Uma viagem pelo período antidemocrático de Portugal
do Absolutismo ao Totalistarismo
Trabalho apresentado à disciplina Cultura Portuguesa,
ministrada pela professora Licia Matos, como atividade para composição de nota.
Faculdade de Letras - UFRJ
Rio de Janeiro, 1º semestre de 2018 A decadência dos povos da Península nos três últimos séculos é um dos factos mais incontestáveis, mais evidentes de nossa história: pode até dizer-se que essa decadência, seguindo-se quase sem transição a um período de força gloriosa e de rica originalidade, é o único grande facto evidente e incontestável da nessa história aparece aos olhos do historiador filósofo. Antero de Quental
Portugal foi o pioneiro nas grandes navegações e descobrimentos marítimos
dos séculos XV e XVI. Existem vários fatores políticos, econômicos, geográficos e tecnológicos capazes de explicar este fato. Este pioneirismo não foi mantido em outras áreas, a partir dessa percepção Antero de Quental escreveu As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, com o intuito de analisar de forma histórico- filosófica, procurando a origem do atraso dos países ibéricos em relação às potências européias da época. Dentre as causas citadas por Quental para tal fato estão: a contrarreforma dirigida pelos Jesuítas, a centralização política realizada pela monarquia absoluta e o sistema econômico realizado pelos descobrimentos. Portugal se enfraqueceu político e economicamente e essa instabilidade criou brechas para oportunistas. No início do século XX, Portugal sofreu uma reforma política que instituiu um governo de caráter republicano. A nova forma de organização do cenário político não foi capaz de resistir a todos os problemas sofridos no continente europeu com a Primeira Guerra e a crise de 1929. O Salazarismo surgiu a partir desse período de instabilidade política e econômica. A partir do texto O Salazarismo e O Homem Novo: Ensaio Sobre O Estado Novo e A Questão do Totalismo, de Fernando Rosas, é possível traçar um paralelo entre os regime anti-democráticos vividos por Portugal durante a monarquia e a ditadura salazarista e como as causas citadas por Quental serviram como uma espécie de combustível para a longa duração do último regime. Em relação à religião, Antônio Salazar teve uma criação fortemente católica. O salazarismo criou um aparelho ideológica, autoritária, estatista, mergulhado no quotidiano das pessoas no nível de família, da escola, do trabalho e lazeres com o propósito de criar esse homem no novo. Esse tipo de dominação ideológica foi muito praticada (e continua sendo) pela igreja católica durante o reinado, considerada por Quental como um dos fatores do declínio ibérico. A igreja, percebendo que estava perdendo influência na Europa tratou de conceber o concílio de Trento, que realizado de 1545 a 1563 em Trento. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então vivida na Europa devido à reforma protestante, razão pela qual é denominado também de Concílio da contrarreforma. Já em relação à política, Portugal até os dias de hoje possui uma democracia muito jovem e frágil, na maior parte de sua existência passou por longos períodos antidemocráticos. Durante a monarquia, o regime experienciado foi o absolutista que defendia que alguém, geralmente o rei, deveria ter o poder absoluto, isto é, independente de outro órgão. É uma organização política na qual o soberano concentrava todos os poderes do estado em suas mãos. Muito semelhante ao sistema ao totalitarismo implementado por Salazar, um regime político extremamente autoritário, que visava não só controlar o poder do Estado, como também todo o corpo social da nação, incluindo suas esferas privadas. Por fim, o último fator apontado por Quental foi a inércia industrial após o período próspero das colonizações. Essa tal inércia perpassou por séculos, tanto por falta gestão, capacidade orçamentária entre outros fatores. A política salazarista transformou um de seus “calcanhares de Aquiles” em propaganda do regime com cunho positivista. O mito da ruralidade foi criado com essa finalidade, a terra como primeira e principal fonte de riqueza possível, o caminho de ordem e harmonia social. Portugal era um país essencialmente rural e tentaram transformar essa característica em uma virtude específica. Apenas com a morte de Salazar, em 1970, um movimento revolucionário de natureza liberal inseriu-se cenário português. Em 1974, o movimento de transformação política atingiu seu auge com o acontecimento da chamada Revolução dos Cravos. Somente após esse episódio, Portugal conseguiu dar fim a um dos momentos mais difíceis de sua história. Bibliografia
QUENTAL, Antero. As causas da decadência peninsulares.
ROSAS, Fernando. O Salazarismo e O Homem Novo: Ensaio Sobre o Estado
Novo e A Questão do Totalismo.
https://www.suapesquisa.com/resumos/concilio_trento.html (concílio de trento)