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D I R E I TO C O N ST IT UC IO N AL

Fernando Rabello

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE:
uma reflexão à luz da teoria
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dos jogos
JUDICIALIZATION OF HEALTH IN THE LIGHT OF THE GAME THEORY
Gisele Chaves Sampaio Alcântara

Resumo Resumo
Procede a uma análise prospectiva e ampliada dos efeitos ne- The author performs a prospective and comprehensive analysis
gativos provocados pela multiplicação de ordens judiciais con- of the negative effects brought about by the multiplication
cessivas de demandas individuais ajuizadas com base no direito of court orders issued in favor of individual plaintiffs whose
constitucional à saúde. complaints are based on the constitutional right to health.
Apresenta como instrumento de tal reflexão a “Teoria dos Jo- To support her views, she presents the “Game Theory” to assess
gos”, para avaliar os riscos da criação de uma “Tragédia dos the risks of creating a “Tragedy of the Commons”, through the
Comuns” pela reprodução de condutas não cooperativas em reproduction of non-cooperative behavior regarding litigation
ações que envolvem a coletividade na área da saúde pública. involving community in the scope of public health.

Palavras-chave KEYWORDS
Direto Constitucional; saúde – direito à, judicialização da; Teoria Constitutional Law; health – right to, judicialization of; Game
dos Jogos; Tragédia dos Comuns; escassez. Theory; Tragedy of the Commons; shortage.

Revista CEJ, Brasília, Ano XVI, n. 57, p. 88-94, maio./ago. 2012


1 Introdução a melhoria de atendimento hospitalar (BRASIL, STF, 2010), am-
Estudo divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça pliação de unidade de terapia intensiva-adulta em unidade hos-
(CNJ) no ano de 2011 revela que tramitam atualmente, no pitalar (BRASIL, STF, 2010), e custeio de tratamento médico no
Judiciário brasileiro, mais de 240.980 processos judiciais na exterior a fim de evitar a evolução de doença ocular progressiva
área de saúde – as chamadas “demandas judiciais da saúde” – “retinose pigmentária” (BRASIL, STF, 2011). Esses são apenas
(BRASIL, CNJ, 2011). alguns exemplos de pedidos concedidos pelo Supremo Tribunal
Tais números refletem um somatório das ações ajuizadas Federal em diversas demandas ajuizadas com vistas à concreti-
nos tribunais de justiça – à exceção dos tribunais de justiça do zação do direito à saúde.
Amazonas, da Paraíba e de Pernambuco – e nos tribunais re- O aumento exponencial do número de demandas tem pro-
gionais federais com vistas ao acesso a medicamentos e a pro- vocado questionamentos e reflexões na comunidade jurídica,
cedimentos médicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem além de profunda revolta dos gestores públicos. Argumenta-se
como vagas em hospitais públicos. Cobrem, ainda, em reduzida que, se por um lado, a atuação do Poder Judiciário é fundamen-
proporção, ações diversas movidas por usuários de seguros e tal para o exercício da cidadania e para a realização do direito
planos privados junto ao setor1. fundamental à saúde (MENDES, 2009), de outra parte, o eleva-
Conforme destacam João Maurício Brambati Sant’Ana, do número de ordens judiciais enseja grandes impactos finan-
Vera Lúcia Edais Pepe, Claudia Garcia Serpa Osorio-de-Castro ceiros à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios,
e Miriam Ventura, este fenômeno social e jurídico do aumento em prejuízo das políticas de saúde já previamente instituídas
dessas demandas tem sido chamado de judicialização da saú- e planejadas com o objetivo de atender a toda a coletividade.
de, e se expressa, principalmente, em demandas judiciais por Apenas para exemplificar, ilustrando a situação da unida-
medicamentos (SANT’ANA et al., 2011, p. 138-144). Segundo de federativa responsável pelo maior número de demandas
os autores [...] o número de ações movidas contra o Estado judiciais de natureza sanitária, consta que metade de todo o 89
pleiteando medicamentos vem crescendo acentuadamente orçamento destinado à saúde no Estado do Rio Grande do Sul
nos últimos anos no Brasil (3–8). Se no início dos anos 1990 é consumido no cumprimento de decisões judiciais, cujo mon-
essas demandas tinham por objeto medicamentos para o tra- tante saltou de R$ 9 milhões em 2005 para R$ 22 milhões em
tamento de enfermidades direcionadas, como HIV/Aids, hoje o 2006 (AMARAL, 2011, p. 93-94).
perfil das ações é bem mais diversificado, abrangendo medi-
camentos para as mais variadas indicações terapêuticas [...]. [...] se por um lado, a atuação do Poder
(Idem, 2011, p. 138-144) Judiciário é fundamental para o exercício da
De fato, este movimento teve início com provocações ad-
vindas de um movimento deflagrado pelos portadores do vírus cidadania e para a realização do direito
da imunodeficiência humana (HIV), que, por intermédio dos fundamental à saúde [...] de outra parte, o
serviços de assistência jurídica de ONGs (SCHEFFER, 2005, p.
