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Índice

Introdução ..................................................................................................................... 1

1. A JUSTIÇA EM JONH RAWLS .......................................................................... 2

1.1. A Proposta de Justiça como Equidade ............................................................... 2

1.2. Os dois princípios da justiça como equidade: Liberdade igual e Diferença ...... 4

2. Conclusão ............................................................................................................ 11

3. Referências Bibliográficas ................................................................................... 12


Introdução

O presente trabalho visa fazer uma abordagem em torno da “Justiça em Jonh


Rawls”.
A obra Uma Teoria da Justiça, publicada em 1971, é o eixo do presente trabalho
de pesquisa, Esta obra, mesmo tendo sofrido algumas alterações consideráveis, é
considerada por diversos autores como uma das mais importantes realizações da filosofia
política do século XX, já que trouxe contribuições novas para o debate de um tema que –
apesar de ser tão velho quanto a filosofia – nunca conseguiu obter uma unânimidade: a
Justiça. No entanto, é bom salientar que o presente trabalho não versará sobre a teoria.

A justiça sempre suscitou discussões filosóficas conflitantes. Talvez a unanimidade


seja de fato algo estranho à justiça, por mais paradoxal que tal observação possa parecer.
A proposta de Rawls começa com a suposição de um contrato social hipotético e a-
histórico, no qual as pessoas seriam reunidas numa situação inicial – por ele chamada
de posição original – a fim de deliberar uma série de princípios que seriam responsáveis
por embasar as regras do justo – os princípios da justiça - nas instituições, uma vez que
seriam as instituições as intermediadoras entre as pessoas no convívio social.

Por conseguinte, a teoria de Rawls não procura um bem supostamente existente,


mas sim procura construir um conceito de justo a partir do uso da razão e da vontade das
pessoas. Grosso modo, essa é uma primeira aproximação da base da teoria da justiça de
Rawls. Resta saber o que motivou o seu surgimento e também a escolha da teoria do
contrato como ponto de partida.

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1. A JUSTIÇA EM JONH RAWLS
1.1.A Proposta de Justiça como Equidade

A idéia de equidade se configurou desde os primórdios e delineou-se até a


contemporaneidade incidindo na visão rawlsiana. Ele propôs um modelo de instituição o
qual deveria fomentar e aplicar o valor da justiça e dessa forma poderia minimizar as
discrepâncias sociais. A idéia de justiça para Rawls deveria ser pactuada anteriormente
às instituições.

Para que isso ocorresse, porém, os integrantes deveriam estar num estado de
igualdade, cobertos pelo denominado véu da ignorância. Nesse estágio ninguém definiria
valores de justiça os quais propusessem vantagens para certos indivíduos em detrimento
dos outros, visto que por ninguém saber o porvir, a escolha de valores genéricos
determinaria um estágio inicial onde todos adquiririam o bem-estar.

Contrapondo o utilitarismo, Rawls, propõe uma idéia alternativa de justiça,


aplicando o contratualismo, inspirado na tradição liberal de Locke, Rousseau, Kant e
Stuart Mills.

“Uma vez que todos estão numa situação semelhante e ninguém pode designar
princípios para favorecer sua condição particular, os princípios da justiça são o resultado
de um consenso ou ajuste equitativo. [...] A essa maneira de considerar os princípios da
justiça eu chamarei de justiça como equidade” (RAWLS, 1981. pág.33).

A justiça rawlsiana procura resolver o conflito pela distribuição de bens sociais


entre as pessoas. Um primeiro ponto de superação deste conflito como pensado por Rawls
é considerar a sociedade como um sistema equitativo de cooperação. Rawls considera
também que as pessoas são seres racionais e razoáveis, isto é, que possuem interesses
próprios de acordo com a concepção de bem que formulam para as suas vidas, mas que,
ao mesmo tempo, dispõem-se, em função do sentido de justiça que possuem, a ponderar
umas com as outras sobre quais os justos termos de cooperação devem nortear o convívio
social e a distribuição dos benefícios sociais. Dessa forma, segundo Rawls, as pessoas
chegam a um acordo sobre os princípios de justiça que serão escolhidos.

