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MEIRA, Ana Lúcia.

O passado no futuro da cidade: políticas públicas e


participação popular na preservação do patrimônio cultural de Porto Alegre. Porto
Alegre: UFRGS Editora, 2004.
|Prefácio|
|Com os olhos de Clio|
[...] a História e a Memória são, ambas, formas de evocação, de presentificação e
apresentação de uma realidade escoada no tempo. p. I
|Apresentação|
|O passado no futuro da cidade|
A cidade [...] Esse espaço urbano é o local, por excelência, onde se manifestam as
permanências, as rupturas, as continuidades, as relações do antigo com o novo. p.
13
Depende dos valores da sociedade, presentes em cada momento da sua trajetória, a
definição do que vai se constituir em patrimônio cultural – compreendido como os
elementos materiais e imateriais socialmente reconhecidos e que servem de
referência ao seu desenvolvimento. A atribuição dos valores está ligada ao universo
da escolha e o reconhecimento de seus significados inscreve-se na dimensão
simbólica do imaginário. p.13
Por ligar-se a dimensões que extrapolam a sua materialidade (como o imaginário
social), o patrimônio - especialmente o edificado, suscita debates quando é
preservado, assim como quando é destruído. Os bens preservados, no processo de
construção da cidade, assumem importância como permanências que representam
um duplo capital – material e simbólico [...] significativos para a sociedade ou para
segmentos dela, assim como para o ambiente por ela construído. A preservação
dessas evidências, que irão alimentar as memórias e a história da cidade e de seus
habitantes está relacionada como um projeto de cidade do futuro e não com mera
contemplação da cidade do passado. p.14
A dimensão transformadora do patrimônio, normalmente, é escamoteada pela
sociedade – ao inscrevê-lo no terreno da alegoria, e pelo poder público – ao
promover a sua sacralização. p. 15
Como muda a sociedade e seus valores, o que é considerado patrimônio cultural se
modifica – é construído e reconstruído permanentemente. p.15
A declaração oficial de valor, através do tombamento, registro ou outro tipo de
nomeação, faz-se através do poder público federal, estadual ou municipal, cuja
atuação reflete os interesses dominantes na sociedade. p. 15
[...] a noção de patrimônio histórico ou cultural fica sujeita a ser indefinidamente
aberta e relativizável, mas de um modo ainda mais radical que as noções de
identidade étnica e cultura popular, posto que não há sujeitos sociais perfeitamente
delimitáveis ou convocáveis, no interior de uma sociedade complexa de que se
pudesse afirmar que um patrimônio seja de sua competência exclusiva. (Lewgoy
apud Meira, 2004) p. 16
Jeudy observa que “assim como um indivíduo viveria mal sem memória, também
uma coletividade precisa de uma representação constante do seu passado”. Para
ele, “apenas a gestão de um patrimônio e as escolhas da sua representatividade
ainda escapam à coletividade que, no entanto, é sua origem”. É ressaltado, aqui, oo
elemento básico sem o qual a preservação deixa de ter sentido: o cidadão. É ele que
justifica a discussão em torno do tema das referências culturais e que possibilita a
articulação, de forma contraditória ou não, entre as diversas representações da
cidade. p. 17 JEUDY, Henri Pierre. Memórias do social. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1990, p.6.
Poulot destaca alguns elementos relacionados ao conceito de patrimônio – a virtude
da ilustração de uma grandeza, a utilidade pedagógica e o atributo da identidade. p.
17
A partir da Constituição de 1988, as ações municipais foram fortalecidas pelos
preceitos constitucionais e pela atuação crescente da cidadania. O âmbito do
município passou a ser essencial para o êxito das políticas de preservação, pois é
de sua competência uma “plataforma” de ações mais abrangentes, especialmente as
relacionadas ao planejamento urbano. p. 20
|Conceitos referentes à preservação e ao patrimônio|
Possuem interesse coletivo difuso, isto é, interessam a toda a coletividade sem
particularizar ninguém. Esse interesse coletivo não interfere na sua propriedade. p.
24
Sempre a dimensão imaterial necessita da materialidade para se expressar, como
no caso das imagens de santos para os cortejos religiosos, das vestimentas para as
danças tradicionais, dos instrumentos para as musicas, dos espaços sagrados para
os rituais. p. 26
A preservação da paisagem urbana se aproxima do conceito anterior. A constatação
de que a vida social é materialmente construída na sua espacialidade, torna-se a
chave teórica para muitos pesquisadores. Milton Santos observa que o espaço é o
resultado da soma e da síntese, sempre refeita, da paisagem com a sociedade
através da espacialidade. “A paisagem é coisa, a espacialização é funcional e o
espaço é estrutural” [...] Conforme o autor, a paisagem é um conjunto de objetos –
herança de diferentes momentos, formada por objetos materiais e não materiais
como sons, cheiros, etc. O espaço é a categoria mais geral, que contém objetos
geográficos, naturais e sociais e a vida que os preenche e anima. Contém o
movimento. O espaço e a paisagem são um par dialético – se complementam e se
opõem. O conceito de paisagem urbana, portanto, poderá ser empregado quando se
referir à materialização de um momento preciso da cidade. p. 27
Diz Souza Filho que o sentido da preservação “não é pela materialidade existente,
mas pela representação, evocação ou memória que lhe é inerente” [...] p. 32
Nora observa que a memória “se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na
imagem, no objeto”. Mas, segundo Jeudy se “na ordem do patrimônio, tudo pode ser
virtualmente conservado, a memória, ao contrário, se desliga de uma preservação
de suas referências fazendo da consagração e da destruição um movimento único”.
p. 32
Jeudy diz que o patrimônio não é um depósito de memórias, pois assim, se
converteria num obstáculo a esse movimento dinâmico. p. 32
Baczko define o símbolo como um possível intermediário entre o sinal – algo
concreto, e o signo – inscrito numa rede de relações, sendo que o signo objetiva
mais do que é possível ao símbolo. Assim, os objetos podem ao mesmo tempo ser
apreendidos como signos culturais portadores de uma dimensão simbólica eterna e
funcionarem como um traço de memoria [...] p. 34
Como observa Ortiz,
toda indenidade é uma construção simbólica (a meu ver necessária), o que
elimina portanto as dúvidas sobre a veracidade ou a falsidade do que é
produzido. Dito de outra forma, não existe uma identidade autêntica, mas
uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais
em diferentes momentos históricos.

