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ÉTICA E MORAL NA CONTEMPORANEIDADE: UMA REFLEXÃO A

PARTIR DE JOVENS ESTUDANTES

Alcides Junior

Emanuel Freitas

Para a construção desse artigo foram elaborados nove questionamentos à quatro


estudantes secundaristas, de escolas públicas e particulares, com idades que variavam de
15 à 17 anos. As entrevistas foram realizadas entre o dia 20 e 26 de abril. A temática
abordada foi situações antiéticas presenciadas por estes alunos dentro do ambiente
escolar, assim como, se estes já se consideraram antiéticos em alguma situação e o que
eles consideravam como uma situação antiética e imoral, a partir dos textos de Marilene
Chauí, “Convite à Filosofia”, “Ética e Vergonha na Cara!” dos autores Mario Sérgio
Cortella e Clóvis de Barros Filho e “Temas de Filosofia” da autora Maria Lúcia de Arruda
Aranha. Para a realização das entrevistas foram utilizados gravadores de voz e entrevistas
com o grupo.

A seguir o questionário proposto:

 Dentro do seu ambiente escolar, qual a sua reação ao presenciar estas seguintes
situações:
1. Ver alguém furar a fila à sua frente.
2. Ver alguém furar a fila atrás de você.
3. Ver alguém colando em uma prova.
4. Ver seu amigo colando ou pedindo cola para você em uma prova.
5. Como você reage ao receber um troco errado. Com dinheiro a mais? E
com dinheiro a menos?
6. Na sua opinião, o que é ética?
7. Na sua opinião, o que é moral?
8. Na sua opinião, o que seria uma situação antiética e imoral?
9. Você já se considerou antiético em alguma situação? Se sim, em que
contexto?

De acordo com as repostas dos entrevistados ao primeiro questionamento, podemos


constatar que alguns consideram o ato de furar uma fila como falta de educação e respeito
ao próximo. Enquanto outros, o consideram como um ato de injustiça. Este
posicionamento permanece, quando o outro contexto é apresentado, no momento que
alguém fura a fila atrás.

Ao serem questionados como reagem ao presenciar algum colega de turma


colando em uma prova, alguns estudantes entrevistados afirmam que adotam uma postura
indiferente. Uma vez que isto é um ato corriqueiro no ambiente escolar. Este tipo de
atitude, na opinião dos entrevistados, só prejudica de fato quem o comete. Mas, segundo
um entrevistado, este ato não seria tolerado, pois, ele, de imediato, denunciaria a trapaça.
Questionado, se reagiria da mesma forma se um colega de turma viesse a pedir cola, o
aluno disse que não faria a denúncia, assim como não daria a cola. Já quando os
estudantes foram expostos ao seguinte questionamento sobre o troco errado, todos em
unanimidade, concordaram que devolveriam a quantia a mais, assim como, reclamariam
da quantia a menos.

No que tange aos questionamentos sobre o que seria ética e moral, percebemos de
início um pouco de confusão dos entrevistados ao defini-las. Alguns consideram ética
como um conjunto de regras da sociedade, um julgamento do que é certo e errado.
Possuindo um senso individual e pessoal. Por outro lado, alguns consideram ética como
o processo de formação de caráter do ser humano, um modo de conduta para as pessoas
viverem em harmonia e bem estar social.

Para os estudantes entrevistados, a ética existe a partir das experiências


individuais de cada um, assim como a partir das visões de mundo que cada um tem.
Possuindo um caráter quase que exclusivamente individual e relativista. Ou seja, uma
ética particular. Podemos acrescentar ainda, que para estes estudantes a ética tem um quê
de justiça social. Como por exemplo, o estudante C questionado o motivo de denunciar
um outro estudante flagrado colando, aquele alegou não ser justo ele ter se dedicado tanto
para alguém burlando as regras levar vantagem e obter sucesso.

Quando inquiridos sobre o conceito de moral, os estudantes se mostraram


convergir no conceito de que moral é um conjunto de regras e costumes aplicados à todos
de um meio social. Por vezes, foram mencionados as palavras: norma, regras e lei. Para
os estudantes, o conceito de moral está intrinsicamente ligada aos costumes e cultura de
uma sociedade. Sendo um código de conduta para reger as relações sociais. Código este,
baseado na dualidade do certo e errado. A partir deste ponto, para eles, moral e ética teria
uma relação simbiótica, porém opostas. Sendo que a ética se daria no campo pessoal e
individual, enquanto, a moral se daria no campo coletivo e social. Minha ética regida pela
moral, por assim dizer.

Ao serem expostos ao que seria uma situação imoral e antiética, os estudantes


demonstram certa insegurança ao defini-las. Não conseguem tipificar o que seriam atos
antiéticos e imorais. Ou, limitam antiética e imoralidade em um conceito sinonímico.
Alguns usam exemplos de atos antiéticos em um campo especifico e particular, como no
caso, ética medica. Pode-se perceber que para alguns destes estudantes entrevistados, a
imoralidade, diferente da antiética, se dá a partir de atos que ferem a sexualidade e a
ordem vigente. Como o ato de fazer apologia à sexualidade e ao crime em letras de
músicas, assim como às drogas. A imoralidade seria então a quebra de decoro ou aos bons
costumes.

