Вы находитесь на странице: 1из 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ROGÉRIO FERRAZ DAS CHAGAS

TRABALHO RESUMO DO ARTIGO


“NOTAS SOBRE A ECONOMIA RICARDIANA”

O presente trabalho é requisito parcial para a


composição da N1 da disciplina História do
Pensamento Econômico I, ministrada pelo Dr.
Carlos Estevão Ferreira de Castelo, no curso de
Bacharelado em Ciências Econômicas.

Rio Branco – Acre


2017
2

David Ricardo (1772-1823) nasceu em Londres, no seio de uma família judaica de


origem holandesa. Talentoso e dotado de singular rapidez de raciocínio, muito cedo também se
tornou dono de grande reputação como profissional do mercado financeiro. Antes dos trinta
anos, tornou-se rico proprietário de terras e, assim, pôde se afastar precocemente do mundo dos
negócios para se dedicar exclusivamente aos estudos de Economia. Curiosamente, um dos
maiores representantes da economia política clássica foi autodidata; não frequentou a
universidade. O primeiro contato de Ricardo com a economia política ocorreu com a leitura de
A Riqueza das Nações, em 1799, quando, impressionado com a obra de Smith, interessou-se
pela disciplina. Mas foi necessário um hiato de certa de onze anos até que debutasse como
escritor de economia, publicando o ensaio O Preço do Ouro: uma prova da depreciação do
papel moeda, no periódico Morning Chronicle. De acordo com seu ponto de vista, havia uma
desproporção entre o produto da economia e seu equivalente em moeda. Em pleno período das
guerras napoleônicas, a emissão de moeda havia sido a alternativa à sustentação do estado
beligerante.
A primeira incursão de Ricardo no mundo intelectual gerou polêmica e lhe rendeu, da
parte dos críticos, o rótulo de bullionista. A forma como Ricardo venceu seus críticos foi
brilhante. Tanto assim que o resultado líquido de seu primeiro ensaio foi a fama, com direito a
um lugar de destaque no círculo dos debates econômicos da época. A partir de então, manteve-
se em evidência, escrevendo diversos artigos importantes. Um deles foi seu Ensaio sobre a
Influência do baixo do trigo sobre os lucros do capital, mostrando as inconveniências das
restrições à importação, de 1815. O problema tratado no Ensaio eram as consequências do
protecionismo promovido pelas Leis dos Cereais para o lucro e a acumulação. A primeira
edição de sua obra máxima, em 1817, Princípios de economia política e tributação, nasceu do
debate sobre as Leis dos Cereais e do incentivo de James Mill.
Do ponto de vista ideológicos, Ricardo foi influenciado pelos ideais de liberdade,
igualdade e fraternidade, da Revolução Francesa. Aliás, não só Ricardo, mas alguns setores
das elites europeias nutriam certa simpatia pelo conflito, notadamente pela sua insurgência
frente à tradição absolutista e aristocrática. A nossa fase do capitalismo, ora em afirmação,
carecia da materialização desses ideais. No esquema analítico ricardiano, a teoria do valor
ocupa posição central, muito embora o próprio Ricardo afirmasse sua prioridade em relação à
distribuição de renda entre as classes sociais. Diversamente de Smith, em suas reflexões sobre
o valor, o propósito de Ricardo foi o de entender os efeitos das variações dos preços relativos
sobre a distribuição de renda, e os impactos desta sobre o crescimento econômico. Outro detalhe
de relevo é o fato de que a Ricardo não interessava o estabelecimento de uma medida invariável
3