17 e ss.), pleitearam junto ao Poder Judiciário o fornecimento elevado número de ordens judiciais enseja
de antirretrovirais pelo Poder Público (MESSEDER et. al., 2005). grandes impactos financeiros à União [...]
Estas drogas, indispensáveis para a garantia de sobrevida des-
tes pacientes, já tinham sido liberadas nos Estados Unidos, mas Já em âmbito federal, aponta-se que, de janeiro a julho de
não eram ainda disponibilizadas nas unidades de saúde pública 2008, o Governo gastou diretamente R$ 48 milhões com ações
brasileiras (SCHEFFER, 2005). judiciais para a aquisição de medicamentos. Em três anos, o
De uma posição a priori contingente e tímida, restrita a algu- aumento chegou a 1.920%, quando considerado que, em 2006,
mas hipóteses de fornecimento de antirretrovirais a portadores o gasto foi de R$ 2,5 milhões de reais (MOURA, 2009, p. 335).
do vírus da imunodeficiência humana (HIV) no início dos anos Mais recentemente, em 28/4/2011, noticiou o jornal O
90 (MESSEDER et. al., 2005), a atuação judicial logo se estendeu Estado de São Paulo (BASSETTE, 2011) que os valores gastos
para conceder fármacos para o tratamento de outras moléstias, pelo Ministério da Saúde para cumprir decisões judiciais que
além de várias medidas e terapias em diversos casos: internação determinavam o fornecimento de medicamentos de alto custo
hospitalar a portador de “leucemia aguda” (BRASIL, STF, 2001), aumentaram mais de 5.000% de 2005 a 2010. Foram gastos
fornecimento gratuito de medicamentos a pacientes portado- R$ 2,24 milhões em 2005 contra R$ 132,58 milhões em 2010.
res de esquizofrenia paranóide e doença maníaco-depressiva É neste ambiente repleto de perplexidades e sutilezas que
crônica, com episódios de tentativa de suicídio (BRASIL, STF, se desenvolve o presente ensaio. Partindo dos estudos sobre a
2007), fornecimento gratuito de medicamento a paciente por- “Teoria dos Jogos”, exprime uma avaliação prospectiva dos pos-
tadora de patologia neurodegenerativa rara − “NIEMANN-PICK síveis efeitos deletérios ensejados pela multiplicação indiscrimi-
TIPO C” (BRASIL, STF, 2009), providências administrativas para nada de ordens judiciais na área de saúde. A partir daí, propõe

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uma avaliação do assunto à luz da Teoria do Custo dos Direitos, tam uma pena de dois anos na prisão estadual (sanção inferior
sob o alerta de que levar os direitos a sério significa também aos quatro anos, em virtude da confissão de ambos). Finalmente,
levar a escassez a sério (HOLMES; SUSTEIN, 2000, p. 44)2. embora a polícia não os informe a respeito, eles sabem que se
nenhum dos dois confessar, ambos serão soltos após um ano de
2 Teoria dos Jogos, Microjustiça e Macrojustiça: o risco detenção, por vadiagem (FIANI, 2009, p. 110-111).
da Tragédia dos Comuns Analisando estrategicamente as opções de cada acusado,
Embora alguns estudos sobre la théorie du jeau tenham percebe-se que a melhor decisão individual é confessar, uma
sidos publicados pelo matemático francês Émile Borel em 1921, vez que, ao agir assim, haverá pelo menos dois anos a menos
é ao matemático húngaro Jancsi von Neumann que se atribui a de prisão, independentemente do que o outro prisioneiro fizer.
origem da Teoria dos Jogos3. A melhor estratégia geral, no entanto, é a de cooperação: ne-
Ela foi aplicada pela primeira vez na área bélica, sobretudo nhum confessa, e ambos permanecem reclusos pelo tempo mí-
na Segunda Guerra Mundial, como paradigma para entender e nimo. Tal cooperação, entretanto, não é possível, uma vez que
propiciar a tomada de decisões. Recentemente, o interesse em eles não podem se comunicar. Como não sabem e tampouco
seus preceitos foi reavivado e estendido a outras áreas do co- têm controle sobre o que o outro vai fazer, acabam confessando
nhecimento, em decorrência da atribuição de prêmios Nobel de – ambos. O resultado para os dois é uma pena de dois anos.
