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RIO DE JANEIRO

NOTICIA HISTÓRICA E DESCRITIVA

DA

CAPITAL DO BRASIL
1
10 DE JANEIRO
NOTICIA HISTÓRICA E DESCRITIVA

DA

CAPITAL DO BRASIL

PELO

Prof! ^
FERREIRA DA ROSA
Tenente-Coroiiel Hon. do Exercito
Cathed. do Colégio Militar do Rio de Janeiro e do Prytaneu Militar
Docente da Escola Normal
Sócio Hon. do Liceu I«it. Portug-uês, do Inst. de Prol. e Assiat. á Infância
e da Associação de L,a Prensa de Santiago do Chile

EDIÇÃO DO
ANNUARIO DO BRASIL
RIO DE JANEIRO
EM 1904 O GRANDE PREFEITO PAS-

SOS, DESEJANDO UM LIVRO DESCRI-


TIVO DA CIDADE DO RIO DE JA
NEIRO, ENCARREGOU DE O ESCRE-
VER O PROF. FERREIRA DA ROSA,,

QUE LHE ENTREGOU O ORIGINAL


EM 1905. NESTE ANO IMPRIMIU-SE
O LIVRO — EDIÇÃO OFICIAL DA
PREFEITURA. ESTÁ ESGOTADO, AIN-
DA QUE O NÃO ESTIVESSE,, JA' NÃO
REPRESENTARIA A CAPITAL DA RE-

PUBLICA PELO MUITO QUE TEM PRO-


GREDIDO DEPOIS DAQUELA DATA.
ESTA OBRA, DO MESMO AUTOR, IN-

TEIRAMENTE NOVA, E' A MAIS MO-


DERNA EXPRESSÃO DA GRANDEZA
E DA BELEZA DO RIO DE JANEIRO.
f
«Conheço que para os presentes tudo isto
c escusado e de nenhmii merecimento;
eu escrivi também para os vindou-
'iiias

ros. A
tniemoria das cousas acaba em
em poucas gerações, e os escritos du-
ram por muitos séculos». (P.e Lu/z
Gonçalves dos Sanctos, nas Memorias
para servir á Historia do Reino do Brasil ).
PRIMEIRA PARTE

HISTÓRICO — O município — A CIDADE


— A BAHIA DO RIO DE JANEIRO — O CAES
ACOSTAVEL.
HISTÓRICO inteiro. Testemunhas mil vezes seculares
das transformações físicas par que tem
passado esta parte do globo, esses col-
lossos de granito lestesnunham, ainda, co-

O
Brasil entrou para a Historia como
mo atalaias de niar c terra, o movimento
teatro de Civilização, no anno dc 1500 d;t
da Civilização que ha mais de quatrocen-
tos anos principiou nesta parte da Amierica.
era christã. Incorponou-o ao mundo de ter-
ras então conhecidas o Almirante portu-
Habitavam, então, o litoral desta am-
pla bahia selvicolas chamadas tamoios, re-
guês Pedro Alvares Cabral, que denominou
presentantes da raça tupi, indivíduos for-
a nova terra «Terra de Santa Cruz».
tes e intrépidos, acaboclados e nus, viven-
Outros navegadores lhe sucederam,
do em comum nas aldeias, «tabas», ajun-
explorando o litoral da surpreendente des-
tamentos de cabanas, circundados por uma
coberta: Vicente Yanez Pinson, Diego de
trincheira, (cahçara), que os protegia con-
Lepe, André Gonçalves, João Coelho, Fer-
dira as surpresas da guerra
nando de Noronha e Gonçalo Coelho. Es- (2).

te foi o primeiro que transpoz a barra,


Desde a praia U riiçumiriiu que depois
recebeu o nome de Praia do Flamengo
o primeiro que sulcou as aguas do que
então supunha ser a foz de mii grande (13), até a ilha que os tamoios chamavam

rio.
Parviapuan, e que, depois, se chamou do
Efectivamente, em 1501 Gonçalo Co-
Governador (14), estendiaim-se as viven-
das e fortificações desses Íncolas munidos
elho costeava, de Norte a Sul, com tres ca-
de arco e flecha, dominadores dc Guana-
ravélas, a Terra de Santa Cruz; e aos aci-
bara. As ilhas desertas e recamadas da
dentes geográficos que vinha observando
vegeta<;ão primitiva, o litoral formado de
e que annotava no seu Roteiro, vinha dan-
restingas e alagadiços, recortado em sali-
do, como se viajasse de Calendário aberto,
ências e reintrancias; cômoros que se re-
nomes de santos celebrados pelo Catoli-
petem, e montanhas que limitam o hori-
cismo.
zonte ao Norte; de permeio charnecas-)
Assim denominou S. Roque» o ca-
.

lagoas e mata virgem; de longe em lon-


bo que a 5o 29' 15" de Latitude Sul, avis-
tou no dia 16 de Agosto; e «Santo Agos-
ge uma taba; variedade imensa de pás-
saros cruzando os ares, numerosos peque-
tinho» outro cabo que vio, no dia 28 do
nos rios sulcando a terra; tal seria o pa-
mesmo mez, a 8° 20' 40". Em 4 de Outu-
bro, dia que o Calendário consagra a S.
norama desta região no limiar do século
XVI.
Francisco, passando pela foz de um grande
rio, registou < Rio S. Francisco». Ao cabo
que no dia 21 de Dezembro avistou, a 22° Reinava D. Manoel e^n Portugal quan-
3', chattniou «S. Thbmé». Quando no dia 1" do o Brasil foi descoberto, e quando esta
de Janeiro de 1502, tendo dobrado a Ponta bahia recebeu, impropriamente, o nome de
Negra para Oeste, julgou achar-se dean- RIO DE JANEIRO. Pouco fez o «Ven-
le da embocadura de outro grande rio, a turoso» Monarca no sentido da sua occu-
22o 54' 23" Latitude Sul, não hesitou pação e aproveitamento. Vinte e seis anos
em dar-lhe o nome de «Rio de Janeiro» (1) depois os francezes conheciam melhor do
Mais tarde desfez-se a ilusão: Não que os portugueses a maior bahia da Ame-
é um estuário, é uma bahia; mas o nome rica do Sul, e tratavam de instalar-se em
ficou até hoje — RIO DE JANEIRO. tão futuroso ponto do futuroso Brasil.
Soube disso D. João III, filho e sucessoir
de D. Manoel; e, logo, mandou Christo-
Entre penhascos soberbos aperta-se a vam Jacques com uma esquadrilha per-
entrada desse niagestoso abrigo oferecido seguir os franceses, cometendo imediata-
pela natureza aos navegantes do mundo mente a Martim Affonso de Souza o encar-
14 Rio db Janbiro

go de efectuar o reconbecimento da ooista, e pedidos de lhes prestar mais serviçoi. Um


demarcar a terra. brioso tmilitar, Estácio de Sá, MoçO' Fi-
Martim Affoxiso saio de Tejo a 3 dalgo, foi lembrado e julgado hábil para
de Dezembro de 1530; e em 1531 chegou tamanha empresa. Devia apresentar-se, na
ao Rio de Janeiro que o deslumbrou, pelo Bahia, a seu tio-, Mem de Sá„ que organi-
que o incluio no lote destinadio á sua zaria a expedição com o conihecimienta
adíministraição (5). Não soube, porém, oc- próprio das necessidades locaes.
cupar e desenvolver a formosa domataria. Estácio convidou para companheiros
Em 1555 vieram outra vez franceses diri- homens de destaque que se chamavam Bel-
gidos pelo Vice-Almirante da Bretanhá, Ni- chior de Azeredo, João de Andrada, Paulo
colas Durand de Vilegagnon (6) e tomaram Dias, Gaspar Barbosa, Bartholomeu de
posição numa ilha, a segunda depois de Castro, Francisco Dias Pinto, Jacome Cou-
transposta a barra, ilha que, ainda hoje, tinho, Jorge Ferreira, Antonio de Mariz^
por seu noíme, recorda a aventura. e muitos outros, confiantes em Deus, ilus-

PENHASCO «PÃO DE ACUCAR» Á ESQUERDA DE QUEM ENTRA


A BARRA DO RIO DE^ JANEIRO

Essa ilha foi a base de operações trados na fidalguia, valorosiois por natu-
dos franceses cubiçosos de uma possessão reza, experimentados na guerra, devota-
na America do Sul. Em 1560 ahi sofreram dos ao amor da Patria e do seu Soberano.
derrota infligida por portugueses ao man- Partiram de Lisboa, em dois galeões
do do Desembargador Mem de Sá, Qo- fortemente armadoiS e tripulados, nos pri-
vemador Geral idb Brasil (7); (mas não meiros dias de Janeiro de 1564. Depres-
desanimaram: Reincidindo na pretensão, tor- sa chegaram á Bahia onde Estacioi se apre-
naram a apoderar-se da ilha; e atrahi- sentou a Mem de Sá, e recebeu reforços.
ram com habilidade os tamoiios para mais A 6 de Fevereiro fundeava a esquadra
eficazmente resistirem a novas tentativas deante da barra do Rio de Janeiro. Aqui
de expulsão. Estácio «foi maravilhado pelo terreno a
Diversas vezes foram os franceses ba- que a Providencia o conduzira; e pasmou
tidos, sempre se restabelecendo após. A estendendo' o olhar pela enseada dentro;
sua aliança com os indígenas ia se tornando e admirou o desenho com que a Natureza
cada vez mais forte, naturalmente exci- fechou em suas muralhas este grande pa-
tados contra lOS portugueses os ânimos de iz». (8). Finm;anido-se no propósito de
ambos. vencer, dirigou-se, ainda, ás capitanias de
Do facto chegou noticia a Lisboa; S. Vicente e Espirito Santoi, a reunir ele-
e do Trono de Portugal partirata ordens mentos de resistência.
para que tivessem termo as incursões dos Pesava-lhe o sacrificioi a que ia sub-
franceses e para que fosselm os tamoios im- meter os selvioolas enfeitiçados pelos hu-
Rio de Janeiro 15

guenotes, mas havia de cumprir os deve- energias fariam crescer,


repelindo os ad-
res da sua Fé, e correspoinder á confiança versarias. Em de Março Estácio de Sá
1

do seu rei. dirigiu aos seus homens um longo c elo-


quente discurso que tenninou assim, numa
ênfase de exortação e de profecii: ..Para
Da Capitania do Espirito Santo Es- que tl Rei, a PaTia. o Rrnul c o mundo
tácio de Sá trouxera como aliado o famo- to lo conlu iam o nosso denodado valor
so «Morubixaba» Ararigboia (Q) coiiu al- Icvatiicmvs i's(a Ciiladc qui ficará por mc
guns «tupinimós —
da raça tupi como moria do nosso heroísmo, e í'xf-'>,plo ás
o-s tamoios, mas inimigos destes,, c deci- \indouras gerações! Levaiifçntos esta Ci
didos para a luta. Não achou, entretanto,. 'Jade para ser a rainin dos provindas e

«O ULTIMO TAMOYO» QUADRO DO PROF. AMOEDO

conveniente penetrar logo na bahia do o empório das riquezas do mundo,! (II)


Rio de Janeiro: A vinda dos portugueses Estácio de Sá deu imediatamente pos-
era há muito esperada; as praias estavam se de seus encargos aos funcionários que
guarnecidas de impávidos guerreiros en- já trazia adrede; e S. SEBASTIÃO DO
feitados com penas de guará e de tucano^ RIO DE JANEIRO teve desde logo e-
empunhando tacapes e flechas. Estácio pru- xistencia legal (12).
dentemente desembarcou suas tropas e fun- Oscenario desse momento histórico
cionários antes da barra c ainda hoje quasi o mesmo. O
granito
dos montes conserva a mesma face escal-
vada e batida pelo açoute dos meteoros.
"Junto do Alto penhasco Pão de Açúcar, E' hoje o que já devia ser naquelle tem-
"Balisa natural do imenso golfo, po, o que fôra muitos séculos atrás, o
"Já o Capitão-Mór entrincheirado,
"De forte praça os bastiões erguia
que será muitos anos por vir. Só não ha
"Na praia que Vermelha hoje chauiauios" (10) mais vestígios dessa primeira e pequenina
povoação ha 357 anos fundada em nome
de El-Rei D. Sebastião de Portugal (13).
Nesse recanto, sem relações em que
se apoiassem, e sem entendimento com
outros sinaes que não fossem os do céo es-
trelado, os portugueses determinaram fun- Não obstante o ardor de Estácio de
dar a Cidade de S. Sebastião, que as suas Sá para cumprir as ordens do Governador
16 Rio db Janeiro

Geral e obedecer á vontade do seu rei, linha que por sua ordem havia sido^ dedi-
navios franceses transpunham livremente a cada a S. Sebastião entre as primeiras
barra, alimentando de esperanças e de re- Qonstruções da Cidade,, lá, juntO' ao Pão
cursos tmateriaes a colónia que Viligagnon de Açúcar.
fundara na Ilha, e pretendia alastrar pelo
ciontinente com o nome de «França An-
tárctica». Sucediam-se as escaramuças sem
resultado^ ora no mar em encontros de
canoas, ora em terra, se se encontravam
os inimigos em avançadas,; por atalhos.
Mem de Sá foi informado dessa situaçãoi
pelo jesuita Anchieta que fôra á Bahia
tomar ordens sacras. Preparou-se,, entãoi,
aam 'mais gente e armas para vir em' apo-
io do Sobrinho: Nem o parente podia
ser desmerecido, nem o português ludibri-
ado,; nem contrariado o cumpridor de or-
dens reaes. Em 18 de Janeiroi de 1567
abrigaram-se na Enseada de Martimi Af-
fonso,; também denominada «Praia Verme-
lha» (14) onze barcos aparelhados para
a guerra. \

Resolveu-se logo uma acção geraly


decisiva,, para que tivesse termo> aquela
Doupação indevida, infiel, ameaçadora. No
campo aberto, e ao gemer das ondas no^
curvo areal,, Estácio de Sá falou pela ul-
tima vez aos seus soldados.
No dia 20 de Janeiroi,; todos se ati-
raram resolutamente á empresa.
Estácio de Sá,, por terra, investiiu
sobre o entricheiramento de U niçumirim, e
mais fortificações dos tamoios. Arariigboiaj,
aoompanhando-Oy com os seus americanos,
fez prodígios de bravura (15). Mem de
Sá dirigiu para a Ilha, baluarte dos fran-
ceses, o fogo de suas frágeis embarcações.
Em terra e no mar o combate foi violen-
to e seguido.

"Trava-se horrenda e se escarniça a luta,


"Roncam bombardas, arcabuzes troam
"Balas e flechas pelos ares zunem (16)

Os inimigos dos portugueses foram


irresistivelmente batidos, recuando sempre
até o interior da vasta bahia onde se dis-
persavam na floresta os que não tinhami
cahido ao mar. Uma flecha, porém, va-
rara o rosto de Estácio de Sá! Não o
transtornou a dor. Ao som dos hymnos MARCA DA FUNDAÇÃO DA
da Victoria, e em dupla homenagem ao GIDADE (FRENTE)
Santo do dia e ao Rei de Poirtugal,i man-
dou que se confirmasse o nome de CI- Tendo assumido o Governo local,
DADE DE S. SEBASTIÃO DO RIO DE por morte do sobrinho,, deliberou o Go-
JANEIRO. vernador Geral do Brasil transferir a Ci-
dade daquelle recinto apertado^; onde as
Trinta depois morria do feri-
dias contingências de ocasião permitiram o seu
mento o valoroso Capitão (17). O seu estabelecimento, para logar mais amplo de
corpo foi processionalmente condtizido pa- onde irradiasse florescente e esperançosa.
ra uma sepultura no chão de uma eapel- Escolheu para isso, mui acertadamente,
.

Rio de Janeiro 17

um monte sobranceiro á ilha até então cida- para séde do Governo do Sul. Em 1577 unifi-
dela dos inimigos, monte de onde se descor- cou-se outra vez o Governo djo Brasil, e re-
tinavam o vasto ancoradouro, e planicies e apareceu, então, como Governador do Rio de
várzeas circunjacentes. Janeiro, subordinado ao da Bailia, Sal\tador
Corrêa de Sá, que desta vez exerceu o cargo
por espaço de 21 anos.
Foi por sua determinação que se tras-
ladaram para a capéla-niór da igreja de S Se-
.

bastião do Castélo os despojos mortaes dc


Estácio de Sá, cobrindo-os uma lapide

MARCO DA FUNDAÇÃO DA
CIDADE (COSTAS)

No alto desse monte plantou um marco


de pedra Hoz com as armas portuguesas; e
ao lado do marco mandou que se erguesse es-
paçosa capela sob a invocação do padroeiro
da Cidade. Para garantir o novo centro de
população contra possiveis invasões inimigas
fez levantar os muros de um castélo que des-
apareceu no século XVIII tendo durado bas-
tante para fixar no monte ou morro o nome
"Morro do Castélo" por que ficou sendo co-
nhecido (^^)
Em 1568 Mem de Sá regressou á Bahia,
deixando como Governador do Rio de Janei-
ro -outro sobrinho, Salvador Corrêa de Sá,
que, até 1572, muito fez pelo progresso da Ci-
dade nascente.
LAPIDE DA SEPULTURA DE
ESTÁCIO DE SA

em que mandou gravar a seguinte inscripção:


Neste anno foi o Brasil dividido em dois Aqui jaz Estácio de Sá, Pritneiro Capitão e
governo (19), designada a Bahia para séde Conquistador desta terra e Cidade. E a cam-
do Governo do Norte, e o Rio de Janeiíio pa mandou fazer Salvador Correa seu primo
18 Rio de Janeiro

segundo capitão c governador, com suas ar- 3 Salvador Corrêa de Sá (filho de Mem de Sá
primo de Estácio), Capitão-Mór. Governou de
mas. E esta capela acabou no ano 1583 (^*'). e
Março de 1568 a 1572.
4 Christovâo de Barros, Capitão-Mór, que go-
vernou até 1576.
5 Desembargador Antonio Salema, 1576-77.
6 Salvador Corrêa de Sá, Capitão-Mór (2.^^ vez).
Quarenta e seis governadores efectivos 1577-99.
e vinte e quatro interinos se sucederam até 7 Francisco de Mendonça e Vasconcellos. Ca-
pitão-Mór. 1599-1602.
8 Martim de Sá, natural do Brasil. Capitão-
Mór. 1602-1608.
9 Affonso de Albuquerque. 1608-1614.
10 Constantino Menelao. Capitão-Mór. 1614-17
11 Ruy Vaz Pinto. De 19 de Junho de 1617
a
1620.
12 Francisco Fajardo, De 20 de Junho de 1620
a 1623.
13 Martim de Sá. (2." vez). De 11 de Junho
de
1623 a I632.
14 Rodrigo de Miranda Henriques. De I3 de
Junho de 1633 a 1637.
15 Salvador Corrêa de Sá e Benevides, 3

IV — 1637 a 1642.
16 Duarte Corrêa Vasqueanes (Interino). 19-111
1642 a 1643. r»
Luiz Barbalho Bezerra, natural do Brasil. Ue
-o -1
17
falecimento
1643 a 15 de Abril de 1644, data do seu
164o.
18 Francisco de Souto Maior, 7-V-1644 a
19 Vasqueanes, (2.^ véz). 22-111-
Duarte Corrêa
1645 a 1648. (21). . ^ >
20 Salvador Corrêa de- Sa e Benevides, (2' vez;.
Janeiro a Maio de 1648.
21 Duarte Corrêa Vasqueanes. (3^" vez. Interino)
12 de Maio de
1648 a 1649.
22 Salvador de Brito Pereira. De 25 de Janeiro
de 1649 a 20 de Julho de 1651, data em que faleceu.
23 Antonio Galvão. (Interino). 1651-1652.
24 D. Luiz de Almeida Portugal, Capitão-Mór,
1652-1657.
25 Thcmé Corrêa de Alvarenga, (Interino).
1657-1659.
26 Salvador Corrêa de Sá e Benevides. (3''vez)
1659-1660.
27 Thomé Corrêa de Alvarenga (2" interinidade).
1660.
28 Agostinho Barbalho Bezerra 1660-61 (22).
29 João Corrêa de Sá. 1661-62.
30 D. Pedro de Mello. 1662-66.
1763, ano em que a Capital do Brasil defini- 31 D. Pedro de Mascarenhas. 1666-70.
tivamente se transferio da Bahia para Rio de 32 João -da Silva e Souza. 1670-75.
Janeiro. Os quarenta e tres primeiros tive- 33 Mathias da Cunha, 1675-1679.
34 D. Manoel Lobo, 1679. (23).
ram no exercido as honras de Capitão Mór;
o quadragésimo quarto —
Arthur de Sá e de
35 João Tavares Roldon. (Interino). Outubro
1679 a Janeiro de 1681.
Menezes —
iniciou a série dos que trouxeram 36 Pedro Gomes. De 28 de Janeiro de 1681 a
patente de Capitão General. 1682.
37 Duarte Teixeira Chaves, 3-VI-1682 a 1686.
38João- Furtado de Mendonça. 22-IV-1686 a
Lista chronologica dos varões que 1689.

exerceram a autoridade superior 39 D. Francisco Naper de Lencastre. (Interino).

no Rio de Janeiro desde a funda- De 24 de Junho de 1689 a 1690.


40. Luiz Cesar de Menezes. 17-IV-1690 a 1693.
ção da Cidade até a chegada da 41 Antonio Paes de Sande. 25-III-1693 a 1694.
Familia Real Portuguesa. 42 André Cuzaco, natural da Irlanda. 7-X-1694
a 1695. Faleceu no exercício do cargo.
GOVERNADORES 43 Sebastião de Castro Caldas. 19-IV-1695 a
1697. (24).
1 Eftacio de Sá (Fundador) 1565-67. 44 Arthur de Sá Menezes. 2-IV-1697 a 1702. (25).
2 Mem de Sá (Governador Geral do Brasil) 47 D. Alvaro da Silveira e Albuquerque. 15-VII-
1567-68. 1702 a 1704.
. !

Rio DE Janeiko 19

48 D. Fernando Martins Mascarenhas dc Len- duto, (uii- foi levantada para aeiucduto. scr-
castre. De 1 de Agosto de !705 a 1709. (26).
52 Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
\indo um ,stou!i>jiara dar passajícni ás aj,'ua^

II de Junho de 1709 a 1710. (27). do rio Carioca do moiro de Santa Tliereza


53 Gregorio de Castro Moraes. (Interino). 1709- para o dc Santo .\ntonio. Kdi ficou i» Con-
1710. vento de Santa 'Pliereza. ICrij^io ;i beira mar.
54 Francisco de Castro Moraes (2* vez) 1710-11
(28)
55 de Albuquerque Coelho de Carva-
Antonio
lho. vez) 1711-13.
(2.»
56 Francisco Xavier de Távora. De 7 de Junho
de 1713 a 1716.
rino). 1716-17.
58 Antonio de Brito e Menezes. 27-\'I-1717 a
1719. Faleceu no exercido do cargo.
59 Manoel de Almeida Castello Branco. (2* in-
terinidade) 1719.
60 Ayres de Saldanha e Albuquerque Coutinho
Mattos e Noronha. De 18 de Maio de 1719 al725 (29)
61 Luiz Vahia Monteiro. 10 de Maio de 1725 a
1732. (30).
62 Manoel Freitas da Fonseca. (Interino).
1732-33.
63 Gomes Freire de Andrade. De 26 de Julho
de 1733 a 1/63.

CHAFARIZ COrtixiAL

para serviço das embarcações, o chafariz de


granito e mármore que hoje se encontra qua-
íi a meio da Praça 15 de Xovcmbro. Iniciou
o soccorro ao-- lázaros. Lançou a primeira
pedra da igreja Catedral. Fez construir para
reiidencia dos governadores o edificio que de-
pois foi Paço Imperial, e agora é Repartição
Geral dos Telégrafos. Creou o Tribunal da
I've'açf.o. Protegeu as letras creando socieda-

der- literárias. Consentio que se estabelecesse

a primeira tipografia no Rio de Janeiro.


Este Governador merece mais do que o E' o heróe do poema "Uruguay", de José
simples registo do seu nome. Exerceu o car- Basilio da Gama.
go por 29 anos, 5 mezes e 4 dias Em 1578 deu-lhe El-Rei o titulo de Con-
E' sua obra a grande arcaria hoje via- de de Bòbadella. O povo chamava-lhe "Pae
. '

20 Rio DE Janeiro

li

LAROO DO PAÇO (1817)

da Patria". Governou, também, as capitanias Arsenal de Marinha onde até agora está; ali-
de Minas Geraes e S. Paulo. Foi sua grande nhou e franqueou ao transito a rua hoje cha-
preocupação defender e conservar a Colónia mada Carioca; cobrio de lages a longa vala
do Sacramento; e a sua morte foi atribuída da rua hoje chamada Uruguayana fundou o
.
;

ao desgosto de vê-la perdida (^^) Nas dife-.


Hospital dos Lázaros na casa que pertencera
rentes vezes que se ausentou do Rio fez-se aos jesuitas, e onde ainda existe muito modi-
substituir sucessivamente por ficado esse estabelecimento. A ordem era com-
pleta na Cidade sob suas vistas; toda activi-
dade honesta era fonte imperturbável de pro-
64 José da Silva Paes,
65 Mathias Coelho de Souza, gresso. Governou até 12 de Novembro de
66 José Antonio Freire de Andrade, 1767. A rua hoje chamada Frei Caneca foi
67 Patrício Manuel de Figueiredo. por elle aberta, e teve por muitos anos o no-
me de Conde da Cunha ou, simplesmente, do
For morte do Conde de Bobadella a ad- Conde. De 1870 a 1889 foi rua Conde d'Eu.
ministração das capitanias — Rio, S. Paulo O Império esquecera o Vice-Rei, e a Repu-
e Minas — que achavam outra vez reuni-
se blica deixou-o esquecido.

das, foi cometida a uma Comissão de tres 2" Vice-Rei —


D. Antonio Rolim de Mou-
rhembros por êle mesmo indicados Brigadeiro
:
ra, Conde de Azambuja (17 de Outubro de

José Fernandes Pinto Alpoim, Chanceler da 1767 a 1769)


Relação João Alberto de Castello Branco, e 3° Vice-Rei —
D. Luiz de Almeida Por-
Bispo D. Fr. Antonio do Desterro, comple- tugal Soares Alarcão Eça Mello Silva Masca-
tando-se, assim, o numero de 70 governado- renhas, segundo Marquez do Lavradio e 4"
res. Conde de Avintes (1769-1779). Construio
fortificações fóra da barra e dentro da baía
desta Capital. Organizou milícias. Fez pros-
VICE-REIS perar o Comercio; favoreceu a Industria. In-
troduzio a sericicultura; promoveu a cultura
do do arroz, do linho e da cochonilha, e
anil,
Sendo notável o progresso das capitanias iniciou a lavoura do café. Dotou a Cidade de
do Sul, e achando-se no Rio da Prata o peri- grandes melhoramentos, saneando-a e embele-
go de guerra e invasão da fronteira brasileira, zando-a, segundo a sua época. Ainda guarda
resolveu El-Rei mudar da Bahia para o Rio o seu titulo nobiliárquico uma das ruas que
de Janeiro a Capital da sua grande Colónia abrio. Aterrou pântanos; construiu Mata-
cujo Governador teria daí por deante o titulo douro; levantou chafarizes, dos quaes ainda
de Vice-Rei. O primeiro nomeado foi D. An- existe um na rua da Gloria, e outro em aban-
tonio Alvaro da Cunha, Conde da Cunha, que dono na rua Riachuelo. Protegeu as letras,
aqui desembarcou em 15 de Outubro de 1763, creou uma Academia Scientifica. Elevou a
tomando posse no dia seguinte. mais do dobro a renda municipal que até en-
Era austero e díHgente. A sua acção in- tão não passava de 4 :000$ Monsenhor Pi-
.

cidia principalmente na cidade onde tinha zarro, fazendo a apologia do governo do Mar-
séde. Assim foi que deu inicio ao Arsenal quez do Lavradio, escreveu: "Constante na
de Guerra, na ponta chamada da Misericór- piedade, nem as leis o fizeram rigoroso, nem
dia onde cresceu e se manteve até 1910; cons- a espada sanguinolento; e sabiamente unia o
truio paioes de pólvora; aplanou o terreno da Poder com a Ternura, e a Justiça com a Hu-
ilha de Vilegagnon, fortificando-a fundou o
; manidade".
.

Rio de Janeiro
21

4" \'ice-Rei — Luiz de Vasconcellos e 6"


\ icc-Rci —
D. Fernando Jose de
Souza (1779-90). Foi notável a sua acção. Portugal, da Casa dos Marquezes de
Melhorou e ampliou o Largo contiguo á Ca- Valen-
ça. Governou, antes, a Baliia; e. ainda
antes,
sa dos Governadores. Projectou e começou
e.xercera em Lisboa cargos de m.agistratura
c
uma avenida beira-mar do Cáes Pharoux á de administração. Chegou ao Rio de
Gloria. Construio o Passeio Publico Janeiro
para em 1801 foi muito ob.scfiuiado pelo povo
;

sanear o Boqueirão da Ajuda, infecto logar


quando cm 180(). Voltou ao Bra-
se retirou,
de despejos. Fundou a "Casa dos Pássaros", sil com Família Real. e aqui foi. suci-ssi-
a
iniciodo i\Iuseu Nacional como instituição, e vanicntc, IMínistro do Reino, de Estrangeiros
do Tesouro Federal como edifício, pois é o e da Guerra Presidente do Erário, do Conse-
;

mesmo prédio hoje muito ampliado que avul- lho da Fazenda e da Junta do Comercio. Foi
ta na Avenida Passos. Protegeu as sciencias
condecorado com as gran-cruzes de Aviz, da
dando especial atenção ás pesquizas botânicas Torre e Espada, e de Izabel a Católica. Gen-
de Fr. José Mariano da Conceição Velloso. til homem do Paço. recebeu os títulos
de Con-
Inaugurou uma aula de Rhetorica. A Lavou- de e, depois, Marquez de Aguiar. Faleceu em
ra, o Comercio, a Industria mereceram-lhe 24 de Janeiro de 1817.
cuidados
Sucedeu-lhe D. José Luiz de Castro, se- D. Mjarcos de Noronha e
Foi 7" Vice-Rei
gundo Conde de Rezende, 5° Vice-Rei do Brito, Conde dos Arcos, que deixando o Go-
Brasil (1790-1801). Nivelou,
aterrando, o erno do Pará e Rio Negro, chegou ao Rio
Campo da Lampadosa (de que resta hoje o de Janeiro em 9 de Agosto de 1806, depois
espaço chamado Praça Tiradentes) Calçou . de 4 mezes de viagem. Coube-lhe a honra de
a Rua do Cano (hoje Sete de Setembro), e receber a Família Real, transformando Rio
a da Vala (hoje Uruguayana) Para conti-
.
Je Janeiro em Capital do Reino.
nuar a Avenida Beira-mar começada pelo seu nomeado Governador da Ba-
Foi, depois,
antecessor dava, mediante certas somas, paten- nia de onde regressou em 1818 para assumir
tes de Capitão, Tenente e Alferes, constituin- i direcção do Ministério da Marinha.
do a classe dos "Oficiaes do Cáes." Promo-
veu medidas de higiene publica e particular.
Melhorou consideravelmente a iluminação da
Cidade. Abrio a Rua dos Inválidos, assim Tinha já certa importância a Cidade do
chamada porque aí, logo, estabeleceu casa e Rio de [aneiro. A sua população attingira a
chácara para asilo dos soldados que invali- 60.000 habitantes (32). Havia 1311 oficinas
dassem no serviço do Estado. Aprimorou a e estabelecimentos comerciaes, 3 seminários,
instrução militar. Ainda guarda memoria do 2 recolhimentos de meninas; 5 hospitaes: o
seu titulo nobiliárquico uma rua por êle de- la Misericórdia, o de S. Frandsco da Peni-
lineada desde a Lavradio até a Riachuelo. íencia. o do Carmo, e o Militar, no Castélo.

LARGO DO PAÇO (1S30)


22 Rio DE Janeiro

O Catolicismo triunfante erguera 40 igrejas, O MUNICÍPIO


sendo caiatro paroquiaes. Clinicavam oito mé-
dicos. Funcionavam um Tribunal da Rela-
ção, um Ouvidor do Crime, um Ouvidor da O belo céo azul de sempre — denso ar-
Comarca, um Juiz de Fóra do Civel, e um voredo de todos os matizes do verde, por
Juiz. de Órfãos.
montes e vales —
lagoas invadidas pelo Man-
Entravam a barra do Rio de Janeiro, gue — arenosas praias desertas alguns rios —
por ano, 400 embarcações portuguesas, e mais desaguando na \asta baía semeada de iliias --
de trinta estrangeiras. o horizonte limitado por altaneiras montanhas
Eram anvialmente abatidas mais de treze em redor— pássaros, aves ferindo
aquáticas,

mil rezes para alimentação publica. o silenciocom a gama de seus trinados com e
seus languidos pios — o belo ceo azul de sem-
pre — devia
tal paisagem desta região
ser a
*
nos seus dias prehistoricos.
Chegaram os portugueses. Recuaram os
A
presença da Familia Real aumentou aborígenes.Apareceram franceses na ânsia de
consideravelmente a importância do Rio de educar os tamoios contra os descobridores.

Janeiro que, sendo desde 1763 Cidade capi- Triunfaram portugueses fundando a ci-
os

tal do Brasil-Colonia, passava, de súbito, a dade. Começou a povoação.


Cidade capital dos vastos domínios da Mo- A Cidade nascente fortificou-se.
narquia Portuguesa. De 1 de Abril a 5 de Uma ponta da praia que alcatifava de
Novembro de 1808 El-Rei creou um Conse- branco a base do morro do Castelo recebeu
elegante bateria que tomou o nome de "São
lho- Supremo, um Arquivo Militar, o Des-
embargo do Paço, a Mesa da Consciência e Thiago" (^^J. Onde esta hoje a igre-
ja dos Mihtares, na rua 1." de Mar-
Ordens, a Casa da Suplicação do Brasil que
ço, íoi construído, em i60:>,
.
o pri-
foi depois a Relação do Rio de Janeiro a
Fabrica de Pol\x)ra (perto da Lagoa Rodrigo
;

meiro forte denominado "Santa Cruz". A


actual fortaleza desse nome, á barra, começou,
de Freitas onde estabeleceu o Jardim Botâ-
no século XVi; como bateria "N. S. da Guia";
nico, transferindo-a mais tarde para a Estre-
e a de " S. João", que lhe é fronteira, começou
la, raiz da Serra dos Órgãos) a Academia;

na mesma época por um forte chamado "São


de Marinha, a Escola Medico-Cirurgica a ;

Theodosio".
Imprensa Regia, a Junta do Comercio, o Ban-
co do Brasil, e outras instituições. Nos anos
Em quanto assim os senhores da terra se
aparelhavam para dcfende-Ja, o'- jesuítas igual-
seguintes creou o Jardim Botânico, a Biblio-
mente se mostravam zelosos na diligencia de
teca Publica, a Academia de Belas Artes, a
ocupa-la: Os altaresadeantavam-se ás forti-
Contadoria da Marinha, a Guarda Real de
ficações. Em 1572 já existiam as igrejas de
Policia. E montavam-se oficinas, fabricas,
Sebastião e da Misericórdia, e edificava-
S.
fundições Grande fòi o desenvolvimento ad- mes-
se a igreja de S. Francisco Xavier, no
.

ministrativo, comercial, industrial observado


mo ponto onde hoje está, e que, nesse tem-
desde então. Em
1590 fundou-se a capela
po, era sertão.
Em 1815, elevado o Brasil a Reino, tor-
de N. S. do O', onde depois se ergueu, e amda
nou-se Rio de Janeiro Cidade Capital do Rei-
está, a Catedral da Arquidiocese. 1592 Em
no Unido de Portugal, Brasil e Algar- construiu-se a igreja de Santa Luzia, na base
ves (^^) .

do Castélo, á beira mar, dando o nome á


Em proclamada a Independência
1822, praia, então existente. Em 1604 a primitiva
Politica do Brasil,passou a ser Capital do igreja da Candelária, na várzea e, também,
Império e da Província do Rio de Janeiro. á beira mar. Em 1628 a igreja de Santa Cruz
Em 1834 o "Acto Adicional" separou a sobre as i-uinas do Forte desse nome, (^').
Cidade do Rio de Janeiro da Província do Em 1633 a de S. José. com o altar mór quasi
mesmo nome, considerando-a Município Neu- dentro dagua. (^^).
tro (34). A imigração augmentava, a população
Em 1889, proclamada a Republica, o Mu- crescia, a Cidade alastrava-se. tendo por mar-
nicípio Neutro tomou a denominação de Ca- cos do seu desenvolvimento esses primeiros
pital Federal. oratórias.'' As construções faziam-se a esmo.
A
Constituição da Republica, promulga- como quem não contasse com o futuro desta
da em 24 de Fevereiro de 1891, declarou Rio magnifica posição geográfica. E já havia
de Janeiro Distrito Federal da Republica dos CAx\L\RA para tratar dos interesses do Mu-
Estados Unidos do Brasil {^°) . nicípio. (^^).

1
: ,

Rio DE Janeiro 23

A pequena la\ourn circundava as habi- Cidade coltmial jKirtuguesa, Capital do \ ice


tações ; o Comercio aiisor\ia febrilmente as Reino do Brasil, Cai)ital do Reino do Por
actividades. tugal-Brasil e Algarves, Capital dd Império
Em 1700 Rio de Janeiro não passava da do Brasil, é o Distrito Federal da Kepublic;
linha hoje percorrida pela rua Urugtiayana. do- E.stailos Unidos do Brasil.
Dspois da segunda invasão francesa veio A superfície total da Cidade do Rio dc
de Lisboa o Engenheiro João !Macé que, pa- Janeiro, com as ilhas, é avaliada cm
ra defender a Cidade por terra, projectou unió 1l()3,K'"-933 incluida no calculo a area con-
muralha do Morro da Conceição ao de Santo quistada pelas obras do porto entre as j)raçaí
Antonio, e deste ao do Castelo. Essa muralha "Harmonia" e "Mauá". {*•').
foi principiada lá, no morro, onde já residia Os .seus limites definitivos são
o Bispo, chegando, com pouca altura, até onde Ao Xortc o Estado do Rio dc Janeiro
está a Igreja do Rosario. Dai para fóra. correndo a linha divisória pelo Rio Mcrity.
Oeste, era o "Campo da Cidade''. Daí par^ desde a foz até a confluência do Pavuna poi ,

fóra não se permitiria mais edificação al- este Pavuna até suas cabeceiras; e dai, pc\os
guma, pois havia da parte de dentro "muitoí limites das fazendas "Retiro" e "Guandu do
chãos devolutos". ('"'). Sena" com a fazenda ou antigo ^lorgadio de
A actual rua Uruguayana ei-a por esse "Marapicú". até as calieceiras do Guandú
tempo uma vala (*^)' aproveitando a qual e por este á sua confluência no Itaguahy e ;

pretendera o 61." Governador da Cidade, por este até sua foz na baía de Se.petiba.
Luiz Vahia Monteiro, rasgar um Canal que Ao Sul, o Oceano Adantico.
comunicasse o mar da Ajuda com o mar da A
Oeste, a baia de Sepetiba.
Prainha, ilhando a Cidade (^-). A
Leste, a baía de Guanabara.
Em 1808 assentou o Senado da Camar?
que "seriam limites racionáveis, segun- Da sua população foram em 1920 re-
do o estado actual das cousas, por um lado o censeados 1.157.873 hab. {*^).
Rio das Laranjeiras, por outro o Rio Compri-
do, e por outro o mar em toda a sua circun- A Estatística Predial acusa a existência
ferência. E para certeza desta demarcação de 114.000 casas.
mJUtlou colocar marcos na Ponte do Catêtc
junto ao Rio das Laranjeiras ou Cario-
ca, e nas pontes que estão na passagem dc
Rio Comptido", (Arquivo dn Distriro Fede-
ral, tomo II, pag. 520). O Governo do ^lunicipio consta de dois
Um aviso de 8 de Agosto de 1317, expe- poderes: Legislativo (*^) e Executivo.
dido pelo Presidente do Real Erário, João O
Poder Legislativo Municipal ou Con-
Paulo Bezerra, e mencionado nas Memorias selho Deliberativo compõe-se de 24 Inten-
Históricas- de Pizarro, declarou sujeito ac dentes, eleitos pela Cidade, um dos quaes é
Imposto de Decimas "todos os prédios urba- pelos seus pares eleito Presidente.
nos situados desde o fim da Praia de Bota- O Poder Executivo Municipal é exerci-
fogo até o fim da Praia de S. Christovão, do pelo Prefeito, nomeado por Decreto do
terminando na ponte da estrada do Anda- Presidente da Republica que, naíuraimente.
rahy que vae para a igreja paroquial do En- o escolhe entre os cidadãos de reconhecida
genho Velho". capacidade.
Em 1831 a Camara ^Municipal comuni- Para os fins administrativos, executar c
cava ao Governo Imperial que para o lança- fazer executar as leis votadas pelo Conselho,
mento da Decima Urbana fôra fixado o se- e sancionadas pelo Prefeito, o Distrito Fe-
guinte perímetro: "Do principio da Praia de deral está dividido em 26 distritos (^*),
Botafogo, da ponte do Berquó, até fim da cada um confiado a um
Agente, servido por
Praia de S. Christo^iio, compreendendo c um Escrivão, e variável numero de "guar-
Campo da mesma denominação até a 2*. das".
cancela, e daí em linha paralela até fim da O
Conselho Deliberativo reune-se duas
Estrada da Joana, e desta seguindo a estrada vezes por ano, em sessões ordinárias: Uma
que passa pela frente da igreja do Engenhe de 2 de Abril a 31 de Maio, outra de 1 de
Velho até a ponte da Segunda-f eira o costãc ; Setembro a 31 de Outubro. Pôde ser con-
do Rio Comprido até os canos do Carioca, oe vocado extraordinariamente pelo Prefeito.
quaes em toda sua extensão servirão de limi A
séde do Conselho era no próprio edi-
te até Cosme Velho". fício em que está a Prefeitura C^") : em
1896. porém, tornou-se o local insuficiente.
PIoje Rio de Janeiro, depois de ter sido
24 Rio DE Janeiro

Instalou-se,então, o Conselho num edificio No da Prefeitura, entre


edificio as ruas
que fôra construído para Escola, em 1869; S. Pedro General Camara, e entre
e a Praça
e néle se manteve ate 1918. Neste ano pas- da Republica e a rua José M,auricio funcio-
sou a funcionar provisoriamente no Liceu nam as repartições de administração e arre-

de Artes e Oficios e, demolido o velho edi-


;
cadação.
ficio da Escola, sobre o mesmo terreno se O Prefeito governa a Cidade de acordo
levantou a séde actual que ficou pronta em com as leis e as necessidades, e por intermé-
1922. dio de Directorias organizadas segundo o ra-

INTERESSANTE MAPPA ANTERIOR A 1600


;

CIO DE Janeiro 25

mo especial dos serviços que llics são atri- assistênciahospitalar aos velho.s crianças t-
buídos :
adultos enfermos e indigentes; o estiulo dc
A' Directoria do Património compete o todas as questões dc Assistência publica e dc
tombamento e cadastro do território e bens beneficência pri\-1ada; assistência clinica ás
do Distrito Federal o arrendamento, ; alu- parturientes que a rcclaniein; serviços dc pue-
guel, fòro, compra e venda dos bens munici- ricultura; assistência dentaria á mfancia Cã-
paes, moveis e imóveis; o processo para desa- cohu- desvalida: organização e direícçào dc
propriação por utilidade municipal a ava- ; uma Escola Oficial de Enfermagem; supe-
liação e medição de todos os bens do Tombo rintendência dos cemitérios.
Municipal; as doações, legados, heranças e A' Directoria de Instrução cabe organi-
jidci comissos; o processo de aforamento zar e regulamentar os estabelccimc-Uos mu-
de terrenos devolutos, e o da acquisição de nicipaes de ensino primário e profissinnai, e
terrenos baldios no Distrito Federal. desenvolver o mais possivel os meios de ins-
A' Directoria de Obras e Viação peiten- trução popular, distribuir escolas, ])rovc-las
cem todos os serviços relativos a obras mu- de professores e de material, inspecciona-las
nicipaes, Carta Cadastral, viação em geral, dos pontos de vista medico, higiénico e peda-
embelezamento e saneamento da Cidade ele- ; gógico, e manter uma Escola Xormal dc
ctricidade, carris, e estradas de ferro e de ro- Professores.
dagem; maquinas; construções, reconstru- A' Directoria de Fazenda compete a ge-
ções, acréscimos e reparos de oredios de qual- rência de toda a economia financeira da Mu-
quer espécie, provisórios ou definitivos. nicipalidade. Tcni a seu cargo a contadoria ;,'e-

O Departamento Municipal de Assistên- ral da Receita e Despeza do Miinicipio, o


cia Publica tem a seu cargo o pronto socorro pagamento das despezas legalmente autoriza-
medico-cirurgico por todo o Distrito Fede- das, a arrecadação dos impostos e rendas mu-
ral, em terra e no mar; a organização e fiire- nicipaes, de conformidade com a legislação '-m
cção de Di.spensarios clinicos nos pontoò em vigor.
que mais necessário fòr acudir á popuiaçãc A' Directoria de Estatística compete es-
desprovida dc recursos; visitas doniicil'ariab tudar os factos sociaes, administrativos e es-

A. Prtlartce Caza da. mot


B. Trf.m
C. Coaríeis àr /nfnn/aria t ArtUhartn
D. Coartf/ ae C a i-alonir.
E. Ospilnl mditar
F. CoaPÍets das Gnnrn içoens t/a Marinha
G. Afcrnal r EslaleiPO _
^^^^ <íÍ^
11. Mfandf^a. r Caza. rio Prorrdpr
:

26 Rio de Janeiro

tranlios á Administração suscetiveis de ex- A Comissão Especial de Historia e Esta-

pressão numérica ou de representação grá- tística de Assistência Publica e Pr\'cda,


fica; organizar estatísticas numéricas, tanto creada pelo Decreto 1001, de 13 de Xuv;ni-
dos serviços administrativos a cargo da Alu- bro de 1914, tem por objecto registrar a acção
mcipalidade como de todos aquéles de natu- vocial das nossas instituições iilantropicas.

reza local a cargo do Governo da União pu- ;


muito variadas nas suas origens, na- fornias
blicar regularmente um Boletim de Estatística da sua existência e nos seus fins. A Comis-
Municipal, e um Anuário Estatistico. são publica anualmente um Boletim, u.° 1

Ao Arquivo do Distrito Federal tem a data de ó de Nov. de 1918.


desagregado da Directoria de Estatisti- O Almoxarifado Geral da Municipali-
ca, constituindo Repartição autononiíi dade, creado pelo Decreto 1 509 de 30 de
.

desde cabe
1919, privativamente orga- Dezembro de 1920. Tem por íi-n adquirir,
nizar todas as fontes de consulta his- guardar, conservar, e distribuir p-)r todos ns
tórica do Distrito Fedeial, c^uer era relação departamentos municipaes, o material, uten-
sílios, maquinas, aparelhos,.
aos factos sociaes e políticos, quer em relação ícrrrinientas, ar-

aos documentos e papeis de origem adminis- tigos de expediente, moveis, semen.es e tudo

trativa. mais de que a Prefeitura necessite para suas


A Municipal,
Biblioteca reorganizada repai tições e empreendimentos.
por Decreto de 22 de Julho de 1919, é uma
Repartição aberta ao publico para consulta As Armas IMunicipaes, adopí.;d?.s pelo
de impressos, cartas geográficas, manuscritos, Decreto de de Agosto de 1896, crr.stan'i do
1

numismática, etc. antigo emblema —esfera armílar e setas —


sobre colado o Barrete Frígio, aplicado o em-
Ha, ainda blema num pano de caravela de que se não vê
senão a proa; de cada lado desta prôa osten-
O Contencioso, Repartição encarregada
ta um golfinho em posição que emoldura
da defesa jurídica dos interesses municipaes.
a véla; dois ramos de louro e de carvalho
A
Superintendência: da Limpeza Publica
completam o adorno; tudo encimado pela co-
e Particular, incumbida do asseio das ruas e
roa mural, atributo de cidade marítima.
praças publicas, da limpeza e conservação de
valas e rios da colecta e remoção de todo o
;

lixo da Cidade. Foi adoptada para todo o Distrito Fe-


A
Inspectoria de Matas, Jardins, Arbo- deral uma Bandeira de téla branca com duas
rização, Caça e Pesca, tendo a seu cargo a faixas azues em diagonal, tendo no cruza-
inspecção, plantio, replantio, e conservação mento as Armas Municipaes.
das matas terrestres e marítimas do Distrito
Federal; a execução das leis e regulamentos
relativos á caça e á pesca a fiscalização, quan-
;

to á conservação, reprodução e renovação


dos peixes, moluscos e crustáceos destinados
á alimentação publica nos domínios fluviaes
e marítimos do Distrito Federal a constru- ;

ção, reconstrução, conservação e fiscalização


das praças arborizadas e jardins pú-
blicos municipaes; a arborização da Ci-
dade, organização e cultura de \i veiros
para as necessidades da arborização e ajar-
dinamento a guarda e conservação dos mo-
;

numentos públicos o registo de todas as em-


;

barcações empregadas na pesca e no trafego


do porto. Cidadãos que exerceram a função de\
O Deposito Central da Municipalidade, Presidente da Intendência Muni-
creado por lei n.° 968, de 10 de Nov. de cipal, desde 15 de novembro de
1903, e somente inaugurado em 29 de Abri 1889 a, 3 de dezembro de 1S92
de 1916. Nêle são recolhidos os ob-^^ctos
apreendidos aos transgressores de posturas
municipaes, bem como as quantias ^iue 'levem Francisco Antonio Pessoa de Barros,
ser depositadas em virtude de leis municipaes (1889-90)
e de execuções judiciaes em qvie ^lunici- Dr. José Felix da Cunha Menezes
palidade fòr parte. (1890-91)

i
Rio de Janeiro 27

Dr. Nicolau Joaquim Moreira (1S91-92) Quadro (/</ licccita arrecíulada r d.t
Dr. Candido Barata Ribeiro [\>'^2' Despeza paria pela M uniciptdidadc
do liio de Janeiro, ano por ano.
desde a j)roilaniação da llcpu-
blica:
Cidadãos que nomeados para o cargo
de Prefeito sucessivamente exer-
.\nno Receita Despeza
ceram o Poder Executivo Munici-
arrecadada elccluada
pal:
1S89 2.281 :969$829 2.275 19/$03.>
1890 8.591 161 $450
: 6.170 837$L-'0
' Alfredo Augusto \'ieira Earcellos, (in- 1891 .675 :182$880 4.8.^5 914$891
terino) 1892 17 179 :632$528 18.25Í1 803$'W6
Coronel ÍTenric[ue \'alladares, Engenhei- 1893 727 :lõ4$727
16./. 15.^)01 241$5.>3
ro Militar. (1893-94) 1894 17 .029 :449$274 10.938 ;í.545^97;
Dr. Francisco Furquim Werncck de Al- 1895 25.876 :865$590 2().'110 :039$336
meida, Politico, Medico, Prof. (lS94-97j 1896 33.510 :749$270 .^3.532 324$628
Dr. Joaquim José da Rosa, Medico. (In- 1897 19.703 :393$454 19.116 :970$008
terino) 1898 18.322 :716$499 18.935 :781$847
Dr. Ubaldino do Amaral Fontoura. Ju- 1899 23.484 :607$080 23.418 :58.^$198
ri.sconsulto. (1897-98) 1900 25.348 :345$189 24.^X39 ;489$616
K Dr. José Cesário de Faria Alvim, Poli- 1901 20.677 :534$885 21.179 8.V)$338
tico, Jurisconsulto. (1898-1900) 1902 26.264 :976$525 25.678 471 $282
Dr. Luiz Van Erven. Engenheiro Civil, 1903 30.773 :377$989 31..S78 810$319
(Interino) 1904 28.211 ;265$569 28.217 890$88,s
Coronel Honorio Gurgel, Politico, (Inte- 1905 31 .395 :873$320 31.3.59 ;97()$S48
rino) 1906 48.437 a 855178 48.132 71.=^$202
> Dr. Antonio Coelho Rodrigues, Juriscon- 1907 37.411 :736$707 }>7.72h :248$841
sulto,(1900) 1908 39.132 :935$422 38.931 :9I9$457
Dr. João Felipe Pereira, Engenheiro Ci- 1909 53.494 :900$627 53.304 27?>%?>22
vil, Professor. (1900-901) 1910 50.4.^^2 :016$303 50.291 :046$779
')
Dr. Joaquim Xavier da Silveira Tunior, 1911 39.071 :111$959 735$996
. Jurisconsulto. (1901-902) 1912 46.972 :224$686) 47.780 :813$496
Coronel da Guarda Xacional Carlos Lei- 1913 .50.194 :780$558 50.172 ;770$.-.0S
te Ribeiro, Politico, Comerciante. (Interino). 1914 4CÍ.203 :942$766 46.158 ;616$872
Dr. Francisco Pereira Passos, Indus 1915 51.515 1828862
: 51 . 553 :092$889
trial. Engenheiro Civil. (1903-906) 1916 57.206 681 $626
: 56.850 :340$216
-^ • General Francisco Marcellino de Souza 1917 41 .028 :525$023 53.615 ;?87.$595
.^Aguiar, Engenheiro MiHtar, (1906 909) 1918 44.94<i :372$267 54.153 ;017$612
Coronel Innocencio
-
Serzedello Corrêa, 1919 51.082 :108$166 93.132 :.331$134
Engenheiro Militar. (1909-910) 1920 57.444 1388754
: 68.795 :088$472
.Vl- General- Bento Ribeiro Carneiro Montei- 1921 65.588 :386$096 84.419 :415$836
ro, Engenheiro Militar, (1910-14) 1922 67.042 :842S500 69.114 :346$f^33

,
;
Dr. Rivadavia da Cunha Corrêa. Politi-
.

co, Advogado. (1914-16)


'
,] Dr. Antonio Augusto de Azevedo
Sodré. Pohtico, Medico. Prof. (1916-17) A CID.\DE
Dr. Amaro Cavalcanti, Prof. IMagistrado.
'

(1917-18)
Dr. Manoel Cicero P'eregrino da SiKa. Cidade do Rio de Janeiro edificou-se
'\

Professor, Director da Biblioteca. (Interino). á revelia da legislação que influísse nas cons-
Dr. André Gustavo Paulo de Frontin. truções. Na epocr. da sua fundação c. Siien-
Politico, Engenheiro Civil, Professor. (1919? cia não tinha ainda codificado as regras que

.(l-Dr. Milciades Mário de Sá Freire, Ju- vizam a salubridade dos povoados. aglome-A
risconsulto, (1919-20) ração de indivíduos correspondia a necessi-
Dr. Carlos Cesar de Oliveira Sampaio.
.
dade de habitações, e essas iam-se erguendo
Industrial. Eng." Civil. Prof. (1920-2/:) á vontade de cada dono, resultando da sua
Dr. Alaor Prata Soares. Tomou posse — localização o arruamento, em vez do arrua-
em 15 de Novembro de 1922. mento preceder a edificação.
28 Rio de Janeiro

Cercas, quintaes, fachadas em


muros de tras medidas de sua iniciativa, para cmbele-
que o dos telhados pousava na verga
beiral zamente e saneamento do Distrito Federei.
dos portaes, ahnhavam-se, intercaladamente.
A floresta cedia espaço, aterravam-se alagadi- *
ços, a Colónia prosperava em consequência
do esforço que cada um fazia pela sua pros-
peridade pessoal. Perto de 2;>'.' anos de la-
O engenheiro Francisco Pereira Passos,
já com um passado de Administrador (^^),
buta já tinham sua longa historia de fortunas
Industrial, homem viajado, e de muita ener-
e de ruinas.
gia e bom convidado para o car-
gosto, foi
Depois de 1808 Rio^ de Janeiro, entre- em
30 de Dezembro de 1902,
go de Prefeito
posto de avultado numero de produtos do
pelo Presidente da Republica, Dr. Francisco
paiz, atraio a atenção da Europa manufactu-
de Paula Rodrigues Alves.
reira. No Império aumentou considei-avelmen-
te o seu comercio. O
crescente trafego de
veículos foi tornando notável a estreiteza das
ruas. Ampliava-se a Cidade, mas ainda era
muito primitiva a Estética, e muito rudi-
mentar a Higiene.
Só em 1838 apareceu a primeira preocu-
pação administrativa de deminuir as dificul-
dades do trafego Uma Postura mandou que
:

tivessem pelo menos 60 palmos de largura as


ruas, estradas ou travessas que desde então
se abrissem.
Só de 1854 a 64 as ruas do Rio dc Ja-
neiro foram niveladas para receberem calça-
mento e paraielipipedos de granito, e ilumi-
nação a gaz.
Só em 1856, por editaes de 11 de Março
e 6 de Maio, se revelou o primeiro cuidado
com a Arquitectura predial .
A
Munirip-jlida-
:

de proíbio as "aguas furtadas", e exigio dos


construtores que submetessem á sua aprova- FRANCISCO PEREIRA PASSOS—
ção o Risco do prédio a edificar. ENGENHEIRO NOTÁ-
(1836-913).

Por Edital de 15 de Setembro de 1892, VEL, ADMINISTRADOR EXÍMIO,


a Republica, antes, mesmo, reorganizar REFORMADOR DA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO
o Município, estabeleceu regras completas pa-
ra a construção e reconstrução de prédios, sob
os pontos de vista estético e higiénico. Logo que tomou posse do cargo empreen-
Em 1893 a Postura de 1838 foi suplan- deu decisivamente obras que se impunham
tada pelo Decreto de 2 de Agosto com que o desde muito e organizou e publicou um Pro-
;

Prefeito Valladares sancionou a Resolução do jecto de Melhoramentos, acompanhado de


Conselho Municipal mandando que recuassem Planta, para que losse bem divulgado e co -
1,"^ 90 as fachadas dos prédios de cada lado nhecido o seu plano remodelador U
Cidade.
das ruas de 13,™ 20. Era com o intuito de Ao mesmo tempo o Governe Federal,
alarga-las até 17 metros, íacilit-md-' o trafe- pelo Ministério da Industria, \ iação e Obras
go, c abreviando as comunicações. Publicas, então a cargo do Dr. Lauro S.
Obedeceriam a essa nova ordem, entre ocupava-se com os trabalhos preli-
]\Iuller,
mviitas. as ruas "'Treze de Maio ', "Sacra- da construção de um caes cie .3500
Aiiinares
mento", que o Conselho mandara
alargar, metros que guarnecesse uma parte do liíoiai,
por leis de 1893 e 94, sancionadas pelos Pre- suprimindo os velhos bairros r.iaritinios,
feitos Barata Ribeiro e Valladares, cada um desasseados e mal afamados, e oferecendo
dos quaes logo providenciou sobre as desa- atracação a navios da maior tonelagem. A
propriações que taes obras exigiam. Entre- essa obra gigantesca, sonho de mais de 70
tanto, crises politicas oprimindo a Capital da anos, o Ministio da Viação associou a aber-
Republica deixaram por doze anos sem exe- tura de avenidas Uma paralela ao Canal do
:

cução essas leis municipaes que., afinal, o Mangue, na embocadura do qua! principicina
Prefeito Passos (1903-1906) aplicou, c^.n ou- o grande caes, e outra através do centro co-
;}

Rio de Janeiro 29

ni<írcial da Cidade, começando na Prainha, .\ drnga^xni para as obias do Caes ,)iiii-


onde o mesmo caes terminaria. cipiou a 29 de .ALril.
A população do Rio de Janeiro ficou es- I ni .seis niezes roncluido estava corte
tupefacta e, antes de poder avaliar a grandeza
; da Avenida, vaj-ando vinte das ruas mais
dos cometimentos municipal e federal, notou centraes, e canalizando o ar do S. ao da Ci-
que tudo estava em andamento, e que mudava daue. No dia 7 de Setembro os Srs. Pre.si-
de Cidade sem ter mudado de território. dciUe da Republica, Ministros e Piefcito, r.