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A partir daí, o raciocínio de Rawls é desenvolvido de acordo com as seguintes
considerações: Ele observa que as pessoas dispõem de posições sociais diferentes às quais
estão sujeitas desde o seu nascimento.
Estas posições, segundo Rawls, afetam seriamente as suas expectativas de vida a
partir da percepção de que algumas pessoas têm mais, ou menos, sorte que outras na
distribuição das posições sociais e dos dotes e habilidades naturais e, que, em função
disso, se beneficiam mais, ou menos, dos resultados da cooperação social.
Para a solução do conflito gerado pela distribuição dos benefícios da cooperação
social, Ele desenvolve princípios de justiça aplicados à estrutura básica da sociedade que
sejam aceitos por todos de maneira equitativa. Rawls imagina uma sociedade
caracterizada por uma situação de igualdade democrática, em que, por meio da justiça
contida nas suas instituições sociais, esteja garantido o direito de todas as pessoas se
favorecerem dos benefícios da cooperação social.
Rawls desenvolve a sua alegoria do contrato social a fim de alcançar este objetivo.
Para tanto, imagina as pessoas todas reunidas no que ele chama de posição original. Nesta
posição original as pessoas estão cobertas pelo véu de ignorância e em função disso não
sabem qual a posição social de cada uma delas, mais precisamente o seu status social, da
mesma forma também não sabem como os dotes pessoais (físicos e mentais) estão
distribuídos entre elas.
Assim, a escolha dos princípios de justiça é feita de modo que as pessoas não são
capazes de propor supostos princípios de justiça que favoreçam mais a umas que a outras.
É preciso, portanto, de acordo com Rawls, que a sociedade seja regulada por uma
concepção política de justiça a fim de promover os justos termos de cooperação entre seus
membros. Tal concepção política de justiça - a justiça como equidade - caracteriza a
sociedade bem-ordenada como aquela na qual todos aceitem e saibam que os outros
aceitam os mesmos princípios de justiça, e as instituições sociais básicas geralmente
satisfazem, e geralmente se sabe que elas satisfazem, esses princípios. (RAWLS, 1981,
pág. 31). É a certeza da reciprocidade no trato entre os homens e a confiança nas
instituições sociais que preservam a sociedade como um empreendimento cooperativo.
Assim, a justiça, na concepção de Rawls, deve, através das instituições sociais, garantir
que não ocorram distinções arbitrárias entre as pessoas na atribuição de direitos e deveres
básicos na sociedade e garantir também regras que proporcionem um equilíbrio estável
entre reivindicações de interesses concorrentes das vantagens da vida social e na
distribuição de renda e riqueza.

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É a partir então da concepção política de justiça gestada numa condição de equidade
entre as pessoas que se desenha o cenário de justiça social rawlsiana.

Rawls, em todo o seu aspecto político e moral, procura desenvolver uma alternativa
ao utilitarismo – a doutrina de que se deve agir de um modo que provenha o maior
benefício para a maioria das pessoas – pois considera o utilitarismo como uma ameaça
aos direitos individuais e se alinha aos pensadores que vêem a sociedade em termos de
um contrato social. (RAWLS, 1981, pág. 40).

1.2.Os dois princípios da justiça como equidade: Liberdade igual e Diferença

Os dois princípios de justiça escolhidos e determinados por Rawls, na posição


original, são formulados e organizados de forma serial, para que ele possa aplicar na
estrutura básica da sociedade e assim chegar à conclusão de sua teoria. Os princípios de
justiça seriam aqueles que poderiam ser acordados entre os indivíduos de uma sociedade
em uma situação hipotética a qual ele chamou de posição original. Para Rawls, esta
posição corresponderia à situação em que fossemos agentes morais desinteressados que
não conhecêssemos nossa situação real de vida, incluindo raça, sexo ou condição
econômica (RAWLS, 1981, pág.36).

Rawls enuncia primeiramente o princípio da liberdade igual, que garante igual


sistema de liberdades e direitos o mais amplo possível, sendo a liberdade igual a todos os
indivíduos, e depois anuncia o princípio da diferença que assegura que as eventuais
desigualdades econômicas na distribuição de renda e riqueza somente são aceitas caso
beneficiem especialmente os menos favorecidos, em ambos, nenhuma vantagem pode
existir moralmente se isto não beneficia aquele em maior desvantagem. (RAWLS, 1981,
pág. 67). Este princípio é criticado por muitos filósofos com base na argumentação de
que se uma vantagem é obtida sem prejuízo dos demais, isto não pode criar uma obrigação
para com terceiros. Para ele, somente a comunhão dos dois princípios de justiça e que
ajudarão a nortear esta problemática.

