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Este trabalho tem como objectivo principal o estudo dos problemas do isolamento das
linhas de Muito Alta Tensão nas zonas poluídas. Nestas zonas as cadeias de isoladores
convencionais (de porcelana e de vidro) têm sérias dificuldades em funcionar sem falhas.
Perante este facto a Rede Eléctrica Nacional (REN), está a fazer a sua substituição por
outro tipo de isoladores, os isoladores de material compósito.
Prefácio
A concessão da exploração da RNT foi atribuída à REN pelo D.L. nº 182/95, de 27/07/95,
– artº 64, tendo o respectivo contrato com o Estado Português sido celebrado em 6 de
Setembro de 2000. A concessão tem a duração de 50 anos, contados a partir da data da
assinatura do contrato.
Índice
Resumo
Prefácio................................................................................................................................. 4
1. Introdução ........................................................................................................................ 8
2. As linhas e seus componentes ......................................................................................... 9
2.1 Apoios – Postes ........................................................................................................... 9
2.1.1 Famílias de Apoios ............................................................................................. 13
2.1.2 Tipos de Apoios.................................................................................................. 17
2.1.2.1 Suspensão .................................................................................................... 17
2.1.2.2 Amarração ................................................................................................... 19
2.2 Cadeias de Isoladores ................................................................................................ 21
2.3 Cabos ......................................................................................................................... 23
2.3.1 Cabos Condutores............................................................................................... 23
2.3.2 Cabos de Guarda................................................................................................. 23
2.4 Acessórios.................................................................................................................. 26
2.4.1 Amortecedores.................................................................................................... 26
2.4.2 Separadores......................................................................................................... 27
2.4.3 Balizagem ........................................................................................................... 28
2.4.4 Sinalização para aeronaves................................................................................. 28
2.4.5 Sinalização para avifauna ou BFD – Bird Fly Diverter...................................... 30
3. Tipos de Isoladores Existentes...................................................................................... 31
3.1 Introdução.................................................................................................................. 31
3.2 Isoladores de linha ..................................................................................................... 32
3.3 Comportamento dos Isoladores ................................................................................. 33
3.4 Importância dos Isoladores na Fiabilidade do Sistema Eléctrico .............................. 34
3.5 Desenho dos Isoladores ............................................................................................. 35
3.6 Comparação entre isoladores de porcelana, de vidro e compósitos .......................... 36
3.6.1 Peso e Custo ....................................................................................................... 38
3.6.2 Comportamento dos isoladores .......................................................................... 38
3.7 Tempo de vida esperado dos isoladores .................................................................... 40
4. Problemática do isolamento nas linhas de Muito Alta Tensão nas zonas poluídas. 41
4.1 Isoladores Compósitos............................................................................................... 44
4.1.1 Introdução........................................................................................................... 44
4.1.2 Composição de isoladores compósitos - Descrição do seu processo de fabrico 46
4.1.2.1 Vara ............................................................................................................. 46
4.1.2.2 Revestimento ............................................................................................... 47
4.1.2.3 Hardware ..................................................................................................... 49
4.1.3 Controlo do efeito coroa ..................................................................................... 49
4.1.4 Isoladores instalados em zonas poluídas ............................................................ 51
4.1.4.1 Fenómeno do contornamento por poluição ................................................. 52
4.1.4.2 Acumulação de poluição ............................................................................. 53
4.1.4.3 Humidificação do isolador........................................................................... 53
4.1.4.4 Arcos em caminhos secos............................................................................ 54
4.2 Causas de falhas dos isoladores................................................................................. 57
4.2.1 Manuseamento.................................................................................................... 57
4.2.1.1 Isoladores de porcelana e de vidro .............................................................. 57
4.2.1.2 Isoladores Compósitos................................................................................. 57
4.2.2 Vandalismo......................................................................................................... 59
4.2.2.1 Isoladores de vidro ...................................................................................... 59
4.2.2.2 Isoladores de porcelana ............................................................................... 60
4.2.2.3 Isoladores compósitos ................................................................................. 60
4.2.3 Controlo de qualidade......................................................................................... 60
4.2.3.1 Isoladores compósitos ................................................................................. 60
4.2.3.1.1 Defeitos na vara e/ou hardware durante a moldagem........................... 60
4.2.3.1.2 Erosão nas linhas de união da moldagem............................................. 61
4.2.4 Problemas de aplicação ...................................................................................... 62
4.2.4.1 Contornamento ............................................................................................ 62
4.2.4.2 Poluição ....................................................................................................... 63
4.2.4.3 Stress provocado pela tensão....................................................................... 63
4.3 Métodos de detecção de defeitos em isoladores........................................................ 65
4.3.1 Introdução........................................................................................................... 65
4.3.2 Detecção de defeitos em isoladores de porcelana e de vidro ............................. 65
4.3.2.1 Princípios utilizados para detecção de defeitos ........................................... 66
4.3.2.1.1 Métodos Eléctricos ............................................................................... 66
4.3.2.1.2 Termografia .......................................................................................... 69
1. Introdução
O presente trabalho apresenta, numa primeira fase, uma descrição dos elementos
constituintes das linhas aéreas de transporte de energia, nomeadamente dos que fazem
parte da Rede Nacional de Transporte, no que respeita aos tipos existentes e à função que
lhe é atribuída.
Para fazer a caracterização das linhas de Muito Alta Tensão tem-se em conta,
fundamentalmente, o nível de tensão, número de circuitos e disposição dos condutores.
Estes aspectos têm uma importância extrema no projecto e construção dessas mesmas
linhas. O facto de uma linha apresentar um determinado nível de tensão, com um ou dois
circuitos distintos e dispostos em triângulo, esteira ou dupla bandeira, vai determinar
juntamente com a potência a transportar e o valor das correntes de curto-circuito as
características dos diversos materiais e elementos constituintes dessa linha.
Numa segunda fase serão apresentados todos os tipos de cadeias de isoladores existentes
nas linhas da Rede Eléctrica Nacional, fazendo uma comparação entre eles e analisando o
seu comportamento nas mais diversas situações de funcionamento, nomeadamente nas
zonas de forte poluição. É nestas zonas que se tem de ter um cuidado especial com estes
componentes das linhas, visto que, para garantir um bom funcionamento da mesma, é
necessário garantir um bom isolamento entre condutores e apoios. Este é o objectivo das
cadeias de isoladores.
