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Os contratos preliminares

São aqueles contratos cuja execução pressupõe a celebração de outros contratos. O contrato-
promessa (art. 410) e o pacto de preferência (art. 414) são exemplos de contratos
preliminares. Onde se verifica, respectivamente a assunção da obrigação de celebração de um
futuro contrato, ou da obrigação de dar preferência a outrem na celebração de um contrato
futuro.
O contrato-promessa
De acordo com art. 410 nrº1 o contrato-promessa é a convenção pela qual alguém se obriga a
celebrar novo contrato. Estamos assim perante um contrato preliminar de outro contrato que
por sua vez, se designa de contrato definitivo. O contrato-promessa caracteriza-se
especificamente pelo seu objecto, uma obrigação de contratar.
Contrato-promessa

ARTIGO 410º
(Regime aplicável)

1. À convenção pela qual alguém se obriga a celebrar certo contrato são aplicáveis as disposições legais relativas ao contrato
prometido, exceptuadas as relativas à forma e as que, por sua razão de ser, não se devam considerar extensivas ao contrato-
promessa.

2. Porém, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale
se constar de documento assinado pela parte que se vincula ou por ambas, consoante o contrato-promessa seja unilateral ou bilateral.

3. No caso de promessa relativa à celebração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou
fracção autónoma dele, já construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior deve conter o
reconhecimento presencial da assinatura do promitente ou promitentes e a certificação, pelo notário, da existência da licença
respectiva de utilização ou de construção; contudo, o contraente que promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a
omissão destes requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte.

As partes em lugar de celebrar logo o contrato definitivo podem comprometer-se à sua


celebração assumindo uma obrigação nesse sentido. Constitui, no entanto, uma convenção
autónoma deste, uma vez que se caracteriza-se normalmente por ter eficácia meramente
obrigacional, mesmo que o contrato definitivo tenha eficácia real.
Apesar desta autonomia entre os dois contratos, a lei não deixou de sujeitar, em princípio, o
contrato-promessa ao mesmo regime do contrato definitivo (art. 410 nrº1). É o princípio da
equiparação que consiste em sujeitar o contrato-promessa às mesmas regras que vigoram
para o contrato definitivo. Assim se a lei proíbe a venda a filhos e netos (art. 877)
naturalmente que também proibirá a celebração de contratos-promessa entre ambos. O
princípio da equiparação é no entretanto, objecto de duas importantes excepções (art. 410
nrª1):
 As disposições relativas à forma – a forma do contrato-promessa não sejam
necessariamente a mesma do contrato definitivo, o que permite que ao contrato-
promessa seja atribuída uma forma menos solene do que a que seria exigida para o
contrato definitivo.
 As disposições que pela sua razão de ser não devam considerar-se extensivas ao
contrato-promessa – pois aqui não há a transmissão da propriedade da coisa mas
resultam apenas a obrigação de celebrar um novo contrato.
O contrato-promessa de venda de bens alheios é valido já que, estando em causa uma mera
obrigação de contratar, não se exige em relação ao promitente-vendedor qualquer requisito
de legitimidade. Da mesma forma, se a lei veda que um dos cônjuges possa isoladamente
proceder á alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de
gozo sobre imóveis próprios ou comuns (art. 1682 – A nrº1 a)), não lhe estará por isso, vedada
a celebração de contratos-promessa relativos aos mesmos imóveis uma vez que este se
limitam a constituir obrigações e cada um dos cônjuges não esta impedido de contrair dividas
sem o consentimento do outro (art. 1690 nrº1).
ARTIGO 1682º-A
(Alienação ou oneração de imóveis
e de estabelecimento comercial)

1. Carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens:

a) A alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns;

b) A alienação, oneração ou locação de estabelecimento comercial, próprio ou comum.

2. A alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada da família carece
sempre do consentimento de ambos os cônjuges.

Dívidas dos cônjuges

ARTIGO 1690º
(Legitimidade para contrair dívidas)

1. Tanto o marido como a mulher têm legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro cônjuge.

2. Para a determinação da responsabilidade dos cônjuges, as dívidas por eles contraídas têm a data do facto que lhes deu origem.

Para além disso, se não é possível vender simultaneamente o mesmo bem a duas pessoa, já
não há qualquer obstáculo à celebração de dois contratos-promessa incompatíveis sobre o
mesmo bem, uma vez que há apenas a constituição de dois direitos de crédito, os quais não se
hierarquizam entre si pela data de constituição mas antes concorrem simultaneamente sobre
o património do devedor. (art. 604 nrº1)
ARTIGO 604º
(Concurso de credores)

1. Não existindo causas legítimas de preferência, os credores têm o direito de ser pagos proporcionalmente pelo preço dos bens do
devedor, quando ele não chegue para integral satisfação dos débitos.

2. São causas legítimas de preferência, além de outras admitidas na lei, a consignação de rendimentos, o penhor, a hipoteca, o
privilégio e o direito de retenção.

Modalidade de contrato-promessa
O contrato-promessa pode por sua vez ser classificado em contrato-promessa unilateral ou
bilateral, consoante apenas uma das partes se vincule á celebração do contrato futuro ou essa
vinculação ocorra para ambas as partes. Como exemplo de contrato-promessa bilateral,
teríamos ocaso de alguém prometer vender a outrem determinado imóvel por certo preço e
esse outrem, simultaneamente, se comprometer a comprar-lho. Como exemplo de contrato-
promessa unilateral, teríamos o caso de alguém se comprometer, da mesma forma, a vender o
imóvel por um certo preço mas a outra parte não se comprometer a compra-lo, ficando livre
de o fazer ou não.
A lei considera que o direito `celebração do contrato definitivo apenas deve poder ser exercido
dentro de um prazo limitado, pelo que, sempre que as partes não o estipulem, é possível ao
promitente fixar á outra parte um prazo para o exercício do direito, findo o qual este caducará
(art. 411).
ARTIGO 411º
(Promessa unilateral)

Se o contrato-promessa vincular apenas uma das partes e não se fixar o prazo dentro do qual o vínculo é eficaz, pode o tribunal, a
requerimento do promitente, fixar à outra parte um prazo para o exercício do direito, findo o qual este caducará.

Forma de contrato-promessa
Relativamente á forma, o contrato-promessa segue o regime geral, que se baseia
precisamente na liberdade forma (art.219).
Forma

ARTIGO 219º
(Liberdade de forma)

A validade da declaração negocial não depende da observância de forma especial, salvo quando a lei a exigir.
Há no entanto uma importante excepção, referida no art. 410 nrª2, que nos refere que quando
a lei exige um documento, autentico ou particular, para o contrato prometido, é também
exigido documento para o contrato-promessa, bastando, porém um documento particular,
ainda que o contrato prometido exija um documento autentico.
Contrato-promessa

ARTIGO 410º
(Regime aplicável)

1. À convenção pela qual alguém se obriga a celebrar certo contrato são aplicáveis as disposições legais relativas ao contrato
prometido, exceptuadas as relativas à forma e as que, por sua razão de ser, não se devam considerar extensivas ao contrato-
promessa.

2. Porém, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale
se constar de documento assinado pela parte que se vincula ou por ambas, consoante o contrato-promessa seja unilateral ou bilateral.

3. No caso de promessa relativa à celebração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou
fracção autónoma dele, já construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior deve conter o
reconhecimento presencial da assinatura do promitente ou promitentes e a certificação, pelo notário, da existência da licença
respectiva de utilização ou de construção; contudo, o contraente que promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a
omissão destes requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte.

