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12.

ºB
Ano Lectivo 2009/2010

PSICOLOGIA

[RELAÇÕES PRECOCES]
“Para os ouvidos de uma criança, a palavra da mãe é mágica em qualquer língua.”

Discentes:
Ângela Lopes n.º 4
Maria Ferreira n.º 15
Marina Coelho n.º 16
Sara Ferreira n.º 20
Psicologia
Relações Precoces

Índice:

Introdução …………………………………………………………...…………………. Páginas 2 e 3


Desenvolvimento ………………………………………………………………………..Página 2 - 8
Conclusão ………………………………………………………………………….…… Páginas 8 -10
Bibliografia ……………………………………………………….…………………….. Página 11

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Psicologia
Relações Precoces

Relações Precoces

Desde os primeiros hominídeos até aos humanos de hoje, ocorreram diversas transformações,
tanto fisiológicas, como anatómicas, como mentais, como comportamentais. A maternidade foi um
conceito que evoluiu de mãos dadas com estas modificações.
Quando nos referimos a maternidade, focamos essencialmente a relação entre mãe e filho. As
crianças foram durante muito tempo subestimadas, no passado, mas felizmente, o estereótipo de que
eram “atrasadas” acabou por se extinguir. Esse estereótipo derivava da falta de conhecimento sobre os
bebés e das ideias erradas sobre eles que isso acarretava. O facto de se ter extinguido teria muito a ver
com os avanços na psicologia, que demonstraram ser um grande passo no que toca à mudança de
mentalidades.
Os laços entre mãe e filho nunca foram homogéneos conforme o passar do tempo. Ao princípio,
a chegada de uma criança não era mais que uma consequência biológica, resultante da actividade
sexual e cujo único objectivo seria prolongar a existência da espécie na Terra. Como nos
assemelhávamos mais a animais irracionais do que a humanos, os cuidados prestados ao recém-
nascido provinham de comportamentos inatos, aprendidos e automáticos, fazendo com que os laços
formados entre mãe e filho fossem débeis, quase inexistentes.
Passaram-se milhares de anos, que se traduziram em humanos, sociedades complexas,
descobertas, e inteligência. Cientes de nós mesmos, inteligentes e autónomos, mas não muito cientes
das capacidades e virtudes dos bebés. Há alguns séculos atrás, ter filhos reflectia-se na preservação da
família e do seu historial, e na procura de um filho varão que pudesse suceder ao seu pai na chefia de
todos os seus bens. E se nos referirmos às classes sociais mais baixas, um filho era sinónimo de mais
duas mãos a trabalhar. Tanto pai como mãe, em geral, não intervinham muito nos cuidados dos bebés,
ou porque os entregavam a amas, aias ou criadas, ou porque trabalhavam demasiado e não lhes restava
tempo para isso. As coisas pioravam quando os descendentes eram do sexo feminino, pois recebiam
ainda mais indiferença por parte dos pais, apenas por não serem rapazes.
Felizmente as mentalidades foram mudando, remetendo-nos mais ou menos para o tempo dos
nossos avós. A mãe começa finalmente a ser o porto seguro para o bebé, exercendo todas as funções
que lhe permitiam sobreviver, mas também aquelas que o tornavam mais feliz. A mãe deixa de
trabalhar, inclusive, dedicando o seu tempo à educação dos filhos e às lidas domésticas. O tempo
dedicado aos filhos resulta no reforço de laços afectivos, que se tornam mais fortes, mais vinculados.
O pai, no entanto, era ainda visto como uma figura ausente, não participante na construção da
identidade dos filhos. Muitas vezes era visto como uma figura austera, que impunha respeito e que
trabalhava muito para suprir as necessidades da família (diga-se de passagem que eram muitas, pois
cada família tinha muitos filhos). Este comportamento era muitas vezes ditado por padrões sociais.