Numa terceira fase será apresentado um estudo dos isoladores instalados em zonas com
graves problemas de poluição, nomeadamente os isoladores de material compósito.
Esta tecnologia surgiu na América do Norte durante a década de 70, e tem evoluído
bastante desde então porque de facto, têm apresentado ao longo do tempo excelentes
comportamentos em relação aos isoladores de porcelana ou de vidro, em ambientes
poluídos. Em Portugal, a Rede Eléctrica Nacional, está a adoptar este tipo de isoladores,
substituindo os de porcelana ou de vidro, nas zonas onde ocorrem várias falhas de
isolamento devido a poluição, mais concretamente na região de Lisboa e na Península de
Setúbal.
Uma linha é constituída essencialmente pelos apoios (postes), que têm como objectivo
suportar e manter os condutores, que com a máxima flecha vertical, estejam acima de
qualquer ponto do solo ou superfícies navegáveis, condutores (cabos), que têm a missão de
conduzir a energia de uma ponta à outra da linha e cadeias de isoladores que asseguram a
fixação dos condutores aos apoios, mantendo o isolamento entre eles. São estes três
elementos que vão permitir que a linha desempenhe a sua função com segurança e
fiabilidade.
Os postes têm como principal função servir de apoio às linhas aéreas, permitindo assim
que as distâncias mínimas entre estas e o que as rodeia sejam respeitadas, como por
exemplo, a edifícios, árvores, ao solo, etc. De acordo com as características de instalação
das linhas, os apoios dividem-se em dois grandes grupos:
¾ Suspensão
¾ Amarração
¾ Longitudinais
¾ Transversais
¾ Torcionais
¾ Verticais
Cada estrutura apresenta quatro pontos de apoio no solo, sendo estes constituídos por um
maciço de betão independente, formados por chaminé prismática e sapata em degraus. As
fundações são dimensionadas para os esforços máximos que lhe poderão ser transmitidos
pela estrutura metálica, dependendo no seu cálculo das condições geotécnicas do terreno
onde serão implantadas e de outras variáveis tais como:
O volume de terras que contribui para a estabilidade do apoio é o “cone” definido pela
aresta a 30º do último degrau da chaminé prismática, cujo peso e compressão impedirá o
arrancamento induzido pelos diversos esforços descritos. É através da estrutura metálica
dos apoios que é feita a ligação à terra, permitindo o escoamento de correntes de defeito
para a terra.
De acordo com o disposto no regulamento de linhas de alta tensão, a ligação à terra deverá
ser realizada individualmente numa das cantoneiras montantes do apoio se a resistência de
terra for superior a 20Ω, sendo que, caso a resistência de terra for de valor inferior ao
referido é dispensável a ligação individualizada, desde que não existam aí instalados
aparelhos de corte ou transposições de linhas aéreas para linhas subterrâneas.
Nas linhas da Rede Nacional de Transporte procura-se que o valor da resistência de terra
seja inferior a 15Ω no primeiro km junto das subestações, prevenindo eventuais
contornamentos por arco de retorno. Em situações que este valor não seja conseguido, é
possível instalar um anel a unir as quatro estacas para melhorar o circuito de terra.
Dentro dessas famílias, os modelos apresentados de seguida são os que têm mais destaque,
por serem os mais utilizados na Rede Nacional de Transporte:
¾ 150 kV
Suspensão /
Tipo T
Amarração
Nº de circuitos 1
Nº de circuitos de Terra 2
Tipo S Suspensão
Nº de circuitos 1
Nº de circuitos de Terra 1 ou 2
¾ 220 kV
Suspensão /
Tipo W
Amarração
Nº de circuitos 2
Nº de circuitos de Terra 1
Suspensão /
Tipo M
Amarração
Nº de circuitos 1
Nº de circuitos de Terra 2
¾ 400 kV
Suspensão /
Tipo Y
Amarração
Nº de circuitos 1
Nº de circuitos de Terra 2
Suspensão /
Tipo D
Amarração
Nº de circuitos 2
Nº de circuitos de Terra 1
Tal como já foi referido, os apoios podem ser divididos em dois grupos, apresentando
características diferentes consoante for a sua utilização.
2.1.2.1 Suspensão
As pinças de suspensão são fixas à cadeia de isoladores, estes por sua vez encontram-se
mecanicamente ligados aos apoios numa posição vertical, ao contrário do que acontece nos
apoios em amarração, que se encontram numa posição quase horizontal.
Pinça de Suspensão
Apesar das dificuldades relativamente a um apoio deste tipo em ângulo, este pode ser
utilizado nessas situações quando os ângulos forem de muita pequena amplitude (2 a 3º).
Mesmo nestas circunstâncias, vai originar que as cadeias de isoladores não permaneçam
numa posição vertical, introduzindo esforços transversais no apoio e dificultando as
operações de substituição de isoladores.
Os esforços a que estes apoios são submetidos são basicamente esforços verticais (peso dos
condutores) e esforços transmitidos à estrutura e restantes elementos, que constituem a
linha, pela força do vento. O facto dos esforços verticais não contribuírem para a força de
arrancamento a que o apoio é sujeito, leva a que as dimensões das fundações sejam
menores e consequentemente o seu custo.
O custo deste tipo de apoios é também atenuado pela menor quantidade de ferro utilizada
na estrutura (esforços nas cantoneiras mais reduzidos) e pelo menor número de cadeias de
isoladores necessárias (normalmente três cadeias simples de isoladores). A partir de 1990 a
Rede Nacional de Transporte passou a recorrer a cadeias duplas de suspensão em situações
que requerem maior fiabilidade e maiores coeficientes de segurança no que diz respeito à
queda de condutores, tais como, vãos de elevado comprimento, travessias de estradas e
linhas-férreas.
2.1.2.2 Amarração
Este tipo de apoio é utilizado face à necessidade de introduzir nos percursos das linhas
mudanças de direcção, e desta forma proceder à execução de ângulos no traçado da linha.