Assim o contrato-promessa compra e venda de um imóvel, sujeita por lei a escritura pública
(art. 875) pode realizar-se por simples documento particular.
ARTIGO 875º
(Forma)

O contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido se for celebrado por escritura pública.

Nos termos do art. 410 nrº2, o referido documento tem que ser apenas assinado pela parte
que se vincula à celebração do contrato definitivo. Assim se o contrato-promessa for
unilateral, só terá que ser assinado pelo promitente, apenas se exigindo a assinatura de ambos
nos contratos de uma promessa bilaterais.
Questão: se o contrato-promessa bilateral, que seja assinado apenas por um dos promitentes
poder ser valido como promessa unilateral, permitindo a subsistência da obrigação por parte
de quem assinou o documento ou não?
Existem algumas teses sobre o assunto:
 A tese da transmutação automática desse contrato em promessa unilateral;
 A tese da nulidade total do contrato;
 A tese da conversão;
 A tesa da redução;
A solução preferível é a da redução. Na verdade, uma vez aceite o entendimento de que deve
procurar aproveitar-se como contrato-promessa unilateral o contrato-promessa bilateral a que
falte uma das assinaturas, então deve adoptar-se a solução que dê mais abertura a essa
possibilidade. Essa indubitavelmente a tese da redução, uma vez que nela é ao interessado na
nulidade total do negócio que caberá alegar e provar que o contrato não teria sido concluído
sem a parte viciada (art. 292)
ARTIGO 292º
(Redução)

A nulidade ou anulação parcial não determina a invalidade de todo o negócio, salvo quando se mostre que este não teria sido
concluído sem a parte viciada.

No art. 410 nrº3 exige-se ainda que o contrato-promessa, quando respeita à constituição ou
transmissão de direito real sobre edifício ou fracção autónoma dele, já construído, em
construção ou a construir, o documento referido no nrº1 seja acompanhado de
reconhecimento presencial da assinatura e de certificação pelo notário da exigência de licença
de utilização ou construção. Trata-se de formalidades exigidas e não de forma para a validade
do negócio.
Caso estes requisitos não sejam cumpridos, ocorrerá a invalidade do contrato-promessa que
no entanto, só poderá ser invocada pelo promitente adquirente, a menos que seja provocado
por sua culpa exclusiva, caso em que o promitente alienante também a poderá invocar. A
omissão destas formalidades não constitui, uma verdadeira nulidade, sujeita ao regime do art.
286, mas antes uma situação de invalidade mista, estabelecida o interesse do promitente
adquirente em evitar a aquisição de um imóvel clandestino. Por esse motivo, o promitente
adquirente pode invocar essa invalida a todo o tempo.
ARTIGO 286º
(Nulidade)

A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal.

Transmissão dos direitos e obrigações emergentes do contrato


promessa
O art. 412 esclarece que os direitos e obrigações emergentes do contrato-promessa, que não
sejam exclusivamente pessoa, se transmitem por morte aos sucessores das partes, ficando a
transmissão por acto entre vivos sujeito às regas gerais. Em caso de morte de uma das partes,
o cumprimento da obrigação respectiva seja exigido dos herdeiro ou seja requeridos pelos
herdeiros do defunto.
ARTIGO 412º
(Transmissão dos direitos e obrigações das partes)

1. Os direitos e obrigações resultantes do contrato-promessa que não sejam exclusivamente pessoais transmitem-se aos sucessores
das partes.

2. A transmissão por acto entre vivos está sujeita às regras gerais.


A execução específica
Uma vez que o devedor não pode ser coagido pela força a emitir a declaração negocial a que
se obrigou, a lei admite a execução específica desta obrigação, que consiste em o devedor ser
substituído no cumprimento, obtendo o credor a satisfação do seu direito por via judicial.
Neste caso, a execução específica consistira em o tribunal emitir uma sentença que produza os
mesmos efeitos jurídicos da declaração negocial que não foi realizada, operando-se assim a
constituição do contrato definitivo. A execução específica da obrigação de contratar encontra-
se prevista no art. 830.
ARTIGO 830º
(Contrato-promessa)

1. Se alguém se tiver obrigado a celebrar certo contrato e não cumprir a promessa, pode a outra parte, na falta de convenção em
contrário, obter sentença que produza os efeitos da declaração negocial do faltoso, sempre que a isso não se oponha a natureza da
obrigação assumida.

2. Entende-se haver convenção em contrário, se existir sinal ou tiver sido fixada uma pena para o caso de não cumprimento da
promessa.

3. O direito à execução específica não pode ser afastado pelas partes nas promessas a que se refere o nº 3 do artigo 410º; a
requerimento do faltoso, porém, a sentença que produza os efeitos da sua declaração negocial pode ordenar a modificação do
contrato nos termos do artigo 437º, ainda que a alteração das circunstâncias seja posterior à mora.

4. Tratando-se de promessa relativa à celebração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou
fracção autónoma dele, em que caiba ao adquirente, nos termos do artigo 721º, a faculdade de expurgar hipoteca a que o mesmo se
encontre sujeito, pode aquele, caso a extinção de tal garantia não preceda a mencionada transmissão ou constituição, ou não coincida
com esta, requerer, para efeito da expurgação, que a sentença referida no nº 1 condene também o promitente faltoso a entregar-lhe o
montante do débito garantido, ou o valor nele correspondente à fracção do edifício ou do direito objecto do contrato e dos juros
respectivos, vencidos e vincendos, até pagamento integral.

5. No caso de contrato em que ao obrigado seja lícito invocar a excepção de não cumprimento, a acção improcede, se o requerente
não consignar em depósito a sua prestação no prazo que lhe for fixado pelo tribunal.

Desta norma resulta então que o não cumprimento da promessa atribui á outra parte do
direito a recorre á execução específica. Os efeitos da execução específica é suficiente a simples
moram. Mas a execução específica deixa de ser possível, a partir do momento em que se
verifique uma impossibilidade definitiva de cumprimento, como no caso de o bem que se
prometeu vender já ter sido alienado a um terceiro. Efectivamente, nesse caso a sentença
judicial não poderia produzir os efeitos de um contrato definitivo valido, mas antes os efeitos
de uma vende de bens alheios nula (art. 892), o que não é admissível.
Venda de bens alheios

ARTIGO 892º
(Nulidade da venda)

É nula a venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de legitimidade para a realizar; mas o vendedor não pode opor a
nulidade ao comprador de boa fé, como não pode opô-la ao vendedor de boa fé o comprador doloso.

Há porém, duas situações em que é excluída a execução específica do contrato promessa:


 A existência de convenção em contrário – quando as partes estipularem sinal ou uma
penalização para o incumprimento (art. 830 nrº2), por se presumir que, nessa
situação, o que as partes pretendem em caso de incumprimento é unicamente a
obtenção da indemnização convencionada e não a execução específica.
 A execução específica ser incompatível com a natureza da obrigação assumida.
A articulação com o regime do sinal
O sinal consiste numa cláusula acessória dos contratos onerosos (contratos em geral),
mediante a qual uma das partes entrega à outra, por ocasião da celebração do contrato, uma
coisa fungível. O sinal funciona então como fixação das consequências do incumprimento, uma
vez que se a parte que constituiu o sinal, tem que devolver em dobro (art. 442 nrº2).
ARTIGO 442º
(Sinal)

1. Quando haja sinal, a coisa entregue deve ser imputada na prestação devida, ou restituída quando a imputação não for possível.