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Hoje, em pleno século XXI, o papel da mãe é aceite como o mais importante da vida do bebé.
Logo à nascença verifica-se uma ligação entre mãe e filho muito forte (na maioria dos casos), que se
denomina por relação precoce. Actualmente a nossa sociedade caminha no sentido de equilibrar o
papel do pai e da mãe na vida do bebé, ou seja, caminhamos no sentido de ambos poderem
desempenhar o papel de “mãe”. Como é sabido, mãe é aquela que ama e cuida do filho, e não aquela
que se limita a dar à luz.
A relação precoce traduz-se numa proximidade entre mãe e filho, denominada vinculação ou
apego. Segundo o psicólogo Schaffer, esta é uma ligação emocional muito próxima entre o bebé e a
pessoa que satisfaz as suas necessidades, sobretudo as afectivas. A vinculação aparece como uma
necessidade básica semelhante à alimentação e à sexualidade. Nascemos pois, com uma predisposição
genética para estabelecer laços, para nos vincularmos, afinal, somos seres sociais. Esta é a teoria de
Bolwby.
Segundo uma experiência de Mary Ainsworth, existem três tipos de vinculações: vinculação
segura, vinculação insegura/evitação e vinculação insegura/resistência. A sua experiência consistiu
numa “situação estranha”, em que a criança e a mãe ou uma figura materna substitutiva, são colocadas
num ambiente não familiar (a sala de brinquedos de um laboratório), juntamente com um adulto
amistoso, mas desconhecido da criança. O objectivo desta situação era verificar a reacção da criança
quando a mãe estava na sala, quando não estava na sala, as duas situações com um estranho à mistura,
e o comportamento da criança quando a mãe regressava à sala.
Os resultados obtidos foram conclusivos:
- 65% das crianças manifestavam alegria e descontracção ao explorar a sala dos brinquedos, prestavam
atenção a estranhos embora não os considerassem fonte de segurança, isto quando a mãe estava
presente. Quando esta se ausentava as crianças ficavam um pouco tensas e corriam para ela quando
esta regressava. Estes resultados deram origem ao conceito “vinculação segura”, ou seja, as crianças
tinham uma vinculação forte com a mãe permitindo ter um comportamento em que estavam mais
seguras de si próprias.
- 23% das crianças permaneciam sempre junto da mãe, não tendo iniciativa para explorar o laboratório,
ficando extremamente inseguras e nervosas quando a mãe se ausentava, parecendo zangadas quando
esta voltava, como que se estivessem a censurar por a ter deixado ali. Resistiam ainda a qualquer
aproximação de estranhos, não se afastando da mãe. O conceito “vinculação insegura/resistência”
reflecte-se em bebés cuja vinculação não é tão forte e portanto o relacionamento com os outros torna-
se ainda mais difícil, pois a vinculação é o primeiro passo para as relações com os outros.
- Por fim, 12% das crianças não prestavam atenção à mãe, não manifestavam desconforto, quando ela
saía, embora se mostrassem muito nervosas quando ficavam sozinhas. A pessoas estranha era tão
importante como a mãe em termos de confiança e conforto. O conceito de “vinculação
insegura/evitação” designa uma pequena percentagem de crianças cuja vinculação com a mãe era

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ténue, quase indiferente, e era mesmo esse o sentimento que a criança parecia nutrir por ela, ou seja,
apatia pela mãe e pelos outros de igual forma.
Os trabalhos desta psicóloga mostram a importância de vinculação entre bebé/mãe como
primeiro passo para a sua personalidade e para a relação com os outros.
A mãe é, normalmente, a primeira pessoa com a qual o bebé estabelece um vínculo afectivo, no
entanto podem surgir outras entidades (pai, ama, mãe adoptiva, avós, etc.) que podem complementar
ou até mesmo assumir o papel maternal. Esta é uma característica das relações precoces: o adulto
responsável pelo bebé não precisa de ser a mãe biológica, pois os cuidados prestados ao filho não
dependem de laços biológicos ou naturais. Assim, a palavra “mãe” no contexto da vinculação designa
um adulto que dedica tempo à criança, lhe proporciona experiências positivas e responde tanto às
necessidades fisiológicas como afectivas eficientemente, garantindo assim a sua integração na
sociedade como membro activo, bem sucedido e feliz.

