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ou falsas crenças.

Isto aconteceu nos


anos 60, quando a grande maioria deles
foi incapaz de reconhecer e analisar os

cial brasileira que podia ser válido nos


anos 60 transformou-se, no começo dos
anos 80, em um conjunto de semiver-
dades ou mesmo de falsas crenças, na
medida em que um extraordinário pro-
cesso de acumulação de capital e desen-
volvimento das forças produtivas ocor-
rido nos últimos trinta anos transformou
substancialmente a natureza da formação
social brasileira.
Vejamos, muito sumariamente, algu-
mas dessas semiverdades e dessas falsas
crenças. São oito, escolhidas de maneira
que reconheço relativamente arbitrária.
Luiz Carlos Bresser Pereira Através de sua crítica eventualmente
emergirá uma visão da presente forma-
ção social brasileira. Estarei especial-
mente interessado pelas idéias ou luga-
res comuns prevalecentes entre os gru-
pos de esquerda democrática. As idéias
falsas tanto da esquerda radical quanto
dos conservadores moderados ou radicais
não serão examinadas no presente con-
texto, embora muitas das semiverdades
ou falsas crenças que listarei possam por
eles ser partilhadas.

s intelectuais correm um risco "O Brasil é um país subdesenvolvi-


permanente: depois de formular do." Mais do que uma falsa crença, esta
um diagnóstico basicamente é uma semiverdade. Uma classificação
correto sobre determinada formulação que ainda poderia caber ao Brasil dos
social, passam a se alimentar da troca anos 40 ou dos anos 50, mas que nos
entre si daqueles ideais, tornando-se anos 80, depois de cinqüenta anos de
incapazes de reconhecer e avaliar fatos industrialização intensa, exige muitas
históricos novos que, depois de alguns qualificações.
anos, acabam por invalidar aquele Se subdesenvolvimento for definido em
diagnóstico inicial. termos de baixa renda por habitante em
Os cientistas sociais de esquerda, ape- relação a outros países, o Brasil será um
sar de saberem teoricamente que os fe- país subdesenvolvido ou em grau inter-
nômenos econômicos e políticos são an- mediário de subdesenvolvimento. Mas é
tes de mais nada fenômenos históricos, evidente que essa definição é extrema-
tendem com freqüência a perder a pers- mente pobre.
pectiva dos fatos novos, que transfor- Se subdesenvolvimento se caracterizar
mam antigas verdades em semiverdades pelo caráter dual da sociedade, já será

