Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ISSN 2446-6123
rede federal, 56.094 na estadual e 931 na municipal, enquanto a rede privada totalizou 31.691
(15%) matriculas. Ao todo havia 3.791 programas de pós-graduação stricto sensu ou 5.670
cursos de mestrado ou doutorado (Tabela 1). O crescimento tem sido constante na última
década, passando de 2.993 cursos de mestrado e doutorado, em 2004, para 5.670 em 2014,
sendo 3.157 mestrados acadêmicos, 1.941 doutorados e 572 mestrados profissionais. Todavia,
a maior parte desses cursos/programas se concentra em instituições de ensino superior,
sobretudo universidades, das regiões sudeste e sul do país.
Para atingir a expansão prevista nas taxas bruta e líquida destacam-se as estratégias que
visam a interiorização da educação superior nas instituições públicas (estratégias 12.1; 12.2),
ou melhor, nas universidades federais, na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica e no sistema Universidade Aberta do Brasil. Na estratégia 12.3 reiteram-se os
percentuais já estabelecidos no Reuni, ou seja, elevar gradualmente a taxa de conclusão média
dos cursos de graduação presenciais nas universidades públicas para 90%, ofertando, no
mínimo, um terço das vagas em cursos noturnos e de elevar a relação de estudantes por
professor (a) para 18. Reitera-se também, na estratégia 12.17, o estímulo a “mecanismos para
ocupar as vagas ociosas em cada período letivo na educação superior pública”.
É preciso destacar também que, desde o governo Lula (2003-2010), buscou-se expandir
mais fortemente as instituições, os cursos e as matriculas na rede Federal de Educação
Tecnológica, mediante expansão dos cursos de tecnologia, de licenciatura e até de
bacharelado, como mostra a Tabela 3.
Outra frente significativa de expansão tem sido a de matriculas em cursos noturnos, que
tem crescido mais no setor privado do que no setor público, como mostra a Tabela 4. No setor
público chegou-se a 38,5% o percentual de matrículas em cursos noturnos, enquanto no setor
privado esse percentual chegou a 73,2% em relação ao total das matrículas.
Tabela 4 - Percentual da matrícula em cursos noturnos em relação à matrícula total nas IES
públicas e privadas no perido 2000 a 2012.
1. Percentual da matrícula em cursos noturnos em relação à matrícula total nas IES públicas.
Indicador 2. Percentual da matrícula em cursos noturnos em relação à matrícula total nas IES privadas.
3. Número de cursos seqüenciais.
Indicador 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Desempenho
1. 35,4 36,4 35,8 35,8 36,1 37,0 37,0 37,4 37,7 ... 38,0 38,1 38,5
do indicador
2. 66,2 66,6 67,0 67,7 68,0 68,6 69,2 69,9 70,9 ... 72,8 73,2 73,2
3. 424 570 799 875 841 863 801 613 511 290 230 196 184
Uma forte tendência na última década foi a de ampliar o processo de inclusão por meio
de ações afirmativas, lei de cotas, assistência estudantil, dentre outros. Destacam-se nessa
direção, as estratégias 12.5, 12.9 e 12.13. Pretende-se, assim “ampliar a participação
Tabela 7 - Número de alunos beneficiados pelo Programa Universidade para todos (ProUni)
de 2005 a 2012
Indicador 1. Número de alunos beneficiados pelo Programa Universidade para todos (ProUni).
Indicador 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Desempenho
do indicador 112,3 138,7 163,9 225,0 247,6 240,4 254,6 284,6
1. - - - - -
mil mil mil mil mil mil mil mil
Há indícios de que se possa pensar, ao longo do decênio 2014-2024, num sistema único
de educação superior público, envolvendo os estados e municípios, pois a estratégia 12.18,
prevê “estimular a expansão e reestruturação das instituições de educação superior estaduais e
municipais cujo ensino seja gratuito”. A estratégia sugere o “apoio técnico e financeiro do
Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de reestruturação”, considerando a
possível “contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e as necessidades dos
sistemas de ensino dos entes mantenedores na oferta e qualidade da educação básica”. Há
ainda estratégias que não tem relação direção com a ampliação das taxas bruta e líquida, mas
que podem ser consideradas importantes no contexto de reestruturação da educação superior.