Economia a alguns dos seus novos expoentes: John C. Harsanyi, Conforme observa Ruy Afonso Santacruz Lima, o notável na
John Nash e Richard Selten, em 1994, pelo desenvolvimento situação é que os jogadores não optam pelo melhor resulta-
da Teoria do Equilíbrio em jogos não cooperativos; e James A. do possível, que seria de um ano para cada um, caso os dois
Mirrlees e Willian Vickery, em 1996, por sua contribuição à Teo- não confessassem. Dessa forma, os agentes aceitam resulta-
ria dos Incentivos sobre a regra da assimetria das informações. dos sub-ótimos dependendo das condições estabelecidas pelo
Von Neumann entende como jogo uma situação de conflito jogo. Em termos de teoria econômica, isso significa um afasta-
em que dois (ou mais) indivíduos interagem, e alguém precisa mento da hipótese básica de que os agentes sempre tomam
fazer uma escolha, sabendo que há outros, ao mesmo tempo, decisões maximizadoras 5.
também em processo de escolha. Ele demonstra matematica- Tal formulação é utilizada para demonstrar que, em de-
mente que sempre há um curso racional, uma estratégia de terminados processos de interação estratégica, o fato de cada
ação para os jogadores. jogador buscar o melhor para si leva a uma situação que não é
Com arrimo na análise destas estratégias, a Teoria dos Jogos a melhor para todos.
90 procura identificar as regras do jogo (lógica da situação em que Essa mesma conclusão foi alcançada pelo biológo Garrett
estão envolvidos os jogadores), e com isso ajuda a prever as li- Hardin, ao demonstrar os efeitos negativos gerados pela repro-
nhas de ação que cada um dos agentes em conflito pode adotar dução de condutas não cooperativas em ações coletivas.
e os possíveis resultados decorrentes de cada uma. Imaginou ele a situação em que vários fazendeiros dividem
Para ilustrar o modo como opera esta teoria, Merrill Flood um mesmo pasto para alimentar suas vacas. Analisando estra-
e Melvin Dresher formularam em 1950 uma historieta que foi, tegicamente as suas opções, cada um dos fazendeiros percebe
anos mais tarde, desenvolvida por Albert W. Tucker e publicada que a melhor opção individual é colocar o maior número possí-
sob o título de “O dilema do prisioneiro”4. vel de cabeças de gado no espaço comum. A melhor estratégia
geral, no entanto, é a de cooperação: todos soltam um número
[...] malgrado tenha assumido o papel de menor de animais no pasto, e permanecem usufruindo os re-
cursos de maneira sustentável (HARDIN, 1968, p. 1243-1248).
concretizador dos direitos sociais, o Poder Preferem, no entanto, não cooperar. Como não têm conhe-
Judiciário ainda permanece atrelado a uma cimento nem ingerência sobre o que os outros vão fazer, optam
por maximizar os seus ganhos colocando mais vacas no pasto.
formação de viés individualista, própria do
O resultado para todos é o pior possível: destruição do pasto e
Estado liberal. morte dos animais (Idem).
Tal elaboração deu origem ao conceito de “tragédia dos
Segundo ela, dois indivíduos conspiram para cometer um comuns”, que foi assim resumido por Hardin: nisto está a
crime. Detidos fora do local do delito, são conduzidos à de- tragédia. Cada homem está trancado em um sistema que o
legacia e encaminhados a celas separadas, onde permanecem compele a aumentar seu rebanho sem limites – num mundo
incomunicáveis. A autoridade policial promove a investigação, e que é limitado. Ruína é o destino para o qual todos os homens
conclui que as provas contra eles são escassas. correm, cada um perseguindo seu próprio interesse em uma
Decide o delegado, então, propor a cada um dos suspeitos sociedade que acredita na liberdade dos comuns (Idem).
o seguinte acordo: se ele confessar o roubo e seu parceiro não Estas ideias, a princípio utilizadas na área bélica e, mais
confessar, ele será libertado em decorrência de sua cooperação tarde, na Matemática e Economia, são de grande valia tam-
com a polícia, enquanto seu parceiro (que não confessou) irá bém no Direito, em especial, no campo da judicialização dos
amargar quatro anos na penitenciária estadual. Se, ao contrário, direitos sociais. Representam um valioso instrumento de pro-
ele não confessar, mas seu parceiro o fizer, será ele a enfrentar os jeção dos efeitos gerados pela multiplicação de várias decisões
quatro anos na penitenciária estadual, enquanto o seu parceiro indivi­duais, proferidas em casos concretos nos mais diversos
será libertado. Caso ambos confessem, a cooperação de cada um juízos e tribunais do País, sobre as relações sociais e econômi-
deles perde o valor como denúncia do comparsa e ambos enfren- cas da coletividade. 