Este tipo de apoio é também utilizado com a função de fim de linha, situação de grande
desequilíbrio, uma vez que de um dos lados do apoio os cabos se encontram à sua tracção
normal, enquanto que do outro a tracção é substancialmente menor. Desta forma, a
estrutura metálica destes apoios é reforçada, tal como as suas fundações, tendo como
objectivo contrariar a força de arrancamento a que são submetidos.
Para além das funções mencionadas, recorre-se a este tipo de apoio como apoio de reforço.
Pretende-se neste caso possibilitar de alguma forma, o suster de quedas em cascata,
estando os apoios preparados para serem submetidos a esforços anormais de elevado valor.
Este componente apresenta uma elevada importância para as linhas aéreas de energia, e
tem como função suspender os condutores e isolar os mesmos da massa (apoio). Uma
cadeia de isoladores é constituída fundamentalmente por isoladores e acessórios metálicos
para os ligar nas duas extremidades ao apoio e aos condutores, tendo integrado na sua
estrutura o sistema anti-arco (hastes de descarga).
1 Prolongo
2 Ligador cruzado
3 Balanceiro
4 Haste de descarga superior
5 Olhal com bola
6 Isolador
7 Ball socket com patilha
8 Balanceiro
9 Anel de protecção inferior
10 Ligador cruzado
Dentro dos tipos de isoladores existentes, os mais utilizados hoje em dia pela Rede
Nacional de Transporte são os isoladores de vidro de longa linha de fuga e pequena linha
de fuga. O facto de um isolador ser dotado de uma longa linha de fuga, permite a sua
utilização em locais de forte poluição, sendo denominados por anti-poluição. No entanto é
de referir que começam a ser utilizados isoladores de material compósito na Rede Nacional
de Transporte, que permitem um melhor isolamento em locais de grande poluição. Este
assunto, nomeadamente os isoladores de material compósito, vão ser descritos mais
detalhadamente à frente neste trabalho.
2.3 Cabos
Nas linhas de energia existem dois tipos de cabos, tendo cada um a sua função específica.
Existem os cabos que compõem os circuitos eléctricos, pelos quais se faz o transporte de
corrente, e existem os cabos de guarda, que tal como o nome indica servem de protecção
aos anteriores em situações de descargas atmosféricas. Estes cabos estão instalados a uma
cota superior à dos cabos condutores.
De seguida faz-se uma descrição destes dois tipos de cabos, os cabos condutores e os cabos
de guarda.
Estes são na realidade o elemento mais importante que compõe uma linha de energia, isto
porque é através deles que a corrente vai ser conduzida até aos locais pretendidos. Os
cabos condutores podem ser de diversos tipos e com características diferentes, estando a
sua utilização pré-determinada em várias situações, de acordo com o nível de tensão e
temperatura admissível. Devem resistir à tracção mecânica a que estão sujeitos e garantir a
condutibilidade eléctrica pretendida. Os condutores utilizados na RNT são de alumínio –
aço, apresentando no seu interior um conjunto de fios em aço que lhes confere a
consistência mecânica necessária e na parte exterior os fios de alumínio como elementos
condutores, ou em liga de alumínio (Almelec) que possui as duas características anteriores.
A existência destes cabos permitem que as terras dos diversos apoios estejam ligadas entre
si, possibilitando um melhor escoamento das correntes de defeito por todos os apoios da
linha, sendo que parte dela é atenuada pela impedância dos cabos e estruturas. Na falta
destes cabos verifica-se que a corrente tem obrigatoriamente de se escoar pelos dois apoios
de extremidade do vão que sofreu o defeito, verificando-se a necessidade de escoar a
mesma corrente mas apenas por dois caminhos e de uma forma indirecta, ou seja, é através
de arcos que contornam as cadeias de isoladores. É devido a estas circunstâncias e
características que são utilizados os cabos de guarda, sendo estes importantes no
dimensionamento eléctrico dos cabos condutores e do circuito de terra da linha.
Estes cabos são colocados numa cota superior aos cabos condutores para que sobre eles
incidam as descargas atmosféricas, às quais deverão resistir. Ao longo do percurso
existente entre o local onde ocorreu a descarga e os apoios mais próximos, as elevadas
correntes de defeito vão sendo atenuadas e as cristas de onda daí resultantes conduzidas até
aos apoios, onde através das suas estruturas metálicas e respectivas ligações à terra, vão ser
escoadas. Os cabos de guarda são igualmente utilizados em funções de comunicação e
telecomando, sendo para esse efeito utilizados cabos de alumínio com fibra óptica no seu
interior.
2.4 Acessórios
2.4.1 Amortecedores
Estes acessórios são utilizados para minimizar os problemas de fadiga causados pelas
vibrações relativamente à força do vento sobre os cabos condutores e cabos de guarda.
Estas vibrações transmitem-se às cadeias de isoladores e aos apoios, produzindo-se efeitos
prejudiciais para o seu bom funcionamento.
Existem alguns factores que determinam o comportamento dos cabos nestas circunstâncias:
¾ Regime dos ventos (os regimes de rajada não são aqueles que maior fadiga
provocam sobre os condutores dada a sua irregularidade. Os regimes lamelares
de velocidade baixa – média são os que produzem as vibrações da mais alta
frequência que conduzem a problemas de fadiga mecânica);
Amortecedor
Elaborar uma modelização matemática que permitisse uma escolha adequada deste
acessório apresenta um elevado grau de complexidade, pelo que, o normal é optar por
amortecedores cujas as características de inércia e elásticas permitam o amortecimento
num espectro relativamente amplo de frequências na gama das expectáveis para os
diferentes locais.
2.4.2 Separadores
Separador
2.4.3 Balizagem
A balizagem é utilizada para que as estruturas metálicas dos apoios, bem como os cabos
condutores e de guarda sejam facilmente identificados quer por aeronaves quer por aves.
Balizores
A sinalização a efectuar a este nível passa pela colocação de sinalizadores de linha que vão
permitir que as aves possam identificar as linhas evitando a colisão. Existem diversos tipos
de sinalizadores, sendo os mais vulgares semelhantes a uma mola que é enrolada em torno
dos condutores e visto apresentarem uma forma em espiral, numa das extremidades
apresenta-se com um diâmetro significativamente superior ao dos condutores.