O agente maternante é, pois, o elo mais importante no desenvolvimento do bebé, já que este é
um ser imaturo, ou seja, nasce desprovido de capacidades que lhe permita sobreviver sozinho. O
adulto fica assim responsável pela satisfação das suas necessidades durante um longo período de
tempo que normalmente inclui a infância e a adolescência.
Hoje em dia, esta responsabilidade está bem presente na nossa sociedade, mas como já
dissemos, nem sempre foi assim. No último século houve grandes mudanças nas mentalidades, cujos
principais impulsionadores foram Piaget, Freud e Erikson. Estes psicólogos evidenciaram
essencialmente as capacidades com as quais as crianças nascem e que podem ser desenvolvidas, a
importância das primeiras vivências afectivas como os primeiros alicerces da personalidade e também
o sentimento de confiança/desconfiança que é transmitido, que interfere com o futuro relacionamento
social da criança. Estes aspectos mostram que o desenvolvimento da criança é dinâmico e depende
muito dos primeiros contactos do bebé com o mundo.
Este “mundo novo” irá interagir com o bebé, mal ele nasça, transmitindo-lhe um sem número
de impressões às quais ele não está habituado. A Natureza proporcionou-lhe assim uma herança
genética com um conjunto de reacções para o ajudar a enfrentar os problemas mais simples, às quais

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denominamos de competências básicas do bebé: os bebés nascem com comportamentos inatos e


reflexos, que lhes permitem tanto satisfazer necessidades fisiológicas (ex. sucção) como evitar a dor.
São os primeiros mecanismos defensivos da criança em relação ao mundo que a rodeia. O bebé tem
também capacidades que o ajudam a relacionar-se com as pessoas, entre elas o choro. O choro é o
mais conhecido meio de comunicação utilizado por ele para dizer que necessita de algo. É uma forma
de chamamento básica que surge em momentos apropriados, para que a mãe se aproxime. Segundo o
trabalho de Sílvia Bell e Mary Ainsworth, crianças cujas mães demoram mais tempo a responder a
este chamamento tendem a chorar com mais frequência do que as crianças cujas mães atendem os
filhos prontamente. Esta reacção pronta e carinhosa, segundo as especialistas, induz no bebé um estado
de ser capaz de lidar com outras pessoas, levando-o a tentar outras formas de comunicação como o
sorriso e o aceno. Estas competências relacionais manifestam-se muito cedo, e segundo Spitz, são as
primeiras amostras da sociabilidade de bebé, que abrem os horizontes deste, e o seu mundo
anteriormente concentrado na mãe, começa a admitir mais pessoas. Uma outra capacidade do recém-
nascido é a de imitar expressões, prova que é capaz de aprender facilmente apenas pela observação.
Os psicólogos verificaram ainda que o bebé reage mais facilmente a estímulos humanos como
a voz, e que prefere olhar para pessoas do para outros objectos. Uma coisa muito importante, é que os
bebés, com poucos dias de vida, já conseguem distinguir a mãe pelo cheiro e pela voz. Esta capacidade
o que é parecida a capacidades existentes nas crias de outras espécies, como por exemplo as focas e os
patos: a mãe foca, à nascença, memoriza o cheiro da sua cria, e a cria o cheiro da sua mãe, para que se
consigam encontrar no meio de todas as outras focas, enquanto que os patinhos confiam e seguem a
primeira coisa que virem quando abrem os olhos, mesmo que o que vejam seja algo muito diferente da
mãe pata.
Concluímos assim que o bebé vem recheado de capacidades básicas (tanto psicológicas e
sociais como motoras) que poderão mais tarde ser desenvolvidas e trabalhadas, o que é preciso é saber
estimulá-las.
Para isso, é necessário que o adulto tenha uma vida equilibrada que lhe permita proporcionar
ao bebé uma série de experiências positivas, visto que é ele irá impulsionar o desenvolvimento do
bebé através do apoio e da aprendizagem. Esta é a primeira competência que o casal necessita ter, bem
como equilíbrio entre as profissões e o papel de mãe/pai. No entanto, a mãe biológica tem um papel
fundamental na concepção do bebé, como é óbvio, e o seu corpo, nomeadamente o seu sistema
hormonal tem de estar preparado para a gravidez e posterior aleitamento do bebé - é uma competência
biológica da mãe. Após o nascimento, ela está encarregue de o criar (não necessariamente a mãe
biológica), até este se tornar autónomo. Este “criar” reflecte-se na prestação de cuidados que são
influenciados por padrões sociais. Há muitas maneiras de cuidar de um bebé, mas na verdade, uma
mulher que nunca tenha visto como se cuida de um filho também não será capaz de o fazer. Então, a
mãe também precisa aprender por imitação de comportamentos – competência social. Por fim, os

