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IV CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE GESTÃO PELO

CICLO DE VIDA
9 a 12 de novembro de 2014
São Bernardo do Campo – SP – Brasil

Caracterização e avaliação de ciclo de vida de sistemas de produção da


cana-de-açúcar representativos de áreas tradicionais e de expansão da
cultura no Brasil
J. F. Picoli1, R. T. Gomes2, K. R. da Costa3, C. E. O. Xavier4, M. C. Fasiaben5, M. I. S. F
Matsuura6

1 FEA – Universidade Estadual de Campinas


2 FT – Universidade Estadual de Campinas
3 COTUCA – Universidade Estadual de Campinas
4 PECEGE – Universidade de São Paulo
5 CNPTIA – Embrapa Informática
6 CNPMA – Embrapa Meio Ambiente

O setor sucroenergético tem uma importante participação na matriz energética brasileira, produzindo etanol
combustível e eletricidade. Na safra 2013/14, a produção de cana-de-açúcar foi de 658,8 milhões de toneladas, das
quais 91,39% provieram da Região Centro-Sul do país. É principalmente no Centro-Sul que ocorre a expansão da
cana-de-açúcar, em particular nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Os sistemas de produção de cana-
de-açúcar praticados no país variam grandemente, em função de diferenças edafoclimáticas e de nível tecnológico.
Consequentemente, a eficiência de produção e os impactos ambientais também variam. Para se compor um estudo de
Avaliação de Ciclo de Vida que represente a realidade da canavicultura brasileira, esta diversidade precisa ser
considerada. No presente trabalho, foi avaliado o desempenho ambiental de sistemas de produção de cana-de-
açúcar praticados em três regiões brasileiras: a) tradicional, Sudeste; b) expansão, Centro-Oeste e c) tradicional,
Nordeste. Dentre os sistemas de produção avaliados, o da região de expansão, com maior produtividade (84 t /ha),
foi o de melhor desempenho ambiental, enquanto o da região tradicional do Nordeste, instalado em áreas de solos
menos férteis, com maior requerimento de fertilizante e menor produtividade (60 t/ha), foi o de pior desempenho. A
prática da queima pré-colheita também influenciou o desempenho ambiental.

1. Introdução
O Brasil é destaque mundial no uso de energias renováveis, que representam mais de 44% da
matriz energética do país e o setor sucroenergético é responsável por 15,7% deste total (UNICA,
2014). Na safra de 2013/2014, o país produziu 658,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar,
das quais 91,4% provieram da região Centro-Sul (CONAB, 2014).
É principalmente no Centro-Sul que ocorre a expansão da cana-de-açúcar, em particular nos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Neste processo de expansão destaca-se a
importância das políticas públicas federais, dentre elas o Programa Nacional do Álcool (-
Proálcool) e o Plano Nacional de Agroenergia (– PNA), sendo, este último, importante
promotor da expansão (BARBALHO; SILVA; CASTRO, 2013).
O etanol derivado da cana-de-açúcar, apresenta um diferencial ambiental positivo, sendo um
combustível de fonte renovável, com bom desempenho energético, além de contribuir para a
redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) (MILANEZ et al., 2014). No entanto, os
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sistemas de produção de cana-de-açúcar praticados no Brasil variam grandemente, em função de


diferenças edafoclimáticas e de nível tecnológico. Consequentemente, a eficiência de produção
e os impactos ambientais também variam.
Em geral, estes sistemas de produção podem ser agrupados em duas grandes regiões, e
respectivos níveis tecnológicos: Centro-Sul, com alto nível tecnológico, e Nordeste, com baixo
nível tecnológico e, por conseguinte, menor produtividade.
Os diferentes impactos gerados por estes diferentes sistemas de produção devem ser
considerados para que represente a realidade da canavicultura brasileira. A Avaliação de Ciclo
de Vida (ACV) é uma ferramenta que se adequa a esta avaliação.
A ACV é uma metodologia utilizada para avaliar os impactos ambientais causados por um
produto ou processo durante todo o seu ciclo de vida ou cadeia de produção, ou seja, desde a
extração de recursos junto à natureza até sua disposição junto ao ambiente, incluindo as etapas
de transporte (SEO; KULAY, 2006). Também se aplica à identificação dos estágios do ciclo de
vida que mais contribuem para a geração de impactos; à avaliação da implementação de
melhorias; à integração de aspectos ambientais ao projeto e desenvolvimento de produtos; e
provê subsídios a declarações ambientais. É uma metodologia com forte base científica e
reconhecida internacionalmente (ABNT, 2009).
O presente estudo avaliou o desempenho ambiental da cana-de-açúcar, pela abordagem da
ACV, considerando diferentes sistemas de produção representativos das regiões brasileiras: a)
tradicional, Sudeste; b) expansão, Centro-Oeste e c) tradicional, Nordeste.