Em VJOò proIongx)u-se com 15,'" 60 d: Comissão Construtora, e grande numero do


largura a rua até então chamada do Sacia- convidados, jicrtoireram a pé, seguidos de
nitnto (•'"), através das ruas Senh'~i dos P'..>- muito povo, a recta via cntao ladeada do es-
sos. Alfandega, General Camara e S. Pedro, combros, c que. hoje. perfeitamente calçada,
desembocando nu rua Marechal Floriano, em ediíicada. atborizada c iluminada,
tem >< n »-
correspondência com a rua Camerino; foram im- de Avenida Rio Branco,
retira-los os gradis de ferro do' adro de al- O cnrocamfnto ilo Caes avan(;:i\a
gumas igrejas surgio a rua Conde de Bae-
; Norte para Sul, morosamente, mas .solida-
pendy em consequência da canalização e co- mente, contin uaincntc.
bertuKi do Rio Carioca ou das Caboclas {^'^
que a percorria a descoberto foi rasgado um
;

*
novo tuncl, comunicando Botafogo com a
Praia do Leme, barra fóra, em Copacabana; Também por cs.>e leni])o o Prefeito ha-
foram demolidas velhas casas da lua 13 de via realizado operações que tornai am i."<j>i-
Maio para alargamento e rectificação da mes- vel a continuação das obras, até enlao íeila-
ma recebeu importantes melhoramentos a
; com os recursos ordinários.
Ilha de Paquctá ;
começaram as dcmol'çGes E foi, realmente, admirável o que .-c icz.
para o alargamento da rua da Prainha ('"), A enumeração seria fastidiosa, e não in-
que eia uma das mais estreitas e toilas, e de tei=.ssaria a qiicm procura neste livro uui.i
muito pesado movimento de veiculo^... noiicia da Cidade actual ; mas nào póíie quem
i\linhadas as novas ruas, vendidos cm a descreve deixar de aludir á graiulc transfur
hasta publica os terrenos que sobejavam das mação operada naquele período.
desapropriações efectuadas, principiaram, lo- Em 31 de Dezembro de 1902. Rio de Ja-
go, as ediíict^ções por conta dos novos pro- neiro era uma Cidade estacionaria, sem atra-
prietários. A Prefeitura modificou, então, um ctivos, c de má fama no ponto de vista sa-
pouco a sua acção até meiado de 1904, á es- nitário. Logradouros públicos eram o Parque
pera de realizar o empréstimo que fòia au- da Praça da Rcpublic a Praça Tiiader.t^s, o
torizada a contrair para poder empregar Passeio Publico, a Praça Duque dc Caxias, 'C
33.048:000$ na execução do seu plano de Jaidim Botânico, e a Tijuca abandonada; —
melhoramentos. . teatro com aspecto exterior de teatro só o
* ''S. Pedro de Alcantara"; caes o "Pha- —
roiix", e o "Mineiro"'; edifícios notáveis —
Entretanto, o Governo Federal enipiecu- o Palacio da Presidência, o Asilo Gonçalves
dia as obras do porto, contratando a constru- de Araujo, a Casa da Moeda, o Gabinete
ção do caes ;'^^). Já se demoliam velhos ci- Português de Leitura, e a Candelária; calça-
sarôes da beira mar, na Saúde e na Gamboa mento —
paralelipipedos de granito nas me-
deiineavam-se ruas novas na superfície que lhores ruas e praças; veículos rápidos para
ia sei conquistada ao mar e a avenida
; dc transporte de passageiros —
o bonde e o til-
1800 metros era traçada como um rasgão sa- buri ruas largas, urna
;

a Rua Larga, hoje
nitário, desde a Prainha ao Passeio Publico, Marechal Floriano, e então menos extensa;
fazendo ruir no coração da Cidade 641 pré- ruas de grande transito, uma a do Ouvidor. —
dios, dois terços dos quaes eram reprcsenían- Iluminação geral a gaz.
tes fidedignos da Arquitectura sem Arte e da Em 31 de Dezembro de 1906 Rio de Ja-
habitação sem Higiene. neiro estava toda iluminada a electricidade.
O
Ministro incumbio dos trabalho.- desta Tinha como logradouros públicos o Jardim
Avenida uma Comissão de Engenheiros sob do Alto da Boa Vista, toda a Tijuca reforma-
a presidência do Dr. Paulo de Frontin, Pro- da, a Praça Marechal Deodoro, a Praça 7 de
fessor da Escoía Politécnica, e já notável pe- Março, hoje Barão de Drumond, o Jardirr. do
ia sua extraordinarra capacidade de trabalho. Valongo, a Praça I.t de Novembro com um
No Março de 1904 principiaram as
dia 8 de novo ajardinamento e coreto para musica; o
demolições, sendo atacados, simulíaneanienv, Largo da Carioca, a Praça da Gloria, a Ave-
os dois extremos do traçado. . nida Central; a esplendida Avenida Beira
;

30 Rio DE Janeiro

]\Iar. com seus jardins, estatuetas e belvederes cabotagem, e guarnecendo uma area de 175000
(-';. Edifícios públicos já se notavam o metros quadrados, concjuistada ao mar com
Teatio i\Iunicipal e o Pavilhão Monioe; par- grande gáudio da Estética e da Higiene. Con-
ticulares o Eacriptorio da Companhia Docas
; tinuam as edificações, e a arborização, o ajar-
de Santos, os cio Jornal do Comercio, do O dinamento, o asfaltamento de ruas e praças.
Pais, do Jornal do Brasil, da Light & Em 1910 a Qumta da Boa Vista foi fran-
Power, e Casa Guinle. O asfalto substituirá o queada ao publico, transformada em parque
pavimento de pedra em 35 ruas extensas. belíssimo. As escolas multiplicaram-se. O su-
{'^), O tilburi merencório cedia logar ao au- búrbio da Capital tem recebido grandes me-
tomo\el. (''^). O serviço de bondes melhorara lhoramentos. Os próprios costumes se modi-
consideravelmente, uniformizado pela Ilie ficaram Mais habites de elegância, mais cui-
:

Rio de Ja^neiro Tramway, Light &


Power dados no vestuário, mais preocupações de con-
Comp., Limtd. Haviam sido entregues ao tra- forto. Os sítios pitorescos são muito mais
fego as novas iVvenidas Central, Gomes Preire, frequentados agora. Aumenta apreciavelmen-
Mem de Sá, Salvador de Sá e transformadas
; te o numero de hotéis. A
Cidade tem um ir.o-
em ruas largas as ruas Visconde de inhaúma vimento de veículos e transeuntes ca.ia \cz
e S. Joaquim (ligadas, em prolongamento, á mais intenso, O
Comercio alastra-se; subJi-
Marechal Floriano), Uruguayana, Acre, As- videm-se as especialidades profissionais
sembléa, (hoje Republica do Peru'), Carioca, operariado instrue-se e tem outras regalias
_ ;

13 de Maio, Camerino, (antiga rua Impera- tudo cresce a explosões de actividade. A


tri?, mais antiga Valongo) e Frei Caneca; vida nocturna, que antes não se fazia, é bem
iniciara-se o alargamento das ruas 7 de Se- agitada nos centros de diversões. O policia-
tembro, líospicio (hoje Buenos Aires), S. Ben- mento foi muito melhorado. Rio de Janeiro
to e Espirito Santo; e estavam outras sendo e uma cidade formosa, saluberrima, e onde a
niveladas e melhor alinhadas na zona subur- segurança individual é constante objecto da
bana. Erguera-se um novo Mercado de hor- atenção dos que governam.
taliça, fruta, carne e peixe, em substituição O povo é excelente, de caracter afectuoso
dos feios chalés da Praça das Marinhas e, ;
e prestativo honesto, laborioso e empreende-
;

atéi um Mercado de Flores aparecia na tra- dor. Sentimentos de bondade e lealdade inspi-
vessa prolongada do largo S, Francisco á rua ram todas as atitudes. A Sociedade vive num
da Carioca. C"^). ambiente feliz, multiplicando cuidados com a
E ninguém pense aue foi só isso qvie ai etlucaçao das novas gerações, a fim de opôr
fica mencionado. ATuitas outras obras de em- barreira moral á onda dissolvente que pelo
belezamento e asseio se efectuaram na Cida- mundo se propaga de folha em folha de pu-
de, sendo de maior relevância a extinção da blicações mal orientadas.
febre amarela, mortífera epidemia que asso-
lava periodicamente a Cidade, desde
1852. C^-'). BAIA DE GUANABARA

De 1906 para cá ainda muito se tem Na fua obra "A Baía do Rio de Janei-
feito. O
primeiro trecho de tres kilometros ro", publicada cm 1881, o Coronel de Enge-
e meio de Caes construído aí está servindo nheiros, Augusto Fausto de Souza, realizou
para atracação de na\-ios transatlânticos e de a feliz idéa de reproduzir trechos de muitos

j;

O «GIGANTE QUE DORME», VISTO DE FÕRA DA BARRA


: :

Rio DE Janeiro 31

autores (luc se ocuparam com o amplo atrio dorme'"; Combinados montes desde a Gavca
desta Cidade e recordou, mesmo, as compa-
; ao Tão de Açúcar recortam e esbatem no hori-
rações que alguns \iajantes ilustres, a propó- zonte a figura gigantesca de um vulto humano
sito, íizeram. E' niteressante por exempio, o deitado tm decúbito dorsal. Qiirslo colosso,
que dizem John Luccok achando a nossa diz o Comandante Rodrigues na "Dcscrizione
baía semelhante á baia de Sydney Horá-
;
— dcl viaggio delia flota di Naiioli'", cm 1H4Ò,
cio Say {^^) achando-a parecida com c) lago dorme di somo clcrno, par clic iolcssc iiidi-
de Genebra; — Maria Graham leíerni-
( ) t iirc plácida i'cntura conccssa a la sorprcii-
la
do-a aos portos de Bainbaim e de Trinque- dciitc baia di Rio dc Janeiro. Tal colossii tem
mole. Para outros a Baia do Rio de Janeiro prendido a atenção de muitos viajantes desde
lembra o Golfo de Nápoles, a Baia de Cons- as mais remotas eras; e inspirou a Gonçalves
tantinopla, a Embocadura do Tejo. . . Dias estes versos descri]itivi)s

COSTAO ORIENTAL DA BARRA GUARNECIDO PELA FORTALEZA <S-ANTA CRU/»

O Geólogo Alcide d"Orbigny, no 5/ to- Cos braços no peito, cruzados, nervosos.


mo da sua Voyagc á rAmcrique Méridionalc, Mais alto. que as nuvens, o céo a encarar,
Seu corpo s'estende por montes fragosos
escreveu o seguinte
Seus pés sobranceiros se elevam no mar .

«A baía do Rio de Janeiro apresenta em


seu complexo, mas em maior escala, a imageiu
da de Brest; é, como ela, estreita na entrada, Fóra da barra, ou vindo do X., ou vindo
bordada de rochedo.-, muito profunda e exlen- do acena ao viajante com a alvura
5., a terra
sii
; e. até, a compobição geológica é quasi an- das suas praias caprichosamente iCc<Miaddí-, o.-.-
áloga. A analogia, porém, não vae tão longe, condendo-se umas em requebres de castai ne-
porque na do Rio tudo é magestoso, a bacia reidas, em quanto outras se descobrem para,
muito mais vasta, as montanhas muito mais também, logo se ocultarem, ou sob o glauco
altas, e nos seus limites, que desaparecem no das ondas, ou p^r trás do vtilto de um pro-
horizonte, avistam-se. perdendo-se nas nuvens, montório.
as enormes agulhas da Serra dos Órgãos." Transpo-la a barra (j c>pectaculo man-
tem-se inijKjnente.
Realmente, é assim mesmo o nosso porto^ v' esquerda o vulto
.
enorme do P.ão de
Parecido com muitos mas, no que diz res-
: Açúcar, talhado a pique, elevando-.-e ?>9S me-
peito a beleza, superior a todos. (^'') tros sobre o nivel do mar. Por séculos foi in-
Fóra da barra já impressiona o observa- ácessivel. A Engenharia e a Industria associa-
dor o "Gigante de Pedra" oti o "Gigante que das arrojaram-lhe, porén^, um cabo dc aço, e
32 Rio de Janeiro

o cimo do penhasco tornou-se já neste scculo res, praias, muralhas, artilharia, encontra-se
um mirante de onde se descortina feérico sct- " Vilegagnon"', ocupação do /a-iIU-
a celebre
nario. rante desse nome, ginásio onde éle exercitou
Da base do Pão de Açúcar estende-se pa- os tamoios para lutarem com os portugueses,
ra o N. a Peninsula de S. João, pertencente ao reduto onde êle sonhou a sua "França Antár-
Ministério da Guerra; local fortificado, guar- ctica". Mede 21600m2 de superfície. Está
da ocidental da barra. tratada como praça de guerra, e pertence ao
Se o olhar de quem passa a bordo puder Ministério- da Marinha. Ai tem seu quartel o
varar a peninsula dará na Enseada de Bota- Corpo de Marinheiros Nacionaes.
fogo, uma das mais lindas notas desta sinfonia Adeantando-se sempre defrontamos a
de belezas com que a natureza nos dotou. Ilha Fiscal (5700m2) surgindo dagua com um

ILHA FISCAL

Guarda oriental da barra é a Fortaleza úe bélo edifício gótico. Nela se acha a Repartição
Santa Cruz, fundada na rocha de granito, da' Carta Maritima. (^^). Doimina-a a Ilha
sustida pela muralha em que arrebentam as das Cobras (1544(X)m2), com diques, quartel
vagas espumantes e fragorosas, e reclinando-sc do Corpo de Intantaria de Marinha, Hospital,
em penhascos crivados de artilharia. Foi cons- repartições varias. Está ligada á Cidade por
truida, per Martini Corrêa de Sá, filho do 3.' uma alta ponte metálica, transitavel, e pen-
Governador Salvador Corrêa de Sá. dente da qual corre, por electricidade, quasi
Entre estas duas fortalezas mede a bana ao nivel dagua, um taboleir»^ transporta-
mil c quinhentos metros. dor. (69).

Logo deante de quem entia a barra está


a Fortaleza da Lage sobre a ilha de 7900"^^ de Da barra ao extremo interior da baía
superíicie, antigamente conhecida pelo nome oferece-se uma recta de 30 km., E' lá que o
de "Ratier". Foi pela primeira vez fortificada porto tem a sua maior largura: 28 kilometros.
no governo de Duarte Corrêa Vasqueanes . . . Da barra ao extremo interior da baía a
(1642-43). E' um enorme bloco de cimento e direcção é quasi Sul-Norte; á direita de quem
aço, recheado com os mais modernos engenho?- entra fica, pois, a margem oriental, toda per-

de guerra". Mais para dentro, pitoresca, aci- tencente ao Estado do Rio de Janeiro; á es-
dentada de constriações, circundada de arvo- querda, margem ocidental, está a Capital dos
~;

Rio de Janeiro 33

Estados Unidos do Brasil, o Districto Federal ilhas, e onde fumk-iam navios de vari:.Ua i.r-
da Republica. mação e tonclajjcm.
Olhando-se para o Ocidente a vista, en-
tretanto, não penetra na Cidade. O imenso
dorso verde das montanhas ergue-se, curva-se,
entrecorta-se, aproxima-se, afasta-se, e aca- X. da
.\ Ilha das Cobras cstA a Jlhad.is
ba apertando numa nesga de terra, bc.i- jurto ICnxadas. Era antigamenf.? uni airo rochedo.
ao mar, o mais denso do casario. \'ê-se ao Desbastado da pedra que sérvio, em 1755.
longe a -negra massa da Gávea como um imen- para edificar a Igreja do Carmo, na rua 1"
so cone de pedra que o raio truncou; ])críi- de Março, ficou plana com 31.700 ni^ de
la-se, aquém, ponteagudo e altaneiro, e (.:or- sui)erficie. Aí se instalou, em 1808, um hos-
covado, ás vezes embuçado cm floco.-; de nu- pital para a Esquadra Inglesa; aí esteve depois
vem. Mais perto estão os morros Cantagalo o Hospital dos Lázaros desde Março de
;

e Novacintra, por onde trepam habitações de 1883 é sede da Escola Naval (70), e depo-
claros matizes. E, á beira mar, numa carrei- sito de aviões e hidro-aero-planos do Ministé-
ra alvacenta de construções que o verde da rio' da Marinha.
arborização frisa em linha, marcada, á noite A Nordeste estão as ilhas Mocangue com
pelos fulgores da luz eléctrica, passa a longa depe^ndendas do mesmo Ministério. Mais
e magestosa Avenida, que borda a Urbs. próximo do litoral do Estado' do Rio de Ja-
Expõe-se ali o Outeiro da Gloria coroado neiro, para alem de outras ilhas e ilhotas,
de palmeiras, cravejado de mirantes de vi- acha-se a Ilha do Viana ('i) ocupada por
Aendas airosas como um grande hotel no um grande Estabelecimento de construção na-
flanco oriental, e a Ermida centenária, sa- val, propriedade da firma Lage Irmãos, e
liente, a meia altura. A
seus pés, cintada de competidor do Arsenal de Marinlia pela sua
granito, frisada, de dia pelo verde da arbo- vasta capacidade fabril. São admiráveis os
rização, e, á noite, faiscante de luz, v'ê-se a estaleiro, oficinas, escritórios e vivendas da
Avenida Beira-mar, logradouro lindíssimo Ilha do Viana.
coleando a Cidade. Ainda a Nordeste, e ainda mais junto do
iVlais para deante os bairros da Gloria e da litoral do Estado do Rio, acha-se, entre ou-
Lapa. Alveja o Casino do Passeio Publico; tras de menor importância, a Ilha das Flo-
a larga superficie de aterro feito
.istende-se res, que é Hospedaria de Imigrantes, mon-
jobre o mar com o desmonte do Castélo — tada com todo o conforto e higiene, Repar-
Agri-
515.600 m2. —
e enfileiram-se os edifícios
,
tição subordinada ao Ministério da

da Exposição Comemorativa do 1° Centena- cultura . • '


f 1
a
mesma referida
rio da Independência Politica do Brasil, uns Com a orientação,
Arquipcla-
jrovisorios, outros definitivos, todos arqui- Ilha das Cobras, ha um verdadeiro
cro: São as ilhas dos Cachorros, Ajudante,
tectonicamente grandiosos em seus variadís- lava-
simos estilos. E á beira-mar. frisada de dia \nanaz. Cajueiros, Agua, Caximbau,
habitadas, outras nao umas
^elo verde das arvore- e á noite radiante de res Tipitis, umas ;

deposito de materiaes de constru-


luz, correrá sempre a bela Avenida que borda .servindo de
combustível C^^)
ção, outras deposito de
.

1 Cidade. dessas ilhas


decorativo
E' belo o efeito
De uma embarcação que passe a Leste
aa Ilha das Cobras, demandando o Caes, des-
- muitas cobertas de mangueiras cujas

frondes a viração
constantemente ^^1^"^?^^
cortina-se novo panorama : Agora é o exten- embarcações de todos os
entre elas, sempre,
so caes provido de altos guindastes e flan-
tamanhos, fundeadas ou
em movimento.
queado de navios; são os grandes armazéns avul-
\ Noroeste vêem-se outras ilhas,
alfandegados por onde transitam mercado- 221.000 m2., on-
tando a de Bom Jesus, com
rias é a linha férrea do Caes facilitando a des-
;
Inválidos da Patria, fun-
de está o Asilo dos
carga, armazenamento e remoção de volumes cidadãos que se inu-
dado em 1858 para os
é, num súbito golpe de vista, a Avenida Rio militar^
-ilizarn nn serviço
tíranoo em sua máxima perspectiva Norte-
_

Dirige este A. I. P. o
Ma]or Domin-
Sul; são as avenidas paralelas ao Caes, fre- Rocha Argollo.
gos Gomes da
.^uentadas por centenas ae veículos; é para
o Sul o primeiro Pequeno Maciço da Cidade,
formado pelos graníticos morros da Concei-
ção, Providencia,Livramento e Pinto, cortina-
A terra que, entre N. e Noroeste, está
do antigo que nos encobre a urbs; é para o
acidentado de pela proa de quem navega observando essas va-
Norte, o vasto seio da baía,
. -

34 Rio de Janeiro

rias perspectivas é a Ilha do Governador, a navegando por entre caprichosas formas de


maior das noventa ilhasque acidentam este pedra emergente, temos, a NNE., Paquetá
mar mediterrâneo. E" a "Paranapuan" dos a ilha mais pitoresca da baía do Rio de Ja-
primitivos habitantes. Mede 30.224.300 me- neiro, com a superfície de 1.096.100 m^.
tros quadrados de superfície, com um períme- Está a 60 minutos, de barca, do Pharoux. Por
tro bordado por 35 famosas praias frequen- sua situação é muito saudável, e frequentada
tadas por banhistas. A
mais linda é a da Ri- como estação balnearia. O
aspecto geral é
beira, onde o olhar se estende por cima da su- gracioso pelo galante recorte de suas praias,
perfície tranquila das aguas, até fóra da bar- pelo matiz alegre de suas vivendas, e pelo ador-
ra, mmia recta que aos 18.000 metros é tan- no magnifico da sua vegetação. Até a histo-
gente ao costão da fortaleza dé Santa Crtiz ria politica do Brasil tem lá suas passagens, e

ORLA DE PAQUETA

A Governador apresenta sete cô-


Ilha do a literatura brasileira fantasiou lá seus epi-
moros de que variam entre 50 e 90
altitudes sódios
metros o seu solo é argiloso e fértil. Conta
;

cerca de nove mil habitantes Veranistas, in-


:

dustriaes, operários e pequenos lavradores. En-


linda Paquetá, delicia, orgulho
tre a Ilha e o Pharoux faz-se um serviço re- '<A
«De tua capital, do
Brasil todo!
gular de barcas, realizando o percurso em 50 <Onde o puro Evaristo e o egrégio Andrada
minutos. Breve uma ponte metálica ligará a <Foram dias fruir de ameno pouso.
ilha ao Continente; e os bondes que a transpu-
zerem faciHtarão ainda mais as. communiCa-' ( Brasilianas )

ções.
Em 6 de Setembro de 1922 inaugurou-se
na Ilha a construção do caes de 600 m.
que servirá á Zona Franca do Porto do «Surgindo dagua á flôr, coberta de verdura,
Rio de Janeiro. «O mar, em torno dela, assim brando murmura:
* «Tu és de Guanabara a mais formosa ilha,
«Nenhum como tu em seu regaço brilha.
Passando a E. da Ilha do Govcr;-,ador,
deixando á direita interessantes arquipélagos, (M. ]. Gonçalves. Arq. do Ret. Lit. Port.)
.

Rio DE Janeiro

Paquetá tem ccrcn de tres mil habilontcí. CAES ACOSTAVEL


E' ikmiinada a electricidade desde 23 de
A5,'osto de 192 j.

O embarque e desembarque no Rio d.-


Janeiro fòra sempre feito ao largo: Os pas
Depois tie Go-.pr,.ador e Paquetá o mar sageiros transportavam-se de terra para
é vasto. Contorna-o, lor.gv-, a ljaixa<'a do bordo ou " vice-versa" em botes incomodes
Estado do Rio de Janeiro. Mais de 15 rios ou em caríssimas lanchas de vapôr, que
por aí desembocam, alguns navegáveis até 10 atracavam aos caes "Pharoux" ou "Minei-
e 12 kilometros da sua foz ("3). -Lá está, ao ros". As mercadorias eram passadas dos
fundo, o Porto da Piedade, inicial da estrada navios para saveiros,
!

que
guardavam, as
I
de ferro construida pelo intrépido brasileiro por dias até poderem entrar na Doca da
I
José Augusto Vieira, em beneficio da formosa Alfandega, e ai efectuarem a descarga.
'

Therezopolis no alto da Serra dos Órgãos.


A comodidade dos viajantes e os inte-
850 m. de altitude. A E. F. de Therezopolis resses do Comercio havia muito que recla-
é hoje propriedade do Governo Federal que a
mavam um caes de atracação para os na-
encampou em 1919.
\ios costeiros e transatlânticos.
! Se, atravessando a Leste para Oeste esse
em 1853 o Governo
Já Imperial se pre-
s| largo mar interior, -voltarmos pelo canal que
ocupava com a construção de um caes on-
separa a Ilha do Governador do Continente,
de as grandes embarcações pudessem direc-
rumo Sudoeste, encontrando, ainda, muitas
passaremos pela foz do rio Meriti, que tamente descarregar o que transportam
Ij
ilhas,
Fôra esse o propósito do Ministro da Fa-
i é limiteN. do Distrito Federal com o Estado
Fluminense; pela foz do írajá que dá o nome zenda Rodrigues Torres em suas combina-
ções com o Engenheiro Inglês Charles Nea-
'
á zona rural que atravessa e pela foz do
;

te, vindo ao Brasil especialmeoite para tra-


Inhatima que banha a zona rural d" mesmo
tar do assunto.
nome
Segue-se Praia Pequena, onde desagua o Fruto dessas cogitações foram, então, a

rio Bemfica. -e por onde se estende a Mata Doca da Alfandega e a Doca D. Pedro II
Maritima. toda constituída pela mirtacea deno- (1871) que não tardaram em mostrar a sua
;
nominada Mangue (Eugenia Nítida). Esta incapacidade para atenderem ás necessida-
í arvore beneficia aquêle trecho do litoral co- des do crescente comercio marítimo.
^
'•

berto de vasa, saturando as aguas com prodí- A Legislação do Império ainda, depois,
j,j
giosa quantidade de tanino, que contraria a (1869, andou concedendo
1885) favores a
putrefação. e oferecendo fresco seminário para quem melhoramentos
se propuzisse a fazer
a reprodução dos peixes, moluscos e crustá- nos portos do paiz. Muitas empresas se for-
ceos que vivem na baía do Rio de Janeiro. maram para aproveitarem esses favores;
A Mata Maritima guarnece o litoral desde mas CS malogros sucediam-se, e os anos fo-
Meriti até Retiro Saudoso, face N da Ponta . ram rolando, permanecendo o porto do Rio
do Caju'. de Janeiro lamentavelmente desaparelhado.
Desta Ponta até a embocadura do Canal O acervo dessas concessões foi ainda base
j
do Mangue, 2.750 metros Norte-Sul, cons- para outra, feita pelo Governo Provisório
'
truir-se-á o novo caes de atracação, prolonga- da Republica, em 1890; mas dificuldades
mento do que já está feito, e de que trato no financeiras continuaram a entravar o come-
capitulo seguinte. timento.
Quando, em 1902, o Dr. F. P. Rodri-
gues Alves assumio a Presidência da Repu-
b'.ica, declarou que ia promover a realização
Tal é em rápidos traços a Baía de Guana-
das obras do porto como inicio de um plano
bara. Tão grande que Frei Francisco de S.
de saneamento da Capital. Convidado para Mi-
Carlos, no seu poema "Assumpção", escrito
nistro da Industria o Engenheiro Militar,
no fim do século XVIII, já assim se manifes-
tava, referindo-se á Cidade do Rio de Ja-
então Senador por Santa Catharina, Lauro
S. Muller, os primeiros trabalhos do seu Mi-
neiro :

nistério tiveram por alvo essa importante


matéria.
«Será pelo seu porto desmarcado Para o ajudarem a estudar o modo de
«A feira do oiro, o empório frequentado, direitos remanescentes das anti-
respeitar
«Aptissimo ao comercio; pois, profundo,
«Pode as frotas conter de todo o mund"». gas concessões, e de efectuar, sem mais de-
36 Rio DE Janeiro

longa o melhoramento que havia meio sé- baía quasi todo o material flutuante dos
culo se impunha, escolheu o Ministro en- empreiteiros, realizou-se, com grande fes-
genheiros notáveis; e com êles trabalhou tejo, a inauguração dos trabalhos pela dra-
acuradamente até chegar á conclusão de gagem submarina, á direita e a distancia da
que o Governo devia contratar a obra, já ambocadura do Canasl do Mangue, envol-
então mais ou menos projectada: Um caes vendo a Ilha das Moças, que assim desapa-
acostavel entre a Prainha e a Ponta do Caju'. receu.
Em 1 de Maio de 1905, emergindo os'
primeiros vinte e cinco metros de caes, foi
colocada a primeira pedra da cantaria de
capeamento. ("6).
Em
1910 estava o Caes concluído. Al-
tura acima do nivel dagua, em maré máxi-
ma 3m,60; profundidade dragajda & a 10
metros a baixo da maré minima.
O Dr. Nilo Peçanha, que então exercia
a Presidência da Republica, resolveu ar-
renda-lo; mediante concurrencia, entre-
e,

gou-o a um grupo de capitalistas franceses


que organizou a "Compagnie du Port de
Rio de Janeiro", e firmou contracto para a
sua exploração imediata-
Em 1911 o caes ficou concluído na sua
extensão total de 3500 metros, entre a em-
bocadura do Canal do Mangue e o paredão
N. do Arsenal de Marinha.
Sobre a superfície
aterrada (175000
m^) e a superfície dos casarões
restante
demolidos, formando uma area de 875000
m-, traçaram-se avenidas que se encon-
tram com outras paralelas ao Canal, e com
LAURO MULLER a Avenida Rio Branco. Onde era o Largo da
Prainha ou Praça 28 de Setembro nivelou-
Em Maio de 1903 foi contraído um em- se a Praça Mauá. Aí o Club de Engenharia
préstimo de £ 8.500.000 ('J). Em Setembro poude erguer, sobre uma coluna alta de
o Governo confiava a C. H. Walker & granito, o vulto em bronze do grande bra-
C. Limited, de Londres, a execução do sileiro Visconde de Mauá, genío empreen-
primeiro trecho dessa obra, na extensão de dedor que, em 1852, lançou no Brasil a pri-
3500 metros, entre a Prainha e o Canal do meira estrada de ferro da America do Sul.
Mangue. Em 24 do mesmo mez foi assina- Ao longo do caes guarnecido de 90
do o contrato no Ministério da Industria, possantes guindastes eléctricos locomoveis
obrigando-se aquela firma a construir o sobre trilhos ('"), e percorrido, também,
caes pelo sistema Hersent, empregado com por trens de mercadoria, atracam constan-
êxito no porto de Antuérpia, sobre aguas temente vapores, e outras embarcações que
do Escalda. comunicam o porto do Rio de Janeiro com
A dragagem para as fundações e para os portos comercíaes de todos os paizes do
desembaraçar o acesso ao caes, o aterro en- mundo. Paralelamente a esta beira mar ali-
tre o caes eforam incluidos no
o litoral, nham-se 18 armazéns de 100 m. por 35 m.
contrato — e 6 d. por metro
Preços: 2 sh. cada um, para toda a mercadoria; destes
cubico de dragagem; 3 sh. e 6 d. por metro um é especialmente reservado para a confe-
cubico de aterro; £ 2 por metro cubico de rencia da bagagem dos viajantes que des-
rocha extraída do mar; £ 450 por metro embarcam.
corrente de caes capeado de cantaria. Des- Ao longo da Avenida que acompanha o

de logo foi oficialmente constituída uma caes enfíleiram-se outros armazéns chama-
Commissão Fiscal e Administrativa das dos "externos", e que, em numero de 96,
obras do porto do Rio de Janeiro ("5). servem igualmente á importação e á expor-
Em 29 de Abril de 1904, reunido nesta tação.
Rio de Janeiro 37

ENTRADAS NAVIOS DE VELA P DE


vai>;Mx' no wmrn de rio de ianeikd
Resta agora construir a segunda parte
Anno •

Nacionaes EslrnngcirosjTonclojjrin totnl Atrnrarain


do Caes Acostavel, entre a embocadura do
Canal e a Ponta do Caju'.
O Governo do Marechal Hermes, sen- 1910
93
do Ministro da Viação e Obras Publicas o 1911 1.263 1.708 5.886.167 450
Dr. Barbosa Gonçalves, pensou em dar com- 1912 1.395 2.043 7.231.439 7lS
1913 1.494 2.315 8.458.896 969
plemento ao Caes com outro rumo: O pro- 1914 1.302 1.540 6.419.803 477
longamento se faria pelo canal da Ilha das 19 lo 1:392 1.316 5.021. 5J 7
Cobras, Doca da Alfandega, Pharoux, até 1916 1.310 1.131 4.34(1.697
1917 1.275 715 3.067.080
Ponta do Calabouço, -extremidade oriental do 1918 1.421 1.002 3.865.061
antigo Arsenal de Guerra; o Arsenal de Ma- 1919 1.358 1.193 4.687.966
rinha passaria para a Ilha das Cobras, au- 1920 1.418 2.032 8.218.503 1.431
1921 1.288 1.465 9.723.891 1.452
mentada de 60000 m-\ a Avenida do Caes
emendaria, assim, com a Avenida Beira mar,
em Santa Luzia, oferecendo um passeio de RECEITA OURO PRODUZIDA PELO IM-
!2 km., desde Botafogo até Ponta do Caju'- POSTO OURO, ARRECADADA PELA ALFAN-
O trecho de caes que por esse projecto DEGA DO RIO DE JANEIRO, E RECOLHIDA
bordaria o Centro Comercial da Cidade se-
AO THESOURO, DESDE JULHO DE IQOJ
A 31 DE DEZEMBRO DE 1921
ria reservado ás embarcações da Cabotagem.
Isso,porem, não chegou a realizar-se. O caes Annos Importâncias Annos Importâncias
j

a construir deve dirigir-se para a Ponta do


Caju', em continuação ao que está concluí- 1903 1.247:312$674 Transportt . 4S.170:474S714
do e utilizado. 1904 2.984:377S903 1913 6.916:0875142
1905 4.C34:323S:81 1914. 3.919:3775480
A Inspectoria Federal de Portos Rios e 1906 4.673:9793470 1915 3.008:7375765
Canaes já está autorizada a ajustar com a 1907 5.132:494$734 1916 3.295:3065962
Societé de Construction du Port de Bahia as 1908 4.385:3495355 1917 2.660:7605746
1909 4.?58:220S316 1918 3.132:5995976
obras do prolongamento do Caes do porto
1910 5.301:031$266 1919 4.641:8455097
desde o Canal do Mangue até Ponta do. Ca- 1911 6.045:087S145 1920 7.088:7865371
ju',empreendimento grandioso e de uma 1912 7.108:3008570 1921 5-134:3505610
enorme relevância para desenvolvimento, II transportar 45.170:446$714 Total . 84.868:3285865
embelezamento e saneamento da Cidade.
Observação— De Julho de 1Q03 a 1 de Ju- 1

nho de 1905 sob a taxa de 1 l/2«/o, e de


Junho de 1905 a Dezembro de 1921 sob a
Alguns dados estatísticos: taxa de< 2 o/o.

RECEITÂ EM MOEDA PAPEL ARRECADADA PELA ALFANDEGA E PELA COMPA-


NHIA DO PORTO DO RIO DE JANEIRO DE JULHo DE 1910 A 31 DE DEZEMBRO
DE 1921

R. ordinária / R. convencional R. Especial R. Facultativa


Annos (36 </„ para a Com- (50 °/., para a Com- (11011/2500 para a (Toda da Compa- R. Extra TOTAL
panhia) panhia) Companhia nhia

1910 1.298:854$134 5-415$900 _ 1.304:2705034


191] 3.917:4555791 18:7825000 156:8475021 107:9345464 4.201:0195276
1912 5.116:8495289 218:6825561 404:9705570 348:2145429 6.088:7135849
1913 7.105:3435424 1.138:8195822 456:2115987 251:5915875 8.953:9675108
1914 5.221:3945190 1.355:0375370 436:0985975 61:1435280 7.073:6735815
1915 3.663:6495617 2.430:4125879 430:7405628 111:6265968 6.636:4305092
1916 4.313:5675725 1.436:3455164 498:3195824 230:1025072 6.478:3345785
1917 5.496:7645255 1.388:7035865 286:004$7l7 245:9025764 7.417:3755601
1918 5.822:142$:94 1.802:2735552 327:6155114 391:4825827 8.343:5145287
1919 9.685:9755696 2.095:8255413 411:7385379 393:8865783 12.587:4265271
1920 10.921:8595419 1.417:3145059 389:9545970 462:0135105 13.191:1415553
1921 8.068:4275253 1.162:6795559 396:9765276 441:1155289 3.275:4495020 13.344:6475397

70.632:2805587 14.464:8765244 4.195:4785461 3.05054295756 3.275:4495020 95.618:5145068


'
I -"iri'iiiTii^ihWlliÍ-
SEGUNDA PARTE

AVENIDA RIO BRANCO — CENTRO COMERCIAL


DA CIDADE
I

i
AVENIDA RIO BRANCO A influencia Ce Craiijcan de Montigny
no ])rimeir() quartel do século \IX, v a <ic
Araujo Porto Alegre, no segundo (|u.irtel. «K-
que haviam resultado alguns exemplara <le
Desembarcando na Praça ATaiiá ("S) o linhas clássicas, tinha (k'>iai>arecid(i já (li-ante
viajante recebe uma agradável impress.ão. A da febre de construir muito, por ptuun preço,
Avenida Rio Branco ai se lhe apresenta recta, para dar grande renda.
longa, bem edificada. ])itoresca e muito co- Todos os estilos han.ies c Unhi> ;i> mm-
mercial . ]iosições extravagantes se misturavam nas
fachadas dos prédios. Km vão arqtiitcctos de
valor, nacionaes e estrangeiros, tentavam do-
minar a onda de mau gosto A onda era mais
:

forte do que a sua técnica, e do (lue su.i^i

energias profissionaes.
l'>lizmente a transformação do Rio de
Janeiro deu ganho de causa á língenharia: O
Arquitecto foi devidamente chamado par.i
influir no conforto das habitações c na es-
tética desta Capital, livrãndo-a da tristonha
monotonia das fachadas que vinha predomi-
nando desde a -cgnnda metade dci seculi»
XIX.
.\ Avenida toi traçada com 1801 melros

de comprimento .(^0) c ?>?> de largura, .sendo


22m de leito e 5,5ni para cada ])asseio" la-
teral .

Por Aviso de 7 de .Maio de 1904 o Mi-


nistério da Industria, Viação e Obras Puhli-
cas (í^i) regras geraes para a-^
estabeleceu
DR. PAULO DE FRONTIN construções na .Avenida: —
"1" Dentro de
90 dias da aquisição dé terrenos os proprietá-
rios de\-iam apresentar á Comissão respectiva
i-oi aberta, como já dissemos, através de os planos completos da obra a fazer, com-
vinte ruas, atingindo as demolições 641 pré- preendendo a planta de cada pavimento, ele-
dios, despendendo-se pouco mais de quarenta vação geométrica das fachadas, e as secções
mil contos de réis. Todos os traballros de es- lorvritudinaes e transversaes necessárias ao
tudo, demolição, nivelamento^ iluminação, ca- fácil exame do projecto. — 8" Xenhum edi-
nalização, arborização, calçamento, até en- ficio poderia ter menos de 10 tnetros de fa-
trega dos terrenos demarcados e prontos para chada, nem menos de tres pavimentos. 9' —
edificar,foram executados por uma Comissão Excepto os que tivessem fim especial, todos os
de engenheiros nacionaes que o Governo Fe- edificios destinariam para estabe-
suas lojas
deral nomeara e puzera sob a chefia do emi- lecimentos comerciaes. — parte que
12". Na
nente Dr. A. G. Paulo de Frontin. ("^). não contendesse com estas regras, era obri-
A edificação da Avenida, alargamento e gatória a observância do Decreto Municipal
prolongamento de outras ruas da Cidade, se- de 10 de Fevereiro de 1903." (82). A co-
guidos de inumeráveis reconstruções, pro- missão construtora da .\venida acompanhou
duziram uma reanimação da Arquitectura e fiscalizou todas as edificações particulares.
que no Rio de Janeiro estava em franca de- Houve, mesmo, da parte da Municipali-
cadência .
dade, como do Ministério da Industria, o de-
: . . ;

42 RiQ DE Janeiro

sejo de estimular arqmtectos e proprietários, granito, eomo muralha que sustenta a parte
promovendo concursos arquitectónicos, e ofe- nobre do rigorosamente clássico 34
edifício, :

recendo prémios á melhor obra que apa- colunas coríntias de mármore branco de Gar-
recesse . rara, tendo os dados e o entablamento de már-
As demolições, nivelamentos, canalizações more vermelho de Verona; com as bases, ca-
e calçamento da Avenida fizeram-se em vinte piteis e molduras da arquitrave, friso e cor-
mezes. Quando a 15 de Novembro de 1905, nija de bronze dourado.
o leito da Avenida foi solenemente inaugura- O Escriptorio Central da Companhia
do já havia muitos prédios acabados, perten- Docas de Santos, no canto da rua Theophilo
cendo aos arquitectos Antonio Januzzi, Ir- Ottoni projecto do Dr Ramos de Azevedo
;
.

mãos & Comp. o primeiro, habitado em 28 con.strução de A. Jannuzzi, Irmão & Comp.

TRECHO DA AVENIDA «RIO BRANCO». VISTA DE NORTE PARA SUL

de Março desse ano; é o que tem o n. 144. O Estabelecimento Theodor Ville, sob os
A Comissão já dispunha, então, só, de quatro ns. 79 e 81, onde está hoje instalado o Banco
terrenos para vender. Em fins de 1908 a Co- Alemão Tran -at antico ; é plano de A. Giert,
missão dissohia-se por ter concluído os seus construção do me mo.
e
trabalhos. (83). O prédio do c?. .to da rua do Rosario,
A iluminação da Avenida é feita por 55 propriedade de E. P. Guinle. 7 pavimentos,
postes centraes com 3 lâmpadas eléctricas ostentando na frontaria de granito quatro
cada um, e 104 candelabros lateraes, de 5^ enormes colunas monolíticas de grande beleza.
lâmpadas cada um. A
arborização consta de O Jarnal do Comrnercio, no canto da rua
53 arvores centraes {Machocrium typa), e do Ouvidor, grande edifício; croquis de Au-
333 lateraes ( Ligitstnnii japoiiicum) guste Huguier proiecto e construção de A.
;

Jannuzzi, Irmão & Comp.


Os edifícios principaes são O
Jornal do Brasil, sob o n. 110; hoje
sede, também, da Companhia Comercio e Na-
A Caixa de Amortização, na praça for- vegação — Pereira Carneiro & Comp., Li-
mada pelo cruzamento com a rua Visconde de mitada.
Inhaúma: ISSOm^.; 21 metros de altura; A Associação dos Empregados no Co-
tres pavimentos, figurando o prin^ieiro, em mercio do Rio de Janeiro, sob o n. 118, (^^)
. . ;

Rio de Janeiro
43

O Club de Engenliaria, no canto da rua do de igual su[)crficie. Quatro pavimentos.


Sete de Setembro, lado par; no outro canto, O risco,
ainda que diverso, é subordinado ao
do mesmo lado, o O Paic. mesmo estilo do Jockey. em linhas severas.
O Lyceu de Artes e Ofícios é ri^co do Interior elegante Foi inaugnr.ido em 1916.
Arquiteto F. J. Bethencourt da Silva, seu Seguem-.se ainda do lado impar (orien-
ínndador, em 1856. Tem aí uma fachada de tal) a Escola Nacional de Belas Arte.s,
a Bi-
81m.. ocupando o edifício uma area de bliteca Nacional, o Supremo Tribunal Fede-
5000 m2, entre a Avenida, as ruas Santo An- ral e o Club Militar. Do lado par o Club Na-
tonio, 13 de Maio e Barão de S. Gonçalo; val, o Teatro Municipal; na Praça Horiano
são, pois, quatro as fachadas o estilo é o clás-
;
o Conselho Municipal; e lá ade.inte o Pavi-
sico romano. {^^) lhão Monroe.

TEATRO .MUNICIPAL

A Policlínica Geral do Rio de Janeiro, no Tpntro é 0 mais suniotuosn desses edifí-


canto da rua S José, lado impar, segue-se um
. cios. E' projecto e execução do Engenheiro
belo edifício de 8 pavimentos, estilo Renasci- Civil Francisco de Oliveira Passos, tendo a fa-
mento italiano, propriedade de E. P. Guínle, chada recebido a colaboração do Arquitecto
projecto e construção dos Jannuzzi ;nêle se francês, Gilbert. As obras tiveram iniuu em
instalou em 1919 o Palace Hotel 2 dc janeiro de 1905, concluindo-se cin 1909.
O Jockey Club (edifício social) na es- A superfície ocupada é de 420 m2.
quina Barão de S. Gonçalo, dispõe de uma O embasamento, a esca''aria externa e as
area de 405 m-. Tem 3 pavimentos, o estilo guarnições das portas são de granito nacio-
é Luiz XVI modernizado, ornamentada a fa- nal a colunata de Ordem Compósita é de már-
;

chada com dois cavalos alados do Escultor mores italiano e belga; as colunas que susten-
Corrêa Lima; ao centro baixo-relevos do tam o entablamehto das lojas são monolíticas
Prof. Pelsíus Verdíer. Interior lindo. O os portões de bronze, fundição- nacional ; os
projecto é do saudoso Engenheíro-arquíiecto vítraes das janelas são alemães. Ornamentam
Heitor de Mello. o eiitablamento do corpo principal seis sím-
Do mesmo autor é o edifício social do bolos esculturados pelo Prof. Bernardelli:
Derby Club, contíguo ao do Jockey. fazendo A Musica, a Poesia, a Dança, a Comedia, a
esquina com a rua Heitor de Mello, e dispon- Trajedia e o Canto. Encima o edifício, a
44 Rio de Janeiro

46 m. sobre o nivel do mar, vima águia de co- de los Rios, Professor da Escola, e executado
bre dourado, medindo seis metros de ponta a pelo Engenheiro Gabriel Junqueira. Mede
ponta das azas abertas. 74 m. de frente, ocupando 5180 m^. Consta
O vestibulo e a escadaria nobre são ricos de tres pavimentos, além do porão que tem
de ornamentação, associando-se o mármore, o 3,40m. de pé. direito; o estilo é Renascença mo-
onix e o bronze dourado, em balaustradas, es- dernizado. Encerra uma Pinacoteca já muito
tatuas e lampadários de lindo efeito. deco- A importante, digna de ser visitada. Vinte pro-
ração do foycr, a branco e ouro, obedece ao fessores catedráticos; alunos e alunas, que
estilo Luiz XVI. anualmente fazern a exposição de seus traba-
A sala tem capacidade para 1 . 700 espe- lhos. O edifício foi principiado em 7 de
ctadores — distribuídos pela platéa, por uma Abril de 1906. A Escola aí funciona desde

ordem de "frisas", 1-''


e 2" ordem de camaro- fins de 1909. (86). Em 1921-22 o edifício
tes; "balcões" e "galeria". recebeu internamente modificações que se ti-
A caixa mede . x 22m. O maquinismo nham tornado indispensáveis.
é eléctrico. O ar da sala é mecânica e imper- Dirigia a Escola em 1922 o Prof e notá-
ceptivelmente renovado. A Orquestra está vel paisagista João Baptista da Costa.
acomodada em plano inferior ao da platéa.
Por baixo da platéa fica um restaurante
Cjue por suas decorações, recebeu o nome de
"Assírio". Está ao nivel da rua, e em comu-
nicação directa com ela; comunica-se com o A Biblioteca Nacional que por muitos
Teatro por meio de ascensores. anos esteve na rua do Passeio, no local em que
Anexa ao Teatro Municipal funciona uma se ergue hoje o instituto Nacional de Musica,
Escola Dramática, fundada em 18 de Julho está. desde o principio de 1910, na Avenida
de 1911. Rio Branco, em palácio cuja pedra fundamen-
* tv\ se lançou no dia 15 de Agosto de 1905.
Sobre um terreno de 7725 m2. levanta-
O edíficio da Escola Nacional de Belas ?e a bela construção á prova de fogo, risco do
-Artes foi projectado pelo Arquitecto Morales Engenheiro Militar, então Coronel, Francisco
.

Rio de J.\.NElRO

Marcelino de Souza Aíruiar, medindo o edifí- iniblicação de .seus Annaes, que


já constam
cio 99m X 55m. Tres são os pavimentos, ser- de 36 jírossos volumes, in 4" (^~).
vidos por elevadores mecânicos. A cumieira Diriije actualmente a Bibliteca
o Dr. M.
da clarabóia central está a 42 metros do sólo. C icero IVres^rino da Silva.
Profusa iluminação eléctrica em todas as salas,
depósitos e mais dependências. Ha um salão
especial para conferencias [jublicas. A sala ííc- O Pavilliao .Munr.ic c Lproduçao exactai

ral da consulta, com 480 m-, acomoda Í36 do que figurou como Pavilhão <io Hrasil na
leitores, cada um em uma mesinha. A capaci- LitisiaiM Piirclhisc lixf^nsitioii, em 1904. Tani-
dade total dos depósitos dá para ijuardar l)em é conceiição aniuitectonica ilo (lencrai
1.062.000 volumes. V . M . de Souza .X^niiar

PAVILHÃO MONROE

A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Está levantado no extremo Sul da Aveni-


passa por ser ser a mais opulenta da America. da, a sua base 1700 m-. E' consti-
ocupando
Tem sua origem na livraria organizada por D. tuído por dois pavimentos, um mezanino e um
José I, de Portugal, para substituir a Real Bi- andar térreo. Destacam-se lateralmente dois
blioteca da Â.iuda que o terremoto de Lisboa, terraços circulares (loggias) Ai se tem efe- .

em 1755, destruirá. O Priucipe D. João ctuado reuniões solenes, scientificd*; e politicas,


trouxe-a consigo ao transferir para esta Ci- nacionaes e internacionaes. De 191.Í a 1922
dade americana a Côrte portuguesa. Com- •'.'í-braram suas sessões n?ste Pavilhão cs ci-
punha-se, então, de 14.000 volumes, e chama- dadãos deputados ao Congro^í ^o Naaonal. Em
va-se "Biblioteca da Côrte e do Infantado". 1922 a Cam-iri dos Deputadí.í ocupou uma
Em 31 de Dezembro de 1920 possuia 340.057 parte do ediíici' da BibHj-xc:' Nacional por
volumes, alem de 116.000 estampas, e cerca que o Monroe fôra incorporado á Exposição.
de 28.000 peças na secção de Numismática.
Está aberta ao publico das 10 ás 22 ho- *

ras, diariamente.
Afrequência mensal de leitores é, em Nesse extr.mio da Aveni-.la Rio Branco
media, de 6.500. e'-tA um obelisco comemorativo da sua aber-
Em 1876 iniciou a Biblioteca Nacional a tura, oferta dos Srs. A. jannuz;:i, Irmão &
:

46 Rio de Janeiro

Comp.. E' de granito do ]Morro da Viuva, monumento do Marechal Floriano (^^).


pesa 28 toneladas, formado por 4 peças que Acha-se este no espaço ajardinado fronteiro á
lhe dão I8m,15 de altura. Numa das faces ha Biblioteca Nacional. E' obra de Arte fielmente
uma placa de bronze com a seguinte inscrição inspirada na teoria estética do Positivismo.
Soido presidente da Republica S. Ex. o Esboçou-a o Escultor Eduardo de Sá que a
Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, e fez executar em Paris.

MONUlV\ENTO AO MARECHAL FLORIANO PEIXOTO

Ministro da J^icção o Sr. Dr. Lauro Severi-ano' \'êem-se na base quadrangular os grupos
Muller, foi decretada, construida e inaugura- alegóricos de Caramuru, Cachoeira de Paulo
da a Avenida Central executando os traba- Afonso, Y-Juca-Pyrama e Anchieta, que sim-
lhos uma Comissão dc que era chcje o Dr. bolizam. respectÍA'amente, "os primeiros con-
Paulo de Frontin. 14-11-906. (88). tr.ctos da raça europea com a aborígene, o
concurso da raça escravizada, os primitivos ha-
bitantes do Brasil, e a influencia civilizadora
do Cato'ici^^mo na fase colonial da historia pá-
Ha na Avenida mais dois monumentos ; Atria''. A figura de mulher na face do pedes-

já referida estatua do Visconde de Mauá, e o tal voltada para o Sul alude á "supremacia do
. . .

Rio de Janeiro 47

Amor no conjunto das relações humanas". Xo junto dcie. um botei que se celebri/ou com o
alto do monumento o gruj.o principal é co isti- ome do seu jiroprietai i<>. cidadão íraiicé-, Mr.
tuido pelo Marechal "defendendo as ijrancies Pbaroux.
tradições brasileiras, idealizadas em Tiraden- Conserva ainda <> momn nonic esM- l ai -
tes, José Bonifacio e Benjamin Constant, que que borda o lado oriental da Praça 15 de No-
,

surgem no campo da bandeira da Rei^ub.ica". veni])ro

FLORIANO PEIXOTO, NU ALTO DO MONUMENTO

Aí se vê, também, "o vulto de uma doiizela Pode-se considerar e>la formada por dois
apontando o Futuro a um grupo de crianças, poHgonos: Um
o antiquissimo "Largo do Car-
que são avS gerações nascentes". (^^) mo" (91), que no fim do século XVII media
entre a rua Direita e o mar 165 metros, e de
su-
CENTRO COMERCIAL largura 99: o outro, resultante de aterros
cessivos, mede 30000 m2. Somam uma su-
DA CIDADE e ajardinada de
perfície prruada. asfaltada
O
mais frequentado cães do Rio de Janeiro 46000 m2
íoi por muitos anos o "Caes Pbaroux" a; Onde foi, propriamente, o Largo do
sim chamado por ter existido, longo tempo. Carmo avulta hoje a estatua equestre do Ge-
48 Rio DE Janeiro
.

Rio de Janeiro

neral Osorio, inaugurada em 12 de Xovenibro No principie do século XIX pouco dis-


de 1894 (92). E' obra do Prof. Rodolpho tava da beira-mar a frente dessa
coiislrm^ão
Bernardelli, da Escola Nacional de Belas Ar- que olha para Leste; mas os aterros
foram
tes, fundida nas oficinas Thiébaut, de P;>.ris, ampliando a arca em (lue hoje sc vêem um
com o bronze de canhões tomados na guerra quadrilátero gramado, um pavilhão para
mu-
Brasil-Paraguay. Pesa 5700 kilogramos. O sica, eo edificio séde do Ministério da Via-
pedestal é de granito .leBaveno, Alpes; tem ção e Obras Publicas. Mede este edificio
dois lindos baixo-relevos do mesmo Prof. : 20.5 mde altura sobre um quadrado de 38 me-
Um representando a "Ocupação do Passo de tros de lado; é obra do luigciiheiro Passos,
la Patria", eíectiiada por Osorio, á fvente de em 1874. Mais a Leste ergue-se a Kstação
seus bravf^; e outro a "'Patalhc' de 24 de das barcas que comunicam o Distrito Federal

Maio" em que Osorio deu a prova mais me- com a cidade de Xiteroi, ilhas Paquetá e Go-
morável lio se,.' grande ardor belicc so vernador.
Cobre o lado sul do quadrilátero em que Mais ao Sul, e igualmente á beira-mar,
se acha a estatua o edificio construido, em está o Mercado Geral de frutas, legumes,
1743, por ordem de Gomes Freire de Andra- carne, peixe, aves, etc. Ocupa uma area de
.

Governa- 22500 m2., cruzada por 16 ruas, ao longo das


de, Sargento mór de Batalha, 63"
abrem 472 pequenos estabelecimen-
dor (1733-63), e primeiro Capitão Geueral do quaes se
Per-
Rio de Janeiro, distinguido, em 1758, com o tos. E' provido de eamaras frigorificas.
tence a uma Companhia, que o inaugurou em
titulode Conde de Bobadella.
Determinou essa construção a necessida- Fevereiro de 1908.
Do N. da Praça 15 de Novembro,
de de dar habitação condigna aos governadores lado
da Cidade. Ai residiram, depois de Bobadella, perto de uma doca de onde parte a barca para
sete vice-reisdo Brasil; ai se instalou, em Therezopolis, vê-se um belo chafariz colonial,

1808, a Família Real Portuguesa; e, de 1822 desenho execução da arte portuguesa no sé-
e
culo XVin. Foi levantado onde está
hoje a
a 1889, foi Palacio Imperial, nSo propriamente
estatua de Osorio, por ordem de Gomes Freire
de residência mas de recepção dos imperantes.
Vascon-
A Republica estabeleceu neste edificio a Re- de Andrade. No tempo de Luiz de
cellos e Souza (1779-90) foi
removido para
partição Geral dos Telégrafos.
50 Rio de Janeiro

este ponto que era então beira-mar, a íim de terno do casarão está hoje muito modificado
facilitara provisão de agua ás embarcações. por sucessivas obras de conservação e adorno.
Hoje, só por efeito dos aterros, está & 100 me-
tros do Caes. E' de granito artisticiniente la- A Igreja Catedral do Arcebispado foi
vrado, sendo de mármore os escudos com le- construída em 1761, para substituir a Capé-
gendas, as almofadas do cimacio e a balaustra- la de Nossa Senhora do O' que vinha de 1589,
da da varanda. Guarda o estilo que predomi- e se arruinara. Lançou -lhe a 1.^ pedra o Con-
nava no reinado de Luiz XV, de França; e de de Bobadella (93). O segundo corpo que lhe
é memoria venerável de um periodo longínquo completa a fachada foi levantado pelo Arqui-

SECRETARIA DO MINISTÉRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PUBLICAS

em que já havia quem pensasse no embeleza-: tecto Pedro Alexandrino Cavroé, no reinado
r.;ento da Cidade. de D. Pedro I, quando já era Capela" Imperial.
Em 190S loi prmcipiad." a cr.nstrução
de uma torre alta ao lado da Igreja, concepção
do Redemptorista Gregorio. Consta de 6 an-
O na Ordem Toscana com 7,30 m
'

dares. 1.°

Limitando a Praça 15 de Novembro ao o 2:\ na Ordem Dórica, tem 11,78.'"; o 3.^n:i j

Norte, da Travessa do Comercio á Rua 1.° de Ordem Jónica, ll,4m, havendo ainda um espa-
Março, ainda se vêem construções que já apa- ço de 2,15™ para o relógio; o 4." andar na Or-
recem em gravuras muito antigas. A Oeste, dem Corintia com 10,23'" o 5." na Ordem
; i

formando esquina com a Rua Sete de Setem- Compósita mede 6,50m e o 6." no estilo Bar-
;

bro, restá o Convento do Carn.o que \em doj roco 5,20m. A estatua da Virgem foi fundida
primeiros anos do XVI século. As suas gros- em Antuérpia; é de bronze dourado; mede ó
sas paredes encerram a Sociedade de Geo- metros com o globo que lhe serve dc pedestal, i

grafia do Rio de Janeiro, a Academia do Co- A altura total da torre é, pois, de 60 metros e
mercio e o Museu Comercial. O aspecto ex- 40 centímetros.

li
;

Rio DE Janeiro
51

De 1920 a 22 a Catedral foi externa e Xa sua fisionomia espclhani-se ainda


internamente reformada. fases distintas da anjuitictura civil c religiosa.
AIgreja da Venerável e Arquiepiscopal E' gracio.so o templo da Cruz dos Milita-
Ordem 3.» de N.« S.« do Monte do Carmo, res, obra do ultimo decénio do século WllJ.
contigua, é contemporânea da Catedral (S*) ; de.senho e construção do Brigadeiro José Cus-
mas a sua fachada de granito é uniforme no todio de Sá e l""aria. São dcsgraciosos alguns
estilo Barroco, e tem lavores preciosos em prédios particulares, aliás procedendo já do
mármore de Lisboa ou pedra Lioz. começo do século XIX; vêm da .segunda me-
Corre daí, na direcção Norte, a Rua 1." tade do mesmo século algumas fachadas mais
de Março, antigamente chamada Rua Direita, altas e mais airosas. Já do século actual são
c|ue se estende entre os morros do Castelo (cm muitas reconstruções.
demolição) e o de S. Bento. Fode-se dizer que
nela fundou Rio de Janeiro a sua fama de
empório comercial da America do Sul. Cada
prédio dessa rua vem do alvorecer da Cidade
seus limites foram limites da primeira chou-
pana, da primeira tenda, da primeira oficina.
Formou-se esta rua sinuosa, á feição da bei-
ra mar mas deram-lhe o nome de Rua Direita
;

porque ia direito, coleando a praia, de S. Se-


bastião a S. Bento. Poi a primeira avenida
ocupada pelos primeiros mercadores sobre a
areia preta que o mar .acumulara. Labutava-se
á sombra e ao sol, no interior dos estabele-
cimentos e ao ar livre na passagem que o tra-
fego consolidava encaixotando, desencaixo-
:

tando, construindo, comprando, trocando,


veaidendo. A
praia foi endurecendo, os resi-
duos e despejos foram afastando o mar.
A' renque de casas que olhavam para o nascen-
te opoz-se outra renque olhando para o Ocaso.
O povoado cresceu dai para deiUro. Ocupada
a beira-mar, quem chegou depois foi derru-
bando mato a Oeste para levantar constru-
ções. Umviajante holandês que publicou em
Amsterdam o "Journal d'un voyageur sur
les côtesd'Afrique et aux Indes d'Espagne",
afirmou que a Rua Direita por si só, no ano
O elegante edificio de mármore, contí-
do guo á Cruz dos Militares, é dos últimos dias
1705, ainda constituia metade da cidade
do século XIX, desenho do .Xrquitecto Paulo
Rio de Janeiro.
Schroeder, que o projectou para séde do Ban-
co do Brasil. N^êle se acham hoje repartições
O Visconde de Porto Alegre, artista e dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda.
literato, disse num eloquente discurso, que O edificio do Correio é, como se lê ade-
nem uma pedra ha, posta pela mão do homem ante, parte de um projecto que compreendia
no centro das suas cidades, que não represente tres edificios: O
corpo central, destinado ex-
uma letra do Alfabeto da Civilização. Ocorre- clusivamente para Praça do Comercio e suas
me este pensamento ao contemplar a Rua dependências; o lateral N. para escritórios
1.° de Março com seus altos prédios de varia- comerciaes; o lateral S. para Correio e Caixa
da arquitectura. Foi nessa rua que o Rio de de Amortização. Só este foi executaflo pelo

Janeiro vio traçadas as primeiras linhas da Governo Imperial, em 1875-77, e néle esteve,
sua grandeza; aí se soletrou a historia for- realmente, a Caixa até 1911. A Associação
tunosa do desenvolvimento desta Metrópole; Comercial, que se incumbira dos outros dois
fuiídio-os num só, independente, e
cada prédio actual é quarta, quinta ou sexta corpos,
reconstrução da barraca primitiva; cada
re- de outra arquitectura, construido depois.
construção foi levantada sobre ruínas de ou- O edificio do Correio custou 900:000$000;
tra que ao abater sepultou em bolores e caliça ocupa uma area de 40 m
de frente por 39 de
as memorias cómicas e dramáticas da longa
e fundo o estilo é do Renascimento, sendo em-
;

agitada vida colonial- pregada no pavimento térreo a Ordem Jónica,


52 Rio DE Janeiro

no 1° andar a Ordem Corintia, e no 2° a Ordem e despacho de mercadorias importandas. A Al-


Composita. fandega descentralizou-se, atendendo á vas-
' tidão comercial da Cidade.