p. 35
O conceito de identidade possui uma forte conotação ideológica [...] compreende as
representações que uma classe social tem de si mesma, das relações com outras
classes, bem como da estrutura global da sociedade. Através dessas
representações ideológicas, as classes sociais expressam suas aspirações,
justificam moral e juridicamente seus objetivos, consideram seu passado e o seu
futuro. p. 36
|Trajetórias da preservação|
A Revolução Industrial provocou transformações cada vez maiores no espaço das
cidades, impondo as discussões sobre os temas urbanos. p. 48
|A preservação do patrimônio cultural em Porto Alegre|
Sônia Rabello esclarece que existem formas jurídicas semelhantes ao tombamento
que, direta ou indiretamente, protegem os bens culturais. Como exemplo, pode-se
citar os instrumentos legais de planejamento urbano, no âmbito do munícipio, que
podem propor a preservação de áreas de interesse cultural e ambiental. Visando a
preservação ambiental – uma das diretrizes que orientam o planejamento urbano, a
legislação urbana impõe restrições aos proprietários de imóveis. Seus efeitos quase
equivalem ao do tombamento, pois limita o direito de propriedade e impõe condições
de uso e conservação dos imóveis, embora possa diferir quanto ao procedimento,
forma e objetivos a que se propõe. p. 69

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