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Com efeito, percebe-se que, malgra- mais ainda, aos orçamentos da União, desejam, pois acreditam que o Estado,
do tenha assumido o papel de concreti- de cada um dos Estados, do Distrito que possui um orçamento de enormes
zador dos direitos sociais, o Poder Judi- Federal ou da grande maioria dos mu- proporções, pode custeá-las sem ne-
ciário ainda permanece atrelado a uma nicípios. Assim, enfocando apenas o nhum problema.
formação de viés individualista, própria caso individual, vislumbrando apenas Porém um número cada vez maior de
do Estado liberal. Tal formação impõe-lhe o custo de cinco mil reais por mês para pessoas age desta forma. Cada um, isola-
uma espécie de “miopia cognitiva”, que um coquetel de remédios, ou de cento e damente, ajuíza uma demanda, pleitean-
limita o raio de avaliação jurisdicional às setenta mil reais para um tratamento no do a melhor prestação de saúde possível.
balizas do caso concreto, à microjustiça exterior, não se vê a escassez de recur- O resultado para a concessão destes di-
da lide submetida à sua apreciação. so, mormente se adotado o discurso de versos pleitos individuais – decorrentes de
Suas novas funções, no entanto, que o Estado tem recursos “nem sempre uma estratégia não cooperativa de cada
exigem-lhe outra formação, um novo bem empregados” (Idem). um dos agentes − é o pior possível: o co-
olhar sobre as lides. A concretização É importante, contudo, que cada jul- lapso do próprio sistema de saúde.
dos direitos sociais, como é o caso do gador seja levado à consciência de que, Tem-se aí, pois, um exemplo evi-
direito à saúde, exige do julgador uma independentemente do seu assentimento dente de uma “tragédia dos comuns”,
ampliação dos horizontes, uma capaci- ou vontade, ele está inserido nesta teia de que pode ser gerada pela reprodução
dade de estimar também a macrojustiça, relações, neste sistema. Deferindo ou não de condutas não cooperativas em ações
de modo que a justiça do caso concreto a demanda, estará ele interferindo nesta que envolvem a coletividade na área da
seja sempre aquela assegurada a todos dinâmica. Isto é uma realidade inexorável. saúde pública.
os que estão ou possam vir a estar em
situação similar (AMARAL, 2010, p. 18). Cada um, isoladamente, ajuíza uma demanda, pleiteando a
Trata-se de um exercício argumentativo
melhor prestação de saúde possível. O resultado para a
de abstração encontrado, em maior ou
menor grau, na pragmática universal ha- concessão destes diversos pleitos individuais [...] é o pior
bermasiana, expresso em seu princípio possível: o colapso do próprio sistema de saúde.
da universalização6.
Não se pode olvidar que a imple- Cumpre-lhe, portanto, tomar 3 A Teoria dos Jogos e a alocação de
mentação dos direitos sociais exige a consciência do seu papel e assumir a recursos na área de saúde
91
alocação de recursos, que são, por na- responsabilidade de ser, mesmo nas Sob a luz da análise prospectiva
tureza, limitados. Sendo assim, para que demandas individuais, um agente com apresentada pela Teoria dos Jogos, per-
a isonomia seja assegurada é necessário poder de interferir sobre as relações cebem-se os efeitos nocivos da redução
que o magistrado desenvolva uma visão coletivas. Para demonstrar a veracida- do fenômeno da concretização judicial
pragmática centrada na análise dos efei- de desta asserção, aplique-se a Teoria do direito à saúde a um silogismo sim-
tos prospectivos e concretos operados dos Jogos às ações de fornecimento de plista em que a premissa maior é que
por parte de cada decisão judicial sobre medicamentos. a saúde é direito de todos, a premissa
a realidade socioeconômica, sob pena Preveem os arts. 6º e 196 da Cons- menor é que o paciente-autor-da-ação-
de, com a multiplicação desordenada de tituição o direito à saúde, impondo que-eu-tenho-que-apreciar (AMARAL,
demandas judiciais maximizadoras do ao Estado o dever de garantir aos ci- 2011, p. 96) necessita de cuidados mé-
espectro de proteção dos direitos, tornar dadãos as ações e serviços para a sua dicos, e a síntese é que logo, o Estado
impossível a realização do seu núcleo es- promoção, proteção e recuperação. está obrigado a entregar seja-lá-o-
sencial para a coletividade. Para implementar essa missão, dispõe que-for, custe-o-que-custar (AMARAL,
Neste contexto, a teoria dos jogos o Estado de determinado volume de 2011, p. 82), conforme sugere Gustavo
revela que as demandas judiciais não são recursos. Trata-se, pois, de um bem Amaral.
