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Estas oitenta e uma Sentenças de Epicuro foram descobertas em 1888 por Karl
Wotke num manuscrito da biblioteca do Vaticano. Segundo Usener, que lhes consagrou
um estudo substancial, elas provavelmente foram extraídas da correspondência entre
Epicuro e seus discípulos Metrodoro, Polieno e Hermarco. Algumas delas já figuravam
na coleção das Máximas Capitais conservada por Diógenes Laércio.
2 – [MC 2] A morte não é nada para nós, pois o que se dissolve está privado de sensibi-
lidade e o que está privado de sensibilidade não é nada para nós.
3 – [MC 4] A dor não dura de forma contínua na carne. A que é extrema dura muito
pouco tempo e a que ultrapassa em pouco o prazer corporal não persiste por muitos dias.
Quanto às doenças que se prolongam, elas permitem à carne sentir mais prazer que dor.
4 – Toda dor física é de desprezar, pois o que causa um mal-estar intenso é de curta du-
ração, e o que dura muito no corpo causa um mal-estar moderado.
5 – [MC 5] Não é possível viver feliz sem ser sábio, correto e justo, [nem ser sábio,
correto e justo] sem ser feliz. Aquele que está privado de uma dessas coisas, como, por
exemplo, da sabedoria, não pode viver feliz, mesmo se for correto e justo.
6 – [MC 35] Não é possível que aquele que comete, às escondidas, algo contra a con-
venção de não se prejudicar mutuamente possa ter a certeza de que não será descoberto,
mesmo se, no momento, puder escapar mil vezes, pois, até o final de sua vida, não terá
certeza de não ser pego.
7 – É fácil passar desapercebido quando se comete uma injustiça, mas é impossível ad-
quirir segurança de se passar desapercebido.
8 – [MC 15] A riqueza que é conforme à natureza tem limites e é fácil de adquirir, mas
aquela imaginada pelas vãs opiniões é sem limites.
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(10 – Metrodoro, recorda que sendo mortal por natureza e lhe correspondendo uma vida
de duração limitada, te elevaste através de tuas investigações sobre a Natureza, ao que é
infinito e eterno, e chegaste a contemplar a realidade atual, a realidade futura e a reali-
dade passada.)
12 – [MC 17] O justo goza de uma perfeita tranqüilidade de alma; o injusto, em com-
pensação, está cheio da maior perturbação.
13 – [MC 37] Entre as prescrições editadas como justas pelas leis, aquela que recebe
confirmação de ser útil à comunidade é justa, quer seja a mesma para todos os homens,
quer não. Mas se alguém estabelecer uma lei que não for vantajosa para a comunidade,
essa lei de nenhum modo possui a natureza do justo. E mesmo quando a utilidade ine-
rente à justiça não se faz mais sentir, após ter sido durante certo tempo conforme a essa
prenoção, não terá sido menos justa durante esse intervalo de tempo para todos aqueles
que não se deixam levar por frases ocas, mas fixam sua atenção sobre os próprios fatos.
14 – Nascemos uma só vez, duas não nos é dado nascer, em seguida deixaremos de ser
por toda eternidade. Porém tu, que não és dono do dia de amanhã, adias indefinidamente
a tua felicidade e, entretanto, a vida vai se perdendo lentamente nesses adiamentos e
cada um de nós morre sem ter encontrado a paz.
16 – Ninguém que comprove o mal o prefere ao bem, porém, seduzido pelo sonho que
aparenta ser um bem se o compara com um mal maior que ele, cai em seu anzol.
17 – Não é o jovem que merece ser felicitado, mas o velho que viveu uma bela vida,
pois o jovem que está na flor da idade erra e é arrastado em todas as direções por qual-
quer coisa que passe por sua cabeça, enquanto que o velho ancorou na velhice como em
porto seguro, depois de haver conseguido incluir entre suas seguras satisfações os bens
que antes havia desejado alcançar.
19 – Quem um dia se esquece do bem que já passou tornou-se velho nesse mesmo dia.
20 – [MC 29] Entre os desejos, há os que são naturais e necessários, outros que são
naturais, mas não necessários, outros enfim que não são nem naturais nem necessários,
mas produtos de uma vã opinião. (Epicuro considera naturais e necessários os desejos
que nos livram do sofrimento, como beber quando temos sede; naturais e não-
necessários são os desejos que simplesmente fazem variar o prazer, sem remover o so-
frimento, como os alimentos suntuosamente preparados; nem naturais nem necessários
são os desejos por coroas e ereção de estátuas em honra da própria pessoa.)