Quanto à garantia da qualidade do processo de expansão, aspecto destacado na meta
12, o PNE traz apenas uma estratégia nessa meta, a 12.9, que aponta apenas para a
reestruturação dos procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e supervisão, com
ênfase na melhoria de prazos e qualidade da decisão. Isso deverá ocorrer no prazo de dois
anos, sobretudo em “em relação aos processos de autorização de cursos e instituições, de
reconhecimento ou renovação de reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento
ou recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema federal de ensino”. Na estratégia
12.20 vemos que os benefícios destinados à concessão de financiamento a estudantes, a
exemplo do FIES e do PROUNI, só serão concedidos aos estudantes regularmente
matriculados em cursos superiores presenciais ou a distância que tenham avaliação positiva,
de acordo com regulamentação própria, nos processos conduzidos pelo MEC. Parece haver,
portanto, um entendimento de que o modelo e a sistemática atual de regulação, supervisão de
avaliação de instituições, cursos e estudantes é adequada e suficiente para assegurar a
Universidade Estadual de Maringá – 18 a 20 de Maio de 2016 1340
Anais do XXIV Seminário Nacional UNIVERSITAS/BR
ISSN 2446-6123
No terceiro aspecto destacado no texto da meta 12, ou seja, a “expansão para, pelo
menos, 40% das novas matrículas, no segmento público”, verifica-se que é grande o desafio,
pois no período de 2000 a 2012 as taxas de crescimento da rede pública foram mais elevadas
que as da rede privada somente nos anos 2008, 2010, 2011 e 2012, conforme Tabela 8. Será
um aspecto da meta 12 que exigirá forte determinação do governo federal para sua
concretização, considerando a forte tendência de expansão da educação superior privada,
desde a segunda metade dos anos 1990, que resultou em 2013 em um total 74% das
matriculas dos cursos de graduação no setor privado. Além disso, o forte incentivo ao
crescimento do setor privado por meio da ampliação do FIES e das bolsas integrais e parciais
advindas das IES privadas que gozam de isenção fiscal mediante o PROUNI parecem indicar
que o setor privado continuará a crescer acima das taxas do setor público.
exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento),
sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores”.
O Censo da Educação Superior de 2013 (BRASIL, 2014), registrou um total de 321.700
docentes em exercício, sem incluir os que atuam exclusivamente na pós-graduação lato sensu,
sendo 152.166 no setor público e 181.302 no setor privado. Dos que atuam no setor público,
94.354 atuam na categoria administrativa federal, 47.823 na estadual e 11.459 na municipal.
Na rede pública, 53,2% dos docentes em exercício são doutores, 29,6% mestres e 17,2%
especialistas. Ou seja, na rede pública, se somarmos os percentuais de doutores e mestres
totaliza-se 82,8%, o que ultrapassa a proporção dos 75% previstos na meta. Os 53,2% de
doutores também ultrapassam a meta dos 35% previstos na meta 13. Isso mostra que o maior
problema em termos da titulação de mestres e doutores está no setor privado. Nessa rede
47,1% dos docentes tem mestrado e 18,2% tem doutorado, enquanto 34,7% são especialistas.
A soma de mestres e doutores chega a 65,3%, o que exigirá esforço para atingir ao previsto de
75% previsto nessa meta. O problema maior é a ampliação do percentual de doutores que
atualmente é de 18,2%, que deverá chegar a 35%.
Essa análise, todavia, não é inteiramente correta porque infelizmente a meta 13 não
separa o setor público do setor privado, já que deverá ser atingida pelo “conjunto do sistema
de educação superior”. No conjunto do sistema havia, em 2013, 39,7% de mestres, 33,0% de
doutores e 27,3% de especialistas. Ou seja, se somarmos mestres e doutores teremos 72,7, o
que indica que a meta provavelmente será alcançada sem grande esforço, sobretudo porque na
rede pública federal e nas grandes universidades estaduais os concursos públicos são abertos
para doutores. Além disso, a tendência tem sido de forte elevação da proporção de mestres e
doutores nos últimos anos. Um obstáculo talvez seja a contratação e fixação de doutores em
cidades do interior do país, dado ao processo de expansão que tem favorecido à interiorização
dos cursos de graduação, o que, no entanto, é importante para a equalização das oportunidades
educacionais e para um desenvolvimento mais equilibrado do país. Mas, o crescimento
acentuado dos cursos, programas e matriculas para a formação de mestres e doutores (Tabela
9), sobretudo na última década, indica que a expansão pretendida na meta 12 e que a
qualidade buscada na meta 13 contará os docentes-pesquisadores necessários ao conjunto do
sistema.
Outro problema não tratado nas metas do PNE diz respeito ao Regime de Trabalho das
redes pública e privada. Na rede pública, a quase totalidade dos docentes em exercício tem
tempo integral, o que permite a realização de trabalho intelectual que envolve a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, enquanto na rede privada o maior
contingente é de tempo parcial e de horistas, o que certamente traz implicações para a
qualidade do trabalho docente e para a melhoria da avaliação dos cursos.