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Assim sendo, entende que estes os indivíduos devem necessariamente concordar
com os dois princípios, onde direitos e liberdades devem ser tão extensos quanto possível,
para cada indivíduo, até o ponto que não infringisse direitos e liberdades dos outros
indivíduos e as desigualdades sociais e econômicas devem estar igualmente disponíveis
para qualquer posição prover o melhor benefício pela menor desvantagem.

O primeiro princípio, da liberdade igual, se refere à ampla gama de liberdades


básicas de um indivíduo, entendido como um cidadão participante de um estado de
direito. São, portanto, a liberdade política – de votar e ser votado - de expressão, de
reunião, de propriedade privada, etc. De acordo com o primeiro princípio, essas
liberdades devem ser iguais a todos os indivíduos.

Como explica Freeman, Rawls considera essas liberdades básicas porquanto


moralmente mais significantes e imprescindíveis para os indivíduos. Em primeiro lugar,
elas são necessárias para a consideração e escolha de seus vários interesses. Em segundo
lugar, são também necessárias para que os indivíduos possam ter um senso de justiça,
uma vez que este se manifesta quando da busca ativa de seu próprio bem em relação à
sociedade (FREEMAN, 2002, pág. 15).

O segundo princípio, da diferença, se aplica à distribuição de renda e riqueza e ao


escopo das organizações que fazem uso de diferenças de autoridade e de responsabilidade.
Quanto ao primeiro item – a distribuição de renda e riqueza – é preciso salientar que esta
não precisa ser igual, mas deve ser vantajosa para todos. Quanto ao segundo item, basta
dizer que ao mesmo tempo que a distribuição de renda deve se dar de tal modo que
beneficie a todos, as posições de autoridade e responsabilidade devem também ser
acessíveis a todos (RAWLS, 1981, pág. 68).

Na primeira parte do segundo princípio, Rawls se encontra margeando dois pontos


fundamentais da questão sobre a igualdade econômica: de um lado há a perspectiva liberal
tradicional, capitalista, que permite a desigualdade generalizada de riqueza, uma vez que
essa é decorrente da capacidade de cada um e/ou das contingências de seu nascimento;
de outro lado, a perspectiva comunista, que postula a divisão igualitária dos bens.

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O filósofo americano reconhece que a divisão igualitária dos bens primários e da
autoridade traz problemas às eficácias econômicas e organizacionais, bem como o
liberalismo do traz conseqüências sociais graves. Entre os dois extremos, Rawls acredita
encontrar um meio-termo no qual as desigualdades sócio-econômicas são permitidas
desde que haja um compromisso dos mais favorecidos em relação aos menos favorecidos,
ou seja, que o progresso dos primeiros se reflita na melhoria também da situação dos
segundos, ao contrário do que ordinariamente acontecia (e ainda acontece) na lógica do
capitalismo. Isso é o que Rawls chama de princípio da diferença, segundo ele: (...) os
princípios da justiça, em particular o princípio de diferença, aplicam-se aos princípios e
aos programas políticos públicos que regem as desigualdades econômicas e sociais. Eles
servem para ajustar o sistema dos títulos (no sentido jurídico) e dos ganhos e para
equilibrar as normas e preceitos familiares que esse sistema utiliza na vida cotidiana. O
princípio de diferença vale, por exemplo, para a taxação da propriedade e da renda, para
a política econômica e fiscal. (RAWLS, 2000, pág. 34).

Assim, com os dois princípios da justiça de sua teoria, Rawls procura resguardar o
valor do indivíduo, seja protegendo as suas liberdades básicas fundamentais, seja
propiciando melhorias sociais em sua vida. Para tanto, os princípios devem obedecer a
uma ordenação serial, sendo que o primeiro antecede o segundo. Essa ordenação significa
que as violações das liberdades iguais protegidas pelo primeiro princípio não podem ser
justificadas nem compensadas por maiores vantagens sociais (RAWLS, 1981, pág. 65).
Logo se vê que essa é uma garantia que o utilitarismo não poderia dar.

São esses, portanto, os princípios que configuram a idéia da justiça como equidade.
Essa concepção de justiça não pretende a divisão igualitária e totalizadora dos bens
primários ou da autoridade, uma vez que esse tipo de desigualdade é, por um lado,
necessária (como no caso da motivação profissional e da livre iniciativa) e também é, por
outro lado, inevitável, haja vista a dinamicidade da sociedade e as características de cada
pessoa, fatores que a ingerência estatal não consegue jamais controlar.