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SEMIVERDADES E FALSAS IDÉIAS SOBRE O BRASIL

necessária uma primeira qualificação. No nômicos, culturais e políticos situados


Brasil não existe a dualidade clássica nos Estados Unidos, na Europa e no
entre uma sociedade capitalista moderna Japão.
e uma sociedade pré-capitalista tradicio- Entretanto, se examinarmos a sofisti-
nal. O que há é a dualidade entre o ca- cação tecnológica do sistema industrial
pitalismo industrial tecno-burocrático, brasileiro; se dermos atenção para o ní-
estatizado, oligopolista, e o capitalismo vel já alcançado por nossas melhores uni-
mercantil, latifundiário e especulativo. versidades, seja no campo das ciências
Se subdesenvolvimento for sinônimo físico-matemáticas, da engenharia ou das
de pobreza, algumas regiões do Brasil ciências sociais; se considerarmos a di-
serão subdesenvolvidas, outras fortemen- versificação e amplitude do mercado para
te desenvolvidas. O Estado de São Paulo, as artes em cidades como São Paulo e
por exemplo, para quase todos os efei- Rio de Janeiro — começaremos, então,
tos, corresponde, evidentemente, a um a perceber que o Brasil já não está tão
país desenvolvido. longe do centro.
Já se subdesenvolvimento for a inca- Na verdade já deixou de ser um mero
pacidade da economia de integrar uma absorvedor de cultura estrangeira e re-
grande parte da população aos sistemas produtor dos padrões de consumo cen-
produtivos e ao mercado capitalista mo- trais, para começar a gerar ciência crítica
derno, levando à constituição de uma e tecnologia própria. Durante o período
massa de subproletários urbanos e rurais, primário-exportador a cultura brasileira
subempregados, subnutridos, econômica era um mero transplante ornamental da
e politicamente marginalizados, então o cultura européia. Na medida em que essa
Brasil (inclusive São Paulo) será um país cultura não estava ligada aos processos
subdesenvolvido. produtivos, mas relacionava-se apenas à
Se entendermos, entretanto, que o sub- modernização do consumo ao nível de
desenvolvimento se define pelo caráter uma pequena elite, essa era uma cultura
agrícola e extrativo, primário-exporta- de salão, incapaz de contribuir para uma
dor, da economia, o Brasil certamente efetiva avaliação dos próprios problemas
não será subdesenvolvido. O Brasil é brasileiros.
uma poderosa economia industrial, e cer- Essa situação começa a mudar radical-
ca de dois terços de suas exportações já mente a partir dos anos 30 e principal-
são constituídas de produtos industriali- mente dos anos 50, quando surge uma
zados (mais da metade deles são produtos nova geração de intelectuais muito me-
manufaturados). lhor equipados para, utilizando critica-
Finalmente, se entendermos subdesen- mente a cultura estrangeira, analisar a
volvimento como dependência tecnológi- realidade brasileira. Estávamos, entretan-
ca e cultural, o Brasil será ainda um país to, ainda inteiramente voltados para o
subdesenvolvido, mas em franco proces- Brasil. Mais recentemente, porém, o pen-
so de abandonar essa situação. samento brasileiro tende a universalizar-
Na verdade, talvez a melhor forma de se, na medida em que também os pro-
caracterizar o Brasil, em termos de está- blemas da sociedade contemporânea
gio de desenvolvimento, é caracterizá-lo como um todo começam a ser objeto sis-
como um país "subdesenvolvido indus- temático de sua análise. Estamos ainda
trializado". Ou como um dos "novos paí- no início desse processo, mas não há
ses industrializados", de acordo com a dúvida de que a universalização do pen-
terminologia norte-americana a respeito samento brasileiro (e não apenas sua la-
do assunto. Prefiro, entretanto, a expres- tino-americanização) é um sinal concreto
são "subdesenvolvimento industrializa- de que o Brasil vai deixando de ser um
do" porque ela expressa bem as contra- país periférico.
dições e indefinições do atual estágio de Nesse sentido é preciso considerar que
acumulação de capital e incorporação de o Brasil é de fato a oitava economia (em
progresso técnico da economia brasileira. termos de PIB) do sistema capitalista.
Isto significa um imenso mercado inter-
no e uma presença cada vez maior no
plano internacional. Dado o baixo coe-
ficiente de importação do país, a presen-
"O Brasil é um país periférico." ça comercial do Brasil é ainda pequena.
Trata-se de uma variação da semiverda- Mas a presença política começa a se ma-
de anterior, com ênfase na dependência nifestar, inclusive através de uma polí-
em relação aos centros de decisão eco- tica externa relativamente independente.

