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2011
DIREITO DE FAMÍLIA
A CF de 88, em seu art. 226, consagra um sistema jurídico de direito de família aberto,
inclusivo e não discriminatório. Vale dizer, o nosso sistema constitucional, além do
casamento, reconhece também como entidades familiares a união estável e o núcleo
monoparental (formado por qualquer dos pais de sua prole).
A doutrina mais abalizada (Paulo Lobo, Luiz Edson Fachin, Maria Berenice Dias)
reconhece, por sua vez, que outros arranjos familiares, ainda que não explicitamente
previstos merecem a devida tutela jurídica e constitucional.
2. Conceito de família:
Sem pretender esgotar a definição, entendemos que a família, base da sociedade (art.
226, CF), é um ente despersonificado moldado pelo vinculo da sócioafetividade, dotado
de estabilidade e merecedor de tutela jurídica.
A família é:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação
sexual.
3. Casamento
Conceito: Nos termos do art. 1.511 do CC/2002, lembrando a doutrina de Van Wetter,
podemos definir o casamento como uma instituição oficial, solene, que firma uma
comunhão plena de vida entre os cônjuges, na perspectiva do principio constitucional da
igualdade de direitos.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os
pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
1.631.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil
(art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
O CP, em sua atual redação, considera “estupro de vulnerável” (com menor de 14 anos),
crime que se processa mediante ação penal pública incondicionada. Assim sendo, em
regra, não teria cabimento uma autorização para casamento entre a menor e o réu,
ressalvadas situações excepcionais em que a maturidade da vítima e a estabilidade da
relação possam indicar a inequívoca ausência de justa causa para a ação penal.
OBS.: Ainda a titulo de introdução, vale lembrar que existem dois tipos de básicos de
casamento: o casamento civil e o casamento religioso com efeitos civis (admitido pela
constituição de 1934).
O Tribunal da Justiça da Bahia em decisão pioneira (MS 34739-8 de 2005), admitiu o
casamento espírita com efeitos civis ( ver no material de apoio referencia à parecer do
jurista Dalmo Dallari).
São formas especiais de casamento: por procuração (art. 1542, CC) também
nuncupativo (pessoa que está a beira da morte) ou in articulo mortis ou in extremis (1540
CC) e casamento em caso de moléstia grave (1539, CC).
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se
encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo
presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco
dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da
autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na
presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na
colateral, até segundo grau. (casamento NUNCUPATIVO- não há autoridade competente, somente
testemunhas)
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes
especiais.
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o
casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o
mandante por perdas e danos.
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento
nuncupativo.
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
Até aqui
ORAI e VIGIAI
Aula 2 – 05/07/2011
Impedimentos matrimoniais
Obs.:A despeito da proibição constante da parte final do inciso IV, do art. 1.521, a
doutrina brasileira (enunciado 98 da 1ª jornada), amparada no decreto lei 3.200/41,
sustenta a excepcional possibilidade de casamento entre colaterais de terceiro grau, se
houver parecer médico favorável.
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode
ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes,
ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. (o erro já existia, mas só é descoberto depois do
casamento)
OBS 1:. A impotência coeundi (defeito físico que impossibilita a relação sexual) é causa
de anulação (Ver o peculiar embargos infringentes nº 7.1036425/RS).
OBS 2:. A impotência generandi (não pode ter filho) não é causa de anulação.
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os
cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a
saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
OBS.: Quem se casa violando as causas suspensivas terá o casamento como válido.
Todavia, o regime de casamento deverá ser obrigatoriamente, o de separação obrigatória
de bens.
O que se entende por casamento putativo? Trata-se, nos termos do art. 1.561 do
CC/2002, nada mais é do que o matrimonio inválido, nulo ou anulável cujos efeitos
jurídicos são preservados em favor do cônjuge de boa-fé. Na perspectiva do principio da
boa-fé objetiva, é a própria teoria da aparência que justifica o referido instituto.
O artigo 1554 CC, traz uma especial hipótese de casamento inexistente por ausência de
competência legal da autoridade celebrante e que ainda assim tem os seus efeitos
jurídicos preservados em favor do cônjuge de boa-fé.
Deveres matrimoniais
Observa Orlando Gomes que a coabitação representa mais que a simples convivência
sobre o mesmo teto, mas também união carnal (debitum conjugale).
até aqui
Conceito: a autorização conjugal é exigida, nos termos do art. 1.647, para a prática dos
atos ali descritos, ressalvada a situação em que os cônjuges estejam submetidos ao
regime de separação absoluta de bens.
Obs.: a expressão “separação absoluta” deve ser entendida segundo o professor Nelson
Neri, como separação convencional de bens, dada a não incidência da Súmula 377 do
STF, posição esta recentemente confirmada pelo STJ (REsp 1.163.074/PB):
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO ANULATÓRIA DE AVAL - OUTORGA
CONJUGAL PARA CÔNJUGES CASADOS SOB O REGIME DA
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - NECESSIDADE - RECURSO
PROVIDO.
1. É necessária a vênia conjugal para a prestação de aval por pessoa casada sob
o regime da separação obrigatória de bens, à luz do artigo 1647, III, do Código
Civil.
2. A exigência de outorga uxória ou marital para os negócios jurídicos de
(presumidamente) maior expressão econômica previstos no artigo 1647 do
Código Civil (como a prestação de aval ou a alienação de imóveis) decorre da
necessidade de garantir a ambos os cônjuges meio de controle da gestão
patrimonial, tendo em vista que, em eventual dissolução do vínculo
matrimonial, os consortes terão interesse na partilha dos bens adquiridos
onerosamente na constância do casamento.