Nesse sentido, a equidade (fairness, no original) deve ser entendida como a


tentativa de equalizar os interesses discrepantes inevitavelmente presentes em qualquer
sociedade de forma equânime (fair), ou seja, de uma forma que possa ser vantajosa para
todos, segundo os dois princípios básicos escolhidos em uma situação de acordo inicial
equitativa.

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Como esses princípios são escolhidos para reger a estrutura básica da sociedade,
formando um conceito de justiça procedimental pura e equânime, a injustiça, nesse caso,
como afirma Rawls, constitui-se simplesmente de desigualdades que não beneficiam a
todos (RAWLS, 1981, pág. 66).

O Princípio da Diferença, onde as desigualdades sociais e econômicas devem ser


ordenadas de tal modo que ambas são (a) consideradas como vantajosas para todos dentro
dos limites do razoável e (b) vinculadas a posições e cargos acessíveis a todos, ou
seja, vantagens para todos, abertos a todos. (RAWLS, 1981, pág. 68).

Estes dois pilares compreendem a idéia de justiça formulada por Rawls, embora
não resolvam alguns problemas práticos. De todo modo, a concepção do autor considera
a necessidade de estabelecer certa ordem de prioridades entre os dois princípios. O
princípio da liberdade igual, por exemplo, tem prevalência sobre o segundo. O princípio
da oportunidade justa sobrepõe-se ao da diferença. Uma vez que se esteja em uma
situação de bem-estar acima da luta pela sobrevivência, a liberdade adquire prioridade
sobre o bem-estar econômico ou sobre a igualdade de oportunidades. Sob este prisma,
pode-se inferir que o pensamento de Rawls é o de um liberal.

Não obstante a tudo o que foi dito, acrescenta-se que cada um dos princípios
mantém a idéia de distribuição justa. Quanto à questão da desigualdade apresentada por
RAWLS apud OLIVEIRA salienta:

“Assim, uma desigualdade de liberdade, oportunidade ou rendimento será permitida


se beneficiar os menos favorecidos. Isto faz de Rawls um liberal com preocupações
igualitárias. Considera mais uma vez alguns exemplos. Um sistema de ensino pode
permitir aos estudantes mais dotados o acesso a maiores apoios se, por exemplo, as
empresas em dificuldade vierem a beneficiar mais tarde do seu contributo, aumentando
os lucros e evitando despedimentos. Outro caso permitido é o de os médicos ganharem
mais do que a maioria das pessoas desde que isso permita aos médicos ter acesso a
tecnologia e investigação de ponta que tornem mais eficazes os tratamentos de certas
doenças e desde que, claro, esses tratamentos estejam disponíveis para os menos
favorecidos” (VAZ, Faustino apud OLIVEIRA, 1999).

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É interessante observar que Rawls se atém acerca dos direitos civis e políticos
considerados nas democracias liberais – a liberdade de expressão, o direito de ir e de vir,
o direito à justiça, o direito de se defender juridicamente, o direito de se candidatar a
cargos públicos, assim como o direito de votar e ser votado. Note-se que tais direitos
constituem, sobremodo, a base dos direitos inalienáveis do indivíduo no Estado
Democrático de Direito, constituindo o que hoje se entende por Cláusulas Pétreas na
Constituição Moçambicana actual.

Em paralelo, segundo a concepção rawlsiana, uma vez solucionadas as questões


atinentes aos direitos e liberdades básicas nas sociedades democráticas, estas se deparam
com a problemática da distribuição justa dos recursos econômicos. Ora, como resolver
isso? Rawls acredita que este tipo de distribuição só é possível adotando-se o princípio
da diferença, a respeito do qual destaca dois argumentos, conforme se vê a seguir.