de valor. Aliás, ele não acreditava mesmo em sua existência. Por perceber que o trabalho
necessário à obtenção das mercadorias pode variar com o tempo e os avanços tecnológicos,
descartou a possibilidade de atribuir a algo o qualificativo de medida invariável ou estável de
valor, no tempo e no espaço à maneira de Smith. Ricardo aperfeiçoou a teoria smithiana do
valor trabalho por perceber nela uma série de inconsistências lógicas. Todavia, como o próprio
Smith já observara, reduzi-los a seu valor em dinheiro não era absolutamente a solução
adequada. Necessário, mesmo, era identificar o que os tornava equivalentes em dinheiro. E este
é o ponto de partida da análise do valor econômico em Ricardo.
Antes de construir sua teoria do valor, Ricardo classifica as mercadorias segundo sua
possibilidade de reprodução. Existiram, pois, duas categorias distintas de bens: a) bens
suscetíveis de reprodução limitada, cujo valor é regulado por sua raridade, oscilando, deste
modo, conforme oferta e procura, sem jamais alcançar um ponto de equilíbrio; e b) bens de
reprodução ilimitada, de valor regulado pelo seu custo de produção, consoantes a uma lei geral
e cujo preço gira em torno de um ponto de equilíbrio. Integram esta classe toda a sorte de
mercadorias que a sociedade pode, a despeito da escassez de recursos, reproduzir em série. E é
daí que Ricardo conclui: possuindo utilidade, as mercadorias derivam seu valor de troca de
duas fontes básicas: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária para obtê-las.
Ricardo alega que essas exceções à regra do valor-trabalho não provocam alterações
representativas na forma como o produto é distribuído entre as classes e nem tampouco chegar
a projetar efeitos significativos sobre a acumulação de capital. Um segundo problema a
considerar seria o da renda da terra. Smith não foi capaz de justificar, em termos do valor-
trabalho, a presença dessa componente entre os custos de produção. Ricardo excluiu a renda
fundiária do cômputo do valor da mercadoria. A renda não é uma compensação ao trabalho
penoso dos trabalhadores nem tampouco ao tempo de espera dos empresários, mas uma porção
do produto da terra paga aos latifundiários pelo uso das forças originais e indestrutíveis do solo,
e surge com a escalada do preço dos produtos agrícola, determinada pelo crescimento
populacional.
O terceiro e último óbice era o lucro do capital. A exemplo dos demais clássicos, o
esquema ricardiano considera o lucro e os juros integrantes de uma mesma categoria
econômica. Ricardo os tratou como unidade, convertendo-os em trabalho. O ponto de partida
foi a reformulação do ponto de vista smithiano a respeito da equação do valor. Para ele, capital
consiste na parte da riqueza nacional empenhada na produção. Por isso, capital pode ser
representado pelas roupas e alimentos, matérias-primas, máquinas, edificações e outros
4

implementos exigidos pelo trabalho produtivo, transformador de coisas para o consumo


humano.
Ricardo aperfeiçoa o conceito de valor de Smith, criticando a distinção da determinação
do valor nas duas sociedades, a primitiva e avançada: para a primeira era o trabalho a medida
real ou a essência do valor; para a segunda, era o custo de produção ou trabalho comandado que
regulada o valor da mercadoria. Diante disso, a teoria do valor incorporado era válida para as
duas sociedades de Smith. Tanto a sociedade primitiva quanto a avançada tinham o valor
explicado pela mesma equação: Valor é igual a capital mais trabalho. A composição do valor
deduzida por Ricardo – até este ponto – valia apenas para uma análise de curto prazo. Não
obstante a crítica a Smith no que se refere à existência do capital mesmo em sociedades
primitivas, a visão de Ricardo, até este ponto, não difere totalmente daquela manifestada por
Smith em A riqueza das nações. Afinal, o trabalho continuava sendo considerado como medida
invariável de valor.
As diferenças nas combinações entre o valor empreendido em máquinas, ferramentas,
edificações ou outras formas de capital e o valor envolvido em adiantamentos à mão-de-obra,
dependerá da contribuição do capital ao cômputo do valor total da mercadoria. Ocorreu-lhe,
portanto, que o capital tem natureza heterogênea; e os aspectos que permite diferenciá-lo é o
tempo de retorno financeiro. Por isso, classificou-o em capital circulante e capital fixo. O
capital circulante permite um menor prazo de retorno; ao passo que o capital fixo exige período
mais longo. Em outras palavras, à medida que o capital circulante é consumido em pequeno
período de tempo e, por isto, é reproduzido em pequenos intervalos, o consumo do capital fixo
é mais demorado, servindo a vários ciclos de produção.
Tendo em vista o problema colocado por Ricardo, no que concerne à variação do
produto do trabalho, mesmo sem ser acompanhada por aumento dos salários, não é possível,
portanto, estabelecê-lo como padrão invariável, a medida de todas as coisas em qualquer lugar
e tempo, como postulava Smith. A fim de atender a essa questão, Ricardo chega a cogitar o
outro como um tal parâmetro. Todavia, nem mesmo este poderia ser assim considera, uma vez
que sua composição de capital é diversa, em relação aos demais bens produzidos na economia.
Em conclusão, Ricardo não consegue encontrar um padrão capaz de mensurar o valor de todas
as coisas. Vale salientar que a visão ricardiana a respeito do valor coincide com a de Smith no
que concerne ao preço “natural” da mercadoria. Apesar dos acréscimos à teoria, Ricardo
alinhava-se a Smith no que concerne à questão de os preços nominais girarem em torno de um
valor natural.
5

