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Universidade Federal de Santa Catarina

Direito
Teoria Política
Gabriel Garcia Rafaelli Rigoni – gabrielgarciarigoni@gmail.com
FICHAMENTO 21: MONARQUIA CONSTITUCIONAL – HEGEL E
MONTESQUIEU

Bobbio considera importante a explicitação acerca da monarquia


constitucional proposta por ambos autores, evidenciando suas continuidades e
diferenciações como o próprio Hegel fez.

A constituição monárquica é descrita por Hegel como racional e é bem


mais articulada e complexa, em comparação com a monarquia descrita pela
tipologia clássica das formas de governo. Da mesma maneira, Montesquieu
considera a monarquia – forma de governo excelente – é uma constituição
complexa. Era a preferência de ambos – monarquia “moderada” - para as nações
da Europa na Idade Moderna, época que exigia diferenciações específicas para
atender às demandas de seu nível de complexidade social, onde a mesma já
havia mudado muito perante as formas simples.

Aqui nasce a grande inovação hegeliana em relação a Montesquieu, que


consiste na maneira diferente de considerar a sociedade moderna e suas
articulações. Segundo Hegel, a vida social se “duplica” em duas esferas distintas
de caráter opostos: a sociedade civil e o Estado. A comunidade pré-moderna de
novo aspecto, moderno, da existência social - a "sociedade civil", faz dela esfera
da vida coletiva de caráter "privado", que funciona com base nos interesses
particulares dos indivíduos. É na sociedade civil, lugar da atividade econômica,
da reprodução social e da sua regulamentação jurídico-administrativa, que os
indivíduos se distinguem em grupos ou "massas particulares", gerando posições
diferentes e desigualdades sociais.

A vida coletiva moderna para Hegel se divide em duas esferas, a


sociedade civil que é das diferenças sociais e o Estado, a da unidade política, na
qual as diferenças sociais são articuladas e recompostas. Deste modo podemos
afirmar que a monarquia constitucional, como constituição “articulada”,
corresponde a época moderna como sociedade de diferentes (grupos sociais e
etc.) que requer, por este motivo, constituição articulada dos poderes e das
diferenças. Montesquieu também o pensava assim, onde a monarquia com leis
fundamentais é a forma de governo preterível pois se baseia numa sociedade
diferenciada e representa a unificação das suas diferenças. Examinando a
relação entre unidade e diferenças ao que se refere pelo corpo político, em
Montesquieu, percebe-se uma analogia entre seu referente a lógica social e a
sociedade civil hegeliana. Contudo não o vê como Hegel uma esfera separada
e não estabelece uma diferenciação da mesma maneira.

Deste último ponto derivam dos precedentes. Para Montesquieu, a


monarquia se baseia em dois aspectos condicionantes um ao outro: um objetivo
(as desigualdades), o outro subjetivo (a honra). Claramente a divisão de classes
é horizontal e as diferenças que dela resultam são vinculadas à atividade social
que a determina. São diferenças políticas imediatas: indicam a quem cabem os
privilégios e o princípio da honra. Na concepção hegeliana de sociedade civil, a
divisão é sobretudo econômico-social feita com linhas verticais. As diferenças
sociais resultantes consistem, na particularidade da atividade de cada um com
respeito aos demais, mas também na “desigualdade das fortunas”, que é o
resultado de fato e inevitável da atividade social e da divisão econômica
“funcional”.

Por isso a desigualdade não é pré-estabelecida e nada tem a ver com os


privilégios do antigo regime. A abolição de privilégios da revolução francesa é
uma conquista positiva para Hegel. Porém mantém um resíduo do princípio da
honra em sua tese ao fazer referência à “dignidade do grupo” atribuída aos
membros das corporações, mas cuja efetividade só é válida no âmbito da
sociedade civil. A honra é substituída pelo dever (a ação política) como mola do
Estado moderno, monárquico constitucional. Hegel dá a esse motivo a análise
da monarquia de Montesquieu ser ligada a institutos pré-modernos, a chamando
inclusive de “monarquia feudal”.

Os membros do Estado para Hegel não atuam com base no privilégio nem
no modo particular (como na sociedade civil), mas sim com base no dever de
“levar uma vida universal”: nisso se dá também a verdadeira liberdade. A
liberdade consiste na obediência as leis, onde os indivíduos cumprem
conscientemente seu dever na coletividade. O Estado é o reino da liberdade pois
os indivíduos cumprindo seus deveres tem consciência do seu objetivo que
busca e as leis o descrevem: o bem coletivo. A sociedade civil é o reino da
necessidade.

Isto difere da liberdade de que fala Montesquieu. É uma liberdade


“negativa”, ausência da opressão e dos abusos. Se tentarmos encontrar uma
conotação positiva deste conceito ela reside em liberdade de “fazer o que as leis
permitem”. É a “possibilidade de agir com base nas prerrogativas da situação de
cada um, assegurada e garantida pela lei”. A condição da liberdade na
monarquia de Montesquieu é a garantia dos privilégios. Bobbio alerta ao perigo
de a monarquia moderada descrita por Montesquieu levarem ao despotismo,
entretanto, em seguida o italiano nos lembra da separação dos poderes como
instrumento de defesa da liberdade contra os abusos. A interpretação deste fato
é reconhecida como difícil, mas o sistema de tripartição dos poderes atua como
freio para manter determinado equilíbrio. O objetivo é que isto impeça que um
dos poderes adquira muita força ao ponto de esvaziar as prerrogativas e os
privilégios de todas as outras. Hegel aceita a divisão dos poderes com vista à
liberdade pública, mas critica o modo de conceber tal divisão, pois entende a um
intelecto abstrato e limitado, que transforma os poderes em contrapesos,
inviabilizando a unidade viva. Reafirmando o princípio da unidade do Estado,
ataca a autonomia absoluta (separação) dos poderes como meros argumentos
hobbesianos.

O princípio da divisão de poderes ganha outro significado em Hegel. Não


é um artifício para impedir abusos de poderes, nem algo mecânico ou
instrumental, mas sim orgânico. É o condutor ao universal, princípio da
organização política, a forma racional da unidade política que é a diferenciação
da vida moderna. Os poderes compreendidos pela constituição de Hegel não
correspondem perfeitamente aos de Montesquieu, sendo a divisão do primeiro
entre poder do príncipe, do legislativo e do governo. O poder judiciário não
consiste em um genuíno poder constitucional, mas sim administrativo mais
associado a ordem civil do que a política. O poder do príncipe é um acréscimo,
onde a figura do monarca é a expressão da unidade do Estado concretizada na
vontade de uma única pessoa física. Como se sabe, a teoria que mais influenciou
na história das ideias e dos eventos de nossa era foi a de Montesquieu.

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