A Oeste, isto
para o lado de terra, e,
é,
também, paralela á rua 1." de Março, corre
a rua em que se ergue o templo de N.* S.^ da
Candelária, o mais sumptuoso da Cidade.
Afachada é de granito (^^), Consta de
um corpo central dois lateraes, sobre que se
;

elevam as torres; e dois reentrantes, entre


aquêles. O Barroco revela-se em todas
estilo
as linhas, traçadas pelo Engenheiro. Sargen-
to-mór, Francisco João Roscio, em 1776.

FACHADA DA CANDELÁRIA

Da Bolsa ou Praça do Comercio, ora


transferida ao Banco do Brasil, encontra-se
a noticia na S.** parte deste livro.
Por trás desse edifício, e ocupando to-
da a face oriental da rua Visconde de Itabo-
rahy, que é paralela a 1" de Março, está —
com suas Secretaria, Tesouraria, armazéns. La-
boratório da analises, etc. — instalada a velha PORTA PRINCIPAL DA CANDELÁRIA
Alfandega do Rio de Janeiro, construída por
(BRONZE)
ordem do " Governador.
Já não é, porem,
aí só que se faz o movimento aduaneiro O :

Caes do porto é guarnecido de armazéns por O interior do templo é revestido de mar-


onde se estendem o serviços de conferencia more até a cimalha geral; as abobadas são de
Rio DE Janeiro 53

Ivenaria de tijoij, e nelas se vêem esculturas ptdestal ; a cornija c o entablanionto i)rancos.


diilmiraveis, dourados finissini!os, e quadros Os nove ao todo, são de mármore de
altares,
esplendidos de Zeferino da Costa, pintor his- Garrara, tendo o altar mór cncrusta<;ões deco-

NAVE CENTRAL DA CANDELÁRIA

rativas de outros mármores


torico de grande merecimento, Professor na ^^^J^^^^^;-
sos, como o LaP-s-lazul, o \ erde^ma^^^^^^^^
nossa Escola de Bc!as-Artc. Amarelo \ e
o Brocatelo, o \ erde-ant.go, o
-
O estilo desta pomposa or.u..mentação é o
Corintio. As mármore bran-
pilastras são de rona
os qua
.-nhrp o
sobre auatro
ro
por painéis de \'er- () Z.mbono, que as e„ a
CO, de Garrara, separadas cantana e t.jo
arcos do Cruzeiro, e todo de
mdho de Verona; têm de mármore preto o
54 Rio- DE Janeiro
'Rio DE |anf::?o
55

5.0 QUADRO 6." QUADRO

PAINÉIS DO TECTO DA CANDELÁRIA

EXPLICAÇÃO DOS PAINÉIS


1.0 QUADRO 5.0 QUADRO
(-Antonio Martins da Palma, capitão de uma "Epii 6de Junho de 1775 deu a Irmandack-
náo, e sua mulher Leonor Gonçalves, navegavam principio á realisação do que havia deliberado,
para as índias de Hespanha... e estando a Mesa reunida,' foi sagrada a pri-
meira pedra com assistência do Vice-Rci Mar-
2.0 QUADRO quc7 do Lavradio, corpo ecciesiastico, militar
..e na volta lhes deu um temporal tão fórte que e civil; sendo escolhido esse dia por ser o
ia!m dando com a náo em um rochedo. Vendo-se anniversario de El-Rei D. José I.

em tão grande perigo, lembrados dos milaj^res


e maravilhas que Deus obrára pela imagem de 6.0 QUADRO
Nossa Senhora da Candelária, na Ilha de Palma,
sua terra natal, recorreram aos seus poderes,
Em 18 de Setembro de 1811, fe/,-se a
trasladação do Santissimo e imagens de Nv-ssa
pedindo-lho o seu favor em perigo tão evidente,
Senhora da Candelária, Nossa Senhora das Dóres,
ic que se delle os livrasse lhe promettiam que,
SanfAnna e S. Joaquim, São José, S. Joâ >
na primeira terra onde aportassem', lhe edifi-
Baptista, S. Miguel. S. Chrispim, e S. Chri<-
cariam uma Igreja de sua invocação.
piniano para a nova Igreja, cm vistosa pro-
3.0 QUADRO cissão pelas ruas da cidade, levando a custodia
o R»'. Bispo de Moçambique, pelos poderes que
Permittiu Deus (alcançando-lhe a misericor- lhe haviam sido conferidos pelo Rv. Bispo Dio-
.diosa Senhora, que queria por aquelle meio cesano D. José Caetano da Silva Coutinho, que
.
favorecer também os moradores do Rio de Ja- não pôde a.ssistir por andar em visita geral;
neiro) que o primeiro norto a que cheearam fosse sendo a referida procissão acompanhada pelas
a ridade de S. Sebastião, onde fizeram sua ha- seguintes Irmandades: Santissimo Sacramento da
bitação, sem quererem mais tratar de navegar. Sé, Santissimo de S. José, S. Domingos, Con-
ceição do Hospicio, Nossa Senhora da Boa Morte,
4.0 QUADRO 1
Mãe dos Homens e Lapa dos Mercadores, fa-

Assim, em cumprimento do seu voto, fin- Eendo a guarda de honra o batalhão de milicias
daram em terras próprias e dedicaram á SE- da Candelária)-. (Histórico da Fundação da igreja
NHORA DA CANDELÁRIA a igreja que mais da Candelária, feito em 1888, por incumbência
tarde designada para parochia. (Sanctwi/io
foi do Provedor Commendador Antonio Ferreira da
Mariano de Fr. Agostinho de Santa Maria). Silva a Jose Victorino de Souza).
56 Rio de Janeiro

lo, até o embasamento da cúpula que é de Pe- Quitanda, Avenida Rio Branco, ruas Gonçal-
dra Lioz. Foram, até, contadas as suas 1422 ves Dias e Uruguayana, e termina no Largo
pedras, pesando 630 toneladas. A linha ver- S. Francisco de Paula. Foi sempre preferida
tical do Cruzeiro mede 76 metros .
pelo comercio de artigos de- luxo, e nela tem
sua séde alguns órgãos da imprensa cario-
ca. (97)
A rua do Ouvidor mede 700 metros de
comprimento. A
praça onde desemboca tem
6000m2, e deve o nome á igreja que desde 1801,
aí tem a Venerável Ordem Terceira dos Mini-
mos de S. Francisco de Paula..
Esse belo exemplar de arquitectura reli-
giosa domina a praça pelo lado Sul. O pórtico
é de mármore de Lisboa, e em suas linhas obe-
dece á Ordem Compósita. O interior do tem-
plo, todo revestido de cedro esculturado, é
obra elegante de artistas nacionaes Valen- —
tim da Fonseca e Silva, Antonio de Pádua e
Castro —
que viviam no principio do século
dezenove.
Em frente á rua do Ouvidor, na face oci-
dental da praça, está um grande edifício cujos
alicerces foram em
1749, lançados para a igre-
,

ja catedral, cujas paredes, em 1752, tinham


"vinte covados", parando, então, toda fabrica
até 1796 em que proseguio e chegou á Capela-
mór. De novo, porem, se interrompeu a cons-
trução, até 1810, ano em que houve ordem de
continua-la e conclui-la —
não já para templo
mas para séde da Real Academia Militar.
As paredes subiram, o telhado protegeu o re-
cinto que elas fecharam; onde, porem, devia
figurar o Missal entraram Taboas de Loga-
ritmos; e, em vez da melopeia das antifonas,
resôam lá dentro as vozes dos professores ensi-
nando Matemática e Sciencias fisico-naturaes.
Real Academia Militar em 1810, depois
Escola Militar (1842-56), Escola Central
(1856-74). E' hoje estabelecimento de ensino
superior e profissional de Engenharia Civil, sob
o nome de Escola Polytechnica, fazendo parte
da Universidade do Rio de Janeiro, creada
em 1920.
ESTATUA DE JOSÉ BONIFACIO
O edifício ocupa um quadrilátero de 3219
O da Candelária ocupa luna area
terriplo metros quadrados, limitado pelas ruas do Teatro
de 3.000 metros quadrados. E' um belo arquivo (Sul), Alexandre Herculano (Oeste) e Luiz de
do que a Arte Nacional podia produzir no fim Camões (Norte). Em 1905 recebeu um terceiro
do século XIX . pavimento, dividido em 9 salas com pé direito
A frente com tres magnificas portas de de 6 metros. A primitiva fachada, risco do Bri-
bronze, do Escultor portuense Teixeira Lopes, gadeiro R. J. da Cunha Mattos, foi substituída
está numa rua estreita como eram quasi to- por outra no estilo clássico greco-romano, com
das as deste "centro" da Cidade.
,
facha- belas colunas monolíticas da Ordem Jónica.
A
da posterior, sem fórma de templo, está na rua No centro do Largo S. Francisco de
da Quitanda, Paula ergue-se pequena estatua ao maior vulto
* da Independência do Brasil, José Bonifacio de
Andrada e Silva (98).
A rua do Ouvidor (96) começa no mar, Levantada por iniciativa do Instituto His-
atravessa as ruas do Mercado, 1.» de Março, tórico e Geográfico Brasileiro, é essa estatua
Rio de Janeiro 57

obra de Luiz Rochet, escultor francês, e foi fes- 1." edi ção d'Os Lusiados, c outro exemplar tle

tivamente inaugurada no dia 7 de Setembro de outra edição da mesma obra (jue o Almirante
1872, quando se comemoravam 50 anos de In-
dependência e de Império.
Estatua e pedestal são de bronze; medem
2,4 m de altura e pesam 18000 kg. José Boni-
facio está de pé, tendo na mão direita uma pe-
na com que escreve o "Manifesto ás Na-
ções (^^) e o braço esquerdo num gesto de
orador. O pedestal, octogono, tem nas quatro
faces menores figuras femininas alegóricas da
Sciencia, Integridade e Poesia.
Justiça, O
rrionumentorepousa sobre um embasamento
de maiTOore do Jura de um mietro de al-
tura.
O Largo S. Francisco de Paula comuni-
ca-se com a rua da Carioca pela Travessa São
Francisco que acabava na rua Sete de Se-
tembro; foi o Prefeito Passos quem a pro-
longou até a rua da Carioca.

A poucos passos do Largo S. Francisco de


Paula, «ela rua Luiz de Camões, e enfrentan-
do a ru^ Alexandre Herculano, que passa por
trás da Escola Polytechnica, encontra-se o belo
edifíciodo Gabinete Português de Leitura. O
Gabinete é a mais antiga associação literária
fundada por portugueses na America do Sul.
Data a sua existência de 10 de Setembro de
1837. No seu quinquagesimo aniversario inau-
gurou-se este monumento arquitectónico ex-
pressamente feito para abrigar como num es-
crínio a joalharia preciosa da sua biblioté-
ca (100).
A
fachada, toda de mármore de Lisboa,
reproduz, em linhas geraes, o estilo manuelino
de que é exemplar o Mosteiro dos Jerónimos,
na Capital portuguesa. Nas misulas da fron-
taría vêem-se as estatuías de Cabral, D. Hen-
rique, Vasco da Gama e Camões. Todo o tra-
balho da construção é do Arquitecto Frede-
rico J. Branco, português, longos anos domi-
ciliado nesta Capital.
Dois salões cativam a atenção do visi-
tante: O chamado Salão Nobre, artistica-
mente decorado e mobiliado, e o Salão da Bi-
blioteca, rasgado em toda a altura do edifício,
medindo 23, 5m desde a clarabóia de vitraes
policromos até o primeiro pavimento ladri-
lhado a mosaico, e que está a 1™. do nível da
rua. Mais de setenta mil volumes aí estão ar- comsigo quando de
Gago Coutinho trouxe
rumados em estantes que revestem as paredes Rio em aeroplano.
Lisboa veio ao
de alto a baixo. Passa por ser a mais com-
pleta do mundo camoneana guar-
a colecção
dada no Gabinete Português de Leitura do Deixando o Gabinete, e, ainda, cami-
Rio de Janeiro; nêle figura um exemplar da nhando pela mesma rua Luiz de Camões, ofe-

/
58 Rio de Janeiro

rece-se, logo, a Avenida Passos, digna de de Alvarenga (lo^) q^g communica a Tra-
menção. vessa das Belas Artes com a Praça Tira-
Éa antiga rua do Sacramento. Media, dentes.(i04).
até 1903, apenas270 metros. Hoje, da Praça
Tiradentes (S.) á rua Marechal Floriano Chegados a esta praça achamo-nos a
(N,), é uma via recta, bem calçada e edifica- cerca de mil e duzentos metros Leste-Oeste
da, com 550 metros de comprimento, comu- da Praça 15 de Novembro e a 1400 metros
nicando-se logo com a rua Camerino que se N. O. da Praça Mauá.
dirige para o Caes acostavel. Mede a Praça Tiradentes 22000 "^2; Ne-
Onde está a igreja matriz da divisão la desembocam, do lado oriental, as ruas
denominada "Sacramento" havia,
eclesiástica Sete de Setembro e Carioca que se prolon-
ainda em fins do século XVIII uma feia la- gam, a Oeste, pelas ruas Constituição e
goa conhecida por "Lagôa da Panela", povoa- Visconde do Rio Branco.
da de aves aquáticas, rãs e camboatás. Fica- Do lado Norte desta praça está situa-
va dentro do campo então chamado da "Lam- do o Teatro "S. Pedro de Alcantara", cons-
padosa", por causa da igreja da Lampadosa, truido em 1813 com o nome de "S. João",
construida em 1770, que ainda existe e for- e já tres vezes incendiado e reconstruído, em
ma a esquina da rua Luiz de Camões. 1824, 1851 e 1856(i05)

TEATRO «S. PEDRO DE ALCANTARA» (1830)

Em frente a essa lagôa o Vice-rei Luiz Um quadrilátero ajardinado ocupa


de Vasconcellos mandou construir uma casa 8600m2, desta praça; e no meio desse qua-
"destinada a guardar não somente colecções drilátero está o monumento erigido em me-
preparadas de animaes mortos como, também, moria do fundador da nacionalidade brasilei-
âlguns exemplares de animaes vivos"; por ra. É todo de bronze, desenho do artista na-

isso lhe chamaram a "Casa dos Pássaros cional João Maximiano Mafra, Prof. da an-
que chegou a ter como funcionários um pre- tiga Academia de Belas Artes; e executado
parador, dois ajudantes, tres serventes e dois com modificações, pelo artista francês, Luiz
caçadores. Era, em suma, um rudimento de Rochet. Ocupa no jardim uma area de 232m2.
Museu de Historia Natural. Essa casa, aca- Sobre uma base de granito de 3,3m de
bada em 1818, e reformada no Ministério altura assenta o pedestal de bronze, octogo-
Rio Branco (1871-75) é hoje a séde do Minis- no, com 6,4m de altura, ostentando nas qua-
(^^i).
tério da Fazenda e Tesouro Federal tro faces principaes grandes grupos alegó-
Tem quatro faces limitando uma
area de ricos dos rios Amazonas, Paraná, Madeira e
4168m2 Uma face na rua Lédo, outra no S. Francisco. D. Pedro I está a cavalo, tendo
Bêco do Tesouro, e fachadas para a Avenida ,na mão direita erguida a Constituição do Im-
Passos e para a Travessa das Belas Artes. pério que jurou aos 25 de Março de 1824.
Neste lado esteve instalada, desde 181Ó A
vertical da estatua equestre mede 6 me-
até 1909, a Escola Nacional de Belas Artes. tros; a altura total do monumento é, pois,
A fachada que ainda lá se ostenta é obra de de 15.7m. O bronze pesa 55000 kg., entre- A
Grandjean de Montigny (102). O
próprio ga deste monumento á- Cidade efectuou-se,
portão de ferro foi desenhado por esse hábil com grandioso festival, em 30 de Março de
Arquitecto. 1862 (106).
Este portão, actvial entrada do Ministé-
rio da Fazenda, está defronte da rua Barbara Está, também, nesta praça, desde 24 de
Rio DE Janeiro

Agosto de 1916, a estatua do notável Actor A estatua c do tamanho naUinil. r nprc-


brasileiro João Caetano dos Santos (1808- scnta o artista na situat^-âo mais palctica da
-63). Projectou-a em gesso o Escultor, Fran- trajedia Oscar, l-illm dc Ossicr, dc Aninult.
cisco Manoel Chaves Pinheiro foi fundida
;

em Roma pelo artista Nisi ; levantou-lh.e


aqui o pedestal, em frente á antiga Academia
de Belas Artes, o Arquitecto Heitor dc Cor-
Promotor deste monumento, porém,
<lev'ille.

foi oActor Francisco Corrêa Vasques, que No angulo desta pra(;a cimi a rua \'is-
fôra discipulo de João Caetano, e que conse- condc do Rio Branco, está a Secretaria do Mi-
guio, em longos anos de tenacidade, meios de nistério da Justi«;a e Negócios interiores.

ESTATUA DE D. PEDRO I

realizar o grato ideal. A


inauguração da es-
tatua efectuou-se em Maio de 1891, com
3 de
Cem passos para Oeste, e chegamos á
-uma verdadeira festa artistica de que foi pa-
Praça da Republica.
raninfo outro grande Actor, Furtado Coelho,
É este o sitio mais notável do Rio de Ja-
que então representava com o maior brilhan-
neiro. Depois do nome de "Campo de Saiit'
tismo o teatro português no Brasil.
Anna" com que veio do tempo colonial, por
causa da igreja de Sant".'\inia, erecta onde
é
Depois que a Academia de Belas Artes tevi
a estatua foi re- hoje a estação inicial da E. F. C. H., já
saio da sua primeira séde,
nomes correspondendo cada urr a um
movida para um lindo sitio do Parque da dois
Ac'am..-
acontecimento politico: "Campo da
Praça da Republica, de onde, a final, a trou- Im-
ção" por ter aí sido aclamado o primeiro
xeram para onde está. Sirva de justificativa "Campo da Honra", de-
de perador do Brasil, e
para esta ultima mudança a conveniência 1831. em que a "honra
onde ir- pois de 7 de Abril de
aproxima-la do Teatro S. Pedro, de
dignidade nacionaes". ai exigiram do Im-
de João Caeta- e a
radiou a gloria artistica
perador a reintegração de um
Mini^terIo de-
no (10').
;

60 Rio DE Janeiro

mitido na véspera. Este nome durou pouco; o Hospital é creação do Dr. Luiz Barbosa,.
prevaleceu o anterior até 1889, quando outro Director do Departamento Municipal de As-
sucesso politico de que a mesma praça foi sistência. Lançou-lhe a pedra fundamental
teatro determinou a mudança do seu nome o Prefeito Dr. Carlos Sampaio, no dia 7
para "Praça da Republica". de Setembro de 1921 (^o^). Foi inaugura-
do em 14 de Novembro ed 1922.
A superfície desta praça é de 198000 O Hospital de Pronto Socorro consta
metros quadrados (^*'^). O quadrilátero é li- de duas secções distintas, tendo cada uma
mitado por prédios da mais variada arquite- salas de operações, de curativos, ves-
ctura. tiário dos médicos, enfermeiras e, quartos de

CASA DA MOEDA

Do lado Sul da praça, entre casas vulga- residência do cirurgião e dos internos. Uma
res, está o Quartel Bombeiros,
c^-^^rv^ de das secções, a gratuita, é destinada aos indi-
construído em 1908, e ocupando uma area de gentes da zona urbana da cidade, vitimas de
MóOO'"^. Desse mesmo lado, sob o n." 17, ha acidentes, desastres e doenças súbitas a ou- ;

um belo prédio que pertence á "Societá Ita- tra, tem. dois destinos Hmitados : a) recolher e
liana di Beneficenza e Mutuo Soccorso". tratar as pes,sôas abonadas que precizem de
Xa face oriental onde desembocam oito
, sfKorro medico-cirurgico de urgência, M)
ruas, apenas merecem menção a Escola P—^- internar os funcionários municipaes, de
fissional "Rivadavia Corrêa", a Prefeitura vencimentos medianos que necessitarem de in-
Municipal, e o Arquivo Publico Nacional. tervenções operatórias urgentes e que as pa-
garão por determinada tabela oficial, em.
Do lado ocidental estão o Posto Central prestações descontadas nas respectivas fo-
de Assistência Publica e o Hospital de Pron- lhas. Este favor será extensivo á familia da
to Socorro. A
Assistência, que acode a todos funcionário, de conformidade com as exigên-
os pontos onde haja vitimas de desastre cias que serão estabelecidas no regulamento
ou de enfermidade súbita, existe desde 1901 do hospital.
.

Rio DE Janeiro
61

Ter-se-á, assim, no futuro estabelecimen- de 35500 m.- cstendendo-sc a fachada


por' todo
to da Prefeitura "...uma associação intel- o lado Xoroeste da praça.
ligente e oportuna de variados l)eneficios
com- Mais a Oeste assenta a estação inicial da
preendidos todos em um programa que pa- Estrada de Ferro Centra! do Brasil, a cuja
rece na verdade corresponder ao grau de ci- frente foi levantada, cm 1909, a estatua do en-
vilização da nossa nacionalidade e ao espirito genheiro Cliristiano C)ttoni, seu primeiro Di-
elevadamente altruistico da Administração rcctur
Publica.»
Neste mesmo lado ocidental da Praça da
Republica estão a Policlínica Militar, sob o O Paiijue da Praça daRepublica mede
n. onde também se reúnem provisoria-
137, 525 m. X 315 m. ;o seu perímetro de 1564ni,
mente os membros do Supremo Triljunal ]\Ii- está limitado por um gradil de ferro de 2.30 ni

A CASCATA. ASPECTO DO PARQUE DA PRAÇA DA REPUBLICA

litar; o antigo palacete oferecido em 1818 de altura sobre alto sopé de cantaria. Tem qua-
pelo Comercio da Bahia ao Conde dos Ar- tro portões, um em cada face. A obra deste
cos, e que tem servido de séde ao Senado Fe- parque foi resolvida pelo Ministério do Im-
deral (110) ;a Casa da Moeda, sob o n. 173, pério, em 1873; custeada desde então pela
construção de 1859-66 (m) e sob o n. 197,
; Camara Municipal, executada sob a direcção
o prédio em que tem séde o Comando Su- (í\-j Dr. Glaziou, francês, de raras aptidões
perior da 2. a Linha do Exercito, prédio em como Botânico e Arquitecto paisagista. Foi
cuja frontaria ha uma lapide com a seguinte inaugurado em 7 de Setembro de 1880.
incrição : Desta casa, residência do Mare- De grande beleza é este sitio de recreio, si-
chal Deodoro da Fonseca, sahiu este general tuado no meio da Cidade, dividindo o antigo
para proclamar a Republica dos Estados Uni- do novo povoado, servindo de separação entre
dos do Brasil, no dia 15 de Novembro de o que existe desde o século XVI e o que só
1889. A Intendência Municipal, sob a pre- se fez do século XVIII em deante. As ruas
sidência do Dr. José Felix da Cunha Mene- deste parque, macadamizadas, ocupam 43522
ses, para perpetua»- esse facto mandou colo- metros quadrados; a superfície plantada é
car esta lapide em 14 de Novembro de 1890. de 85578 metros quadrados; os lagos e rios
O grande edifício do Ministério da Guerra, estendem-se por 17962 metros quadrados.
reconstruido em 1908 (112) ocupa uma area O trajecto das aguas, o agrupamento
.

62 Rio de Janeiro

das plantas obedecem a um risco acertado que vamente escasso é o numero de vivendas; pre-
a Arte inspirou. Malvaceas, oitis, dracenas, dominam igrejas, repartições publicas, escri-
crotons, amendoeiras, eucaliptos, aglaias, co- tórios particulares, de negocio de to-
casas
queiros, palmeiras, essências varias, gozam a das as categorias, de todas as escalas, de to-
excelência do sólo e dão-nos o gozo da sua das as especiaUdades.
fórma, da sua sombra, do seu colorido, do Muitos anos a Cidade teve por limites a
seu aroma. Nos lagos cintilam cardumes de rua da Prainha, hoje Acre, a rua da Vala, hoje
peixes vermelhos, e na superfície tranquila Uruguayàna, o Largo da Carioca, e a rua
das aguas deslizam cisnes formosos nos vas-; da Ajuda de que resta apenas um leve tre-
tos lençóes de grama, nas moitas luxuriantes cho com o nome de rua Chile. Não era, en-
e nas ilhas pitorescas vivem e prolificam pe- tão somente feira, mas, também, povoado.
quenos quadrúpedes, e aves de linda pluma- Em melados do século XVIII a onda humana
magem. As pontes são graciosas, de variados transpoz a Vala, rompeu as divisões topo-
desenhos, sempre imitando o rústico e Qe ; gráficas, invadio o "Campo", e foi-se esten-
qualquer delas se tem boa perspectiva sobre dendo para o interior. Á
densidade da popu-
trechos encantadores da paisagem do Parque. lação correspondia a necessidade de ar, e os
A Cascata, situada junto ao portão de Oeste, bairros foram se formando em todas as dire-
é uma admirável imitação da natureza vetus- cções surgindo de alagadiços e charnecas, es-
ta : O
seu interior, vasado, de galerias transi- calando morros e bordando enseadas.
táveis, lembra as grutas calcareas em que ha A urbs expandio-se. Rio de Janeiro dilatou
estalagmites e estalactites; e algumas destas seu perímetro. Os "engenhos" e "fazendas"
gotejam para completar o scenario de uma do Sertão dividiram-se em chácaras; as chá-
lapa natural caras retalharam-se em pequenas proprieda-
Neste Parque se tem celebrado festas de des: Alinhou-se o casario, levando vida, ruí-
grande concurrencia popular. A largura de do, novidade, progresso a todos os pontos desse
suas aléas e a extensão da sua praça central território que montes e vales acidentam e fa-
admitem construções decorativas de grande zem pitoresco.
efeito. Para concertos musicaes ha ali, frontei-
ros um ao outro, dois pavilhões de ferro e
madeiras nacionaes, construídos em 1904. A
conservação e asseio de todo o recinto do par-
que estão a cargo da Inspectoria de Matas e descrição atéqui feita compreende ruas
A
Jardins da Prefeitura que aí mesmo tem seu e praças pertencentes a quatro distritos mu-
Escritório tecnico-administrativo (^^^) nicipaes, que foram as primeiras freguezias
ou
paroquias da Cidade.
1° Candelária que, pelo recenseamento de
1920, tem residentes apenas 3962 indivíduos,
A Praça da Republica marca o extremo sendo 2595 solteiros.
ocidental deste empório de comercio da Ame- 2° Santa Rita. Recenseados 38.164 indiví-
rica do Sul que Rio de Janeiro é. Numa area duos sendo 24.361 solteiros.
de um
milhão de metros quadrados, desde o 3" Sacramento com uma população de
mar á Praça da Republica, entre as avenidas 27.370 indivíduos dos quaes 17.740 solteiros.
que partem dos caes Pharoux e ]\Iineiros, con- 4° S. José onde foram recenseados 27714
densa-se o forte movimento comercial da Ci- indivíduos, sendo solteiros 17.762.
dade. Até aí não se lhe pode chamar um Total nos quatro Distritos 97.210 indiví-
centro de população; é, antes, uma grande duos sendo 61.406 do sexo masculino e 31.804
feira: Nessa area, apinhada de piredios, relati- do sexo feminino.
TERCEIRA PARTE

O SUBÚRBIO ZONA RURAL DO MUNICÍPIO


- VIAÇÃO
SUBÚRBIO ai cerca de duas mil casas; e,
achando que uma
nova cidade assim sc formava, o povo,
refe-
rindo-se a ela, chamou-lhe "Cidade Nova"
Tem particularmente o nome de «subur-
:
bio" do Rio de Janeiro o amplo e muito aci- Aí, á margem do Canal, sobre o aterro con-
dentado território povoado que se estende solidade, ergucu-se, de 1850 a 54 a primeira
a Noroeste do centro comercial. Antes do fabrica de gaz para iluminação da Cidade,
subúrbio, porem, merece menção a vasta su- Foi o mesmo activo brasileiro, Irineu Evan-
perfície que foi chamada "Cidade Nova", lan- gelista de Souza, depois Barão, ainda depois
çada entre 1750 e 1850 sob o aterro que Visconde de Mauá, quem contratou com o Go-
então se fez das lag-ôas e mangues existen- verno, organizou a Companhia, construio a
tes a Oeste do Campo de SanfAnna Fabrica, e inaugurou o novo serviço de luz,
("*).
Como vimos, a Cidade primeiro transbordou em 25 de Março de 1854, aniversario do Ju-
vencendo a Vala. O "Campo" fôra, então, ramento da Constituição do Império
seu limite Oeste. Depois transpoz o "Cam-
po", e espalhou-se para o "Sertão" recorta-
do de pântanos.
O pântano e a insalubridade que dèle pro- Na sua parte recta, entre as ruas Vi.soonde
vinha não impediram a marcha da população. de Itaúna e Senador Euzebio, o Cana! ficou
Aterrada a lagoa da Sentinela (^i^)^ o Con- concluido em 1860. Lá, no fim do maciço mon-
de da Cunha, 1" Vice-Rei (1763-67) traçou tanhoso que contorna voltando-se para N.,
a rua que logo teve o seu nome, que depois continuou o alagadiço, conservou-se o man-
no Império, se chamou Conde d'Eu, e hoje é gue ainda por muitas dezenas de anos. Fran-
chamada Frei Caneca. O "Mangue" que se queado, porém, o caminho recto para S. Chris-
alastrava desde a actual Praça 11 de Junho tovão. \"ila Izabel, .'Kndarahy, a população
até dobrar a ponta Oeste dos morros de gra- crescente invadio esses vales, galgou colinas, e
nito que o separavam da baía, foi sendo ater- foi margeando ontra estrada por onde se lan-
rado, também, lenta mas sucessivamente. Em çara veloz a locomotiva, puxando, a rodar,
1818 já se consolidara e nivelara ao longo do carros sobre trilhos.
Mangue uma estrada recta, Leste-Oeste, para Essa invasão foi o povoamento do Subúr-
que a carruagem de D. João VI passasse sua- bio.
vemente em direcção a S. Christovão. Cha- *
maram-lhe "Caminho dos Lampeões", depois
da iluminação de azeite apressadamente ali- Em 29 de Março de 1858 inaugurou a Com-
nhada por especial deferência ao real tran- panhia Estrada de Ferro D. Pedro II o pri-
seunte .
meiro trecho da sua linha, na extensão de
Em 1835 o Governo do Império resolveu 47 km. 210, compreendendo cinco estações:
acabar com a vasta superfície alagada, redu- Côrte, Engenho de Dentro. Cascadura, Ma-
zindo-a a um estreito canal que recebesse xambomba e Queimados. Foi esta a terceira
as aguas pluviaes e riachos dos arredores; só estrada de ferro aberta ao trafego no Brasil
em 1857, porem, isso se realizou; Ençaixota- (119). Em 1865, quando já tinha 133 km. em
ram-se afinal, as aguas, formando o "Canol do trafego, a Companhia foi encampada pelo Go-
Mangue", quando de taes obras se nicLimbio a verno Imperial. Hoje, com uma extensão de
energia empreendedora de Irineu Evangelis- linhas que atinge a 2000 km., chama-se "Es-
ta de Souza (ii^). O numero de habitações trada de Ferro Central do Brasil", e liga a
ia aumentando de ano para ano, ao longo de Capital da Republica aos Estados do Rio, de
ruas que a Municipalidade demarcava sobre S. Paulo e de Minas Geraes, tendo já
alcan-
a superficie aterrada. Em 1850 já havia por çado no km. 1006 da Linha do Centro a mar-
66 Rio de Janeiro

gem direita do S. Francisco, rio que separa anos antes de extinta a Companhia, fizeram
Minas da Bahia. Adeante dou um capitulo intensa e extensa lavoura de cana, e estabe-
de histeria desta Estrada. leceram grande Engenho de Açúcar. Como
já tivessem, desde 1575, vasta fazenda e um
O subúrbio do Rio de Janeiro foi pri- Engenho notável em torno da igreja S.
meiramente, e ainda é, servido pela E. F. C. Francisco Xavier, foi aquêle chamado "En-
B. que, para atender ao povoado, conta 20 es- genho Novo" para distinguir do mais anti-
tações no curto espaço de seus primeiros 22 go que. passou, então, a ser conhecido por
kilometros (^^'^). Os trens sucedem- se, noite "Engenho Velho".
e dia, entretendo comunicação ininterrupta Os terrenos do Engenho Novo e fazen-
entre o centro comercial e a zona rural do das circunjacentes, estão hoje divididos em
Município. pequenas propriedades, cortados e recorta-

CANAL DO MANGUE

Ao longo da linha estendem-se as ha- dos pelas ruas praças e travessas, que regu-'
bitações alegres, desenvolve-se o comercio a Iam e comunicam o povoado já muito denso.
retalho, instalam-se fabricas inúmeras; e os
tratos de terra mulíiplicam-se, produzindo Meyer é território do Engenho Novo;
frutos que remuneram o suor fecundante. Estação inaugurada em 13 de Maio de 1889.
No km. 4 a Estrada serve ao elegante É considerada pela sua renda como uma das
hipódromo d)o Derby-Club: 200000 m.2 de mais. importantes estações suburbanas da E.
e pista de 1450 metros. A pe-
superfície, F. C. B.. Centro de grande povoação pene-
quena distancia da Estação «S. Francisco trada por diversas linhas de bondes. Comer-
Xavier» estava o hipódromo do Jockey- cio avultado.
Club, ora de mudança para o bairro doi Ha no Meyer um Posto Municipal de
Jardim Botânico. Assistência Medica, inaugurado em 12 de
Outubro de 1920, por iniciativa do Prof Dr. .

Luiz Barbosa, Director da Assistência, na


Engenho Novo. É assim chamado este Prefeitura do Prof. Dr. Carlos Sampaio.
logar porque grande parte da sua superfície O Posto acha-se perfeitamente instala-
pertenceu aos jesuítas que, aí, bem poucos do nesse centro populoso, e realiza a sua ac-
Rio dz Janeiro

tividade sob a tríplice feição de pronto so-


i|uem se interessa por assuntos
corro ao local onde se dê uni acidente, de so- médicos c dc
n>sisti'iKÍ,i medica.
corro medico-ciriirgico de urgência, e de
Dispensário Clinico. Para levarem o socorro
li>u\ni,t(hío, J'u'Jktdi\ Quinthiny lioai\'u-
saem num veiculo rápido o Medico e o Au-
ia, C iiscaiturusão estações de grande movi-
de prontidão; para atenderem aos ca-
xiliar
mento de passageiros.
Já pertencem á zona
sos urgentes, qualquer que seja a Iiora, e ao
rural que é, aliás, o que a Estrada vem per-
consultório do Dispensário, em horas certas,
correndo de.sde Todos os Santos c liuijnilw
ha, alem do Director do Posto, sete médicos
í/r Dentro.
e quinze auxiliares académicos. Também ha
As estações suburbanas dai jiara dcan-
um bonde de socorro, construído, aparelha- tc pouca importância têm. ainda. São
do e oferecido pela The Rio de Janeiro logares
dc grande futuro, com enormes exten.sôes
Tramway, Light & Power C".
de terreno desocupado. A população
O Posto de Assistência do Meyer ocu-
dade vae se alastrando por êics com a
d.T Ci-

pa uma grande area, contigua ao Jardim Pu- força


lenta e in filtrante das .iguas de uma
blico e á Estação de Bombeiros. Tem Secre- enchen-
te. As planícies ainda verdes de \tgetação
taria,- salas de consulta e de exames, banhei-
ra.steira vão se dividindo em pequenas
ros, aparelhamento completo de desinfecção,
pro-
priedades; os morros menores vão sendo re-
gabinete de Radioscopia, sala de operações,
cortados, reduzidos e arrazados; pelos maio-
enfermaria de repouso para os socorridos,
enfermaria para ébrios, e Necrotério. Tam-
res já trepa o casario. Em
breve terá muda-
do completamente o aspecto des.sa região.
bém no Posto funciona um Gabinete de Cli-
Olarias, pequenas industrias, a pequena la-
nica Dentaria Infantil, exclusivamentej para
voura são núcleos de prospera actividade.
escolares que não podem retribuir serviços
Aqui e ali destacam-se o denso arvoredo de
de Cirurgião-Dentista. A Assistência a par-
um pomar antigo, e as côres claras de moder-
turientes, obra da maior benemerência, foi
na^^ e confortáveis vivendas.
iniciada em 1921.

Engenho de Dentro. A Estrada aí pos-


sue edifícios que cobrem uma area de
A linha do subúrbio da E. F. C. B.

198730 m.2. São as "Oficinas", instaladas


é circular; depois de Cascadura o trem
faz
uma curva por Madureira e D. Clara, voltan-
em 1871. Mais de mil operários nelas têm
do a Cascaditra de onde regressa á estação
emprego. A montagem e reparação de todo o
inicial da Praça da Republica.
material rodante da E. F. C. B. faz-se nestas
oficinas, e noutras menores, existentes ao la-
do de cada um dos Depósitos de maquinas
que a JEstrada tem ao longo de suas linhas.
De propriedade particular —
Trajano
A ZONA RURAL
de Medeiros & Cia. —
ha, a pequena distan-
cia da Estação notáveis oficinas de material
rodante. Os campos que se estendem para o Oci-
Ramo da Assistência a Alienados ha, dente da Cidade até a baia de Sepetiba, no
•aqui, na rua Maria Flora, uma Colónia ex- Atlântico, e para o Norte da linha férrea,

clusiva de mulheres, mantida com todo o confrantando com o território do Estado do


conforto e todos os recursos scientificos, sob Rio, até o interior da baía do Rio de Janei-
a direcção do Dr. Gustavo Riedel. Contiguo ro, a larga, ubérrima e futurosa par-
formam
á Colónia, e sob a mesma Direcção, foi inau- te do Município.
rural
gurado no dia 13 de Junho de 1920 o "Am- Na Estação Cascadura da E. F. C. B.
bulatório Rivadavia Corrêa", primorosamen- ha muito comercio servindo a um enorme po-
te construído de acordo com o \'oto do Con voado. A frequência de trens é notável; bon-
gresso Medico de Turim, proposta do repre- des da TItc Rio dc Janeiro Tratmvay. Light
sentante do Brasil, Dr. Juliano IMoreira. E' & Power C. por aí passam, também, do cen-
excelentemente dotado de pessoal e de mate- tro e para o centro da Cidade.
rial para ao mesmo tempo constituir benemé- Para a esquerda da' linha férrea corre
rita Policlinica Suburbana, e fazer cuidado- uma linha de carris eléctricos servindo Ja-
samente a profilaxiadas moléstias mentaes carépaguá (21.°. Distrito Municipal) que
e nervosas. tem por limites ao Oriente a Gávea e a Tiju-
dc ca, ao Sul o Oceano Atlântico, a Oeste
Gua-
É Estabelecimento digno da visita
68 Rio de Janeiro

ratiba e ao N- Inhaúma e Irajá. Natureza pelas estradas de rodagem, ora rectas, ora si-

luxuriante, clima salubre. Muitas habitações nuosas, espelhando-se o sol nalguns filetes
pitorescas, pomares, pequena lavoura, indus- de agua corrente; destacando-se as habita-
trias relativas. ções em
grupos, coloridas, aqui entre palmei-
Jacarépaguá é muito
procurado como ras que se perfilam, ali entre casuarinas que
retiro saudável. Ainda
conservam qua-
aí se se debruçam a chaminé de uma usina, o ter-
;

tro das antigas fazendas de grande laboi reiro de uma casa antiga; a mata, cafesaes,
agrícola avultando a fazenda "Taquara" pe- laranjaes, canaviaes, hortas e latadas, tudo
la sua importância e excelente posição ve- — aparece como embutidos de um grande mo-
lho solar da familia Fonseca Telles. saico. Limitando o horizonte, em planos di-
A cerca de 4 km. da Taquara, rumo ferentes, corre a cadêa de montes interrom-
Oeste e S. O., estende-se a mata do Rio pida só da parte Sul . para que a \4sta
. .

A PENNA. JACARÉPAGUÁ

Grande que termina no serro do Pau da Fo- alcance o brilhante azul do mar, ao longe, fo-
me, limítrofe de Guaratiba. Aí, sobre as coli- ra da barra, muito fóra, pleno Atlântico.
nas, o ar é o mais puro, embalsamado pela Jacarépaguá tem o seu sólo regado poi
floresta; e a flora, até, parece das zonas tem- nada menos de vinte riachos, dentre os quaes
peradas e frias. cinco são manancíaes que abastecem de agua
A mesma excelência de ar se goza na potável quasi todo o Subúrbio. Conta cerca
Fazenda chamada "Engenho Novo", com a de tres mil casas numa superfície de 159
flora, porem, das regiões intertropicaes. Esta km.2. O recenseamento de 1920 contou em
Fazenda de 10.000.000 m.2 foi em 1912 ad- Jacarépaguá 19.800 habitantes.
quirida pelo Governo Federal para instalai
uma Colónia Agrícola de Alienados. A pe-
dra fundamental do edifício foi lançada em
30 de Maio de 1920. Num cômoro s.obranceiro. á Estação
Sobre uma imensa mole de granito es- Cascadura, cercado de vegetação, e tendo en-
calvado, 160 metros a cima do nível do mar trada pela rua Coronel Rangel (antiga do
está a igreja de N. S. da Penna, construída Campi nho) que conduz a Jacarépaguá, está
em 1781. Do amplo adro dessa igreja avísta- o Hospital "N. S. das Dôres", pertencente
se quasi toda a superfície de Jacarépaguá. É á Irmandade da Santa Casa de Misericórdia,
lindo o panorama circular e vasto : matiza- e destinado exclusivamente a mulheres tu-
do por todos os verdes da vegetação, riscado berculosas. E' um Sanatório primoroso: Op-
Rio DE Janeiro

tima instalação, aspecto liado, irrcprcensivcis ;ilmliando não pára. e lia por
condições higiénicas, perfeito conforto,
ai vivendas bem
cari- confortáveis c pitorescas.
nhoso tratamento; dêle me ocupo na mono- l-xistc na Penha, próximo da Estação
grafia da Irmandade da Misericórdia. desse nome da
K. F. I^oi)oldina, um "Horto
Na mesma rua, centenas de metros ade- Fruticola" de rjO.OOO m.-'. pertencente a So-
ante, está o Quartel do 1." Grupo de Artilha- ciedade Nacional de Agricultura. Nesse Hor-
ria de Montanha. to, com grandes viveiros do mudas de en.\er-

tia para pomares, a Sociedade estabeleceu

Pertence ao 21. « Distrito Municipal, e é


'

cortado pela Estrada Real de Santa Cruz, o


Campo dos Affonsos onde está a Pista da
Escola de Aviação Militar, creada pelo Avi-
so 71 de 28 de Abril de 1919, e inaugurada
a 10 de Julho do mesmo ano. É um bem adc
antado Estabelecimento.
Aarea do Campo dos Affonsos c de
2.000.000 m.2.

Á direita da linha da E. F. C. B., de^de


Todos os Santos até Cascadura, estão os vas-
tos campos de Inhaúma que terminam no li-
toral da baía onde ha pequenos portos.
Esta
zona, de sólo muito acidentado, é servida pe-
las estradas de ferro "Rio do Ouro" e "Leo-
poldina" (121).
Inhaúma é o 19.° Distrito Municipal.
Tem muito comercio, fabricas diversas, ola-
rias numerosas; e grande extensão de suas
terras está intensamente explorada pela pe-
quena lavoura. É residência de 131.900 in-
divíduos, muitos dos quaes têm seus oficios e
negócios no centro da Cidade.

Irajá — 100.000 hab. —


é conti^^ua a
Inhaiíma, e mais ao N., entre a E. F. C. B. FACHADA IX) HOSPITAL N.- S.- DAS DOKES»
o Estado do Rio e a baía do Rio de Janeiro,
onde tem porto. A planície de Irajá compre-
ende 169 km.2 e é apenas acidentada por mor- um .'\prendizado .Agrícola. Ha, também, na
ros isolados cuja altitude varia entre 33 e 111 Penha um pequeno matadouro de rezes, íis-
metros. As estradas de ferro Central do Bra- calizack)pela Prefeitura, para abastecimen-
sil, Rio do Ouro e Leopoldina (122) percor- to da zona rural. Semanalmente efectua-se
rem Irajá em grande extensão. lima feira de gado vacum. Subdividem-se
A lavoura de Irajá é importante, abas- terrenos, alinham-.se ruas. aiastram-se as

tecendo os mercados da^Capital da Republica. construções, aumenta o numero de estabele-

Fertilizam suas terras algumas das correntes cimentos comerciaes na grande arca deste

que desaguam na baía Guanabara rios Meri- :


20." Distrito Municipal.
tí, Pavuna, Irajá e Sarapuí. Tem muito co- Domina esta região a enorme penha de
mercio miúdo, fixo e ambulante olarias cai- ;
granito, de 111 metros de altura, em cujo ci-
eiras, outras pequenas industrias fabris, e al- mo e tá uma garrida capéla dedicada á Vir-
guns pastos onde as rezes animam a paisa- gem.
gem completando a tonalidade bucólica. A .A propaganda religiosa vem desde 1635
construção de prédios nas ruas que se vão atraindo para ali a atenção dos crentes; e não
70 Rio DE Janeiro

se conhece em toda Rio de Janeiro templo tá a 27 km. ,151 da estação inicial na Praça
mais frequentado do que esse. Durante o ano, da Republica. Tem séde no Realengo a Es-
e, principalmente, no mez de Outubro, milha- cola Militar. ,

res de devotos vão lá cumprir promessas fei- Ha, também, neste logar uma importan-
tas em horas de atribulação. O acesso ao San- te fabrica de Cartuchos e Artefactos de
tuário é menos penoso depois que no pró- Guerra.
prio granito, e por dotação de uma devota, A segunda estação, aberta em 1 de
foram lavrados 365 degraus que os pés dos
. Maio de 1890, é no kilometro
Bangií',
peregrinos já gastaram, e que em 1913 fo- 30,812. Avulta aí com seu grande estabeleci-
ram renovados, a escopro, por conta da Ir- mento a Fabrica de Tecidos de Algodão da

HOSPITAL «N.f S.a DAS DORES» (PARQUE)

mandade conservadora daquela quasi tres Companhia Progresso Industrial do Brasil.


vezes secular tradição. É imponente sobre uma area de
instalação
18700 m.2. Foi inaugurada em 1892.
* * *

* * *

Deodoro outra estação no km. 22 da


é
E. F. C. B-, ainda no 20.° Distrito Munici- Santíssimo, Campo Grande, Paciência
pal. Deodoro confina Irajá com o Municí- são nomes de estações deste Ramal, mas de
pio de Iguassu', Estado do Rio de Janeiro pouco comercio e rudimentares industrias;
(123). terras,aliás, de gríhde fertilidade: Muita
De Deodoro, entretanto, parte na direc- madeira de lei, muita caça. Realengo, Bangu',
ção Leste-Oeste outra linha da E. F. C. B. Santíssimo, Campo Grande e Paciência, tu-
— É o Ramal de Santa Cruz, com 55 kilo- do pertence ao 20.° Distrito Municipal (Ira-
metros, recentemente acrescido de mais 22 ki- já).
lometros, desde Santa Cruz até Mangarati- Da Estação Campo Grande, kilometro
ba, litoral do Estado do Rio de Janeiro. 41,331 m. da E. F. C. B. partem tres linhas
A primeira estação desse Ramal é Rea- de bondes eléctricos para Pedra (20 km.), j

lengo, aberta em 2 de Dezembro de 1878 es- ; Ilha (18,5 km.) e Cabuçiú, (8 km.) logares
Rio DE Janeiro

muito pitorescos de Guaratiba, que é o 23." c (jue éo Mercado omlo diarianu-nt!.- abas-
Distrito Municipal: (181 km.2) limitado
ao tecem os 616 retalhistas ( açougucin.> anu-
Sul pelo Oceano Atlântico onde tem ensea- )

almente licenciados.
da com. bom ancoradouro, e onde é abundan-
A Municipalidade, por .^cus funcio-
te a pesca. Guaratiba é regada pelos rios Pi-
rios técnicos, fiscaliza o asseio dos
raké e Portinho tem montes vistosos e va- mata-
;
douros, eprocede a exame niacro.scopico e
les ubérrimos, luxuriantes pastos; riqueza micro.scopico da carne, antes de .ser entrcijue
de madeiras; mas não tem, qua.si, industrias;
ao consumo. Para isso ha cm Santa Cruz
e o seu comercio é, apenas, o de viveres. O
dez médicos in.spectores, dois nicdiaos mi-
recenseamento de 1920 contou lá 23.609 in-
croscopistas, quatro veterinários e vários
divíduos.
ajudantes. Em S. Diogo, depois de uma via-
• * • gem de tres horas, a carne é novamente in-^-
peccionada por outros médicos. (125)

Santa Cruz. 30' de


Long. Oeste do Rio,
e 22" 55' Lat. Antiga propriedade dos
Sul.
jesuitas, pacientemente formada por doações
\ iu-se,
pois, (juc a zona rural atravessa
devotas, compras e trocas, desde 1589 a de mar
mar, o territprio do Municiiiio.
a
1656. Veio-lhe o 'iiome de um Cruzeiro que
numa extensão de 45 km., dcsdé a extremi-
os padres arvoraram em logar dominante. Aí
dade meridional, no Oceano, até o interior da
fizeram muitas obras d'Arte, estabeleceram
baía, passando a Oeste e Norte iK)s arrabal-
olarias, oficinas mecânicas, engenhos, fornos
des. São 926 km2, dos quaes, talvez, nem dez
de cal e pescarias. Nos campos de Santa estão
ocupados por edifícios. I-irguissum,
Cruz pastavam outc mil rezes (^24) Qs je- portanto, é a superfície
que aguarda agricul-
suitas construiram matriz, convento e capé- tores, industriaes, criadores,
i)ara explora-
las, organizando o Curato de Santa Cruz.
rem a terra lavradia, para fundarem indus-
Em 1759 foram expulsos. Depois, confisca-
trias sobre que se dilate um comercio for-
da, a sua propriedade passou para a Corôa
te, afirmand(o ri(|ueza, assegurandio prospe-
de Portugal. Assim, Santa Cruz se tornou
ridade.
"Real Fazenda", e "Imperial Fazenda". Ho-
je é "Fazenda Nacional". Da sua antiga su-
perfície a maior parte está dentro dos limi-
tes actuaes da Capital da Republica, forman- VIAÇÃO
do o 24.° Distrito Municipal, com 16.506
individuos recenseados em 1920.
Santa Cruz Imede 110 km. 2. Tem Propositalmente demorei a noticia dos
ao
Norte Oeste o
e do Rio de Ja-
Estado fim de descreve-los depois de
arrabaldes, a
neiro; ao S. o Atlântico (baia de Sepetii- conhecido o bonde (126); £ antes do bonuv,
ba) ;ã Leste Guaratiba e Campo Gran tratei da estrada de ferro, porque ela crono-
de. As isuas terras são reg"adas pelos rios logicamente o precedeu, e porque me servia
.Itaguahy, Cachorros e Guandu' do Sapé, e para ir, num relance, da Cidade núcleo, atra-
canal do Itá. O
povoado principal comunica- vés da Cidade Nova, ao Subúrbio, á Zona
se com o povoado de Sepetiba por uma li- rural, aos limites do Distrito Federal.
nha de bondes. A
E. F. C. B. segue de Santa De posse da extensão do território, va-
Cruz (km. 54.744 m.) para Itacurussá (km. mos continuar a descreve-lo, devagar.
81,527 m.) já no Estado do Rio de Janeiro, Impõe-se o bonde que é o mais vulgari-
e daí até Mangaratiba (km. 103,241 m.). zado meio de transporte.
Desde 1881 está instalado em Santa A primeira linha de bondes que .se lan-
Cruz o Matadouro Municipal, Repartição su- çou nesta Capital, em 1868 (^27) pertenceu
bordinada á Directoria Geral de Obras e \'ia- á The Botanical Gardcn Rail Road Company,
ção da Prefeitura. organizada especialmente para explorar a
O Matadouro aom suas dependências concessão de uma linha de carros sobre tri-
ocupa uma superfície de 223320 m.2. O gado lhos entre a rua do Ouvidor e o Jardim Bo-
que aí se abate procede quasí todo de Mi- tânico. Essa Companhia de origem norte-
nas, Goyaz e Matto-Grosso. Em media são americana passou, em 1882, para capitalis-
sacrificadas 400 rezes por dia. A matança tas brasileiros que lhe traduziram o nome.
principia regularmente ás 5 horas, saindo a Primeiramente, os seus carros, de trac-
carne ás 10 horas para o Entreposto que ção animal, corriam só entre a rua Gonçalves
existe na Estação S. Diogo da E. F. C. B., Dias (canto da rua do Ouvidor) e o Largo
: : :

72 Rio DE Janeiro

do Machado, hoje Praça Duque de Caxias. partem incessantemente bondes com os se-
Depois os seus trilhos estenderam-se para os guintes disticos
bairros de Botafogo, Laranjeiras e Gávea. Alto da Boa Vista —
Entrada da Flo-
A linha de Copacabana foi entregue ao tra- resta da Ti j uca. Extensão da linha 16.100
fego em 1892. Desta data até 1904 a Com- metros.
panhia realizou a substituição total da trac- Andarahy-Leopoldo —
Bairro Sudoest
ção animal pela tracção eléctrica. da Cidade. 10371 metros.
Iniciado com grande êxito aquele servi- Bom Sucesso —
Zona rural do Municí-
ço de carros sobre trilhos para os bairros do pio (passa pelo Hospital Central do Exerci-
Sul, não tardou que outra companhia se or- to). 12968 metros.
ganizasse — esta com capitães ingleses — Caes do Porto —
Partem dois bondes
para servir os bairros de Oeste e Sudoeste: nesta direcção: O que entra pela rua 1.° de
S. Christovão e Engenho Velho. Foi a Rail Março, faz um trajecto de 4720 metros; o
Street Company (Decreto de 19 de Outubro que entra pela rua Sete de Setembro faz um
de 1870) que mais tarde se nacionali"OU, trajecto de 8980 metros.
também. Engenho de Dentro —
Subúrbio da Ci-
Cruzando linhas da já então "Ferro Car- dade. 16233 metros..
ril de S. Christovão", foi lançada a Compa- Estrada de Ferro —
Partem 3 bondes
nhia Ferro Carril de Villa Izàbel (Decreto com destino á estação inicial da E. F. C. B.
4896, de 22 de Fevereiro de 1872) cujos car- Um por 1.° de Março, Buenos Aires (2218
ros comunicavam o nascente bairro desse metros) outro 1." de Março, General Cama-
;

nome com o centro da Cidade. E este mes- ra, (2150 metros); outro pela rua Sete de
mo centro não tardou a ser percorrido por li- Setembro, Avenida Passos (2350 metros).
nhas de bondes pequenos, de companhias Itapirú —
Bairros de Catumby e Rio
concurrentes "Loqomotora", "Fluminenlse", Comprido. 5392 metros.
:

"Carioca & Riachuelo" e "Santa Thereza". Lins de Vasconcellos —


Bairro de Villa
Estas quatro se fundiram em Agosto de 1878, Izabel e Subúrbio. Extensão 13891 metros.
sob o nome de "Companhia de Carris Ur- Mattos o —
Bairro do Engenho Velho.
banos". 5775 metros.
- * * •
Muda da Tijuca —Extremo ocidental
do Engenho Velho. 8560 metros.
Praça 11 de Junho —
(Por Santa Luzia
Em 1905 instalou-se legalmente aqui a
e Lapa). 6600 metros.
The Rio de Janeiro Tramway Praia Formosa — (Antigos bairros da
Light and ,

Power Company Limited, oriunda do Cana- Saúde e Gamboa até Canal do Mangue).
dá, com
o capital de 60.000.000 de dólares
5790 metros.
em acções, e mais 50.000.000 em debenturas; 5. Luis Durão —
Bairro de S, Christo-
e adquiriu primeiro as companhias Villa Iza-
vão. 8406 metros.
beí, S. Christovão e Carris Urbanos, depois
Silva Manoel —
Sopé do Morro de San-

a Companhia Ferro Carril do Jardim Botâ- metros.


ta Thereza. 3095
nico.
Tijuca —
Bairro Sudoeste. 10528 me-
Renovados contractos com a Prefeitura,
tros.
substituidos os trilhos, uniformizada a bitola
Uruguay-Engcnho Novo — Subúrbio.
em 1,436 m., distribuída a electricidade por
13880 metros.
todas as linhas, iniciou-se um trafego novo,
Villa Isabel-Engenho Novo — Bairro de:
perfeito, completo, ininterrupto que se es-
Villa Izabel e Subúrbio. 12330 metros.
tendeu muito para alem dos pontos até então
servidos por este sistema de viação. *
Assim é que a The Rio de Janeiro Tram-
way, Light &
Power Company tem na Cida* Da rua Uruguayana partem bondes com
de vias férreas na extensão total de 420 kilo- os seguintes disticos
metros, sobre que rodam 480 carros motores
com sessenta e tantos destinos diferentes, Alegria —
Bairro de S. Christovão, a
<128). Oeste da Cidade. 11055 metros.
Eis uma noticia completa-
.

do serviço de
.

Asylo Izabel —
Quarteirões novos no
bondes no Rio de Janeiro, em 1922: principio do grande bairro Engenho Velho.
5500 metros.
Do meio da Praça 15 de Novembro ou da Ccíjií — Bairro de S. Christovão. No
beira-m^r, na mesma praça, junto ás Barcas, termo de seu percurso serve este bonde a 3
:

Rio DE Janeiro 73

cemiterios: "Carnio", "Penitencia" e "S. ta(;ão inicial da E. F. Corcovado. Exten.são da


Francisco Xavier"; e, também, ao Arsenal linha 6005 metros.
de Guerra, ao Asilo "S. Luiz" e ao Hospi-
tal "S. Sebastião".
Humaytá —
Bairros da Gloria. Catêtc,
Percurso 9ó55 metros. Botafogo. Sul da Cidade, .\lguns transitam
Catumby — Bairro
encravado entre os pela Avenida Beira-Mar. 7269 metros.
morros de Paula Mattos, Santa Thereza e Cavea — O
mesmo trajecto do anterior
Santos Rodrigues. Este bonde serve ao Ce- ate Botafogo, proseguindo até Jardim Botâni-
mitério "S. Francisco de Paula". Extensão co c Gave.i 12015 metros.
da Hnlia 5986 metros. Ipanema — O
mesmo trajecto até Bota-
Fabrica das Chitas Bairro do Enge- fogo, seguindo para as praias de Copacabana,
nho Velho. 7435 metros. ora pelo túnel novo, ora pelo tuncl velho. ICm
Itapagipe — Bairro do Rio Comprido. qualquer dos dois itinerários 13225 metros.
5117 metros. Largo dos Leões — Bairro de Botafogo.
Praça da Bandeira —
4140 metros. 7168 metros.
Riia Aguiar —
Engenho \'elho. 5185 Jaràim-Lcblon - Botafogo, Jardim Bo-
metros. tânico e praia ao Sul de Ipanema. 13437 me-
tros.
Leme —
Botafogo. Copacabana; pelo tú-
nel novo 8689 metros; pela Real Grandeza e
túnel velho, 10926 metros.
Do Largo de S. Francisco de Paula par- —
Praia Vermelha Avenida Beira-Mar,
tem bondes com os seguintes dísticos:
Botafogo. 8268 metros.
Aldeia Campista —
Bairro Sudoeste da
Cidade. Extensão da linha 8810 metros.
Bispo —
Bairro do Rio Comprido. 6182
metros. Do Largo da Lapa partem bondes com os

Cascadura — Subúrbio. Zona rural. seguintes disticos


20958 metros.
Coqueiros — Bairro de Catumby. Este Arsenal de Marinha — -Através do Cen-
bonde também serve ao cemitério "S. Fran- tro. 3090 metros.
cisco de Paula". Percurso 3650
metros. Caes do Porto —
Direito ao -Armazém 14,
Estrella —
Bairro do Rio Comprido. pára no .\rmazem 1. Percurso 5850 metros.
5885 metros. Estrada de Ferro —
Vai direito á estação
Palmeiras —
Bairro de S. Chnstovao, inicial da E. F. C. B.. e daí para a Ponte das

pelo Caes do Porto. Extensão da linha 4480 Barcas, na Praça 15 de Novembro. Percurso

metros. 4526 metros.