Grande parte das estratégias previstas na meta 13 diz respeito à avaliação da graduação
para elevar a qualidade da educação superior. Pouco é dito sobre como será ampliada a
proporção de mestres e doutores. As estratégias 13.1, 13.2, 13.3, 13.4, 13.6 e 13.8 dizem
respeito a alguma forma de aperfeiçoamento e ampliação do Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior – SINAES, fortalecendo as ações de avaliação, regulação e supervisão,
que envolve também o ENADE, a autoavaliação das instituições, a aplicação de instrumentos
próprios que melhorem a qualidade dos cursos de licenciatura, a utilização do ENEM e a
melhoria dos resultados de aprendizagem.
Embora não apareçam estratégias específicas para tratar da ampliação da proporção de
mestres e doutores do corpo docente, há duas estratégias, 13.5 e 13.7, que fazem referencias
gerais à melhoria da qualidade das universidades e à expansão e visibilidade de suas
atividades. A estratégia 13.5 propõe “elevar o padrão de qualidade das universidades,
direcionando sua atividade, de modo que realizem, efetivamente, pesquisa institucionalizada,
articulada a programas de pós-graduação stricto sensu”, enquanto a 13.7 pretende “fomentar a
formação de consórcios entre instituições públicas de educação superior, com vistas a
potencializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de desenvolvimento institucional
integrado, assegurando maior visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino,
pesquisa e extensão”. Além disso, há uma breve referencia na estratégia 13.9 à promoção e
As estratégias para atingir essa meta 14, no tocante às matriculas e a titulação de mestres
e doutores, conta com 15 estratégias. A quantidade de estratégias por assunto parece indicar
as prioridades estabelecidas em termos de política para o setor de pós-graduação.
A questão da internacionalização da pesquisa e da pós-graduação, da ampliação do
intercâmbio científico, da ampliação da produção, da formação de recursos humanos pós-
graduados, da articulação e cooperação com as empresas para aumentar a competitividade e
da focalização na pesquisa aplicada, inovação e geração de patentes recebe centralidade, pois
há seis estratégias nessa direção. Assim, a estratégia 14.9 indica a necessidade de “consolidar
programas, projetos e ações que objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós-
expansão deve voltar-se também para “implementar ações para reduzir as desigualdades
étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das populações do campo e das
comunidades indígenas e quilombolas a programas de mestrado e doutorado” (14.5);
Há ainda duas estratégias que indicam que a expansão deve “manter e expandir
programa de acervo digital de referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação,
assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência” (14.7) e “estimular a participação das
mulheres nos cursos de pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às áreas de
Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática e outros no campo das ciências” (14.8).
Considerações Finais
A educação superior no PNE traz meta ambiciosa voltada para a graduação e também
para a titulação de doutores na pós-graduação. Além disso, evidencia preocupação com o fato
da expansão não trazer prejuízos para a qualidade da oferta. Passar de 15,1% para 33% as
matrículas da população de 18 a 24 anos, no período de 2014 a 2024, significará uma
“revolução” na oferta de educação superior no país, pois estaremos nos transformando num
sistema de massa e caminhando para a universalização do atendimento desse nível de ensino.
Isso certamente terá grande efeito na igualdade de oportunidades, na inclusão social, na
produção do conhecimento e no desenvolvimento do país, especialmente se for assegurada a
qualidade da oferta.
A expansão planejada, conforme o PNE, contará com os setores públicos e privados,
como se vê nas estratégias. No setor privado pretende-se ampliar o financiamento via FIES e
PROUNI, incluindo o financiamento de cursos de mestrado e doutorado. Na expansão
prevista para o setor público o esforço terá que ser considerável, pois é preciso garantir “40%
das novas matrículas nesse segmento” e, além disso, contribuir decisivamente para alcançar
as taxas previstas: 50% de taxa bruta e 33% de taxa líquida nas matriculas da população de
18 a 24 anos. Aqui, as frentes de expansão previstas são: a expansão via universidades
federais, sobretudo com a interiorização da oferta e criação de novos campi e de vagas em
cursos noturnos, expansão via cursos a distancia, ampliação dos cursos de tecnologias,
licenciaturas e bacharelados nos IFs, dentre outras ações. O modelo de expansão parece ser o
da diversificação do sistema, contando com diferentes formatos acadêmicos, mas mantendo a
universidade na linha de frente da expansão da pós-graduação stricto sensu e também dos
cursos de graduação.
Referencias