2. Se quem constitui o sinal deixar de cumprir a obrigação por causa que lhe seja imputável, tem o outro contraente a faculdade de
fazer sua a coisa entregue; se o não cumprimento do contrato for devido a este último, tem aquele a faculdade de exigir o dobro do
que prestou, ou, se houve tradição da coisa a que se refere o contrato prometido, o seu valor, ou o do direito a transmitir ou a
constituir sobre ela, determinado objectivamente, à data do não cumprimento da promessa, com dedução do preço convencionado,
devendo ainda ser-lhe restituído o sinal e a parte do preço que tenha pago.

3. Em qualquer dos casos previstos no número anterior, o contraente não faltoso pode, em alternativa, requerer a execução
específica do contrato, nos termos do artigo 830º; se o contraente não faltoso optar pelo aumento do valor da coisa ou do direito,
como se estabelece no número anterior, pode a outra parte opor-se ao exercício dessa faculdade, oferecendo-se para cumprir a
promessa, salvo o disposto no artigo 808º.

4. Na ausência de estipulação em contrário, não há lugar, pelo não cumprimento do contrato, a qualquer outra indemnização, nos
casos de perda do sinal ou de pagamento do dobro deste, ou do aumento do valor da coisa ou do direito à data do não cumprimento.

Verificando-se o incumprimento há lugar á aplicação dos efeitos penais, que passam ou pela
perda do sinal ou pela sua restituição em dobro. Uma vez que envolve uma estipulação da
indemnização em caso de incumprimento, o sinal aproxima-se da cláusula penal (art. 810
nrº1).
ARTIGO 810º
(Cláusula penal)

1. As partes podem, porém, fixar por acordo o montante da indemnização exigível: é o que se chama cláusula penal.

2. A cláusula penal está sujeita às formalidades exigidas para a obrigação principal, e é nula se for nula esta obrigação.

O art. 440 vem esclarecer o seguinte:


ARTIGO 440º
(Antecipação do cumprimento)

Se, ao celebrar-se o contrato ou em momento posterior, um dos contraentes entregar ao outro coisa que coincida, no todo ou em
parte, com a prestação a que fica adstrito, é a entrega havida como antecipação total ou parcial do cumprimento, salvo se as partes
quiserem atribuir à coisa entregue o carácter de sinal.
Desta norma resulta que normalmente a realização da entrega de uma quantia por uma das
partes, na altura da celebração do contrato ou em data posterior, não implica presunção da
constituição de sinal. Nesta situação entende-se que o que se visou com a entrega antecipada
da quantia foi antecipar o cumprimento da obrigação e não a constituição de sinal. Se as
partes quiserem que a prestação entregue tenha o carácter de sinal, deverão atribui-lhe
especificamente essa natureza. Assim se por exemplo alguém comprar um automóvel,
comprometendo-se a pagar o preço posteriormente e entregar logo uma quantia ao vendedor,
considera-se que apenas adiantou uma parte do preço. Só se aplica o regime do sinal se for
estipulado que a quantia entregue tem essa natureza.
Diferentemente se passam as coisas em sede de contrato-promessa. Onde a entrega da
quantia pelo promitente-comprador nunca pode ser coincidente com a prestação a que este
fica adstrito, pelo que nunca se poderia qualificar como antecipação do cumprimento de uma
obrigação vigente. Na verdade, o contrato-promessa institui apenas obrigações de prestação
de facto jurídico (celebrar o contrato definitivo) de que a entrega de uma coisa nunca poderá
constituir cumprimento. Por esse motivo, é excluída a aplicação do art. 440 dispondo pelo
contrário o art. 441 que:
ARTIGO 441º
(Contrato-promessa de compra e venda)

No contrato-promessa de compra e venda presume-se que tem carácter de sinal toda a quantia entregue pelo promitente-comprador
ao promitente-vendedor, ainda que a título de antecipação ou princípio de pagamento do preço.

Assim a entrega de quantia em dinheiro pelo promitente-comprador ao promitente-vendedor


constitui presunção da estipulação de sinal por essa via, uma vez que a obrigação de
pagamento do preço só surge com a celebração do contrato definitivo.
Funcionamento do sinal. O regime do art. 442
Como vimos existe uma distinção no regime do sinal, consoante ele seja aplicado
genericamente a todos os contratos, ou especificamente ao contrato-promessa. O art. 442
nrº1 refere-se ao regime do sinal em geral, indicando o seu funcionamento em caso de
cumprimento da obrigação. Conforme se refere, em caso de cumprimento, o sinal é imputado
na prestação devida, quando coincida com esta. Se for impossível a imputação por a coisa
entregue não coincidir com a prestação devida, deve o sinal ser restituído em singelo. A
restituição do sinal em singelo ocorrerá igualmente nos casos em que se verifique a
impossibilidade da prestação por facto não imputável a qualquer das partes (ou representara
uma situação de enriquecimento sem causa, nos termos do art. 473 nrº2).
Enriquecimento sem causa

ARTIGO 473º
(Princípio geral)

1. Aquele que, sem causa justificativa, enriquecer à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que injustamente se
locupletou.

2. A obrigação de restituir, por enriquecimento sem causa, tem de modo especial por objecto o que for indevidamente recebido, ou o
que for recebido por virtude de uma causa que deixou de existir ou em vista de um efeito que não se verificou.

O art. 442 nrº2 primeira parte refere-se igualmente ao regime do sinal em geral, explicando o
seu funcionamento em caso de não cumprimento. Nesta caso se o não cumprimento for de
quem constituir o sinal este será perdido a favor da contraparte. Se for esta a incumprir o
contrato terá que restituir o sinal em dobro.
Já no art. 442 nrº2, segunda parte, deixa-se de se falar do funcionamento do sinal em geral
para se passar a falar especificamente do funcionamento do sinal no contrato-promessa. A lei
prevê que, se houver tradição da coisa a que se refere o contrato prometido, o promitente
adquirente pode optar, em lugar da restituição do sinal em dobro, por receber o valor actual
da coisa, ao tempo do incumprimento, com dedução do preço convencionado, acrescido do
sinal (em singelo) e da parte do preço que tenha sido paga. A aplicação deste regime poderá
ser esclarecida através de um exemplo. Imagine-se que A promete vender a B, e B promete
comprar-lhe, uma casa pelo preço de 50.000 euros, pagando B logo 25.000 eros como sinal e
sendo efectuada a tradição da coisa. Posteriormente, no entanto, o valor real da casa sobe
para 200.000 euros. Se A apenas tivesse que restituir o sinal em dobro, entregaria a B 50.000
euros, e iria ganhar 150.000 através da alienação da casa a terceiro, o que tornaria para ele
o incumprimento do contrato mais vantajoso do que o seu cumprimento. Havendo a
possibilidade de B optar pela valorização da coisa. A teria que parar-lhe o seu valor actual,
com dedução do preço convencionado (200.000-50.000=150.000) e restituir-lhe o sinal em
singelo (25.000), no total de 175.000 euros, o que torna desvantajosa a opção pelo
incumprimento.
Quanto o promitente vendedor procede á entrega ao promitente-comprador da coisa que será
objecto do contrato definitivo, este contrato já estará total ou pelo menos parcialmente
executado antes da sua celebração efectiva. Neste caso a tradição da coisa não corresponde
nem a locação, nem a um comodato, mas antes a um contrato inominado pelo qual se procede
á transferência da posse sobre o bem, em vista da futura celebração do contrato definitivo, o
que legitima o recurso às acções possessórias pelo promitente adquirente, em caso de
turbação ou esbulho.
No caso de não haver estipulação de sinal, o promitente-comprador não fica limitado a uma
indemnização pré-convencionada, podendo exigir quer a execução específica do contrato (art.
830 nrº1), quer uma indemnização por todos os prejuízos causados com incumprimento (ar.
798).
ARTIGO 830º
(Contrato-promessa)

1. Se alguém se tiver obrigado a celebrar certo contrato e não cumprir a promessa, pode a outra parte, na falta de convenção em
contrário, obter sentença que produza os efeitos da declaração negocial do faltoso, sempre que a isso não se oponha a natureza da
obrigação assumida.