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cuidados maternos também envolvem sentimentos como o carinho e a ternura. Enquanto que se
aprende como cuidar de um bebé, não podemos a aprender a nutrir sentimentos por eles, pois é algo
que tem que ver com o nosso temperamento, com o temperamento de cada mãe, uma competência
emocional de cada uma – competência emocional.
As competências da mãe e do bebé são assim importantes para a relação que se estabelece
entre eles e para o desenvolvimento futuro da criança: personalidade, auto-estima, capacidade de
adaptação a novas situações, etc.

Contudo, podemos dizer que a relação mãe - filho, começa muito antes do nascimento do bebé,
na imaginação dos pais. Quando uma mãe acaricia a sua barriga, fantasiando se será menino ou
menina, como será ele, e com quem se parecerá, está a criar um laço afectivo que se intensificará com
o nascimento.

As primeiras etapas da vida são determinantes para a evolução e desenvolvimento da criança.


As relações que esta estabelece com o mundo irão assegurar-lhe as principais bases construtivas para
um futuro intelectual, emocional e social equilibrado.
Os laços que se verificam nos humanos verificam-se também noutras espécies entre
progenitores e crias, como por exemplo nos macacos. Quando existe uma quebra deste vínculo, ou
seja, no afastamento entre mãe e filho, muitas crianças manifestam reacções de desassossego e
ansiedade. Acerca disto, Freud constata que nestas situações o bebé teme que as suas necessidades
básicas fiquem por satisfazer, e isto justificaria os sentimentos desagradáveis que este sente. Na

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mesma ordem de ideias, John Bowlby interpreta a relação de vinculação como o apego ao bico do
seio ou do biberão. Estas duas vertentes foram refutadas uma vez que se verificou que os bebés muitas
vezes se ligam mais fortemente a pessoas inerentes à sua alimentação do que a pessoas que estão
directamente ligadas ao alimento. Isto permite-nos admitir que a vinculação está relacionada com a
predisposição inata que o ser humano tem para a socialização.

O que referimos anteriormente confirma-se mais uma vez com as experiências realizadas por
Harlow, que utilizou crias de macacos Rhesus. A experiência consistia em colocar duas macacas
artificiais, uma constituída por arame e um biberão, e a outra por tecido felpudo. O modelo de arame
fornecia alimento à cria, enquanto que o modelo felpudo apenas lhe assegurava aconchego. Harlow
verificou que as crias preferiam a mãe de tecido felpudo independentemente de esta não lhe oferecer
alimento. O pequeno animal permanecia a maior parte do tempo abraçado a esta e mesmo quando
sentia fome procurava chegar ao alimento sem largar totalmente a mãe felpuda. Quando em contacto
com situações estranhas que lhe causavam medo, refugiava-se na mesma nesta “mãe”.
No entanto, em experiências realizadas posteriormente, Harlow concluiu que embora os
macaquinhos tenham estabelecido laços afectivos com a mãe felpuda, encontravam-se em situações de
isolamento, pois estavam sozinhos com uma mãe que não interagia com eles. Ao integrar o
macaquinho num grupo, verificou-se que ele não se comportava como os demais, irregularidade que é
fruto da privação de estimulação de aprendizagem e de interacção.
Como é óbvio estas experiências não podem ser aplicadas ao ser humano devido às diferenças
existentes entre as duas espécies, no entanto tal como nos macacos os bebés humanos para além de
necessitarem de criar laços afectivos com alguém necessitam ainda que o meio social onde estão
inseridos, estimule a interacção com outros membros de grupo.
A ausência de estimulação social provoca assim, problemas no comportamento futuro dos
bebés, no entanto é bastante pior se a mãe estiver ausente. Acerca da ausência afectiva materna, René
Spitz, realizou uma série de estudos em crianças que durante os primeiros tempos de vida viveram em
instituições hospitalares ou orfanatos privadas da presença da mãe. Apesar de a estas serem dados
cuidados físicos adequados como a alimentação, a higiene e tratamentos médicos, eram praticamente