realidades insuladas, fatores anódinos jurídico coletivo, a ser usufruído por Como bem destaca Daniel Wang,
sobre a realidade coletiva. Funcionam, todos os cidadãos. esse tipo de decisão ignora as próprias
sim, como estratégias ou linhas de ação Analisando estrategicamente as consequências distributivas, de decisão
adotadas por diversos agentes que inte- suas opções, cada um dos cidadãos, de alocação de recursos, pois decide que
ragem entre si, e que, como tal, têm o independentemente de sua condição alguns ganharão sem pensar em quem
poder de contribuir sobre os rumos das financeira, percebe que a melhor es- perderá. Segundo ele, tratar estes direi-
relações de toda a coletividade. colha individual é exigir e usufruir do tos como se fossem absolutos é decidir
No ambiente judicial, conforme Gus- maior número possível de ações e usando uma dogmática jurídica que faz
tavo Amaral, no entanto, a tendência na- serviços de saúde do Estado, mesmo uso apenas das regras jurídicas e esque-
tural é fugir do problema, negá-lo (AMA- que não previstos no rol das políticas ce da realidade (WANG apud AMARAL,
RAL, 2010, p. 80-81). Assinala ainda ser o estabelecidas, e qualquer que seja o 2010, p. 131).
pensamento prevalente: tomada indivi- seu custo. Como não têm conheci- Não se pode olvidar que, para as-
dualmente, não há situação para a qual mento nem ingerência sobre o que segurar a efetivação dos direitos funda-
não haja recursos. Não há tratamento os outros vão fazer, optam por exigir mentais prestacionais o Estado precisa
que suplante o orçamento da saúde ou, judicialmente todas as prestações que criar fontes de receitas, sendo a principal

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delas a arrecadação tributária. Com efeito, o financiamento dos acerca da alocação de recursos e da escassez na área da saúde
direitos fundamentais por meio de receitas fiscais ajuda a se pública nos Estados Unidos: Há hoje um mito, que países próspe-
ver claramente que os direitos são bens públicos: contribuintes ros como os Estados Unidos não precisam se preocupar com o
financiadores e governo de gestão dos serviços sociais desti- problema da seleção de pacientes, já que há recursos suficientes
nados a melhorar o bem-estar coletivo e individual (HOLMES; para todos. Há até quem acredite que essa suficiência se esten-
SUNSTEIN, 2000, p. 94). da pelo mundo afora. Esse mito é menos que meia verdade. A
Sendo tais recursos, por sua vez, limitados, depreende-se verdade nele contida é que há recursos para eliminar muitas das
que as decisões alocativas para a efetivação do direito à saúde escassezes de hoje. Serão esses recursos tornados disponíveis
implicam escolhas disjuntivas de natureza financeira, ou, nas para satisfazer as necessidades médicas de todos? Infelizmente,
palavras de Guido Calabresi e Philip Bobbit, em tragic choices isto não é provável, mesmo nos Estados Unidos. Outros recursos
(CALABRESI; BOBBIT, 1978). Elas são feitas por meio de trade- não financeiros, como órgãos para transplante, são escassos em
offs: para implementar uma determinada prestação de saúde, relação às necessidades. Novas escassezes, ademais, são ineren-
outras prestações da mesma natureza restarão comprometidas. tes ao progresso da tecnologia. Em outras palavras, critérios de
seleção de pacientes são desesperadoramente necessários hoje
Não se pode olvidar que, para assegurar a em todos os lugares e continuarão a sê-lo no futuro (KILNER
apud AMARAL, 2010, p. 75).
efetivação dos direitos fundamentais Conforme assinala Gustavo Amaral, imaginar que não haja
prestacionais o Estado precisa criar fontes de escolhas trágicas, que não haja escassez, que o Estado possa
receitas, sendo a principal delas a sempre prover as necessidades [...] parece uma questão de fé,
no sentido bíblico: a certeza de coisas que se esperam, a convic-
arrecadação tributária. ção, de fatos que não se veem (AMARAL, 2010, p. 17).
