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A TUA PEREGRINAÇÃO

Texto: Paulo Paiva

Peregrinar não é apenas andar pelos campos, como o próprio nome indica. Aliás, peregrinar não é
apenas caminhar. O truque é perceber que há quem viva numa peregrinação permanente. Sem
dúvida, hoje, esta é uma prática muito frequente. Quem ainda não fez uma peregrinação?
Um livro biográfico do Pe. Vítor Feytor Pinto, coordenado por Maria Antónia Vasconcelos, tem o
título O Caminho faz-se caminhando, e demonstra como a própria vida é um caminho a percorrer.
O Pe. Vasco Pinto de Magalhães também apresenta conselhos preciosos para o caminho da vida no
livro Não há soluções, há caminhos, como que a sugerir que na vida, não há receitas nem fórmulas
predefinidas para ultrapassar as dificuldades, mas que, para cada vida, o seu discernimento.
Descobri à dias, numa partilha de um vídeo na internet de Malala Yousafzai, a menina paquistanesa
atingida pelo exército talibã, que exigiu na sede das Nações Unidas o direito a todo as crianças no
mundo terem educação (meses mais tarde tornou-se na mais jovem premiada do Nobel, e logo o
Nobel da Paz.) No vídeo ela respondia à pergunta de qual era o seu livro preferido. Ela respondeu
que o Alquimista, de Paulo Coelho. Achei interessante, pois este não é um livro erudito e clássico,
mas um livro que fala de uma peregrinação pelos caminhos de Santiago, um livro que fala de um
caminho de descoberta, de experiências, de evolução pessoal. Claro, não apoio nem pretendo
enaltecer o esoterismo do livro, contudo, ele não deixa de ser um livro de iniciação ao sagrado
cativante.
Parecido com este livro, li em tempos outro livro de uma outra peregrinação. Relatos de um
peregrino russo, de autor anónimo. Esta obra fala de um homem não propriamente muito religioso,
que entra numa igreja para estar um pouco em sossego. Contudo, é surpreendido naquele momento
por uma leitura de uma carta de São Paulo que dizia que era preciso rezar sem cessar. Esta
exortação levou-o a questionar como seria possível rezar sem cessar. Seria uma tarefa impossível,
pois para além de rezar é necessário nem que seja, comer e dormir. Como podia São Paulo pedir
para rezar sem cessar? O livro relata, então, o seu caminho de mosteiro em mosteiro à procura de
respostas, na descoberta da “Oração do Coração”, no relato das suas experiências espirituais. Em
suma, também este é um livro de iniciação ao mundo espiritual da oração, e também muito
cativante.
Um outro caminho de descoberta, é relatado em Confissões, primeira pessoa por Agostinho. Este é
um homem que viveu na passagem do século IV para o V, mas cuja história de vida é muito
semelhante aos nossos dias. Agostinho procurava por Deus, queria encontrá-lo, queria descobrir a
verdade, saber como alcançar a paz, a verdadeira paz. Foi de seita em seita, de movimento em
movimento, até que um dia, também ele, entrou numa igreja, a catedral de Milão e escutou o bispo
Ambrósio. As homilias de Ambrósio iluminaram o espírito de Agostinho cujos olhos se foram
abrindo. Escreve ele nas confissões: «Onde estava eu quando te procurava? Estavas diante de mim,
e eu até de mim mesmo me afastava, e se não encontrava nem a mim mesmo, muito menos podia
encontrar-te a ti» (2,2). Agostinho converteu-se muito tarde ao cristianismo. No entanto, foi bispo
em Hipona (hoje Annaba, na Argélia), e é considerado Padre da Igreja. Escreveu inúmeras obras
cristãs, muito importantes para a fé e a teologia cristã.
Ora, todos estes caminhos são preciosos. Para além de aprendermos muito com eles, eles abrem-nos
horizontes para o nosso próprio caminho e daqueles que caminham connosco.
Há, claro está, um último caminho que menciono, de alguém para quem caminhar era o seu dia a
dia. Trata-se do último caminho de Jesus, o nazareno. Aquele que foi do jardim das oliveiras para o
Sinédrio, daqui para o Pretório, depois para o Palácio, e de novo ao Pretório com uma passagem
pelo cárcere, e por fim, com uma viga de madeira às costas, até ao Golgotá (ou Calvário) onde foi
crucificado.
Aprendemos de todos os caminhos. Mas este fica para sempre na memória.
Não julguemos ninguém. Não sabemos em que fase do caminho estão. Ajudemos a percorrer esse
caminho. Este é, creio, uma das tarefas mais atuais de quem é catequista, seja com adultos, seja com
crianças e jovens.
Qual é a tua peregrinação?

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