Piedade — Subúrbio. 17546 metros. Praça da Bandeira — 4140 metros.
Praia Formosa —
Antigos bairros man-
Saúde e Gamboa até Canal do Man-
timos da
gue. 4380 metros.
Santa Alexandrina — o-^
Bairro do Kio
,

Da estação "Meyer. kiUnnetro 9.%5 m.


Comprido. 5872 metros. partem bondes nos seguintes
S Francisco Xavier -
(Por Estácio de da E. F. C. B.,
direcções :

6205 metros.
Sá e Haddock-Lobo)
5. Januário
-
Bairro de S. Chnstovao.
Caclwnibx —Subúrbio. 2323 metros.
8327 metros.
bonde fa^^^e a
José Bonifacio —
Subúrbio. 2.^23 metros.
Rtia Chile-E. F. (Este
de 25UO me-
Boca do Mato —
Zona rural. 3200 me-
Estrada de Ferro um percurso tros.
tros). 5. Francisco .Vat-íVr — Subúrbio. 4569
metros.
Inhaúma — Zona rural. 4880 metros.

Rio Branco n." 152 partem


Da Avenida
bondes com os seguintes disticos:

Aguas Férreas — Bairro das Laranjeiras. Da estação "Cascadura", kilom. 15.344


Mundo ^ovo m. da E. F. C. B., partem bondes para Jacaré-
Sul da Cidade, entre os morros
e Santa Thereza. Este
bonde serve para a es- paguá com os seguintes disticos-
74 Rio DE Janeiro

Freguesia— Extensão da linha 9672 bondes da Companhia Ferro Carril Carioca,


metros. que, partindo do sopé do morro Santo Anto-
Taquara — 7205 n:etros. nio, no Largo da Carioca, seguem pela aba do

^ morro e pela arcaria do Aqueducto para os


bairros altos de Pau^.a Mattos e Santa There-
Só não pertencem á TJie Rio de Janeiro za,chegando até "Silvestre", primeira estação
Tramway Light
, & Power Company Ltd.. os da E. F. Corcovado, alt. 260 metros.

NA FLORESTA DA TIJUCA
QUARTA PARTE

OS ARRABALDES
São Christovão. O seu litoral na baía no Rio de
Janeiro
fica entre a embocadura do Canal do Mangue
e a embocadura do Canal de Bem fica.
Conhecida a viação da Cidade, é oportu- Peio
no lançar a vista pelos arrabaldes do Rio
lado de terra confina com Engeniio
Velho —
Janeiro, logares pitorescos por onde se
de 14." Distrito, e Engenho Novo — 17." Dis-
alas- trito.
trou a população em busca do ar e do
campo. Foi grande centro de permutas entre vas-
Comecemos por S. Christovão, passagem tos armazéns de sal e artigos de importação,
primitiva dos cavaleiros e dos. longos comboios
que lá se estabeleceram, e as tropas que, pela
de carros para as antigas províncias do Rio de
Estrada Real de Santa Cruz, traziam os pro-
Janeiro, S. Paulo e Minas Geraes. dutos da grande e da pequena lavoura das pro-
Foi originariamente uma Fazenda, a víncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas
"Fazenda de São Christovão", pertencente aos Geraes. Esse grosso comercio de fumo, café e
jesuitas, compreendida na Sesmaria que Está-
cereaes, foi naturalmente desviado daí, pJa
cio de Sá lhes concedera em 1 de Julho de
inauguração da Estrada de Ferro, em 1859;
1565. Lá está, ainda, sobre uma colina, o edifí-
mas ficou uma população abundante, c o ger-
cio do antigo Colégio construído em 1752, ho-
me do desenvolvimento industrial.
je Hospital dos Lázaros.
O centro do bairro é a Praça Deodoro,
Confiscados, em 1759, os bens dos jesui-
180000 m2. Foi lindamente ajardinala, cm
tas,foram as terras desta Fazenda divididas, e parte, no ano de 1906, sendo, então, reservada
começaram a ser desde logo povoadas.
para exercícios militares de equitação e des-
A principio a area dessas terras consti-
portivos uma grande area de forma elíptica,
tuio um 2° distrito da Freguesia do Engenho dominando a qual ha bancadas cobertas para
Velho; em
1856, sendo já mais densa a popu- espectadores.
lação, formou-se desse distrito uma paroquia
*
que teve para Matriz a capela de N. S. da Con-
ceição existente na rua S. Januário; desde
Na face oriental desta praça está o edí-
1865, porem, S. Christovão tem Matriz própria
ficio da Intendência da Guerra, com 56 me-
que é a igreja construída junto á praia do mes- faz esquina com a rua Ma-
tros de fachada ;

mo nome. Separada, em 1903, a divisão admi-


riath, por onde mede 155 metros até a beira-
nistrativa da eclesiástica, S. Christovão passou
mar onde tem outra fachada de 96 me-
a ser o 13.° Distrito dos 26 em que hoje se di-
tros. Foi construído especialmente, e inaugu-
vide o Município.
rado em 1902, para deposito de todo o mate-
Otransporte para S. Christovão fez-se
rial e artefactos que interessam á adminis-
primitivamente por meio de diligencias que tração militar. Ha aí oficinas de alfaiate, car-
partiam do Largo S. Francisco de Paula, e se pinteiro, correeiro, etc.
dirigiam umas para o Cajú, outras para a Can- Na face N. da praça vê-se o Asilo Gon-
cela (129). Depois iníciou-se o serviço de bon- çalves de Araujo, belo edifício de tres pavi-
des da The Rail Street Company, em 1870. nentos sobre uma area de 12000 m^. E' ins-
Hoje o arrabalde é cortado por linhas férreas tituição levantada e mantida pela Irmandade
da The Rio de Janeiro Tramway, Light & do Santíssimo Sacramento da Candelária com
Power Company Ltd., incessantemente percor- o legado de mil e quinhentos contos feito por
ridas por velozes e cómodos carros de trac- Antonio Gonçalves de Araujo, natural de
ção eléctrica. Portugal, comerciante no Rio de Janeiro, on-
de faleceu no dia 21 de Setembro de 1889
(130). Esse Asilo abriga, educa e ínstrue 120
S. Christovão como Distrito Municipal meninas órfãs ou de famílias desvalidas en-
— 13.° — abrange uma superfície de 5 km-. tre 7 e 18 anos de idade. Como organização e
78 Rio de Janeiro

instalação é primoroso. Foi inaugurado em télo onde por muitos anos existio para "fazei
1900. E' seu director desde o inicio o Dr. Ben- todas as observações astronómicas e meteoro-
jamin Franklin de Ramiz Galvão. lógicas úteis ás scienoias tem geral e ao Brasil
Do lado Sul ha a Escola "Gonçalves em particular". A
instalação principiou em
Dias", no prédio que foi oferecido á Muni- 1913, lançando-se a Pedra Fundamental em
cipalidade pelo Comercio do Rio de Janeiro, 28 de Setembro. A conclusão demorou ^or
em 1870, como expressão de regosijo pelo ter- causa da guerra.
mo da guerra Brasil-Paraguay. Ha desse mes- A area desapropriada para o Observató-
rio Nacional é de m2 40589, circunscritos por
um perimetro de 1135 metros; e custou ao
Tesouro 416: 865$. O orçamento do Arqui-
tecto andou por 591 -.000$. A
instalação ocupa
tres esplanadas, estando a superior 32 m. aci-
ma do nivel do mar. No edifício principal
acham-se a Directoria, a Secretaria, e os ga-
binetes dos assistentes; biblioteca, arquivo,
laboratórios, oficinas e os sismografos. Erti
pavilhões á parte as lunetas meridianas e as
equatoriaes, as pêndulas e cronometros.
Todos os trabalhos se fizeram sob vistas
do doutíssimo Director do Observatório, Dr.
Henrique Morize, também Professor de Físi-
ca na Escola Politécnica, da Universidade do
Rio de Janeiro.
O morro S. Januário é contornado pelas
ruas General Bruce (SE), General Argollo
(SO), General José Christino (NO), e Se-
nador Alencar (NE) por todas o Observa-
;

tório tem entrada e saída.

Na rua S. Christovão existe o Hospital


dos Lázaros, também administrado pela Ir-
mandade do S. S. da Candelária. assis-A
tência aos lázaros (doentes de lepra) esbo-
çou-se pela primeira vez no Rio de Janeiro
em 1740, por iniciativa do 63.° Governador,
Gomes Freire de Andrade, Conde de Boba-
della. Em
Fevereiro de 1763 o seu sucessor.
Bispo, D. Frei Antonio do Desterro, pedio á
Irmandade da Candelária que protegesse os
VITRAL FRONTEIRO A ENTRADA lázaros com o seu socorro; e em Dezembro
DO HOSPITAL DOS LÁZAROS do mesmo ano o 1.° Vice Rei do Brasil, Con-
de da Cunha, obteve de D. José I para hos-
pital definitivo dos lázaros o convento de onde
mo lado o elegante Club de S. Christovão, fun- tinham sido expulsos os jesuítas. A Irmanda-
dado em 1863 para reunião e recreio das fami- de recebendo-o, apropriou-o aos seus fins, e
lias residentes no bairro. E' nesse lado Sul da nêle internou os seus doentes; mas quando,
Praça Deodoro que se ostenta o Internato do em 1808, chegou ao Rio de Janeiro a Familia
Colégio "Pedro II", notável Instituto a que Real o antigo convento foi cubiçado para quar-
adeante me refiro. telde um batalhão de Caçadores, e os infelizes
leprosos tiveram de ser removidos para o pri-
* meiro logar que se ofereceu á Irmandade, e
que foi a Ilha das Enxadas. Depois de mil in-
Sobranceiro á Praça Deodoro é o morro cómodos, só em 1833 se restabeleceu o Hos-
«S. Januário». Nele se levanta o Observatório pital dos Lázaros no seu edifício onde até
Nacional, fundado em 1827 no morro do Cas- hoje se acha (^^2). E' Estabelecimento de ir-
Rio DE Janeiro
79

repreensivel asseio e de surpreendeiue beleza,


dição, galvanoplastia, palamentas
; e ferreiros,
depois dos melhoramentos com que o dotou a
modeladores, serralheiros, cravadores, carpin-
Irmandade da Candelária sob a Provedoria teiros, segeiros, latoeiros, pedreiros,
pintores,
progressista do Dr. Mário Nazareth. A lota-
barraqueiros, espingardeiros ali trabalham cm
ção do Hospital é de 105 enfermos, e está numero de quasi 700 homens.
sempre completa.
O
actual Dire-
ctor, Cel. João Baptista Martins Pereira, é o
40." na ordem cronológica dos directores do
Arsenal.
Na praia de S. Christovão que se curva
para a Ponta do Cajú estão tres grandes ce-
mitérios de que adeante me ocupo.
Pouco adeante do Arsenal está o Hospi-
tai "N. S. do Socorro" da Irmandade da Mi-
sericórdia, em reconstrução depois
de um in-
cêndio de que se salvaram trezentos c tantos
cnfernws internados. No Consultório
deste
hospital cujos serviços não se interrompe-
ram, o numero de consultantes por ano
é de
dez a vinte mil.

Em ligeiro cômoro que a rua Tavares


Guerra corta na direcção Leste-Oeste, encon-
tra-se um formoso Estabelecimento de Cari-
dade —o Asilo "S. Luiz" para a velhice des-
amparada, fundado por iniciativa do Com.
Luiz Augusto Ferreira de Almeida, depois
^''isconde de Ferreira de Almeida, e com o
concurso do Com. José Maria Teixeira de
Azevedo e de outros cavalheiros. Abriga, ali-
menta e veste com todos os cuidados médicos
e higiénicos mais de duzentos homens e mu-
lheres idosos, inválidos e indigentes, de qual-
quer nacionalidade e qualquer que seja a cren-
ça religiosa.
Grande edifício de -tres pavimentos no
meio de boa chácara, e dominando alegre pa-
norama, o lindo Asilo da ^''elhice Desampa-
rada, como também é chamado, honra a me-
AREA INTERIOR DO HOSPITAL moria do seu fundador e o espirito piedoso
DOS LÁZAROS , dos que lhe sucedem.
A benemérita Directoria do A.silo é cons-
tituída pelos Srs. Dr. Carlos Ferreira de Al-
Depois dos cemitérios estão os grniices meida. Presidente; Conde de Avellar, Vice-
edifícios do Arsenal de Guerra que existio p"^^r Presidente; Benjamin Carvalho, Tesoureiro;
um século na ponta formada pelas extintas Luiz Felipe de Souza L-eão, Secretario. Os
praias de D. Manoel e de Santa Luzia, e desde
serviços internos estão a cargo das piedosas
1908-10 estabelecido neste logar onde aprovei-
Irmãs Franciscanas da Pequena Familia do
tou muito solidas construções que pertence- Sagrado Coração de Jesus.
ram a uma empresa industrial mal sucedida.
As instalações do Arsenal cobrem uma super-
fície de 91000 m2. que vae até Retiro Saudoso.
O Arsenal, fabrica o armamento, projectis e
material de guerra adoptado ou escolhido para Apoiado numa colina, e voltado para a

o Exercito e para fortificações, e produz to- face N. da península c^ue se chama Ponta do
dos os artigos e artefactos necessários aos ser- Cajú, está o Hospital "S. Sebastião", creado
viços militares do Norte ao Sul do Brasil. E', por influencia dos conselheiros Ferreira Vian-
também, uma escola técnica industrial militar. na, Barão do Loreto, e Dr. Rocha Faria, para

Dispõe de oficinas de maquinas, forjas, fun- isolamento de pessoas acometidas por moles-
;

Rio de Janeiro

tiasinfecto-contagiosas. Foi inaugurado em Ordem de Christo e o Fôro de Moço Fidalgo


1889 na presença do Imperador, sendo essa e, com graduação de Alcaide-Mór, teve de-
a
a ultima solenidade inaugural a que D. Pedro pois o Sr. EHas funções muito importantes
II assistio. na Côrte de D. João.
Consta o Ifc^pital de um edificio central Quando este se retirou do Brasil ficou de
onde estão a Secretaria, sala do Director, bi- posse do palácio seu filho D. Pedro que, por
blioteca, rouparia, consultório, sala de opera- sua vez, o deixou na posse de seu filho D.
ções. Farmácia, laboratórios, refeitório e co- Pedro II. Era privativo da Familia Imperial,
sinha. Na frente e em torno deste edificio o com todo o terreno ao redor onde foram des-
espaço é ajardinado. Morro a cima ha seis pa- pendidos alguns milhares de contos a ultmia ;

vilhões de madeira e quatro de pedra e cal, la- reforma fôra realizada pelo grande jardineiro
vandaria a vapor, estufas de desinfecção, for- paizagista Dr. x^ugusto Francisco Maria Gla-
no para incineração do lixo, e mais dependên- ziou que embelezou o Parque obedecendo á
cias. É estabelecimento modelo no ponto de vontade do ultimo Imperador.
vista da Higiene, e localizado de modo que po- A Republica incluio a Boa Vista nos pró-
de receber doentes por mar e terra. Dis- prios Nacionaes, e adaptou o Palacio para re-
põe de mais de trezentos leitos. Dirige-o des- união do Congresso Constituinte, em 1890;
de 1892, o Dr. Carlos Seidl. mas não cuidou do Parque; a mudança do
Museu para lá em 1892, também não o livrou
* do desprezo a que parecia condenado. O
autor deste livro, nO
Paiz de 12 de Março
No mar, em trente á praia do Retiro de 1896, descreveu o clamoroso estado de a-
Saudoso, longe da enseada, vêem-se as ilhas bandono a que chegara. Pouco se fez,
Sapucaia, 53900 m2, e Bom Jesus, 92100 m2. entretanto A
União entendia que o trata-
:

pertencentes .ao 25." Distrito Municipal. Em mento do Parque devia ser municipal, e a Pre-
frente á Ponta do Cajú está a Ilha dos Fer- feitura que lhe não competia tratar das pro-
reiros, 25200 m2, prestes a inoorporar-se ao priedades da União. Afinal, quando Presidente
continente, por meio de aterros. da Republica, em 1910, o Dr. Nilo Peçanha
niandou efectuar obras de saneamento, nive-
* lamento e embelezamento que andaram por
1.227:979$; e o Parque foi entregue á Pre-
feitura Municipal.
No 13.° Distrito Municipal, que talvez
conte 60.000 habitantes, ha 53 fabricas, 132 E' hoje um dos mais vastos e formosos
oficinas diversas, 666 estabelecimentos co- logradouros públicos da Cidade.
merciaes, 2 quartéis militares, 15 estabeleci- A
sua entrada principal, com tres portões
mentos particulares de instrução e 11 escolas de serralharia, ostenta-se fronteira á
artísticos
publicas municipaes. Avenida Pedro Ivo. Daí, em linha recta e
plano ligeiramente inclinado, parte a Ave-
nida Pedro 11, 700 metros até o Museu.
Parque da Boa Vista Da
area total do Parque 84500 metros
quadrados são de alamedas macadamizadaiS,
Confinando com o 13.° Distrito (São 16000 de passeios cimentados, 70000 de bos-
Christovão), mas ocupando a Sudoeste do mes- ques e arvoredos, 160000 de gramados, 32500
mo uma area de 1.033.800 m2. pertencente metros quadrados da superfície de lagos e

ao 14.° Distrito (Engenho Velho), está o Par- rios; 3680 no planalto ajardinado.
que da Boa Vista, esplendido logradouro que Das inúmeras obras de Arte destacam-se
foi Quinta Imj>erial, amplo terreno circun- o interessante mármore da Escultora D. Nico-
dante do Palacio em que residiram sucessiva- lina Vaz de Assis "O Canto das Sereias", e o

mente El-Rei D. João VI e os imperadores "Templo em Ruinas", bela colunata dórica so-
D. Pedro I e D. Pedro II. bre uma ilhota do grande lago.
Esse Palacio fôra antes, e em termos De dia a paisagem oferece agradáveis pers-
menores, propriedade e vivenda campesina do -^ectivas Ruas extensas sob docéis de verde
:

comerciante Elias Antonio Lopes que em 1808 fronde, vastos e veludosos gramados, caraman-
fez a cortezia de po-la á disposição do Prín- cheis artísticos, lagos, rios, pontes rústicas, bos-
cipe Regente para morada condigna dos so- ques, ilhas pitorescas, l:udo se harmonizando
beranos de Portugal. Em reconhecimento de num conjunto primoroso,- exibindo, á porfia,
tanta liberaHdade o Príncipe agraciou o seu todas as habilidades da arquitectura paisagista.
bom vassalo com o Habito de Cavaleiro da Pode-se percorrer o Parque de carro. pé le- A
Rio de Janeiro
81

varia horas. Ha recintos aparelhados e próprios ciitcnherg,Princesa da Baviera. Duqueza de


para exercicios ginásticos e jogos atléticos. A' Bragança. 2." Imperatriz do Brasil como 2.»
noite a iluminação é profusa. O Parque da esposa de D. Pedro 1. de (luem ficou viuva
Boa Vista é um passeio encantador, a 10 mi- eiii Comprou essa Ivizenda aos seus her-
1834.
nutos do Caes Acostavel. em 1872, o Com. }o:\o Bai)tista Vian-
deiros,
Num terraço, ou socalco, ou átrio, de 46 na Drumond (lue a nivelou, deu-llie arruamen-
metros por 80, em nivel, deante do antigo Pa- to., e depressa organizou a Companliia Ferro-
lacio, estende-se, como uma alcatifa, gracioso Carril Vila Izabel cujos bondes levaram ani-
i-i.rdim mosaico, ao centro do qual está desde
1910 o busto do Dr. Nilo Peçaiiha vasado em
brc.-ize. Balaustrada, jarrões, candelabros c
estatuetas, bordam e es.Tialta-n este qua
drilatero que é por sua vez um esmalte
do Parque.
*

A Prefeitura inaugurou neste Parciue, em


12 de Novembro de 1910, um Aquário de
agua doce, simulando uma caverna calcarea, e
que atrae enorme concurrencia de visitantes,
curiosos e estudiosos. A fauna da agua doce
aí se mostra em 28 piscinas, como a da agua
salgada se mostra no Aquário do Passeio Pu-
blico. Anexo ao Aquário do Parque da Boa
Vista ha um Laboratório de Piscicultura.
Também é resolução da Prefeitura fun-
dar aqui um Jardim Zoológico para o que fo-
ram demarcados 18000 metros quadrados.
Já está como pórtico desse recinto uma colu-
nata retirada do centro da alameda principal
do Parque onde se achava desde 1825, ofere-
cida a D. Pedro I por Sir Charles Stuart, Em-
baixador Inglês na Corte do Rio de Janeiro, e
negociador do Tratado da Independência.
No dia 20 de Setembro de 1913 efectu.ai-
se o lançamento da primeira pedra desse futu-
ro Jardim Zoológico Municipal. O Joi ^lal Jo
Ccmmercio dp dia seguinte noticiou a soleni-
dade. Durante o ano de 1921 pubhc-i. ani-se
editaes em Londres, Panz, Berlim, Nova
York e Rio >ie Janeiro, para a sua construção; NO PARQlJt; DA BOA VISTA
mas nada se adiantou.
Ha ainda no Parque da Boa Vista um
Horto Municipal —
145000 m2. com arvores, mação ao povoado nascente. Logo se estabele-
arbustos, palmeiras e plantas diversas e estu- ceu lá um
hipódromo que atraio muita gente;
fas e viveiros destinados a ruas, praças e jar- e. quando cessaram as diversões hipicas, o Co-

dins pubhcos. mendador, já então Barão de Drumond, insta-


lou, em 6 de Janeiro de 1888, o Jardim Zooló-
gico que ainda hoje existe num campo de
Vila Isabel 250000 m.2 com 140 mami feros, 371 aves e 28.

reptis.
A Noroeste de S. Christovão aclia-se o A a\Tenida principal deste bairro é o
arrabalde de Vila Izabel que a Serra do En- "Boulevard 28 de Setembro", com mais de 20
genho Novo separa da linha suburbana da metros de largura, e 1625 metros Leste-Oeste,
E. F. C. B. desde a rua S. Francisco Xavier até a Praça 7
Vila Izabel faz parte do 15° Distrito Mu- de ]iIarço tem alegretes ao centro, e á direita
;

Está em terras da Antiga "Fazenda do


nicipal. e á esquerda ruas que lhe são perpendiculares
Macaco" que pertenceu a D. Amélia de Leu- Ou paralelas, todas edificadas.
82 Rio de Janeiro

*
comerciaes tem duas fabricas de tecidos de al-
godão e juta. A Brigada Policial possue na rua
No
principio desta Avenida, á esquer- Barão de Mesquita um excelente Quartel Re-
num planalto de 107000 metros qua-
da, estão, gional. O Ministério da Guerra mandou cons-
drados, o Instituto Profissional "João Alfre- truir nos terrenos onde antigamente esteve o
do" e o Asilo "S. Francisco de Assis". Hospital Militar do Andarahy, óptimos edifí-
O Instituto existe desde 1875, e guarda o cios para a Escola de Estado Maior aí inaugu-
nome do seu fundador, Conselheiro João Alfre- rada em 12 de Outubro de 1921. O Colégio
do Corrêa de Oliveira, então Ministro do Im- Militar do Rio de Janeiro
que adeante me a
pério. Recolhe meninos desvalidos, e dá-lhes refiro, domina amplo terreno no encontro das
instrução primaria e profissional para o que ruas Barão de Mesquita e S. Francisco Xa-
tem aulas de Português, Geografia, Arinnotica, vier.
Sciencias Naturaes, Geometria Plana, Mnsica, Confina este bairro com Aldeia Campis-
Desenho, Modelagem e Electrotécnica, e ofi- ta —
outra area de belas vivendas formado
cinas de Carpinteiro, Marceneiro, Entalhador, por muitas ruas e travessas.
Torneiro, Latoeiro, Ferreiro, Correei/o e Sa- Para Andarahy, Aldeia Campista e Vila
pateiro. Izabel, partem bondes do centro da Cidade, a
O numero de matriculas é de 400. Diri- curtos intervalos.
ge o Instituto o Dr. Alfredo Magioli de Aze- Contam-se no 15." Distrito 84.171 habi-
vedo Maia- tantes.
O Asilo foi inaugurado em 10 de Julho
de 1879 no prédio da rua Visconde de Itaúna
onde está hoje o Hospital do mesmo nome. Aí Tijuca
esteve até 1921, ano em que foi trasladado
para a chácara do Boulevard 28 de Setembro, E' o 16.0 Distrito Municipal. 11484 ha-
antiga séde exclusiva do Instituto Profissio- Abrange uma area de 40 km'2, 5610.
bitantes.
nal. Acomodaram-se no mesmo sitio, em ins- Da Praça 15 de Novembro partem os bondes
talações distintas, o abrigo da Infância e o que se dirigem para a Tijuca. Itinerário: A.s-
abrigo da Velhice — repartições muni- sembléa. Carioca, Rio Branco, Frei Caneca,
cipaes. Salvador de Sá. Estácio de Sá, Haddock Lo-
O Asilo comporta 290 indivíduos — ho- bo, Conde de Bomfim, Estrada da Tijuca, Al-
mens demais de 65 anos, e mulheres de mais to da Boa Vista, Estrada das Furnas. Dos 16

de 60 sem restrição de côr, nem de nacio- ki^ometros percorridos, 1700 metros perten-
nahdade. Para se_r admitido basta que não pos- cem á rua Haddock Lobo, 3700 metros á rua
sa mais trabalhar, não tenha amparo, não so- Conde de Bomfim. As chácaras ao longo des-
fra de moléstia contagiosa, não seja louco, sas ruas são notáveis por sua formosura e tra-
nem alcoólico, e tenha pelo menos dois anos tamento O bonde percorre essas duas ruas em
.

de residência no Rio de Janeiro. 25 minutos, deixando á esquerda a Praça


As dependências do Asilo são todas muito Saenz Pefia {^^^), e segue por deantc de sce-,
asseiadas Dormitórios,
: Farmácia, Gabinete narios variadíssimos de pequenos jardins e
electroterapico, Enfermaria. Os asilados dis- moradas belamente arquitectadas cujo colori-
põem de ampla area para recreio. do se projecta no fundo verde escuro do anfi-
Dirige o Asilo "S. Francisco de Assis" teatro montanhoso.
o Dr. José Lopes Pontes. Em amplo terreno sob o n." 1033 da Rua
Conde de Bomfim instalou-se, em 1906, vindo
do Largo da Carioca, onde esteve 150 anos, o
Andarahy Hospital da Venerável Ordem 3.^ da Peniten-
cia. Nesse terreno que mede 165 metros de
E' um vale muito salubre e muito pito- frente e algumas centenas de fundo, a Or-
na parte oriental do. 2.° Cordão
resco, situado dem construirá em breve um grande hospital
do Maciço Urbano. Pertence ao 15.° Distrito modelo.
Municipal. O bonde segue a margem esquerda do rio
Corta-o longitudinalmente a rua Barão Maracanã, coleando o contraforte da serra da
de Mesquita que mede 3600 metros, começan- Tijuca que domina o Andarahy; e, metendo-se
do na rua S. Francisco Xavier, e acabando na pela estrada de tres kilometros com rampas
rua Barão do Bom Retiro. de 10 %
e curvas de 14 metros de raio, che-
,

E' muito populoso o bairro Além de ou-


:
ga ao Alto da Boa Vista, 358 metros sobre o
tros menores estabelecimentos industriaes e nível do mar. Pára 1 kilometro adeante, na
Rio DE Janeiro

Estrada das Furnas, e volta ao centro da Cida-


*
de pelo mesmo caminho de ida.

15.000 m2, Imdamente ajarchnada desde 1903. Bom Retiro que foi Ministro do In^rio em

CASCATiNHA

E' muito frequentada; tem botequim a um la- 1857. Roças velhas, morros esgotados de hu-
do, e coreto, ao centro, para musica. E' o ves- mo, cobertos de samambaias e de capim gor-
tibulo da Floresta da Tijuca — diadema ver- dura. totalmente ravinados, foram adquiridos
dejante da Capital da Republica. pelo Governo, e entregues ao cuidado adminis-
84 Rio de Janeiro

trativo do major Manoel Gomes Archer, há- apenas, o chilrear da passarada, o murmúrio
bil silvicultor. Até 1874 o trabalho consistio das folhas que a aragem balança. Aqui um re-
em limpar as nascentes, regularizar o curso gato, ali uma grota, adeante uma ponte rústica

das aguas, fazer estradas, fixar o sólo da mon- sobre um hiato da montanha; de quando em
tanha, sistematizar a arborização. Nas matas vez uma abertura na mata, deixando que a
virgens de Guaratiba foram. escolhidas as essên- vista dardeje o panorama longínquo da Ci-
cias mais adequadas para constituírem a dade.
Floresta da Tijuca Araribá, bicuhyba, canéla
: Dois mil oitocentos e cíncoenta e um me-
batalha, canéla limão, cedro-rosa, goiabeira tros depois do Alto da Boa Vista o passeante
cascuda, guarajubá, guarapiapunha, guaretá, chega ao planalto do "Bom Retiro", nome que
jacarandá-tan, jequitibá, pau-brasil, e tantas não somente exprime homenagem ao titulaj do
outras madeiras de lei, foram semeadas em vi- Império que deliberou fundar a Floresta, m
veiros, e plantadas, aos milhões, com eucali- como traduz, realmente, a serenidade poética
ptus de seis espécies diversas, e imbús, camu- desse remanso, a 659 metros de altitude. I
rús, mangabas —
infinita variedade de caules, Outra curva do caminho conduz ao "Ex- I
imensa variedade de frondes. (t34). celsíor", 611 metros sobre o nível do mar. E'
Da magnificência da Floresita da Tijuca um soberbo mirante. A parte N da Cidade e I
só pode fazer idéa quem lhe percorre as ex- da baía, toda se oferece ao espectador. O bair-
tensas alamedas com mais de 20kilometros de ro de S. Cristóvão daí se vê, aberto, delineado, I
desenvolvimento, em suas diferentes secções, como uma enorme carta topográfica. Os pe-
giaciosamente traçadas por encostas, sahencias quenos rnorros cobertos de casario mial dei-
e reintrancias, elevações e depressões do gran- xam perceber seu relevo. O leito da Estrada
de acidente geográfico. Aí se encontram os ti- de Ferro, a elipse dos prados de corridas ver- ;

pos mais notáveis da riqueza florestal dos tró- ticaes chaminés de fabricas reduzidas a dimen- m
picos; aí se nos oferecem admiráveis paisa- sões minúsculas polígonos irregulares de ter-
;

gens,, quer estendamos o olhar por horizontes renos desocupados; trechos de pequena lavou- I
longínquos, quer contemplemos o esplendor ra; o entrecruzado das edificações, as ruas tra- I
dos quadros que nos rodeiam- fegadas por inúmeros veículos que parecem I
miniaturas, tudo se distinguindo e tudo se con-
* fundindo como num labirinto imenso, tudo ex-
tasía o observador sentado no silencioso pia-

Quem do Alto da Boa Vista caminha para o nalto do "Excelsíor". I|

N. chega breve, á Cascatinha. E' ameno o sitio. Ganhando de novo a estrada, a pé ou de


O ininterrupto, unisono fragor das aguas que carro, contínúa-se gozando o maravilhoso poe- I
se despenham de uma altura de 30 metros enche ma da Floresta. Os quadros sucedem-se, o am-
o espaço de frescura e o espirito de suavida- biente cada vez se torna mais ameno, a solidão
de. A natureza pura está aí perfeitamente en- é cada vez mais empolgante. A arvore é a nos-

quadrada. As naiades que a Mitologia grega sa companheira desde o principio até o fim da

desenha com tanta doçura não podiam ter da- jornada. barranco, -uma nascente, um fio
Um I
do vida e amor a scenario mais iluminado nem d'agua fresca por entre musgos esmeraldinos, l|

a solidão mais cariciosa. Aqui alva como fran- tudo está subordinado á arvore, tudo é vassalo ||
jas de jaspe, ah transparente copio lençóes de do génio da Floresta. Sabiá, joão de barro, co- ||
leíro, galo da serra, gaturamo, camaxirra,
saí,
cristal, a agua desce, batendo nos diferentes |
planos da rocha íngreme cujas arestas vai que- bemteví, alternada ou conjuntamente ^ vozeam ||
brando e, de século em século, afeiçoando ás seus cantares e as suas melodias consoam com |
;

a melodia, em surdina, de Eolo, soprando nas


conveniências do seu iniínito rolar. |
i
O transeunte pára extactico, feliz, sorri- franças e nas lianas a sinfonia da Eternidade,
dente, e surpreende a alegria do inanimado ex-
pressa naquela aglomeração vegetal estenden- *

do os ramos para a clareira húmida, cobrindo-


se de aljôfares, e acompanhando, em surdina, Mais alguns kílometros, e atínge-se uma
as vozes da cascata. altitude de 1020 metros. E' o "Pico da Tiju-
ca", o ponto culminante do grande maciço do
* Rio de Janeiro. (i^S).
Que maravilha ! ,

A estrada continua, larga e flanqueada Do alto desta solidão silenciosa o espe-


de arvoredo. O decHve é suave. Caminha-se ctador domina, absorto, deslumbrado, a vas- .'

uma, duas e tres horas, á sombra, ouvindo, tissima planície de variadíssima cromática por |
Rio de Janeiro 85

onde se espalha, e vive, e se agita a cidade cursiouista sente-sc preso tio verdadeira cxal-
inteira. taçâo.
Tudo lá, em baixo, no taboleiro monstro Da serra ao mar a vida inteira dc uma
que o mar limita ao Sul, e que as aguas da cidade de milhão e meio do Iiahitantos! Da

NA FLORESTA DA TIJUCA
«
Baía de Guanabára banham nosi seus recor- serra ao mara Lavoura, as industrias mais
variadas, o Comercio e as artes, as escolas, os
tes orientaes.
Lá cerca de cento e quinze
estão mil campos de recreio e as casas de oração A !

prédios, mais de tres mil ruas, mais de 200 generosidade, a felicidade,o trabalho, a co-
municabilidade alegre de tanta gente bôa; e
praças e jardins.
grande, o azedume, a malquerença, a acção^ mofina e
Tão nitido é o espectáculo, tão
ccnstante de alguma gente má! Tudo
tão extranho, tão impressionante, que o ex-
;

86 Rio DE Janeiro

ali,debaixo do nosso olhar que abrange o varias dimensões. A


do Governador é a mai-
conjunto. Mil cento e dezeseis kilometros qua- or E' a Paranapuan dos tamoios.
: nosso O
drados se desdobram aos nossos olhos. Tudo olhar, desta altura, contorna-a inteiramente,
se nivela. Os pequenos morros abatem-se es- percorrendo-lhe o litoral de 40 km- lineares.
magados na perspectiva. Lá, mais ao longe, está a poetic? Paquetá
Lá se comprime o mais denso do casario (1095 m.2). Aproximadas da Cidade do Rio
desde a beira-inar, desde o enorme centro de Janeiro (Ocidente), e aproximadas do Es-
comercial até os bairros de densíssima popu- tado do Rio de Janeiro (Oriente) outras ilhas
lação que se estendem até a base deste iniran- se mostram; não se lhes divisam pormenores,
te. A
intensiiaie da luzpern.ite esquadrinhar mas umas são verdadeiros arsenaes, outras são
e reconhecer quarteirões, ruas, avenidas, par- dotadas de pitorescas vivendas.
ques, edifícios de maior vulto. As renques de Distingue-se no continente fronteiro a
arvores, as fitas pardacentas das estradas con- íiesga edificadíi de Xiteroi, tendo ao fundo à
duzem-nos a vista. O espectáculo é magnifi- agua azul do Saco de S. Lourenço; abre-se,
co. É o especti-culo que dev'e.Ti gozar os não distante, espaçosa e linda, a enseada d
aviadores pairando sobre a Cidade. Icarahy. dando notável destaque ao Pico, so-
Os montes famosos como o Bico do Pa- branceiro á fortaleza Santa Cruz. Alvejam
pagaio, a Gávea, o Corcovado, o Pão de Açú- por aí, alem, as arêas da Praia de Fora, e ou-
car parecem encolhidos, vexados.contentando- tras do litoral slú do Estado do Rio de Janei-
se apenas com serem notados pela curiosidade ro, cujas montanhas mais altas nos limitam o
do observador colocado em tamanha altura. horizonte, a Leste.
O
"Bico do Papagaio", ali visinho, quasi Se, insaciáveis de goro. nos movemos no
rival do Pico da Tijuca, representa já 33 me- pináculo da Tijuca, buscando novos quadros,
tros menos de altitude; a Gávea, ao S. está olhando em redor, oferecem-se-nos do lad
178 m. abaixo; o Corcovado faz uma diferen- N. as planícies de Inhaúma e Irajá, zona ru
ça de 316 metros, e mal mostra a cabeça por ral do Município, com muitos núcleos de ha
'
cima do morro da Formi-^a que tem 620 m. bitações, mas a maior superfície entregue
de altitude. O Pão de Açúcar perfila-se a pequena lavoura do lado ocidental cobre :

Sueste com seus 395 m. i^to é, 625 abaixo do larga extensão as florestas de Jacarépaguá
Pico de onde nos achamos olDservando tudo. Gu?.ralil)a; ao lado S. brilham uns traços da
Espectáculo maravilhoso ! lagôa Camorim, a grande distancia, e o vasto
A
custo arredamos o olhar do grande la- mar azul bordando o horizonte.
birinto em que a Civilização transformou a É este azul, realmente, a moldura cons-
selva dos tamoios —
sonho cubiçoso dos in- tante do grande panorama que se observa do
trépidos liuguenotès, teatro ininterrupto do la- Pico da Tijuca, a 1020 m. de altitude: Azul
bor de colonizadores portugueses, scenario do céu, azul da Guanabara, azul do Atlântico.
brilhante da actividade intelectual de brasilei- Nos dias límpidos este azul tem nuanças .^en
cantadores, realçando a paisagem de onde
ros e estrangeiros, no Império e na Republica.
Tres séculos e meio decorreram desde a charne- quer que seja contemplada; mas não ha duvi-
ca e a taba até essa infinidade de habitações da em que o mais estupendo ponto de vista pa-
construídas, esse arruamento nivelado e asfal-, ra admirar a grandeza, a originalidade e a

tado, até a facilidade de comunicações que beleza do Rio de Janeiro é esse mirante sump-
todos gozamos, e até o Progresso, a Instrução, tuoso que a natureza oferece de graça aos ex
a Higiene fisica e moral que fazem agradável cursionístas de todo o mvmdo.
a vida no Rio dejaneiro. É a extraordinária
obra de tres séculos e meio que aí está a nos-
sos pés, falseando á luz do mesmíssimo sol
que dardejava nos alagadiços e rarefazia o ar Descendo do "Pico" pode-se mudar de
nas malocas indígenas. caminho, sempre dentro da Floresta,
A custo arredamos o olhar da vasta pla- ha sempre aue vêr de novo e de deslumbrante;
nície em aue os montes parecem jardineiras Ora é uma beleza natural, um granito de for
decorativas, e os zimbórios, e as cúpulas e as ma caprichosa, ora um grupo de caules esguio
torres dos templos pequenas iluminuras de entrelaçados de cipós que parecem cordoalha
um grande livro aberto ao pensamento. ora uma obra d'Arte, uma gruta, um veio d'a-
Brilha radioso contornando a planície o gua.
mar mediterrâneo que é a Baía de Guanabara Na avenida Fr. Velozo encontra-se
e mancham-lhe o brilho, sem lhe prejudicar a "Cascata Argentina", mimoso sitio, de long
beleza cerca de noventa ilhas verdejantes e de em longe visitado, mas sempre, ininterrupta;

.w 11 liiía ilíi1ifcÍaá>A^ttffir^iln^iY
Rio DE

mente belo, indiferente á indiferença liunia-


lijuca. anula (lue exclusivamente cmpr.tMuIi-
na. correspondendo só ás delicadezas daquele do para visitar as "Furnas de Agassiz".
ambiente embalsamado por milhares de essên-
A "Cascata Cirande" ó outra maravilho-
cias diversas.
sa atracção, em que o olhar seicntretem
A "Gruta de Paulo e \'irginia" é uni al- cs-
qun.lrinhando topi.^os' de filigrana ou abran-
tar no meio da Floresta- gendo toda a grandeza tio conjunti» feérico.
As "Furnas de Agassiz" são de unia A "Mesa do Im])erador" é. efectivamen-
grandeza admirável. Formidáveis pedras dis- te, uma antiga me^a de jwdra
que o 1'refeito

postas como nos antigos monumentos megalí- Passos em 1903 restaurou; cobre-a um gra-
ticos ou como se um
cataclismo arrojasse umas cioso caramanchão de onde pendem cestas
de encontro ás outras, sobrepondo-as, perl<- com orquídeas véem-
lindíssimas. Deste logar
lando-as —
deixam aqui passagem por onde re os morros que limitam Botafogo ao Sul;
transita o excursionista curioso, formam ali todo o hr.irro do Jardim Botânico aparece
galerias onde somente penetra a luz difusa, num plano 480 metros inferior. Ao longe, a
acolá circundam áreas que o sol devassa, a pi- Leste, as montanhas verde negras do Estado
no. E o regato, ao lado, espumando e cantan- do Rio; ao longe, a Sueste, as planuras do
do .. Brassavolas, bromelias, catleias, lia-
. mar imenso.
nas flexuosas, e outras muitas delicadezas do A "\"ísta Chineza". a 413 m. de altitude,
reino vegetal enfeitam os interstícios das pe- é outro mirante de grande espectáculo. Fica
dras, bordam as entradas das furnas, vicejam num cotovelo da estrada que liga a Tijuca ao
nas rugas do granito secular . . . Jardim Botânico. Tem um chalé rústico para
É um passeio deleitoso o passeio á abrigo e descanso. Daí se estende o olhar por
.

88 Rio de Janeiro

uma vastidão tamanha que nunca o observa- zendinhas e as chácaras; hoje é um cruza-
dor acaba de admirar A' esquerda, em córte
: mento de mais de quarenta ruas bem calçadas,
quasi vertical, o ponteagudo Corcovado, e inteiramente edificadas, e servidas por linhas
uma nesga do bairro de Botafogo lá, adeante, ;
de bondes: "Bispo", "Estrela", "Itapagipe",
o cónico Pão de Açúcar, flanqueando a aber- "Santa Alexandrina", "Itapirú" e Catumby".
tura da barra aos pés o bairro da Gávea na
; ; Riachos afluentes do Rio Comprido, e
frente o Arpoador em cuja praia se desfaz aguas dos montes, ocasionavam enchentes da-
em espuma o turbilhão incessante de ondas nosas na estação das chuvas. Vários estudos
que rugem mas que se não ouvem. A' direita se fizeram para combater o mal. O Prefeito
o vasto mar sem fim. a costa guinando para
. . Rivadavia Corrêa principiou desapropriações
o Sul. para rectificar e aprofundar o rio de modo a
Este mixto maravilhoso de florestá densa franquear a corrente das aguas quando se
e de quadros abertos sobre a Cidade, esta avolumassem. Quando Prefeito o Dr. Paulo
conjugação harmoniosa da natureza expon- Frontin essa obra foi, então, empreendida
tânea com as obras de Arte estudadas, um com presteza e vantagem para a estética da
tal contraste de impressões torna sem par Cidade. O rio corre, agora, encaixotado entre
esta região magnifica, adorno esmeraldino da
- rampas gramadas, pelo meio de uma extensa
mais futurosa cidade da America. Por entre- avenida qvie tomou o nome de Paulo de Fron-
meio da serra, ao longo de estradas perfeita- tin.
mente conservadas, esses pontos referidos são Para tal melhoramento realizado em tres
outros tantos passeios de magnifica formo- mezes foram escavados e removidos cerca de
sura, refrigerantes,
salutares, servindo ao 60000 metros cúbicos de terra, construídos
mesmo tempo de reparadores fisicos pela pu- mais de 3000 metros de muro de concreto,
reza de seus ares e excelência de suas aguas, assentados 10000 metros de "meio fio" de
e de grande regalo para os sentidos pelo que granito, e plantadas 400 arvores de sombra.
oferecem de agradável e encantador. A
Avenida Paulo de Frontin, inaugura-
da em 23 de Julho de 1919, termina numa
Está percorrida a Tijuca. numa só volta, Praça, antigo Largo do Rio Comprido, que
em cinco horas,quando ela dá passeio para em homenagem ao ilustre Engenheiro, tomou
dia's e dias, sempre sot^ novas impressões. o nome de Praça Condessa de Frontin.
O regresso deve ser feito pela Gávea. A
Administração Municipal 1903-06 mandou
transformar o antigo e estreito caminho
«Quebra Catigalhas», entre Ti;uca e Jacaré- ARRABALDES DO SUL
paguá, numa estrada de rodagem sinuosa e
larga com 3428 metros de comprimento. A
remate soberbo para o soberbo
volta" por aí é
A fim de proseguir na excursão pelos
passeio da Tijuca. As perspectivas sucedem- arrabaldes do Rio de Janeiro, agora para o

se sem se parecerem,. Goleando a montanha,


lado Sul, será de bom método volver ao cen-
transitando sobre pontes, ora vendo o azul tro da CiUade, mesmo porque não ha comuni-
cambiante do mar, ora os verdes matizes da cação fácil de Oeste parã o Sul. ponto de O
selva umbrosa, chega-se ao nivel da Lagoa partida que se impõe é o Largo da Carioca,
Camorim que é comum a Jacarépaguá e á ainda não descrito.
Ga' ca
Aí começa a moderna Avenida Niemeyer, Largo da Carioca
outro esplendor entre a Gávea e Leblon, ex-
tremo Sul de Copacabana. E' dos mais antigos logradouros da Ci-
dade Cronologicamente, é o segundo, sendo
.

primeiro o que hoje se chama Praça 15 de


Novembro. Já houve aí um Forte, encostado
RIO COMPRIDO é o nome que o povo ao morro, voltado para a baía, defendendo o
antigamente deu a uma corrente de agua pro- povoado das sempre temidas invasões estran-
vinda de um contraforte do Corcovado. Rio eiras já houve aí um Cemitério de escravos,
;

Comprido cavou o seu leito de 4600 metros na por doação dos frades de Santo Antonio insta-
direcção Sul Norte, e despejava-se no Mangue. lados no morro. Chamou-se, então, "Campo
Estendeu-se o povoado ao longo do rio e ; de Santo Antonio". Onde estivera o Forte,
a Camara Municipal, em 1875, reconheceu o onde esteve depois o Cemitério levantou-se
Bairro do Rio Comprido. As propriedades em 1748 o Hospital da V. O. 3.^ de S. Fran-
foram se valorizando, subdividindo-se as fa- cisco da Penitencia, e aí permaneceu até
Rio de Janeiro 89

1905, erguendo-se no mesmo logar o vasto Carioca como originado de k-aa-ry-oy — pala-
edifício hoje existente, e cujo corpo central é vras tupis que significam "corrente do
.saída
ocupado pelo "Correio da Manhã". mato ou do monte".
Fronteiro a este acha-se o escritório Os capitães mores e governadores (jue se
d'«A Noite». sucediam na administração da Cidade bem
de-
Em redor do Largo da Carioca ha umas sejavam canalizar essa boa agua para o cen-
vinte Jojas com estabelecimentos, comerciaes. tro do povoado que dispunha somente
de ca-
O movimento de veículos e de peões é ininter- cimbas; não tinham, porem, meios de empre-
rupto. O meio do Largo é ajardinado, e no ender tão gr.uide obra. \-.n\ l(>72 o tk)vern(i
meio do jardim, entre cojiados oitis, brilha á da Metrópole autorizou verba j)ara es.se fim;
noite um lampadário. e em 1673 João da Silva e Souza, 32" Gover-
Domina o Largo do lado Sul a pesada nador do Rio de Janeiro, deu principio ao en-
construção de um chafariz, substituto de outro canamento do Carioca. Parece, entretanto.

OS ARCOS DA CARIOCA

bem mais elegante que trouxe o nome ao lo- que se não fez de tal verba uma aplicação ri-
gar porque a agua corrente de suas torneiras gorosa, porquanto só em 1700, vinda lá do

era a famosa agua do rio Carioca. alto, costeando o morro em calha de telhas,

Nasce este rio na Tijuca, acima das Pai- chegou a agua a um ponto que hoje se pode
neiras. Tinham fama de excelentes as suas indicar como principio da Ladeira de Santa
aguas. Rocha Pitta regista, como já vimos, a Thereza e das ruas Riachuelo e Evaristo da
tradição de que as aguas do Carioca "davam \'eíga. Aí em largo tanque. Daí,
se lançava

vozes suaves aos músicos e mimosos carões em barris, cântaros, potes e mais vasilhas, a

ás damas". Esse nome Carioca— apelida — criadagem transportava a linfa cristalina para

os naturaes da Cidade. Que quer dizer as melhores casas da Cidade de dez mil habi-
Cariocaf tantes .

Ha expHcações atribuídas a João de Lery, Havia promessa de aproximar mais do


Monsenhor Pizarro, Cónego Fernandes Pi- centro a agua preciosa; mas foi necessário

nheiro, Von INIartius, Adolpho Varnhagen, em antes reparar todo o aqueduto até as origens;
muitas parecendo que laborou a fantasia. Al- e sobrevieram as invasões francesas de 1710
e 1711 perturbando tudo. Por muitos anos
fredo do Valle Cabral, estudioso funcionário
que houve na Bibliotéca Nacional, optava pela quem quiz agua do Carioca mandou bu-ca-la
conjectura de Lery, que é dos mais antigos es- naquele ponto que era tido por "muito dis-
critores sobre cousas do Brasil, e admitia tante" do comercio e residências.
. :

90 Rio de Janeiro

O 60° Governador, Ayres de Saldanha Aí maior parte das impressões


se faz a
(1719-25) empreendeu levar a agua ao "Cam- oficiaes, o "Diário Officíal". Em
inclusive
po de Santo Antonio". Essa obra foi conclui- 1911 houve neste edifício um incêndio que
da em 1723. A presença do chafariz mudou, quasi completamente devastou oficinas e ar-
então, o nome ao local. quivos .

Em 1732 D. João V nomeou Governa-


A' Imprensa Nacional segue-se o velho
dor do Rio de Janeiro o intrépido militar Go- Teatro Li rico onde na segunda metade do
mes Freire de Andrade que depois foi Conde século XIX cantaram artistas da maior cele-
de Bobadella. Entre outros actos de sua bri- bridade.- Faz a esquina da rua Senador Dan-
lhante administração Bobadella reformou com- tas, e tem na sua frente o Lyceu de Artes e

pletamente o longo aqueduto de 8 kilometros Ofícios (n." 1 da rua 13 de Maio), antiga


no morro de Santa Thereza, e estendeu-o deste instituição Que gratuitamente dá ensino literá-
morro ao de Santo Antonio por cima de uma rio e artístico, e abre ao publico a sua biblío-
alta arcaria que construiu com a maior so- téca ; é oriunda da Sociedade Propagadora das
lidez. Só então ficou definitiva e perfeita- Belas Artes, e mantida com subsídios ofi-

mente canalizada a agua, ciaes. (^3^).


e inaugurado o cha-
fariz da Carioca.
Ochafariz de Ayres de Saldanha apre- Passeio Publico
seaitava traços e ornatos característicos do es-
tilo barroco; lançava agua por 16 carrancas Antes de nos utilizarmos de um bonde
de bronze. Bobadella conservou-o. Em 1830,
laçamos a pé o pequeno trajecto da Carioca
já no Império, foi demolido por apresentai ao Passeio Publico. Podemos faze-lo por 13
ruina. Improvizou-se, então, um de madeira
de ]Maio (i^S) ou, melhor, por Senador Dan-
até ser construído o actual, sem beleza alguma,
tes. Aquela yae encontrar-se com a Avenida
com 35 torneiras de bronze, e inaugurado em Rio Branco; esta, aberta em 1882, vae directa
7 de Abril de 1834. (136). ao mais antigo jardim da Cidade.
Existe o Passeio Publico desde 1783.
* Projectou-o o Vice Rei Luiz de Vasconcellos,
tendo em vista acabar com o Boqueirão da
Por do chafariz da Carioca abria-se
trás Ajuda, feio logar de despejos que infectava
aladeirada uma passagem
para o Convento e aquella beira-mar. ]\Iandou, então, arrazar o
igrejas de Santo Antonio e de S. Francisco ^lorro das Mangueiras que se elevava ali pró-
que lhe são contíguas. Parte dessa ladeira é ximo, onde corre hoje a rua Maranguape
agora leito da linha de bondes da Companhia (140) havendo com êle nivelado no Bo-
;

Ferro Carril Carioca que aí tem a estação ini- queirão uma area de 28196 m.2, incumbio o
cial de seu trafego para o morro de Santa IVIestre Valentim (i'*i) de aproveita-la com a
Thereza, ao longo do antigo Aqueduto, até sua graciosa habilidade de modo a oferecer ao
alcançar a E. F. do Corcovado, no Silvestre. publico um logradouro pitoresco e higiénico.
A Ferro Carril Carioca contorna por Leste E
assim se fez.
o morro de Santo Antonio, a 30 metros de Depois de por muitos anos ser ponto fa- <

altura, e como viaduto entre os


aproveita voríto de recreio e de refrigério para os mo-
dois morros o Aqueduto levantado no século radores da Cidade (i^^)^ depois de ter sido
XVIII Por lá andaremos
. teatro de solenes festejos populares e oficiaes,
A estação inicial desta linha de •
bondes o Passeio Publico entrou em decadência, e
tem o n.° 2 da rua 13 de Maio que começa no chegou a verdadeiro abandono. 1817Em
Largo da Carioca; e, logo, em seguida, v'ê-se tornou-se preciso amparar o terraço que
o grande edificio da Imprensa Nacional, es- desabaria solapado pelas ondas; e já se não
tilo gótico manoelino. (^^''). restabeleceu tal qual era. 1841Em foi o
No vestíbulo desse edifício ha uma la- Passeio Publico submetido a reformas, rece-
pide com a seguinte legenda bendo nesta ultima data o lago e o canal que
Sob Remado de S. M. o Senhor D. Pe-
o ainda hoje tomam 1825 ra.2 da sua superfície.
dro II foi começado este edificio a 26 de A
area platada é de 17637 m.2 Algumas
Agosto de 1874, sendo Ministro da Fazenda arvores são da primeira época. Moderna é a

o Visconde do Rio Branco; continuado e con- fonte luminosa no meio do grande gramado
central. Nas ruas do Passeio encontra-se a
cluído a 31 de Dezembro de 1^77, sendo Mi-
nist) o da Fazenda o Barão de Cotegipe. Plano gente com vultos conhecidos : O
poeta Gonçal-
e direcção do Engenheiro Dr. A. de Paula ves Dias (143), outro poeta. Castro Alves
Freitas. (144), e o jornalista Ferreira de Araujo, fino
!

Rio de Janeiro

-comentador das Coisas Politicas na "Gazeta l)iramides de granito cobertas de hera, dedica-
de Noticias" qne fundou e dirigio até a mor- das por N alentuii á "Saudade do Rio" c ao
te. (145). "Amor do Publico" — delicadezas do seu es-
pirito afectuoso: assim como o tanque eiicos-
Desde 1904 ha no Passeio Publico um tatlo ao onde a agua ha (juatorzc decé-
terrat;*)
Aquário com plantas e animaes da baía do Rio nios murmura, caindo das mandibulas de dois
de Janeiro. Das suas vinte piscinas quatorze, jacarés de bronze, também modelados pelo
encerram, geralmente, peixes, e as outras zoo- M<.">tre \'alentim. Xo alto desse taníjue, emer-
fitos, crustáceos, moluscos e quelonios. Ao la- gindo da folhagem que o reveste ainda se
do de cada piscina lia quadros com os nomes coL. crva em escudo de mármore o hrazâo he-

das espécies á vista. Entre os zoofitos ha sem- raldico do Capitão General de Mar e Terra
pre exemplares de Gorgonias róseas, varias Luiz de Vasconcellos e Souza.
actinias, ouriços, estrelas do mar, e algas ver- O terraço do Passeio Publico deixou de
ser uma varanda sobre as ondas (jue se
espre-
des em torno de cuja rama o cavalo marinho,
Hippocampiis Guftulatus, não raro passeia a guiçavam na areia; Desde 1905 foi o mar
dali afastado pela interposição da Avenida
sua interessante figura. Nas paredes das pis-
cinas, e sobre as grutas que servem de retiro Beira-Mar. Em 1921-22 ainda maior aterro .se

lhe formou na frente e, ao mesmo


tempo que
aos peixes proliferam colónias de briozoários,
:

levantava
vermes tubi:olo3, ostentando seas pe-ia:hos esquartejava o jardim, a Prefeitura
um edificio destmado a ser
branquiaes e retracteis, e atestando a excelên- no lindo belvedere
cia do meio artificial em que vivem. alugado para Casino
Recordando o periodo da nossa Historia
O Aquário é um instrumento de ensino
que o publico frequenta assiduamente, e por em que se fez o Passeio Publico ainda e.stá
de pé o Portão com as efigies de D.
Maria I
onde deve desfilar a mocidade das escolas ao
familiarizar-se com os primeiros rudimentos e de D. Pedro num medalhão de bronze dou-
H
escudo
rado, reverso do que ostenta o moderno
da Historia Natural. porque o
as n>unicipal. Não tem mais utilidade
Da primitiva factura do jardim são
92 Rio de Janeiro

jardim é todo aberto, retirado o gradil em do o Instituto Nacional de Musica, fundado em


1922. Em frente a essa antiga entrada inaugu- 1841 pelo Maestro Francisco Manoel da Sil-
rara a Prefeitura no dia 1 de Março de 1913 o va, inspirado autor do Hino Nacional. E' des-
busto do Mestre Valentim. Bem podiam agora tinado a formar instrumentistas, cantores,
recuar as pilastras, arco e medalhão do pórtico professores de Musica, ministrando-lhes,
invalido até onde está o busto : seria, ao me- além da instrução geral artistica, os meios
nos, moldura contemporânea do Artista. práticos de se habilitarem á composição, (l^").
O belo e amplo edificio do Instituto foi
Lapa começado em 1913, e concluído em 1922 por
diligencia do respectivo Director, Maestro
O Largo da Lapa é contiguo ao Passeio Abdon iNIilanez, e apoio do Ministro do Inte-
Publico, do lado Sul. Intensissimo é aí o mo- rior, Dr. Alfredo Pinto.