O primeiro argumento aborda a questão da igualdade de oportunidades. Segundo


este princípio, as escolhas das pessoas determinam os seus respectivos destinos e não
apenas as circunstâncias em que se encontrem. Assim, não se poderia negar a um
indivíduo a oportunidade de realizar suas expectativas e anseios com base – ou em função
– em sua origem social, étnica ou cultural. Ainda segundo este mesmo princípio, o
entendimento acima é intuitivo. Intuitivamente também não se pode achar (na maioria
das vezes, presume-se) que uma pessoa de cor não possa se tornar o presidente de uma
grande empresa, apenas por ser de cor. Refletindo um pouco, uma vez garantida a
igualdade de oportunidades, como diz o autor:

“(...) prevalece nas sociedades atuais a idéia de que as desigualdades de rendimento


são aceitáveis independentemente de os menos favorecidos se beneficiarem ou não dessas
desigualdades. Como ninguém é desfavorecido pelas suas circunstâncias sociais, o
destino das pessoas está nas suas próprias mãos. Os sucessos e fracassos dependem do
mérito de cada um, ou da falta dele. É assim que a maioria pensa” (VAZ, Faustino, idem).

Entende-se que embora a maioria das pessoas conceba que os indivíduos têm
oportunidades iguais, esta idéia não respeita o fato de que estes indivíduos deveriam ter
os seus destinos determinados pelas suas escolhas e não pelos determinantes sociais pura
e simplesmente. É o que Rawls articula em seus escritos.

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Dessa forma, Rawls fundamenta a sua teoria da sociedade justa. Ele exige que os
princípios sejam inseridos em ordem serial ou lexical (opção do autor, já que o termo
correto, lexicográfico, é considerado por ele muito desajeitado). Através deste método, o
primeiro princípio da ordenação deve ser satisfeito antes de podermos passar para o
segundo, o segundo antes de considerarmos o terceiro e assim por diante. Um
determinado princípio não será considerado até que aqueles que o precedem sejam
plenamente aplicados ou se constate que não se aplicam ao caso. Uma ordenação serial
evita, portanto, que sequer precisemos ponderar princípios; os que vêm antes na
ordenação têm um peso absoluto, por assim dizer, em relação aos que vêm depois, e valem
sem exceção.

Para que possa aplicar os princípios da justiça, Rawls apresenta regras de


prioridade que são:

- A Prioridade da Liberdade: Os princípios da justiça deve ser classificados em


ordem lexical e, portanto as liberdades básicas só podem ser restringidas em nome da
liberdade.

Existem dois casos:

- Uma redução da liberdade deve fortalecer o sistema total das liberdades


partilhadas por todos; e

- Uma liberdade desigual deve ser aceitável para aqueles que têm liberdade menor
para aqueles cidadãos com a liberdade maior).

Para definir as prioridades de liberdade básica (RAWLS, 1981, pág. 52), socorre-
se de Aristóteles, já que este grande filósofo observa que uma das peculiaridades dos
homens é que eles possuem um senso do justo e do injusto, e que o fato de partilharem
um entendimento comum da justiça cria a polis. Depois, a teoria da justiça repousa sobre
pressupostos pouco exigentes e amplamente acatados. Assim, poderá ela conseguir uma
aceitação geral. As nossas liberdades estão mais firmemente embasadas quando derivam
de princípios com os quais as pessoas, situadas equitativamente umas em relação às
outras, podem concordar.

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O segundo principio é o da Prioridade da Justiça sobre a Eficiência e sobre o Bem-Estar
que é lexicalmente anterior ao princípio de eficiência e ao princípio de maximização da
soma de vantagens: e a igualdade equitativa de oportunidades é anterior ao princípio da
diferença. Existem dois casos:

- Uma desigualdade de oportunidades deve aumentar as oportunidades daqueles que


têm uma oportunidade menor e

- Uma taxa excessiva de poupança deve, avaliados todos os fatores, tudo é somado,
mitigar as dificuldades dos que carregam este fardo.” (RALWS, 2002, pág. 55). Estas
liberdades (de cidadania) incluem a liberdade de consciência e de pensamento, a liberdade
individual e a igualdade dos direitos políticos (RAWLS, 1981, pág. 67).

A Liberdade de consciência é o de o cidadão fazer aquilo que considere justo, de


acordo com as exigências do interesse estatal na ordem e na segurança públicas. Rawls
trata o exemplo do culto religioso ou prática sexual que possa causar sentimentos de
aversão ou ira à maioria. Enquanto que o utilitarismo poderia justificar duras medidas
repressivas contra tais ações que não causam dano social algum, isto não poderia
acontecer se houvesse subordinação aos princípios de justiça de Rawls, pois a satisfação
dos sentimentos (de aversão e ira) carece de valor que se possa colocar em oposição ao
direito de outra liberdade igual.