Inspirados por esta realidade, Stephen Holmes e Cass R.
Esta situação pode ser exemplificada com informações Sustein asseveram em termos bem contundentes: levar os di-
apresentadas pelo representante do Conselho Nacional de Se- reitos a sério significa também levar a escassez a sério (HOL-
cretários de Saúde (CONASS) no Seminário O SUS, o Judiciá- MES; SUNSTEIN, 2000, p. 44)8. Em seguida, arrematam: Direitos
rio e o Acesso aos Medicamentos Excepcionais. Segundo ele, costumam ser descritos como invioláveis, peremptórios e de-
no ano de 2003, os gastos com apenas 14 medicamentos de cisivos. Isto, contudo, é mero floreio retórico. Nada que custe
92 dispensação excepcional consumiram 63,7% das receitas do dinheiro pode ser absoluto. Nenhum direito cuja efetividade
Ministério da Saúde para aquisição de medicamentos (BRASIL, pressupõe um gasto seletivo dos valores arrecadados dos con-
Sen. Fed., 2011). tribuintes pode, enfim, ser protegido de maneira unilateral pelo
Isto revela, como corolário, que cada determinação judicial judiciário sem considerações às consequências orçamentárias,
referente a uma prestação na área de saúde tem um custo de pelas quais, em última instância, os outros dois poderes são
oportunidade, representando a alternativa escolhida em detri- responsáveis. [...] Direitos são relativos, não pretensões absolu-
mento das outras opções por ela afetadas em um ambiente tas. Atentar para os custos é outro caminho, paralelo a outros
de escassez de recursos. Assim, quando um direito é tornado mais habitualmente percorridos, para a melhor compeensão
efetivo, outros bens valiosos, inclusive direitos, são postos à da natureza qualitativa de todos os direitos, inclusive os cons-
margem, pois os recursos consumidos para dar eficácia àquele titucionais [...] A atenção aos custos dos direitos revela a ex-
direito são escassos (HOLMES; SUNSTEIN apud AMARAL, 2010, tensão em que a efetividade dos direitos, como realizada nos
p. 56-57). Estados Unidos (e em outros lugares), é feita através de trade-
Relevante é destacar, neste ponto, que a existência desta es- offs, inclusive, trade-offs monetários. [...] As finanças públicas
cassez independe do volume de recursos destinado pelo Estado são uma ciência ética porque nos forçam a levar em conta,
para a concretização dos direitos: ela é ontológica, inerente à área de modo público, os sacrifícios que nós, como comunidade,
financeiro-orçamentária. Isto não quer dizer, por certo, que maior decidimos fazer, a explicar o que pretendemos abrir mão em
destinação de recursos para a área da saúde pública no Brasil – favor de objetivos mais importantes. [...] A teoria legal seria
que amarga as consequências nefastas do subfinanciamento7 e mais realística se examinasse abertamente a competição por
da corrupção – não tornaria os efeitos dos trade-offs das decisões recursos escassos que passa necessariamente entre diversos
alocativas menos contundentes e os custos de oportunidade me- direitos básicos e outros valores sociais. (HOLMES; SUNSTEIN,
nores: havendo mais recursos na área da saúde, por certo menos apud AMARAL, 2010, p. 42)
prestações restariam comprometidas em razão da escolha pela Daí por que defende Lenir Santos a necessidade de se pro-
implementação de um determinado direito. mover uma racionalização das prestações abrangidas pelo escopo
Tenciona-se ressaltar, no entanto, que, mesmo considerado do direito à saúde, de modo a se definir que serviços o Estado
um volume maior de recursos, aliado à ausência – ou ao menos deverá colocar à disposição da população: Vai garantir tratamen-
a redução – de desvios ilegais, ainda assim haveria escassez, to no exterior? Exames sofisticados de prevenção, enquanto há
a demandar a atenção do aplicador da norma: mesmo neste absoluta necessidade de cuidar de programas que evitem a desi-
ambiente, os recursos continuariam sendo finitos, ao passo que dratação e a mortalidade infantil? (SANTOS, 2010, p. 20)
as necessidades e pretensões dos usuários permaneceriam, em Conforme destaca, estas escolhas requerem cada vez mais
contrapartida, infinitas. grave seriedade nas definições, em razão da escassez de recursos
Para ilustrar esta asserção, veja-se o relato de John F. Kilner diante das crescentes demandas. Sem critérios para a incorpora-

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ção da infinidade de recursos tecnológi- permita restringir à partida o âmbito de reforça e garante, na medida em que
cos hoje existentes – e que talvez sejam proteção da norma que prevê o direito direciona as escolhas e decisões aloca-
quase infinitos -, não haverá equidade fundamental – in casu, o direito fun- tivas à materialização dos mandamentos
na organização dos serviços de saúde. damental à saúde – e, assim, excluir os nucleares da vontade Constitucional e
Uns terão, talvez, até o desnecessário, en- conteúdos que possam considerar-se também legal, evitando que, mediante
quanto outros não terão nem o essencial de plano constitucionalmente inadmis- um alargamento ad infinitum do âmbito
(SANTOS, 2010, p. 168-169). síveis, mesmo quando não estão ex- de proteção da norma, deixe-se de tute-
pressamente ressalvados na definição lar direitos que compõem o seu núcleo,
4 Conclusão textual do direito, de modo a preservar, uma vez que não há recursos para aten-
Firmado que há menos recursos do em última análise, o núcleo do conteúdo der a todas as demandas dos indivíduos. 