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carentes de afectos maternais. Nestas situações, verificou-se que estas crianças face à presença de
pessoas comportavam-se de duas formas distintas: umas mostravam indiferença e insensibilidade, já
outras arranjavam estratégias para a todo o custo chamarem a atenção.
Ao conjunto de perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de cuidados
maternos, Spitz designou por hospitalismo. Este traz várias consequências tais como: morte precoce,
atraso no crescimento físico e atraso no desenvolvimento intelectual, menos resistência a doenças etc.
Estas doenças aparecem por meios quase psicológicos (uma mente doente, é um corpo doente), pois a
criança sente-se culpada pelo seu abandono, acha que falhou em alguma coisa, que cometeu algo grave,
e as doenças que aparecem frequentemente nestas crianças são tomadas por uma consequência desses
actos. A separação do bebé ou criança do seu lar é muito penoso, e representa uma grande ferida na
sua identidade. Os estudos efectuados por Spitz, conduziram a um melhor entendimento destas
dificuldades e a alterações nas instituições que abrigavam crianças.
Outra perspectiva sobre a carência afectiva materna foi observada por Bowlby quando
constatou que crianças afastadas da família por um período superior a três meses, sofrem perturbações
que se podem dividir em três fases: inicialmente mostram desespero, posteriormente apresentam um
sentimento de irritação e cólera face à família, e por fim caem num estado de indiferença e apatia.
A partir destas experiências conclui-se então, que o vínculo afectivo não é uma resposta
natural do filho à mãe, mas antes uma necessidade de cariz emocional que é satisfeita com acções
gratificantes como ser embalado, abraçado, beijado, etc. As acções gratificantes experimentadas pela
mãe são projectadas para o bebé, contribuindo de forma positiva para a construção da identidade do
mesmo. Por outro lado vivências traumáticas e inseguranças vividas pela mãe, podem também ser
transmitidas para o bebé e, ao contrário das anteriores, estas podem afectar negativamente a criança. A
partir disto podemos traduzir a relação mãe – filho como um modelo continente – conteúdo que
segundo Wilfed Bion “o bebé projecta no interior da mãe sensações, emoções básicas que não é ainda
capaz de organizar por si”. Uma mãe continente reage às necessidades do bebé substituindo
sentimentos de angústia e ansiedade, em segurança e bem-estar fazendo sentir-se amado e
compreendido. A identificação do bebé com a mãe continente é a condição necessária para que este
enfrente o mundo com optimismo a partir do ego infantil equilibrado que a criança construiu
precocemente.
Com tudo isto, é fácil diferenciar o recém-nascido humano dos adultos, e das outras
espécies em geral: o bebé é um ser frágil, dependente dos adultos para tudo durante um longo período
de tempo, enquanto que, em contraste, os adultos consideram-se autónomos, e as crias de outras
espécies aprendem a desenvencilhar-se sozinhas mais rápido. É um ser intrigante pelo facto de revelar
mais capacidades a cada dia que passa; os adultos são demasiado previsíveis. É um ser inteligente,
sempre pronto a aprender: os adultos tendem a agarrar-se àquilo que já sabem, não estando abertos a
novas aquisições. O bebé é um ser comunicativo, que tenta desesperadamente comunicar com os