UM ASPECTO DO LARGO DA GLORIA

vimento de peões e veículos. Dá-lhe o nome a Gloria


igreja que aí existe desde 1760, chamada La-
pa do Desterro, e desde 1810 pertencente aos E' o nome de um bairro. E' o 7." Distrito
Carmelitas vindos do Convento do Largo do Municipal. Está ao Sul do Passeio Publico.
Paço. (146). \'em-lhe o nome da Ermida que desde 1671 se
ergue num outeiro muito gracioso, 61 metros
O Largo da Lapa não é de grandes di- acima do nível do mar.
mensões. Comunica-se com a Avenida Rio Um devoto, Antonio Caminha, ergueu
Branco pela rua do Passeio com a Ave-
; ali uma ermida a N.^^ S."* da Qoria quando o

nida Beira-Mar, contornando o lado Sul do morro inteiro se cobria só de arvoredo. Em


Passeio com a Gloria, ao Sul, pela rua da
; 1699 o Dr. Cláudio Gurgel do Amaral que era
Lapa e com os bairros de Oeste pelas ruas
; proprietário do outeiro ofereceu-o á Irman-
Maranguape e Avenida Mem de Sá. Tem ao dade da Gloria já então constituída; levantou-
centro um lampadário erguido em 1905. sc, então, no outeiro nova igreja alvejando no
Sob o numero 98 da rua do Passeio, mas maciço verde de vegetação que com mais altu-
já no Largo da Lapa, está desde 1911 instala- ra se prolonga para Sueste.
Rio de Janeiro
93

A construção oitavada que aíjora se vè é Xavier do Paula Isidora Midiaola Kapliaela


de 1714. Gonzaga, filha dt. 1'rincipe D. IVdn., neia de
E' linda a igreja, e linda a vista que de lá D. João \'I. (Juandu já era lm|)era(liir u nu-s-
se goza. Quando a Cidade não tinha outras
diversões o átrio da igreja da Gloria e o Pas-
seio Publico eram igualmente escolhidos para
recreios e pique-niques —
preferido o outeiro
em noites de luar.
. A festividade religiosa em homenagem á
Virgem efectua\a-se com toda a pompa no dia
15 de Agosto de cada ano; nunca lhe faltaram
com a sua assistência os vice reis e maioraes
da Cidade; era data de jubilo popular a festa
da Gloria.
A
Família Imperial teve- especial predi-
lecção por esta igreja, sendo levados ao altar
da Virgem os principes. assim que nasciam.

mi

O MONUMENTO DO A." CENTENARIO

mo D. Pedro levou ao altar da Gloria o Prín-


cipe que depois foi D. Pedro II. Este. cm 5 de
Abril de 1845. levou nos braços e colocou so-
bre o altar o Príncipe D. .A.fonso. seu primei-
ro filho. O segundo Imperador assístio ali ao
Te Deu-n da Maioridade. Todos osmanbros
da Família Imperial ouviam ali Mis.sa. e ofere-
ciam á igreja ricas alfaias.
O tesouro da igreja ainda é de grande va-
lia. A festa é que já não tem a irradiação de
outros tempos. (^•*^).
Ocentro principal do pequeno bairro é
o Largo da Gloria, aberto em 1858, no nível;
está hoje a 650 metros do Passeio Publico, pe-
la Avenida Beira-Mar.
São quasí paralelas e convergem no Lar-
go da Gloria a Avenida Beira-Mar e a rua da
Gloria, esta prolongamento da rua da Lapa.
A rua da Gloria corre em plano superior
O RELÓGIO DA GLORIA ao da Avenida o paredão que a sustenta é,
;

desde 1904, guarnecido por uma balaustrada


formando parapeito; é a mesma balaustrada
Com um mez e dias lá foi apresentada e bati- que até então circundava o jardim da Praça
zada, em 1819, a Princeza D. Maria da Gloria Tiradentes. No extremo Sul dessa balaustrada
Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca foi posta uma elegante coluna de 7 metros e
94 Rio de Janeiro

oO centímetros, com um relógio Kriissman A curta distancia vê-se a estatua do Vis-


de quatro mostradores luminosos. conde do Rio Branco. E' do Escultor francês
Na rua da Gloria destaca-se o edifício da Charpentier que a modelou e fundio. O grande
Escola "Deodoro". Sob o n.° 36 est?. o Escri- estadista, parlamentar e diplomata está repre-
tório principal da Leopoldina Raihuay. sentado com o uniforme de Senador do Impé-
rio. Sentado, descansa o braço direito em dois

livros que estão sobre uma pequena coluna:


A Convenção de 20 de Fevereiro e Colecção de
Leis do Brasil
\ —
1871. Encostada aos pés da
cadeira está uma
pasta com o dístico "Presi-
dência do Conselho de Ministros".

Na frente do pedestal que é de pedra de


Beloye (Jura) sobre base de granito brasilei-
ro, ha, em bronze de outra liga, uma figura de
mulher simbolizando a Historia que tem es-
crito numa taboa as palavras de Tácito Au- :

loritate constantia faina inquantam proeum-


brante imperatoris fastígio datiis clarus; e
está em atitude de ler o que acaba de escrever.
Inaugurado em 13 de Maio de 1902, re-

MONUM. DO 4.« CENTENARIO


r^FIQURA DE CABRAL

O Largo da Gloria na base \0. do outeiro,


mede 20.000 m2. Demolido em 1903, um ve-
lho Mercado que aí existio por muitos ano?
sem utilidade, mandou o Prefeito Passos fa-
zer em seu logar um belo jardim. Ha nesta
praça dois monumentos e uma fonte artística.
O
IMonumento do Centenario, inaugurado
em 1900, é do Prof. Rodolpho Bernardelli que
o projectou e executou por encomenda da As-
sociação do 4-" Centenario do Descobrimi^nto
do Brasil está sobre pedestal granítico de 4,
;

metros de altura consta de um grupo de bron-


;

ze :

Pedro Alvares Cabral, Comandante da
Frota que aportou ao Brasil em 1500. tomai" MONUM. DO 4° CENTENARIO
posse da terra para a Coroa de Portugal —
FIGURA DE CAMINHA
Pero Vaz de Caminha, Escrivão da Frota, e
cuja carta narrativa é a primeira pagina da corda este monumento a obra do Diplomata,
Historia do Brasil. —
Frei Henrique de Coim- em 1865, e a do Parlamentar que consagrou á
bra, Capelão da Frota, celebrante da 1.^ Mis- Abolição uma grande parte da sua energia cí-
sa na terra descoberta. A
altura total do mo- vica, defendendo o Projecto de Lei que apre-
numento é de 10 metros. sentara como Ministro de Estado, e que, pro-
Rio DE Janeiro
95

mulgada em 28 de Setembro de 1871, declarou muno que atesta a amizade luso-brasileira -


livres os filhos de mulher escrava.
solidariedade na dôr, solidariedade na ale),'ria,
'

solidariedade até nas reformas e enibelf.-.mK •

A Fonte Artística foi oferecida á Cidade to da Capital da Republica.


'o Rio de Janeiro pelos industriaes portiu A inauguração da Fonte .Xrtistici n.ui-
Srs. Adriano Ramos Pinto & Irmão. zou-se no dia 24 de Fevereiro de l^KX). pcraiue
Porque estivesse ocupado com outras
obras o escultor portuense, Teixeira Lopes,
com quem contavam, recorreram os ofertantes
ao Salon de Paris (1904), e optaram por
uma tmqiícttc do Escultor parisiense Eugene
Thivier. Adquirido em Guarcetta, Itália, um
bloco de mármore de 37 toneladas, o cinzel do
Artista empregou r.ove mezes em franjar de
estalactites o enrocamemo de uma cascata pi-
ramidal, e em fazer resaltar das anfractuosida-
des cjue cavou tres fortes vultos femininos em
posições diversas e gestos graciosos. No ápice
da pirâmide ha um cupido cujo rosto encanta-
dor fica á altura de 7 metros do plano do ja'-
dim. Ao Arquitecto Bau'.-.iin coube o trabalho

FONTE, NO JARDIM DA GLORIA

O Chefe do Estado, o Prefeito Municipal, Mi-


nistros, Professores, Magistrados, Militares e
grande multidão.

No Largo da Gloria, formando uma esqui-


na da rua Benjamin Constant, está o Palacio
"S. Joaquim", construido em 1913, para resi-
dência do Cardeal Arcebispo do Rio de Ja-
neiro.
O terreno mede 76 metros pela rua da
Gloria, onde se abre o portão principal sob o
n.° 106, e mede 92 metros pela rua Benjamin
Constant, guardando a forma trapezoidal. Aí
MONUM. DO 4.» CENTENARIO
FR. HENRIQUE esteve, no Império, a Secretaria de Estrangei-
ros. O risco do palácio é do Arquitecto Heitor
de Mello. Custou cerca de mil contos.
de adaptar a formosa composição de Thivier ás
condições de fonte- Catête
Um membro da Firma ofertante, e um
especialista da confiança do Escultor, vieram A rua do Catête é, também, das mais an-
ao Rio de Janeiro colocar neste logar o belo tigas da Cidade.
:

96 Rio de Janeiro

Começa no Largo da Gloria, metendo-se Manoel Ferraz de Campos Salles (3.° Pre-
entre ela e a Avenida Beira-Mar o outeiro da sidente) 1898 a 1902;
Gloria, matizado de habitações. A
rua do Ca- Francisco de Paula Rodrigues Alves (4:°
tête é sinuosa, larga, asfaltada, bem edificada e Presidente) 1902 a 1906;
de grande trafego. Correm por ela os bondes Affonso Augusto Moreira Penna (5.°
e mais veículos que se dirigem a Laranjeiras, Presidente) 1906 a 1909, e Nilo Peçanha (Vi-
Gávea, Copacabana ou desses pontos para o ce Presidente) 1909 a 1910;
centro de comercio. Hermes Rodrigues da Fonseca (6.° Presi-
Ruas transversaes dão para a Avenida dente) 1910 a 1914;
Beira-mar (Leste) e para os morros de Santa Wenceslau Braz Pereira Gomes (7." Pre-
Thereza e Nova Cintra (Oeste). sidente) 1914 a 1918;
Sob o n." 2 está o Asilo "S. Cornélio" de
que trato adeante.
Na rua Santo Amaro que principia entre
os ns- 22 e 26 da rua do Catête acham-se os
edifícios hospitalares da Sociedade Portuguesa
de Beneficência, Estabelecimento notável.
Fundou-o em 1840 o espirito de Caridade
'

da colónia portuguesa. O Ministro de S. M.


Fidelíssima a Rain|,ia D. Maria II, o Cônsul, o
Vice Cônsul de Portugal, comerciantes de pres-
tigioempenharàm-se na iniciativa. Distinguio-
se nesse esforço o negociante Hermenegildo
Antonio Pinto, generoso, infatigável, promo-
vendo subscrições, acudindo' com socorros
aos infelizes acossados pelas epidemias, e sem-
pre alentando a projectada construção do Hos-
pital.Só em 1854 foi possível comprar terreno
de 70 X 80 metros, na rua Santo Amaro; mas,
pago o terreno, não havia dinheiro para a
obra! O carinho já manifestado pela Sociedade
aos compatriotas indigentes que adoeciam já
lhe conquistara simpatias geraes. O grande
actor brasileiro João Caetano oferecera-lhe o
beneficio de 12 espectáculos, mas somente pou-
de realizar tres por causa do 2P incêndio do
Theatro S. Pedro de Alcantara. Outras em- PALACIO DO GOVERNO
presas de diversões se interessaram pela So-
ciedade Portuguesa de Beneficência. Afinal
íançou-se a primeira pedra do Hospital em 19
Delfim Ribeiro da Costa Moreira (Vice \
de Dezembro de 1853. Vencidas todas as difi- Presidente) 1918 a 1919, e Epitácio da Silva
'

culdades foi solenemente inaugurado o edifício


Pessoa (8.» Presidente) 1919 a 1922.
em 16 de Setembro de 1858 e está franqueado
;
Dr. Arthur Bernardes (9." Presidente)
aos sócios enfermos desde 7 de Janeiro de desde 15 de Novembro de 1922.
1859. (149).

Na
esquina das ruas do Catête e Silveira
No 1° pavimento do Palacio faz-se; toido o
expediente de Secretaria e audiências pubHcas.
Martins a Prefeitura construiu em 1904 a
No 2." pavimento ha salões de estilos pompeia-
Escola "Rodrigues Alves".
no, veneziano e mourisco, destinados a solenes
A seguir está o Palacio da Presidência,
recêpções, banquetes, etc. o terceiro pavimen-
;

antigo solar dos barões de Nova Friburgo,


to é dos aposentos particulares do Presidente
construído em 1862, e próprio nacional desde (i^^).
ém exercício,
1896 para residência do Chefe do Estado. Já
Dos fundos do Palacio até a Avenida Bei-
nêle residiram como presidentes da Republica
ra-Mar, numa extensão de 250 metros, corre
os seguintes cidadãos
um belo parque de largas ruas e guarnecido de
Manoel Víctorino Pereira (Vice Presiden- moitas, gramados, canteiros floridos, escultu-
te) e Prudente José de Moraes e Barros (2." ras, fontes, lagos, repuxos, e alto mirante, no
Presidente) de 1894 a 1898; extremo, para um lance d'olhos sobre a baía,
Rio de Janeiro
97
*
ficou servindo para desij^iar
o local, c .linda
hoje não está esquecido. "Açougue
do Maclia-
Sob o 237 da rua do Catête está o
iv" do". Campo do Machado", "I^irgo
do Ma-
Instituto Vacinico
Municipal, fundado pelo
Dr. Pedro Affonso Franco, iniciador da cul-
chado", precederam a denominação actual —
tura da vacina animal no Brasil. Tem a seu
cargo a cultura da linfa antivariolica que for-
nece aos médicos do Distrito Federal e ás auto-
ridades sanitárias dos Estados que a requisitem.
Importava do Instituto Pasteur de Paris, e dis-
tribuía, também, o sôro anti-difterico de Roux.

Sob o 243 está a Faculdade de Direi-


n."
to pertencente á Universidade do Rio de Janei-
ro. E' seu director o Conde de Affonso Celso.

Praça Duque de Caxias

Entre os ns. 288 e 296 da rua do Catête


abre-se para o lado ocidental a Praça Duque
de Caxias.

ESTATUA DO DUQUE DE CAXIAS

homenagem ao prestigioso militar que dirigio


a vitória das armas do Brasil na guerra con-
tra o Ditador do Paraguay.
Em 1810 foi demarcado e alinhado o
quadrilátero com uma super ficie de 15269
m.2, enfileirando-se nos dois lados. Norte e
Sul. construções de modesta arquitectura.
Em 1872 concluia-se a igreja paroquial
que ai se vê entre as ruas Laranjeiras e Car-
valho de Sá. Nesse mesmo ano fez-se o ajar-
dinamento do meio da praça: 7050 m.2 li-
mitados então por um gradil que foi retirado
em 1903.
Em 1875. do lado N., entre as ruas Catê-
te e Bento Lisboa, inaugurou-se, já como Es-
cola Municipal, o belo edificio em que está
funcionando a Escola Modelo "José de
Alencar" Em 1899 foi solenemente
inaugurada no centro da praça a estatua
AIATRIZ DA GLORIA
equestre do Duque de Caxias, bronze magni-
fico do Prof. Rodolpho Bernardelli.
O século XVIII ainda deixou pân-
aí um O elegante monumento eleva-se a 9 me-
tano. Quando aterraram p pântano já existiam tros acima do nivel do sólo. Feito com o
pro-

do lado do Nascente umj)redio e um açougue duto de subscripção publica, recorda o


uma
de cujo proprietário o apelido — Machado —
'

valor politico e militar de Luiz Alves de Lima


98 Rio de Janeirc

e Silva, nascido em 25 de Agosto de 1803, pra- Ministro da Justiça no Gabinete 16 de Julho


ça aos 5 anos por graça especial; Alferes aos de 1868. A
sua obra romântica conserva-lhe o
15. Em 1821, com o curso da Real Academia nome na memoria das gerações, e deu razão
Militar, foi promovido a Tenente, posto em para este monumento que o Escultor Bernar-
que dois anos depois já tomou parte na cam- delli modelou e fundio. A figura representati-
panha da Independência. Passou a existência va do ilustre brasileiro está sentada numa pol-
em sucessivas comissões de responsabilidade trona; e o pedestal oferece quatro faces onde
militar, dentro e fóra do paiz, obtendo sem- foram embutidos baixo-relevos do mesmo ar-
pre triunfos. Chegou uma época em que a sua tista representando scenas do Giiara-ny, Serta-
espada era garantia do Trono e da Familia nejo, Iracema c Gaúcho —
creações do roman-
Imperial. O povo admirava-o, o Monarca dis- cista.
tinguia-o. Senador desde 1845. Comandou em
chefe os exércitos de tres nações aliadas con-
tra o tirano do Paraguay. Foi tres vezes Mi-
nistro da Guerra, sendo na ultima Presidente
do Conselho. Grande cidadão. Faleceu em 7
de Maio de 1880 (152).
Na Praça Duque de Caxias começa a rua
das Laranjeiras, extensa, sinuosa, com alguns
trechos bem largos, toda edificada, e com for-
mosas vivendas no meio de pomares (i^^).
Nessa rua merece menção a "Maternidade",
estabelecimento oficial de assistência ás mu-
lheres gravidas até final delivramento funda-
;

da em 1904, mantem-se irrepreensivel como


mstalação, e inexcedivel em benemerência.
Adeante, sob o n.° 232 está o "Instituto dos
Strrdos Mudos", fundado em 1857 para ins-
trução literária c profissional. Digna também
de nota é a Fabrica "AUiança" de tecidos de
algodã®, com sua vila operaria. Em prolnnga-
mento á rua das Laranjeiras segue-se a rua
Senador Octaviano; e lá, sob o n.° 151, acha-
se a estação inicial da Estrada de Ferro Cor-
covado, de que nos utilizaremos.
^ 1

Praça José Alencar ESTATUA DE JOSÉ DE ALENCAR

Finda nesta praça a rua do Catête, com o


*
comprimento de 1375 metros desde o Largo
da Gloria.
A Praça José de Alencar está nivelada Desta praça irradiam quatro ruas, sem
sobre um trecho do rio Catête, Carioca ou das contar a do Catête Barão do Flamengo que
:

Caboclas (o mesmo rio das Laranjeiras a que vae encontrar a Avenida Beira-mar; Senador
se refere Mrs. Maria Graham). Até 1850 hou- Vergueiro e Marquez de Abrantes que dão na
ve aí uma ponte construída por uma empre- mesma Avenida em Botafogo e Conde de ;

sa que cobrava pedágio, por isso largos anos se Baependy que corre em direcção oposta á
chamou ao logar "Ponte do Catête"; depois Barão do Flamengo.
"Largo do Catête", até 1897 em que nêle se Nas ruas Senador Vergueiro e Marquez
ergueu a estatua de José de Alencar. de Abrantes, asfaltadas ambas, nada ha de ne-
José Martiniano de Alencar nasceu no tavel : Pitorescas residências, bem cuidados
Ceará a 1 de Maio de 1829. Faleceu no Rio jardins, e um
grande trafego de veículos. For
de Janeiro em 1877. Foi jornalista, politico, ro- elas passam os bondes da Praia Vermelha. Le-
mancista e dramaturgo. Exerceu, também, o me, Ipanema, Humaytá, Largo dos Leões,,
Magistério como lente de Direito Mercantil Jardim-Leblon e Gávea, que cruzam Botafo-
no Instituto Comercial. Foi varias vezes go. Prefiramos, porém, chegar a este bairro
Deputado á Assembléa Geral Legislativa, e percorrendo a Avenida Beira-mar.
Rio DE Janeiro

Avenida Beira-mar. Freitas, em frc-nte ao Syllogèu Brasileiro-

Saindo da Avenida Rio Branco ou \indo Augusto Teixeira de Freitas nasceu na


do Pharoux, eis-nos deslizando, em automóvel, Bahia, a 19 de Agi.sto de 1816. Foi
grande cul-
por essa via luminosa, contorno gracil dos ar- tordas letras jurídicas, tratadista abalizado.
rabaldes do Sul. Faleceu em Niterói a 12 de Dezembro de 1883.
A sua estatua foi inaugurada no l-;irgo de S.
Domingos (Avenida Passos) a 8 de .Ago^to de
1905, c trasladada para a .\vonida Heira-niar
em 20 de Março de 1910.

Scguom-se a Balaustrada da (iloria, o


Relógio, o Jardim com um airoso pavilhão
para musica. O
Outeiro verde esmaltado dc
construções realça a paisagem. Dilata-se a
Avenida numa planicie relvada. Estreita-se a
Avenida entre o mar e uma ponta <lc pedra
que é aba do morro. .Aqui a Prefeitura, cm
1908, aproveitou muito bem ligeiro acidente
de nivel para uma obra ornamental comemora-
tiva da abertura dos portos do Brasil, cm 28
de Janeiro de 1808. (155).
Sobre a rocha, em 1921-22, o bom gosto, a
coragem e a Engenharia, associados, levanc;»-
ram um hotel de excepcional posição.
Arborizada sempre; ás vezes com 70 me-
tros de largura, nunca menos de 33; semjjre
com duas vias para carruagens e uma terceira,
entre elas, para cavaleiros; sempre adornada
com grupos de folhagem, com vasos artisticos,
com esculturas em mármore, com esbeltas pal-
meiras virentes, segue a Avenida orlando a ter-
ra, orlando o mar, oferecendo, de espaço a es-
paço, assento aos transeuntes para que se de-
morem a contemplar o scenario de esplendores.
Domina, de repente, o transeunte a estatua
de Barroso, Barão do Amazonas, o legendário
marinheiro —Nelson sul-americano heroe —
sagrado na Batalha do Riachuelo.
Francisco Manoel Barroso da Silva, nasceu
ESTATUA DO ALMIRANTE BARROSO em Lisboa a 29 de Setembro de 1804. Vindo
com sua familia para o Rio de Janeiro, aqui se
A' esquerda sempre o mar o mar medi-
; achava estudando na Academia dos Guarda-
terrâneo que iludio os primeiros navegadores, marinhas quando se proclamou a Independên-
parecendo-lhes um rio; o mar, braço enorme cia; aqui ficou; e a 7 de Abril de 1824, com a
do Atlântico, envolvendo num eterno ample- Academia, jurou servir o Brasil. Não jurou em
xo a cidade mais garrida dos trópicos ameri- vão. Realmente, foi um marinheiro brioso e la-
canos. borioso. Tomou parte em muitas acções milita-
A Avenida que vamos percorrer põe li- res, e exerceu o 2°. comando da Academia
de
mite ao mar e põe limite á terra. E' uma orla Marinha. Em 1 1 de Junho de 1865 foi heroe
^itorioso no Rio Paraná, frente a
Riachuelo:
transitavel que separa duas imensidades. Foi
construida em 21 mezes, contados desde Ja- De bordo da Fragata Aimzonas, comandando
neiro de 1905. Vamos percorre-la devagar. em chefe a esquadra brasileira, derrotou ''om-
São 5200 metros desde a Avenida Rio Branco pletamente a inimiga que lhe era super- .i em
até Botafogo forças. O Imperador deu-lhe então, o titulo de
Barão com Grandeza. Faleceu em Montevideo
no ano 1879. Os seus ossos for t-nzidos para
.i
Deixando á direita o Passeio Publico lo-
o Rio em 1908, e co'oc..(los na cn\A deste mo- \
go se nos depara a estatua de Teixeira de

\
100 Rio de Janeiro

numento inaugurado ali dejunho do mesmo drão de heroísmo, bronze admirável, oferecido
ano. pelo Governo do México ao celebrar-se o 1.°
Sobre uma coluna de granito, alta de 8 Centenario da Independência Política do Bra-
metros, está de pé o Almirante, na atitude em sil. Foi ali inaugurado este monumento em 16

que a Historia o surpreendeu sobre o passa- de Setembro de 1922.


diço da Amazonas. No pedestal estão figura-
dos atributos de marinha; e, em medalhões do *
mesmo bronze, as efígies de comandados seus,
valentes defensores do pendão auri-verde na
Na Avenida Oswaldo Cruz destaca-se a
mesma jornada belicosa. A
obra de Arte é
residência Martinelli, nome de um industrial
do Escultor Corrêa de Sá. nossa praça ueempregou grande capi-
e ali

tal. Nessa mesma Avenida funciona desde 6


* de Dezembro de 1907, a Escola Barth, memo-
ria de um comerciante grato ao Rio de Ja-
Avançando, achamo-nos, depois de uma neiro.
curva suave, entre o Parque do Palacio do Gro- Alberto Barth nasceu a 6 de Dezembro de
verno e um trecho de ponte construído para 1840, na cidade suíssa Stein, sobre o Rheno,
serviço do Presidente. onde se instruio. Praticou em Paris no comer-
Do outro lado da baía o inalterável aspe- cio de fazendas, e de lá veio, em 1860, como
cto dos montes orientaes que já os tamoios "vi- empregado de uma casa de que depois foi aqui
ram assim, de irregulares contornos, verdes de sócio e gerente. Era de grande capacidade in-
um mesmo tom, sobrepostos e contrapostos, a Realizou fortuna. Em
telectual, activo e probo.
limitar o horizonte. A distancia não deixa per- principio de 1906 encerrou os seus negócios,
ceber o recorte das formosas enseadas; mas e foi para a sua terra natal onde faleceu a 27
avísta-se bem a fita alvacenta das praias que de Outubro. Já tinha feito apreciável donativo
bordam aquêle litoral. para o Hospital de Crianças de que dou no-
AFortaleza de Santa Cruz, longe, no ex- ticia mais adeante. Em testamento legou á Mu-
tremo Sul desses montes aglomerados a Leste, nicipaHdade do Rio de Janeiro 150.000 fran-
assinala a Barra; outros montes continuam cos destinados á construção de um edifício
barra fora o relevo da costa. Outros fortes se próprio para escola. O Prefeito Passos em-
divízam ainda. O
olhar perde-se no Oceano, pregou o legado neste edifício que importou
onde, não raro, um toque de fumaça marca a em 122:608$000, e, imortalizando o doador,
posição longínqua de^ um imperceptível trans- mandou escrever na frontaria "Escola Barth".
atlântico.
Avançando pela Avenida Beira-mar, go- *
zando o que nela se vê e o que dela se vê, no-
tamos que a Península de S- João, como se A curva da Avenida contornante do mor-
corresse para Leste, nos fecha a Barra á vis- ro é'logar formosíssimo; o scenario é mages-
ta, e tira-nos a perspectiva do mar
imenso. A toso, e o descortino amplo, desde o seio da En-
mole do Pão de Açúcar (395 metros) domina, seada de Botafogo até o interior da baía, até a
então, o scenario com seu contraforte granítico Serra dos Órgãos.
da Urca (224 metros). O morro da Viuva O colossal Pão de Açúcar amesquinha tu-
(77 metros) tapa a nossos olhos a Enseada de do ali, em redor. Admira-se a ousadia do carro
Botafogo. (1^^). aéreo que o atinge deslizando entre o céo e a
Bifurca-se aqui a Avenida Beira-mar. O terra, espelhando-se na claridade do mar. Re-
o
Prefeito Passos não se afoitara a contornar brilha ao Sol o casario da vila na Fortaleza de
morro de granito: Em
vez da curva convexa S. João. Parece de um lago a vasta superfície
preferio uma corda, uma recta de 220
metros lizadas aguas se as encrespa um sudoeste nada

;

KE-SO —
a Avenida Oswaldo Cruz, li-
perde o espectáculo, novos coloridos se ofere-
gando Flamengo a Botafogo. Dezeseis anos cem, e novos efeitos de luz. O olhar oscila en-
depois, 1921-22, o Prefeito Carlos Sampaio
em tre o concavo da Enseada de Botafogo e a am-
resolveu proseguir na beira-mar, contornando plidão da baía de Guanabara. Ao Sul, e do ou-
metros, e
o morro com uma bela cur^-a de 759 tro lado da Enseada, avultam a Faculdade de
oferecendo novos encantos aos que passeiam Medicina, o Ministério da Agricultura, o Insti-
pelo Rio de Janeiro. tuto Benjamin Constant, o Hospital de Alie-
Quando se bifurca a Avenida ergue-se nados ao Norte, e pela baía dentro, avístam-se
;

graciosa e potente, gesto audaz, talhe magní- ao longe a Esplanada da Exposição, Vilega-
fico, a estatua de Cuhautemoc, mexicano pa- gnon, a Ilha Fiscal, uma floresta de mastros.
Rio de J.\neiro
101

e a Serra dos Órgãos. Passam perto enor- seis milhões de de agua, domina-?e o
litros
mes transatlânticos e barcos veleiros, lanchas a panorama :
Ao
Ocidente o Corcovado (704
vapor, canoas de pesca e frágeis embarcações melros), ao Oriente o Pão de Açúcar (395
de regatas. A
brisa beneficia o ambiente, acari- metros) entre os dois, lá, de Leste para Sul.
;

cía-nos a pele; o silencio é sedativo dos a Babilónia (239 metros) e outros morros
nervos. Goza-se aqui uma hora feliz, agra- sucessivos que nos ocultam o Oceano; e, ao
decendo a Deus tanta beleza, e louvando longe, ao Sul, truncada, escalvada, a pedra
os homens pelo talento de aproveitá-la. inaccssivol (jue tem o nome de Gávea (841
metros).
Botafogo Botafogo é um dos muitos vales por on-
de a Cidade se infiltra e se alastra. Foi ba-
Estamos na Enseada de Botafogo, (i»"), cia dos rios Berquó e Banana Podre, hoje
Dir-se-ia que desembocamos num lago. Cir- canalizados; fez-.se nivel, demoradamente,

ENSEADA DE BOTAFOGO. VISTA DO MORRO DA VIUVA

cundam-nos, em amfiteatro, as montanhas co- por aterros que, afinal, foram reduzindo o
bertas de vegetação- Numerosas vivendas bor- âmbito da Enseada. O bairro é limitado ao
dam, á distancia, a linha da Enseada. Entre as X. pelos morros Mundo Novo e Viuva, a
casas e o parapeito da Avenida estendem-se, Leste pela Enseada; ao Sul pelos morros que
ourvilineos, a rua antiga asfaltada em 1913, separam Botafogo de Copacabana; a Oeste
os passeios cimentados, os verdes gramados, pela garganta da Piassava e o maciço do Cor-
e tres caminhos paralelos, dois para veicul''s covado. Da Avenida Beira-mar ao Alto da
e um para cavaleiros, tudo obra de 1906. Piassava (L. O.) mede 2240 metros: pela rua
A Arquitectura nesta parte da Aveni ^Ia Real Grandeza (N. S. mede 1500 metros.
)

contornante da Enseada não oferece, ainda, Segundo o Anuário dc listatistica Mu)xicipal


o aspecto que oferecerá, naturalmente, quaii If- a a^rea de Botafogo está avaliada
em metros
se tiverem reformado todas as velhas con- quadrados 4.092.000.
truções. Vale-nos, por ora, a pompa do sce- .Aqui onde nos achamos, destacam-se o
nario em que a mão da natureza modelou ma- matiz das edificações, o mosaico dos jardins
a quadrupla via arborizada; e scintilaTn as
ravilhas.
Subindo ao Morro da Viuva, 77 metros aguas da Enseada ás vezes frizadas por em-
c!e í.ltitude, séde de um Reservatório para barcações de recreio. Para Sul e Oeste, até
102 Rio de Janeiro

o sopé das montanhas, e, ás vezes, escalando- 200$000; por morte de D. Pedro I, a quem
as afoitamente, segue o compacto das habita- couberam palacete e terreno, tudo foi vendido
ções, abrigando nada menos de quarenta mil por 47:000$000 ao estadista e diplomata Mi-
habitantes. guel Calmou du Pin e Almeida, Marquez de
No encontro da Avenida Beira-mar Abrantes, que o habitou até falecer, em 1865,
com o prolongamento da Avenida Oswaldo vindo depois a pertencer ao Barão do Catête e
Crs/. está o busto, em bronze, do Almirante Visconde de Silva q^ue casara com a Marqueza
Marquez de Tamandaré — Joaquim Marques viuva. Já pertencia a herdeiros dc Visconde
Lisboa, que nasceu no Rio Grande do Sul em quando foi demolido, em 1919, e dividida a
13 de Dezembro de 1807, e faleceu nesta Ca- propriedade do terreno, (i^^).

OUTRO ASPECTO DA ENSEADA ,DE BOTAFOGO

pitai em 20 de Março de 1897. Foi Grande do


Império, exemplar de nobreza, vulto respei-
tável da nossa Marinha de Guerra. iniciati- A Sobre os gramados encontram-se obras
va do monumento foi do Club Naval; a escul- de Arte, em mármore, lindas, como a Poesia
tura é de Benevenuto Berna. das Ruinas, de J. Magrou. Sobre o mar de-
bruça-se, lá adeante, um varandim de ferro
que o Prefeito Passos mandou construir para
acomodação dos espectadores de regatas e de
Pouco adeante, entre moitas de verdura, outros divertimentos que se realizam na En-
'

e voltado para uma clareira, ha um teatri- seada.


nho, Guignol, que faz a delicia da criançada A arborização de copa de verde as
oitis

nas tardes estivaes. longas aleias da bela Avenida-


Antes que se apague da memoria de to- Um busto do Prefeito Passos, esculturado
dos seja dito que na esquina da rua Marquez e fundido pçlo Prof. Bernardelli, aí se vê no
de Abrantes (lado impar) existio um palacete meio de banquetas floridas. Foi inaugurado
construído para residência de verão (1815-21) em 1 de Agosto de 1916, a expensas do Sr.
da Rainha Carlota Joaquina, esposa de D. João Antonio Ribeiro Seabra, do Comercio desta.
VI. O terreno (200Ô m^) custara, então. Praça.
Rio de Janeiro

E' notável o facto de haver na Cidade tres Pedreira do Pasmado que tem recua.!., desde
bustos do saudoso Prefeito: um na area cen- a l)eira-mar. dando passagem a veicuKw. o

tral do edificio da Prefeitura, ai levantado
por iniciativa dos funcionários municipaes;
dando espaço para construções. W
sc está le-
vantando a nova sede da Policlínica de H.ita-
outro á porta de um estabelecimento comer- fogo. (159). Logo em seguida é a Praia da
cial da rua 1." de Março, homenagem dos res- Saudade.
pectivos proprietários ao venerando cidadão
que tanto bem fez á Cidade; este, de Botafo- primeiro grande edificio que sc vê é
C)
go, ainda de origem particular, está no ponto o Hospital de Alienados, íundatio eni 1841,
em que a 15 de Novembro de 1906, quando o inaugurado em 1852,e que ocupa 140000 m^.
Dr. Passos deixava a Prefeitura, se lançou a de chão, com uma fachada de 200 metros. No
Pedra fundamental do monumento que a Ci- corpo centra! do pavimento inferior observa-
dade lhe devia. Ele assistio á solenidade, e as- se a Ordem Dórica, tal como se vc no Teatro

EXTERIOR DO EDIFÍCIO DA FACULDADE DE MEDICINA

sinou a Acta que então se lavrou; oficialmen- Marcélo, de Roma; o pavimento superior, na
te, porém, nada mais se fez ! Ordem Jónica, é reprodução do tempo de Mi-
Vêm da Avenida
ter a esta concavidade nerva Poliada, na Grécia-
Beira-mar as ruas Senador Vergueiro e Mar- A organização e funcionamento deste

quez de Abrantes; a rua Farani que dá para Hospital sempre mereceram o elogio de alie-
uma pequena rêde de edificações e comunica nistas notáveis que o têm visitado.
Botafogo com Laranjeiras; as ruas Marquez Com o nome de "Hospicio D. Pedro 11"
de Olinda e D. Carlota que terminam nas ruas pertenceu á Irmandade da Santa Casa da Mi-
Assunção e Bambina; e as ruas S. Clemente, sericórdia até 1890, quando se lhe anexou a
Voluntários da Patria e Passagem, grandes Colónia de Alienados da Ilha do Governador.
artérias do populoso bairro. Em 1911 foram separados os sexos, ficando
os homens na ilha e com as mulheres se cons-
;

tituio nova colónia que foi higiénica e ampla-


* mente instalada no Engenho de Dentro. O
conjunto destes tres estabelecimentos que a-
Proseguindo na Avenida passa-se pelo brigam mais de 2000 indivíduos forma a As-
Munici- sistência Medico Legal de Alienados, de
que
Pavilhão Mourisco, construido pela
é Director o ilustre psiquiatra
Dr. Juliano Mo-
palidade, e pelas sédes dos clubs de regatas
"Botafogo" e "Guanabara"; flanqueia-se a reira.
104 Rio de Janeiro

Depois vê-se o Instituto Benjamin Cens- O outro grande edificio é a Faculdade de


tant, fundado em 1853 destinado á educação Medicina, parte integrante da Universidade
dos cegos. O terreno de 2216 m2. foi ofereci- do Rio de Janeiro fundada em 1920. Tem his-

AREA CENTRAL DA FACULDADE DE MEDICINA

do por D. Pedro II; só uma parte do edificio toria já bem longa este estabelecimento de en-
está concluida. O titulo que ostenta é de urri sino medico.
antigo professor do Estabelecimento, depois
seu Director —
General Benjamin Constant, Quando o Capitão General de Mar e Ter-
um dos fundadores da Republica. ra Luiz de Vanconcellos e Souza assumio em
A matricula é de 130 individues, compre- 1779 as funções de Vice Rei do Brasil obser-
endendo ambos os sexos. A assistência aos ce- vou e comunicou logo á Metrópole que no Rio
gos é aí a mais perfeita, havendo aulas e ofici- de Janeiro havia apenas quatro médicos para
nas em que se lhes cultiva a inteligência e se unia população de 30.000 habitantes. O
Go-
lhes estimulam as aptidões; ao mesmo tempo verno autorizou-o, então, a entender-se com a
que se lhes proporcionam divertimentos com- íklunicipalidade que escolheria quatro dos me-
pensadores -do seu- infortúnio. Dirige este Es- lhores estudantes para irem a Coimbra com-
tabelecimento o Dr. Mello Mattos. pletar seus estudos, a expensas do Estado; e
.

O Ministério da Agricultura, Industria e tal foi a pratica até 1808 quando a Família
Comercio, creado em 1910, acha-se em mages- Real se mudou para o Brasil. Chegando á
toso edificio que ha muitos anos se principiara Bahia o Príncipe D. João, Regente do Reino,
para Universidade, e que, em 1908, se concluio logo se apressou em crear uma Escola de Ci-
para a Exposição Nacional. Ai funcionam as rurgia, anexa ao Hospital Militar; e, quando
directorias do Serviço Geológico e Mineraló- no Rio de Janeiro, igualmente anexou ao Hos-
gico, Inspecção e Fomento Agrícolas, Prote- pital Militar uma Escola Anatómica, Cirúrgi-
cção aos índios, Postos Zootécnicos, Patrona- ca e Medica —
5 de Novembro de 1808.
tos. Agrícolas, Povoamento do Solo, Estatísti- Esta foi a origem da actual Faculdade de
ca, etc. Medicina.
Rio DE Janeiro 105

Não tardou que as necessidades exigissem mento. A' Congrega<;ão de seus professores,
o desenvolvimento deste Curso; em 1813 deu- aos seus directores sucessivos oprimia a ne-
se-lhe nova organização passando algumas au- cessidade de uma mudan(;a para instaiaçio
las afuncionar em salas do Hospital da Irman- ampla definitiva e capaz; mas falhavam os
dade da Misericórdia, na Praia de Santa Lu- recursos e a boa vontade dos governantes. Foi
zia mas só pelo Decreto de 9 de Novembro de
; o ilustre Professor e Director. Dr. Aloysio de
1826 que creou a Escola Medico Cirúrgica, Castro — filho de outro estimado Director, e
elevando o Curso a cinco anos, foi conferido erudito Professor, e notável clinico, o fale-
diploma de Medico aos estudantes que fossem cido Dr. Francisco de Castro, —
(luem con-
aprovados em todas as matérias seguio meios de dar a Faculdade instalação
Em 1831 a Regência Inifierial reorgani- condigna, arrancando-a do feio recanto onde
zou tanto a Escola do Rio de Janeiro como a tudo lhe contrariava o progredir, sem, aliás,
da Bahia, passando a seis anos o Curso. Em im])cdir (|ue fulguras.sem docentes e discentes.
1832 as duas receberam o nome de Faculda- Com ser grande, o eilificio novo ainda
des; e a Santa Casa franciueou as suas enfer- não é suficiente; outro corpo igvial, e um me-
marias aos professores para as aulas de Cli- nor, intermédio, serão levantados para Ad- —
nica. ministração e Biblioteca este, e aquele para
Em1856 a Faculdade do Rio de Janeiro o Instituto de Anatomia. A area total ocupa-
instalou-se completamente no antigo Recolhi- da será, então, de 20000 m-.
mento das Órfãs da Santa Casa, junto do
Hospital, e ai permaneceu até 1918. O edifícioem que funciona agora a Fa-
Notáveis professores inspiraram com seu culdade, excelentemente dotado de salas de
saber numerosos estudantes que se fizeram aula, e provido de laboratórios magnificos.

PRAIA VERiMELHA

homens de Sciencia. médicos distintos, e, por tem dois pavmientos sobre uma area de 80
sua vez, professores abalizados. Tornou-se metros de frente por 100 de fundo. No pri-
grande a Faculdade com as reorganizações de meiro andar o ^'^.^«/'"P''^^^"
Toscana; a Ordem Comt.a no segundo.
Un^
1869, 1879 e 1883: ouanto mais avultava, po-
balaustrada remata a fachada. Em ^tz de te
rém, mais acanhado parecia o seu estabeleci-
!

106 Rio de Janeiro

lhado tem terraços transitáveis. Ha um pa- Abstraindo das construções, podemo-nos con-
teo interior, octogonal, ajardinado, de lindo siderar no próprio teatro em que se achou
aspecto, com 1310 m^. de superfície. A
cons- Estácio de Sá, de 1565 a 1567. Pudessem es-
trução principiou em 1916, e a inauguração tes rochedos contar o que viram nessa hora
foi em 12 de Outubro de 1918. da conquista do sólo sobre que se devia er-
guer a primeira Capital da America do Sul
Foi aqui, junto ao Pao de Açúcar, que exis-
tio a "Vila Velha" lembrada pelos cronistas.

Deste extremo da Avenida Beira-mar o Foi aqui, em volta do hirto penedo que, em
espectáculo ainda é maravilhoso.O cerco de 18 de Janeiro de 1567, desembarcaram as hos-

NO TOPE DO PAO DE AÇÚCAR

montanhas não se alterou, mas as perspecti- tes de Mem


de Sá, 3-° Governador Geral do
vas mudaram. A cada passo um novo aspecto. Brasil, socorro de Estácio de Sá, que não
em
Se o olhar se desprende do ambiente e esca- pudera, até então, desalojar os invasores
pa pela abertura da Enseada, lá vae pela ex- franceses.
tensa baía, verdadeiro mediterrâneo, reconhe- E' logar de grandes evocações históri-
cendo ilhas e pontas de terra, avistando casas cas.
e navios, aguas e montes, quadros infinitos
de infinita variedade. Sobre a Praia Vermellia, guardando o
Se o excursionista continua, passa en- Porto de Martim Afonso, começou o 1." Vice-
tre a Babilónia e a Urca, e vê por cima da Rei, Conde da Cunha (1763-67) a construção
sua cabeça o cabo trilho por onde desliza o de uma fortaleza que o 3." Vice-Rei Marquez
carro aéreo que transporta passageiros para o de Lavradio acabou, em 1770. Em 1856 aí se
alto do Pão de Açúcar. f 'zeram obras de adaptação para funcciona-
Muito perto daqui está a Barra que se mento de aulas da Escola de Aplicação Mili-
não vê porque no-la encobre á vista o penhas- tar, Em 1858 construio-se em toda a extensão
co da Urca e mais perto está o Porto de Mar-
; de 180 metros, entre a Urca e a Babilónia, a
tim Affonso (Praia Vermelha) também enco- fachada da Escola Militar que lá esteve até
berto pela fachada da antiga Escola MiHtar. 1904. Em 1908, remocielado, foi o Palacio das
Rio de |ANf::?o
107

Industrias da Exposição. De 1913 a 1910 nèle lanha que hmita ao Sul o


•esteve a Escola do Estado Maior. campo onde nos
acuamos. Prende-se o carro a dois
A construção que se vê do lado Norte, e tracção accionados por um motor
cabos de
cujo estilo arquitectónico lembra o manuelino, eléctrico c
um sistema de polias. Kaz o trajecto em duas
abrigou a "Secção Portuguesa" da referida
secções A primeira dc (lOO metros teniiina
:

Exposição ;hoje é também dependência do no dorso da frca a segunda, do 800


Ministério da Guerra. A Pra;a \'ernielha ai
;
metros
vai (la Urca ao cimo do famoso
penhasco. O
está ininterruptamente afagada pela meigui- percur.s^) da primeira secção
ce das ondas da Enseada — Porto (le Martini
realiza-se em 4
m nutos o da segunda em (> minutos. I- uc
Afonso — ante camará azul da mais vasta
;

14 pas>ageiros a lotação do ano aeren. .

baía do mundo. O íjue se observa do alto do Pão de

PRAIA DE COPACABANA. EXTREMO NORTE

Açucar é espectáculo para que não ha c<jm-


paraçã'/. O primeiro momento é de êxtase.
Pão de Açúcar é um penhasco de gra- Ao ;\. a vasta baía ladeada pelas cidades de
nito brunido pelas tempestades, surgindo do Rio de Janeiro e Niterói ; a leste, em frente
mar, colado á penisula que separa a barra e em baixo as de Santa Cruz e
fortalezas
da Enseada oe Botafogo. Tem de altura 395 Pico para Sueste a Praia de F"óra, a Bateria
;

metros. Serve-lhe de contraforte, ao Sul. a Floriano Peixoto, o Forte de Imbuí e, lá, ;

Urca, 224 metros acima do nivel do mar. e co- em baixo, distante, as lagoas Piratininga e
iberta de vegetação. Itaipú. O vasto Oceano. As ilhas Pae, Mãe,
Até 1817 não ha memoria de que alguém Cotunouba. Alagadas. Kagarras, Redonda e
houvesse galgado o Pão de Açúcar. Consta Rasa com seu farol (i^-) e. como recortes ;

que nesse ano foi lá uma corajosa inglesa. fundos no litoral que se prolonga do Pão de
Depois, de longe em longe, alguns rapazes Açúcar para o S.. as praias Vermelha, Leme,
afoitos repetiram a temeridade. A rocha é ta- Copacaliana. Ipanema e Leblon. Um pano-
lhada quasi a pique. Em 1912 organizou-se rama extensíssimo, dominado de um só golpe
uma empresa que estabeleceu o caminho aéreo de vista De dia tudo banhado de Sol, á noite
:

para o alto, franqueando-o ao publico desde tudo pontilhado de luz.


Janeiro de 1913. E só no século XX
a população do Rio
O carro parte oa base da Babilónia, mon- de faneiro anexou ao seu património de deli-
.

108 Rio de Janeiro

cias este observatório surpreendente !Quan- o conheceram nos séculos anteriores ao XVI os
tas gerações passaram sem pensar, siquer, selvicolas que lhe chamavam Sacopenopã.
neste soberbo mirante, hoje tão acessível que Nesse estado rude povoavam-n-a uns pescado-
se tornou passeio favorito, quotidiano ! lançavam suas rêdes, e dormiam em palhoças.

COPACABANA. LEME

deitavam suas rêdes, e colhiam peixe á farta.


Sobre um promontório existio uma igrejinha
Entre a Avenida Rio Branco e a Praia que a cievoção erguera a Nossa Senhora de Co-
Vermelha ha bondes que fazem o trajecto, pacabana, nome de origem muito controvertida
normalmente, em 35 minutos. (-163^ e que suplantou o nome indígena. Con-

tornando dunas, sttbindo a Ladeira do Leme.


transpondo o velho Forte (ali construído em
Copacabana. 1778 pelo ?,larquez de Lavradio, receioso de_
um desembarque inimigo), ou transpondo Vila
Aalta montanha chamada Babilónia, e Rica.' outra garganta mais a Oeste, esses pes-
outros volumes de gneiss mais ou menos ço- cadores vinham á- Cidade fazer seit negocio,
bertos de vegetação que se estendem na dire- ass m como da Cidade iam devotos render suas
cção da pedra da Gávea, a SO., separam Bo- homenagens á Virgem e iam também pedes-
;

tafogo do Oceano Atlântico. Para alem desses tres curiosos em busca de novos ares. novos
montes correm a costa e praias do Sul cio Dis- horizontes. Quem v.a Copacabana declarava
trito Federal e os novos bairros de Leme, Co- encantador o espectaculô do ceo, do mar e
pacabana, Ipanema e Leljlon das praias.
Rapidamente, qualquer veículo chega a
esses bairros, traspassando o granito por um
dos dois túneis nêle rasgados. "Entre rolos de espuma ruge e brama
Na curva praia a onda buliçosa"
Copacabana permaneceu até os últimos
anos do século XIX coberta de cajueiros, pi-
tangueiras, jambeiros, araçazeiros e maçaran- mas a distancia era grande, e os cornodistas
dubeiras era um areal enorme, agreste, qual
; contentavam-se com ficar sabendo que para
.

Rio Dá Janeiro 109

alem daqueles montes havia mais espaço para to Paulo de Imoiuíii. Curreni iK-la Avenida
os
vida, larguesa e respiração da Cidade. automóveis de passeio, e ao longo passam em-
Em 1891 a Companhia Ferro Carril barcações cie tinios os pc)rtes v de tXKlos os

Jardim Botânico, cujos bondes, aHás, já se portos. Illumina-se á noite, fulgurante, a Ave-
anunciavam para Copacabana, sem i)assareni nida e sintila ao largo, solitário, o Farol da
;

da Rua Real Grandeza, no sopé de Vila Rica, Rasa. A arrelwntaçâo das ondas enche o ar
abrio um túnel aí na rocha para que as suas de sons e de saes, É festival para os olhos e
linhas cliegassem imediatamente á e.xtensa, de- salutar para o sangue este hiniinoso flanco
cantada e futurosa praia. A facilidade de trans- da C "idade.
porte levou lá meia população ávida de con- Longos anos os moradores do Rio ilc Ja-
templar a imensidade de luz, de colorido e de neiro se coiuentaram com as aguas (|ue ba-
movimento das aguas que são lendário manto nham o litoral da sua baia Retiro Saudoso, :

espesso do prefundos mistérios, e que se adel- Cajú, S. Christovão, Santo Christo, Saco do
gaçam transparentes, espumando rendas na Alteres. Cambõa, .Sauoe. .Santa Luzia, I^pa,
areia. Não faltou quem advinhasse o porvir Gloria, Russell, l-Mamengo, Botafogo ('*^),
de tão graciosa localidade. Chãos foram ad- e as praias das iliias Pa(|uetá e Governador.
quiridos, divididos e subdivididos, a pregos .\ pi^pulação, porem, cresce e procura lega-

crescentes. Interveio a Municipalidade mas, ;


res novos que dêem novas sensações. Copa-
infelizmente, tarde para impedir que C) domí- cabana impoz-se logo como sitio privilegia-
nio particular se abeirasse tanto das ondas do Gozando-se ali a pompa do scenario
:

reduzindo muito o logradouro publico da entre a mata e o mar, resi)ira-se aquêle am-
beira-mar. Os materiaes afkiiram, constru- biente feito nos dois grandes laboratórios do
cções mil se fizeram. Copacabana é hoje um mar e da mata.
arrabalde primoroso, dom muito comercio, * ^ *
cerca de cinco mil casas, algumas de linda ar-
quitectura, e a 45 minutos da Cidade. Por exigências do trafego crescente a
É uma perfeita e ampla vila balnearia. mesma Companhia de I)ondes abrio em 1904

NORTE DE COPACABANA,
A NOITE. VISTA DO
PAO DE AÇÚCAR

novo túnel, oe 200 metros como o primeiro,


mais largo e melhor, através da roclia sobre
que e.xistio o estratégico Forte do Leme. É
Praia
o chamado "Túnel Novo", próximo da
da Saudade

desde um extremo N. chamado Leme até o


extremo S. chamado Leblon. Gavca
A praia é extensíssima, e toma varias r.^-.r^:, <.or:i Har
, -
dar
Sera preciso volver a CancKa para
. •

denominações. Acompanha-a a Avenida Atlan- bonde faz da. a


Prefei- íntelligencia a v.agem que o
tica, obra arrojada e formosíssima do
1
110 Rio DE Janeiro

Gávea ? Não. Da Carioca a Botafogo o trilho Dividida e subdividida a grande proprie-


é conhecido. De Botafogo até Gávea (9." Dis- dade ficaram a Lagoa e uma boa zona em
trito Municipal) o percurso pode-se dividir redor pertencendo á Municipalidade. Muitos
em dois trechos : Um até o Largo dos Leões projectos se fizeram durante anos para seu
(^^^), outro deste Largo em deante. saneamento e embelezamento. Em 1920 o
O
primeiro trecho é igualmente vencido Prefeito Carlos Sampaio empreendeu a obra
por S. Clemente, rua antiga, sinuosa, toda as- de maneira decisiva Canalizou e regulari-
:

faltada, toda edificada, e com algumas grandes zou tocios os cursos dagua que nela desembo-
chácaras i'^^^), ou por Voluntários da Patria, cam fixou o regime de communicação entre
;

rua mais moderna, recta, bem edificada ao as aguas da Lagoa e do Oceano guarneceu- ;

longo de seus 750 metros. Estas duas ruas Ihe a periferia com 510 metros de caes de

COPACABANA, A NOITE

são 'Orientadas como de Leste para Sudoeste ;


enrocamento lançou em volta do caes alguns
;

recebe-as a rua Humaitá que começa onde milhões de metros cúbicos de aterro, levan-
acaba S. Clemente e se dirige para Sul, aca- tondo uma superfície de 1500000 m.^ calçou ;

bando á margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, e arborizou os terrenos assim nivelados, arean-
a 500 metros do Largo dos Leões. do novos logradouros públicos. Lagoa que A
A Lagoa Rodrigo de Freitas é assim cha- só era apreciada de longe, a Lagoa que, até,
mada por ter sido seu proprietário, e dos ter- andava em risco de ser condenada pela Higie-
rienos circumvisinhos, Rodrigo de Freátas ne, é hoje nm logar de recreio
. e não tardará
;

Mello e Castro, natural de Guimarães, Por- que a circumdem formosas residências.


tugal. Antes de 1660 já se chamara Lagoa
Fagundes Varella, em quanto pertenceu a Se- Jardim Botânico
bastião Fagundes Varella e Lagoa Amorim;

Soares, desde 1598, em quanto pertenceu a Chega-se ao Jardim Botânico logo de-
Diogo de Amorim Soares que a encontrou com pois de ter deixado á esquerda a Lagoa Ro-
o nome indígena Sacopenopã. Esses tres drigo de Freitas. A viagem até lá, de bonde,
homens eram grandes lavradores de cana e pode consumir 50 minutos de automóvel
;

fabricantes de açúcar. As terras do Engenho uns 20 a 25. "

^
da Lagoa abrangiam toda a superfície desde É o mais conhecido estabelecimento pui
Botafogo ao Corcovado e ao Leblon. blico brasileiro. Ninguém visita esta Capital
.

Rio de Janeiro
111

que não queira ver o Jardim Botânico. A in(lei)endente hoje c subordinado ao .Minis-
;

luxuriante beleza dos vegetaes nêle cultiva- tério da .Agricultura e Comercio.


dos é realçada pela formosa aleia de palmei- Teve como seu primeiro Director, no
ras, oferecendo desde o portão uma perspe- Império, o carmelita Fr. Le^mdro do
Sacra-
ctiva admirável, e universalmente conheciila iiKino, já Professor de liotanica na
Escola
pela sua reprodução gráfica. Sao 134 palmei- -Anatómica Cirúrgica e Medica, depois mesn-
ras (Areca, de Linneu : Orcodoxa olcracra. l)ro das .Academias de Sciencias de Munich c
de Londres, e da Real S(K-icdadc de .Agri-
cultura de (íand. Pela sua aptidão e pela sua
capacidade de trabalho, este monge ilustre
(lotou o Jardim de melhoramentos ainda
apreciáveis, organizou o catalogo das plantas
então cultivadas, escreveu uma monografia
das Euíorbiaceas, e outras que foram publi-
cadas em revistas alemãs.
-A cie se devem as aleias magestosas dc
manguei rasi. nogueiras, jaqueiras, longanas,
cravos da índia e as cercas de murta, de
;

croton, de hibisco que ainda hoje fazem o en-


canto dos visitantes do Jardim são obra ;

sua a Cascata, o Lago onde floresce a Vi-


tória Regia e, onde êle fez a original "Casa
;

dos Cedros", ergueu-lhe, em 1893, o Dr.


Bprbosa Rodrigues, o monumento comemo-
rativo da sua existência util.
São, realmente, muito agradáveis as horas
empregadas em percorrer este grande horto
cruzado por cinco ruas, treze aleias, sete vielas,
quatro passagens e uma azinhaga, com a ex-
tensão total de 6.500 metros lineares. A Sci-
encia neste jardim entrelaça-sc com o pitores-
co. A
flora de quasi todos os paizes nêle está
representada por belos exemplares atentamen-
te cultivados e classificados. Tem Bibliuthe-
ca,Herbario e Museu.
Centenario sem decrepitude, velho de
A PALMA MATER uma mocidade constante, seminário opulento,
em correspondência com quasi todos os jardins
do mundo, é um vasto scenario de amor, ca-
sando-se a beleza das perspectivas com a be-
d£ Martins), enfileiradas, duas a duas ao
leza dos produtos gerados ao cicio da brisa
longo de uma avenida de 740 metros. E de
por entre a folhagem, e no seio balsâmico de
nobre linhagem São todas filhas da vene-
:
aromas sutis
randa Palma Mater qne lá está, ainda, no É seu director actual o ilustre Professor
mesmo logar em que a plantou D. João VI, Dr. Pacheco Leão
em 1809, quando lh'a triouxeram exemplar — .

único — do jardim Gabrielle, ilha de França.


A Palma Mater tem mais de 36 metros
de altura. Celebrou-lhe condignamente o Cen-
tenario, em 1909, o então director, hoje fal-
lecido, Dr. Barbosa Rodrigues, inaugurando
defronte dela o busto do seu real plantador.
O Jardim Botânico pode-se dizer funda-
do ein 13 de Junho de 1808, com o nome de
Real Horto, anexo á Fabrica de Pólvora,
instalada, então, onde fôra o "Engenho da
Lagoa" ; somente Maio de 1819 se
em 11 de
tornou publico designação de Real
sob a
Jardim Botânico e, então, anexado ao Museu
Nacional. Em
1822 constituio-se Repartição
112 Historia do Brazil

* * * Oceano, tudo se avista formando o engaste


dos bairros do Sul.
Antes do Jardim Botânico parte da rua
deste nome para a direita a Estrada D. Cas-
* * *
torina que o dontorna por O., e segue em
rampa até a "Vista Chineza", na Tijuca. Á
margem dessa estrada^ e a 63 metros de alti- Se da Boavista se desce á Várzea da
tude, cercado de jardins que aumentam a Gávea, o panorama é sempre belo Aqui uma:

graça local, está o Açude do rio Macaco, casa antiga centro de antiga propriedade agrí-
obra notável, com capacidade para 55 milhões cola, ali uma habitação moderna em chalé gra-
de litros de agua. Abastece parte da Gávea, aguas que serpenteiam na planicie, rezes
cioso,
Botafogo e Copacabana. que mugem nas encostas. A nota bucólica

BAMBUS, NO JARDIM BOTÂNICO

^ ^ ^ matiza o esplendor da paizagem até que a es-


trada finda nas areias brancas da praia.
Depois do Jardim Botânico, e onde ter-^ Já o leitor conhece estes sítios Já por :

mina a extensa rua do seu nome, bifurca-se aqui passámos, maravilhados, regressando da
a linha de bondes, para Leblon e para Gávea. Tijuca. O Prefeito Passos mandou nivelar e
Esta segue pela rua Marquez de S. Vicente, alargar estradas para que de automóvel fosse
com 2.400 metros de comprimento. O
bonde possível, em horas, desvendar todos esses en-
percorre-a até o extremo, passando por entje cantadores scenarios que dantes, só de longe
chácaras antigas, residências confortáveis, do- em longe a curiosidade, a afoitesa e a energia
minadas por verdejantes morros que, depois logravam avistar. O Prefeito Carlos Sampaio
do bonde a estrada contorna, sempre em subida mandou rasgar communicação entre esta praia
até o Alto da Boavista. e a do Leblon, é a
Uma recta imaginaria de 5 kilomstros,
apenas, separa esta culminância da que vimos
na Tijuca sob a mesma denominação. Ainda Avenida Niemeyer
que menos alto que o da Tijuca, o da Gávea
tem magnifico horizonte : O Corcovado, o Esta Avenida mede 4.700 metros ; é
Pão de Açúcar, a Lagoa, a Enseada, a baía, o larga, plana, bem calçada, bem iluminada,.
.

Rio de Janeiro
113

aberta na rocha, a 35 metros sobre o nivel do


uma variedade e de uma formosura
m
mar que espuma, festejando-a, sem atingil-a. nao sabe couk. descrever. De dia
.ju.

Foi tentada esta passagem coleando a o Sol ma


tiza deslumbrantemente as
montanha em 1891 pela empresa que proje- aguas e as arvo-
res as manhãs c as tardeis tem
ctara uma linha férrea de Botafogo a Angra
:
aspectos ar-
rebatadores SC d noite esplende o luar.
;

dos Reis, e que rasgou os primeiros 800 surgem quadros suqireendcntes.


metros do lado do Leblon. Depois, em 1913 Xem as palavras, nem as gravuras des-
o Director do Colégio Anglo Brasileiro, pro- l>ertam aproximada dos encantos que
idea
curando melhorar o acesso ao sfu Estabele- tem um passeio pela Avenida Xiemeycr cjue
cimento, aperfeiçoou essa obra abandonada, liga a Praia da Gávea á Praia do Leblon.
ex-
dando-lhe mais 400 metros de extensão. Em tremo Sul das praias de Co])acaliana

TRECHO DA AVENIDA NIE.MEYER

1915 o Com. Conrado Niemeyer, proprietá- Memorando a iniciativa ha uma placa dc


rio no local, empreendeu á sua custa a con- mármore imbutida no granito, e co a se-
strução da belíssima passagem, e ofereceu-a guinte inscrição :

como logradouro publico á Prefeitura. Em


1920, conhecida a pompa do scenario com que
ali semaravilha o transeunte, a Prefeitura "Automóvel Club do Brasil. < lu 20 dc
resolveu alargar a estrada, aumentar o raio
Outubro dc 1916. O primeiro Conffr s.to Na-
das curvas, macadamiza-la, e inaugura-la de-
cional dc Estradas dc Rodagem inaugurou
finitivamente por ocasiãio da visita do Rei
Alberto, da Bélgica. esta Avenida denominada — Avenida Nic-
me\er. em homenagem ao Comendador Con-
Desde o seu traçado primitivo a Ave- rado Jacob Niemeyer que a concebeu e pa-
nida Niemeyer é um primoroso legar de re- trioficamente a custeou. Projectada prlo Dr.
creio para os olhos hoje percorre-la, a pé ou 1 "
;
Paulo de Frontin, e construída pelo Te-
de automóvel, é um prazer de que fica me-
nente Engenheiro Alvaro Conrado de Nie-
moria indelével. A vista do mar é sempre
magestosa, as perspectivas terrestres são de meyer" .