que o necessário para o atendimento de essencial do direto fundamental.
todas as demandas, e que a escassez Esta restrição decorre dos chamados
não é acidental, mas essencial (AMARAL, “limites imanentes” do próprio direito. NOTAS
2010, p. 81), é indispensável que se de- No magistério de Canotilho, tais li- 1 Segundo o levantamento, os cinco tribunais
de justiça com maior número de processos
senvolvam critérios de controle da razo- mites recortam o conteúdo do direito, na área de saúde são o do Rio Grande do
abilidade da avaliação das demandas no como tal previsto pelo âmbito normativo Sul, com 113.953 processos, o de São Paulo,
caso concreto, de modo a não se criar do preceito constitucional, de modo a com 44.690 processos, o do Rio de Janeiro,
com 25.234 processos, o do Ceará, com 8.344
uma inversão cruel em razão da escas- delinear a contextura de garantia efetiva, processos, e o de Minas Gerais, com 7.915
sez (SANTOS, 2010, p. 33), garantindo-se ou efetivamente passível de proteção processos. Dentre os cinco tribunais regionais
mais direitos a quem tem mais chances (CANOTILHO apud FIGUEIREDO, 2007, federais, por sua vez, destacam-se o Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, que abrange
de pleiteá-los no Judiciário, restando aos p. 117). Assim, diante do caso, analisa- os três estados da Região Sul do Brasil, com
menos favorecidos contentarem-se com se o âmbito de proteção da hipótese de 8.152 processos, e o Tribunal Regional Federal
as prestações remanescentes que o Esta- incidência da norma constitucional, per- da 2ª Região, que cobre os Estados do Rio de
Janeiro e Espírito Santo, com 6.486 processos.
do tem a oferecer9. quirindo se certa prestação ou modo de 2 No original: Taking rights seriously
Para tanto, é preciso abandonar a exercício estão agasalhados pelo direito means taking scarcity seriously.
visão ensimesmada e retórica própria da fundamental, ou não. 3 Ver Pinheiro e Saddi (2006, p. 161-162). No
seu artigo Zur Theorie der Gesellschaftspiele,
análise jurídica, e passar a analisar os di- Para Vieira de Andrade, diretriz para
publicado em 1928, desenvolveu-se o concei-
reitos fundamentais, em especial o direito tanto é a advertência de que a tutela to de interdependência estratégica, e com a 93
à saúde, também sob um viés realístico, constitucional jamais pode acarretar sua obra Teoria dos Jogos e comportamento
afinal, nem a Constituição, nem a lei, nem ofensa ao conteúdo essencial do mesmo econômico, publicada em 1944, com Oskar
Morgenstern, deu-se status acadêmico à teo-
a decisão judicial têm o efeito de, como direito fundamental na esfera de tercei- ria.
num passe de mágica, fazer surgirem os ros, de outros direitos fundamentais, 4 Conferir: Pinheiro e Saddi (2006, p. 172-173);
recursos necessários à implementação tampouco a valores comunitários bási- Cooter e Ulen (2010, p. 56-59); e Fiani (2009,
p. 112).
dos mandamentos nelas contidos. cos, nem ainda a princípios essenciais 5 Reflexões extraídas das lições de Ruy Afonso
Não se pode olvidar, nesse passo, da Ordem Constitucional. Se isto ocor- Santacruz Lima, Professor Doutor titular da
que, como princípio constitucional, o rer, os fatos postos não contarão com a Disciplina de Economia do Curso do Progra-
ma de Pós-Graduação Justiça Administrativa
direito à saúde não tem sua aplicação proteção constitucional (ANDRADE apud (PPGJA) da Universidade Federal Fluminense
norteada por um critério disjuntivo e ex- FIGUEIREDO, 2007, p. 118). (UFF).
