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anúncio Nietzschiano
como crítica
à modernidade
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Por maurocastro / 17/03/2009 / José Márcio Carlos, Nietzsche / 4 Comentários
José Márcio Carlos
Introdução
Percebe-se que estudar e trabalhar um determinado tema requer certo aprofundamento e
empenho, principalmente quando este está vinculado ao conjunto de temas de Friedrich
Wilhelm Nietzsche (1844-1900). Filósofo muito estudado, visto que suas reflexões
filosóficas, além de profundas, inquietam muito as estruturas humanas, em especial aquelas
que se referem à tradição.
Como tema proposto para este trabalho, foi escolhido a questão da morte de Deus. Questão
esta muito discutida nos dias atuais, uma vez que, até então, Deus era visto como o
fundamento e sentido de todas as coisas existentes. No entanto, uma vez que o tal questão é
ampla e pode ser refletida em várias versões, buscar-se-á refletir tal assunto a partir do
fragmento de uma de suas obras: a Gaia ciência. O objetivo é constatar e refletir o anúncio
de Nietzsche da morte de Deus e apontar a grande causa deste, ou seja, a modernidade e suas
novas perspectivas para o pensamento.
Sendo assim, para que haja um entendimento e uma compreensão do “por que” Nietzsche
tomou a atitude de declarar Deus como morto, é necessário, então, descobrir a causa que
gerou tal ousadia.
Nietzsche é pensador e filho de seu tempo. Durante o seu processo de investigação e reflexão
filosófica da realidade como um todo, ele constata que com o surgimento de um novo
contexto histórico, ou seja, o início e nascimento da modernidade, esta começa a manifestar
e propagar certas características (modernas) que tendem a vir com um espírito de repulsa às
questões ligadas à tradição.
Onde tem origem, segundo Nietzsche, a modernidade? Nos filósofos iluministas do século
XVIII e sua crítica da tradição e da autoridade; na filosofia de Kant, que estabelece os limites
do conhecimento e a impossibilidade de o homem conhecer o supra–sensível, a coisa-em-si;
na ciência positiva, que se torna independente da teologia; na revolução Francesa e sua
defesa das “idéias modernas” de igualdade, liberdade e fraternidade; na arte romântica que
demonstra simpatia pelo que é sofredor, infeliz e doentio. (MACHADO, Deus, Homem,
Super-homem, p. 21-2)
Rüdiger Safranski, para confirmar ainda mais esta hipótese de que a modernidade é a grande
incentivadora do anúncio da morte de Deus, constata características que confirmam tal
afirmação. E estas são: as ciências estão avançando. O mundo é explicado por “leis”
mecânicas e energéticas. Não se procura mais significado e sentido, mas sim como tudo
funciona, como se pode entender e utilizar os modos de funcionamento. A campanha de
Darwin habituou o público à idéia da evolução biológica, o qual diz que não existe uma
evolução da vida seguindo um objetivo certo, mas acasos da mutação e a lei da jângal da
seleção determinando o processo da história natural (SAFRANSKI, Nietzsche, p. 281).
Enfim, o que se percebeu a partir do século XVIII e, principalmente, do século XIX é que
Deus perdeu a sua importância não só para a natureza, mas também para a sociedade, a
história e o indivíduo. Na segunda metade do século XIX podia se perceber a sociedade e a
história como algo que se pode entender em si mesmo e explicar. Sendo assim, a conclusão
chegada era a de que a hipótese de Deus tinha se tornado supérflua (ib.).
Enfim, fica assim, ao final deste trabalho, a crítica à modernidade, a qual em outros ramos
históricos alcançou muitos avanços e progressos, no entanto, neste ramo histórico de cunho
existencial e filosófico, levou a humanidade ao declínio e ao vazio.
Conclusão
Ao final deste trabalho, depois de ter passado pelos aspectos históricos do início da
modernidade, o que se pode concluir é que esta é a grande instauradora e causadora do
anúncio da morte de Deus. Ao longo da reflexão, foi-se percebendo que as novas perspectivas
propostas pelo homem moderno tendiam a fazer oposição à tradição. E uma vez que esta era
considerada um grande pilar do ocidente, com o pensamento moderno, ela entrou em crise,
pois o seu alicerce (metafísica, cristianismo, o discurso sobre o supra-sensível), que antes era
considerado indiscutível, uma verdade absoluta, foi colocado em dúvida.
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1
O niilismo segundo Nietzsche apresenta-se em quatro modos: reativo, passivo, ativo e
negativo, o qual dá origem aos três primeiros citados. No entanto, é o niilismo reativo que se
está destacando neste trabalho, visto que este é considerado o niilismo moderno.
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Referências
GOMES, Eliseu Donizete de Paiva. Uma leitura do niilismo nietzschiano como história do
ocidente. Mariana: Instituto de Filosofia são José, 2004. (TCC em Filosofia).
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A Gaia Ciência. Trad. Paulo César de Souza. 2. ed. São
Paulo: Companhia das letras, 2001.
MACHADO, Roberto Cabral de Melo. “Deus, Homem, Super homem”. Revista Kriterion 89
– volume 35, Belo Horizonte, 1994, p.21-23.
MONDIN, Batista. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. vol. 3. Trad. Benôni Lemos.
3.ed. São Paulo: Paulinas, 1983.
SAFRANSKI, Rudiger. Nietzsche: Biografia de uma tragédia. Trad. Lya Luft. São Paulo:
Geração Editorial, 2001