2. Entende-se haver convenção em contrário, se existir sinal ou tiver sido fixada uma pena para o caso de não cumprimento da
promessa.

3. O direito à execução específica não pode ser afastado pelas partes nas promessas a que se refere o nº 3 do artigo 410º; a
requerimento do faltoso, porém, a sentença que produza os efeitos da sua declaração negocial pode ordenar a modificação do
contrato nos termos do artigo 437º, ainda que a alteração das circunstâncias seja posterior à mora.

4. Tratando-se de promessa relativa à celebração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou
fracção autónoma dele, em que caiba ao adquirente, nos termos do artigo 721º, a faculdade de expurgar hipoteca a que o mesmo se
encontre sujeito, pode aquele, caso a extinção de tal garantia não preceda a mencionada transmissão ou constituição, ou não coincida
com esta, requerer, para efeito da expurgação, que a sentença referida no nº 1 condene também o promitente faltoso a entregar-lhe o
montante do débito garantido, ou o valor nele correspondente à fracção do edifício ou do direito objecto do contrato e dos juros
respectivos, vencidos e vincendos, até pagamento integral.

5. No caso de contrato em que ao obrigado seja lícito invocar a excepção de não cumprimento, a acção improcede, se o requerente
não consignar em depósito a sua prestação no prazo que lhe for fixado pelo tribunal.
Princípios gerais

ARTIGO 798º
(Responsabilidade do devedor)

O devedor que falta culposamente ao cumprimento da obrigação torna-se responsável pelo prejuízo que causa ao credor.

Havendo sinal, presume-se que as partes efectuam uma estipulação contraria á execução
especifica (art. 830 nrº2), só podendo esta funcionar em alternativa, caso as partes elidam esta
presunção, ou se trate da hipótese prevista no art. 830 nrº3 onde a execução especifica é
imperativa. O que o art. 442 nrº3 primeira parte, quer simplesmente referir é que a execução
especifica e possível haja ou não haja tradição da coisa a que se refere o contrato prometido.
O art. 442 nrº3 segunda parte, prevê ainda que:
3. Em qualquer dos casos previstos no número anterior, o contraente não faltoso pode, em alternativa, requerer a execução
específica do contrato, nos termos do artigo 830º; se o contraente não faltoso optar pelo aumento do valor da coisa ou do direito,
como se estabelece no número anterior, pode a outra parte opor-se ao exercício dessa faculdade, oferecendo-se para cumprir a
promessa, salvo o disposto no artigo 808º.
Esta solução legislativa merece a nossa inteira concordância. Efectivamente, conforme se
explicou, a atribuição do aumento do valor da coisa ou do direito destina-se a evitar que o
promitente faltoso venha obter um enriquecimento injustificado, em virtude do facto ilícito
que é o incumprimento da obrigação de contratar. Deve, porém admitir-se que o
cumprimento, ainda que tardio, da sua obrigação possa paralisar esse direito, uma vez que
então já não se justifica atribui-lhe essa sanção e o direito do promitente-comprador nunca
deixou de ser o direito á celebração do contrato prometido.

O aumento do valor da coisa ou do direito pode ocorrer em caso de simples mora, valendo
esta como renúncia do promitente-comprador a desencadear o mecanismo do sinal, uma vez
verificado o incumprimento definitivo. Efectivamente, neste caso, o promitente-comprador,
perante a mora, avisa o promitente vendedor que caso venha a incumprir definitivamente a
obrigação não poderá prevalecer-se da estipulação da indemnização através do sinal. Perante
esta opção, o promitente vendedor tem ainda como alternativa cumprir a obrigação, a menos
que se venha a verificar o incumprimento definitivo, pela perda de interesse ou pela
ultrapassagem suplementar do prazo de cumprimento (art. 808), caso em que terá sempre que
pagar o aumento do valor da coisa ou do direito.
ARTIGO 808º
(Perda do interesse do credor ou recusa do cumprimento)

1. Se o credor, em consequência da mora, perder o interesse que tinha na prestação, ou esta não for realizada dentro do prazo que
razoavelmente for fixado pelo credor, considera-se para todos os efeitos não cumprida a obrigação.

2. A perda do interesse na prestação é apreciada objectivamente.

Este regime tem como fundamento a restituição do enriquecimento injustificado.


Efectivamente, perante uma situação em que o promitente – vendedor, tendo
antecipadamente realizado a tradição da coisa, se enriqueceria à custa do promitente-
comprador através da restituição do sinal em dobro, atenta a valorização entretanto verificada
na coisa entregue, a lei vem determinar que essa valorização possa ser atribuída ao
promitente-comprador, em alternaria à indemnização convencionada. O sinal funciona assim
como um limite mínimo da indemnização que não impedirá a parte lesada de reclamar uma
quantia superior se demonstrar que sofreu danos mais elevados.
A eficácia real do contrato-promessa
A lei permite a atribuição de eficácia real ao contrato-promessa no caso de a promessa
respeitar a bens imóveis ou móveis sujeitos a registo, e as partes declarem expressamente a
atribuição de eficácia real e procedam ao seu registo (art. 413 nrº1).
ARTIGO 413º
(Eficácia real da promessa)

1. À promessa de transmissão ou constituição de direitos reais sobre bens imóveis, ou móveis sujeitos a registo, podem as partes
atribuir eficácia real, mediante declaração expressa e inscrição no registo.

2. Deve constar de escritura pública a promessa a que as partes atribuam eficácia real; porém, quando a lei não exija essa forma para
o contrato prometido, é bastante documento particular com reconhecimento da assinatura da parte que se vincula ou de ambas,
consoante se trate de contrato-promessa unilateral ou bilateral.

O contrato promessa com eficácia real está sujeito a uma forma mais solene uma vez que é
exigida escritura pública. O direito à celebração do contrato definitivo prevalecerá sobre todos
os direitos reais que não tenham registo anterior aos registos da promessa com eficácia real.
Assim em caso de incumprimento o promitente-comprador pode reclamar a restituição da
coisa que é seu objecto fazendo prevalecer o seu direito de aquisição (art. 1311 nrº1).
Defesa da propriedade

ARTIGO 1311º
(Acção de reivindicação)
1. O proprietário pode exigir judicialmente de qualquer possuidor ou detentor da coisa o reconhecimento do seu direito de
propriedade e a consequente restituição do que lhe pertence.

2. Havendo reconhecimento do direito de propriedade, a restituição só pode ser recusada nos casos previstos na lei.

Os pactos de preferência
O pacto de preferência encontra-se previsto nos art. 414 e seg. Uma vez que o pacto de
preferência consiste num contrato unilateral, apenas terá que ser assinado pelo obrigado á
preferência. Não se aplica ao pacto de preferência o regime do art. 410 nrº3 pelo que esse
documento não estará em caso algum sujeito a mais formalidade.
Pactos de preferência

ARTIGO 414º
(Noção)

O pacto de preferência consiste na convenção pela qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem na venda de
determinada coisa.

