimento traumático poderia ser real ou imaginado, apresentando sequelas a longo prazo.
No entanto, como entidade nosológica esta perturbação foi apenas reconhecida em 1980.

Nesse mesmo ano, a Associação Americana de Psiquiatria (APA A. P., American Psychiatric
Association, 1980) reconhece esta perturbação integrando-a nas perturbações de ansiedade. É
“nesta altura que lhe é reconhecida existência como entidade nosológica autónoma e logo
tornada alvo de múltiplas investigações” (Ferros & Ribeiro, 2003, p. 151).

3.1. Distúrbio de Stress Pós-Traumático: valor e limites deste conceito


Em 1980 foi introduzido o conceito de DSPT (Distúrbio de Stress Pós-Traumático), pela
Associação de Psiquiatria Americana, como uma nova desordem psiquiátrica. O conceito foi
desenvolvido na base de experiências com os veteranos da guerra do Vietname. Depois do seu
regresso da guerra eles apresentavam uma série de problemas e de dificuldades em se
reintegrarem na família e na vida social. Eles tinham vários sintomas de stress psicológico
causado pelas memórias das experiências durante a guerra.

Desde que este conceito foi introduzido no Manual de Estatísticas de Diagnóstico das Doenças
Mentais (DSM IV), tornou-se claro que as síndromas psicológicas dos sobreviventes de abuso
sexual e violência doméstica eram de facto os mesmos encontrados entre os sobreviventes de
guerra: “Mulheres e crianças que foram agredidas e violadas são vítimas de guerra. A Histeria é
uma neurose da guerra entre os sexos” (Herman, 1992).

O DSPT é um diagnóstico aplicável a doenças de saúde mental desenvolvido no Ocidente e a


utilidade deste conceito em países não Ocidentais está ainda em discussão, porque, por exemplo,
o uso do termo trauma tende a medicalizar problemas que são profundamente políticos e sociais.
Contudo, não há dúvida de que o DSPT contribui para o reconhecimento dos efeitos de eventos
traumáticos tal como a violência doméstica, na saúde pública e mental. Mulheres sofrendo de
consequências da violência doméstica não são malucas ou anormais – a verdade é que elas
simplesmente estão afectadas por eventos cruéis que alteram as suas vidas e destroem o seu bem-
estar.

E embora os contextos culturais, socioeconómicos e políticos se devam ter em conta, o


sofrimento pessoal depois de tais eventos traumáticos necessita de uma atenção pessoal. O

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conhecimento psicológico no atendimento às vítimas e a educação psicológica como um meio de
apoiar famílias e comunidades têm uma grande importância.

3.2. Reacções de Stress Pós-Traumático


A definição de trauma envolve todos os eventos ou acções que podem resultar em morte, assim
como também em lesões sérias, ou ameaças à integridade física ou psicológica do próprio ou de
outros. A resposta das pessoas a esses eventos envolve medo intenso, sensação de desamparo e
horror (DSM IV).

Deve fazer-se uma distinção entre os eventos que ocorrem uma vez e estão limitados no tempo
(por exemplo, um acidente de carro ou umas cheias) e os eventos que não estão isolados e que
ocorrem numa situação de média ou longa duração (por exemplo, a guerra ou a violência
doméstica). Os traumas de Tipo I são os produzidos de eventos singulares e os traumas de Tipo
II resultam da exposição prolongada a repetidas situação stressantes.

As reacções normais que se podem esperar depois de se ter sobrevivido a experiências


traumáticas são: ter memórias vividas dos eventos, pesadelos, vigilância constante, ansiedade e
medo, abuso na ingestão de medicamentos ou outras substâncias, falar de mais, ter problemas
sexuais, dores de corpo, tristeza, raiva, agressividade, desespero, culpa, falta de confiança nos
outros, auto-isolamento, etc. A razão para estas respostas tão fortes é porque os sobreviventes se
sentem como se essa experiência estivesse aprisionada no seu corpo e na sua mente. Foi tão
horrível e dolorosa que as pessoas tentam esquecer ou evitam pensar no que aconteceu.
Sobreviventes de traumas oscilam entre a tentativa de esquecer o que aconteceu e entre serem
assolados com recordações intensas do evento. Esta reacção é completamente normal e dura
alguns dias ou semanas. Quando uma mulher recebe apoio da família ou de outros, isso ajuda-a a
compreender as suas reacções de modo a que ela não sinta que está a ficar doida.