•i
. ,

114 Rio de Janeiro

Corcovado tubro de 1881- inaugurou-se a linha férrea de


3790 metros de extensão. Foi um aconteci-
É um dos pontos culminantes da Cidade,
. mento Tratava-se ds um feito audacioso da
:

e culminância famosa que todo viajante logo Engenharia Naconal, e da primeira via férrea
avista do mar, e a que toda a gente dese- qiie se lançava no Brasil para sitio exclusiva-
ja subir. mente de recreio. Em
1906, depois de vicis-
Tem um rival o Corcovado (704 É : situdes, passou a ser propriedade da The Rio
o Pico da Tijuca (1020 a que já subi- de Janeiro Trainway, Lighf &
Pou<er C. Ltd
mos — com muito maior custo, porem, do que em .912 substituio por tracção eléctrica
.

que empregaremos para galgar este pontea- a primitiva tracção a vapor.


gudo mirante do R'o de Janeiro. Já vimos que a estação inicial desta Es-

UM ASPECTO DO POENTE, NA OAVEA. VISTA TOMADA


DA AVENIDA NIEMEYER

Sempre desafiou os excursionistas auda- trada está no prédio 151 da rua Senador Octa-
zes o Íngreme pináculo. A
frequência com viano, 37 acima do nivel do mar.
que êle era escalado foi acertando atalhos e A em direcção normal a
linha férrea sae
tomando a subida cada vez menos áspera. essa rua depois de uma curva passa ao lado
;

Por ultimo até senhoras alcançavam a pé o direito do vale -do Silvestre por um viaduto
dorso da miontanha, e chegavam em algumas com tres vãos de 25 metros cada um e, ven- ;

horas ao cume do escalvado granito. Era raro cendo por um grande corte o espigão que se
o Domingo em que se não efectuasse ao menos lhe depara, pela encosta da
desenvolve-se
um piquenique no alto do Corcovado, reféi- montanha até na altura de 465
Paineiras,
torio sem igual na America, atalaia de imenso metros. Deste ponto ganha o lombo do Cor-
descortino covado, e não tarda a parar na altitude de 670
metros. O restante faz-se suavemente, a pé.
Em 1881 os Engenheiros F. Pereira
Passos e J. Teixeira Soares requereram con- * * *
cessão para uma estrada de ferro de acesso ao
Corcovado. Em
7 de Janeiro de 1882 o Go-
verno deu a concessão, e em 16 de Abril desse Ao Corcovado pode-se ir, também, par-
ano aprovou plantas e perfis. Em
9 de Ou- tindo do Largo da Carioca num bonde da
. .

Rio de Janeiro
115

Companhia Ferro Carr!! Carioca. É mais aci- de toda espe.ie.


f: unia viat,'em aérea que
dentado o passeio ou, melhor, fimdeni-se num nem dura dois miiuitos. mas lã,. cheia
dois passeios distintos, cada qual. al ás. sufi- de rápi-
das surpresas que. an finda-la.
a gent etem a
ciente para tomar um dia. quando se tenlia
impressão de um sonho, e não lhe
temj)o parece que
tciilia durado mais de um segundo.
O
bonde da Ferro Carril Carioca parte Em seguida, e ininterruptanK^ntc altcra-
coleando a escarpa oriental do morro de Santo se o i)anorania. cada vez mais interessante.
Antonio, deslisa entre o Hospital e o Quartel Ora vencendo rampas, ora correndo em leito
da Brigada Policial, e dirige-se para o morro horizontal, o bonde vae acoinpanhando
o tra-
de Santa Teresa por cima da arcaria de 300 jecto que foi do Aqueducto e, depois de per-
metros em 42 vãos. alta de 17.' 6 metros sobre
;

correr a zona edificada, com hoteií, lindas vi-


o nivel das ruas. vendas particulares, embrenha-se na estrada

PRAIA DA OAVE.\, AO LUAR

Esse colossal viaduto rectilineo é o Aque- poeticamente sonil)ria que vae ao Silvestre ;

duto solidamente construido no século XVIIl aqui domina á direita os bairros de Catumby
a fim de conduzir a ceo aberto as aguas do e Rio Comprido, de população condensada, c
rio Carioca para o chafariz de 16 bicas então alguns tratos de terrenos explorados pelo hor-
levantado no mesmo logar onde a.nda hoje se ticultor adeante, á esquerda, o bairro de La-
;

ostenta o de 36 torneiras. ranjeiras com suas chácaras vistosas, jardins


Ao passar o bonde por cima desses arcos bem recortados, habitações alegres de varia-
a vistadescobre perspectivas admiráveis mas díssima arquitetura
fugitivas, quasi instantâneas. Ao cabo de 45 minutos de viagem chega-
De um lado os telhados do casario, o se á Caixa do Rio Carioca, sitio antigamente

Largo da Lapa, o bairro da Gloria e. ao longe, chamado "Mãe dagua". C^^)


o Pão de Açúcar e a Barra, com o mar azul, As estimáveis e cristalinas aguas do ce-
lebrado rio aí vem ter, e ai se lhe reúnem
bordando de espuma branca o costão de Santa
Cruz de outro lado ainda telhados do casa-
;
outras que brotam da rocha, dentre o arvo-
rio limitado pelos morros do Norte e do Oci- redo, e se derramam, cantando, nesse largo re-
servatório construido na segimda metade do
dente ; em baixo as ruas que se cruzam, e o
movitnlento enornie de transeuntes e veículps século XVin.
116 Rio de Janeiro

Sob uma temperatura deliciosa, seja qual dejar olhares no pitoresco das duas margens
fôr a estação do ano, este recanto é um refri- da hnha, e de felicitar os pulmões com o pu-
gério ; a Lnfa é agradavelmente desalterante ;
ríssimo ar ambiente. Vinte minutos depois
e até os próprios olhos
,
descansam penetrados chega a Paineiras.
de luz, uma luz suavíssima coada pelas frondes É de bom alvitre apear. Ha, mesmo, aí,
altas da selva, e refletindo-se delicadamente excelentes, Hotel e Restaurante. Paineiras é
nas folhas tremulas da mimosa avenca. um planalto com belíssimos pontos de vista.
Poucos passos adeante é o Silvestre, se- Agradabihssimo é o passeio de 6 km. em nivel,
reníssimo logar de repouso. Parece um ermo, ao largo do Aqueduto, em plena mata. As
e está tão perto da multidão. aguas famosas do Carioca por aí correm, ainda

O CORCOVADO, VISTO DA TIJUCA

É
recommendavel uma demora no Silves- sobre o mesmo leito artificial construído pelo
tre. Já dissemos, mesmo, que êle só por si 32.**Governador da Cidad^q, João da Silva e
constitue um passeio. Ha lá serviços de re- Souza (1670-1675) o primeiro que resolveu
fresco e de restaurante, e uma biquinha dagua levar o rio ao centro da Cidade é a mesma;

superior a todas as bebidas. Como


nos desti- corrente que Bobadella conduzio, depois pelo
namos ao Corcovado, aguardemos aqui o carro morro de Santa Tereza, e que sobre os arcos
da Estrada de Ferro Eléctrica. fez passar para o de Santo Antonio, levando
agua e nome á praça que já conhecemos. A_
paizagem ao longo deste velho Aqueduto en-
tretém o olhar e o espirito. De um lado ve-
Depois do Silvestre o trem vae galgando getaes de todas as idades, alguns vindo de
rampas de 30 "l", fazendo curvas de 120 metros hiuitos metro? abaixo de nossos pés, alguns flo-

de raio, esgarçando a mata que parece sempre rescendo muitos metros acima de nossas ca-
surpreendida com a sua passagem, e espan- beças ;do outro lado a rocha altiva, ora bo-
tando rôlas, e' assustando colibris, e, se é verão, juda, escalvada, querendo tomar-nos a passa-
interrompendo o fio sonoro do monótono zoar gem, ora dobrando-se em recôncavos atufados
das cigarras. O passageiro não cessa de dar- de vegetaes que se esticam á procura de luz,
Rio de Janeiro n?

não lhes bastando para a vida a riqueza do um teatro como nunca


liic foi da<lo admi-
húmus eni que niergulhaui as raizes. rar. É, então, que tem uma impressão nu-
èlc
Sucedem-se as curvas, umas para a direi- terial da imensidade, mas não se amcsquinlia
ta,outras para a esquerda, sempre coleando a Ufana-.se. Lá está o mar infinito sinnrad'»
montanha, sempre a estrada em nivel ao lado vitoriosamente pelas (|uilhas dos transatlân-
do Aqueduto alj€rto. De quando em vez uma ticos que são obra sua c a Engenliaria. ubra
;

contribuição de agua vem dos recôncavos ro- do seu génio dominador, arrancou-o dessa
chosos aumentar a corrente. De. vez em quan- liaixada em que êle só ouvia o cho<jue infer-
do um panorama esquadrinhador de belezas. nal (los inlcriv<sos mundanos para vir ás alfu-

SILVESTRE. RESERVATÓRIO

Quem ape a nas Paineiras não se arre- ras contemplar a esvrutura colossal deste
pende, antes marca o sitio para objecto ex- ponto- do Planeta em que vive e labuta.
clusivo de uma nova excursão.
A^assiz. D'Orbigny. Arago. Freycinet.
Darwin, De La Sallc, \\ ilkes. Demersay. La-
* * * Marmol. Elihu
droux, Sarmiento, Cantillo.
Root, Julio Roca, Mabileux. Richet,
Ferri.
Retomando o trem, sobem-se mais algu- Ferrero, Gemenceau, Roosevelt, Alberto L
mas centenas de metros de rampa, já na lom- Re- dos Belgas, e tantos outros, tendo passado
bada superior do monte e os quadros des-
; pelo Rio de Janeiro, e subido a este penhasco
limíbrantes começam a aparecer. grandioso exprimiram a sua admiração de
No Pico do Corcovado o excursionista homens cultos ou em exclamações patéticas, ou
emudece por instantes. Lança o olhar em em frases líricas de grande exaltação senti-
torno, e não é mais senhor de si. A emoção mental. Nada ha, efectivamente, comparável
empolga-o. Ainda que tenha percorrido as a es*.e panorama em que se desdobra a vasti-
partes mais belas do Globo, encontra-se deante dão de uma cidace, ^WMÍHiPsa moldura de
.

118 Rio de Janeiro

terras e aguas, montanhas e lagos que a cir- O Grande Maciço da Cidade divide, se-
cundam . para, e esconde uns dos outros os distritos mu-
nicipaes urbanos, variando as culminancias
* * * desses numerosos acidentes, e tornando reál-
mente dificil um golpe de vista geral.

Antes de encerrar esta parte descr.tiva Da Praça Mauá á embocadura do Canal


impõe-se um lance d'olhos sobre a Cidade. do Mangue aperta-se o grande povoado da
Temo-la encarado na sua historia, na sua Saúde, entre a linha granítica dos morros São
arquitectura, nos seus monumentos, na sua Bento, Conceição, Formiga, Pinto, Providen-

. COPACABANA: VISTA DO PÃO DE ASbUCAR

natureza, nas suas obras d'Arte temos visto o ;


ca. S. D!o^"o 2 os armazéns paralelos ao
litoral e o interior, o arrabalde elegante e a Caes Acostavel.
zona rural, vales e montes, rios e florestas. O populoso ba rro de S. Christovão con-
Tudo contem na prodigiosa Rio de Ja-
isso se torna vários morros 'Telegrafo, Pedregulho
:

neiro, tudo isso figura na exposição que fize- S . Januário, Barro Vermelho, e outros e, ;

mos da sua extensão e belezas alargando-se aqui, estreitando-se ali, subindo


rampas e drscendo até o mar, en:erra fabricas
e vivendas hospitaes, colégios, Observatório,
Muito longe estamos, entretanto, de havar Arsenal, clubes, repartições publicas, institui-
feito referencia a tudo quanto referencia me- ções de Caridade.
recia,. Noutros moldes lanharíamos este tra-
balho se pretendêssemos dar conta de toda a Rio Coinprido é o nome de bairro,
Cidade. Como a mostraríamos a um viajante também populoso, edificado entre o Morro
apressado, assim a expuzemos ao leitor curio- Santos Rcdr guês e a encosta ocidental do
so. Rio de Janeiro, minuciosamente, dar!a dez Morro Santa Tereza. A sua principal avenida
volumes iguaes a este. guarda o nome do intrépido Engenheiro Paulo
Quanto logar aonde nãc chegou a nossa de Frontin que a lançou ao longo do arroio,
.

3n
descrição I
canalizado e aproveitado para adorno. São
. .

Rio de Janeiro 119

numerosas as chácaras e resifiencias que se ali- A


Cidade do Rio de Janeiro é assim ca-
nham por esse bairro I)eni frequentado e muito l)richosa Entre morros que a i)erspectiva
:

saudável aproxima dilatam-se vales i>ovoadissinu»s. Ha


avançadas de casario cm linhas rectas, cervas,
Fabrica das Chitas é o nome de outro sinuosas e quel)radas. por jilanicies e planal-
bairro, mais a Oeste, muito aprazivel, tendo tos, gargantas anfractiiosidades, reconca,vos

como rua central a Desembargador Isidro, de e ladcras. O


olhar pódc abrauRcr mna uu

mil e tantos metros de comprimciUo. outra larga supcrficie edificada, mas não des-
cobrirá num relance esses refúgios da pojuila-
Estácio dc Sá é bairro constituido pelas (;ão, nem de uns bairros se avistam outros

ruas e ladeiras que contornam e escalam pelo bairros. Só ha um ponto de onde .sc dcscor-

O BAIRRO
A BARRA DO RIO DE JANEIRO. A ENSEADA DE BOTAFOGO E
DO MESMO NOME, VISTOS DG ALTt) DO CORCOVADO

A sua linatada a area do Distrito Federal: É o Pico


lado N. o Morro Santos Rodrigues.
'la lijuca. De qualquer outro monte aonde
rua principal, emEstácio de Sá que
n v2l, é por ,i id iitc-
se suba a vista é interrompida
Caneca e Salva-
principia onde termina Frei
que limitam o horizonte.
dor de Sá, e acaba onde começam as ruas
Haddock Lobo e S. Christovão.

Catiunhx é um vale situado entre o Morro


Santos Rodrigues e o de Paula Mattos que é
Subamos, contudo, ao Morro de São
prolongamento N. do Morro Santa Tereza. a N. do
Bento, 30 metros, apenas, de altitude,
O bairro de Catumby de população muito velho centro comercial da Cidade. Ai, dos
densa, comunica-se com o do Rio Comprido fundado em 1628. po<le-
do Mosteiro
pela rua Itapirú, curva, de 1620 metros. Xa
fundos
temos doi>
mos escolher o espectáculo porque
aba Leste do iMorro Santos Rodrigues, des-
pmoramas diferentes.
cendo sobre o Largo de Catumiív, está, desde e o se:o vasto
Mini- Se nos voltamos para X.,
1850. o Cemitério da \'. O. 3.^' dos do ceo. e matizado
Paula da bata, espelhando o azul
mos de S Francisco
. de
120 Rio DE Janeiro

de embarcações. Avistam-se, de um só golpe cima dos outros, qual entre outros se esconde,
centenas de navios de variada tonelagem, uns dividindo-se em miríades de tectos de miría-
ao largo outros atracados ao Caes uns re- ;
des de construções erguidas e reerguidas já
cebem carga outros descarregam alguns estão ;
varias vezes em tres séculos e meio de labut"
em conserto. Dezenas de rebocadores e lanchas de melhoramentos, de reformas, de progresso
velozes cruzam por entre êles escaleres da
; Aguilhoando o espaço, aqui, ali, acolá
Armada, botes a frete, canoas de pesca, barcos mais adeante, por toda a amplidão, surge
de todos os tamanhos sulcam as aguas em campanários, torreões e cúpulas, distintiv^
todas as direcções. Borda o litoral, de igrejas e de moderníces arquitectónicas. Lá
linha SE-NOde 3500 metros, o Caes Acosta- está como um risco de luz no maciço do casa-
vel eriçado de guindastes e de mastros de rio a Avenida Rio Branco. No morro Santo
navios. Aqui está a Ilha das Cobras ligada ao Antonio em via de transformação: ador-

VISTA DO ALTO DO CORCOVADO

continente por uma alta ponte de ferro. Perto mece um convento triste e esquecido. Daí para
da ilha amarram couraçados, caça-torpedeiros Leste era o vale húmido a charneca paludosa
e outros vasos de guerra. Não longe vê-se a em que a agua do charco algumas vezes rece-
Ilha das Enxadas, séde da Escola Naval. Do bia a visita do mar. Aterrou-se o brejo com
outro lado está o território do Estado do Rio as alcatifas da Civilização, e sobre esse aterro
de Janeiro, cuja ponta mais próxima é a "Ar- primitivo sucessivas camadas de Civilização
mação", com repartições dependentes do Ar- se estenderam. iHoje é isso que se está vendo:
senal de Mar'nha. Daqui se aprecia bem o A Cidade pletórica, vaidosa, cheia de casas e
movimento ininterrupto do porto, atestando a de preconceitos, sem mais espaço para igrejas
importância comercial da Cidade que tem os sem area para mais estabelecimentos.
seus interesses ligados aos interesses de tantas O formigueiro humano aí desafia em
nações manufactureiras. actividade a actividade dos grandes centros
populosos do mundo ; e desde a Bolsa de tí-
Se nos voltarmos para o Sul, o olhar tulos até o iMercado de Frutas, desde o lu-
corre pela imensa superfície de telhados que xuoso armazém de modas até o humilde bufa-
não têm nível, que não têm uniformidade, que rinheiro, desde as agencias dos transatlânticos
não têm orientação, que se aguçam, que se até as bilheterias das estradas de ferro, tudo é
empinam, que se apertam, qual espreita por movimento, negocio, permuta de interesses,
Rio de Janeiro
121

organizado e contínuo enlre-choque de vonta- t ruindo ao longo de séculos, e á custa


des, anseios, ambições. de inin-
terrupto labor.
Quasi não ha chaminés que fumeguem
Aqui. sob os nossos olhares, espartilhado
porque não ha quasi fabricas entre os morros
por esses montes dc granito, arfa o tórax do
Santo Antonio, Conceição e S. Bento mas ; Rio de Janeiro, e nele bate um ct^ração imen-
dir-s€-ia que acima dos telhados, das estreitas
so,que é feito de milhares dc corações P. o
:

fendas das ruas sobem vibrações de ar aque- Coração Nacional, ora calmo, ora airitado
cido menos ao sol escaldante do Trópico do
;

não querendo entender de politica, mas estro-

DO ALTO DO CORCOVADO
(A NOITE,
COM EFEITOS DE LUAR)

que ao embate das paixões egoisticas e ao ver-


tiginoso giro da Roda da Fortuna. Em volta
do Comercio, em volta da Industria, em volta
do Crédito sucedem-se as transacções de in-
dividuo com de estabelecimento a
individuo,
estabelecimento, e Cidade para outras
desta
cidades de outros estados, de outras nações de
outros continentes. mecendo á sua voz não duvidando da fé dos
;

Valoriza-se a propriedade predial. As contractos, mas sobresaltado a cada operação ;

edificações em alas ao longo de ruas asfalta- cioso de crédito, receioso da improbidade, am-
das contribuem para o embelezamento e parti -
bicioso de gloria marcando com seus vivis-
;

cipam do embelezamento. A Higiene moder- simos batimentos o ritmo da prosperidade que


nizou a Cidade que o Progresso vinha cons- fascina e felicita.
QUINTA PARTE

INSTRUÇÃO PUBLICA — ASSISTÊNCIA PUBLICA — CLIMA


COSTUMES — ALIMENTAÇÃO PUBLICA
SERVIÇOS DIVERSOS — INDUSTRIA E COMERCIO — MONUMENTOS
JORNALISMO.
.

INSTRUÇÃO PUBLICA

O
ensino profissional c .im;>;í,o e minis-
trado no Instituto "João Alfredo"
(interna-
A Constituição da Republica deixou
aos
to), nas escolas "Visconde de
Cayrú", "\'is-
municipios o encargo da instrucção primaria. conde de Mauá", "Alvaro Baptista" e
"Souza
A Lei Orgânica do Distrito Federal dá
ao
Aguiar" (externatos) para meninos e nas ;

Conselho Deliberativo Municipal autoridade escolas 'Orsina da Fonseca" (internato),


"Ri-
para legislar sobre a instrução primaria, pro- vadavia Corrêa" e "Paulo de Frontin", (exter-
fissional e artistica. natos) para meninas.
Uma das directorias assessorias da admi- Nas escolas profissionaes ensinam-se todos
nistração do Prefeito é, como vimos, os oficios que homens e mulheres podem pra-
exclusi-
vamente consagrada á Instrução Municipal, ticar no andamento da Civilização, desde
as
compreendendo o ensino normal, o primário è artes domesticas, as belai; artes até as manufa-
o ensino profissional e artistico. cturas que interessam á Industria.
\
O ensino normal é dado na Escola Normal Ha nas escolas profissionaes 13 profes-
de Professores que tem tido varias instala- sores catedráticos, 64 adjuntos, 51 mestres e
ções e, afinal, terá a definitira na Praça da 92 contramestres.
Bandeira. Dispõe de 27 professores catedrá-
ticos e 51 docentes. Em 1922 foi frequentada . *
por mais de duas mil alunas. O Curso é de
quatro anos.
Dirigio a Escola Normal de 1919 a 1922
A Municipahdade tem, mais, uma Escola
de Applicação para as normalistas, uma Escola
o Dr. Alfredo Nascimento, Medico, e Profes-
Dramática, anexa ao Teatro Municipal o ;
sor da Escola Militar.
Instituto "Ferreira Vianna" (internato de me-
nores desvalidos) e dois jardins da infância
;

O ensino primário é difundido por 285 ou escolas maternaes "Campos Salles" e "Ma-
escolas mixtas, 115 escolas femininas, 35 es- rechal Hermes".
colas masculinas. As escolas que funcionam Mais de 50 °|° dos cargos de Magistério
em prédios próprios muncipaes têm nomes são exercidos por senhoras.
próprios de cidadãos que se distinguiram por Os internatos têm cada um seu Medico
algum merecimento. O ensino é gratuito e clinico. Os externatos e escolas primarias são
leigo. Compreende Leitura, escrita e teoria
: sistematicamente visitados por médicos admi-
da linguagem Arimetica pratica até "regra
; tidos mediante provas publicas do seu saber
de tres" elementos de Geometria
; Sistema; como higienistas ; esses insf>eccionam os pré-
Métrico elementos de Geografia e Historia,
; dios escolares e observam quotidianamente a
principalmente do Brasil lições de cousas
; ; saúde de alunos e professores, prevenindo, me-
noções concretas de Sciencias Fisicas e His- dicando, evitando a propagação de moléstias.
toria Natural Instrução IMoral e Civica
; ; São em numero de 23 os inspectores mé-
trabalhos manuaes e trabalhos de agulha. dicos escolares outros tantos são os inspecto-
;

(Faz muita falta o estudo do Desenho em suas res exclusivamente literários que também visi-

múltiplas variedades) Este programa divi-


. tam as escolas,verificando a frequência e o
de-se metodicamente por tres cursos Funda- : exacto cumprimento das disposições regula-
mental, Médio e Complementar. mentares .

Trabalham nas escolas primarias 320 pro- Taes inspectores, como todo o funciona-
fessoras catedráticas, 2158 professoras adjun- lismo deste ramo administrativo, são subordi-
tas de varias categorias, 2 mestras e 2 contra- nados ao Director Geral da Instrução Publica
mestras. A
frequência em 1922 foi de 39976 Municipal, autoridade escolhida pelo Prefei-
crianças to. De 1920 a 1922 foi Director Geral o Dr.
. . . .

126 Rio de Janeiro

Ernesto do Nascimento Silva, Professor da Presidente do Conselho Superior de En-


Faculdade de Medicina. Sucedeu-lhe o Dr. sino, em 1922, era o Dr. Benjamin FrankHn
Carneiro Leão de Ramiz Galvão.
Com o pessoal ocupado na Instrução —
professores e não professores despendeu a —
Municipalidade em 1922 cerca de 13.000:000$;
com o material dois mil e tantos contos.

Alemdessa organização municipal ha no


Distrito Federal os seguintes estabelecimen-
tos oficiaes de instrução :

Instituto dos Surdos Mudos.


Instituto "Benjamin Constant" (cegos)
Instituto Nacional de Musica.
Escola Nacional de Bellas Artes.
Colégio "Pedro 11".
Escolas militares, de Exercito, Marinha
e Policia.

Universidade do Rio de Janeiro, com Fa-


DR. RAMIZ GALVÃO
culdades de Medicina, Engenharia e Direito,
Faculdade Hahnemanianna (Medicina Ho-
moepatica, com hospital anexo) .

Instituto Electro-tecnico
COLÉGIO PEDRO II
"Oswaldo Cruz".
Instituto
PROVISÃO. A experiência que temos de que
Escola "Wenceslau Braz" (artes e ofi-
nesta Cidade e seus contornos se perdem muitos
cios)
moços que, ficando órfãos de pae em tenra idade,
.

não têm quem os instrua nos bons costumes, e


*
nas artes em que podem aproveitar-se, e viver
cristã e religiosamente naquéles empregos eclesi-
ásticos ou seculares para que tiverem génio e
Ha no Distrito Federal numerosos esta- prestigio, nos tem movido a procurar remédio
belecimentos particulares de ensino primário,
para este dano, não só por meio de um Seminário
secundário e técnico, frequentados por mais de
a que temos dado principio na forma do Sagrado
10.000 estudantes, e que não têm fiscalização Concilio Tridentino, mas também por meio da
oficial
instituição de um Colégio em que sejam recebidos
e criados meninos órfãos de paes pobres, e des-
*
amparados de criação, os quaes no dito Colégio
sejam instruídos na Doutrina Cristã, ler, escre-
ver, e na língua latina. Musica e instrumentos,
O Conselho Superior do Ensino, órgão como também nas funções eclesiásticas de que
consultivo do Governo e o seu auxiliar ime- podem ser capazes. Portanto, em nome d'Aquêle
diato, fiscaliza os institutos oficiaes e os equr- Senhor que foi servido dar-nos esta vontade insti-
parados a estes . Decreto 1 1 . 530 de 18 de tuímos nesta Cidade do Rio de Janeiro um Colé-
Março de 1915. gio para criação dos meninos órfãos, nas costas
Compõe-se o Conselho de um Presidente da igreja de S. Pedro, nos chãos que se compra-
da Republica entre
(escolhido pelo Presidente ram ao Padre Manoel Marques Esteves, com porta
os cidadãos de profundo saber e familiariza- para a mesma igreja, por trás da capéla-mór, jun-
dos com as questões de Ensino), dos directo- tamente com as casas que ao lado da mesma ca-
res dos institutos oficiaes subordinados ao Mi- péla estão fabricadas, e quanto possa ser neces-
nistério da Justiça e Negócios Interiores, e de sário para complemento da morada do mesmo Co-
um professor de cada um dos referidos institu- légio, os quaes assistirão no Côro da mesma igre-
tos eleito bienalmente pela Congregação res- ja, rezando com os capelães dela. E terão um sa-
pectiva . cerdote que nós ou nossos sucessores escolherem
. . .

Rio de Janeiro 127

e deputarem, de boa vida e costumes, o qual terá


que os órfãos as acompanhassem á ultima mo-
o cuidado de criar os ditos meninos, ensinando-
rada, processionalmentc. cantando o Miscrcrc.
Ihes a Doutrina Cristã e o santo temor de Deus,
Usavam estes jovens batina branca dc lã.
e, aos que não souberem, ler, escrever e contar
;
cinto e niurça pretos. Quando .saiam encorpo-
o depois disso mandará ensinar a lingua latina,
rados dizia o povo "lá vae a canicirada". \as
a rezar o Oficio Divino e ceremonias da igreja,
festas de igreja a que ctimpareviam era niuii..
como também, Musica e tocar instrumentos per-
apreciado o seu côro e na festividade de São
;
tencentes a ela, segundo vir a capacidade de
Joaquim scmi)rc estreava no púlpito um aluno,
cada um . .

tendo ai se iniciado a carreira de brilhantes


pregadores
Em 18II o uniforme dos órfãos passou a
Tal é a origem do Colégio Pedro II .ser preto com cinto roxxx murça também ro.xa.
Esta Provisão do Bispo D. Fr. Antonio
de Guadelupe (i^S) publicada em 1856 na
Revista do Instituto Histórico e Gcographico *

Brasileiro mostra a origem humilde, religiosa


e caritativa do Colégio que hoje é padrão dos
Com a presença da Faniilia Real sentio-
institutos civis de ensino secundário no Brasil.
se no Rio de Janeiro falta de casas que bas-
Nasceti ntxma sacristia, cresceu na Cidade,
tassem para hospedagem da comitiva e a(|uar-
e encheu com seu nome o paiz inteiro.
telamento da tropa. Em 1818. não havendo
Tem a data de 20 de Outubro de 1739 o mais que requisitar, os procuradores reaes vul-
sett primeiro Estatuto, inspirado no Estatuto
taram-se para o Seminário de S. Joaquint,
do Colégio de Meninos Órfãos da Cidade do cuja fama, aliás, andava bastante deminuida
;

Porto. Foi primeiro Reitor, nomeado pelo


e os órfãos foram dispersados scgtuido as suas
Bispo, o Padre Sebastião da Mota Leite que
inclinações Os de espirito mais letrado foram
:

mandou logo funcionar as aulas de Gramática transferidos para o Seminário de S. José ou


Latina e de Musica e Canto-chão. O Profes-
Seminário Maior, no Rio Comprido outra —
sor de Latim dava 4 horas de aula por dia o creação do Bispo Guadelupe
;
os menos dados ;

Professor de Canto leccionava apenas duas a letras foram empregados em diver.sas ofici-
vezes por semana.
nas mecânicas. Em 1821 o Regente H. Pedro,
O Património do Colégio ia se formando atendendo a fortes solicitações, restal^eleceu o
á custa de esmolas durante o 2." reitorado Orfanato na casa antiga, acentuando-lhe, porem,
;

teve grande aumento com o legado do negoci-


a organização secular.
ante Ignacio da Silva Medella, cujo retrato, Da Regência Permanente, já no 2." Impé-
por otitras benemerencias, ainda se pode ver rio, o primeiro Ministro, Lino Coutinho, reor-
na sacristia da igreja da V. Ordem Terceira ganizou o Estabelecimento mandando admitir
de S. Francisco da Penitencia. órfãos pobres e desvalidos' entre sete e doze
Da sacristia da igreja de S. Pedro os ór- anos, marcando o uniforme de jaqueta e calça
fãos passaram, em 1766, para o lado direito de duraque azul, boné azul com tope nacional,
da igreja de S. Joaquim, arrazada, em 1905, e sapatos pretos A tendência do programa era .

para prolongamento da rua Larga, hoje Mare- para o ensino profissional.


chal Floriano. O prédio era onde ainda está o
Colégio no principio da rua do Valongo, hoje
Camerino mas o seu aspecto actual é o da *
;

reconstrução de 1918.
Os Órfãos de S. Pedro passaram naquela Grande reforma, porem, foi realizada em
ocasião a ser conhecidos por Órfãos de S Joa-
25 de Março de 18.37 pelo Ministro Bernardo
.

quim. O Estabelecimento chamava-se Seminá- Pereira de Vasconcelos, da Regência do


rio. Era o Seminário Menor, para distinguir
Marquez de Olinda. O Decreto tem a data de
do Maior, no Rio Comprido. 2 de Dezembro (aniversario natalício do 2" Im-
A Receita aumentava com o rendimento perador), e assim se exprime nos seus tres pri-
de prédios legados em testamentos ou doados meiros artigos :

em vida, e oom as pensões de alguns alunos,


ricos e, ainda, com os prémios de serviços
prestados Os Órfãos de S. Joaquim eram
:
Art. 1.° —
O Seminário de S. Joaquim
em Colégio de instrução secun-
chamados para certos enterros, recebendo cada é convertido
um uma esmola em dinheiro e uma vela de daria. —
Art. 2.° Este Colégio é denommado
cêra e pessoas devotas e ricas legavam ao Se-
;
Pedro II.
minário somas de maior ou menor vulto para Colégio
.

128 Rio de Janeiro

Art. 3.° — Neste Colégio serão ensina- Foi seu primeiro Reitor o Dr. Joaquim
das as línguas latina, grega, francesa e ingle- Marques de Almeida Rego. As aulas come-
sa, Rhetorica, e os princípios de Geografia, çaram em Fevereiro de 1858.
Historia, Filosofia, Zoologia, Mineralogia, Bo- Dispenso-me de assinalar outras muita?
tânica,Quimica, Fisica. Arimetica, Álgebra, revisões do Regulamento que não alteravan
Geometria e Astronomia. '

a natureza da Instituição.
Em 1889 o Governo Imperial comprou
O diploma de Bacharel em Letras apa- por 200:000$ o prédio da Praça D. Pedro I,
rece ai pela primeira vez. hoje Praça Deodoro, para onde se mudou e
Foi primeiro Reitor nomeado para o Co- onde até agora está o Internato.
légio Pedro II D. Frei Antonio de Arrábida,
Bispo de Anemuria. No di a2 de Maio de
*
1838 abriram-se as aulas. Os alunos saíam
á rua em terno de casaca verde com botões
amarelos, e chapeo alto de pêlo de seda. Depois do Decreto 11 .530 de 18 de Março
de 1915 o Colégio Pedro II é constituído pelas
*
duas secções —
Internato com 200 alunos e
Externato com 400, sob um mesmo Director.
O seu programa é o de uma sólida instrução
Novo Regulamento expedido em 1 de Fe-
fundamental que habilite o estudante a satis-
vereiro de 1841 pelo Ministro Antonio Carlos
fazer plenamente as exigências de um exame
Ribeiro de Andrada Machado e Silva, do 1.°
vestibular para admissão em qualquer escola
Gabinete do 2.° Império, alterou para sete anos
ou faculdade universitária.
o Curso de Bacharelato. 2 de Dezembro Em Cada- secção do Colégio tem um Profes-
de 1843 o Ministro José Antonio da Silva
sor de Português, um de Francês, um de Inglês,
Maia, do 3.° Gabinete, ouvido o Conselho de
um de Alemão, um de Italiano, um de Latim,
Estado, expedio Decreto sobre o modo de con-
um de Espanhol, dois de Matemática Elemen-
ferir o Grau O bacharelando, de joelhos,
:

tar, um de Geografia, Corografia e Elementos


pondo a mão no Santo Evangelho, diria em
de Cosmografia, um de Fisica e Quimica, um
voz alta 'Juro respeitar e defender constan-
de Historia Natural, um de Historia do Brasil
temente as instituições pátrias concorrer quan-
e Universal, um de Lógica, Psicologia e Histo-
;

to me fôr possível para a prosperidade do Im-


ria da Filosofia, um de Desenho e um de
pério, e satisfazer com lealdade as obrigações
Ginástica
que me forem incimabidas " Depois o Ministro
.

Findo o curso o estudante recebe um Cer-


do Império impunha o Barrete da Faculdade
tificado em sessão solene da Congregação.
de Letras (setim é franjas brancas) dizendo
"Dou-vos o Grau de Bacharel em Letras que
:

O Colégio Pedro II por seu Regimento,


seu Programa, e pdla excelência dos seus pro-
espero honreis sempre tanto como haveis sa-
fessores serve de norma aos estabelecimentos
bido merecer."
de ensino secundário no Brasil. O seu Patri-
Em
1844 outro Decreto mudou os termos
mónio anda por oerca de cinco mil contos de
do juramento : "Ju.ro manter a religião do Es-
réis. É seu Director actual o Dr. Carlos Ma-
tado, obedecer e defender a S. M. o Impera-
ximiano Pimenta de Laet, o mais antigo
dor D. Pedro II, e as instituições pátrias ;
membro do seu Corpo Docente.
concorrer quanto me fôr possível para a pros-
peridade do Império, e satisfazer com lealdade
A instalação do Colégio, depois das obras
de 1918 é ampla, higiénica, e dignamente apa-
as obrigações que me forem incumbidas."
relhada .

* *

Em
1851 o Colégio foi encorporado ap Os professores do Colégio Pedro II, au-
património nacional, isenta a sua séde da De- xiliados por outros de outros estabelecimen-
cima Urbana, vendidos os seus prédios e em- tos oficiaes de ensino, constituem as comissões
pregado o produto em apólices da Divida Pu- julgadoras dos estudantes que anualmente pe-
blica, inalienáveis. rante o Colégio requerem exame de seus co-
Em 1857 foi o Colégio dividido em dois nhecimentos nas varias matérias do Curso
estabelecimentos — Internato e Externato, Normal de Preparatórios. No fim do ano lec-
cada um com seu Reitor. O internato insta- tivo de 1922 essas comissões examinaram em
lou-senuma chácara, alugada, da rua Conde Português, 1.044 estudantes Francês, 797 ;
;

do Bomfim canto da rua S. Francisco Xavier. Latim, 233 ; Inglês, 565 Alemão, 6 Espa-
; ;
.

Rio de Janeiro
129

nhol, 7 4
j Italiano, ; Aritmética, 1.183 ; Álge- rios por serviços de guerra, do Exercito
bra, 617 Geometria, 500 e da
;
; Geografia, 1.226 ;
Marmha e mcxliante retribui<;ão. filhos
;
de fa-
Hist. Universal, 760 Hist. do Brasil', 1.214
;
milias estranhas a essas classes.
;

Fisica e Ouimica, 540 Hist. Natural, 555


; e Amatricula de alunos no Colégio Mili-
'

Desenho, 30 tar sempre disputada


foi o Regulamento
A Lei
Orçamentaria de 1922 autorizou manda submeter os candidatos a um exame
;

o Governo Federal a restabelecer no Colégio preliminar, e perante as comissões examinado-


I

Pedro II o Curso do Bacharelato, de acordo ras c.omparectni anualmente cciilcn.i-; .!<•


I me-
f com a respectiva Congregaccão, aproveitando ninos .

; o instituto como Faculdade de Letras, encor- O curso c (ic c i mipicende


.

porada á Universidade do Rio de janeiro.


:
tinias as matérias de um curso completo d:

COLÉGIO MILITAR

COLÉGIO MILITAR humanidades e sciencias naturaes. Desenho,


Musica, Topografia, Agrimensura e Legisla-
'
Estabelecimento creado em 1889 (Decre- ção de Terras, Ginástica. Esgrima e Equitação.
10.202, de 9 de Março) por iniciativa do
to A instalação é modelar, com bôa biblioté-
Conselheiro Thomaz José Coelho de Almeida, ca e importantes museus de Historia natu-

I
então Ministro da Guerra, e inaugurado em 6 ral e de Mineralogia. Bôas salas de aula.
ide Maio do mesmo ano. Foi seu primeiro Di- \'asto campo de exercícios. Dormitórios e re-
i
rector o então Coronel Antonio Vicente Ri- feitórios muito higiénicos.
I'
beiro Guimarães. A êle e á Congregação de A
matricula oscila entre 600 e 800. ul- O
I
professores que o Governo Imperial nomeou timo Regulamento (Março de 1922) limita em
,
se deve a organização e plano de ensino que 750, sendo 125 gratuitos.
I fizeram o Colégio notável desde o seu primeiro
lano lectivo. Os professores catedráticos são 14, e 12
Internato de instrução e educação mili- adjuntos ;
leccionam, porem, activa e dedica-
tar receber gratuitamente filhos
destina-se a damente cerca de 40 professores porque ha
de oficiaes efectivos e reformados, e honora- catedráticos e adjuntos adidos ao Colégio, e
. . . . :: . . .

130 Rio DE Janeiro

numerosas são as turmas de alunos em cada go, Estação da E. F. C. B., no Ramal de


ano € em cada matéria. Santa Cruz É comandada por um coronel
.

Têm sido directores do. Colégio Militar O seu curso é de tres anos, sendo o 1.»
do Rio de Janeiro, depois do primeiro que Fundamental. Decreto 12.956 de 10 de Abril
deixou o cargo em Julho de 1891 : de 1918. Os alunos são praças de pret.
Coronel L. Mendes de Moraes (1891-93) . Os aprovados no Curso Fundamental são
Tenente Coronel João Carlos Marques chamados por ordem de merecimento, para
Henriques (1893).
Coronel Roberto Trompowsky Leitão de
escolherem a arma que preferem — segundo
as vagas em perspectiva na Infantaria, na Ca-
Almeida (1894). valaria, na Artilharia e na Engenharia d
Coronel José Alipio Macedo da Fontoura Exercito. Feita a escolha seguem os doi
Costallat (1894-904). anos do Curso Especial, em que cada alun
Coronel Manoel Rodrigues de Campos dentro da Escola pertence a tuna unidade mi
(1904-06).
Coronel Alexandre Carlos Barreto (1906-
litarmente organizada — ou Companhia de In-
fantaria, ou Bateria de Artilharia, ou Compa-
1916)
Coronel Alexandre Henriques Vieira Leal
nhia de Engenheiros — com obrigações d
arregimentado, como qualquer soldado na ca
(1916-19) sernã. Concluído o Curso o aluno recebe a su
Coronel Olavo Manoel Corrêa (1919-21). espada e o titulo de "Aspirante a Oficial".
General Alfredo Odoarto da Silva Moraes Alem da sua instrução técnica, tem a pratica
Nomeado em 1921. Fôra Secretario do Colégio do serviço em todas as suas minúcias. Co-
de 1895 a 1898. É dos mais antigos professo- nhece a sua arma e a vida de relações militares.
res do Estabelecimento. Para os distribuir pelos corpos do Exer-
O Secretario, em 1922, Tenente Agricola cito segundo a arma em que se especializa-
da Camara Lobo Bethlem, foi aluno do Colégio ram o Ministério da Guerra chama os Aspi .

de 1901 a 1907 e concluiu brilhantemente o


;
rantes por ordem de merecimento, e oferece-
curso da Escola Militar em 1909. Ihes as vagas existentes em todo o paiz, per
Os moços educados no Colégio Militar mitindo-lhes a escolha da Guarnição em que
do Rio de Janeiro têm seguido os mais va- preferiram ser classificados.
riados destinos Comercio, Industria, Lavou-
:
Escola de Estado Maior (Regulamente
ra, Engenharia, jNIedicina, Magistério, Magis- de 7 de Abril de 1920) . Destina-se a instruir
tratura, Diplomacia ha muitos bacharelados em ;
metódica e progressivamente, em 3 anos. Capi-
Direito e alguns foram atraídos pela politica
;
tães e Primeiros Tenentes, afim de que possam
No actual Governo da Republica destaca-se exercer as funções de seus postos no Estado
um ex-aluno do Colégio Militar. Predomina, Maior dos exércitos e das divisões.
porem, o numero dos que seguem a carreira Escola de Aperfeiçoamento de Oficiaes
das armas ; e têm dado excelentíssimos oficiaes (Regulamento de 7 de Abril de 1920)'. Di-
do Exercito e da Marinha os moços que neste rectamente subordinada ao Chefe do Estado
Estabelecimento fizeram o seu curso geral de Maior do Exercito, destina-se a completar a
preparatórios instrução dos oficiaes do Exercito, aperfei-
Tal e tão justificada fama ganhou esta çoando-os como instrutores e comandantes das
casa de educação e ensino que o Congresso pequenas unidades.
Nacional autorizou a abertura de outras con- Escola de Aviação Militar, também su-
géneres ; e já o Governo estabeleceu colégios bordinada ao Chefe do E. M. E. Tem por
militares no Ceará, em Minas Geraes e no fim preparar pilotos aviadores, observadores,
Rio Grande do Sul. O do Rio de Janeiro é mecânicos e operários especialistas para a
Primaz construção e reparo dos aviões. O seu Re-
Dada a nova organização democrática da gulamento de 31 de Março de 1920 foi alte-
defesa nacional cumprindo a cada cidadão rado pelo Decreto de 10 de Junho de 1922.
ser um soldado convicto e destro, a organiza- Escola Veterinária do Exercito. Creada
ção militar dos institutos d^ educação e ensino em 6 de Janeiro de 1910, o seu Regulamento
impõe-se, generahza-se, e prevalecerá. (^®^) é de 23 de Junho de 1920. Prepara veteriná-
rios, militares ou não, com os conhecimentos
indispensáveis ao tratamento e conservação
INSTITUTOS MILITARES DE dos animaes em geral
ENSINO Escolas de Intendência. Regulamento de
10 de Outubro de 1922. Nestas se preparam
Dos Colégios militares acabo de tratar. oficiaes para a Administração militar e para a
A Escola Militar tem sua séde no Realen- Contabilidade administrativa
. .

Rio de Janeiro

Escola dc Sargentos dc Infantaria Fragata e Capitães de Mar e Guerra


Escolas dc Aprendizes Marinheiros e de para os
serviços do Estado Mai(»r c dc Alto
Grumetes. Regulamento de 10 de Fevereiro comando.
de 1915. Sob a imediata jurisdição da Insjie-
ctoria de Marinha, tem por fim preparar me-
ESCOLA NORMAL
nores para o alistamento do Corpo de Mari-
nheiros Nacionaes, dotando-os com as bases A 1." Escola Normal no Rio dc Janeiro,
necessárias para a matricula em escolas pro- foi fundada ix;lo Senador Manoel Frandscu
fissionaes. Ha uma Escola de Aprendizes em Corrêa, que a inaugurou, com a presença do
cada Estado maritimo. Imperador Pedro II, cm 25 de Março de 1874.

COLÉGIO MILITAR

Escola Naval, com séde na Ilha das En- e a dirigiu em caracter particular. Foi seu
xadas. Regulamento de 7 de Abril de 1920. propósito contribuir para a obra regeneradora
Dá instrução teórica e pratica aos jovens que do magistério primário.
I tendo sentado praça como Aspirantes a Guarda- Encerraram-se as aulas com a mesma so-
marinhas, se destinam ao serviço da Marinha lenidade perante o Imperador, a 20 de Dezem-
de Guerra Nacional — navegadores, comba- bro de 1875, extingindo-se então a Escola,
tentes ou Engenheiros-maquinistas porque uma disposição da lei orçamentaria
Escola de Aviação Naval. Séde na Ilha desse ano, autorizava a creação de escolas
das Enxadas, emquanto se não muda para a normaes tornando ipso facto disj)ensavel a que
Ilha do Governador. Regulamento de 17 de fóra creada por iniciativa particular.
Janeiro de 1917. Subordinada ao Chefe do Essa escola funcionou na casa 104 da
Estado Maior da Armada, tem por fim pre- Rua Larga de S. Joaquim (hoje Marechal
parar aviadores para os complexos serviços da Floriano) O seu curso era de 3 anos, e al-
.

Marinha Militar gumas alunas chegaram a matricular-se no 2."


Escola Naval de Guerra. Creada em 1914. e concluiram o curso.

Regulamento de 31 de Dezembro de 1921. É OGoverno concedeu ao Director, aos pro-


destinada á especialização técnica dos Capitães fessores e alunos e alunas que concluíssem o
Tenentes, Capitães de Corveta, Capitães de curso, o uso de um anel especial e a Congre- ;
.

132 Rio de Janeiro

gação ofereceu ao Conselheiro Corrêa um que um ano : e em 1890


passou á Municipalidade.
a 26 de Maio de 1899 êle entregou ao Museu De 1911 como instituto autóno-
a 1914 existio
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. mo, regendo-a a Congregação de seus profes-
sores, em virtude do Decreto n." 838 de 20 de
Outubro de 1911.
Pelo Decreto n." 985 de 10 de Outubro
Em virtude da lei orçamentaria de 1875, de 1914 que lhe deu novo Regulamento voltou
foipromulgado o Decreto de 30 de Novem- a ser da -Municipalidade.
bro de 1876 creando na Côrte, duas escolas O Decreto n." 1.025, de 25 de Junho
normaes primarias, sendo uma internato para de 1915, creou, anexa á Escola Normal, a Esco-
professoras e outra externato para professo- la de Aplicação funcionou esta no edifício
;

res. O curso seria de 3 anos e a cada uma


; que foi da Agencia junto á Escola no largo
seria anexada uma das escolas primarias do do Estácio hoje está na Escola "Gonçalves
;

Municipio para a pratica do ensino. Dias", escola primaria mixta. na Praça Deo-
No dia 2 de Dezembro de 1876, lançou- doro.
se a pedra fundamental. Era dia aniversario A Escola Normal rege-se em 1922 pelo
do Imperador que então viajava pela Europa, Regulamento que baixou com o Decreto n." 1059
achando-se como Regente a Princeza Isabel, de 14 de Fevereiro de 1916, alterado parcial-
e sendo Ministro do Império o Conselheiro mente por vários decretos posteriores.
José Bento da Cunha Figueiredo. Realizou- A Escola Normal do Distrito Federal teni
se ás 2 horas da tarde na Rua da Relação es- tido 19 directores desde 1880 até 1922 :

quina da dos Inválidos, onde está hoje a Po-


licia, que era então na Rua do Lavradio es- * — Benjamin Constant Botelho de Ma-
1
quina da do Senado. A
acta foi redigida e es- galhães .

cripta pelo professor Francisco Carlos da * 2 — Dr Sancho de Barros Pimentel.


Silva Cabrita, que era então Professor e Se- * 3 — Dr João Pedro de Aquino.
cretario do Lyceu de Artes e Ofícios, e aluno * 4 — Dr Theophilo das Neves Leão.
da Escola Politécnica. Esta acta acha-se no — Dr. Francisco C. da Silva Cabrita.
5
Arquivo Nacional, e foi publicada no n.° 11 6 — Dr. Joaquim Abílio Borges.
do 2.° ano da "A Escola Primaria", de 1 de 7 — Dr. Alfredo Gomes.
Agosto 'de 1918. A
pedra foi benzida pelo 8 — Dr Luiz Nazareth.
Bispo D. Pedro Maria de Lacerda, em pre- * 9 — Dr Raymundo Monteiro da Silva.
sença da Regente do Imperiof, Ministros e *10 — Dr. Manoel Bomfim.
pessoas distintas o discurso foi pronunciado
; *11 — Dr. Sérvulo de Lima.
pelo Arquitecto Com. Bethencourt da Silva, *12 — Dr. José Veríssimo Dias de Mattos.
Director do Liceu de Artes e Oficios, autor 13 — Dr. Thomaz Delfino dos Santos.
do projecto a executar. A
acta desta soleni- *14 — Hans Heilborn.
dade é só o que resta de tudo isso 15 — Dr. Julio Afrânio Peixoto.
Em 6 de Março de 1880, o Decreto 16 — Dr. Ignacio Azevedo do Amaral.
n." 7.684 creou a actual Escola Normal era ;
17 — D. Esther Pedreira de Mello.
dependência do Ministério do Império fun- ;
18 — Dr. Alfredo do Nascimento Silva. e
cionava á noite na Escola Politécnica onde 19 — Dr. José Rangel.
esteve até 1888. Nesse ano instalou)-se na
Praça da Aclamação, junto ao Palacio da Ca-
mara Municipal, isto é na actual Praça da
Republica, junto á Prefeitura deslocou duas
;
ACADEMIA BRASILEIRA DE
escolas primarias, uma para cada sexo, que LETRAS
funcionavam naquele edifício construído pelo
Engenheiro Passos, e que é hoje a Escola Depois de algumas sessões preparatórias
Profissional "Rivadavía Corrêa". Daí mudou- em que se acalentava a idéa de uma creação
se em fins de 1914 para a Rua de S Christo- .
oficial, os mais devotados á fundação de uma
vão 18, edifício da Escola "Estácio de Sá", e Academia para a culttira e desenvolvimento da
mais tarde estendeu-se ao prédio da esquina, literatura brasileira —
Araripe Jor. (roman-
desalojando a Agencia da Prefeitura para que cista), Arthur Azevedo (com'ediografo). Graça
fôra construído. Aranha (romancista), Guimarães Passos (poe-

Em 1889 a Escola Normal passou ao Mi-


nistério da Instrução Publica, que só durou * _ Falecidos.
. . .. . .. .

Rio de Janeiro 133

ta), Inglez de Souza (jurisconsulto), Joaquim cia Rodrigues Alves, concedeu séde á Acade-
Nabuco (sociólogo), José Verissimo (critico), mia no Syllogêu Brasileiro.
Lucio de Mendonça (poeta), Machado de Assis Em 1919 faleceu nesta Capital o livreiro
(romancista e poeta), Medeiros e Albuquerque Francisco Alves que dotou a Academia com
(poeta e jornalista), Olavo Bilac (poeta e fo- o legado de alguns milhares de contos.
lhetinista), Pedro Rabello (poeta e jornalista),
Rodrigo Octávio (novelista e Professor de Di-
reito), Silva Ramos (escritor e filólogo), Tei- Cadeiras da Academia. Nomes dos
xeira de Mello (historiador) e Visconde de respectivos patronos (em grifo) com
Taunay (historiador e romancista) reuni-— as datas da sua existência.
limites
ram-se, em 28 de Janeiro de 1-907, na sala da Nomes dos académicos fundadores (o
Redacção da Revista Brasileira, e declararam 1." adcante de cada patrono). Su-
oonstituida a Academia, mesmo sem o apoio cessores dos que passaram á Eter-
oficial que lhes vinha sendo prometido, e que nidade.
faltava
Machado de Assis apresentou, então, o
Estatuto constante de dez artigos, redigidos
1 — Adelino Fontoura (1859-84)
Luis -Murat (1861)
por êle, Joaquim Nabuco, Silva Ramos, Ro-
drigo Octávio e Inglez de Souza que compu- 2 — Alvares de Acevedo (1831-82)
nham a primteira Directoria. Em seguida Coelho Netto (1864)
inscritos também como sócios fundado-
foram 3 — Arthur de Oliveira (1851-82)
Coelho Netto, Filinto de Almeida, José do
res Filinto de Almeida (1857).
Patrocínio, Luiz Murat e Valentim Maga-
lhães que tinham comparecido ás sessões ante-
4 — Basilio da Gama (1740-95)
Alcides Maya (1878)
riores. Todos foram aclamados membros efe-
ctivos e perpétuos da instituição, juntamente 5 — Bernardo Guimarães (1827-84)
com Affonso Celso, Alberto de Oliveira,, Al- Raymundo Corrêa (1860-1911)
cindo Guanabara, Carlos de Laet, Garcia Re- Oswaldo Cruz (1872-1917).
dondo, Pereira da Silva, Ruy Barbosa, Sylvio Aloysio de Castro (1881).
Romero e Urbano Duarte que já haviam ade- 6 — Casimiro de Abreu (1837-60)
rido á idéa da fundação, aceitando o convite Teixeira de Mello (1833-1907).
para fazerem parte da Academia. Arthur Jaceguav (1844-1914).
Procedeu-se, então, á eleição de mais dez Goulart de Andrade (1882)
membros para completar o numero de 40, _
7 Castro Alves (1847-71)
obtendo maioria absoluta Aluisio Azevedo,
Valentim Magalhães (1859-1903).
Barão de Loreto, Clóvis Beviláqua, Domicio
Euclydes da Cunha (1866-1909).
da Gama, Eduardo Prado, Luiz Guimarães
Afrânio Peixoto ( 1876)
Jor., Magalhães de Azeredo, Oliveira Lima,
Raymundo Corrêa e Salvador de Mendonça. 8 — Clandw Manoel da Costa (1729-89^
Escolheram os 40 académicos os seus res- AlI)erto de Oliveira (1857).
pectivos patronos literários e realiz'0u-se a
;
9 — Visconde de Araguaya (1811-82^
'sessão inaugural em 20 de Julho de 1907. Magalhães Azeredo (1872).
Nesse mesmo dia informou Machado de Assis
que a Academia recebera das livrarias "Gar-
10 _ Evaristo da Veiga (1799-1837)
Ruy Barbosa (1849).
nier" e "Laemmert", exemplares encadernados
de todas as obras dos Académicos e de seus 11 _ Fagundes Varella (1841-75)
veneráveis patronos. Foi assim iniciada a Bi- Lucio de Mendonça (1854-1909)
bliotéca que mais tarde tomou grande vulto Pedro Lessa (1859-1921)
com a oferta de mais de mil volumes das bi- Eduardo Ramos (1860)
bliotécas de Lucio e Salvador de Mendonça. 12 — França Júnior (1838-90)
Outras sessões se efectuaram no Gabi- Urbano Duarte (1855-1902)
nete Português de Leitura, na Associação Augusto de Lima (1860)
Christã de Moços, no Colégio Pedro II e na
Academia Nacional de Medicina. 13 — Francisco Octaviano (1825-89)
Visconde de Taunay (1843-99).
Em8 de Dezembro de 1900 o Presiden-
do Interior Francisco de Castro (1857-1901).
te Campos Salles e o :\Iinistro
Martins Júnior ( 186()-1904) .

Epitácio Pessoa assinaram o Decreto 726 que


houza Bandeira (1865-1917).
,

deu á Academia existência oficial. Mi- O


Hélio Lobo (1883).
nistro do Exterior J. J. Seabra, na Presidên-

V
. . . . . . .

134 Rio de Janeiro

14 — Franklin Távora (1842-88) 30 — Pardal Mallet ( 1864-94)


Clóvis Beviláqua (1859). Pedro Rabello (1868-1905).

15 — Gonçalves Dias (1823-64)


Heraclito Graça (1836-1914).
Antonio Austregésilo (1876).
Olavo Bilac (1865-1918).
Amadeu Amaral (1875). 31 — Pedro Luis (1839-84;

16 — Gregorio de Mattos (1623-96)


Luiz Guimarães Jor. (1847-1898)
João Ribeiro (1860)
Araripe Júnior (1848-1911).
Felix Pacheco (1879) .
32 — Porto Alegre ( 1806-79) .

17 — Hippolyto da Costa (1774-1823)


Carlos de Laet (1847).
— Raul Pompeia
Sylvio Romero (1851-1914). 33 (1863-95)
Osorio Duque Estrada (1870). Domício da Gama (1862).

18 — João Francisco Lisboa (1812-63) 34 — Souza Caldas (1762-1814)


José Veríssimo (1857-1916). Pereira da Silva (1817-98;
Homem de Mello (1837-1918). Barão do Rio Branco (184 i912)
Alberto Faria ( 1869) Lauro ^lúller (1863)

.

19 —
35 Tavares Bastos (1839-75)
Joaquim Caetano (1810-73)
Rodrigo Octávio (.1866)
Alcindo Guanabara (1865-1918).
Silvério Gomes Pimenta (1849-22) 36 — Theophilo Dias (1854-89)
Affonso Celso (1860)
20 — Joaquim M de Macedo (1820-82)
.

37 — Thomaz Gonzaga (1744-180/.


Salvador de Mendonça (1841-1913)
Silva Ramos (1853) .

Emilio de Menezes (1867-1918).


Humberto de Campos ( 1886) .
38 — Tobias Barreto (1839-89)
Graça Aranha (1868).
21 — Joaquim Serra (1838-88)
39 — Varnhagcn (1816-78)
José de Patrocínio (1854-1905).
Mário de Alencar (1872). Oliveira Lima (1867) .

40 — Visconde do Rio Branco (18-9-1880)


22 — José Bonifacio, o moço ( 1827-86) Eduardo Prado (1860-1901).
Medeiros e Albuquerque (1867). Affonso Arinos (1868-1916).
23 — José de Alencar (1829-77) Miguel Couto ( 1864) .

Machado de Assis (1839-1908).


Lafavette R. Pereira (1834-1917).
Alfredo Pujol (1865) .
MEMBROS CORRESPONDENTES
24 — Julio Ribeiro (1845-90) ESTRANGEIROS
Garcia Redondo (1854-1916).
Luiz Guimarães Filho (1878). (Os que foram e os que o são)

25 — Junqueira Freire ( 832-55)


Barão de Loreto (1836-1906) 1 — Bartolomé IMitre (1821-1906) ; Gon-
Arthur Orlando (1858-1916). çalves Vianna (1840-1914). Alber-
Ataulpho de Paiva (1867). to de Oliveira.
26 — Laurindo Rabello ( 1826-64) .
2 — Eça de Queiroz (1845-1900). C. Ma-
lheiro Dias.
Guimarães Passos (1867-1909).
3 -- Elisée Reclus 830-1905) Jayme de
Paulo Barreto (1881-1921). ( .

Constâncio Alves (1863). Seguier


1 - Emile Zola (1840-1902). Antonio
27 — Maciel Monteiro (1804-68) Corrêa de Oliveira.
Joaquim Nabuco (1849-1910). 5 — Eugénio de Castro.
Dantas Barreto ( 1850) . 6 —Garcia Merou (1862-1905). Javier de

,
28 — Manoel Ant. de Almeida (1832-61)
7
Viana
— Giierra Junqueiro.
Inglez de Souza (1853-1918).
Xavier Marques (1861).
8 — Guilherme Blost Gana ((1829-1905).
Victor Orban.
29 — Martins Penna (1815-48) 9 _ Henrique Ibsen (1828-1906). Conde
Arthur Azevedo (1855-1908). de Monsaraz (1852-1913). John
Vicente de Carvalho (1866). Cásper Bramer (1922).
. .