Contrato-promessa

ARTIGO 410º
(Regime aplicável)

1. À convenção pela qual alguém se obriga a celebrar certo contrato são aplicáveis as disposições legais relativas ao contrato
prometido, exceptuadas as relativas à forma e as que, por sua razão de ser, não se devam considerar extensivas ao contrato-
promessa.

2. Porém, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale
se constar de documento assinado pela parte que se vincula ou por ambas, consoante o contrato-promessa seja unilateral ou bilateral.

3. No caso de promessa relativa à celebração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou
fracção autónoma dele, já construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior deve conter o
reconhecimento presencial da assinatura do promitente ou promitentes e a certificação, pelo notário, da existência da licença
respectiva de utilização ou de construção; contudo, o contraente que promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a
omissão destes requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte.

A lei admite, porem que ao direito de preferência seja atribuída eficácia real, desde que,
respeitando a bens imóveis ou a móveis sujeitos a registo, as partes explicitamente o
estipulem, celebrem o pacto de preferência por escritura publica ou, quando não seja exigida
essa forma para o contrato prometido, por documento particular com assinatura do obrigado,
referindo a entidade emitente, data e numero do seu documento de identificação, e procedam
á respectiva inscrição no registo (art. 421 e 413)
ARTIGO 421º
(Eficácia real)

1. O direito de preferência pode, por convenção das partes, gozar de eficácia real se, respeitando a bens imóveis, ou a móveis
sujeitos a registo, forem observados os requisitos de forma e de publicidade exigidos no artigo 413º.

ARTIGO 413º
(Eficácia real da promessa)

1. À promessa de transmissão ou constituição de direitos reais sobre bens imóveis, ou móveis sujeitos a registo, podem as partes
atribuir eficácia real, mediante declaração expressa e inscrição no registo.

2. Deve constar de escritura pública a promessa a que as partes atribuam eficácia real; porém, quando a lei não exija essa forma para
o contrato prometido, é bastante documento particular com reconhecimento da assinatura da parte que se vincula ou de ambas,
consoante se trate de contrato-promessa unilateral ou bilateral.

Para além disso por vezes a lei concede a certos titulares de direitos reais ou pessoais de gozo
sobre determinada coisa a preferência na venda ou dação em cumprimento da coisa objecto
desse direito. É o caso por exemplo, do comproprietário (art. 1409), do arrendatário (art.
1091) e do proprietário de solo (art. 1535). Nessa situação, estamos presente o que se
denomina de preferências legais, as quais se caracterizam por terem sempre eficácia real.
Logo o direito convencional de preferência não prevalece contra os direitos legais de
preferência (art. 422)
ARTIGO 1409º
(Direito de preferência)

1. O comproprietário goza do direito de preferência e tem o primeiro lugar entre os preferentes legais no caso de venda, ou dação em
cumprimento, a estranhos da quota de qualquer dos seus consortes.

2. É aplicável à preferência do comproprietário, com as adaptações convenientes, o disposto nos ARTIGOs 416º a 418º.

3. Sendo dois ou mais os preferentes, a quota alienada é adjudicada a todos, na proporção das suas quotas.
Direito de preferência
ARTIGO 1091.º
Regra geral
1 - O arrendatário tem direito de preferência:
a) Na compra e venda ou dação em cumprimento do local arrendado há mais de três anos;
b) Na celebração de novo contrato de arrendamento, em caso de caducidade do seu contrato por ter cessado o direito ou terem
findado os poderes legais de administração com base nos quais o contrato fora celebrado.
2 - O direito previsto na alínea b) existe enquanto não for exigível a restituição do prédio, nos termos do ARTIGO 1053.º
3 - O direito de preferência do arrendatário é graduado imediatamente acima do direito de preferência conferido ao proprietário do
solo pelo ARTIGO 1535.º
4 - É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos ARTIGOs 416.º a 418.º e 1410.º
ARTIGO 1535º
(Direito de preferência)

1. O proprietário do solo goza do direito de preferência, em último lugar, na venda ou dação em cumprimento do direito de
superfície; sendo, porém, enfitêutico o prédio incorporado no solo, prevalece o direito de preferência do proprietário.

ARTIGO 422º
(Valor relativo do direito de preferência)

O direito convencional de preferência não prevalece contra os direitos legais de preferência; e, se não gozar de eficácia real, também
não procede relativamente à alienação efectuada em execução, falência, insolvência ou casos análogos.

A obrigação de preferência
A lei regula genericamente o regime da obrigação de preferência nos art. 416 e 418.
O art. 416 refere o seguinte:
ARTIGO 416º
(Conhecimento do preferente)

1. Querendo vender a coisa que é objecto do pacto, o obrigado deve comunicar ao titular do direito o projecto de venda e as
cláusulas do respectivo contrato.

2. Recebida a comunicação, deve o titular exercer o seu direito dentro do prazo de oito dias, sob pena de caducidade, salvo se estiver
vinculado a prazo mais curto ou o obrigado lhe assinar prazo mais longo.

Entendemos que o nome do terceiro adquirente, desde que esteja determinado, tem que ser
sempre indicado na comunicação para preferência. Efectivamente, a função do pacto de
preferência é permitir que o titular da preferência possa optar por contratar com o obrigado,
em igualdade de condições, com as que este conseguir numa negociação com um terceiro. Dai
que, se a comunicação não indicar o nome do terceiro, não há qualquer hipótese de o titular
de preferência verificar a veracidade das condições comunicadas, não fazendo qualquer
sentido que ele fosse exercer a preferência nessa situação. Efectuada a comunicação para
preferência, o titular tem que exercer o seu direito no prazo de oito dias.

Ambas as partes formulam uma proposta de contrato e respectiva aceitação, que em princípio
deveria implicar sem mais a celebração do contrato definitivo, desde que estejam preenchidos
os seus requisitos de forma. Quando tal não suceda, essa declaração poderão ainda valer
como promessa de contratar, caso tenha sido observada a respectiva forma, o que permitirá o
recurso á execução específica prevista no art. 830 em caso de não cumprimento. Se sem
sequer essa forma for observada, haverá responsabilidade pré-contratual, nos termos do art.
227.
ARTIGO 227º
(Culpa na formação dos contratos)
1. Quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato deve, tanto nos preliminares como na formação dele, proceder
segundo as regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos que culposamente causar à outra parte.

2. A responsabilidade prescreve nos termos do artigo 498º.


A acção de preferência em caso de haver eficácia real
A obrigação de preferência é definidamente incumprida a partir do momento em que o
obrigado à preferência celebra com terceiro um contrato incompatível com a preferência, sem
efectuar qualquer comunicação para preferência ou tendo-a efectuado, se o titular tiver
comunicado, dentro do prazo, a intenção de exercer a preferência. Essa celebração do
contrato com terceiro provoca, assim, o incumprimento definitivo da obrigação de preferência,
o que implicará que o titular da preferência adquira o direito a uma indemnização por
incumprimento (art. 798) em virtude de os direitos de crédito não prevalecerem contra
direitos reais, estará vedado ao obrigado reclamar a coisa do terceiro adquirente.
ARTIGO 798º
(Responsabilidade do devedor)

O devedor que falta culposamente ao cumprimento da obrigação torna-se responsável pelo prejuízo que causa ao credor.

Mas se o direito de preferência gozar de eficácia real, caso as partes atribuam essa
característica ao pacto de preferência cumprindo os requisitos de forma e publicidade para tal
exigidos (art. 413, aplicável por força do art. 421), o titular da preferência não possui apenas
um direito de credito á preferência, mas também um direito real de aquisição, que pode opor
erga omnes, mesmo a posteriores adquirentes da propriedade.
ARTIGO 798º
(Responsabilidade do devedor)

O devedor que falta culposamente ao cumprimento da obrigação torna-se responsável pelo prejuízo que causa ao credor.