3.1 Introdução
Os isoladores poliméricos surgiram nos EUA há cerca de três décadas atrás e fazendo uma
comparação nos aspectos construtivos com os de porcelana e de vidro, os isoladores
compósitos têm um dieléctrico interior de fibra de vidro com elevada resistência mecânica,
ligado a terminações metálicas e revestido por uma camada polimérica.
Isoladores utilizados em linhas aéreas são designados por isoladores de linha. Isoladores
usados em subestações para suporte são denominados por isoladores de subestação. São
também designados por isoladores os usados como invólucro em aparelhos como é o caso
dos disjuntores, transformadores de corrente, transformadores de tensão, etc.
Os isoladores de linha estão sujeitos às mais diversas solicitações, entre as quais tensões
mecânicas, eléctricas e ambientais. Normalmente estas actuam todas ao mesmo tempo. A
natureza e amplitude das tensões varia significativamente e depende dos pormenores de
desenho, localização e aplicação dos isoladores. No caso dos isoladores de suspensão e de
amarração, estes encontram uma carga que depende do peso e tensão do condutor podendo
o vento e gelo imporem cargas adicionais. Isoladores rígidos têm uma carga mecânica dada
pelo peso do objecto colocado por cima. Adicionalmente podem aparecer cargas
transitórias como seja: torção, vibrações, movimentos, impactos ou vandalismo.
Atendendo a todos estes parâmetros, os isoladores têm de ser escolhidos atendendo aos
mais diversos factores para que possam funcionar correctamente debaixo de condições de
serviço muito variadas e durante longos anos.
¾ Mecânico
¾ Eléctrico
Para materiais dieléctricos de boa qualidade, isto é, sem presença de bolhas ou impurezas,
a perfuração é muito mais difícil de acontecer do que o contornamento. A ocorrência de
contornamento ou de perfuração do isolador dependerá da amplitude e da duração do stress
eléctrico aplicado, tal como mostra o gráfico seguinte.
Nos isoladores compósitos, como não existem ligações entre o dieléctrico, a linha de fuga
pretendida é obtida através do design das saias.
Porcelana e vidro são materiais inorgânicos que são conhecidos por resistir à degradação,
provocada por elementos naturais, ao longo dos anos. Consequentemente, são conhecidos
por terem uma alta resistência ao aquecimento provocado pelas descargas eléctricas
encontradas em serviço, como é o caso do efeito coroa e dos arcos. A sua grande
estabilidade está relacionada com as fortes cadeias electrostáticas entre os vários átomos do
material. Esta propriedade provoca um alto valor de energia de superfície que faz com que
o isolador seja facilmente molhado pela água. Estes isoladores, sendo feitos de materiais
densos, são pesados e frágeis.
Os materiais orgânicos apresentam ligações electrostáticas muito fracas, este facto implica
que a energia de superfície seja muito baixa portanto, não são facilmente molhados pela
água. Este facto verifica-se nos novos isoladores compósitos, em que a água forma
usualmente pequenas gotas em vez de fios de água contínuos. Esta propriedade de
repelência à água é denominada Hidrofobicidade. Esta propriedade é óptima e aumenta a
resistência da superfície do isolador em condições de contaminação.
Os isoladores compósitos são mais leves em relação aos isoladores de porcelana e vidro e
portanto permitem uma maior facilidade de manuseamento e instalação. São ainda mais
resistentes a defeitos por manuseamento e actos de vandalismo, o que não significa que
sejam indestrutíveis, devendo ser manuseados com cuidado.
Vantagens Desvantagens
- Peso - Possíveis fracturas frágeis
- Comportamento à poluição - Susceptibilidade ao arco
Isoladores
- Custo de instalação baixo - Susceptibilidade para envelhecimento
Compósitos
- Resistência a impactos - “Apetitoso” para animais (roedores,
- Pequeno perfil pássaros)
- Longa história de uso - Corrosão das partes metálicas
Isoladores
- Pouca susceptibilidade a - Esconde os defeitos
de
envelhecimento - Defeitos em cascata
Porcelana
- “Divertido” destruí-los
- Reconhecimento das - “Muito divertido” destruí-los
Isoladores
unidades com defeito
de
- Pouca susceptibilidade a
Vidro
envelhecimento
O preço dos isoladores compósitos é, hoje, semelhante ou mesmo inferior aos cerâmicos e
de vidro, embora o seu tempo de vida seja mais curto. Assim, considerando o
aperfeiçoamento das técnicas de fabrico e o seu peso reduzido, são hipóteses muito
interessantes para situações em que as suas características sejam vantajosas.
• Às descargas atmosféricas
• Á poluição
As linhas de transmissão são normalmente construídas em zonas de difícil acesso, pelo que
é aconselhável, que depois de construída, a linha funcione de uma forma satisfatória,
minimizando todo o tipo de manutenção para o tempo de vida esperado. Geralmente um
tempo de vida que vá para além dos 30 anos é considerado aceitável. Verifica-se que com
alguns tipos de porcelana e vidro, a expectativa ultrapassa os 30 anos. Contudo, este facto
não se aplica a todas as porcelanas e vidros visto que, é importante ter em atenção a
qualidade da matéria-prima, o processamento e o controlo de qualidade.
Em muitos locais do mundo, a contaminação de isoladores impede que haja uma óptima
qualidade de serviço aos clientes, isto é, tornou-se quase impossível haver um
fornecimento de energia ininterruptamente. Nos isoladores de porcelana e de vidro, as
condições atmosféricas na presença de poluição originam correntes de fuga não
controláveis que levam ao contornamento. Isto pode levar à interrupção do fornecimento
de energia aos consumidores, o que pode ser muito dispendioso.
A primeira solução encontrada foi a limpeza dos isoladores e tem como base a sua lavagem
com água desmineralizada. Este método provou-se eficaz na remoção da poluição da
superfície dos isoladores. Actualmente esta prática apresenta elevados custos porque
necessita de máquinas especiais para o efeito e mão-de-obra qualificada. A frequência das
A segunda solução obtida foi a substituição dos isoladores contaminados por isoladores
novos com igual ou maior linha de fuga. Para aumentar a linha de fuga foi necessário
modificar o desenho dos isoladores de porcelana e de vidro. Esta técnica envolve o
tamanho e o espaçamento dos isoladores individuais de forma a obter uma linha de fuga
tão grande quanto possível.