2. Materiais e Métodos
A metodologia de ACV é realizada em quatro fases: a) definição dos objetivos e escopo; b)
análise do Inventário de Ciclo de Vida (ICV); c) avaliação dos impactos ambientais associados
ao sistema (AICV); e d) interpretação dos resultados. Este trabalho se baseou nos requisitos
técnicos da norma ABNT NBR ISO 14044:2009 (ABNT, 2009).
2.1 Definição do objetivo e escopo
O objetivo do estudo foi avaliar o desempenho ambiental da cana-de-açúcar obtida por
diferentes sistemas de produção representativos das principais regiões produtoras brasileiras,
identificando seus fatores críticos. O escopo do trabalho é apresentado abaixo:
2.1.1. Sistemas de produto
Definiram-se como sistemas de produto, os sistemas de produção de cana-de-açúcar adotados
nas regiões Sudeste (Catanduva – SP); Centro-Oeste Expansão (Quirinópolis – GO); e Nordeste
Tradicional (Maceió – AL).
2.1.2. Função e unidade de referência
A função dos sistemas é produzir cana-de-açúcar destinada à indústria sucroalcooleira. A
unidade de referência dos sistemas é uma tonelada de cana-de-açúcar.
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2.1.3. Fronteiras
Os processos incluídos nos sistemas de produto são a produção e transporte de insumos
agrícolas (incluindo o óleo diesel) e a produção de cana-de-açúcar.
2.1.4. Fontes de dados
Para o inventário da etapa agrícola, os dados que descrevem os sistemas de produção de cana-
de-açúcar nas regiões de Catanduva (SP), Quirinópolis (GO) e Maceió (AL) foram fornecidos
pelo Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas – PECEGE,
levantados por meio de painéis na safra 2012/2013 (Tabela 1).

Tabela 1: Regiões e cidades compreendidas pelos painéis de caracterização de sistemas de


produção.
Macrorregião Painel UF
Goiatuba GO
Quirinópolis GO
Centro-Sul Expansão Uberaba MG
Maracaju MS
Nova Olímpia MT
Assis SP
Catanduva SP
Jacarezinho PR
Centro-Sul Tradicional Jaú SP
Piracicaba SP
Porecatu PR
Sertãozinho SP
João Pessoa PB
Nordeste Tradicional Maceió AL
Recife PE
Fonte: Dados do PECEGE (2013), adaptados.

Já dados de emissões foram estimados com base em modelos apresentados na literatura


científica (CANALS, 2003; IPCC, 2006; NEMECEK & KÄGI, 2007; SCHMIDT, 2007). Não
foram contabilizadas as emissões derivadas do uso de pesticidas.
Os inventários da produção de insumos agrícolas e de óleo diesel corresponderam aos
disponíveis na base de dados Ecoinvent v. 2.2, adequados para as condições brasileiras.
2.1.5. Método de avaliação dos impactos do ciclo de vida
Para a avaliação dos impactos ambientais do ciclo de vida foi adotado o método ReCiPe
Midpoint (H) V1.07 / World ReCiPe H, desconsiderando-se as categorias de impacto não
pertinentes à natureza dos processos principais em estudo. Foi usado como software de apoio o
SimaPro, versão 7.3.3.
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3. Resultados e discussão
Na   avaliação   dos   impactos   ambientais,   as   categorias   “Formação de Material   Particulado” e
“Toxicidade  Humana” foram as mais significativas. Com importância secundária apareceram os
impactos   “Eutrofização   de   Água   Doce”,   “Acidificação   Terrestre”,   “Ocupação   de   Terra  
Agrícola”  e  “Ecotoxicidade  de  Água  Doce”,  nesta  ordem.
Quanto à “Formação   de   Material   Particulado”,   a etapa agrícola de produção foi a que mais
contribuiu para este impacto devido, principalmente, às emissões ocasionadas pela combustão
de óleo diesel nas operações agrícolas e pela queima da cana-de-açúcar, prática realizada na pré-
colheita (Tabela 2). Em menor grau, a produção de corretivos agrícolas e fertilizantes também
concorreu para este impacto.