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21 – Não se deve forçar a natureza mas ceder-lhe se com isso satisfazemos os desejos
necessários e naturais sempre que não nos prejudiquem, mas desprezaremos com toda
rudeza os prejudiciais.
22 – [MC 19] O tempo infinito contém a mesma soma de prazer que o tempo finito se
medirmos pela razão os limites do prazer.
23 – Toda amizade é por si mesma desejável, porém recebe sua razão de ser da necessi-
dade de ajuda.
24 – Aos sonhos não lhes corresponde uma natureza divina nem capacidade profética,
mas são produzidos por uma confluência de imagens.
25 – A pobreza, medida segundo o critério do fim assinalado pela natureza ao nosso ser,
é uma grande riqueza, mas uma riqueza sem limites é uma grande pobreza.
26 – É mister tomar boa nota de que o razoavelmente profundo da mesma forma que o
superficial tendem ambos ao mesmo fim.
28 – Não se deve dar por bons nem aos predispostos à amizade, nem aos lentos para
aceitá-la, mas que é mister ganhar a satisfação da amizade ainda que seja às custas de
certos riscos.
(30 – Metrodoro, alguns passam suas vidas procurando as coisas aptas para a vida, sem
se darem conta de que está infiltrado dentro de nós mesmos o veneno mortal de nossa
origem.)
(31 – Frente aos demais é possível procurar segurança, porém, no tocante à morte, todos
os seres humanos habitamos uma cidadela indefesa.)
33 – A voz do corpo é esta: não passar fome, não passar sede, não passar frio. Pois
quem conseguir isso e confiar que sempre o obterá rivaliza com o próprio Zeus em
questão de felicidade.
34 – Não obtemos tanta ajuda da ajuda dos amigos como da confiança de sua ajuda.
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35 – Não devemos perder os bens presentes pelo desejo dos ausentes, mas devemos nos
darmos conta de que estes que temos agora disponíveis estiveram também entre os que
foram desejados.
(36 – A vida de Epicuro comparada com a dos outros homens em questão de delicadeza
e capacidade para contentar-se com o que é seu poderia ser considerada um prodígio.)
37 – Nossa natureza é fraca perante o mal, mas não perante o bem. Pois os prazeres nos
fortalecem; os padecimentos, pelo contrário, nos enfraquecem.
38 – Pobre em tudo e por tudo é aquele a quem assiste muitos e razoáveis motivos para
acabar com a vida.
39 – Nem é verdadeiro amigo quem, a propósito de qualquer coisa, busca ajuda, nem
quem nunca ajuda, pois aquele regateia a devolução do favor feito e este corta pela raiz
a possibilidade de poder esperar dele algo de bom no futuro.
40 – Quem assegura que todas as coisas ocorrem por necessidade não tem nada a obje-
tar a quem assegura que nem todas as coisas ocorrem por necessidade, pois afirma que
sua própria afirmação ocorre por necessidade.
41 – Digo que devemos rir em vez de buscar a verdade, cuidar de nosso patrimônio e
retirar os frutos das demais propriedades e não cessar sob nenhuma circunstância de
emitir os juízos ditados pela verdadeira filosofia.
42 – O mesmo momento tem a ver tanto com a origem do maior bem como com seu
desfrute.
44 – O sábio quando cai em situações angustiosas sabe muito mais repartir do que rece-
ber, tão maravilhoso é o tesouro da autarquia que ele descobriu.
48 – Devemos fazer a jornada seguinte melhor que a anterior, enquanto estamos a cami-
nho, e, uma vez chegados ao final, ficarmos contentes da mesma forma que antes.
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49 – [MC 12] Aquele que não conhece a fundo a natureza, mas se contenta com con-
jecturas mitológicas, não poderá liberar-se do temor que sente a respeito das coisas mais
importantes, de modo que, sem o estudo da natureza, não é possível desfrutar de praze-
res puros.
50 – [MC 8] Nenhum prazer é em si um mal, mas as coisas que nos proporcionam cer-
tos prazeres acarretam sofrimentos às vezes maiores que os próprios prazeres.
