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O Renascimento cultural foi um movimento que teve início na Itália no século XIV e se estendeu
por toda a Europa até o século XVI.
Na Idade Média, grande parte da produção intelectual e artística estava ligada à Igreja. Já na
Idade Moderna, a arte e o saber voltaram-se para o mundo concreto, para a humanidade e a sua
capacidade de transformar o mundo.
O Renascimento teve sua origem na península Itálica, que era o centro do comércio
mediterrâneo. Com a economia dinâmica e rica, os excedentes eram investidos em produção
cultural.
O elemento central foi o humanismo, no sentido de valorizar o ser humano, considerado a obra
mais perfeita de Cristo.
Daí surge o antropocentrismo renascentista, ou seja, a ideia do homem como centro das
preocupações intelectuais e artísticas.
O neoplatonismo defendia uma elevação espiritual, uma aproximação com Deus através de uma
interiorização em detrimento de qualquer busca material.
Reforma Religiosa
Foi o movimento que rompeu a unidade do Cristianismo centrado pela Igreja de Roma. Esse
movimento é parte das grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas
ocorridas na Europa nos séculos XV e XVI, que enfraqueceram a Igreja permitindo o surgimento
de novas doutrinas religiosas. A Igreja estava em crise, a burguesia crescia em importância, o
nacionalismo desenvolvia-se nos Estados modernos e o Renascimento Cultural despertava a
liberdade de Crítica. O aumento populacional somado às transformações que vêm junto com
esse aumento acarreta em um baque entre a Igreja e essas transformações. Os intelectuais das
cidades pensam hipóteses, passam a ter idéias, problemas que antes não existiam. O termo
“Igreja Católica” é posterior ao Concílio de Trento, uma forma de diferenciação perante os
protestantes. Antes só existia a Cristandade.
A esse movimento de divisão no cristianismo e surgimento das novas doutrinas dá-se o nome de
REFORMA e à reação da Igreja, realizando modificações internas e externas, de CONTRA-
REFORMA. Contudo, esse movimento foi precedido por várias manifestações nos séculos
anteriores, mas nenhuma delas conseguiu o rompimento definitivo com a Igreja Romana. Dentre
elas, vemos:
- Cisma do Ocidente – (Ocorrido em 1378, em que a Igreja passa a ser governada por TRÊS papas
– ela se unifica em 1417);
PRINCIPAIS REFORMADORES
REFORMA LUTERANA -
A Alemanha não está centralizada, é agrária e feudal. A Igreja possui um terço das terras. Há
descontentamento geral. Vendo tantos abusos por parte do Clero, o monge agostiniano
Martinho Lutero não se calou. Elaborou 95 teses e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de
Wittenberg, em 1517. A maioria era contra as indulgências. Principalmente as indulgências
visando à construção da Basílica de São Pedro. Apoiado pela nobreza alemã, Lutero pôde
divulgar suas idéias, calcada em dois princípios que se constituiriam no núcleo de sua doutrina:
A Salvação somente pela fé e não pelas práticas religiosas e a Inutilidade dos Mediadores (Clero).
Lutero foi excomungado em 1520. Ele queima publicamente a carta do papa (Bula papal), traduz
a Bíblia para o Alemão, casa-se com uma ex-freira, fica abrigado na Saxônia. Eis suas
reivindicações e críticas principais:
Substituição do Latim pelo idioma alemão nos cultos religiosos; Questiona a grande quantidade
de sacramentos (Preserva dois sacramentos: batismo e eucaristia); Livre interpretação da Bíblia;
Contra o Celibato; Rejeita a Hierarquia Religiosa da Igreja de Roma; pregava a Salvação pela fé;
Negava a Transubstanciação – afirmava a Consubstanciação (misturados); Pecado Original:
Marca do gênero Humano (nem Cristo, nem o Batismo o retiram);
REFORMA CALVINISTA – J. Calvino (1509-1564) era francês, que inicia sua ruptura em Genebra,
Suíça, por volta de 1536. Lá começa a publicar estudos sistemáticos sobre a nova religião. Funda
uma nova doutrina que expande a Reforma. A burguesia dessa cidade havia adotado os
princípios da reforma para lutar contra seu governante, o católico Duque de Savóia, o que
favoreceu a atuação do reformador. Ele divergia de Lutero em alguns pontos, principalmente na
questão da Salvação. Diferente de Lutero (salvação pela fé), ele defendia a idéia de que a fé não
era suficiente, uma vez que o homem já nasce predestinado, ou seja, escolhido por Deus para a
vida eterna ou para a sua condenação. Calvino tornou-se todo-poderoso, conseguindo impor sua
doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da
cidade. O Calvinismo propagou-se rapidamente atingindo a França, a Holanda, a Inglaterra e a
Escócia.