Tabela 2: Emissões de material particulado derivadas da combustão do óleo diesel e da queima


da cana-de-açúcar na pré-colheita, nos sistemas de produção estudados.
Emissões - combustão Emissões – queima da
Sistema de % de queima da
do diesel cana-de-açúcar
Produção cana-de-açúcar
(PM 2,5; kg/t cana) (PM 2,5; kg/t cana)
Centro-Sul
5 6,28E+00 2,73E-02
Expansão
Centro-Sul
50 4,83E+00 2,73E-01
Tradicional
Nordeste
100 1,53E+00 5,46E-01
Tradicional
Fonte: Dados gerados pelos autores.

Também  para  a  categoria  de  impacto  “Toxicidade  Humana”  a  etapa  de  produção  agrícola foi a
mais impactante, sendo as emissões de metais pesados derivadas da queima de diesel as
principais substâncias contaminantes. Ainda, contribuiu para este impacto a produção de
fertilizantes.
Para todos as categorias de impacto em estudo,  exceto  “Formação  de  Material  Particulado”, o
sistema de produção praticado no Nordeste foi o de pior desempenho ambiental (Figura 1). Isto
se explica pelo fato da canavicultura da região estar instalada em áreas de solos pouco férteis e
ter baixa produtividade (60 t/ha). O requerimento de fertilizantes por tonelada de cana-de-açúcar
produzida é maior neste sistema, comparado ao dos outros dois sistemas em estudo.
O sistema de produção da região de expansão no Centro-Oeste brasileiro, ao contrário, tem alta
produtividade média (84 t/ha) e menor consumo de fertilizantes por tonelada de produto,
resultando no melhor desempenho ambiental. Este último sistema de produção, entretanto,é o
mais mecanizado, o que acarreta em maior consumo de diesel e, consequentemente, maior
emissão de material particulado.
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100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%

Sudeste Tradicional Nordeste Tradicional Centro-Oeste Expansão

Figura 1. Avaliação de impactos do ciclo de vida da produção de cana-de-açúcar nos sistemas


praticados na região Sudeste tradicional; Nordeste tradicional; e Centro-Oeste, expansão.

4. Conclusão
A produtividade agrícola foi o principal fator influenciando o desempenho ambiental da
canavicultura. A escolha de regiões edafoclimáticas mais favoráveis a esta atividade agrícola,
portanto, é uma medida que concorre para sua sustentabilidade.
A adoção da colheita sem prévia queima, já uma forte tendência no Centro-Sul do país,
impulsionada por mecanismos legais e acordos voluntários do setor sucroalcooleiro, é
confirmadamente uma prática mais sustentável.

Referências
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14044: Gestão ambiental - avaliação do
ciclo de vida – requisitos e orientações. Rio de Janeiro, 2009.

BARBALHO, Maria Gonçalves da Silva; SILVA, Adriana Aparecida; CASTRO, Selma Simões de. A
expansão da área de cultivo da cana-de-açúcar na região sul do estado de Goiás de 2001 a
2011. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, São Paulo, n. 29, p.98-110, set. 2013. Disponível
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em: <http://www.rbciamb.com.br/images/online/Materia_8_artigos365.pdf >. Acesso em: 18 ago.


2014.

CANALS, L. M. Contributions to LCA methodology for agricultural systems.2003. 250p. Tesis


(Doutorat en Ciências Ambientals) – Universitat Autònoma de Barcelona, Barcelona.

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<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_08_08_09_39_29_boletim_cana_portugue
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FRISCHKNECHT, R.; JUNGBLUTH, N. Implementation of life cycle impact assessment methods:


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MILANEZ, Artur Yabe et al. A produção de etanol pela integração do milho-safrinha às usinas de cana-
de-açúcar: avaliação ambiental, econômica e sugestões de política. Revista do Bndes, [s. L.], n. 41,
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<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento
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PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: Fechamento da safra


2012/2013. Piracicaba:  Universidade  de  São  Paulo,  Escola  Superior  de  Agricultura  “Luiz  de  Queiroz”,  
Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/ Departamento de Economia,
Administração e Sociologia. 2013. 67 p.

SEO, E.S.M e KULAY, L.A. Avaliação do ciclo de vida: ferramenta gerencial para tomada de
decisão.Interfacehs, 2006.

SCHMIDT, J. H. Life cycle assessment of rapeseed oil and palm oil. 2007. 276 p. Thesis(Ph. D.) -
Aalborg University, Aalborg.

UNICA - União da Indústria de cana-de-açúcar. Produção e uso do etanol combustível no Brasil. São
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