ARTIGO 413º
(Eficácia real da promessa)

1. À promessa de transmissão ou constituição de direitos reais sobre bens imóveis, ou móveis sujeitos a registo, podem as partes
atribuir eficácia real, mediante declaração expressa e inscrição no registo.

2. Deve constar de escritura pública a promessa a que as partes atribuam eficácia real; porém, quando a lei não exija essa forma para
o contrato prometido, é bastante documento particular com reconhecimento da assinatura da parte que se vincula ou de ambas,
consoante se trate de contrato-promessa unilateral ou bilateral.
ARTIGO 421º
(Eficácia real)

1. O direito de preferência pode, por convenção das partes, gozar de eficácia real se, respeitando a bens imóveis, ou a móveis
sujeitos a registo, forem observados os requisitos de forma e de publicidade exigidos no artigo 413º.

2. É aplicável neste caso, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 1410º.

O exercício do direito de preferência é denominada acção de preferência e vem prevista no


art. 1410, a propósito da preferência do comproprietário, mas é extensível a qualquer titular
de direitos reais de preferência (art. 421 nº2, art.1091 nrº4 e art. 1535 nrº2).
ARTIGO 1410º
(Acção de preferência)

1. O comproprietário a quem se não dê conhecimento da venda ou da dação em cumprimento tem o direito de haver para si a quota
alienada, contanto que o requeira dentro do prazo de seis meses, a contar da data em que teve conhecimento dos elementos
essenciais da alienação, e deposite o preço devido nos 15 dias seguintes à propositura da acção.

2. O direito de preferência e a respectiva acção não são prejudicados pela modificação ou distrate da alienação, ainda que estes
efeitos resultem de confissão ou transacção judicial.
Direito de preferência
ARTIGO 1091.º
Regra geral
1 - O arrendatário tem direito de preferência:
a) Na compra e venda ou dação em cumprimento do local arrendado há mais de três anos;
b) Na celebração de novo contrato de arrendamento, em caso de caducidade do seu contrato por ter cessado o direito ou terem
findado os poderes legais de administração com base nos quais o contrato fora celebrado.
2 - O direito previsto na alínea b) existe enquanto não for exigível a restituição do prédio, nos termos do ARTIGO 1053.º
3 - O direito de preferência do arrendatário é graduado imediatamente acima do direito de preferência conferido ao proprietário do
solo pelo ARTIGO 1535.º
4 - É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos ARTIGOs 416.º a 418.º e 1410.º
ARTIGO 1535º
(Direito de preferência)

1. O proprietário do solo goza do direito de preferência, em último lugar, na venda ou dação em cumprimento do direito de
superfície; sendo, porém, enfitêutico o prédio incorporado no solo, prevalece o direito de preferência do proprietário.

2. É aplicável ao direito de preferência o disposto nos ARTIGOs 416º a 418º e 1410º.

Esta acção preferência deve ser intentada no prazo de seis meses a contar da data em que o
titular da preferência teve conhecimento dos elementos essenciais da alienação tendo como
condição de procedência que ocorre o depósito do preço devido nos quinze dias posteriores á
propositura da acção.
Se discute na acção de preferência se o bem é atribuído ao titular da preferência ou
permanece na propriedade do terceiro, não podendo a acção afectar o obrigado, que
normalmente já recebeu o prelo que lhe era devido, nada mais tendo a ganhar ou perder.
Efectivamente, o que dá causa á acção de preferência é o incumprimento da obrigação de
preferência por parte do obrigado, não fazendo sentido que essa questão fosse apreciada
sem que ele seja chamado á acção.
O contrato a favor de terceiro
O contrato a favor de terceiros está previsto nos art. 443 e seg. O contrato a favor de terceiro
pode ser definido como um contrato em que uma das partes (o promitente) se compromete
perante outra (o promissário) a efectuar uma atribuição patrimonial em benefício de outrem,
estranho ao negócio (o terceiro). Consiste na realização de uma prestação (art. 443 nrº1), mas
pode igualmente consistir na liberação de uma obrigação, ou na cessão de um crédito, bem
como na constituição, modificação, transmissão ou extinção de um direito real (art. 443 nrº2).
Contrato a favor de terceiro

ARTIGO 443º
(Noção)

1. Por meio de contrato, pode uma das partes assumir perante outra, que tenha na promessa um interesse digno de protecção legal, a
obrigação de efectuar uma prestação a favor de terceiro, estranho ao negócio; diz-se promitente a parte que assume a obrigação e
promissário o contraente a quem a promessa é feita.

2. Por contrato a favor de terceiro, têm as partes ainda a possibilidade de remitir dívidas ou ceder créditos, e bem assim de constituir,
modificar, transmitir ou extinguir direitos reais.

ARTIGO 444º
(Direitos do terceiro e do promissário)

1. O terceiro a favor de quem for convencionada a promessa adquire direito à prestação, independentemente de aceitação.

2. O promissário tem igualmente o direito de exigir do promitente o cumprimento da promessa, a não ser que outra tenha sido a
vontade dos contraentes.

3. Quando se trate da promessa de exonerar o promissário de uma dívida para com terceiro, só àquele é lícito exigir o cumprimento
da promessa.

Essa atribuição patrimonial a realizar pelo promitente é determinada pelo promissário, quem
tem alias que ter em relação a ela um interesse digno de protecção legal (art. 443 nrº1). O
terceiro no entanto, não é interveniente no contrato embora adquira um direito contra o
promitente, em virtude do compromisso deste para com o promissário.
O regime normal do contrato a favor de terceiro
O contrato a favor de terceiro faz nascer automaticamente um direito para o terceiro, o qual
se constitui independentemente de aceitação deste (art. 444 nrº1), sendo nesta medida uma
excepção ao regime da ineficácia dos contratos em relação a terceiro (art. 406 nrº2).
ARTIGO 406º
(Eficácia dos contratos)

1. O contrato deve ser pontualmente cumprido, e só pode modificar-se ou extinguir-se por mútuo consentimento dos contraentes ou
nos casos admitidos na lei.

2. Em relação a terceiros, o contrato só produz efeitos nos casos e termos especialmente previstos na lei.

A aquisição do terceiro verifica-se imediatamente em virtude do contrato celebrado entre


promitente e promissário, dispensando-se qualquer outra declaração negocial para esse
efeito. A celebração do contrato atribui assim directamente o direito ao terceiro. Admite-se
que o terceiro possa rejeitar a promessa, mediante declaração ao promitente, que a deve
comunicar ao promissário (ar. 447 nrº1), caso em que se extinguirá o direito por si adquirido.
ARTIGO 447º
(Rejeição ou adesão do terceiro beneficiário)

1. O terceiro pode rejeitar a promessa ou aderir a ela.

2. A rejeição faz-se mediante declaração ao promitente, o qual deve comunicá-la ao promissário; se culposamente deixar de o fazer,
é responsável em face deste.