Por volta de 1815, a Inglaterra vivia um dilema: preservar-se como economia baseada
na agricultura ou aprofundar-se na industrialização. Outra questão em voga era o papel
reservado à aristocracia rural no sistema sociopolítico vigente, resguardado pelas Leis dos
Cereais. Os defensores desta lei valiam-se até de argumentos essencialmente fisiocráticos,
segundo os quais o crescimento econômico da nação dependeria da elevação da produtividade
natural da terra, reforçados pela ideia de que o fortalecimento do setor agrícola era uma questão
de defesa nacional, além de contribuir para a preservação das tradições. Em contraposição, os
industriais defendiam a revisão da lei, sob o argumento de que as pressões altistas sobre os
preços dos alimentos tinham repercussões perniciosas para a economia, uma vez que sua
consequência natural era a elevação dos salários e, consequentemente, a redução dos lucros.
Ricardo posicionou-se favoravelmente aos industriais. Seus argumentos baseavam-se na tese
de que os maiores beneficiários do aumento no preço do trigo, decorrente da elevação de tarifas
de importação, eram os landloars e não os agricultores, que defendiam veementemente as Leis
dos Cereais.
A teoria de Ricardo extrapolava os limites de uma simples solução ao problema de sua
época. A essência do pensamento desse economista foi além e tornou-se uma completa teoria
sore a distribuição do produto social entre as classes e suas consequências para o crescimento
econômico. O fato de que Ricardo ater-se à distribuição não põe à margem o problema do
crescimento da riqueza, como muitos pensam. Na verdade, o entendimento sistemático da
distribuição da renda entre as classes que compõem a sociedade o leva, consequentemente, à
investigação do crescimento econômico. Razão para tal é o fato de o esquema ricardiano
considerar a forma como ocorre a distribuição de riqueza como aspecto determinante do
crescimento econômico.
O reinvestimento dos lucros dos capitalistas no próprio desenvolvimento industrial
implica a ampliação da demanda por trabalho e faz aumentar a população, contribuindo para a
manutenção do salário em um patamar próximo Pa sua taxa natural, no âmbito de subsistência.
A proposição ricardiana parte do pressuposto de que os lucros por unidade monetária de
investimento e salários-hora pagos aos trabalhadores sejam iguais, na existência de completa
mobilidade de capital e tendência do salário a um mínimo necessário a sobrevivência do
trabalhador.
O interesse de Ricardo, assim como sua contribuição, no campo do comércio
internacional, encontra perfeita conexão com sua abordagem do valor e da distribuição. O
modelo de Ricardo pressupunha concorrência perfeita, custos de produção constantes, ausência
de custos de transportes, comércio bilateral, trabalho como único fator de produção, e, ainda,
6

total imobilidade de capital entre os envolvidos no comércio. A relação inversamente


proporcional entre salários e lucros foi exatamente o ponto de partida de sua teoria. Como dito,
a tendência natural do sistema econômico era a elevação dos preços reais dos bens de salários
ou bens de subsistência, com impactos bastante negativos para o lucro e, por conseguinte, para
o ritmo de crescimento econômico.
Na teoria de Ricardo, a cave para a especialização consistia na existência de vantagens
comparativas. O conceito de vantagem relativa consiste na existência de diferenças no trabalho
incorporado do fabrico de determinada mercadoria, inicialmente produzida por dois parceiros
comerciais. O custo de oportunidade será o fator determinante da especialização. No modelo
de dois países e duas mercadorias, utilizado por Ricardo para demonstrar a existência de
benefícios mútuos, uma delas será produzida por um dos dois países com menor trabalho
incorporado. Neste caso, o país que mantiver tal vantagem deverá produzi-la e o outro, que não
a possui, deverá importa-la de seu parceiro comercial. A teoria das vantagens comparativas,
desenvolvida por Ricardo, se não se aproximou de um axioma, certamente fundou as bases da
teoria clássica do comércio internacional.
As críticas ao esquema lógico ricardiano normalmente partiam de constatações sobre
imperfeições de mercado. Afinal, seu cerne conservava viva e forte a ideologia do laissez faire,
que fora abalado durante o episódio da Grande Depressão dos anos 30. E, nas cinco décadas
subsequentes, o liberalismo permanecia afastado da mente da maioria dos economistas e
políticos. Mas, há algum tempo, falar no livre comércio preconiza da forma como o fez David
Ricardo deixou de ser simples tributo a um dos maiores personagens da história do pensamento
econômico. A economia ricardiana consolidou a análise clássica. A alta capacidade de impor
sua verdade tornou Ricardo o maior representante dessa tradição. Um ou outro setor econômico
poderia ser afetado por quedas na demanda, mas jamais todo o sistema econômico seria
atingido. A livre circulação de capitais acabaria promovendo o auto equilíbrio do mercado ou
segmento em crise. Ricardo quase nunca recorria a fatos para convencer seus parceiros ou
vencer seus adversários. Sua análise era essencialmente lógico-dedutivo. Foram necessárias a
pressão dos fatos (a Grande Depressão dos anos 30) e a argúcia de lord Keynes para minar a
fundamentação ricardiana da lei de Say.Da mesma forma que cientistas econômicos atacaram
ou atacam Ricardo, uma grande parte deles reafirma sua preeminência no campo da
metodologia econômica, chegando mesmo a reconhecê-lo como mentor da técnica da ciência
econômica.

Вам также может понравиться