Assim, frente aos princípios de justiça, pouco importa intensidade dos sentimentos
ou o fato que estes sejam compartilhados pela maioria. As bases da doutrina da liberdade
pessoal não estão bem assentadas, baseando-se na idéia que a liberdade de consciência
deve fundar-se em princípios que assegurem a integridade das liberdades religiosa e
moral. A manutenção de valores religiosos e morais, porém, sobrepõem-se naturalmente
a outro interesse, a tal ponto que as generalizações do utilitarismo sobre elas recai, como
visto, contrariando à própria justiça igualitária.

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2. Conclusão

Diante de todo o exposto, entende-se que a compreensão do conceito de Justiça


requer uma visão ampla e ao mesmo tempo centrada numa discussão ética histórica e
social. Neste diapasão, o filósofo Jonh Rawls defende que os dois pressupostos básicos
para o estabelecimento de uma sociedade mais justa seriam a igualdade de oportunidades
abertas a todos em condições de plena equidade, e a condição de que os benefícios nela
auferidos devem ser repassados preferencialmente aos menos privilegiados da sociedade,
os socialmente desfavorecidos. Nesta perspectiva, entende Rawls, que justiça e equidade
significa, antes de mais nada, amparar os desvalidos, corrigindo as desigualdades sociais.

A Teoria da Justiça de John Rawls tem o mérito de ser a primeira grande teoria
geral sobre a justiça, embora tenha sido – e ainda venha sendo – alvo de críticas quanto
ao seu conteúdo. Não obstante, veio a provocar uma reorientação no pensamento
filosófico americano, até então interessado em questões epistemológicas e lingüísticas,
canalizando-o em direção aos problemas ético-sociais. Também alcançou o mérito de ter
propiciado um novo tipo de igualitarismo teórico, um igualitarismo não mais de
oportunidades, mas de resultados.
Os princípios da justiça idealizados por Rawls são as liberdades públicas ou direitos
fundamentais, que a melhor doutrina jurídica sobrepõe a todo e qualquer direito ou dever,
até mesmo de natureza constitucional, já que são alicerce do próprio Estado de Direito.
Nesse sentido, é possível a afirmação de que toda lei injusta é substancialmente
inconstitucional. Quando Rawls sustenta a possibilidade da desobediência civil, sempre
que houver descumprimento de tais liberdades, na realidade, significa que a
governabilidade corre sérios riscos, caso o sentimento de justiça da sociedade não
coincida com o ordenamento jurídico. Muito embora a lei injusta possa ser vinculativa
nos casos de inocorrência de inconstitucionalidade a mesma cairá no desuso e, portanto,
a sua aplicação ocasionará o descrédito das instituições.
De fato, é inconcebível a existência de uma unidade a respeito de justiça, eis que
diferentes são as pessoas e diferentes são também as culturas e as sociedades. Ao contrário
do que se imagina, Rawls reconhece tal impossibilidade, ao sustentar a necessidade de
um consenso sobre justiça. Assim sendo, a justiça terá sempre um conceito relativo,
devendo prevalecer o entendimento da maioria daqueles que com ela convivem.

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3. Referências Bibliográficas
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Brasília: Universidade de Brasília, 1981.
__________, O Liberalismo Político, 2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2000.
___________,Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
BARZOTTO, L. F. A Democracia na Constituição. São Leopoldo: Editora Unisinos,
2003.
KUKATHAS, Chandran. PETTIT, Philip. Rawls: Uma teoria da Justiça e os seus
críticos. 1ª Edição. São Paulo: Gradiva, 1995.
MACEDO, Ubiratan Borges de. A crítica de Michael Walzer a Rawls. v. 21 Rio de
Janeiro, 1996.
NEDEL, José. John Rawls: uma tentativa de integração de liberdade e igualdade. Porto
Alegre: Edipucrs, 2000.
OLIVEIRA, Neiva Afonso. Rousseau e Rawls: contrato em duas vias. Porto Alegre:
Edipucrs, 2000.
OLIVEIRA, Nythamar Fernandes de. Tratados ético-politico. Genealogia do ethos
moderno. Porto Alegre: Edipucrs, 2003.
PERELMAN, Chaim. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
(Fraguimentos da monografia apresentada ao Curso de Especialização em Filosofia
Política da Universidade Federal do Maranhão)

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