Quando se trata de traumas de Tipo I, a maioria das pessoas pode recuperar-se completamente,
especialmente quando tem o suporte da família ou dos amigos sempre que necessário. Nos casos
em que as reacções se manifestam por mais de três meses, necessita-se de dar atenção especial.

A violência doméstica causa um trauma de Tipo II, o chamado DSPT, e as reacções podem durar
por muito tempo, até anos. Judith Herman refere-se a mudanças complexas de personalidade que

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podem ser causadas por experiências traumatizantes, duradouras ou contínuas, tal como o abuso
sexual, o incesto e a violência doméstica. Ela descreve várias categorias de sintomas tais como a
somatização, as mudanças na regulação do afecto e dos impulsos, a dissociação, mudanças na
identidade, mudanças na percepção do agressor, mudanças nas relações com os outros e
mudanças na percepção do sentido da vida.

Finalmente, Herman (1992) afirma que a depressão é a constatação mais comum em todos os
estudos clínicos de pessoas cronicamente traumatizadas.

Van der Kolk (2000) menciona que, nas crianças vítimas de abuso sexual e nos casos de violação
das mulheres por parceiros do sexo masculino, é frequente surgirem reacções que se mantêm de
forma duradoura. Uma mulher que é vítima de violência cometida pelo seu marido ou parceiro
íntimo está em alto risco de desenvolver problemas de saúde mental que a afectarão e atingirão
também as suas crianças. Esses eventos perturbarão o seu comportamento, a maneira como ela se
relaciona com os outros, a percepção de si mesma e a sua auto-estima, o seu espírito e o seu ser
existencial.

3.3. Factores para o desenvolvimento do TEPT


O TEPT pode ou não se desenvolver em uma pessoa que tenha sido exposta a um acontecimento
traumático, dependendo das características que tornam a pessoa mais vulnerável ou mais
resiliente e da natureza do evento traumático.

Entre os factores que contribuem para o desenvolvimento do TEPT, estão:

 A extensão em que o evento traumático afectou a vida íntima e pessoal do afectado;


 A duração do evento;
 Tendência orgânica ao desenvolvimento de transtornos de humor e de ansiedade;
 Inexperiência/despreparo para lidar com o evento;
 Múltiplas experiências traumáticas;
 Experiência traumática causada por conhecidos;
 Pouco ou nenhum apoio social/funcional após o episódio.

3.4. Diagnóstico do TEPT


O diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (CID-10, F-43.1), não é simples, uma
vez que exige do profissional a capacidade de investigar detalhadamente a história pregressa do

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paciente a fim de desvendar todo o processo de adoecimento, além do momento em que ocorreu
o trauma que desencadeou os demais sintomas. Como o TEPT vem acompanhado de diversos
sintomas secundários, como depressão, medo exagerado, delírios persecutórios, pode haver a
detecção e tratamento de apenas um dos sintomas, descaracterizando o transtorno. É preciso,
portanto, que se faça um diagnóstico detalhado, estabelecendo o nexo causal entre o conjunto de
sintomas e o evento traumático para o que o problema possa ser tratado em toda sua abrangência
(DORIGO & LIMA, 2007).
O diagnóstico deve ser pesquisado nas pessoas com sintomas de ansiedade, depressão ou
pensamento suicida, e naquelas com relato de exposição directa ou indirecta a evento catastrófico
ou violência. Normalmente a pessoa experimentou ou foi exposta a ameaça (real ou percebida)
de morte, sério dano à integridade ou violação sexual de forma agressiva. A exposição pode ter
sido por experiência directa, por testemunho, por ter sabido de evento traumático ocorrido com
parente ou amigo próximo, ou ainda ter sido intensamente exposta a detalhes eversivos de evento
ocorrido com pessoa próxima1.
A exposição indirecta é factor de desencadeamento em pessoas susceptíveis ou com
predisposição, por transtorno neurótico já existente.
Em todos os casos de transtorno de estresse pós-traumático, os profissionais de saúde devem
considerar o impacto da experiência traumática em todos os membros da família e, se necessário,
avaliar este impacto e considerar suporte familiar ou tratamento coordenado.