Rio de Janeiro

10 — Henrique Sienkievviez (1846-1916). O


logar escolhido foi a antiga
Fazenda
Julio Dantas. denonunada "Manguinho.s". junto ao
11 — Herbert Spencer (1820-1903). Jean de Inhaúma, 19,» Distrito Municipal,
porto
aprovei-
Finot. tadas algiunas construçõe,'^ existentes.
12 — John Fiske (1842-1901). Candido de Nascera o Instituto.
Figueiredo Em
1902 o Cíoverno Federal chamou a si
13 — John Hay (1838-1906). Ramalho Or- a conclusão definitiva do Instituto
ou Labo-
tigão(1836-1915). Antonio Feijó ratorio de Manguinhos, colocando-o
sob a di-
(1860-1917). João de Barros. reção do Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz.
14 — José Echegaray (1833-1916). Santos dico. Bactereologista, que
Me-
já ai fundi>iiava
Chocano. como especialissimo preparador de soros. Por
15 — Josué Carducci (1835-1907). Guilher- mor^e desse ilustre homem de .Sciencia.
em
me Ferrero. 1917, o Governo da Republica deliberou per-
16 — Leon Tolstoi (1828-1910). Martni petuar-lhe o nome no Instituto que êle fizera
Brussot. utilissimo. e não só conceituado mas
17 — Paul Groussac.
respei-
tado entre os seus
18 — Raphael 01)ligado (1801-1920). Ga-
congéneres de maior
reputação.
d'Annunzio.
briel Ogrande edificio —
do Arquitecto por-
19 — Theodoro Mommsen. (1817 1903). tuguês, Dr. Luiz Moraes —
é de estilo mou-
Goran Bjorkman. risco, todo de pedra, tijolo e ferro, com quatro
20 — Theophilo Braga. andares acima do pavimento térreo, alem do
subterrâneo. Os terraços superiores estão a
47 metros de altura. Se o exterior é l)elo. o
Durante o ano de 1922 a Academia Bra- interior é admirável. Ha em torno do edificio
sileirade Letras realizou 56 sessões, onze das grandes e pequenos bioterios, pavilhões, aquá-
quaes publicas. rios, cavalariças e pastagens, tudo cobrindo
Em
31 de Dezembro não havia tomado uma area de 35.000 metros quadrados.
posse o sr. em Agosto
Eduardo Ramos, eleito ;
O Instituto fôra instalado inicialmente
e existia vagaJoaquim Caetano
a cadeira para o fim de preparar o sôro antipestoso ;

pela morte, em Seteml)ro, de D. Silvério por sua capacidade, porem, e pela aptidão dos
Gomes Pimenta, Bispo de Mariana. Candi- profissionaes que nêle se congregam dedica-
dataram-se para ocupa-la os srs. Gastão Pe- damente, hoje ali são ])re])arados todos os
nalva. Rocha Pomba. Gustavo Barroso, Otto soros e vacinas mais em uso. Alen^ disso,
Prazeres, Mário de Lima e Monsenhor José faz-se no Instituto "Oswaldo Cruz" o estudo
Landim das moléstias infecto contagiosas que se pro-
Foram publicados em 1922 quatro nú- pagam no homem e nos irracionaes e lá se ;

meros da Rcfisfa da Acadciiiia. trimestral, ora ensina, ao mesmo


tempo, Bactereologia. Mi-
sob a direcção do sr. Alberto Faria. croscopia. Protozoologia e Parasitologia, em
.suas aplicações praticas á Higiene e á \'eteri-
naria. São numerosos os laboratórios e todos
dotados do material necessário para sua inteira
INSTITUTO "QSWALDO CRUZ"
eficiência. Preciosos museus, interessantis-
simas colecções. É um Estal)elecimento mo-
Em1899 apareceu a peste bubonica em delo. Oficinas fotográficas, tipográficas, de
Portugal e no Paraguay. As frequentes co- impressão, de galvanoplastia e de encaderna-
municações do Brasil com esses dois paizes ção completam os recursos do Instituto.
determinaram receios e aconselharam precau- ]\Iuitas moléstias parasitarias tem sido e

ções Paris e Berlim declararam que só com


. estão sendo estudadas nesse ambiente rigoro-
grande demora forneceriam sôro anti-pes- samente scientifico de onde tem saído profis-
toso. Já era tempo de termos recursos pró- sionaes abalizados para a clinica e para a do-
prios para casos taes. O Barão de Pedro cência medicas, e onde são redigidas as pagi-
Affonso, que então dirigia o Instituto Vaci- nas brilhantes de que se compõem as Memo-
nico Municipal, sugerio a creação de um Ins- rias do Instituto periodicamente publicadas.
tituto Sôro-terapicG A
peste irrt>mpeu em
.
O actual Director de Saúde Publica. Dr.
Santos. A
resolução creadora foi. então, ime- Carlos Chagas, trabalhando em Manguinhos
diata Em
19 de Outubro de 1899 o Prefeito
:
estudou a moléstia chamada "Papeira" que
fazia grandes estragos na população
do inte-
Cesário Alvim assinou o Decreto autorizando
rior de Minas Geraes e descobriu que o pro-
a despeza de noventa contos para a constru- ;

ção e aparelhamento do novo Laboratório. pagador dessa enfermidade é um animalculo


. .

136 Rio de Janeiro

(Triatonm Megistus) vulgarmente chamado moral do moço, conduzi-lo pelo trilho da


"barbeiro" que inocula no ser humano o pa- honra, instrui-lo, educa-lo, fortalece-lo, dar-lhe
rasito germe. Em homenagem ao descobri- boas relações, habilita-lo para a luta pela vida
dor, o Dr. Oswaldo Cruz, deu á enfermidade — honesta, alegre e progressivamente.
o nome de "Moléstia de Chagas", assim como No Novo Mundo surgio, também, a Y.
em homenagem ao Dr. Oswaldo Cruz o Dr. ]\I . C A . . . Em New- York teve um extraor-
Chagas dera ao germe o nome de Esquisotri- dinário êxito. Era bem a instituição necessá-
pano Cruzi. ria á mocidade. E, á maneira que ia sendo
O Instituto "Oswaldo Cruz" acha-se a conhecida no paiz, ia se fazendo indispensá-
45 minutos do centro da Cidade, pelo trem da vel nos grandes centros comerciaes e indus-
"Leopoldina Railway". O Prefeito Rivada- triaes. A
sua acção era evidentemente bene
via Corrêa aprovou em 1916 o projecto para fica. Multiplicaram-se, pois, as Associaçõ
a construção da Avenida Merity na extensão Christãs de Moços, por todos os Estados d
de 15.500 metros, desde a rua da Alegria até União, e junto das grandes emprezas ferro
a margem do rio Merity nos limites do Distri- viárias
to Federal com o Estado do Rio de Janeiro. Organizou-se em New York uma Comis-
O primeiro trecho de 2 km., desta Avenida são Internacional, em conjugação com a Ali-
atravessará o projectado Bosque de Mangui- ança Universal que já então se estabelecera
nhos que envolverá o Instituto. Então, de em Genebra. A
Aliança Internacional fundou
automóvel, a viagem será de 20 minutos. um Seminário onde se preparassem conveni-
entemente os directores técnicos destas Asso-
ciações, a fim de que nunca se lhes alteras-
sem as linhas constitucionaes
ASSOCIAÇÃP CHRISTÃ DE Cada Associação, em cada paiz, tem efec
MOÇOS tivamente a sua Directoria formada por pe"
soas de valimento local mas a oonservaçã ;

dos seus moldes originaes. a sua direcção pra


A. C. M. tica resultam da presença desses especialist
que se encorporam ás Directorias com
nome de "Secretários".
Um moço de coração, e, de certo, instruí- E a sua presença é util o seu trabalh
— — ;

do na Lei de Deus, George Williams intenso. Os Secretários são os maquinistas d


era, em 1848, empregado da casa Hitchock instituição. Para as suas funções são real
& Rogers, de Londres, quando resolveu fundar mente, exigidas qualidades primorosas Muit :

uma Associação destinada a salvar os rapazes actividade, muita fé, muito amor, muita ener-
dos perigos que lhes oferecem a rua, os bote- gia da vontade Ás seduções da ociosidade,
:

qtuns, as tavolagens e os alcouces. Condoera- dos falsos deleites e dos vícios, que desviam
se dos patrícios, amigos e colégas que per- os moços da Associação, é preciso saber opôr,
diam tanto tempo de suas folgas em cousas hábil e infatigavelmente, a propaganda do
prejudiciaes ou, mesmo, em cousa nenhuma, Bem, até vencer a cruel resistência, até des-
tempo que podiam aproveitar no melhora- pertar mesmo os indiferentes.
mento do seu corpo, da sua inteligência e do Os secretários norte-americanos são ad
seu caracter. Reunio aquêles que julgovi ca- miravelmente preparados para esse oficio ;

pazes de o ajudarem na iniciativa, e fundou ultimamente vão se consagrando á especiali


abnegadamente The Young Men's Christian dade muitos moços brasileiros.
Association.
A Associação prosperou porque, feliz-
mente, o numero de seus membros foi cres- *
cendo de ano para ano. Cresceram a impor-
tância e a fama da Associação. Não tardou
que em Londres se erguesse um vasto edifí- Um
dia houve quem do Rio de Janeir
cio para sede da Y. M
.C. A. E na Bélgica, escrevesse á Comissão Internacional pedindo
na França, na Alemanha, na Áustria, na lhe qúe estendesse até aqui a sua ação bene
Suissa, na Itália, na Asia, na Austrália foram merita. Veio, logo, um Secretario — Myro
sucessivamente surgindo filiaes dessa Asso- Augusto Clark — inteligenica lúcida, coraçã
ciação. Hoje ha 10.500 Associações Christãs amoroso, capacidade rara e, em 1893, co —
de Moços em 60 paizes diversos, todas rigo- auxilio de outros homens de Fé, industriaes
rosamente sujeitas aos mesmos princípios, e comerciantes, fundou no Rio de Janeiro
visando os mesmos fins Levantar o padrão
: Associação Christã de Moços.
. . .

Rio de Janeiro 137

Depois fundou niasi tres : em Recife, São INSTITUTO HISTÓRICO li


Paulo e Porto Alegre.
Em casa própria — 47, rua da Quitan-
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
da — vem funcionando ininterruptamente,
dia e noite, com aulas de instrução primaria, líin 21 de Outubro de 1839 um grupo
de
secundaria e profissional, conferencias publi- 27 brasileiros ilustres fundou o Instituto His-
cas, salas de leitura, de palestra, de reuniões ;
tórico e Geográfico Brasileiro, destinado a
Grémio Literário, Ginásio, banheiros, etc. coligir, coordenar, e publicar documentos c
Em prédio á parte —
1." de Março, 6 esta- — contribuições elucidativas da Geografia c His-
beleceu-se, recentemente, a Secção Naval do toria do Brasil. A
idéa desta creação partio
Departamento Militar, confortavelmente apa- de membros da Sociedade Auxiliadora da In-
relhada para instrução, descanso e recreio de dustria Nacional, centro notável de intelirtnacs
tripulantes, praças e sub-officiaes da marinha e patriotas. (^"M
de guerra. O primeiro Estatuto organizadti pilo
Afrequência das duas casas foi de 12.500 Visconde de S. Leopoldo, o Cónego janua-
sócios em 1922. rio da Cunha Barbosa e o Marechal lunha
Mattos —
foi aprovado em 25 de Novembro
* seguinte. Neste mesmo dia foi eleito primei-
ro Presidente o Visconde de S. Leopoldo que
exerceu o cargo por 8 anos e 8 niezes. Secre-
Em 1917. verificada a deficiência das tario Perpetuo o Cónego Januário.
suas instalações, e tendo recebido da Comis- D. Pedro II, que ainda era menor, foi
são Internacional a oferta de 120.000 dólares aclamado "Protector do Instituto" depois da :

para um novo e grande edifício, se aqui sub- luaioridade não faltava ás sessões, interessan-
screvessem 100.000 (quatrocentos contos ao do-se por todos os trabalhos.
cambio da época) a A. C. M. reunio todos Sucederam ao \'isconde de S. Leopldo
os seus amigos e reconhecidos pelos serviços na Presidência do Instituto :

que ella tem prestado, e, num movimento que


impressionou a Cidade, conseguio levantar Marquez de Sapucahv (1847-75).
458 :789$000, em 8 dias. Visconde de Bom Retiro (1875-86).
Já foi adquirido o terreno (40m. x50m) Com. íoaquim Norberto de Souza e
em frente á rua Heitor de Mello, na superfí- Silva (1886^91).
cie deixada pelo arrazamento do Morro do Cons. Olegário Herculano de .Aquino
Castélo. Breve se erguerá alto edificio em e Castro (1891-1906).

cujo pórtico se poderão inscrever as seguin- Marquez de Paranaguá (1906-07).


tes palavras :
Barão do Rio Branco (1907-12).
"Construido com os donativos de mil ami-
gos da mocidade e dedicado ao aperfeiçoa- Actualmente é Presidente do Instituto o
mento dos jovens para o serviço de Christo e Conde de Affonso Celso.
da Humanidade". Desde a fundação do Instituto tem des-
empenhado o cargo de Secretario os seguin-
tes sócios.
*

Cónego Taniiario da Cunha Barbosa


No Rio de Janeiro, onde nestes últimos ( 18.^8-46)
anos tem avultado consideravelmente o nu- Manoel Ferreira Lagos (1846-51).
mero de moças empregadas no Comercio, fun- Francisco Adolpho de Varnhagen (1851).
dou-se em 1920 a Associação Christã Femi- Joaquim Manoel de Macedo ( 1852-56)
nina que tem prestado os melhores servi- Manoel de -Araujo Porto Alegre (1857-
ços, atraindo-as para as suas salas de ambien- 1859)
te honestissimo, instruindo-as, habilitando- Cónego Joaquim Caetano Fernandes Pi-

as para a dactilografia, a stenografia. etc; nheiro (1860-76).


Dr. Ribeiro de Souza Fontes
porcionando-lhes, até. refeições sadias a preços José
módicos. É uma formosa instituição a A. (1877-1880).
C. F.. cumprindo rigorosamente o mesmo Dr. Manoel Duarte Moreira de Azevedo
programma da A. C. —
Salvar a moci-
.
(1881-86).
dade dos perigos que resvalam na perdição, Dr. João Franklin da Silva Távora
elevar o fspirito da mocidade, fortifica-la e
(1887-88)"
prepara-Iméara as lutas da vida. Dr. João Severiano da Fonseca (1888).
. .

138 Rio de Janeiro

Barão Homem de Mello (1889). dotar o Rio de Janeiro, capital de seus domí-
Dr. João Severiano da Fonseca (1890). nios Sul Americanos, figura o IMuseu (^^2)
Dr. José Alexandre Teixeira de Mello que êle fundou com muitos exemplares da
(1891) fauna brasileira empalhados e classificados
Henrique Raffard (1892-1905). pela Naturalista Xavier, na tal Casa dos Pás-
Dr. Max Fleiuss —
De Janeiro de 1906 saros com uma soberba colecção mineraló-
até agora —
tendo sido de Janeiro de 1901

;

gica adquirida dos herdeiros do celebre pro-


a Dezembro de 1905 2.° Secretario. fessor alemão Werner, e, ainda, com interes-
santes e numerosos objectos de Arte que Sua
Muitos são os serviços prestados pelo Majestade destacou de sua própria residên-
Instituto, erguendo monumentos, organizando cia. O Decreto creador tem a data de 6 de
congressos, reunindo e arquivando cabedaes Junho de 1818. e assinatura do Ministro e
utilissimos para historiadores e geógrafos. A Secretario de Estado dos Negócios de Reino,
sua Bibliotéca e o seu Arquivo de Mapas são Thomaz Antonio de Villa Nova Portugal que
preciosos, encerrando raridades que maravi- tomara muito a peito a fundação do Museu.
lham os estudiosos. Notabilissima é a co- Para seu estabelecimento o Estado ad-
lecção da sua Revista Trimensal, em publica- quirio a "morada de casas que no Campo de
ção desde 1839, já constando de 88 grossos Sant'Anna ocupava o respectivo proprietário
volumes —
fecundo manancial de noticias, João Rodriguies Pereira de Almeida". Diz .

descrições, memorias, documentos, biografias, El-Rei no Decreto que o proprietário se


estudos críticos e analíticos que iluminam con- prestou a vende-las por 32 :000$, "por Me
trovérsias e esclarecem questões da mais re- fazer serviço" e foi. talvez, em recompensa
;

mota antiguidade. que lhe deu logo o titulo de Barão de Ubá.


O venerando Instituto funciona ha 17 A propriedade fica entre as actuaes ruas
anos no Syllogêu Brasileiro e dispõe, desde
; Constituição e Visconde do Rio Branco nela ;

1919, de 178 l.m^ na Avenida Henrique Val- se acha hoje o Arquivo Nacional.
ladares, terreno doado pelo Governo para a Aí esteve até 1892 o vasto mostruário
construção da sua séde. que actualmente ocupa o antigo Paço Impe-
O Instituto conta 172 sócios efectivos, rial da Quinta da Boa Vista.
honorários e correspondentes. Oprimeiro Director nomeado por D. João
VI para o Museu que acabava de crear foi o
frade franciscano José da Costa Azevedo,
MUSEU NACIONAL maranhense de nascimento, estudante do Curso
Secundário de Coimbra, Bispo de Pernambu-
co, Lente de Mineralogia na Academia IMili-
No Campo da Lampadosa, em frente á tar do Rio de Janeiro. Faleceu em 1822.
Lagoa da Panela, o Vice-Rei Luiz de Vascon- A pedido do notável politico e homem de
cellos mandara construir um edifício para Sciencia, José Bonifacio de Andrada e Silva
Museu de Historia Natural. alguns naturalistas estrangeiros como o Barão
Em quanto lenta e solidamente a obra Lingsdorff, Netterer (fundador do IMuseu
era executada pelos presos, mandou improvi- Brasileiro em Vienna). Berche (de Hambur-
zar mais rapidamente uma casa térrea para go). Paoli R. Schuch, Dr. Sellow e Saint
deposito de animaes empalhados e de alguns Hilaire, enriqueceram o Museu com espéci-
exemplares vivos, predominando aves pelo — mes geológicas, mienralogicos e zoológicos.
que o povo a denominava Casa dos Pássaros. Quando faleceu o grande José Bonifacio a
Foi encarregado desse pequeno estabelecimen- sua família distinguio o í^luseu com a oferta
to o Ornitologista Francisco Xavier Cardoso do esplendido Gabinete ^Mineralógico que lhe
Caldeira, a quem o povo apelidou Xavier dos pertencia
Pássaros. Depois de Fr. José da Costa Azevedo
O pedra e cal quando concluí-
edifício de tem dirigido o iMuseu o Dr. João S. Caldei-
do foiErário Régio, e hoje é Tesouro Fe- ra. Fr. Custodio Alves Serrão. Dr. Cesar
deral. Onde se alastrava a Lagoa da Panéla Burlamaqui, Conselheiro Freire AUemão,
ergue-se desde 1820 a igreja matriz do Sa- Conselheiro Ladíslau N^etto e Dr. João Ba-
cramento . ptista de Lacerda. Hoje e^tá sob a direcção
do Prof. Dr. Bruno Lobo.
*
No correr de um século de existência por
tal forma se avolumaram as colecções e cre-
Entre melhoramentos e institui-
outros sceu a importância da instrução publica que
ções com que El. Rei D. João VI resolveu varias vezes se fez necessário reorganiza-lo,
.

Rio de Janeiro

aumentando-lhe o [íessoal e dividindo-o em .'\utorizado o Governo a crea-Io pelo De-


secções diversas. creto Legislativo de 18 de Janeiro de 1022.
fundou-o e regulamentou-o por Decreto de
* 2
de Agosto do mesmo ano.
Art. 1.» O Museu Histórico Nacional,
É Estaljelecimento merecedor de demo-
dependente do Ministério da Justiça e Negó-
rada visita.
cios Interiores, terá por fim recolher,
No extremo superior da formosa "Ala- classi-
meda Pedro 11", formada, aliás, de sapucaias ficar e expõr ao pultlicn objectos úc impor-
tância histórica. princii)almeiite os que forem
que se enfileiram desde o portão principal do
Parque, e dominando um largo socalco ajar-
relativos ao Brasil, e concorrer por meio dc
cursos, confereticias. comeníoraçôes e publi-
dinado, ergue-se o edificio do Museu, com 74
cações para o conhecimento da historia pátria
metros de fachada. (^^^)
e o culto das nossas tradições."
Logo á entrada, no vestibulo. está o Me-
Foi inaugurado no dia 11 de Outubro
teorito que antes de 1784 (não se sal)e quan-
de 1922.
do) caio á margem do rio Bedengó, sertão ba-
Consta de duas secções 1.* Arqueoló-
hiano. Mede 2,m2 de maior comprimento e :

gica e .'\rte 2.". Numismática, Sigilografia e


;
Im.-I5 de maior largura. Pesa 5.300 kg. Com-
Filatelia
põe-se de 95 partes de ferro, 4 de nickel :
Varias peças imi)ortantes reunidas pelo
outros elementos constituem a centésima parte.
Prof. Escragnole Doria quando Director do
O seu -Peso Especifico é 7,56. Foi transporta- Arquivo Publico tinham já felizmente .inicia-
do em 1888 para esta Capital por iniciativa
do esse indispensável Museu, ha cinco anos
da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, ;

agregou-se-lhe agora o que estava disperso


e a expensas do Barão, depois Visconde de
l^elo Museu Militar e na Escola de Belas .Ârtes,
Guahy, então Deputado pela Bahia Encarre- :
l^ibliotéca Nacional e Casa da Moeda e agre- ;
garam-se desse trabalho o Oficial de Afarinha.
gar-se-á muita cousa de valor histórico que
hoje Almirante reformado José Carlos de
anda em poder de particulares.
Carvalho e os Engenheiros Civis \^icente José
Está instalado num venerável edificio
de Carvalho Filho e Humberto Saraiva An-
solida elegantemente construído por enge-
e
tunes. (174)
nheiros militares para re[)artições militares
O Museu não encerra só o cabedal imen-
no tempo em que o Brasil era ainda Colónia
so acumulado por naturalistas que durante
de Portugal. O
próprio edificio, portanto, é
muitos anos percorreram o interior do Brasil,
uma reliquia da boa arquitectura portuguesa,
e nem somente do Brasil possue riquezas po-
restaurado e muito admirado na Exposição
leontologicas Antiguidades de Pompeia^ an-
Internacional Comemorativa do l.** Centena-
:

tiguidades egipcias, colecções etnográficas e


rio da Independência do Brasil.
niunismaticas, artefactos de todas as origens
Dirige o Museu Histórico o Sr. Gustavo
figuram como letras do alfabeto com que se
Barroso, erudito publicista.
descreve a grande jornada dos séculos.
Presentemente o Museu é dividido em
4 secções —
Zoológica
: Botânica — Geo- — MUSEU XAI AL
logia e Mineralogia —
Arqueologia, Etnogra-
fia e Numismática. Possue também um La- Foi creado por Decreto Imperial de 14
boratório de Química Analitica. seu pes- O de Março de 18fj8 (dia aniversario da Se-
soal técnico é constituído por 8 professores nhora Imperatriz), inaugurando-se, porem, só
abalizados, 2 Assistentes, e os Preparadores e no dia 25 de Março de 1884 (aniversario do
Praticantes necessários. Já se compõe de Juramento da Constituição do Império).
muitos volumes, formando bibliotéca preciosa Está franco ao publico, diariamente, no
a publicação —
Arquivos do Museu Nacional edificio do Ahnirantado, á rua D. Manoel.
sobre matéria relativa ás secções do Museu Consta de sete secções :

— de investigações scientificas {^'J>).


repositório A primeira é de quadros a oleoe gravu-
Durante o ano 1922 este Museu foi visi- ras —representando scenas históricas, navios
tado por 155.601 pessoas. famosos, passagens notáveis, retratos de Mi-
nistros da Marinha no Império e na
Repu-
MUSEU HISTÓRICO blica,marinheiros e homens ilustres. Dentre
os quadros históricos sobresae o
do Combate

Este é o "Museu Nacional" propriamen- Naval do Riachuelo, em 11 de Junho de 1865,


pintado por Victor Meirelles. Outros de
De
te dito.o repositório de todos os objectos
É
Martino merecem, também, ser admirados.
que documentem a Historia do Brasil.
. . .

140 Rio de Janeiro

A
segunda secção consta de modelos e CLIMA DO RIO DE JANEIRO
meios modelos de unidades de diversas catego-
rias da nossa marinha de guerra antiga e
moderna O conjunto dos fenómenos meteorológi-
Na terceira se acham bandeiras brasilei- cos habituaes numa regiãq do Globo consti-
ras que se desfraldaram em logares e ocasiões tue o que se chama o Clima dessa região.
de grande importância para a Historia do Esses fenómenos meteorológicos devem
Brasil. Aí estão á bandeira e o estandarte de ser metodicamente observados, registados e
seda que arvorava a Fragata "Constituição" comparados para darem base scientifica á de-
na viagem de ^larço de 1843 em que trouxe terminação climatogica de uma localidade.
da Europa a Imperatriz D. Thereza Chris- No Brasil a serie mais completa de ob-
tina. Também lá se vê a primeira bandeira servações refere-se justamente ao Rio de Ja-
da Republica usada por navio brasileiro o — neiro. As mais antigas são de 1781, feitas pelo
Paquete "Alagoas" que em Novembro de 1889, padre jesuíta Bento Sanches Dorta, português,
conduzio á Europa a Faniilia Imperial, de- considerado Astrónomo distinto pelo sábio Di-
posta .
rector do Observatório Nacional, Dr. H. Mo-
Aquarta e quinta secções são relicários rize, em cujos escritos procuro conhecimentos

de artilharia, projectis, couraças e torpedos ;


para este capitulo.
e de armamento portátil espingardas, cara-
:
As observações diárias começaram com
binas, fusis, clavinotes, lançasr espadas, sabres, a creação do nosso Observatório, em 1827 ;
chuços, Despertam curiosidade alguns
etc. mas somente foram arquivadas depois de 1844.
canhões de fundição portuguesa nos séculos Publicações só se fizeram de 1851 a 1868, nos
XVII e XVIII. que guarneceram navios ou Anaes Alefcorologicos Hoje ha conclusões ti-
.

fortificaram portos e costas do Brasil. radas de 70 anos de observações.


Na sexta se encontram figuras de prôa, A temperatura mais alta observada no
rodas do leme. recordações materiaes de na- Rio de Janeiro foi de 39 centígrados, em 8 de
vios celebres desaparecidos na voragtem do Dezembro de 1889. Não se repetio. Vale a
Tempo pena lembrar que em Montevideo já se regis-
A sétima secção é constituída por uma taram as máximas de 40° e 41. °8 na Provín-
;

vitrina de medalhas militares e comemorati- cia de Santiago dei Estero, Republica Argen-

vas de feitos históricos. tina, 46^8 e na Califórnia 53.°8.


;

A media dos dois mezes mais quentes —


Janeiro e Fevereiro —
é de 26.°6 ; depois a
temperatura desce até 20° no mez de Julho.
MUSEU SIMOENS DA SILVA Num inverno, a 1 de Setembro de 1882, a
mínima absoluta foi de 10.*'2 não se repetio,
;

porem, essa baixa. A


media anual da tempe-
Está instalado este Museu em prédio pró- ratura á sombra no Rio de Janeiro é de 23.°4.
prio, á rua Visconde de Silva n. 111, bairro Nos dias de verão a temperatura eleva-
de Botafogo. Propriedade do Dr. Antonio st gradualmente desde o nascer do Sol até

Carlos Simoens da Silva que o fundou em que sopre a "brisa do mar", entre as 12 e 14
1879. enriquecendo-o desde então com as horas. Não é raro, então, ver que a coluna
mais variadas e interessantes aquisições. termométrica baixa 4, 5 e 6 centígrados Se .

Compõe-se de tres secções distintas este refresco se não dá, e a temperatura con-
;

Scientifica, Histórica e Artística, e ocupa 13 tínua a subir, é muito provável a tempestade


vastos compartimentos do prédio que é também que modifica sensivelmente a atmosfera. A
residência do proprietário. media anual de dias de trovoada é de 30 por
O acervo é, realmente, sem par em mu- ano. A quantidade de chuva que anualmente
seus particulares. De etnografia ha documen- cae nesta cidade é de 1123 mm.
tos preciosos. Em
mobiliário, cerâmica, relí- As chuvas são mais
frequentes de No-
quias históricas ha A^erdadeiros primores. vembro a Abril.As que vêm do quadrante
O Dr. Simoens da Silva que é um ar- Oeste (NO ou SO) são sempre precedidas de
queólogo erudito faculta a visita ao seu Museu, lima notável baixa barométrica, e duram geral-
e tem proporcionado visitas frequentes a pro- m_ente pouco. As chuvas que vêm de SE são
fessores de estabelecimentos de Instrução acompanhadas de ventos mais ou menos fortes
acompanhados de seus discípulos. soprando na mesma direcção. São mais fre-
Por iniciativa sua reunio-se em 1922 no quentes na estação seca —
Junhc a Agosto ;

Rio de Janeiro um notável Congresso de Ame- duram ás vezes dias, e corresponde-lhes uma
ricanistas alta barométrica.
O

Rio de Janeiro 141

CIDADE DO RIO DE JANEIRO


(DISTRICTO l-EDKHAl i

DEPARTAMENTO NACIONAL Bolctim Hcbíloniadario


DE
SAÚDE PUBLICA _ [)[• _

ESTATISTICA DEMOGRAPHO - SANITÁRIA


ANNO 20° Semana de 1 a 7 de Janeiro de 1922 N. 1

TOPOGRAPHIA População
Urbana 790.823 habitante!
latitude S .... Entre 22" —44 — 45"
— 06'- 06" e 23"— 04'— 25" População
recenseada
Suburbana e rural 356.776
Longitude W de Greenwich Entre 43° e 43''-45'— 58"
(1-0-1920)
Marítima 10.274
DIstricto Federal 1.157.873
População calculada para todo o DIstricto Federal 1.183.(62
Área da zona urbana . . . 1661(2 421.050m2
habitantes
> > » suburbana 997k2 511.950m2
(31—10-1921)
» geral do DIstricto Federal 1.163k2 933.000 m 2
MOVIMENTO DO ESTADO CIVIL
Zona Zona Médli
Exposição em geral N E Urbana suburbana Total diari*

Nascimentos 478 199 677 96.71


....
. . .

Altitudes ( máxima 460 metros Casamentos 117 23 140 20.00


da aica
ua area \
'
minima
iiiiiiiiiia ... 1 Óbitos . . .
(1) . 297 158 455 65.00
habitada l. média da parte mais populosa 3 Nascidos mortos 32 14 46 6.ST

ANNO 20° Semana de 24 a 30 de Dezembro de 1922 N. 52

TOPOGRAPHIA População
22° -53'—41', População Urbana 790.823 habitantes
Latitude S
Longitude W de Greenwich . . 43°— 13'— 23" — 2h5 2m53,s5 recenseada Suburbana
Marítima
e rural 356.776
10.274
(1-9-1920)
DIstricto Federal 1.157.873
Area da zona urbana 164,km2 469.822
> > > suburbana 995,l(m2 036.005 População calculada para todo o DIstricto Federal 1.256.370
> de diversat ilhas *,km2 427,073 habitantes
> geral do DIstricto Federal .... 1.163.km2 933.000 30-IX-1922)
EiposiçSo geral NE
MOVIMENTO DO ESTADO CIVIL
AltitadK / máxima ...... 460 metros
Média
da area { minima 1 Zena Zona
habitada v média da parte mais populosa 3 > urbana suburbana Total dUría
Nascimentos . . 483 222 705 100.71
Casamentos . . 225 35 260 37 14
Óbitos 313 142 455 65.00
NOTA— Estes dados se baseiam em informações do Observatório . . . .
(2)
33 14 47 6.71
Naeional e da CommiasSo da Carta Cadastral. Nascidos mortos

(1) afecções do apparelho digestivo (141).


Predominaram as ^
113, não se re^stando caso algum de
beriben, có-
Óbitos transmissíveis
por doenças
lepra, peste, tuberculose meningea raiva ^ varíola.
lera, crup, escarlatina, febre amarela,
eram do sexo mas-
Dos 455 indivíduos falecidos nesta semana primeira do ano 2d3
culmo, e 391 eram brasileiros. 134 viveram menos de 1 ano; 70 de ^ ,^.^"^1'
de 40 a 50, 24 de jO a
l %
a 10 anos- 13 de 10 a 20- 60 de 20 a 30; 56 de 30 a 40, 34
em domicilio; 1 10 em hospitaes, asilos.
60; 56 de mais de 60 Sós de idade. 345 falecera.o,

etc
(2) Predominaram afecções do apparelho digestivo (114). hprih<.ri cólera
caso algum de benberi,
Óbitos por doenças transmissíveis 137, não se registando
e raiva^
ou enterite cobriforme, crup,, escarlatina, febre amarela, lepra, Pejte
244 eram do sexo masculino e
Dos 455 indivíduos falecidos nesta semana ultima do ano
menos de ano: 88 de a o ^ de J>
388 eram brasileiros. 102 viveram
12 de 10 a 20- 67 de 20 a 30; 63 de 30 a 40; 2o
1
de 40 a 50, 34 de | ^ ou f ^
em hospitaes. asilos, recolhimentos, etc. 106.
de mais de 60 anos Faleceram em domicílio 348;
. . .

142 Rio DE Janeiro

A chuva de pedra é rara no Rio de Fevereiro. As mudanças mais bruscas de uma


Janeiro hora a outra, aliás sempre pequenas, deram-se
Osventos são os de SSE e NNO. em Janeiro, e as de um dia ao outro, em Fe-
O SSE começa a soprar entre 11 e 13 ou vereiro .

14 horas, conforme a estação, até o Pôr do As chuvas foram escassas nos dous pri-
Sol. Ao cair da noite dá-se quasi sempre um meiros mezes, e ligeiramente acima da normal
período de "calma", cortado por "brisas em Fevereiro, o "deficit" pluvíometrico de De-
loucas" de duração muito variável. Depois zembro foi 71.3 milímetros, e de Janeiro 55.7
sopra o "terral" até amanhecer. milímetros. A
precipitação mais intensa foi
Quando o Sol passa para o hemisfério observada entre 23, 24 horas do dia 3 de Feve-
boreal o$ ventos de SE e SSE tornam-se reiro, com 15.2 milímetros, intensidade pouco ]

menos fortes e menos frequentes, em quanto notável .

NNO
j

que o se reforça, prolongando-se algu- Operíodo mais chuvoso da estação foi o i

mas vezes até 11 e 12 horas. velocidade dos A de 9 a 15 de Janeiro, e o mais seco ocorreu
ventos no Rio de Janeiro, ainda com as maio- entre 7 e 15 de Dezembro.
res depressões barometricas, nunca excede de Foram registados apenas tres dias com
30 metros por segundo, e isso mesmo em ventos fortes — um em Dezembro (mau tempo ,

curtas rajadas. do sul), e dous em Janeiro (borrascas locaes


j

O
nevoeiro seco é fenómeno observável com trovoadas) . 1

nos mezes de Agosto, Setembro, e na pri- Nenhuma anomalia se notou na taxa dei
meira quinzena de Outubro. São atribuidos a humidade relativa cujo calor médio muito se 1
queimadas na. zona agrícola as tempestades ; aproximara da normal dos mezes considerados.
os dissipam. O céo permaneceu um pouco menos nu-
A media anual de dias perfeitamente blado do que é comum no verão, havendo um
claros é de 131 excesso de 79 horas de insolação. Contaram-
A media da pressão atmosférica é de se 6 dias claros, 50 nublados.
34 encobertos e
758.60. Dada a a nossa re-
relação intima, em
A humidade relativa é em media de gião, entre o movimento dos systemas isobá-
78 °[®. A tensão do vapor atmosférico é em ricos moveis e o estado geral do tempo, o verão
media 16.5. também correu sem nenhuma anomalia cons-
pícua, do ponto de vista da circulação geral das
*
baixas camadas atmosféricas.
De um modo geral, poder-se-á dizer que
Como informação complementar dou a a estação càlmosa de 1921-22, no Distrito
seguir as quatro estações de 1922, em resumos Federal, foi seca no maior período, e de calo-
organizados pelo Instituto Central da Dire- res normaes.
ctoria Meteorologia recentemente
de desane-
xada do Observatório Astronómico. O Outono
Nenhumaanomalia acentuada caracteri-
O Verão zou o outono de 1922 no Distrito Federal. A
O verão de 1921-1922 no Distrito Fe- temperatura foi ligeiramente mais alta noà
deral transcorreu sem anormalidade de nota. mezes de Março e Maio, e quasi perfeitamente
A
temperatura media de cada mez, muito normal no mez de Abril.
pouco variou com relação ás respectivas nor- Houve apenas dois períodos relativa-
maes e, considerando-os em conjunto, o valor
;
mente frios um entre 8 e 21 de Abril, outro
:

médio resultante foi exactamente igual ao valor entre 10 e 18 de Maio. Foram sentidas as se-
médio normal da estação estável entre nós. A guintes temporadas de calor, de 18 a 29 de
soma das máximas acumuladas em todo o Março, de 1 a 5 de Abril, de 4 a 9 e de 19 a
verão, pouco se afastou da soma normal, ao 25 de Maio.
passo que;, com a soma das mínimas, verífí- A
mínima absoluta da estação (17°) foi
cou-se um afastamento negativo sensível indi- observada aos 10 de Abril. maior tempe- A
cando terem sido as madrugadas mais frescas ratura registada foi 34° em 26 de Março.
que habitualmente, o que é explicável pela •As mudanças mais bruscas de tempera--
menor nebulosidade observada e, portanto, tura de uma hora a outra, aliás pequenas, de-
maior radiação nocturna. Houve apenas dous ram-se em Março, e as de um dia ao outro,
períodos acima de 30°, o de 21 a 25 de De- em Maio.
zembro e o de 22 a 25 de Janeiro A máxima .
As chuvas foram mais frequentes em
absoluta registada no Castélo, foi de 34°2, Março e Abril. As de Março ficaram muito
ocorrida duas vezes, a 7 de Janeiro e 20 de acima da normal em virtude dos grandes agt^a-

fifíriiriiMiiíiíinilÉ^
. . .

R«o DE Janeiro
143
ceiros do dia 30.
As precipitações de Maio
poroutro lado, apresentaram
um "(Jeíicit""
periodo invernoso — a de 23 de [unho.
de OSO.
pluviometrico de 349 mms. De
modo geral o A taxa dc humidade
outono de 1922 teve, no Distrito relativa
relati\ foi infer.or
Federal um rmal. excepto no mez
excesso de chuvas de perto de cem .
de Julho cujo valor
milimetros mcdui Igualou a normal.
O
período mais chuvoso correu
de 1 a 10
de Março, e o mais seco entre
A nebulosidade esteve abaixo
da normal
14 e ''S e a msolação mais
de Maio. alfa do que é usual no
mverno
Ocorreram quatro ventanias, nos dias
23 Contaram-se 25 dias claros, 23
e 30 de Março, e em 9 e 10
de Abril. A da encober-
madrugada de 10 de Abril foi impetuosa, atin-
tos e 44 nublados.
gmdo a rajada máxima a velocidade de 23,2 m. A névoa seca foi. estranhamente, pouca
este ano. no mez de Agosto.
por segundo
A
taxa de humidade relativa esteve, na
media, sempre acima da normal.
Primavera
- 1

A nebulosidade
A
Primavera dc 1922 no Distrito Fe-
foi maior do que é co- deral não apresentou nenhum
mum no outono ; e, como o excesso não .se tico anómalo. A temperatura
aspecto climá-
verificou só á noite, consequentemente, houve foi ligeiramen-
te mais baixa nos mezes de
regular "deficit" de insolação que montou Outubro e No-
vembro. Tomando os tres mezes da estação
a 53 horas.
em conjunto a temperatura esteve apenas dous
Contaram-se apnas 10 dias claros ob- ;
décimos de grau abaixo da normal Os perío-
servaram-se 33 encobertos e 49 nublados. .

dos mais frios ocorreram de 16 a 19 de Se-


Excluindo, portanto, as copiosas chuvas
tembro e de 26 a 28 de Novembro. A mini-
de 30 de Março, que atingiram por vezes a
ma absoluta dos tres mezes 14.7, verificou-se
2 m|m por minuto e pondo de parte o tem-
;
no dia 18 de Setembro. A temperatura mais
poral da madrugada de 10 de Abril, o Outono
de 1922 não teve anomalias dignas de menção.
quente foi curta porem, intensa de 30 de —
Outubro a 1 de Novembro no meio da qual,
a 31 de Outubro, registou o termómetro a
O Inverno
elevada temperatura de 36"2, nunca observa-
O inverno de 1922 iw Distrito Federal da nesse dia, nos últimos 41 anos.
foi. de modo geral, seco e ameno.
As mudanças mais bruscas de tempera-
A
temperatura foi mais ou menos normal
tura de uma hora a outra, aliás pequenas de-
n®s mezes de Junho e Julho, e acima da
ram-se em Setembro e as de um dia ao outro,
normal em Agosto. Em conjunto o afastamen-
;

mais sensíveis, verificaram-se igualmente no


to da temperatura tipico para esta estação do
mesmo mez.
ano foi de mais 0,V. Houve os seguintes pe-
As chuvas foram em geral escassas, salvo
ríodos relativamente frios de 8 a 12 de :
em Novembro em que se registou um saldo
Junho, com uma minima de 14.5 verificada na pluvíome^H^ de 56.6 m|m. O periodo mais
madrugada de 11 de 2 a 6 e de 19 a 25 de
;
chuvoso da «fcjTão (9 dias) transcorreu entre
Julho, com a minima absoluta da estação, 11 e 19 de Novembro, e o mais seco, (11
13.9, registada na manhã de 20. Em Agosto dias) foi observado entre 10 e 20 de Outubro.
houve uma temperatura de noites frias, de 22 Houve tres ventanias no mez de Outu-
a 26. A
máxima termométrica absoluta do bro (dias 9, 12 e 26), todas do quadrante SO,
inverno, 31.8, ocorreu no dia 29 de Agosto. com velocidade acima de 16 m. por segundo,
As mudanças mais bruscas de tempera- atingindo, a do dia 9, 21m.O por segundo.
tura de uma hora a outra, aliás pequenas, de- A taxa de humidade relativa foi inferior
ram-se em Agosto, e as de um dia a outro á normal em Setembro, pouco se afastando
em Junho. dos valores usuaes dos demais mezes da pri-
As chuvas foram sensivelmente escassas mavera meteorológica
durante todo o inverno, sobretudo em Agosto, A
nebulosidade esteve abaixo da normal
cujo "deficit" atingiu a 45.9 milimetros. em toda a estação, porem, mais á noite.
A pluviometrica com relação á
deficiência Contaram-se apenas 6 dias claros obser- ;

normal, durante a estação, de perto de 88


foi, varam-se 51 encobertos e 34 nublados.
milimetros. Os períodos chuvosos dos tres Pondo de parte o grande calor do dia 31
mezes em revista, foram sempre de tres dias de Outubro, as variações um pouco mai."»
no máximo, viz —
de 2 a 4 de Junho, de 1 a
:
bruscas da temperatura de um dia ao outro,
3 de Julho, e de 4 a 6 de Agosto. periodo O em Novembro, consequentes da maior activi-
mais seco foi de 25 dias (de 7 a 31 de Agos- dade observada nas camadas inferiores da
to) Houve uma única ventania em todo o
.
atmosfera em toda a zona meridional do Con-
144 Rio de Janeiro

únenft, e, a despeito das tres ventanias de Ou- tecimento, Repartição creada, depois da guerra,
tubro, a primavera carioca de 1922, traduzida subordinada ao Ministério da Agricultura.
por valores médios, não revelou, em face dos O pensamento primitivo- foi combater a
dados normaes de muitos anos, anomalia apre- acção da carestia pela aproximação dos agri-
ciável . cultores e pequenos productores do próprio
consumidor, evitando o intermediário ga-
nancioso .

ABASTECIMENTO D' AGUA Não se tem observado rigorosamente isso :

A esperteza tem se insinuado nas feiras, e o


Publico não tira delas todo o proveito que
Desde 1876 que a Cidade do Rio de Ja- elas lhe podiam oferecer. Contudo, faz-se aí
neiro possue um serviço regular de abasteci- bastante negocio de cereaes, hortaliça, aves,
mento de agua, periodicamente melhorado se- ovos, alguma fruta, e sabão, e outros mil ar-
gundo as crescentes exigências da população. tigos que vão desde os utensilios de cosinha
A agua é canalizada para cada prédio cujo ás bugigangas da moda feminina.
proprietário paga ao Tesouro, anualmente, a A primeira feira realizou-se no dia 17
"pena d'agua" 54$000 pelos prédios de pri-
:
de Abril de 1921 e realizaram-se nesse
;

meira classe, e 36$000 pelos de 2.\\^'^^) ano 594.


Os mananciaes capitados desde então até As feiras são ao ar livre, duas ou tres por
agora são os que em seguida vão enumera- dia, começam ás 7 horas e acabam ás 12, em
dos, com o volume actual de sua contribui- diferentes pontos da Cidade Botafogo, Co-
;

ção diária. {^'^^)


pacabana, Jardim Botânico, Laranjeiras, Arcos
da Carioca, Praça da Republica, Praça da
S. Pedro 40.000.000 litros
Bandeira, Catumby, Praça 7 de Março, Praça
Rio do Ouro — St." Antonio . 37.000.000
"
" Saenz Peiía, Gamboa, Ponta do Cajú, Enge-
Barrelão 36.000.000
"
Cherem 42.000.000 nho de Dentro.
"
Mantiqueira 27.000.000
" Em 1922 vendeu-se nas feiras arroz dé
Mendanha 1.000.000
600 a 700 réis o litro, feijão de 500 a 600
"
Pirapora 1.090.000
" réis farinha de mandioca, de 400 a 500 réis ;
Camorim 6.000.000 ;

"
Rio Grande 6.000.000 carne seca de 1 600 a 1 800 réis o kg
. batata
. . ;
"
Ciganos 4.000.000 de 400 a 500 réis, açúcar branco de 1.* osci-
"
Covanca 1.300.000
" lou entre 600 e 900 réis, café a 2$000, ovos
Tres Rios 800.000
" de 1$500 a 2$000 a dúzia.
Madame Rocha 144.000
"
Maracanã e S. João 13.000.000
"
Em Janeiro de 1922 as vendas efectua-
Trapicheiro 1.148.000 das nas feiras do Rio de Janeiro atingi-
"
Andarahy 2.000.000
1.813.000
" ram a soma de 1 164 :550$900. Fevereiro,
Macaco ;

" 1 076 :289$680 Março, 1 344 :758$600 Junho,


Carioca 800.000 .
;
.
;

"
Lagoinha 543. QOO
"
1.456:665$600; Julho, 1 .554 :643$450; Agos-
Silvestre 455.000
" to, 1.637:330$600; Setembro, 1 .670:793$300;
Chororó 100.000
Caboclas 472.000
" Outubro, 1.719:953$200 Novembro ;

"
Surubi 400.000 1.543:848$ 100; e Dezembro, 1 .796:763$100.
Só a venda de arroz nas feiras importou
em 1 179 :847$700 açúcar, 633 :1 18$900
A colecta e agua está
distribuição de
.

596:890$850;
; :

feijão, 779:669$600; batatas,


afecta á Repartição de Aguas e Obras Pu-
farinha de mandioca. 120:140$100 massas, ;
blicas, subordinada ao Ministério da Industria
152:857$900 pão, 34:149$400 carne verde,
; ;
e Viação.
17:569$800; carne seca, 883:239$900; salsi-
Para os efeitos administrativos é a Ci-
charia, 536:041$000 toucinho, 338:118$000;
dade dividida em 7 distritos, com seus respe- ;

peixes, 591:214$500; lacticínios, 536:274$300;


ctivos escritórios técnicos e reservatórios, cada'
aves, 763:331$200; ovos, 370:061$400; ver-
distrito sob a responsabilidade de um Enge-
duras, 1.406:507$000; cebolas, 550:205$400 ;
nheiro .

frutas, 385 :491$000 côcos, 135 :961$800 ;


;

azeite e sal, 50:444$500; doces, 252:688$200;


café. 117:200$300; diversos, 228:927$400.
ALIMENTAÇÃO PUBLICA Total de géneros alimentícios, 10.675 :920$650.
Artigos de armarinho, 3.761 :883$680 ;
No Rio de Janeiro efectuam-se feiras ferragens e louças, 619:488$200 ; sabão,
diárias de géneros alimentícios. São moder- 798:072$800; sapataria, 609:950$700 ;
quin-
nas. Iniciou-as a Superintendência do Abas- quilharias 229:165$600 chapelaria, ;
. ,.
.

Rio de Janeiro
145

164:672$800; diversos. 307:902$400. Total Anexo ao Hospital Geral da .Santa Casa


desta classe, 6.491 :136$180. de Misericórdia, ha tainlK.Mii. desde
Total geral, 17. 167 :056$830. longos
anos. um serviço de Maternidade.
Total das vendas, desde a creação das A Associação "Pro Matre". fundada pelo
feiras livres até 31 de Dezembro Professor Dr. Fernando de Magalhães,
hos-
27.618:856$710. pitaliza as parturientes, e, pratica a assisten-
Estes algarismos atestam que o povo con- cia carinhosa tratando das mães e dos filhos
correu ás feiras na esperança de comprar até normalização da vida de ambos.
mais barato mas a economia pouco apreciá-
; Tnnmeras instituições particulares aco-
vel terá sido. O
abastecimento geral da Cida- dem a enfermos e necessitados.
de, o abastecimento maior, "fez-se fóra das (
) (Joverno Federal pratica a assistência
feiras haja vista á seguinte -estatistica de gé-
; a alienados, a leprosos, a tuberculosos, a ór-
neros entrados no Distrito Federal por vias fãos, ás victimas de todas as moléstias conta-
terrestres e maritimas, no ano de 1922 : giosas ou não, por meio de organizações ofi-
Arroz, 556.595 sacos; 1.391.622 sacos ciaes, e por intcrniedin da Irmandade da Mi-
de açúcar 37.096 caixas de azeite de olivei-
; sericórdia qiic subsidia.
ra ; 6.549.552 kilos de bacalhau; 18.695.228 Cabe aqui menção dos hospitaes, asilos,
kilos de banha ; 30.087.593 kilos de batatas ;
policlínicas, dispensários,
ambulatórios exis-
4. 202; 542 de carne de porco salgada
kilos tentes no Distrito Federal.
;

342.429 fardos de carne seça 7.916.540 ;

kilos de cebolas 627.118 sacos de farinha de


; Asilo do Bom Pastor, para mulheres
;
mandioca 258.642 sacos de farinha de trigo
;
;
associação particular.
631.854 sacos de feijão; 22.928 caixas de Asilo "S. Cornelia", para mulheres e
leite condensado ;. 4.540.508 kilos de mantei- menores Irmandade da Misericórdia.
;

ga 811.047 sacos de milho


; 1.066.282 kilos ; Asilo "Gonçalves de Araujo" para meno- .

de peixes conservados (exclusive o bacalhau) ;


res ; Irmandade S. S. da Candelária.
95.315.703 kilos de sal ; 2.236.736 kilos de Asilo 'N. S. de Pompéa", para filhos
toucinho e 237.972.504 kilos de trigo em grão. de presos e sentenciados ; associação par-
ticular.
Asilo "S. Francisco
Assis", para dc
ASSISTÊNCIA PUBLICA homens e mulheres inválidos
Municipalidade. ;

Asilo "S. Francisco de Paula", para me-


ninos e meninas creação e administração da
;

A
Assistência Publica está, felizmente, Ordem Terceira dos Alinimos de S. Francisco
bem lançada no Rio de Janeiro. Os governos de Paula.
municipal e federal, e a iniciativa particular Asilo de Inválidos da. Patria ; Ministério
têm se preocupado muito com o assunto. da Guerra.
Desde que se gera no ventre materno até Asilo "Izabel", para meninas adminis- ;

que o prostram a infelicidade ou a velhice é tração religiosa; oficialmente subsidiado.


o individuo humano objecto de cuidados di- Asilo de Menores, para meninos vadios ;

rigidos pelo mui alto espirito de caridade. Chefia de Policia.


O Instituto de Protecção e Assistência á Asilo "Santa Maria", para mulheres va-
Infância, delicada creação do Dr. Moncorvo letudinárias Irmandade da Misericórdia.
;

Filho, oficialmente subvencionada, e apoiada, Asilo da Sociedade Amante da Instru-


e auxiliada por muitos corações ger^erosos, ção, para meninas.
tem um da Misericórdia, para órfãs
Asilo Ir-
serviço permanente de protecção ás ;

mulheres pobres que se acham em estado de mandade da Misericórdia.


gravidez e ampara-as fisica e moralmente
;
Asilo S Vicente de Paula ; para meninos
.

para que a gestação se faça e se complete sem e meninas caridade publica.


;

ofensa dos interesses vitaes da creatura. É o Asilo da Velhice Desamparada ; associa-


primeiro passo da Assistência. ção particular.
Segue-se a Maternidade, estabelecimento Hospital Central do Exercito ; Ministé-
de iniciativa particular e hoje subordinado ao rio da Guerra.
Ministério do Interior aí são recebidas as ;
Hospital da Marinha ; Ministério da Ma-
mulheres que procurem o seu abrigo nas vés- rinha.
Hospital Evangélico associação parti-
peras de darem á luz. Aí se lhes presta todo ;

o socorro scientifico, despertando iguaes cuida- cular .


Hospital da Brigada Policial ; Ministério
dos a parturiente, o nascituro e o recem-
nascido do Interior.
.

146 Rio DE Janeiro

Hospital da Misericórdia. É hospital Hospitad da Sociedade Portuguesa de


geral de indigentes. Também é conhecido Beneficência.
pela designação de "Santa Casa". Adminis- Hospital da V. O. 5." de N. S. do
tra-o a Irmandade da Santa Casa de Miseri- Monte do Carmo.
córdia que alem desse possue e administra os
Hospital da V. O. 3." dos Minimos de
seguintes estabelecimentos hospitalares :

S. Francisco de Paula.
Hospital "S. Zacarias" ; para crianças.
Hospicio "N S. da Sande" , para adultos.
.
Hospital' da V O.
. 3." da Penitencia.
Hospicio 'S. João Baptista", para adultos. Hospital de Estrangeiros ; Empresa par-
Hospicio "N S. do Socorro", para adultos.
.
ticular .

Hospicio "N S. das Dores", para tu-


. Hospital Internacianal ; Empresa parti-
berculosas . cular.

UM PAVILHÃO DO HOSPITAL CENTRAL DO EXERCITO

O Hospital Hahnevnanniano, é Associação Hospital "Pro Matre" ; Associação par-


particular . ticular .

O Hospital dos Lazaras, pertence á Ir- Hospital de S Francisco de Assis ; De-


.

mandade do S. S. da Candelária. partamento Nacional de Saúde PubHca.


Hospital Marítimo "Miiller dos Reis", Hospital de Pronto Socorro ; Departa-
da Marinha Mercante Nacional. mento Municipal de Assistência Publica
Hospital Nacional de Alienados. É subor- Instituto "Pasteur" socorro anti-rabico ;
,

dinado ao Ministério do Interior, e compreen- Irmandade da Misericórdia.


de colónias agrícolas na Ilha do Governador Maternidade ; Ministério do Interior.
para homens, e no Engenho de Dentro para Recolhimento de Santa Thereza ; órfãs ;

mulheres. Pertence ao mesmo ramo da Assis- Irmandade da Misericórdia.


tência e Manicomio Judiciário. Reconhimento de N. S. Auxiliadora ;
Hospital "S. Sebastião" Subordinado
. Assstencia religiosa.
ao Ministério do Interior. É hospital de iso- Policlinica Geral do Rio de Janeiro ;
lamento terrestre, oomo o Paula Candido, Congregação de médicos.
no litoral fluminense, é hospital de isolamento Policlinica de Botafogo ; Associação par-
tnaritimo. ticular .
. . .

Rio de Janeiro

Policlinica da Tijuca iniciativa


; par- anos e cinco nu-zes, pois
iicular . * renunciou c.xerci
do de cargo em 14 de
Policlinica dos Subúrbios Novembro de 1922
-
; Assistência a O seu primeiro acto foi reformar a Di-
alienados.
rectoria de Higiene e
Policlinica dc Assistência Municipal
Crianças ; Irmandade da cmgmdo-a ás funç.>es que municipaiment J
Misericórdia
Policlinica Militar
lhe pertenciam : A Repartição federal (|ue tra-
; Ministério da Guerra tasse da Higiene do Distrito como
Dispensário "Azevedo Lima", pertencen- trata da
Higiene de iodos os Estados. A
te á Liga Brasileira Contra a Tuberculose, Municipali-
dade ticava com a Assistência
assim como o Creou-sc o :

Departamento Municipal de Assi.stencia I'u-


Dispensário "Viscondessa de Moraes".
bhca. (Decreto de 22 de Janeiro de
Dispensário "S. Vicente de Paulo" ; ca- 1921).
Imediatamente estabeleceu o .serviç.. au-
ridade publica.
xiliar de pronto socorro com
Dispensário "Afrânio Peixoto", para si- pequenos carros
"Ford" aparelhados para as mais urgentes in-
filis nervosa anexo ao Hospital de Alie-
;
tervenções medicas, na rua ou em doniicilin.
,nados
Creou e estabeleceu o Posto de Assistência do
Ambulatórios dc Ginecologia e Obsfetri- Meyer, velha aspiração do Suburl)io, ai mon-
cia, disseminados pelo Hospital "Pro Matre". tando um Dispensário Clinico jiara a polireza.
o primeiro de iniciativa municipal. Propunha-
se a completa-lo com uma Maternidade, c a
construir na parte livre do terreno um Dis-
pensário amplo com" consultórios de especiali-
A
Municipalidade que já instruia a in-
dades clinicas, mas não teve tempo. Entre-
fância,protegia meninos desvalidos e abriga-
tanto, os serviços aí executados valem pr»r
va a velhice desamparada, cabia acudir aos
uma obra meritória.
que tombam na via publica surpreendidos pelo
Fez-se, até. o resenceamento da pobreza
sofrimento
local crearam-se cadernetas da Assistência,
A Republica dera-lhe encargos de higie- ;

o que constitue medida de incontestável utili-


ne agressiva e defensiva que leis e regula-
dade para a Administração e para a distribui-
mentos complicaram até se darem colisões
ção equitativa dos socorros.
.com a Repartição Federal de Saúde Pul)lica.
Também o Posto de Copacabana foi re-
Isso durou anos. Em
1903 o combate á febre modelado, e teve nova sede em edificio con-
amarela, empreendido por Oswaldo Cruz, di- struído para que êle realize a tríplice fim de
ximio atribuições que se delimitaram definiti- socorro medico-cirurgico de urgência aos afo-
-vamente em 1920. gados —
Balneário —
dispensário Clinico.
Convencida de que cumpria prestar lhe O Hospital de Pronto' .Socorro coroou o
socorro ás victimas de acidentes na via publi- esforço do Dr. Luiz Barbosa como Director
ca, a Municipalidade havia creado em 1907.
da Assistência. Em 14 de Novembro de 1922
na rua Camerino o primeiro Posto de Assis- foi dada por finda a sua construção e insta-
-tencia cuja utilidade se»-manifestou de pron- lação, restando, apenas, faze-lo funcionar.
to, mas cujas necessidades não foram pron- Tem capacidade para 200 leitos. Nêle ficarão
tamente atendidas. reunidas as tres inspectorias técnicas do De-
O material rodante, por deficiente, rápi- partamento, o Posto Central de Pronto So-
do se gastou. As ambulâncias reduzidas a corro e os serviços de hospitalização, quer
seis, mal corriam e mal correspondiam á an- para as vitimas de acidentes de rua. quer para
siosa boa vontade dos médicos e do infatigá- os funcionários da Prefeitura que dele ne-
vel pessoal subalterno. Entre medidas in- cessitem .

completas de higiene e recursos falhos para Onde havia apenas seis ambulâncias fi-
Assistência a Municipalidade cambaleava. caram trinta ; e ao material rodante de pron-
Estava pedindo uma reforma a Repar- to socorro associou um Ivande-ambulancia
tição, quando o Dr. Carlos Sampaio, nomea- creação do seu espirito de medico e de admi-
Barbosa, abalizado professor da Faculdade d*" nistrador.
Medicina, e iniciador do socorro medico de ur-
gência na Policia de Botafogo que fundara
em 1900.
Ao tomar posse do cargo, em 17 de Neste mesmo período administrativo,
Junho de 1920, proferio o Dr., Luiz Barbosa 1920-22, Dr. Luiz Barbosa efectuou a
o
substancioso discurso onde fez promessas fe- transferencia do Asilo "S. Francisco de
lizmente realizadas no curto prazo de dois Assis" para o Boulevard 28 de Setembra aco-
. .