Também é importante salientar que para grande parte dos entrevistados, atos
ditos antiéticos estão mais restritos e característicos no meio político. Por vezes, a
temática “corrupção” foi levantada e exemplificada. Surpreendentemente, na opinião de
alguns, o ato de votar e fazer parte do ato político, por si só, já é um ato antiético. Uma
vez que, votar em políticos corruptos torna quem votou também em um corrupto.

Ao responderem o questionamento final, os estudantes não souberam relatar com


exatidão situações em que agiram antiteticamente. Para alguns, estes momentos se deram
quando eles acreditaram terem agido errado ou contra as normais sociais do ambiente.
Situações cotidianas, a exemplo, conversar durante uma aula, não cumprimentar alguém
na rua ou agir contra a própria natureza, foram relatadas. Para os entrevistados, agir
antiteticamente ou é ir contra a própria natureza ou ir contra as regras de conduta da
sociedade.

Podemos a partir das respostas obtidas, comprovar uma certa confusão entre ética
e moral. Assim como noções distintas de éticas: ética individual e ética coletiva. Para os
entrevistados, a ética individual seria a concepção natural do indivíduo do que é certo e
errado. Algo imanente e advindo de um processo pragmático e empírico. Sendo a ética
coletiva, o conjunto de regras e costumes imanados da sociedade. Como afirma Cortella
(2014, p. 23) “(...) A nossa formação, dentro de uma sociedade e cultura, se dá a partir
daquilo que temos como espelhamento de conduta, crianças e jovens, em grande medida,
se formam eticamente a partir daquilo que observam como conduta prática correta do pai
e da mãe”.

Para os alunos entrevistados, esta ética dita coletiva deve ser reproduzida e
obedecida, pois, há certos dispositivos legais que a validam. Com por exemplo, a
legislação. Outro fator importante a salientar, é que há uma certa punição no
descumprimento ou desobediência nesta referida ética coletiva, como o exemplo dado
pelo estudante C, que denunciaria o estudante flagrado trapaceando em uma prova,
exigindo sanções e punições ao mesmo.

É também notório este confronto de ideias, a partir da afirmação da estudante


A de que: “agir antiteticamente é agir contra a sua própria ética”. A partir desta afirmação
um tanto quanto contraditória, podemos perceber que existe um conflito interno da ética
individual entre consciência moral e obrigação moral. Onde a consciência moral deve se
sobrepor à obrigação moral. Um embate entre consciência e vontade. Muito pertinente
salientarmos aqui a fala de Barros Filho (2014, p. 25) quando este afirma que “A ética é
a transcendência em relação à natureza; a necessidade de perceber que vontade não é
desejo, porque vontade, muito mais do que uma inclinação do corpo, é uma decisão
racional, elaborada e criativa sobre para onde queremos ir.”.

Enquanto conceito de moral para os entrevistados, como já explicitado, está


intimamente ligada ao conceito de regras de condutas ou normas de conduta. Sendo
considerada, como o elemento superior regente da ética. Ela está fora do sujeito. No
exterior, no ambiente, nas relações sociais. Pode ser mutável e adaptável, de acordo com
as necessidades da época e da sociedade. Neste ponto, podemos extrair e salientar algo
interessante das entrevistas.

Na concepção dos estudantes, a moral está em constante avanço, já que está


sujeita às necessidades dos grupos sociais, mas para eles, atualmente se vive uma forte
decadência moral nas mais variadas instâncias. Podemos relacionar aqui a fala de Aranha
(1998, p. 125) de que “Nem sempre a mudança moral equivale a progresso moral. Existe
progresso quando se dá um avanço com melhoria de qualidade. Isso significa que certos
valores antigos não precisam ser considerados necessariamente ultrapassados, da mesma
forma que valores dos ‘novos tempos’ algumas vezes podem não indicar progresso.”.

Podemos notar aqui um embate entre a moral constituinte e a moral constituída,


na visão dos alunos entrevistados. Indagados em quais instâncias se daria a presença de
crise e decadência moral, os entrevistados se mostraram quase que unânimes ao apontar
a situação política do país e até a política em si, como o baluarte da decadência moral.
Assim como o conceito de imoralidade para alguns se limitar quase que exclusivamente
no campo da sexualidade. Este fato em si, é sintomático em nossa sociedade, pois, a
denotação de tal vocábulo há muito perdeu seu real significado.

Por fim podemos constatar a partir do trabalho de campo, que a concepção e


noção do que é ética e moral ainda está muito atrelada a questões dualísticas. O bem e o
mal. O certo e errado. E por vezes, por noções dicotômicas. A ética pessoal e a ética
coletiva. Assim como, guiadas por concepções ideológicas e empíricas. Para alguns, a
ética e a moral são inerente ao ser humano. Sendo uma característica mais que humana.
O que nos difere dos demais seres vivos habitantes deste pequeno e isolado planeta azul.

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