REFORMA ANGLICANA – Os ingleses, durante a época dos Tudor, também criticavam os abusos
da Igreja Romana, a ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de
cargos públicos para membros do Clero, além de queixar-se do pagamento e do envio de dízimos
para Roma. Durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia fazia pressão para o
aumento do poder do parlamento. O rei, necessitando aumentar as riquezas do Estado, confisca
as terras da Igreja, o que gera desentendimentos com o Papa. Isso se agrava quando o monarca
solicita a anulação do casamento com Catarina de Aragão. Ele não tinha sucessores masculinos,
temia que seu trono caísse em mãos espanholas. Toda a nação, com medo deste fato, apóia esse
pedido. O Papa Clemente VII nega o pedido. O Rei rompe com o papado e faz uma reforma na
Igreja Inglesa. Obriga seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a jurar-lhe fidelidade
e obediência. Obtém do clero inglês o divórcio e se casa com uma dama da corte, Ana Bolena. O
Papa tenta intimidá-lo excomungando-o, mas não adianta.
Em 1534, Henrique VIII decreta o Ato de Supremacia, que consolida a separação entre a
Inglaterra e o papa. Torna-se o chefe da Igreja de seu país. A Reforma anglicana, na prática,
apresenta poucas modificações com a Igreja romana: Questiona o Culto aos santos; A autoridade
máxima é o Rei e não o papa; Questiona o culto às relíquias; Prega a popularização da leitura da
Bíblia. A Reforma anglicana resolveu, na prática, dois problemas para a monarquia: a questão da
herança do trono e com a venda das terras da Igreja para a burguesia e nobreza, dá um suporte
financeiro para a Coroa. O Anglicanismo se consolida no reinado de Elizabeth I, filha de Henrique
VIII, que renova seu direito de soberania real sobre a Igreja, além de fixar os fundamentos da
doutrina e do culto anglicano na Lei dos 39 Artigos, em 1563.
THOMAS MÜNTZER – Liderou uma revolta em 1524 com camponeses da região do Reno. Além
de atacar a Igreja pela cobrança de dízimos, passam a reivindicar a reforma agrária e a abolição
dos privilégios feudais. Ele afirmava ser Luterano. O movimento se espalhou por várias regiões
alemãs com assaltos a castelos, queima dos mosteiros e roubo de colheitas. A essas
manifestações, seguiu-se uma repressão violenta, apoiada por Lutero em prol da Nobreza alemã.
Müntzer foi preso e decapitado e houve o massacre de milhares de camponeses. Ele foi um dos
grandes pregadores do ANABATISMO (os convertidos são batizados na idade adulta, mesmo já
sendo batizados quando criança). Tinham a necessidade de rebatizar os indivíduos, de separar a
Igreja e o Estado, de abolir as imagens e o culto dos santos, queriam uma igualdade absoluta
entre os homens, viver com simplicidade, pois todos eram inspirados pelo Espírito Santo. Foram
fortemente reprimidos seja nos Estados Católicos, Luteranos ou Calvinistas.
CONTRA-REFORMA
O avanço do Protestantismo, não só neste momento, levou a Igreja Romana a se reorganizar. Foi
um movimento de reação ao protestantismo. A Igreja precisava auto-reformar-se ou não
sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regiões virassem protestantes. Esse
movimento de reforma interna já existia, mas é nesse momento que ele é aprofundado. Entre
1545 e 1563, foi convocado o CONCÍLIO DE TRENTO, onde houve reafirmações e mudanças.
Dentre elas:
- Esclarece a Doutrina;
- Aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada antes do Concílio por Inácio de Loyola;
- Mantém o Latim como língua do Culto e tradução oficial das Sagradas Escrituras;
- Criação do “Índex” (índice), encarregada da censura de obras impressas, lista de livros cuja
leitura era proibida aos fiéis;