(51 – Acabo de inteirar-me de que tuas excitações carnais se acham muito propensas às
relações sexuais. Tu, enquanto não infringires as leis, não transtornares a solidez dos
bons costumes, não molestares o próximo, nem destruíres teu corpo, nem desperdiçares
tuas forças, faça uso como te convenha de teus desejos. Porém, a verdade é que é im-
possível não incidir em ao menos num destes inconvenientes. Pois as coisas de Vênus
jamais favorecem, e podemos nos dar por contentes se não prejudicam.)
53 – Não se deve invejar ninguém, pois os bons não são merecedores de inveja e os
maus quanto mais sorte têm mais se prejudicam.
54 – Não temos que aparentar que buscamos a sabedoria, mas devemos buscá-la verda-
deiramente, pois não necessitamos parecer que temos boa saúde, mas tê-la realmente.
55 – Devemos curar nossas desgraças mediante uma boa memória dos bens perdidos e
sempre compreendendo que não nos é dado fazer com que não ocorra o que já aconte-
ceu.
56-57 – O Sábio sofre, porém não mais quanto aquele que sofre quando vê que seu ami-
go está atormentado... (pois se o sábio não se comportar assim) toda vida do amigo rola-
rá pelo solo e cairá no abatimento por não confiar em ninguém.
58 – Temos que nos libertarmos dos cárceres das ocupações da rotina e da política.
59 – O insaciável não é o estômago, como o vulgo afirma, mas a falsa crença de que o
estômago precisa, para saciar-se, de quantidades ilimitadas de alimentos.
62 – Com efeito, se os enfados dos pais com seus filhos se devem a causas justificadas é
estúpido, creio eu, repreender-lhes em lugar de escusar-se ao pedido de perdão, e se isso
não se deve a causas justificadas, mas aos impulsos irracionais, é ridículo em maior
grau ainda lançar lenha na fogueira fomentando pela própria indignação pessoal aquela
dose de irracionalidade ao invés de encontrar a forma de mudar-lhes as atitudes de ma-
neira suave mediante sensatas considerações.
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63 – Na moderação também há um termo médio, e quem não se dá conta dele é vítima
de um erro parecido ao de quem se excede por incontinência.
64 – O aplauso dos demais deve acompanhar-nos movidos apenas pelo impulso destes,
porém nós devemos ser médicos de nós mesmos.
65 – É vão pedir aos deuses aquilo que alguém não é capaz de alcançar por si mesmo.
67 – Uma vida livre não pode adquirir muitas riquezas, porque isso não é fácil de fazer
sem dar espaço ao servilismo da turba ou dos poderosos, mas conquista todas as coisas
necessárias mediante uma contínua liberdade. Porém, se por casualidade, consegue ad-
quirir muitas riquezas também lhe é fácil distribuí-las e conseguir a gratidão do próxi-
mo.
69 – O ser vivo ávido de tornar perfeito seu multiforme regime de vida torna sua alma
infeliz.
70 – Não faças nada na vida que possa te causar vergonha se o próximo vier a descobrir.
71 – Diante de qualquer desejo devemos nos indagar: O que acontecerá se este desejo
for satisfeito, e o que acontecerá se não for?
72 – [MC 13] De nada serve adquirir a segurança em relação aos homens se as coisas
que se passam acima de nós, aquelas que se encontram sob a terra e aquelas que se espa-
lham pelo espaço infinito nos inspiram temor.
73 – A quem tenha tido o corpo afetado por alguma dor por fim lhe vem um bem que
lhe permite pôr-se em guarda frente a dores semelhantes.
74 – Num duelo de raciocínios ganha mais aquele que perde se vier a aprender alguma
coisa.
75 – Não manifesta reconhecimento para com os bens passados a sentença que diz: “Es-
pera para ver o final de tua longa vida.”
76 – Seja em tua velhice tal como eu te animo que sejas, e terá compreendido bem em
que consiste buscar a verdade para si mesmo e em que buscá-la para a Hélade. Te felici-
to.
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79 – A imperturbabilidade não é molesta nem para si nem para o outro.
80 – O elementos fundamental para a própria salvação é o cuidado que devemos ter com
nossa juventude e a vigilância frente aos vícios que mancham tudo por culpa de alguns
desejos incontidos.
81 – Nem a posse da maior riqueza que exista, nem qualquer espécie de honra, estima
ou respeito do vulgo, nem o que esteja ligado a desejos sem limites pode dissipar ou
]pôr fim à inquietude da alma, muito menos originar uma alegria que mereça ser identi-
ficada como tal.