24 NOVOS ESTUDOS N.º 2


parcialmente absorvidas. Nacionalismo
em relação às empresas multinacionais
significa controlá-las, limitar suas áreas
de ação, induzi-las a exportar e a gerar
"As empresas multinacionais, ex- tecnologias no país. Não significa hosti-
plorando o Brasil, são a principal lizá-las, muito menos culpá-las de todos
causa de seu subdesenvolvimento." os nossos males.
Esta é claramente uma falsa crença, ba-
seada em um nacionalismo que acaba
desviando a atenção dos trabalhadores e
da esquerda do seu principal problema:
a luta de classes. "A burguesia é uma classe domi-
Boa parte da chamada "teoria da de- nante e autoritária, incapaz de as-
pendência" orientou-se no sentido de sumir a direção política e econômi-
demonstrar o erro desse tipo de visão, ca do país e de formular um pro-
que ignora a diferença entre o velho im- jeto de desenvolvimento." Esta semi-
perialismo primário-exportador, e o novo verdade está relacionada com a desilusão
imperialismo industriaíizante e desenvol- de quase toda a esquerda em relação às
vimentista, que surge com as empresas idéias sobre uma "burguesia nacional",
multinacionais industriais, a partir dos que dominaram o Brasil no período po-
anos 50. Entretanto, talvez porque essa pulista, principalmente nos anos 50. É
expressão "dependência" seja dúbia, pou- também uma forma através da qual a
cos entenderam sua mensagem. Entre os burguesia se esconde e disfarça sua pró-
fatos históricos novos que ocorreram nos pria dominação, afirmando-se politica-
anos 50, um dos mais importantes foi mente débil. Quanto ao caráter autoritá-
exatamente essa entrada das multinacio- rio da burguesia, trata-se sem dúvida de
nais industriais. uma constatação histórica, já que a bur-
As empresas multinacionais provocam guesia brasileira, até hoje, em poucos
graves distorções na distribuição de ren- momentos comprometeu-se efetivamente
da, na medida em que facilitam ao país com os ideais democráticos. Mas quando
a reprodução dos padrões de consumo essa afirmação parte de setores radicais
dos países centrais, Por outro lado, se da esquerda, que vêem na burguesia bra-
de um lado transferem tecnologia já sileira e latino-americana um caráter "in-
pronta para o país, de outro dificultam trinsecamente" autoritário, ela perde ob-
a geração de tecnologia dentro do próprio jetividade e se transforma em dogmatis-
país. Finalmente, não há dúvida de que mo ideológico.
transferem uma parte do excedente por Realmente não há por que falar em
elas gerado para o exterior. Mas daí a uma "burguesia nacional" no Brasil, dada
atribuir-lhes a culpa pelo subdesenvolvi- a aliança da burguesia brasileira com o
mento brasileiro, vai uma enorme dis- capitalismo multinacional. Mas isto não
tância. Afinal os lucros das empresas significa que essa burguesia não seja ca-
multinacionais no Brasil dependem dire- paz de formular um projeto político pró-
tamente do desenvolvimento do país e prio, nem que seja intrinsecamente auto-
do crescimento do seu mercado interno. ritária. Na verdade, o processo parcial de
Para os trabalhadores não há diferen- redemocratização do Brasil, que vem
ça essencial entre as empresas nacionais ocorrendo desde meados dos anos 70, é
e as multinacionais. Sob certos aspectos em parte conseqüência de um projeto de
é inclusive necessário admitir que as em- hegemonia política da burguesia. Esta
presas multinacionais são mais favoráveis classe já alcançou no Brasil a hegemonia
aos trabalhadores: pagam melhores salá- ideológica, impondo os valores indivi-
rios e oferecem melhores condições de dualistas e liberais sobre o resto da so-
trabalho. E no processo de luta de clas- ciedade, e agora propõe-se a sacudir a
ses são às vezes mais flexíveis do que as tutela autoritária dos militares e assumir
empresas locais, que ainda não aprende- o comando político mais diretamente.
ram a participar de negociações com os Provavelmente não logrará plenamente
trabalhadores sem o apoio do Estado. seu intento, inclusive porque as demais
Em qualquer hipótese, as empresas classes não aceitarão essa solução linear,
multinacionais são uma realidade funda- que transforma diretamente a classe do-
mental e permanente da formação social minante em classe dirigente.
brasileira. Já estão integradas ao sistema Sem dúvida a burguesia tem sido uma
econômico local e poderão ser no futuro classe conservadora, marcada historica-