A terceira solução encontrada foi fazer o revestimento, dos isoladores convencionais, com
borracha de silicone, processo este que era mais vantajoso do que os outros. Esta borracha
de silicone utilizada apresenta boas propriedades dieléctricas e flexibilidade numa gama de
temperaturas alargada, em conjunto com excelente resistência a radiações ultra violetas,
químicas, degradações térmicas e descargas por efeito coroa. Uma das suas mais
importantes características é a capacidade de retenção da repelência à água no exterior e
sujeita a grandes solicitações eléctricas.
Quando são aplicados em isoladores de porcelana tal como mostra a figura seguinte, a
propriedade de repelência à água resiste ao desenvolvimento de corrente de fuga e arcos
em bandas secas, mesmo com a presença de poluição.
É esta nova tecnologia de isoladores que vai ser desenvolvida nesta fase do trabalho, tendo
sempre como base de comparação os isoladores convencionais (vidro e porcelana).
4.1.1 Introdução
Nessa altura, os fabricantes utilizavam vários tipos de polímeros incluindo teflon, resina
epoxy, borracha de silicone vulcanizada à temperatura ambiente (RTV), borracha de
silicone vulcanizada a alta temperatura (HTV), “ethyleno propyleno monomers” (EPR) e
“ethyleno propyleno diene monomers” (EPDM). Alguns destes polímeros eram misturados
com aditivos como a sílica e tri-hidrato de alumínio (ATH), para obter as desejadas
propriedades anti-tracking. As terminações metálicas podiam ser ligadas à vara de várias
formas tais como, colagens com resina epoxy, inserção de cunhas ou cones na vara de fibra
de vidro ou compressão do metal para apertar a vara.
Ao longo das diversas fases de evolução dos isoladores compósitos e com o aumento da
sua utilização, as vantagens destes isoladores pareciam evoluir favoravelmente. A principal
vantagem deste tipo de isoladores, relativamente ao manuseamento, era a redução em 90%
do peso em relação aos isoladores de cerâmica. Esta importante vantagem ultrapassava as
dificuldades de manuseamento, diminuía os danos na fase de construção das linhas e
reduzia o custo de construção das linhas. Sob o ponto de vista eléctrico, desde que estes
isoladores possam ser produzidos com pequena superfície e longos caminhos de fuga, o
seu comportamento à frequência industrial a seco e em condições de contaminação pode
Durante um período de cerca de 15 anos, um grande número de empresas adquiriu este tipo
de isoladores para fazer aplicações experimentais, em grande parte para linhas de curta
distância. Após alguns anos em funcionamento foram encontrados alguns problemas tais
como tracking e erosão que levaram a contornamentos; alteração do estado da camada que
levava ao aumento da acumulação da poluição na superfície originando arcos e
contornamentos; defeitos na camada e no interface vara-camada de silicone que levou a
contornamentos; desintegração do hardware que levou à queda de linhas; efeito coroa
intenso que danificou a camada e com isto foram provocadas fracturas na fibra de vidro
que levou a defeitos eléctricos. Como resultado destas consequências, alguns fabricantes
interromperam a produção deste tipo de isoladores para linhas de transmissão e dedicaram-
se a produzir apenas para as de distribuição, outros interromperam por completo a
produção de todos os isoladores e os mais inconformados continuaram a desenvolver
tecnologias em redor dos isoladores.
Os isoladores compósitos consistem, tal como mostra a figura seguinte, numa vara de fibra
de vidro, revestimento com camada de silicone e acoplamentos de hardware que ligam à
vara nos dois extremos.
4.1.2.1 Vara
O fabrico de isoladores compósitos tem início na vara. Esta desempenha duas funções que
são, ser o principal membro de apoio e ser também a principal parte isolante. Entre 70 a
75% do peso da vara consiste em fibras de vidro, orientadas segundo o eixo e impregnadas
por resina epoxy ou Ester vinil. A vara é fabricada pelo processo de pultrusão como se
mostra na figura seguinte.
Neste processo, os fios de fibra de vidro são puxados através de um tanque com resina
sendo depois moldada para a forma desejada. Existem no entanto dois parâmetros críticos
no processo de pultrusão: velocidade com que se puxa a fibra de vidro e a temperatura. Se
a velocidade é muito baixa para a temperatura aplicada ou se a temperatura é muito
elevada para a velocidade, podem-se desenvolver fendas axiais por não haver uma
secagem uniforme, isto é, a parte exterior seca mais rápido que a parte interior. Estes
defeitos podem ser detectados através de um ensaio com tinta fluorescente penetrante, no
entanto é difícil de assegurar que toda a extensão da vara esteja limpa da formação de
fendas.
4.1.2.2 Revestimento
atmosférica e humidade. Tracking da vara de fibra de vidro também leva à falha dos
isoladores compósitos.
4.1.2.3 Hardware
As terminações dos isoladores não cerâmicos são feitas de alumínio moldado, forjado ou
maquinado, ferro maleável ou aço forjado. A sua ligação à vara é feita de várias maneiras
possíveis para terem resistência mecânica e para efectuarem uma boa ligação à vara.
Vários métodos de ligação foram desenvolvidos nos quais se incluem a compressão, a
colagem ou a utilização de cunhas metálicas, como se mostra na figura a seguir.
ou ter um anel uniformizador de campo para garantir o não aparecimento acentuado destas
descargas.
Anéis com um raio de curvatura com alguma dimensão podem eliminar o efeito coroa no
isolador e, quando colocados de uma forma conveniente, podem reduzir o gradiente de
potencial na superfície do isolador. O gradiente de potencial crítico do efeito coroa
depende unicamente do raio de curvatura e não do comprimento do isolador.
Através da análise do gráfico, verifica-se que o campo máximo é reduzido e o seu ponto
máximo é alterado, o que vai de encontro com os objectivos pretendidos.
Os anéis devem ser constituídos por materiais resistentes à corrosão e devem ser fixos ao
hardware do isolador. Para tensões superiores a 345 kV devem ser aplicados dois anéis em
cada isolador. Para tensões compreendidas entre os 220 kV e os 345 kV deve ser colocado
um anel do lado da tensão. Para tensões inferiores a 220 kV é desejável a presença de pelo
menos um anel no lado da tensão mas pode variar consoante as condições locais.