3.5. Tratamento do TEPT


Quanto mais precocemente for o início do tratamento melhor, já que sua instalação presume uma
modificação progressiva dos sintomas. Além disso, quanto maior o atraso para se iniciá-lo, maior
a probabilidade dos sintomas cornificarem, aumentando o sofrimento do paciente (MARGIS,
2011). De acordo com o autor acima citado, o tratamento do Transtorno de Estresse Pós-
Traumático envolve:
 Psicoterapia: a psicoterapia individual é sempre indicada. Na fase aguda, pode-se seguir
o modelo de intervenção em crise com suporte, orientação e desenvolvimento de
instrumentos para lidar com o evento traumático. Na fase crónica, a psicoterapia
objectiva que o paciente fale livremente, deixando-o rememorar o evento traumático e,

1
APA, American Psychiatric Association. Posttraumatic stress disorder fact sheet. 2013. Disponível em:
<www.DSM5.org>.
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quando possível, comece a trabalhar a reconstrução do futuro. A psicoterapia de grupo
também pode ser eficaz na elaboração do trauma, especialmente na fase crónica. A
psicoterapia de família pode oferecer suporte directo aos membros da família e ao
paciente;
 Tratamento Farmacológico: os antidepressivos tricíclicos, especialmente a imipramina
e a amitriptilina, têm acção comprovada no tratamento do TEPT. A dosagem é igual à do
tratamento dos transtornos depressivos, e a duração mínima de uma tentativa terapêutica
deve ser de oito semanas. Os pacientes que respondem bem devem manter o curso do
antidepressivo por um período mínimo de um ano antes de se tentar a retirada;
 Intervenções Psicossociais: o TEPT relacionado ao trabalho geralmente refere-se a um
evento traumático, como o acidente ocupacional, por isso as intervenções psicossociais
passam pelo reconhecimento da relação do quadro clínico com o trabalho, pelo
acolhimento do sofrimento do trabalhador no local de serviço e pelas orientações e
encaminhamentos adequados à situação. Mesmo que não haja confirmação do
diagnóstico, deve ser dado início ao tratamento de uma pessoa que tenha passado por um
evento potencialmente traumático, a partir da oferta imediata de atendimento psicológico
a fim de que ela possa iniciar o processo de elaboração da experiência (DORIGO &
LIMA, 2007).

3.6. Saúde física


Mulheres com reacções de Stress Pós-Traumático exibem uma grande variedade de sintomas
físicos. Algumas mulheres podem queixar-se de sintomas relacionados com a parte do corpo
exposta ao trauma, especialmente em casos de exposição a violência física. Outras podem ter
problemas que se expressam em disfunções sexuais, doenças de transmissão sexual, problemas
musculares ou ósseos, dores crónicas e distúrbios funcionais. Vítimas de violação, em particular,
apresentam sintomas na forma de dores pélvicas crónicas, dores de cabeça, desordens gastro-
intestinais e problemas menstruais. Gravidezes não desejadas, aborto natural ou induzido, bem
como o risco de contrair o HIV, podem ser resultados de violência.

Por isso, os funcionários dos serviços de saúde reprodutiva, mais do que os outros nos serviços
de saúde, lidarão com mulheres agredidas e violadas. Este aspecto dá-lhes responsabilidade e
devem ter como tarefa reconhecer os sintomas e sinais nestas mulheres, respondendo às suas

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necessidades físicas, facilitando as necessidades psicológicas e apoiar no que for necessário para
parar com o ciclo de violência através da acção legal.

3.6.1. Saúde mental


Vários estudos em países ocidentais mostram um grande desenvolvimento de desordens mentais
depois de eventos traumáticos de Tipo II. Reacções mais sérias e a longo termo vão desde a
DSPT (Friedman & Jarsanson, 1994), desordens depressivas (Westmeyer, 1986), abuso na
ingestão de substâncias (Keehn, 1980), pânico, ansiedade generalizada, fobia, comportamento
antisocial e outras desordens de personalidade. É de referir estudos interessantes (Jablensky,
Mrsella, Ekblad, 1994; de Jong, Komproe, Van Ommeren, Van der Put, 2001) sobre a saúde
pública mental com refugiados em países de renda baixa. Estes estudos concluíram que os
refugiados estão em grande risco de desenvolver uma desordem mental devido aos seguintes
factores:

 Eventos traumáticos relacionados com o conflito armado; Tortura;

 Ser mulher; Pobreza e dificuldades sócio-económicas;

 Desemprego e falta de qualificações profissionais;

 Problemas de marginalização e discriminação;

 Problemas de saúde derivados da precariedade dos serviços de saúde e de sanidade;

 Má nutrição;

 Condições físicas deterioradas, incluindo traumas e outras lesões físicas;

 Colapso das redes sociais resultando em anomia ou em fraco suporte social;

 Eventos traumáticos tais como morte, perda ou medo;

 Situações diárias de stress;

 Incapacidade em recuperar de eventos traumáticos após o primeiro mês;

 Sensação de falta de controle sobre os eventos traumáticos.

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É interessante comparar estes factores com a situação de mulheres em situação de violência
doméstica em países de baixos rendimentos. Muitos destes factores podem ser aplicados nestes
casos. Portanto, é mais ou menos implícito que estas mulheres também estão em alto risco de
desenvolver problemas de saúde mental. Os factores de risco, contudo, podem ser balanceados
por factores de protecção. Estes factores são a chave para conceber programas de apoio e de
prevenção.

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4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que o EPT é um transtorno com prevalências relativas,
dependentes principalmente do tipo de exposição a qual os indivíduos são submetidos. Os
trabalhadores na área de segurança, por exemplo, devido à actividade de risco que
desempenham, possuem maior chance de desenvolvê-lo. É o único transtorno mental que tem
nexo-causal com o trabalho aceito por pesquisadores e estudiosos em saúde mental.
Com o presente estudo, conclui-se que as consequências do TEPT são bastante prejudiciais e
incluem: diminuição da habilidade de relacionamento interpessoal em ambientes sociais e
familiares, alterações no estado de ânimo, isolamento social, abuso de substâncias psicoactivas,
menores índices de satisfação no trabalho, aumento do absenteísmo e da aposentadoria precoce.
O TEPT ocupacional pode gerar diversos prejuízos, dentre eles: diminuição na habilidade de
relacionamento interpessoal, alterações no estado de ânimo, isolamento social, abuso de
substâncias psicoactivas, menores índices de satisfação no trabalho, aumento do absenteísmo e
de aposentadoria precoce.
Visto que o TEPT é capaz de influenciar negativamente a qualidade de vida do indivíduo e sua
capacidade de produção, é importante que medidas preventivas sejam adoptadas pelos diversos
seguimentos da sociedade, especialmente pelas unidades empregadoras. Relevante também é o
estabelecimento do diagnóstico e do tratamento precoce a fim de se minimizar os danos causados
pelo transtorno.
Foram encontradas poucas produções científicas específicas sobre o TEPT relacionado ao
trabalho, constatação que reforça a necessidade de que sejam desenvolvidos mais trabalhos sobre
este tema.

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5. Referências Bibliográficas
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Perturbações Mentais (4ª ed.). Lisboa: Climepsi.
II. D’EL REY, G.J.F. (2005) - Quando a ansiedade torna-se uma doença? Integração:
Ensino, Pesquisa e Extensão.11: 379-382.
III. Freud, S. (1976). Fixação em traumas: o inconsciente. . In Edição standard brasileira
das obras completas de Sigmund Freud vol. XVI (pp. 323-336). Rio de Janeiro:
Imago.
IV. Sandler, J. (1991). Trauma Project. International Review of Psycho-Analysis v.18, pp.
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V. Garland, C. (2011). Understanding Trauma : A psychoanalytical approach. London:
Karnac.

VI. KAPCZINSKI, F.; MARGIS, R. Transtorno de estresse pós-traumático: critérios


diagnósticos. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 25, supl. 01, p. 3-8, 2003.

VII. KESSLER, R. C. Posttraumatic stress disorder: The burden to the individual and to
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VIII. HERMAN, Judith (1992), Trauma and recovery. New York: Basic Books.

IX. VAN DER KOLK, 2000, Post-traumatic stress disorder and the nature of trauma. In:
Dialogues in clinical neuroscience 2(1). pp. 7-22

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