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SEMIVERDADES E FALSAS IDÉIAS SOBRE O BRASIL

mente pelo autoritarismo e pela depen- Na verdade a inflação só se torna um


dência do Estado. Sua visão é curta, sua problema fundamental para a economia
capacidade de compreensão dos proble- brasileira nos momentos em que o Go-
mas sociais brasileiros, muito limitada. verno, influenciado por uma visão mo-
A luta de classe é para ela ainda um netarista e incapaz de perceber a dife-
fantasma. Mas é necessário não transfor- rença entre a economia brasileira e as
mar fatores históricos e portanto contin- dos grandes países centrais (que não es-
gentes em fatores intrínsecos e afirmar tão indexadas) insiste em adotar políti-
que a burguesia é "essencialmente" au- cas econômicas recessivas de caráter mo-
toritária, conservadora, e incompetente netarista.
politicamente. A grande acumulação de Não há dúvida que a inflação tem
capital ocorrida nos últimos cinqüenta sido funcional para que os setores oligo-
anos resultou em transformações profun- polistas da economia aumentem sua par-
das, estruturais, nessa classe, a começar ticipação na renda através do aumento
pelo fato de que o capital industrial tor- de suas margens de lucro. Tem também
nou-se definitivamente hegemônico em sido útil para os bancos e rentistas, por-
relação ao capital agrário-mercantil. Hoje que se pretende combater a inflação atra-
a burguesia brasileira é uma nova e po- vés do aumento da taxa de juros.
derosa classe social que não é convenien- Mas, uma vez alcançado determinado
te subestimar. patamar de inflação, este é rígido para
baixo devido à indexação e oligopoliza-
çao da economia. Em conseqüência, não
há outra alternativa para o Governo se-
não entrar em déficit — via subsídios e
"Os tecno-burocratas são meros as- investimentos das empresas estatais —
sessores da burguesia." Outra semi- para em seguida poder aumentar a quan-
verdade que ignora o imenso crescimen- tidade nominal de moeda. Se não o fizer,
to do número e do poder da classe mé- ou fizer parcialmente, de acordo com o
dia assalariada ou tecno-burocrática, seja figurino monetarista que vem sendo ado-
nas grandes organizações burocráticas tado desde o fim de 1980, a economia
privadas, seja principalmente na grande entrará em crise de liquidez e recessão.
organização burocrática estatal, civil e
militar. Sem dúvida a tecno-burocracia é
assessora da burguesia, na medida em
que esta é a classe dominante. Mas não
há dúvida também que essa classe, sendo "Em uma economia capitalista
portadora de relações de produção e de como a brasileira, a renda tende
ideologia próprias, tem interesses e ob- sempre a concentrar-se." De fato, a
jetivos econômicos e políticos que lhe tendência geral da economia brasileira,
são específicos. O regime militar insta- desde que esta se constitui como enti-
lado no Brasil a partir de 1964 é incom- dade nacional no século XIX, foi para
preensível se não partimos desse fato. a concentração da renda. Este é um fenô-
meno típico da acumulação primitiva
característica do capitalismo mercantil
(dominante no Brasil até 1930) e das
primeiras fases do capitalismo industrial,
quando a acumulação capitalista baseia-
"A inflação é o grande problema se na elevação da taxa de mais-valia, dada
da economia brasileira e revela a a incapacidade de os trabalhadores de-
incompetência do Governo." Não há fenderem seus interesses tanto no plano
dúvida quanto à incompetência do Go- político quanto no sindical. Desde 1974,
verno, paralisado pela crise cíclica que entretanto, houve uma moderada rever-
atinge a economia brasileira. Mas deci- são nessa tendência concentracionista, em
didamente a inflação, nessa crise, é muito função, em primeiro lugar, da maior ca-
mais uma conseqüência e um sintoma do pacidade de reivindicação política (elei-
que "o grande problema". O Brasil vem ções de 1974) e, em seguida, do maior
se desenvolvendo apesar de altas taxas poder de reivindicação sindical (greves
de inflação. E seus efeitos concentrado- de 1978-81). De fato, embora os dados
res de renda e distorsivos da acumulação dos Censos indiquem que houve um au-
de capital estão relativamente neutraliza- mento da concentração de renda entre
dos pela indexação generalizada de toda 1970 e 1980, se tomarmos as Pesquisas
a economia.