As principais forças que actuam nos isoladores de serviço são, o vento e o campo eléctrico.
Destas a mais frequente é o vento. A força originada pelo campo eléctrico (E) é composta
por duas componentes: a força proporcional a E e a força proporcional a E2 , devido à
divergência do campo eléctrico. Em redes alternadas (AC), a primeira componente é nula
devido à natureza alternada da tensão, mas a segunda componente resulta numa força
positiva cuja amplitude aumenta com o campo eléctrico.
Em redes contínuas (DC), ambas as componentes produzem uma força positiva o que faz
com que os isoladores utilizados em redes DC acumulem mais poluição.
A força mais dominante responsável pela contaminação dos isoladores é o vento, seguida
pelo campo eléctrico. Em qualquer um dos isoladores, quer em AC, quer em DC, o campo
eléctrico não é uniforme, estando mais concentrado no terminal do lado da tensão. É usual
encontrar esta parte do isolador mais contaminada do que o resto.
Existem diversos tipos de contaminantes no campo, nos quais os mais comuns são as areias
(SiO2). A contaminação por sal comum (NaCl) é um problema para os isoladores aplicados
junto da costa. Nas zonas agrícolas, é frequente encontrar isoladores com fosfatos, nitratos
de nitrogénio e amónia.
Durante o serviço o isolador pode ficar molhado pela chuva, orvalho, vento húmido ou
gelo. As superfícies do isolador expostas à chuva são mais facilmente humidificadas do
que as zonas protegidas. Caso o período de chuva seja contínuo por algum tempo, o
isolador pode ficar todo molhado. A humidificação por nevoeiro ou gelo dá-se por um
processo de condensação, que depende da diferença de temperatura entre a superfície do
isolador e o ambiente. O vapor de água condensa-se mais facilmente se a temperatura da
superfície do isolador for mais baixa. O desenho do isolador tem pouca influência no
processo de condensação.
Os arcos na maior parte das vezes são auto-limitativos. A corrente na banda seca é muito
baixa, apenas de alguns miliamperes, e requer uma tensão elevada para a suportar. Devido
a este factor em conjunto com elevada resistência superficial é causada a movimentação ou
extinção das bandas secas.
No entanto, e devido a certas condições tais como baixa resistência superficial causada
pelos elevados níveis de contaminação ou presença de gases ionizantes na vizinhança dos
isoladores, as bandas secas podem alongar-se criando pontes entre os terminais dos
isoladores que podem levar ao contornamento.
Para haver propagação dos arcos, o campo eléctrico na camada de contaminação em série
com o arco, deve ser maior do que o campo eléctrico na extremidade do arco. O
contornamento ocorre, em grande parte das vezes, caso o arco em caminho seco possa
fazer a ponte entre cerca de 2/3 do comprimento do isolador.
Mínima linha de
Nível de poluição fuga específica Exemplos de ambientes típicos
mm/kV fase-fase
- Zonas sem indústrias e com baixa
densidade de edifícios.
- Zonas com baixa densidade de casas ou
industrias mas submetidas a chuvas
frequentes e/ou chuvas frequentes.
I – Ligeira 16
- Zonas agrícolas.
Todas estas zonas estarão situadas a uma
distância de pelo menos 10 a 20 km do
mar e não estarão expostas a ventos
procedentes do mesmo.
- Zonas com indústrias que não produzem
fumos particularmente contaminantes.
- Zonas com alta densidade de casas e/ou
indústrias mas submetidas a chuvas e/ou
II – Média 20
ventos frequentes.
- Zonas expostas ao vento procedente do
mar mas não demasiado próximo da costa
(a alguns Quilómetros de distância).
- Zonas com alta densidade de indústrias e
subúrbios de grandes cidades com forte
densidade de edifícios com aquecimento
III - Alta 25 central que façam poluição.
- Zonas próximas do mar ou em alguns
casos expostas a ventos procedentes do
mar relativamente fortes.
- Zonas geralmente pouco extensas,
submetidas a pós de alta condutividade e a
fumos de indústrias que produzem
depósitos condutores particularmente
espessos.
- Zonas geralmente pouco extensas, muito
próximas da costa, expostas aos ventos
IV – Muito Alta 31
fortes e aos contaminantes procedentes do
mar.
- Zonas desertas, caracterizadas pela
ausência de chuva durante longos
períodos, expostas a ventos fortes com pó
e areia, e submetidas a fortes
condensações
4.2.1 Manuseamento
Isoladores que apresentam grandes defeitos não são instalados, contudo, os isoladores com
deficiências não detectáveis podem ser aplicados correndo o risco de poderem vir a
apresentar problemas.
Quando armazenados fora das caixas, os isoladores devem ser empilhados de forma que
uns não danifiquem os outros. Não devem ser colocados materiais em cima dos isoladores
e quando estes têm uma certa dimensão devem ser utilizados tubos de plástico ou cartão
para revestimento.
Na instalação, a vara pode estilhaçar se lhe forem aplicadas torções ou cargas flutuantes. O
defeito, uma vez ocorrido, pode deixar problemas na vara, originam tracking ou fracturas
por fragilização. O aparecimento de tracking na zona da vara exposta pode levar algum
tempo dependendo este da localização do defeito, humidade e quantidade de poluição.
Fracturas por fragilização ocorrem a curto prazo se o defeito é perto das terminações do
isolador junto à linha. Estas fracturas poderão ser devidas à produção de ácidos durante as
descargas do efeito coroa com a presença de chuva. Estas fracturas levam à queda da linha.
4.2.2 Vandalismo
Enquanto muitas empresas não apresentam muitos problemas de defeitos de isoladores por
vandalismo, há outras que sofrem bastantes problemas. Como resultado, muitas empresas
estão perante a dúvida em aplicar ou não os isoladores de vidro.
A fractura dos isoladores de vidro torna-se espectacular por estilhaçar completamente todo
o vidro do isolador. Caso todos os isoladores da cadeia forem partidos podem ocorrer
contornamentos e levar a um defeito permanente.