cludente, pautado pelo “tudo ou nada”. No exercício desta atividade herme- 6 Em seu princípio de universalização “U”
(Universalierungsgrundsatz), Habermas es-
Antes, funciona como um “mandamen- nêutica de determinar se, como e em tabelece que toda norma válida deve satis-
to de otimização”, comportando graus que medida o direito à saúde deve en- fazer à condição [de] que as consequências
distintos de efetivação. Sua realização, sejar prestações materiais em cada pre- e efeitos colaterais que (previsivelmente) re-
sultarem, para a satisfação dos interesses de
conforme a doutrina de Alexy, é orienta- tensão judicial, é necessário que o ma- cada um dos indivíduos, do fato de ela ser
da por uma medida tão ampla quanto gistrado-intérprete supere as amarras do universalmente seguida, possam ser aceitas
possível relativamente a possibilidades relato abstrato do texto normativo e vá por todos os concernidos (e preferidos a
todas as consequências das possibilidades
fáticas ou jurídicas (AMARAL, 2010, p. 6; além, considerando e avaliando também
alternativas e conhecidas de regragem)
ALEXY, 1999, p. 74-75). o manancial econômico, social e político (HABERMAS, 1989, p. 86).
Avulta, pois, a necessidade de recor- que compõe a realidade constitucional. 7 Conforme destaca Lenir Santos, no Brasil,
rer à ponderação, à argumentação e à ra- Este deslocamento do foco do le- em relação à saúde, não esgotamos ainda
o que pode ser feito para a população, a co-
zão prática no controle da racionalidade gislador para o aplicador – que se torna munidade, as pessoas. Segundo ela, o ciclo
das decisões proferidas no hard case10 co-participante do processo de concreti- ainda não está completo, o patamar de in-
envolvido na interpretação do direito à zação do direito em cada caso concreto vestimentos ainda não se exauriu. (SANTOS,
2010, p. 56).
saúde, princípio constitucional cuja con- – transforma o Direito em um ‘servo de 8 No original: Taking rights seriously means
cretização abrange vários níveis e graus, dois senhores’, a lei e a realidade (AMA- taking scarcity seriously.
diversas soluções e opções. RAL, 2011, p. 99). 9 Importante registrar, neste âmbito, que, como
destaca Ana Paula Barcellos, as demandas
Neste ambiente, Vieira de Andrade E isso não implica o esvaziamento que tramitam no Poder Judiciário não versam
(ANDRADE apud FIGUEIREDO, 2007, da força normativa da Constituição ou da sobre a saúde básica – desnutrição, malária,
p. 116) defende uma interpretação que eficácia positiva da lei. Antes as prestigia, doença de Chagas, cólera, leptospirose, febre

Revista CEJ, Brasília, Ano XVI, n. 57, p. 88-94, maio./ago. 2012


tifóide e paratifóide, esquistossomose, ou ain- _______._____________________. Recurso DST e Sida: o remédio via justiça um estudo so-
da atendimento ginecológico preventivo, pré Extraordinário n. 393175/ RS. Recorrente: Luiz Mar- bre o acesso a novos medicamentos e exames em
e pós-natal. (BARCELLOS, 2002, p. 807). E isso celo Dias e outros. Recorrido: Estado do Rio Grande HIV/AIDS no Brasil por meio de ações judiciais.
não significa que este tipo de assistência seja do Sul. Relator: Min. Celso de Mello. Brasília, DJ Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005 (Série Le-
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que deles necessitam muitas vezes não têm _______._____________________. Suspen-
acesso ao Poder Judiciário.  são de Liminar n. 47. Requerente: Estado de Per- Artigo recebido em 25/5/2012.
10 Hard case ou caso difícil é aquele que envol- nambuco. Requerido: Tribunal Regional Federal da Artigo aprovado em 11/7/2012.
ve uma questão que aparentemente permite 5ª Região. Relator: Min. Gilmar Mendes. Brasília, DJ
mais de uma resposta. 30/4/2010. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em: 5 dez. 2010.
_______._____________________. Sus-
pensão de Tutela Antecipada n. 175. Recorren-
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térios jurídicos para lidar com a escassez de recur- Município de Fortaleza. Requerido: Tribunal Regio-
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