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adultos, os adultos é que não compreendem essa comunicação. O bebé é um ser curioso, interessado
em descobrir o que o rodeia; o adulto pensa que já viu tudo o que tinha para ver. O bebé é um ser
simples e sobretudo honesto (as crianças não mentem!), os adultos é que tendem a achá-lo complicado.
Os bebés e os adultos vêem as coisas por prismas diferentes, portanto. Mas há uma coisa que os liga, e
na qual se baseia todo este trabalho: a vinculação. De facto, o vínculo criado entre pais e filhos
humanos é o mais forte de todas as espécies da Natureza.
Os bebés são um pedacinho de nós, que nos enchem de orgulho por cada coisa nova que façam:
o primeiro sorriso, o primeiro equilíbrio, o primeiro passo, o primeiro dente, a primeira palavra, o
primeiro beijo, o primeiro desenho, são algumas das coisas que nos marcam para toda a vida. Quando
damos por ela, o nosso mundo começa a girar em função deste pequeno rebento, em função da sua
felicidade. Queremos faze-lo feliz, queremos dar-lhe sempre o melhor, desde as fraldas até à comida, e
isto, tem um preço. À partida sabíamos que o bebé acarretava inúmeras responsabilidades, incluindo
também as responsabilidades financeiras, mas só nos apercebemos realmente disso quando os números
passam de abstractos a reais, e as contas começam a aparecer: há a conta do infantário, o miúdo tem de
ir ao médico, a criança está a crescer e a roupa já não lhe serve, o miúdo quer um brinquedo, o
baptizado, a mobília de quarto, a papa, etc., etc.. É por isso que hoje em dia, cada casal tem um filho,
dois, três no máximo e muito raramente. A crise económica juntamente com a nossa ânsia de lhes
proporcionar tudo o que de melhor há, limitam o número de crianças por família, o número de crianças
por cidade, e por país. Os jovens adultos que saem da universidade ou que já trabalham, só chegam a
ter filhos quando têm uma vida estabilizada, o que é compreensível. Com todo este desemprego, isto
só costuma acontecer depois dos trinta anos. É por isso que a taxa de mortalidade em Portugal foi
superior à taxa de natalidade: os futuros pais preferem adiar o nascimento da criança do que concebe-
la sem ter possibilidade de a manter.
Mas nem todas as pessoas são iguais. Infelizmente, há pessoas que não têm possibilidades ou
até mesmo competências para cuidar de crianças, e concebem-nas sem o mínimo de responsabilidade.
Estas crianças sofrem traumas profundos vivendo com os pais irresponsáveis, vítimas de maus-tratos,
abusos sexuais, abandono, e o mesmo acontece se viverem em instituições, onde, como já dissemos,
não conseguem ter o carinho materno que deviam, por muito que as auxiliares se esforcem. É muito
triste ver crianças praticamente órfãs, que crescem, na maior parte das vezes, sem esperança no futuro
graças ao seu passado difícil. E é aqui, no meio das instituições, que entra uma das maiores provas da
força do vínculo humano e do amor que somos capazes de sentir uns pelos outros: a adopção. A
adopção de crianças é a solução para muitos casais que querem ter filhos e não conseguem, é a solução
para mulheres ou homens solteiros que não encontraram a pessoa ideal para ter filhos e que querem
muito tê-los, e, mais recentemente, é a solução para casais homossexuais, que estão agora a lutar por
esse direito. Estas pessoas são capazes de criar um filho como se fosse seu, mesmo não tendo
nenhuma semelhança genética ou até mesmo fenotípica com a criança. Amam-nos como se fossem

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pais biológicos, dando-lhe todo o afecto e carinho que ele necessita. São pais tanto ou mais dedicados,
que fazem com que a criança seja feliz, longe dos seus traumas e dificuldades do passado, inserindo-a
na sociedade e no meio que todas as crianças merecem. Criar crianças que não nos pertencem
biologicamente, é uma coisa que não se vê em muitas espécies, facto que nos torna ainda mais únicos
e realça a complexidade dos nossos sentimentos.
A criança é pois, aquilo que faz o mundo girar. Se não houvessem crianças, não tínhamos
razões para viver. Para quê trabalhar, para quê cuidar do ambiente, para quê construir casa e formular
novas leis, novas curas, se depois de morrermos, nada temos para nos substituir?
É por isso que lhes ensinamos muitas coisas desde cedo e lhes damos tanta importância. Toda
a gente tem uma história pessoal, um livro que vai escrevendo com a história da sua vida desde
pequeno. As crianças têm o livro à sua frente e a caneta na mão, mas só se a segurarmos é que elas
conseguem escrever as primeiras páginas da sua vida. Podemos até mesmo dizer que uma criança feliz,
é sinónimo de um mundo melhor.

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Bibliografia/Netgrafia

• Rodrigues, L. (Março de 2009). Psicologia B 12º ano, unidade1. Plátano Editora


• Rodrigues, L. (Abril 2001). Psicologia B 12ºano 1º volume. Plátano Editora
• Abrunhosa, M. A. e Leitão M. (2009). Psicologia B 12º ano volume 2. Edições ASA.
• Monteiro, M. M. e Santos M. R. Psicologia 12º ano 2ª parte. Porto Editora.
• Monteiro, M. M. e Ferreira P. T. (2009). Ser humano, Psicologia B12º ano 1ª parte. Porto
Editora.

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