3. Nas hipóteses de casamento sob o regime da separação legal, os consortes,
por força da Súmula n. 377/STF, possuem o interesse pelos bens adquiridos
onerosamente ao longo do casamento, razão por que é de rigor garantir-lhes o
mecanismo de controle de outorga uxória/marital para os negócios jurídicos
previstos no artigo 1647 da lei civil.
4. Recurso especial provido.
De acordo com o art. 1.649, a falta de outorga uxória ou autorização conjugal tornará
anulável o ato.
A Súmula 332 do STJ firmou o entendimento segundo qual a fiança prestada sem
autorização conjugal é TOTALMENTE ineficaz.
União estável
Art. 1.723 do CC/2002: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Obs.: nos termos do § 1º do art. 1.723, concluímos que a união estável poderá se
constituir entre pessoas desimpedidas e também entre pessoas casadas, estas últimas
desde que separadas de fato.
O STJ, julgando o REsp 789.293/RJ, não admitiu a tese da união estável putativa.
GUARDA DE MENORES
Nesta aula, estuda-se a guarda que deriva do poder de familiar, lembrando-se que pode
haver a guarda prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (colocação em família
substituta).
Espécies de guarda:
FILIAÇÃO
Vale lembrar que, além de formal e irrevogável, de modo que o reconhecimento de filho
é ato personalíssimo (mas é admissível por procurador – art. 59 da LRP).
Obs.: o art. 1.614 do CC/2002 traz regra importante sobre o reconhecimento de filho
maior (no REsp 601.997/RS), o STJ entendeu que este prazo de 4 anos deveria ser
desconsiderado, por se tratar de um direito de impugnação imprescritível.
INVALIDADE DO CASAMENTO
Obs.: fazer a leitura dos artigos seguintes, especialmente daqueles que cuidam dos
prazos da ação anulatória.
O casamento, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 do CC/2002, pode ser anulado por
vício de vontade.
REGIME DE BENS
O STJ já pacificou (ver, por exemplo, o REsp 821. 807/PR, REsp 730. 546/MG) que a
mudança de regime de bens pode ser pleiteada por pessoas casadas antes do CC/2002.
Desde a Lei nº 6.515/77 (e o art. 1.640 do CC/2002 é na mesma linha), o regime de bens
supletivo é o da comunhão parcial de bens.
É bom que se diga que o art. 1.641 do CC/2002 estabelece situações em que é imposto o
regime de separação obrigatória ou legal de bens.
O STJ, a despeito do que dispõe os arts. 1.659, VI, e 1.668, V, no sentido de ser pessoal
o provento ou fruto do trabalho de cada cônjuge, tem admitido a partilha de verba
rescisória e até mesmo saldo de FGTS (ver REsp 421.801/RS, REsp 781.384/RS).
Conceito: neste regime, regrado a partir do art. 1.667 do CC/2002, mais abrangente do
que o regime anterior, regra geral comunicam-se, salvo as exceções da lei, os bens
anteriores e posteriores ao matrimônio, adquiridos a título gratuito ou oneroso.
Conceito: neste confuso regime, que exigiria uma contabilidade constante (Maria
Berenice Dias), disciplinado a partir do art. 1.672, cada cônjuge possui patrimônio
próprio (como na separação), mas, na época da dissolução da sociedade conjugal,
apurar-se-á, segundo as específicas regras do regime, o patrimônio adquirido pelo casal
a título oneroso, para efeito de meação.
Obs.: o art. 1.656 estabelece que no pacto antenupcial que adota o regime de
participação final nos aquestos poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens
imóveis, desde que particulares.
Separação convencional
PARENTESCO
Obs.: marido e mulher (ou companheiro e companheira) não são parentes entre si.
AULA 12.07.2011
UNIÃO ESTÁVEL
Somente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 (art. 226, § 3º), a união
estável passou a ser considerada uma entidade familiar, o que, por via de conseqüência,
fez com que passasse a ter a tutela jurídica do direito de família.
Posteriormente, duas leis de família regulamentariam o tema: Lei nº 8.971/94 e Lei nº
9.278/96.
OBS sobre § 1º.: os impedimento do art. 1.521, aplicam-se à união estável, com exceção
do inciso VI, na medida em que a pessoa casada, pode constituir união estável se estiver
separado judicialmente ou de fato do seu cônjuge.
OBS.: nos termos do § 1º do art. 1.723, concluímos que a união estável poderá se
constituir entre pessoas desimpedidas e também entre pessoas casadas, estas últimas
desde que separadas de fato.
Quem está em união estável submete-se aos direitos e deveres equiparáveis aos do
casamento, ou seja, o reconhecimento da relação estável, além de deflagrar efeitos
sucessórios, produz efeitos de família equiparáveis aos do casamento (art. 1.724 e
1.725).
É digno de nota que o STJ, julgando o REsp 789.293/RJ, não admitiu a tese da união
estável putativa para proteger uma segunda companheira de boa-fé.
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.
As mais recentes decisões, inclusive do próprio STF (RE 590.779) não tem reconhecido
à concubina a proteção do Estado. Inclusive, no âmbito previdenciário direito também
tem sido negado (RE 397762-8).
Poliamorismo ou poliamor