26 NOVOS ESTUDOS N.º 2


Nacionais por Amostra de Domicílios uma política econômica específica. Basta
(PNADs), realizadas em 1972 e 1976, ve- uma política macroeconômica de manu-
rificamos que o auge da concentração tenção da demanda agregada e do em-
ocorreu em 1972. Os 5% mais ricos da prego e uma política de distribuição de
população, que recebiam 28,3% da ren- renda. Havendo demanda, a indústria e
da em 1960, passaram para 34% em a agricultura que abastecem o mercado
1970 e para 39,8% em 1972, caindo em interno reagirão automaticamente, já que
seguida para 37,9% em 1976 e os mes- dispõem de capacidade instalada, mão-
mos 37,9% em 1980. Pesquisas por nós de-obra e tecnologia adequadas.
realizadas, entretanto, demonstram que o A idéia falsa não é defender o mer-
auge da concentração ocorreu em 1974 cado interno, mas imaginar que haja uma
(ver "Os Desequilíbrios da Economia contradição entre o desenvolvimento des-
Brasileira e o Excedente", em Estudos te mercado e uma política de exporta-
Econômicos, vol. 8 n.° 3, setembro-de- ções. Só haveria contradição se a econo-
zembro 1978). mia brasileira estivesse trabalhando em
Isto, obviamente, não significa que o regime de pleno emprego e as exporta-
Brasil tenha alcançado uma distribuição ções fossem uma forma de exportar bens
minimamente satisfatória da renda. Pelo de consumo dos trabalhadores e impor-
contrário, as diferenças continuam escan- tar bens de luxo e bens de capital, com-
calosas. Mas isso demonstra que, apesar patibilizando assim concentração de ren-
da permanência de um Governo autori- da e equilíbrio entre a oferta e a de-
tário (ainda que em processo lento de manda agregadas. Ora, este não é o caso
democratização exigido pela sociedade), do Brasil, pelo menos desde 1975.
alguns resultados foram alcançados gra- Muitas outras semiverdades e falsas
ças às lutas dos trabalhadores e dos in- crenças poderiam ser listadas, mas acre-
telectuais de esquerda. O não reconheci- dito que estas sejam as fundamentais.
mento desse fato leva a posturas radi- São idéias que não reconhecem que o
cais, de caráter revolucionário ou então Brasil, apesar de todos os seus desequi-
basista, que dificilmente contribuirão líbrios, já é uma economia industrial
para a necessária aceleração do processo complexa c sofisticada, já é uma forma-
de desconcentração da renda. ção social capitalista e oligopolista em
que os traços estatísticos e tecno-buro-
cráticos são cada vez mais claros.
Ora, é importante reconhecer esses
fatos novos e reformular essas idéias.
"A solução para os problemas bra- Caso contrário tornar-se-á muito difícil
sileiros é abandonar o 'modelo ex- que os cientistas sociais possam desem-
portador' e voltar-se para o merca- penhar um papel significativo no proces-
do interno." Em primeiro lugar, o Bra- so de mudança política e social no Brasil.
sil nunca adotou um verdadeiro "modelo No início dos anos 70, quando fizeram
exportador". Salvo alguns raros momen- a crítica do padrão de acumulação con-
tos (1967-1974) o Brasil não tem feito centrador de renda e do regime autoritá-
outra coisa senão substituir importações rio instalado no Brasil, eles tiveram uma
e reduzir o coeficiente de importações influência muito clara nos resultados das
(relação entre as importações e o PIB). eleições de novembro de 1974, que mar-
Atualmente o coeficiente de importações, caram o início do fortalecimento das
exclusive petróleo, é inferior a 5%. oposições e, em conseqüência, do pro-
Em segundo lugar, a melhor forma de cesso de redemocratização do país. Mas
o Brasil aumentar seu mercado interno é nos próximos anos o problema que as
continuar a crescer. Ora, isto só será oposições democráticas e de esquerda
possível se o Brasil conseguir contornar enfrentarão é o de chegar ao poder. Ora,
o grande desequilíbrio de suas contas isto será muito dificultado se uma série
externas, através do aumento das expor- de semiverdades ou mesmo de falsas
tações, já que nosso baixo coeficiente de crenças mantiverem os intelectuais alie-
importações torna praticamente inviável nados dos fatos históricos novos que vêm
continuar a basear a política econômica mudando a formação social brasileira.
na substituição de importações. Luiz Carlos Bresser Pereira é professor titular de Eco-
Por isso é essencial que o Brasil de- nomia da Fundação Getúlio Vargas e presidente do
BANESPA.
senvolva uma política industrial e tecno-
lógica de exportações. O desenvolvimen- Novos Estudos Cebrap, São Paulo,
to do mercado interno não precisa de v. 2, 2, p. 23-27, jul. 83

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