Os isoladores compósitos podem suportar alguns actos de vandalismo, tais como tiros de
armas, sem falhas eléctricas ou mecânicas imediatas. No entanto, se a fibra de vidro ficar
exposta, podem provocar tracking e fracturas por fragilização. De um modo geral não é
muito fácil detectar defeitos provocados por vandalismo neste tipo de isoladores. Uma
fractura por fragilização dos isoladores compósitos é acompanhada da queda da linha e
portanto deverão fazer-se regularmente inspecções do estado dos isoladores para prevenir a
queda das linhas.
4.2.4.1 Contornamento
4.2.4.2 Poluição
As fracturas por fragilização também podem resultar deste problema. Na figura a seguir
mostram-se exemplos de fracturas por fragilização.
4.3.1 Introdução
Têm ocorrido falhas em isoladores de porcelana e de vidro. Grande parte dos defeitos pode
ser classificado como defeitos eléctricos, isto é, que causou interrupções na alimentação
eléctrica. Defeitos mecânicos destes isoladores, provocando a queda da linha têm ocorrido
muito raramente.
Os isoladores compósitos têm apresentado falhas que levaram à queda dos condutores.
Portanto, é importante o desenvolvimento de métodos fiáveis para detectar os defeitos em
isoladores compósitos. Os isoladores podem tornar-se defeituosos antes da sua instalação
(fabrico, armazenamento, transporte, manuseamento), ou podem desenvolver defeitos
durante o serviço. Das três categorias de isoladores utilizados em sistemas de alta tensão
(porcelana, vidro e compósitos), a detecção de defeitos em isoladores de vidro é a mais
simples de obter. Nos isoladores de porcelana e compósitos, a detecção é mais difícil
porque não é facilmente visível.
Os isoladores de porcelana são uma mistura heterogénea de argila, feldspato e quartzo, que
são todos cristalinos na sua estrutura. Ainda antes de o isolador ser construído, a porcelana
possui certas falhas a nível microscópico, como deslocações, rotações e micro rupturas.
Defeitos maiores podem ocorrer durante o fabrico e subsequente uso, e inclui macro
rupturas, imperfeições, inclusões e buracos. A taxa de propagação de um defeito não pode
ser prognosticado pois depende de numerosos parâmetros, como a qualidade dos materiais,
processamento e fabrico, e a duração e amplitude das tensões impostas.
Comparando com um isolador saudável, um isolador com defeito tem uma menor
resistência, conduz uma maior corrente e altera a distribuição de campo ao longo do
isolador. Devido a estes factos, os métodos desenvolvidos para detectar defeitos em
isoladores de porcelana usam a resistência, corrente, diferença de potencial e campo
eléctrico como indicadores de detecção de defeitos. Estes métodos podem ser considerados
como métodos eléctricos.
A presença de defeitos pode causar mudanças na propagação das ondas dentro do isolador.
Isto levou ao desenvolvimento do método acústico para detecção de defeitos em isoladores
de porcelana. Excepto para o método acústico que pode ser aplicado a isoladores antes da
instalação, os outros métodos só podem ser aplicados com os isoladores electrizados.
As vantagens que este método apresenta são a simplicidade, o preço e a detecção dos
defeitos requer pouca experiência do operador. As desvantagens são o tempo exagerado
para ensaiar todos os isoladores e é o facto de haver risco de contornamento na presença do
operador se houver mais elementos com defeito.
Este método consiste na medição da resistência entre as partes metálicas de cada elemento
através da aplicação de um impulso de tensão. Há aparelhos de medida que podem efectuar
estas medições com os isoladores em tensão ou sem tensão. Os aparelhos têm normalmente
gamas de resistência que indicam com facilidade se o isolador tem defeito ou não.
Este método utiliza um voltímetro ligado no final de uma vara para medição da tensão ao
longo de cada elemento. Elementos bons apresentam tensões elevadas, elementos com
defeito apresentarão tensões reduzidas ou mesmo nulas. Este método tem como
desvantagem ser muito demorado.
Instrumentos que medem o campo eléctrico não são recentes mas implicam a utilização de
um microprocessador capaz de armazenar dados para fazer o seu tratamento numa fase
posterior. Estes dados permitem representar o campo eléctrico ao longo de toda a cadeia da
forma apresentada na figura seguinte.
4.3.2.1.2 Termografia
Esta técnica pode ser utilizada para detectar perfurações em isoladores de porcelana e de
vidro e permite verificar a diferença de temperaturas entre isoladores sãos e isoladores com
defeito.
Os isoladores compósitos não são testados tão frequentemente em relação aos isoladores de
porcelana e de vidro. No entanto, há a possibilidade de os isoladores compósitos,
apresentarem defeitos mesmo antes de serem instalados. Este facto levanta grandes
preocupações principalmente quando ocorrem operações de manutenção em tensão. A
necessidade de detectar defeitos em isoladores compósitos tem como base razões de
segurança e fiabilidade.
Com o propósito de identificar as técnicas que podem ser usadas para prevenir a instalação
de novos isoladores compósitos que contenham alguns dos defeitos acima descritos, foram
testados vários métodos: medição da resistência por um Megger, descargas parciais,
medição de rádio interferências (RIV), medição da corrente de fuga e aplicação de tensões
mais elevadas.
A medição da resistência por um Megger foi ineficiente, pois foi obtida uma resistência
infinita para todos os isoladores com defeito.
A aplicação de tensões mais elevadas tornou-se ineficaz para todos os tipos de defeitos.
Os isoladores são inspeccionados no solo (com binóculos) ou junto deles (de helicóptero).
A inspecção pode ser efectuada sem retirar a tensão. É necessário que os operadores sejam
experientes para detectarem se o problema é sério para ser imediatamente resolvido. Este
método apenas detecta defeitos exteriores.
Como exemplo, uma vara exposta, tracking e erosão de uma parte do isolador, defeitos nas
terminações são defeitos sérios para obrigar a imediata substituição do isolador. Perda da
hidrofobicidade e produção de fendas por raios UV não são tão sérios e o isolador pode ter
um comportamento satisfatório. No caso de haver outros tipos de problemas devem ser
analisados caso a caso.
4.3.3.2.3 Termografia
Esta técnica é sensível a defeitos na superfície mas é insensível a defeitos internos, a não
ser que sejam suficientes para provocar a alteração da temperatura na superfície.