3. A adesão faz-se mediante declaração, tanto ao promitente como ao promissário.

O contrato a favor de terceiro faz nascer directamente um crédito na esfera jurídica do


terceiro (art. 444 nrº1), legitimando-o a exigir o cumprimento da promessa. No entanto,
normalmente também o promissário pode exigir do promitente o cumprimento da sua
obrigação (art. 444 nrº2), o que se explica em virtude de ter sido ele a acordar com o
promitente a realização da prestação a terceiro e possuir interesse jurídico no seu
cumprimento.
As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou no
interesse publico
Uma outra situação que apresente especialidade em relação ao regime normal do contrato a
favor de terceiro consiste na situação de a designação do beneficiário da prestação, não se
referir a uma pessoa determinada, mas antes a um conjunto indeterminado de pessoal ou
corresponder mesmo a um interesse público (como exemplo poderíamos apontar o caso de
alguém acordar com um restaurante que ele forneceria uma refeição na noite de Natal aos
pobres de determinada região.
A especialidade consiste no facto de se estabelecer uma legitimidade difusa para a exigência
da prestação, a qual pode ser efectuada não apenas pelo promissário ou seus herdeiros mas
também pelas entidades competentes para defender os interesses em causa (art. 445).
ARTIGO 445º
(Prestações em benefício de pessoa indeterminada)

Se a prestação for estipulada em benefício de um conjunto indeterminado de pessoas ou no interesse público, o direito de a reclamar
pertence não só ao promissário ou seus herdeiros, como às entidades competentes para defender os interesses em causa.

Essas entidades não podem, porém dispor do direito á prestação ou autorizar qualquer
modificação do seu objecto (art. 446 nrº1). Não possuem, por isso, como sucede com o
terceiro um direito de crédito á prestação do promitente, mas apenas, á semelhança do que
sucede em geral com o promissário (art. 444 nrº2), com um mero direito de reclamar a
prestação do promitente para o fim estabelecido. Teríamos o caso de alguém se comprometer
a não urbanizar um terreno em ordem a permitir a conservação de uma floresta.
A promessa a cumprir depois da morte do promissário
A promessa a cumprir depois da morte do promissário faz excepção ao regime ao art. 444 nrº1
uma vez que o terceiro não pode exigir o cumprimento da promessa antes da verificação da
morte do promissário, beneficiando até lá o terceiro apenas de uma expectativa jurídica.
A lei vem presumir que a estipulação das partes é no sentido de que o terceiro só adquire o
direito com a morte do promissário (art. 451 nrº1), mas que, se aquele falecer antes deste, os
seus herdeiros são chamados no lugar dele á titularidade da promessa (art. 451 nrº2).
ARTIGO 451º
(Promessa a cumprir depois da morte do promissário)

1. Se a prestação a terceiro houver de ser efectuada após a morte do promissário, presume-se que só depois do falecimento deste o
terceiro adquire direito a ela.

2. Se, porém, o terceiro morrer antes do promissário, os seus herdeiros são chamados em lugar dele à titularidade da promessa.

É manifesto que o terceiro não adquire qualquer direito antes da morte do promissário. A lei
estabelece duas regaras interpretativas: a de que o direito só é atribuído com a morte do
promissário, e a de que o promissário designa subsidiariamente como beneficiários os
herdeiros do terceiro, no caso de este falecer antes de adquirir esse direito. Naturalmente que
qualquer destas presunções poder ser ilidida (art. 350 nrº2), através da estipulação de que a
celebração do contrato faz adquirir imediatamente o direito, determinando a morte do
promissário apenas o vencimento da obrigação, ou através da estipulação de que só o terceiro
(e não os seus herdeiros) poderão beneficiar da promessa.
A promessa é sempre revogável enquanto o promissário for vivo, independentemente da
aceitação do terceiro (art. 448 nrº1). O promissário pode resolver designar ao promitente,
outro beneficiário da promessa como é o exemplo de um seguro de vida.
ARTIGO 448º
(Revogação pelos contraentes)

1. Salvo estipulação em contrário, a promessa é revogável enquanto o terceiro não manifestar a sua adesão, ou enquanto o
promissário for vivo, quando se trate de promessa que haja de ser cumprida depois da morte deste.

2. O direito de revogação pertence ao promissário; se, porém, a promessa foi feita no interesse de ambos os outorgantes, a revogação
depende do consentimento do promitente.

O contrato para pessoa a nomear


Verifica-se quando um dos intervenientes no contrato se reserva a faculdade de designar
outrem para adquirir os direitos ou assumir as obrigações resultantes desse contrato (art. 452
nrº1). Efectuada a designação os efeitos do contrato vão repercutir-se directamente na esfera
do nomeado. Não ocorre, por isso, qualquer transmissão entre o nomeante ou nomeado. Dá-
se antes um fenómeno de substituição de contraente, uma vez que após a nomeação o
contraente nomeado adquire os direitos e assume as obrigações provenientes do contrato a
partir do momento da celebração dele (art. 455 nrº1). A nomeação tem assim eficácia
retroactiva, tudo se passando como se o nomeado fosse parte no contrato desde o seu início.
ARTIGO 452º
(Noção)

1. Ao celebrar o contrato, pode uma das partes reservar o direito de nomear um terceiro que adquira os direitos e assuma as
obrigações provenientes desse contrato.

2. A reserva de nomeação não é possível nos casos em que não é admitida a representação ou é indispensável a determinação dos
contraentes.

2. Não sendo feita a declaração de nomeação nos termos legais, o contrato produz os seus efeitos relativamente ao contraente
originário, desde que não haja estipulação em contrário.

ARTIGO 455º
(Efeitos)

1. Sendo a declaração de nomeação feita nos termos do art. 453º, a pessoa nomeada adquire os direitos e assume as obrigações
provenientes do contrato a partir da celebração dele.
2. Não sendo feita a declaração de nomeação nos termos legais, o contrato produz os seus efeitos relativamente ao contraente
originário, desde que não haja estipulação em contrário
Se não for efectuada a nomeação nos termos legais, o contrato ira produzir os seus efeitos em
relação ao contraente originário (art. 455 nrº2). Admite-se porem estipulação em contrário,
pelo que as partes podem acordar que, em caso algum, o contrato vira a produzir efeitos em
relação ao contraente originário. Nessa hipótese a não verificação da nomeação acarretará a
ineficácia do contrato.
Para poder produzir os seus efeitos a nomeação deve observar determinados requisitos legais.
Assim dever ser feito por escrito ao outro contraente no prazo convencionado, ou na falta de
convenção, dentro de cinco dias, a contar da celebrarão do contrato (art. 453 nrº1), e deve ser
acompanhada para ser eficaz de instrumento de ratificação do contracto ou de procuração
anterior á celebração deste (art. 453 nrº2). A nomeação tem assim como requisito necessário
uma atribuição de poderes representativos por parte do nomeado, de forma a garantir a sua
vinculação ao contrato, exigindo a lei para o efeito procuração ou ratificação, consoante essa
atribuição de poderes representativos ocorra antes ou após a celebração do contrato para
nomear. Sendo exigida a ratificação esta deve ser outorgada por escrito (art. 454 nrº1), ou
revestir a forma do contrato celebrado, quando este tenha sido celebrado por documento com
maior força probatória (art. 454 nrº2).
ARTIGO 453º
(Nomeação)

1. A nomeação deve ser feita mediante declaração por escrito ao outro contraente, dentro do prazo convencionado ou, na falta de
convenção, dentro dos cinco dias posteriores à celebração do contrato.

2. A declaração de nomeação deve ser acompanhada, sob pena de ineficácia, do instrumento de ratificação do contrato ou de
procuração anterior à celebração deste.

ARTIGO 454º
(Forma da ratificação)

1. A ratificação deve constar de documento escrito.

2. Se, porém, o contrato tiver sido celebrado por meio de documento de maior força probatória, necessita a ratificação de revestir
igual forma.