Isoladores não cerâmicos com defeito apresentam efeito coroa mesmo a seco. Uma
parabólica muito sensível com um microfone com alto ganho pode ser usada para
determinar o efeito coroa em isoladores compósitos. O operador deverá ter oscultadores
para ouvir o ruído vindo do efeito coroa. Esta técnica pode ser aplicada sem interferir com
o isolador.
O mesmo instrumento utilizado para os isoladores cerâmicos foi testado para os isoladores
compósitos. O aparelho utilizado neste método está indicado nas figuras seguintes:
6.1 Espanha
Em 1999 o sistema eléctrico espanhol era composto por 14278 km de linha em 400 kV e
4280 km em 220 kV, principalmente na costa. O principal contaminante é o sal,
proveniente da costa, e a poluição vinda das indústrias.
Tinha 11000 isoladores compósitos instalados estando prevista a aplicação de mais 11000
nos anos seguintes.
O comportamento em serviço destes isoladores foi considerado excelente, sem falhas por
contaminação. Contudo, tiveram incidentes com bicadas de pássaros em 30 unidades de
amarração.
Como resultado verifica-se que após alguns anos de utilização o comportamento tem sido
muito bom.
6.2 Irlanda
A rede da Irlanda tem grandes extensões de linha por cliente. Em 1996 iniciaram uma
renovação geral das linhas de 10 kV para 20 kV, apontando três razões para a sua
realização: primeiro foi a queda de tensão e a impedância distribuída aos clientes, segundo
foi a redução das interrupções e em terceiro foi a manutenção da tensão nos níveis
normativos.
Com esta renovação, fizeram a substituição de 75% dos isoladores convencionais para
isoladores compósitos, e só não fizeram na totalidade porque tiveram dificuldade em
encontrar um fornecedor de isoladores compósitos com um comprimento reduzido.
Uma área onde os isoladores compósitos serão utilizados exclusivamente é em locais com
corrosão e na construção de novas linhas.
A decisão de utilizar isoladores compósitos não foi devida à insatisfação com os isoladores
de vidro normalmente usados mas sim, atendendo à necessidade de fazer o aumento do
nível de tensão das linhas. A decisão sobre os isoladores compósitos foi baseada no preço e
na expectativa destes isoladores terem melhores desempenhos do que os de vidro. Outro
factor pela opção dos isoladores compósitos foi a opinião das equipas ligadas às linhas –
facilidade de manuseamento e colocação.
6.3 Israel
O principal problema da rede eram os isoladores. 25% dos defeitos permanentes na rede
MT e AT eram devidos a isoladores.
Em Israel há grandes períodos secos em que todo o tipo de poluição se acumula nos
isoladores (principalmente sal). No final do período seco há uma camada de poluição,
fortemente aderente, que é apenas parcialmente lavada durante os 4 meses de chuva. Os
disparos acontecem principalmente nas primeiras noites, antes das chuvas, com o nevoeiro.
Foi tentado resolver o problema de várias formas. O mais comum era sobredimensionar os
isoladores. Adicionalmente eram colocadas graxas mas o problema era apenas
parcialmente minimizado.
Actualmente estão presentes alguns isoladores de cerâmica na rede, que são a maior fonte
de problemas. Devido a este facto, iniciou-se a substituição dos isoladores cerâmicos por
isoladores compósitos, o que provocou logo de inicio um motivo de satisfação porque,
tinham um preço mais reduzido e tinham maior resistência ao vandalismo. Havia a crença
que os isoladores compósitos podiam vir a ser a solução mas havia a suspeição em relação
aos raios UV. Hoje fica a ideia que os isoladores compósitos são a melhor solução.
Num estudo feito concluía-se que, mesmo que os isoladores compósitos fossem lavados de
5 em 5 anos e que a sua vida fosse de 15 anos, ainda assim eram mais baratos que os
isoladores de cerâmica. Por este motivo foram mudados para isoladores compósitos. Nos
dias que decorrem têm cerca de 4000 em AT e 20000 em MT.
Nos isoladores compósitos tiveram três casos de fracturas por fragilização e algumas falhas
nos ensaios de recepção. Foi verificado que as três fracturas por fragilização resultaram de:
Há alguns anos atrás foi montada uma instalação especial junto do deserto. O que torna
esta instalação única é que há poucos sítios do planeta onde se têm tensões elevadas num
clima deserto. A ideia desta construção foi testar a influência de vários parâmetros no
comportamento dos isoladores, incluindo material, comprimentos, desenho das saias e
anéis uniformizadores de campo. Foram instalados 24 isoladores compósitos de cinco
6.4 Austrália
Os problemas passavam pela costa, pelo vandalismo e pelo bosque tropical (grande
resistividade do terreno, muita chuva/humidade, poluição média). Optaram por usar
isoladores compósitos. A maior desvantagem encontrada é o facto das aves atacarem a
borracha.
A questão principal tem a ver com a manutenção e esta foi a razão de terem optado pelos
isoladores compósitos. Sobre estes isoladores foi dito que a relação entre o aspecto dos
isoladores (inspecção visual) e as suas características eléctricas não está bem conhecida.
Não se pode afirmar, por simples observação dos isoladores, qual o estado destes.
Um facto que foi verificado é que a resistência mecânica do núcleo do isolador é muito
dependente do campo eléctrico mas depende sobretudo da concentração de ácidos,
provenientes da chuva, que se infiltram pelos pequenos orifícios.
6.5 Flórida
Uma forma de ultrapassar o problema pode passar, entre outras técnicas, por lavagens
frequentes dos isoladores ou aumento da linha de fuga. No entanto estas técnicas
apresentam custos elevados.
zonas. De salientar que este tipo de problema apenas surgiu com alguns tipos de aves
(corvos, catatuas).
Em forma de conclusão pode dizer-se que esta é uma tecnologia muito viável mas requer
uma atenção particular para cada situação específica (ambiente salino, poluição industrial,
etc.). Este acompanhamento só se consegue com a experiência e passa pela definição do
melhor tipo de silicone, optimização das linhas de fuga e distribuição do campo eléctrico
ao longo do isolador (anéis uniformizadores de campo, descargas parciais).