Negócios unilaterais
Foi defendida a solução de só o contrato seria fonte idónea para constituir obrigações. É o
denominado princípio do contrato, do qual resulta que para a constituição de uma obrigação
se exige não apenas uma declaração negocial do devedor, mas também uma declaração
negocial do credor, com ela convergente. No entanto o nosso legislador não aceitou o
princípio do contrato em termos absolutos, mas não deixou de considerar que só
excepcionalmente se deveria admitir a constituição de obrigações por negócio unilateral. Por
esse motivo, vem no art. 457 do Código Civil estabelecer um princípio da tipicidade dos
negócios unilaterais, estabelecendo que a promessa unilateral de uma prestação só obriga nos
casos previstos na lei.
Encontra-se efectivamente consagrada no art. 457 a tipicidade dos negócios unilaterais
enquanto fonte de obrigações, o que significa que, salvo nos casos previstos na lei, a emissão
de uma simples declaração negocial não é vinculante para o seu autor em termos de
constituição de obrigações, exigindo-se antes a celebração de um contrato.
ARTIGO 457º
(Princípio geral)

A promessa unilateral de uma prestação só obriga nos casos previstos na lei.

Promessa de cumprimento e reconhecimento de divida


Aparece referida no art. 458 nrº1 e a sua relevância é apenas para inversão do ónus da prova,
o que corresponde á celebração de um acto jurídico simples e não de um negocio jurídico.
A lei exige em termos de forma, que a promessa ou reconhecimento constem de documento
escrito, se outras formalidades não forem exigidas para a prova da relação fundamental (art.
458 nrº2). Assim a promessa de cumprimento ou reconhecimento de divida, embora a sua
eficácia seja limitada á prova da relação fundamental, está pelo menos sujeita á forma escrita,
constituído assim, uma prova documental (art. 362) por documento particular (art. 373 e seg.),
admitindo-se no entanto, que fique sujeita a uma forma superior, designadamente a escritura
pública, caso a lei a exija para a prova da relação fundamental. Neste caso, tratar-se de uma
prova por documento autêntico (art. 369 e seg)
ARTIGO 458º
(Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida)

1. Se alguém, por simples declaração unilateral, prometer uma prestação ou reconhecer uma dívida, sem indicação da respectiva
causa, fica o credor dispensado de provar a relação fundamental, cuja existência se presume até prova em contrário.

2. A promessa ou reconhecimento deve, porém, constar de documento escrito, se outras formalidades não forem exigidas para a
prova da relação fundamental
ARTIGO 362º
(Noção)

Prova documental é a que resulta de documento; diz-se documento qualquer objecto elaborado pelo homem com o fim de reproduzir
ou representar uma pessoa, coisa ou facto.

ARTIGO 373º
(Assinatura)

1. Os documentos particulares devem ser assinados pelo seu autor, ou por outrem a seu rogo, se o rogante não souber ou não puder
assinar.

2. Nos títulos emitidos em grande número ou nos demais casos em que o uso o admita, pode a assinatura ser substituída por simples
reprodução mecânica.

3. Se o documento for subscrito por pessoa que não saiba ou não possa ler, a subscrição só obriga quando feita ou confirmada
perante notário, depois de lido o documento ao subscritor.

4. O rogo deve igualmente ser dado ou confirmado perante notário, depois de lido o documento ao rogante.

Documentos autênticos

ARTIGO 369º
(Competência da autoridade ou oficial público)

1. O documento só é autêntico quando a autoridade ou oficial público que o exara for competente, em razão da matéria e do lugar, e
não estiver legalmente impedido de o lavrar.

2. Considera-se, porém, exarado por autoridade ou oficial público competente o documento lavrado por quem exerça publicamente
as respectivas funções, a não ser que os intervenientes ou beneficiários conhecessem, no momento da sua feitura, a falsa qualidade
da autoridade ou oficial público, a sua incompetência ou a irregularidade da sua investidura.

Promessa pública
É a declaração negocial dirigida ao público através da qual se promete uma prestação a quem
se encontre em determinada situação ou pratique certo facto, positivo ou negativo. A lei
determina que essa situação implica imediatamente e sem necessidade da aceitação do
beneficiários, a vinculação do promitente a essa promessa (art. 459 nrº1). A promessa pública
é assim um negócio unilateral constitutivo de obrigações não se confundindo por isso com
outras declarações negociais dirigido ao público.
ARTIGO 359º
(Nulidade e anulabilidade da confissão)

1. A confissão, judicial ou extrajudicial, pode ser declarada nula ou anulada, nos termos gerais, por falta ou vícios da vontade,
mesmo depois do trânsito em julgado da decisão, se ainda não tiver caducado o direito de pedir a sua anulação.

2. O erro, desde que seja essencial, não tem de satisfazer aos requisitos exigidos para a anulação dos negócios jurídicos.
A declaração da promessa pública será emitida através de anúncio público, abrangendo
qualquer meio de comunicação social. O beneficiário só vira a ser determinado
posteriormente, é uma obrigação de sujeito activo indeterminado mas determinável (art. 511).
Obrigações de sujeito activo indeterminado

ARTIGO 511º
(Determinação da pessoa do credor)

A pessoa do credor pode não ficar determinada no momento em que a obrigação é constituída; mas deve ser determinável, sob pena
de ser nulo o negócio jurídico do qual a obrigação resultaria.

Não são excluídos da atribuição do direito, aqueles que tenham praticado o facto sem atender
á promessa ou na ignorância dela (art. 459 nrº2).
ARTIGO 459º
(Promessa pública)

1. Aquele que, mediante anúncio público, prometer uma prestação a quem se encontre em determinada situação ou pratique certo
facto, positivo ou negativo, fica vinculado desde logo à promessa.

2. Na falta de declaração em contrário, o promitente fica obrigado mesmo em relação àqueles que se encontrem na situação prevista
ou tenham praticado o facto sem atender à promessa ou na ignorância dela.

A extinção da promessa pública pode ocorrer por caducidade ou revogação.


A caducidade opera em relação as promessas publicas em que o promitente fixa um prazo de
validade ou este é imposto pela natureza ou fim da promessa (art. 460), nestes casos, a
promessa só é eficaz durante esse prazo pelo que se o direito não for exercido nesse período,
extinguir-se –a por caducidade (art. 331).
ARTIGO 460º
(Prazo de validade)

A promessa pública sem prazo de validade fixado pelo promitente ou imposto pela natureza ou fim da promessa mantém-se
enquanto não for revogada.

ARTIGO 331º
(Causas impeditivas da caducidade)

1. Só impede a caducidade a prática, dentro do prazo legal ou convencional, do acto a que a lei ou convenção atribua efeito
impeditivo.

2. Quando, porém, se trate de prazo fixado por contrato ou disposição legal relativa a direito disponível, impede também a
caducidade o reconhecimento do direito por parte daquele contra quem deva ser exercido.

Se no contrato a promessa não tem fixado um prazo de validade apenas se pode extinguir por
revogação (art. 460). Esta é igualmente possível nas promessas com prazo estipulado, caso
exista justa causa para revogação (art. 461 nrº1). A revogação no entanto só pode ser realizada
na forma da promessa ou em forma equivalente, e nunca depois de a situação referido já se
ter verificado ou o facto já ter sido praticado (art. 461 nrº2)
ARTIGO 461º
(Revogação)

1. Não tendo prazo de validade, a promessa pública é revogável a todo o tempo pelo promitente; se houver prazo, só é revogável
ocorrendo justa causa.

2. Em qualquer dos casos, a revogação não é eficaz, se não for feita na forma da promessa ou em forma equivalente, ou se a situação
prevista já se tiver verificado ou o facto já tiver sido praticado.

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