148 Rio de Janeiro

modando mais confortavelmente os velhinhos, plar o que havia de historicamente instrutivo


oferecendo-lhes melhor ambieite e melhor pa- e de beneficamente elucidativo no vasto campo
norama, proporcionando-lhes enfermarias por da puericultura.
especialidades, gabinete dentário inclusive. O
Asilo teve pela primeira vez Regimento Inter-
no, expedido pelo Director da Assistência Pu-
blica Municipal. POLICLÍNICA DE BOTAFOGO
Todos os serviços de Assistência recebe-
ram regulamentos e instruções. Até os cemi-
térios municipaes foram atingidos pela bené- Em1900, ao encerrar-se o século XIX,
fica reforma. sofria o grande bairro de Botafogo a necessi-
Espirito culto, coração bondoso, orienta- dade de um Ambulatório, um Dispensário,
ção feita na experiência quotidiana, o organi- onde fossem atendidos doentes pobres que he-
zador da Assistência Municipal entrou deci- sitam em procurar Medico mesmo nos consul-
dido a agir, e saio satisfeito com a sua acção. tórios gratuitos das farmácias. A
Policlinica
Assim se pudesse dizer sempre de todos que Geral do Rio de Janeiro já estava prestando
exercem uma parcela da autoridade publica. inumeráveis serviços mas era uma, única, ao
;

centro da anorme Capital. O Dr. Luiz Bar-


bosa, clinico prestigioso, resolveu atender á ne-
cessidade de Botafogo e, como o mais dificil
;

INSTITUTO DE PROTECÇÃO E era casa para a instalação, pedio e obteve a


ASSISTÊNCIA A INFÂNCIA solidariedade da Associação Protectora da Ins-
trução aos Operários da Freguezi^ da Lagôa.
A Directoria, dispondo de um prédio de tres
Fundado pelo Dr. Moncorvo Filho, em pavimentos, ficou com o primeiro para as suas
1899, tem prestado reaes serviços á popula- oficinas de encadernação, o 3.° para as siias
ção do Rio de Janeiro, e tem irradiado por todo aulas, e entregou o 2." para a Policlinica.
o Brasil, havendo já fundadas 17 instituições O Dr. Luiz Barbosa tendo conquistado a
congéneres séde, de angariar rnobiliario e apare-
tratou
O seu fim é atrair as gestantes pobres, lhos ;
concumitnatemente, esforçou-se por
e,

aconselha-las, medica-las, fortifica-las, de modo atrair o concurso de colégas para o exercido


a proporcionar-lhes partos felizes depois o
;
da Caridade. A
Policlinica de Botafogo tor-
Instituto cuida da criança, e fornece alimen- nou-se um fanal onde brilham dedicações e sa-
tação láctea, se a mãe não pôde amamenta-la. bedoria. O socorro medico de urgência foi
Neste capitulo de assistência á infância iniciado por ela quando ainda não existia esse
o Instituto tem se esmerado e multiplicado serviço municipal.
esforços. A actividade do fundador, a dedicação Ao cabo de alguns anos a Policlinica era
dos médicos e parteiras seus colaboradores, as dotada com um magnifico pavilhão de opera-
contribuições da generosidade publica e as ções. Por ultimo obteve do Governo Munici-
subvenções oficiaes proporcionam recursos pal terreno próprio na Avenida Pasteur para
materiaes e scientificos para beneficio de mães construir o seu edifício definitivo.
e filhos que em numero superior a 100 fre- A
pedra fundamental do edificio para a
-

quentam o Estabelecimento ainda mal acomo- Policlinica de Botafogo foi lançada solene-
dado na rua Visconde do Rio Branco, mas com mente em 14 de Julho de 1922, perante o Pre-
uma construção já bem adeantada e espaçosa feito, professores da Faculdade de Medicina,
"na rua do Areal membros do Conselho Deliberativo, muitos
No ano 1922 o Dr. Moncorvo expoz médicos e amigos da Instituição. O infatigá-
uma admirável colecção de observações feitas vel Medico, Professor e Administrador, re-
sobre costumes das mães, costumes infantis, cordando 22 anos de experiências, labutas,
vicios oriundos da ignorância, e perigos con- satisfações e contrariedades, benefícios e dedi-
sequentes, ameaças permentes á saúde das cações, proferioum vibrante discurso que foi
crianças pelos descuidos, erros, defeitos na ali- atentamente ouvido e que o lornal do Comer-
mentação, no vestuário, na habitação, nc cio estampou no dia seguinte. Por êle se pôde
berço, e pelos contactos com animaes parasi- avaliar a grande obra de esforços e beneme-
tários ou contubernaes . Um
verdadeiro museu, rencias de que já tem surgido, aliás, outras or-
sob o nome realmente de Museu da Infância ganizações O Arquivo Medico Brasileiro,
:

esteve no pavimento térreo da Policlinica Cursos livres de Medicina e Cirurgia, Confe-


Geral, na Avenida Rio Branco e milhares de
; rencias scientificas, aulas praticas sobre medi-
pessoas o visitaram, demoradando-se a contem- cina e cirurgia de guerra.
. . .

Rio DE Janeiro

Da Escola de Euferniagein creada pelo restabeleceu os serviços que organizara tres


Dr. Luiz Barbosa, na Policlinica de Botafogo, anos antes.
muitas são as enfermeiras, diplomadas" è
já Logoá entrada do edificio estão dois am-
cm exercício. E não tarda que um Instituto de l)ulatoriosde Ginecologia c de Obstetrícia. No
Puericultura, anexo, recorde serviços Ulterior ha 4 enfermarias com 60
relevan- camas 7 ;
tes prestados á Policlinica de Botafogo por quartos particulares, 1 isolamento. 1 sala de
Eduardo Guinle e Candido Gaffrée, sócios operações,1 sala de partos, e vários gabinetes.
falecidos A
doenio em gestação c acoliiida, exami-
nada, aconselhada, medicada se precisa de
;

um tratamento mais cuidadoso ou se se apro-


xima o dia do parto, é internada. A
parturi-
PRO MATRE ente é, então, profissional e caridosamente as-
sistida a criança é scientificamente observada
;

para (|ue se não perca, nem se estrague.


PRO MATRE é uma associação que tem
por fim proteger a mulher desvalida, princi-
*
palmente no estado de gravidez exerce a Mu- ;

tualidade ; fundou uma Alaternidade e uma


Policlinica ; tem disseminado Postos de Con- O Corpo Clinico do Hospital l'RO MA-
sulta e estabelecerá creches, cantinas, refúgios, TRE consta do Dr. Fernando de Magalhães
oficinas e asilos maternaes. ([ue tem a seu cargo a Clinica Ginecológica, e dá
É creação do Prof . Dr. Fernando de Ma- dessa matéria as suas aulas como Professor que
galhães, ginecologista abalizado, coração gene- é da Faculdade de Medicina —
e mais os se-
roso, bemfeitor. Para realizar a sua idéa en- guintes médicos Drs. Octávio de Souza,
:

controu a benevolência das Exmas. Sras. Clóvis Corrêa, Didimo Napoleão, Corrêa da
Stella de Carvalho Guerra Duval em cuia — Veiga, Braune Capper, Annibal Prata. É Vice
casa se efectuou a primeira reunião, e que Director o Dr. Fernando \'az.
ainda é a Presidenta da Associação, Mme.
Wenceslau Braz, D Jeronyma de Mesquita.
— *
que actualmente é a Tesoureira, e D. Jenny
Amaral — actual Secretaria ; cavalheiros, e
firmas comerciaes e industriaes muito auxilia- De accordo com o Departamento Nacio-
ram, também nal de Sande Publica foi creado junto ao Hos-
A fundação da PRO MATRE, no dia pital um Dispensário para tratamento de mu-
.
1." de Abril de 1918, reunio em torno do Dr. lheres, gravidas ou não, que apresentem mo-
Fernando de Magalhães médicos distintos, dis- léstias venéreas.
postos a colaborar na grande obra de Sciencia
e Caridade. *
O Governo Wenceslau Braz doou á As-
sociação um terreno na Rua Venezuela, junto
á Doca Pedro II aí havia um velho casarão
;
Espalhados pela Cidade ha vários Postos
que foi aproveitado. Quando a gripe assolou Externos de Consulta Gratuita da PRO MA-
a população, em Outubro, já o Hospital PRO TRE, onde médicos especialistas atendem
aos

MATRE se ofereceu para receber vitimas da doentes como nos próprios ambulatórios da Rua
grande epidemia, e tratou-as piedosamente. Venezuela
Um incêndio na Doca Pedro II, em 1919, A Municipalidade subvenciona anualmen-
danificou totalmente o Hospital PRO MA- te a PRO com 24:000$000. MATRE
TRE Seguiram-se dias de
! desassossêgo,
mezes 'amargos, por não ter a Associação como
atender á pobreza que mais precisa de assis-
tência nas atribulações do puerpério.
DA SANTA CASA DE IRMANDADE
Não tardou, porem, a reacção. No mesmo MISERICÓRDIA
terreno, sobre os mesmos alicerces reergueu-
se o edificio, agora novo. apropriado para os
seus fins. As famílias Rocha, Mendes Campos, A "Santa Casa de Misericórdia", como
Passos, Sutton e Ottoni concorreram com as geralmente se denomina, é instituição de
ori-

sócias mais devotadas para que se reabrisse o gem portuguesa. O seu creador Fr. Miguel —
Hospital PRO MATRE. Em 25 de Setem- de Contreiras nasceu na Espanha mas — ;

bro de 1921 o Dr. Fernando de Magalhães foi em Lisboa onde fazia vida religiosa, e com
.. . ) . .

150 Rio de Janeiro

a colaboração de D. Leonor, filha do Duque Dessa data por deante muitos melhoramentos
de V;zeu, esposa de D. João II, que teve a tem recebido, e recebe, sempre, o vasto refugio
sua primeira séde, em fins do século XV, a dos enfermos pobres são notáveis as alas da
;

primeira Santa Casa de Misericórdia. frente e dos fundos onde ha primores de ar-
Instituio-se a Confraria ou Irmandade da quitectura, e que foram concluídas pelo bene-
Miserxordia em 15 de Agosto de 1489. seu O mérito Provedor Zacharias de Goes e Vas-
Compromisso tem a data de 29 de Setembro concellos
desse ano, ainda que só fosse impresso em De- Ao longo de trinta enfermarias ha neste
zembro de 1516 .
hospital geral mais de mil leitos para homens
Julgada excelente a Instituição destinada e mulheres de qualquer raça, nacionalidade ou
a hospital'zar enfermos, asilar órfãos e inváli- crença. Oitenta e seis médicos e cirurgiões vi-
dos, confortar religiosamente os encarcerados, sitam diariamente essas enfermarias, auxilia-
mandou El-Rei que se fundassem irmandades dos na sua missão de sciencia e caridade por
ou confrarias de Misericórdia por todas as ci- mais de 40 alunos da Faculdade de Medicina.
dades para alivio dos sofredores
e vilas A actual Provedoria procedeu a uma reforma
Ao Brasil chegouo espirito piedoso e ; completa de todo o Hospital, e ampliou-lhe o
em 1545 fundou-se a primeira Irmandade de aparelhamento dotando-o de um Hydrothera-
Misericórdia no Rio de Janeiro. Só em 1582, pium, instalações de Raios X, e pavilhões para
porem, surgio o primeiro hospital, ali, mesmo, cirurgia. Da Faculdade de Medicina funcio-
na~ praia que dez anos mais tarde recebeu o nam muitas aulas nas enfermarias da Santa
nome de Santa Luzia por causa da igreja á Casa
beira-mar construída sob tal invocação. Im- A entrada do Hospital Geral, num largo
provisou-o o jesuita Anchieta, de acordo com recinto chamado "Sala do Banco", 26 médicos
os Irmãos da Misericórdia, para tratamento e adjuntos atendem a centenas de enfermos
de enfermos desembarcados de uma frota es- dos que não necessitam de hospitalização e que
.panhola que ])assou de viagem para o Estreito ali recebem grátis os remédios receitados.
de Magalhães. Irmãs da Congregação de S. Vicente de
Á semelhança do que sucedia em Portu- Paula, que são chamadas "Irmãs de Caridade",
gal eram aqui escolhidos os Provedores da Mi- em numero de 58, auxiliadas por 47 enfermei-
sericórdia entre os maioraes da Cidade. O ras e enfermeiros, fazem todo o serviço er.
Compromisso estabelecia que o Provedor fosse volta dos doentes. Os mais empregados sã'
"homem de autoridade, prudência, virtudes, em numero de 181 É ha largos anos Director
.

reputação e idade taes que os outros irmãos o Geral do Estabelecimento o Dr. Arthur Maxi-
reconhecessem como cabeçí^, e naturalmente miano da Rocha.
lhe obedecessem". A
dedicação dos Provedo- Seria interessante uma estatística dos en-
res, a piedade dos irmãos e o aumento da po- fermos tratados no Hospital da Misericórdia
pulação fizeram com que o Hospital fosse Não a tenho, não ha, nem seria fácil obte-la.
crescendo em capacidade e em perfeições O Provedor em
que publicou
actual, noticia
No livro "Os Provedores da Santa Casa ha anos, alude a 200 enfermos no ano de 1650, a
de iMisericordia da Cidade de S. Sebastião do 400 no ano de 1837, a um movimento de 5 123 .

Rio de Janeiro" estão registados 153 Provedo- no ano de 1839-40 e demonstra um movimen-
;

res, desde iMartim de Sá (1605), o primeiro de to de 11 181 -no ano de 1907-08.


.

que ha noticia, até o Dr. iMiguel Joaquim Ri- O ano compromissal 1921-22 (1 de Julha
beiro de Carvalho, eleitoem 1902. a 30 de Junho) começou com 1.088 enfermo
Desejo, apenas, mencionar aqui os diver- recolhidos ás 30 enfermarias entraram du- ;

sos estabelecimentos mantidos pela venerável rante o ano 16.889 saíram 15.020 ;
falece- ;

Instituição, pois não é possível escrever sobre ram 1 790 . ficaram em tratamento 1 167
;
.

o Rio de Janeiro sem lhe fazer referencia. (A percentagem de 9,958 ficará reduzi-
da a 8,027 °|°, se se considerar que 347 entra-
ram moribundos, falecendo nas primeiras 2
horas .

Na do Banco" foram nesse ano


"Sala
HOSPITAL GERAL.' Crescera, mas atendidos 313.590 consultantes, e aviadas
deixara muito a desejar o Hospital da Santa 210.205 receitas, alem de 383.997 para os do-
Casa de Misericórdia. O
Provedor notável que entinhos do Hospital "S. Zacharias".
fo i o Conselheiro José Clemente Pereira O Património da Irmandade consta
, de
(1838-54) empreendeu a obra da sua re- 369 prédios e 2|3 e 3|4, em grande parte re-
construção. É devido ao seu esforço o edifício construídos na Provedoria do Dr. Miguel de
actual, inaugurado em 2 de Junho de 1852. Carvalho ; 2.484 apólices da Divida Publica ;
. . . .

Rio de Janeiro
151

823 apólices juros de 6 "j" papel, e 2.689 de A despeza em "2 1-22


1 i„i do 340 ^^r^JOíX) •

í 20 do r3:strito Federal 300 acções de 200$.


;

da Companhia Fiação e Tecidos AUiança


a receita de 354 :882$CXX1 . O seu Patrinmni.
e ; cons steem 1.111 :5ai$000 de títulos federaes
algumas outras de varias empresas, além 'de l.3.-)l
;

municipaes. papel e ouro e 20 pre<lios


taxas, heneficios e favores oficiaes. ;

dc aluguel. Administram a Casa


A dos Fxpestos
despeza da Irmandade só com o Hos- três membros da irmandade da .Mi-n lronli.,
pital geral
atingio a 3 .826 :562$333 no ano
compromissal 1921-22. É fonte de Receita o
Serviço Funerário de que a Irmandade da Mi
sericordia tem contracto com a Municipalidade.
RECOLHIMKXTO Dr; SA.\T.\ THK-
REZA. Num grande e niagniííco pretlio da
Kua General Scveriano estão cm conjunto
CASA DOS EXPOSTOS. duas
Foi institui- mstituições Recolhimento das Órfãs e l'n?c..-
:

da em 1738. O hemfeitor Romão de Mattos Ih mento de Santa 'l'hcreza.


Duarte, compadecido pelas crianças abandona- O primeiro tem sua origem na soma de
das ao nascer, legou 12:800$000 para as "en- 50.000 cruzados que em I7.V) doaram á Irman-
geitadas"'.Ajuntou-se-lhe com o mesnio espi- dade da Santa <"asa de Misericórdia os i)em-
ritooutro cidadão generoso —
Ignacio da Silva feitores Manoel de Magalhães Lima
e Ca-
Medella, que deu 10:400$000 e rende hoje pitão Francisco dos
;
Santos para a fundação
21:879$000 e 7:332$000 o que para o mesmo de um
Recolhimento destinado a órfãs dc hoas
fim legaram D. Luiza Avondano e o hemfei- famílias caídas em necessidade. O segundo flata
tor Estevão. fie 1851. e é devido ao altruísmo
do Conselhei-
A Casa dos Expostos ou, como lhe cJiama ro José C lemente Pereira, então Provedor da
o povo, "Roda dos Engeitados" funcionou pri- Misericórdia: Couliera-lhe ser Testamenteiro
meiramente junto ao Hospital Geral depois ;
de D. Luiza Avondano Pereira, e logo decla-
andou pela Rua da Misericórdia e Praia da rou que desistia da vhWcna em favor da huma-
Lapa esteve muitos anos na Rua Evaristo da
; nidade desvalida. A 26:2 15^702 montou a í /;i-
Veiga, e em 1906 passou para a Rua Marquez tcm. O Conselheiro destinou-os á fundação
de Abrantes com óptima instalação, em edifí- de uma Casa Pia para amparar as meninas
cio adrede construido, e <|ue custou mais de desvalidas que não fossem órfãs ou que. por
mil contos. sua idade, não pudessem entrar no i)rimeiro
Sóbe a 49.000 o numero de crianças que Recolhimento.
até 1922 tem ido parar nesta Casa, ou oculta- D. Pedro II e D. Thereza Christina a.s-
mente levadas pelos que as abandonam, ou en- sociaram a sua generosidade á do seu Conse-
tregues pelas autoridades que as encontram ao lheiro: O lmi)erador e a' Im])eratríz concor-
desamparo reram com 15 apólices dà Divi li Pnl>!i<"\ 4t'

A Irmandade tem sempre nutrizes con- 1 :000?000 cada uma

tratadas para aleitamento das criancinhas. As órfãs dos dois estabeleci incnins vivcin
A
criação, a educação, o ensino profissio- em commum, sem distinção, rateando-se a des-
nal,tudo se faz no grande edifício. As educan- peza. As desvalidas tem o dote de 800$000, e
das que prestam serviços de ama seca percebem as recolhidas de 800$000 a 2 :000$000. quando
mensalmente 20$000, formando seu pecúlio que casam com licença.
rende 4 1|2°|°, com acumulação semestral aos ; O primeiro Recolhimento instalado com 5
21 anos são colocadas em casas de família, órfãs ao lado do Hospital Geral aí permaneceu
aptas para cosínhar, lavar, engomar, costurar por um século, até 1842. Teve depois sedes
ou bordar, alem da instrução literária que te- sucessivas, corrido, ás vezes, por vendavaes
nham, adquirido segundo sua capacidade ou epídemicos fftie obrigavam a Administração a
aplicação. Os meninos logo que podem, entram pôr as órfãs a bom recato. Hoje. na sua séde
para as oficinas de calçado, alfaiataria, enca- definitiva, é modelo de ordem e de conforto,
dernação ou tipografia, de cujos lucros são par- dando abrigo, instrução e dote ás órfãs e ás
também, seus pecúlios.
ticipantes, constituindo, desvalidas, em numero de 190. Por aí tem
Os que gostam de musica estudam, e formam q passado centenares de meninas arrebatadas
Banda do Estabelecimento. Aos 18 anos são pela >ríserícordia aos torvelinhos da infe-

empregados externamente licidade.


Ha na Casa dos Expostos cerca de 40C Xo e.xercicio de 1921-22 a receita geral
dos dois sexos alem desses a Instituição aco-
;
foi de 223:8335000 e a despeza 1 73 :818$000.
lheu 665 crianças desamparadas, e mais 2.497 O Património do Recolhimento consta de
ali estiveram provisoriamente. 902:400$000. em apólices federaes e munici-
. . '

152 Rio de Janeiro

paes, ouro, e 9 prédios de aluguel o das Des- ; pregados ainda lhes sobra tempo para aten-
;

validas consta de 366:300$000 em apólices fe- derem a encomendas de fóra cujo produto é
deraes, e do magnifico prédio onde residem. aplicado na compra de suas roupas e calçado.
Irmãs de Caridade educam e instruem as As que atingem a maioridade continuam, ás
órfãs ensinando-lhes artes domesticas de grande vezes, no serviço da Casa, vencendo salário ;

valor, especializando as mais hábeis em pro- algumas retíram-se, ou para se casarem, ou a


fissões utilíssimas. pedido de parentes respeitáveis muitas são
;

empregadas no serviço domestico de casas de


família. As que se casam com scíencía do Pro-
vedor, embora já retiradas do Asilo, recebem
300$000 de dote.
Funciona também neste Asilo um Gabi-
'

HOSPITAL "N. S. DA SAÚDE". Em nete de Dentista para as irmãs, as meninas, e


1850 apareceu sinistramente a febre amarela mais pessoal de serviço.
no Rio de Janeiro. O Governo ofereceu a ex- O Hospício mantém um Consultório onde
ploração de cemitérios e pompas fúnebres a em 1921-22 foram atendidos mais de 49.000
quem prontamente instalasse e mantivesse tres pobres que receberam gratuitamente mais de
enfermarias para tratamento dos atacados pela 67.000 formulas preparadas e nas enferma-
;

epidemia. O grande Provedor José Clemente rias foram tratados 2.130 enfermos.
poz a Irmandade da Misericórdia em destaque A despeza total para 1921-22 foi orçada
para esse empreendimento. No morro da em 370:047$000.
Gamboa, antigo do Chichorro, existia a Casa
de Saúde do Dr. Peixoto. A Irmandade adqui-
río a instalação, depois a própria chácara onde
estava a Casa de Saúde, e abrio, rápido, a en-
fermaria publica. As epidemias sucederam-se.
Ali foram recolhidos, alternadamente umas
vezes, outras vezes simultaneamente, enfermos hospício "S. JOÃO BAPTISTA".
de febre amarela, de de cólera
varíola e É uma das tres enfermarias publicas abertas
morbus. Ampliou-se a casa para corresponder pela Irmandade em 1850, e custeadas pelo Ser-
ás necessidades. De 30 leitos e 3 quartos parti- viço Funerário. Funcionou primeiramente numa
culares passou a ter 300 leitos e 14 quartos casa depois abrangida pelo Cemitério S. João
particulares. Foi teatro de lúgubre movimen- Baptista. Ergueu-se definitivamente na super-
to naqueles períodos calamitosos. fície deixada por 4 prédios que a Irmandade
Em 1888 o Governo creou os hospitaes comprara e demolira na Rua de Copacabana,
de isolamento "S. Sebastião" e "Santa Bar- hoje Rua da Passagem. Em 1 de Janeiro de
bara" O Hospício
. N
S da Saúde foi, então,
. . 1852 entrou aí o primeiro enfermo que saio
sensivelmente aliviado. Nunca, porem, deixou curado a 22. A Irmandade lutava com difi-
de ter enfermarias especíaes para moléstias culdades. Em Agosto de 1856 fechou-se a En-
contagiosas até ficar esse serviço exclusiva- fermaria "S. João Baptista", onde haviam sido
mente afecto ao "S. Sebastião". acolhidos e tratados 2.050 enfermos.
Já na Provedoria actual recebeunovos Outras vezes mais foi aberta e fechada
melhoramentos ampliação
e 340 leitos, distri-
: segundo as necessidades, até que em 14 d
buídos 16 pelos quartos particulares. É o se- Julho de 1881 se reabrio com 90 leitos, e so'
gundo hospital da Irmandade. Tem Escola de a denominação de Hospício. Hoje possue 1
Enfermeiros, e um serviço de cirurgia dos me- leitos, parte dos quaes constítue a Secção Gíne
lhores da Cidade. cologíca sob a direcção gratuita do Senado
Dirige o Estabelecimento o Dr. Neves Costa Ribeiro.
Armond A frequência do Hospício foi de 669
Anexo ao Hospício existe um Asilo para enfermos.
recolher as crianças que acompanham as mães São enfermeiras 7 Irmãs de Caridade qu'.
enfermas, e para interna-las definitivamente, têm sob suas ordens 12 serventes.
se estas faleoem. Também aí são internadas Anexos ao Hospício ha um Consultório e-
as crianças que entram no Hospício para tra- uma Farmácia.
tamento e que não têm quem as procure de- A
sua despeza- em 1921-22 foi de
pois de curadas. Estas asiladas em numero 121:000$000.
hoje muito reduzido, aprendem costura, bor- Dirige o Hospício o Dr. F. Soares Pe-
dado, renda, crochet, tricot ; lavam e passam reira, e o Consultório está a cargo do Dr. Octá-
a, ferro toda a roupa dos enfermos e dos em- vio Ayres
: .

Rio de Janeiro
153

*
4>

HOSPÍCIO "N. S. DO SOCORRO. É HOSPITAL


a terceira das enfermarias instaladas em 1850
"N. S. DAS DORES".
Na Provedoria do Barão do Cotegipe (1883-
pela Irmandade da Misericórdia. Como En-
1889) a Irmandade da Misericórdia adquirio
fermaria funcionou primeiramente numa casa uma chácara e terrenos adjacentes, cm ("asca-
da Praia de S Christovão envolvida mais tarde
.
dura. a cavaleiro da Estação, para um Hospi-
pelo Cemitério da Penitencia. Como Hospício tal onde recolhesse os tuiíerailosos que não
estava desde 1866 no belo prédio que para tal deviam estar no Hospital Cerai em promis-
fim se construio na mesma beira-mar e abri- ; cuidade com doentes de outras afecções. Na
gava 78 doentes quando foi presa de um incên- Provedoria do Conselheiro Paulino de Souza
dio, em 13 de Outubro de 1920. Ainda se não a nova dependência da Santa Casa passou a
restabeleceu o Hospício, apenas se conserva Sanatório das órfãs asiladas e. por ultimo,
;

funcionando o Consultório Publico que é muito depois de completa reconstrução, é Hospital


frequentado No ultimo ano, matricularam-se
:
exclusivo de mulheres tuberculosas.
9.277 indivíduos as consultas foram em nu-
;
As obras custaram 1 700 :000$000. tendo
.

mero de 34.092, eas formulas aviadas 37.584. o Governo concorrido com 700. É um perfeito
Dirige o estabelecimento o Dr. Alberto Sanatório, todo luz, higiene, conforto c cari-
de Figueiredo. nho. Alem das salas da Administração e de
visitas,consta de seis pavilhões circulares, in-
dependentes entre si, e ligados a outros tantos
*
rectangulares por passadiços envidraçados.
Cada pavilhão tem dois pavimentos, e em cada
pavimento ha 16 camas, h cubagem é de
ASILO "SANTA MARIA". Num prédio 80 m3. para cada leito. Scientistas estrangei-
e chácara da Rua da Passagem estão sob este ros que o têm visitado afirmam não haver no
nome dois estabelecimentos de assistência, género estabelecimento que o iguale.
á puberdade e á velhice. Ai se encontram Durante o ano 1921-22 recolheram-se ao
sob o mesmo tecto a decrepitude e a esperança Hospital 1.316 enfermas das quaes se retira-
37 mulheres que já foram validas, e 57 ram com mais saúde ou perfeitamente cura-
que o serão. das 623.
Também é obra do inolvidável Provedor A despeza foi de 346:320$000, concor-
José Clemente Pereira. rendo o Governo com a metade.
As creaturas que por sua idade avançada Vinte Irmãs de Caridade respondem i>ela
nada fazem, nada esperam, respiram, ao ordem, asseio e exacta observância das pres-
menos, o ar puro de um recanto salubre, parte cripções medicas. Tudo está sob a direcção do
da vastíssima chácara que o Cónego Antonio insigne medico. Dr. J. J. da Silva Gomes. A
Rodrigues de Miranda legou á Misericórdia, entrada, em baixo muito longe dos pavilhões,
em 1831. As que aprendem a viver no mundo ao nivel da Rua Coronel Rangel, funciona dia-
dedicam-se á Lavandaria instalada com grande riamente um Consultório Publico que, neste
larguesa em 1877, e melhorada de ano para ano. ano compromissal, forneceu 107.245 formulas
Aí se limpa e se conserva toda a roupa dos hos- preparadas a 88.316 consultantes pobres da
pitaes, por meio de 10 maquinas a vapor e localidade
uma turbina.
As órfãs têm retribuição f>ecunLaria.
*
constituindo pecúlio com as mesmas vanta-
gens da Caixa Económica ; e têm dote de
300$000, se se casam.
Dirigem o serviço das moças e prestam ASILO DA MISERICÓRDIA. Dese-

assistência ás velhas 7 Irmãs de Caridade. jando afastar do Hospital Geral crianças aí

deixadas pelo desamor ou pela desgraça, o


Um medico e um Dentista atendem á saúde
Provedor de 1889 a
das jovens e das valetudinárias. Visconde do Cruzeiro,
publica,
Num ano passaram pela Lavandaria 1890, levantou, por meio de subscrição
a somma necessária para
adquirir um prédio,
4.462.443 peças de roupa do Hospital Geral,
assim o
do Hospicio S. João Baptista, do próprio constituir um património e fundar,

Asilo, e do Hospital "S. Zacharias". O custeio Asilo da Misericórdia.


O
prédio tem o n.° 446 da Rua S. Cle-
da Lavandaria em 1921-22 foi orçado em
mente. Por éle têm passado já 885 meninas
102:692$000.
. . . .

154 Rio de Janeiro

que as Irmãs de Caridade dirigem, instruem oficinas são tirados anualmente nove contos
e educam no trabalho. para a manutenção do Estabelecimento.
Actualmente estão lá internadas 180 órfãs
cada uma das quaes terá 300$000 quando *
se case.
O Património do Asilo compõe-se de tres
prédios urbanos de aluguel, e 236:500$0OO em HOSPITAL DE CRIANÇAS. A Ir-
apólices federaes. mandade- da Santa Casa de Misericórdia do
Rio de Janeiro sempre, como temos visto, foi
alvo da munificência de moradores desta Ci-
dade. Nos tempos coloniaes os portugueses
europeus ou americanos, que faleciam no gozo
de fortuna, se testavam, lembravam-se sempre
INSTITUTO PASTEUR. Na Prove-
doria do Barão de Cotegipe (1883-89), e com
da "Santa Casa". Na primeira metade do sé-
culo XIX ainda foram muitos os legados-
apoio do Governo, foi á Europa o Director
do Hospital Geral, Conselheiro Ferreira dos
Assim se formou o grande património da ve-
nerável Instituição distribuidora de copiosos
Santos, estudar o tratamento da raiva pelo
beneficies
processo que então descobrira o sábio Pasteur
e a Irmandade da Misericórdia não tardou em
;

Já em dias do século fez parte da XX


Administração da Miseridordia o Dr. José
instalar o novo serviço humanitário no prédio
Carlos Rodrigues, brasileiro, distinto homem
n.° 84 da Rua das Laranjeiras, inaugurando-o
de letras, então proprietário e redactor-chefe
em 25 de Fevereiro de 1888. A despeza foi
do Jornal do Conunercio ; e coube-lhe a Mor-
de 17:340$000. O Governo Federal prometeu
domoria do Hospital Geral. Essa passage"
o auxilio anual de dez contos, hoje reduzido
por entre os pobres enfermos consternou-lh
a pouco mais de tres.
o coração, e deu-lhe azo de apreciar quanto
O Instituto funciona actualmente no prédio
a nda era deficiente o socorro ás crianças que
n." 11da Rua das Marrecas, sob a direcção
a miséria e a morbidez sacrificam nos bairros
do Dr. Samuel Pertence. Sóbe a 28.000 o nu-
populosos, por esses montes e vales e recan-
mero de pessoas mordidas por animaes hidro-
tos da Cidade. Resolveu, então, construir ern
fobos, e que têm ido ao Instituto Pasteur re-
sitio apropriado um hospital para crianças.'
ceber o tratamento preventivo da raiva.
Na rua Miguel de Frias ergueu-se o predi
de tres pavimentos, forte e capaz de recebe
novos pavimentos quando precisos forem.
Ali ficaram empregados 356:000$000. O Dr.
José Carlos Rodrigues doou mais 40:000$0
ASILO "S. CORNÉLIO". Está num para mobiliário e aparelhos e entregou
esplendido prédio da Rua do Catête, legado Instituto pronto para funcionar á Irmandad'
em 1894 pelo Irmão da Misericórdia João da ^lisericordia.
Martins Cornélio dos Santos. O doador, O Sr. Alberto Barth, natural da Suissa,
mesmo, sugerio o nome do Asilo, em memoria e que por muitos anos fôra comerciante n
de seu Pae. Rio de Janeiro, interessou-se pela creação d
Recebe este Estabelecimento meninas Dr. Rodrigues, e doou á Irmandade dua
maiores de 12 anos destacadas, até o numero '.asas avaliadas em 200:000$000 para o Patria-
de 60, de outros asilos da Irmandade para ali inonio do Flospital de Crianças
aprenderem costura, manufactura de flores, e O Hospital, propriamente, ainda se nã
bordado a branco, seda e ouro, obtendo apti- realizou ; está em seu logar funcionando com
dões- com que futuramente ganharão a pró- grande êxito um Ambulatório ou Policlinica-
pria subsistência. de crianças, aberta desde 8 de Maio de 1909.'
Os trabalhos executados no Asilo S
Cor- . No ano 1922 foi de 375 a medida diari
nélio são reputados primorosos, já tendo fi- de consultantes aí levados por paes e mãe
gurado com distinção em exposições nacionaes indigentes, sendo de 35 a média diária d
'
e estrangeiras . novas matriculas. Nesse ano foram praticadas.
Também está confiado aIrmãs de Cari- 482 intervenções cirúrgicas subio a 8.162 o;

dade. Já ali completaram a sua educação 231 numero de curativos foram preparadas gra-
;

meninas tuitamente 91.869 prescripções medicas. Dis-


Possue o Asilo S . Cornélio 96 apólices tribuiram-se 38.452 litros de leite, e realiza-
federaes. A despeza para o exercicio de 1921 ram-se 189 visitas domiciliarias a crianças

foi orçada em 36:520$000. Da receita das enfermas


.

Rio de Janeiro
155

Larga messe de benefícios !


pela Civilização para guardar e
consumir os
O Estabelecimento dispõe de instalação corpos humanos tombailos pela morte. foi.
radioscopia,
de
electroterapica e hidroterapica. certo, na Vila \'elha, lá, junto
ao Pão' (U
Grande é o numero quotidiano de duchas e de Açúcar, onde em 1567 inhumarani o corpo
de
banhos medicinaes. Tem um Ginásio Sueco. Estácio de Sá. Quando a Cidade se transferi.)
Médicos de todas as especialidades, até de do- para o morro do Castelo novo cemitério .«^e
enças de senhoras, visando a puericultura, ali formou no adro e no interior da nova Matriz,
diariamente aguardam os consultantes. Ex- em cuja Capela-mór Estacid de Sá passou a
celente é a sala de operações ladeada pelas de ter jazigo por (lelil)cração de seu i>rimo. Sal-
desinfecção e de anestesia. vador de Sá, 2." Ciovcrn.-i.lnv ,1,, Ri,, de |;,.
É Director do Hospital de Crianças, o nero.
Dr. Fernandes Figueira que chefia os servi-
Quando a população uan>l)ni doii morro
ços de Clinica Medica Infantil. As outras cli-
l)ara a planície já existia a Irmandade da Santa
nicas estão assim entregues a outros espe-
Casa de Misericórdia que tratava dos enfer-
cialistas ;

mos, e dava sepultura aos mortos. Junto


ao hospital era o seu cemitério, encostado ao
Cirurgia — Dr. Alvaro de ['aula Gui- morro. Para essa missão de .sepultar os mortos
marães diz o Dr. Vieira Fazenda que a Irmandade

;

Oftalmologia Dr. Guedes de Mello possuía quatro tuiithas Uma mais rica para
— ;
:

Oto-rhino-laringologia Dr. João Ma- os irmãos outra para os que o não eram, e
;

rinho
[)odiam pagar
— a terceira para os pobres e a
;
; ;

Ginecologia Dr. Castro Peixoto ultima, conhecida pelo nome de lancha, desti-

;

Dermato-sifiligrafia Dr. Zopiro Gou- nada aos escravos.


lart ;

Hidroterapia —
Dr. G. M. Armsbrust
O costume, porem, de sepultar no chão e

— em
;

torno das igrejas que se iam construindo


Radiologia Dr. Arnaldo Campello
— ;

dispensava a Santa Casa da totalidade dos en-


Higiene Infantil Dr. Adamastor Bar-
terramentos Outras irmandades, confrarias e
;

bosa .

ordens religiosas guardavam nas respectivas


igrejas e capelas, e em catacumbas circundan-
O
Gabinete Dentário está a cargo do Ci-
tes, os corpos dos seus falecidos consócios, con-
rurgião Mário de Vasconcellos o Dr. Gomes ;

frades e devotados.
de Faria chefia o Laboratório de Pesquizas e
Analises
Adespeza do Estabelecimento em 1921 Entretanto, a Cidade aumentava. Xem
foi de I40:981$600. toda gente pertencia ás associações religiosas
que davam sepultura. cemitério de 265 m.^ O
que a Irmandade da Santa Casa tinha para os
*
seus irmãos e para os pobres que morriam no
seu hospital era a Xecropole do Rio de Ja-
HOSPITAL "S. ZACHARIAS".
Único neiro de 1831 a 1838 recebera 22.279 cadá-
;

hospital de crianças em funcionamento. Era veres de 1838 a 1839 recebera 3.194


;
torna- ;

no Morro do Castelo, demolido, coomunicando- va-se insuficiente ; já oferecia perigo á salu-


se por um funicular com o Hospital Geral. bridade publica.
Em 1922 passou para o Hospital "S. Fran- Assim o compreendeu José Clemente Pe-
cisco de Assis", provisoriamente, até ser reira, esse benemérito brasileiro que Portugal
construído o definitivo na rua de Santa Luzia. vio nascer em i787, criar-se. educar-.se em
Tem por património 30 apólices da divida pu- Coimbra, e embarcar para o Rio de Janeiro em
blica com que o contemplou o Ministro Carlos 1815. O grande Provedor, mal impressionado
Maximiliano quando distribuio o legado do com aquele cemitério numa estreita faixa de
Engenheiro Monteiro Caminhoá. terra entre o morro, a praia e o hospital, resol-
A despeza de 1922 foi orçada em veu procurar novo sitio e em 1838 fundou o ;

38:770$000. Quando se fez a trasladação os Campo Santo da Misericórdia, bem longe, na


enfermos eram em numero de 108. Ponta do Cajú imediatamente organizou
;. e
um serviço de transporte de cadáveres por mar.
Aprovada a escolha pela Imperial Acade-
CEMITÉRIOS mia de Medicina, sob consulta da Camara
^Municipal, praticado o ceremonial da benção,
o Campo Santo inaugurado em 2 de Julho
O primeiro cemitério do Rio de Janeiro, foi

isto é, o primeiro espaço de terra destinado de 1839.


. . .

156 Rio de Janeiro

cerra monumentos lindos. Aí se pulverizam


igualmente corpos de creaturas que passaram
Depois de uma grande epidemia de febre pela vida ignoradas, doutras que chegaram ás
amarela que assolou o Rio de Janeiro o Gover- culminancias sociaes. Possue este Cemitério
no do Império, autorizado pelo Corpo Legis- uma quadra reservada ao enterramento das
lativo, decretou, em 5 de Novembro de 1850 a Irmãs de S. Vicente de Paulo.
abertura de cemitérios "fóra da Cidade", e
proibio os enterramentos nas igrejas. Em
1851
a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
abria os cemitérios de "S. Francisco Xavier'"
e "S. João Batista".- aquêle ampliação do
A Ordem Terceira dos Minimos de São
Francisco de Paula também resolveu em 1849
Campo Santo que já possuia ao N. da Cidade,
adquirir grande chácara em Catumby, "extra-
e este ao Sul, onde depois se desenvolveu o
muros", para cemitério dos irmãos falecidos
bairro de Botafogo.
no seu hospital. Mede 202 metros de frente
A Irmandade aceitou nessa mesma data o
e 600 metros de fundo. Depois de aprovada a
privilegio do serviço funerário por 50 anos,
escolha pela Imperial Academia de Medicina,
com como já ficou dito, de instalar
a condição,
foram para lá trasladados os restos mortaes de
cres enfermarias, e de indenizar com 58:700$.
457 irmãos que estavam nas catacumbas da
dezenove armadores e seis alugadores de car-
igreja. O primeiro enterramento directo efe-
ruagens que até então se incumbiam, á porfia,
ctuou-se em 28 de Setembro de 1850.
de amortalhar defuntos, fornecendo ataúde e
As Ordens Terceiras de S. Francisco de
transporte
Penitencia e de N.^ S.^ do Monte do Carmo,
que também mantêm hospitaes, cedeu a Ir-
mandade da Misericórdia, em 1857, dois gran-
des lotes da vasta area de terreno que adquirira
O Cemitério S. Francisco Xavier é o para seu cemitério na Ponta do Cajú.
mais vasto da Cidade. Nos seus 668.720 m^
OCemitério da Penitencia foi inaugurado
já ha 20.000 sepulturas ocupadas, umas tem- em 1.°. de Março de 1858, e mede 143 metros
porária, outras permanente. Tem belos monu-
de frente por 365 metros o do Carmo mede
;

mentos inclusive o do Provedor José Clemente,


110 metros por 370, e foi inaugurado em 28 de
e do Proclamador da Republica, e muitos
Junho de 1859. -

outros de estadistas e militares, damas vir-


tuosas, literatos, comerciantes, industriaes, sa- *

nomes que fulgem na Historia da Ci-


cerdotes,
dade do Brasil. Também em milhares de co- O Cemitério dos Ingleses —
Britisji Bu-
e
vaes se somem milhares de anónimos, uns des-
rialGround —
existe desde 1809, por doação

prezados porque se desprezaram, outros porque de D. João VI, a pedido de Lord Stranford,
Ministro da Inglaterra, para repouso eterno
nunca tiveram a fortuna de serem compreen-
didos.
dos membros da Igreja Anglicana. É de pe-
Em virtude de um legado do Padre José
quenas dimensões, encravado no bairro da
de Oliveira, falecido em 18 de Junho de 1866,
Gamboa, na encosta do morro do mesmo nome.
a Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São
Pedro comprou á da Misericórdia, dentro dos *

muros do Cemitério de S. Francisco Xavier,


uma area de 1885 m.^ para dar sepultura aos Alem destes cemitérios ha os municipaes
seus irmãos. Nesta quadra não ha monu- propriamente ditos, em virtude de autorização
mentos. dada ao Executivo ^Municipal para adquirir
Ha outra quadra destinada exclusivamen- terrenos e construir cemitérios na zonasub-
te aos corpos de cristãos que não seguiam o urbana. É permitido nesses cemitérios o en-
Catolicismo, genericamente chamados Protes- terramento de pessoas de qualquer culto o'
tantes . religião
O Cemitério Municipal de Inhaúma fi
*
próximo da Estação deste nome da E. F. Rio^
d'Ouro. Já existia desde 1888 foi apropriado,
;

O
Cemitério S. João Batista mede 531 ampliado e concluído em 1911 com a superfí-
metros pela rua General Polydoro (antiga cie de 205635 m^
Berquó) e 325 metros pela rua Real Grandeza, O Cemitério Municipal de Irajá começou
abrangendo o morro que o separa de Copaca- em 1894, e foi concluído em 1901 com a su-
bana. É esteticamente bem delineado, e en- perfície de 40.000 m2.
. .

Rio de Janeiro 157

O Cemitério Municipal de Jacarépaguá COSTUMES


está no logar denominado "Campo de Flores",
em um terreno de 150 metros por 150 metros,
doado para esse fim pelòs Barões da Taqua- 1' ratar dos lo.Mumo do Km de janeuu c
ra, em
1902. mui dificil porque os não ha perfeitamente
O
Cemitério Municipal do Realengo, fun- definivcis. peculiarmente generalizados.Cida-
dado em 3 de Junho de 1895, está, em terreno de maritima. Cidade comercial. Capital de um
adquirido pela Municipalidade, no logar deno- vasto paiz. porta principal por onde entram
minado "Murundú". Mede 110 metros por milhares de forasteiros —
tipos mais ou
220 metros. menos acentuados de variadas civilizaicõcs —
O
Cemitério IMunicipal dè Campo Grande, a diversidade dos costumes é imen.sa. c será

inaugurado em 29 de Junho de 1896, está no por longo tempo iiulcscritivel Ha, contudo, .

logar denominado "Santo Antonio", com uma aspectos que se ptxlem tomar c fixar como
superficie de 50 metros por 100 metros. expressivos, ao menos para futuras compara-
O
Cemitério Municipal de Guaratiba está ções, quando já não predominem, tendo se
na chamara Estrada da Ilha. Mede 150 metros deixado alterar ou substituir.
por 200, adquiridos na Fazenda Santa Leoca- Estes aspectos residem na alimentação, di-
versões, cultura, religião, enterramentos, co-
dia por 7:000$000.
mercio, relações pessnaes.
O Cemitério do Curato de Santa Cruz . .

foi deixado pelos jesuitas em 1759, com 7680


m- A Municipalidade apropriou-se dêle, e re-
. *
cebeu do Governo Federal, em 1904, uma area
anexa de 55362 m^ Tem hoje. portanto, .
A aliiTientação no Rio de Janeiro é mixta,
63042 m2 sendo reduzidissimo o numero de sistemáticos
O
Cemitério Municipal da ilha do Gover- vegetarianos. As carnes oferecidas ao consu-
nador inaugurado em 10 de Novembro de
foi
mo são de gado vacum e suino ovelhum de- ;

1899. Ocupa uma superficie de 200 por 300 minutissimo. Vinho pouco se bebe cerveja ;

metros, adquirida por 12 :000$000 no logar bebe-se regularmente. O


prato nacional mais
denominado Zumby. vulgar no Rio é o feijão preto com carne sêca.
A ilha da Paquetá tem cemitério perten- toucinho e farinha de mandioca, prato que não
cente á igreja. dispensa outras iguarias, e, aliás, não aparece
nas mesas de luxo ou de ceremonia ; o arroz é
indispensável, e tem o seu preparo bem bra-
sileiro.
O NECROTÉRIO EM 1922 Nos hotéis, restaurantes e casas de certo
tratamento predomina a culinária francesa.

A administração do Necrotério forneceu *


á imprensa a seguinte estatistica do movimen-
to do ano de 1922 :

Foram examinados cadáveres de ho- : Os cariocas apreciam muito- o Teatro, e


mens, 2.008 mulheres, 1.611
;
pardos, 826, ;
na sua falta frequentam os cinematógrafos
e pretos, 622 fetos, 1.554 recemnascidos,
; ;
que se instalaram numerosos pelo centro da
175 menores, 360
;
adultos, 883 maiores; ;
Cidade e pelos bairros. A estação teatral é de
de 60 anos, 89. Maio a Setembro, exibindo-se sempre nos
Homicidios — 68 por arma de fogo, ;
principaes teatros companhias portuguesas,
por arma branca, 23. Suicidios arma de — francesas, espanholas, alemãs, de
italianas e

fogo, 39 arma branca, 5 por veneno, 28 ;


drama, comedia e opereta e grandes compa-
;
; ;

por queimaduras, 17 afogados, 8 enforca- ;


nhias de Opera Lirica, ocupam anualmente o
dos, 5 Acidentes
. por bonde, 30 —
trem,
;

;
Teatro Municipal.
140 automóveis, 93
;
outros veículos, 14 ; ;
O Teatro Nacional propriamente dito
quédasí 63 soterrados, 25
;
queimaduras, ;
está em organização Da Escola Dramática e
:

40 afogados, 45
;
arma de fogo, 10, e por
;
do Instituto Nacional de Musica hão de sair
electricidade, 11. Segmentos de membros in- laureados artistas que se notabilizarão no
feriores e etc, 34. Natimortos,
superiores, Palco
1.554. Doenças, 843. Autopsias de médicos Festas populares ou tradicionaes não ha
legistas, 664 exames, 34. Serviço do Depar-
;
no Rio de Janeiro, a não ser o Carnaval de
tamento Nacional de Saúde PuMica nati- :
que me ocupo adeante. As festas nacionaes
mortos, 1.554 ; doenças, 843. Total 3.095. — são propriamente de iniciativa oficial.
. . . .

158 Rio de Janeiro

A Sociedade gosta de sar'aus dançantes em grande numero. Pena é que a leitura que
que já foram mais frequentes em casas de fa- proporcionam não seja cuidadosa, humanita-
mília do que o são hoje nos clubes elegantes riamente edificante alguns falham deplora-
:

de varias denominações Os grandes clubes


. velmente na sua função de educadores da So-
desportivos oferecem a sócios e convidados, ciedade !

alem do espectáculo das suas pugnas, reuniões


de Arte e festas de Salão, muitíssimo con-
corridas.
Os médicos são muito caridosos, aten-
*
dendo, todos, em sua 'clinica particular, á po-
breza enferma que não pode remunerar ser-
As bibliotécas são muito procuradas dia viços. O Magistério é de muita probidade. A
e noite ; as livrarias fazem grande comercio. Magistratura incorrviptivel Os paes extre-
.

O espirito publico é ávido de saber, tendendo mosos a maternidade amorosíssima.


;

a elevar-se cada vez mais o nivel da instrução.

*
O CARNAVAL NO RIO DE JANEIRO
A religião tem se reduzido á intimidade :

Cada um com a sua crença, abandonadas ha A geração que vai desaparecendo teve a
muito as exterioridades espectaculosas imaginação ainda excitada pela fama do Car-
naval de Veneza que as crónicas vinham exal-
* tando desde o fim do século XVII. O Carna-
val de Nice igualmente reclamou a atenção
dos que passam tempo divertindo-se Rio de
Aofuneral das pessoas que morrem só
.

Janeiro também se fez celebre pela maneira


comparece o sacerdote desta ou daquela igre-
pomposa de festejar o Carnaval. Consagrarei
áa, se é convidado. O cadáver fica exposto na
algumas linhas a essa periódica feição da
'

casa da familia por 20 ou 24 horas depois da


Cidade
morte, até o saimento que se faz em coche
"Carnaval" (no dialecto milanez carne-
apropriado fornecido, bem como o ataúde, na
Icvale que vem do baixo latim carnelevamen
parte urbana da Cidade, pela Empresa Fune- :

de caro, carnis + levar e) tempo de supressão


rária da Irmandade da Santa Casa da Miseri-
de carne, pelo que se celebram os últimos di-
córdia. Oito são as classes deste serviço fúne-
vertimentos anteriores ao jejum quaresmal.
bre, variando os preços entre 20$ e 850$. Os
Tal é a opinião de Fr. Domingos Vieira. Se-
corpos todos enterrados.
gundo Korting. vem do Latim carrus + na-
zvlis. Se se discute a origem do termo ava-
* lie-se como será discutível a origem
do costu-
me. O
padre Antonio Vieira não hesitou em
OComercio 'não difere do comercio de descobri-lo na Biblia, pelo tempo de Moysés . .

outras capitães Estabelecimentos abertos de


:
Ligado á religião cristã, especialmente á
8 a 19 horas, excepto aos domingos e dias fe- religião católica por muito pagão que seja, o

riados Republica.
da Mais ou menos os Carnaval não se celebraria no Brasil antes dos
mesmos de necessidade ou de luxo,
artigos portugueses aqui chegarem "dilatando a fé e
produtos nacionaes e de toda a parte do o império" uma vez, porem, estabelecidos em
;

mundo. Muita seriedade nas transacções a — torno da cruz erguida como sinal dà posse, o
prazo entre os comerciantes, dinheiro á vista Calendário foi rigorosamente observado, e 1'
para os consumidores estava o Domingo da Quinquagesima obstina^
damente, popularmente consagrado a Momo,
Do que teriam sido os folguedos carna-
*
valescos nessas eras longínquas pode-se, talveri
fazer ídea. A Civilização caminhava para o
Nas relações sociaes guardam-se muita Ocidente, mas caminhava comerciando os :

cortezia e muita galantaria. Não ha outra aris- próprios padres exploravam a terra, monta-
tocracia que não seja a do Caracter. Os indi- vam engenhos, fabricavam açúcar. Nem havia
vidues elevam-se e recomendam-se pelas suas f'0rça para resistir ao Carnaval que propagava
virtudes, seja qual fôr a sua estirpe. Toda no mundo o espirito de desordem, estouva ']

gente lê jornaes e revistas que se publicam mento e irreverência das saturnaes romanas ;
.

Rio de jA.\ElRO

nem havia preocupação intelectual de regular is


'A Sra. Delmastro nada
brincadeiras. Quando chegavam aqueles dias iwupou para
que este baile fosse digno dos
marcados na folhinha irrompia o Entrudo no Fluminenses c
estunamos dizer que seus K^uvavcis
qual, dizia Fernão Soropita. "a gula com esforços
a corresponderam a seus desejos, pois (|ue con-
ira e luxuria têm particular assistência
em correram mais de mil pessoas os camarotes ;
razão dos pagodes e das brigas e de outros estavam cheios de famílias das niais res|>cila-
aconchegos que então se fazem". das e distintas da Cõrte. e o salão apinhado
Em 1604 apareceram no Rio de Janeiro dc
moços de boa six-iedade que procuravam re-
os primeiros brados da Autoridade contra conhecer algum amigo, alguma dama. nos va-
Entrudo (31 de janeiro e 13 de Fevereiro) riados e elegantes
; disfarces de turco. chim.
em 1608 (25 de Dezembro) renovou-se a palhaço, dominó, ctc.
fidalgo,
ordem coercitiva em' 1612 (17 de Maio), em
;
As contradanças que se sucediam com
1686 (24 de Fevereiro e 22 de Outubro), em rapidez, não cessaram senão ás 3 horas da
1691 (20 de Setem])ro). em 1734 (6 e 20 de maniiã, e até mais tarde teriam durado .se o
Fevereiro), em 1808 (25 de Fevereiro), em Sr. lnsi>ector do Teatro não tivesse enten-
1838 (Lei municipal de 11 de Setembro) dido que a .saúde dos dançantes requeria que
reage a Policia Civil contra o abuso da liber- S. S. muito civilmente os mandasse descan-
dade nos dias de Carnaval. Em 1840 reali- sar, dando a festa por acabada.
za-se o primeiro baile de mascaras O fol-: "Desejamos muito que se vulgarize entre
guedo era das ruas atraido para os salões. nós este agradável e inocente divertimento.
É o melhor meio dc desterrar os limões dc
cheiro, as gamelas dagua, e todas as suas fu-
nestas consequências."

Aliás, desde 1490 se realizavam "bailes


Em 1846, mesmo, houve no Teatro São
Pedro de Alcantara tres bailes e dai por
de costumes" em Portugal. Garcia de Rezen- ;

deante não se passou mais Carnaval .sem baile


de, descreve uma dessas danças de momos
de mascaras nos teatros, e em salões de socie-
por ocasião do consorcio do príncipe D. Afon-
dades, e em casas particulares.
so, filho de D. João II. com a Infanta D. Iza-
bel de Castela e ao chegar a Lisboa a In-
;

fanta D. Carlota Joaquina de Bourbon, des-


posada pelo Principe D. João, mais tarde Rei
sexto do nome, houve. taml)em. em 18 de
Data de 1850 a grande fama do Carna-
Junho de 1785, um baile de mascaras ofere-
val no Rio de Janeiro.
cido pelo Embaixador de Espanha, e reali-
Uma sociedade de rapazes alegres, e bem
zado no Palacio da Inquizição, depois teatro
educados, constituída sob o titulo Sumidades
D. Maria 11. hoje Teatro Garret.
Carnavalescas, abandonou os seus .salões onde
já tinha dado alguns bailes para vir á rua di-
vertir o povo.
"Guarda de Honra" a cavalo, vistosos e
interessantes carros alegóricos, muitas carrua-
Foi em 22 de Janeiro de 1840 que se gens com sócios e moças fantasiadas, muita
realizou o primeiro baile de mascaras no Rio flor, musica, ditos de espirito, eis o que, de
de Janeiro. A iniciativa coube ao dono do memoria, recordavam, anos depois, os que se
Hotel de Itália, existente no terreno hoje referiam ao surpreendente préstito que per-
ocupado pelo Teatro S. José. Em
20 de Fe- correra as ruas da Cidade. A impressão fes-
vereiro rei>etio-se o baile e nos anos se-
; tiva e de intelectualidade que o cortejo deixa-
guintes, até 1845, o Hotel de Jtalia foi o único ra foi tal que a Sociedade se fez prospera
a oferecer tal diversão. porque toda a rapaziada elegante lhe queria
Em 1845 organizou-se a Sociedade Cons- pertencer.
tante Polka que anunciou o seu primeiro baile No ano seguinte a Socieda<le Sumidades
á fantasia no dia 31 de Janeiro de 1846. Carnaz«tescas apareceu no Domingo de Car-
No dia 21 de Fevereiro desse ano abrí- naval com maior pompa e brilho, entusiasman-
ram-se as portas do Teatro S. Januário, na do a multidão que se divertia, de graça, á pas-
rua D. Manoel, para um grande baile mas- sagem desses alegres, asseiados e cortezes fo-
carado. A
moda pegara. Relatando o sucesso liões ; na Terça-feira saio outra vez para
o Jornal do Comercio do dia 23 assim se efectuar com brilhantismo o encerramento do
exprimio : Carnaval
.. . .. . . .

160 Rio de Janeiro

Em
1856 já a festejada Sociedade ti 'ha feira. Tinham fulgor repentino e apaga-
concurrentes á conquista dos aplausos da mul- vam-se logo
tidão Era a Sociedade União Veneziana que
; Em 1864 apresentaram-se mais duas so-
muita verve e luxo e conhecimentos históricos ciedades Titeres do Diabo e Nova Chroma-
:
|
empregou para disputar a palma á iniciadora tica. Uma delas organizou o seu préstito com
desta forma popularissima de celebrar o as artistas de companhias francesas de ope-
Carnaval reta então existentes nesta Capital. A multi-
O Entrudo nunca desaparecera totalmen- dão exultou mas as familias recusaram-se daí
;

te ;mas estava modificadissimo Os créditos . por deante a tomar parte na brincadeira. A


de fina espirito e garbo das duas sociedades Sumidades Carnavalescas exibio nesse ano o
cresceram tanto que os monarcas vinham de seu ultimo préstito familiar.
S. Christovão ao Paço da Cidade para goza- Em
1869 apareceu pela primeira vez a
rem, também, o espectáculo dos préstitos car- Sociedade Euterpe Comercial Tenentes do
navalescos . Diabo que era, apenas, o renascimento dos
Outra nova sociedade saio á rua, em Zuavos. Travaram-se verdadeiras lutas de es-
1858 —Os Zuavos. Esta organizou banda pirito e beleza. Outro Club Inimitáveis —
própria constituida pelos sócios amigos de mu- — também veio deslumbrar a multidão com
sica, amadores, instrumentistas, alguns, mesmo, seu enorme cortejo gaiato e luxuoso. Então,
prof issionaes mal começava o ano já as festas carnavales-
Os figurinos usados pelas sociedades nos cas eram preocupação de muita gente, e des-
seus préstitos estimulavam o gosto dos mas- pertavam muitos interesses, movimentando-se
caras avulso e de ano para ano exibiam-se o comercio de especialidades, e ag^itando-se
;

foliões individuaes em trajes que os distin- costureiros aderecistas,, scenografos e maqui-


guiam da ralé mascarada. O comercio de ar- nistas teatraes.

_

tigos de Carnaval transformou-se sensivel- É em 1870 que surgem os Fenianos, ri-


mente Já não constava só de seringas, es-
: vaes dos Tenentes ; depois os Democráticos,
guichos, limões de cera, álcool, mascaras, fa- rivaes de ambos todos rivaes de todos
;

rinha e quejandas cousas agressivas já muito ;


quantos pretendam conquistar a "palma da
artigo fino era procurado para essa festa po- vitória" em torneios de graça e fantasia.
pular. O Comercio entrou, também, a interes-
sar-se no divertimento, e a concorrer para a
sua elevação, animando as sociedades, enfei-
tando as ruas, excitando a Cidade. CASAS DE ESPECTÁCULOS
Em 1862 apareceram mais duas novas so-
ciedades Congresso das Damas e Bohemia.
:

O Carnaval foi, pois, festejado por cinoo São estes os teatros existentes no Rio de
grandes colectividades que encheram as ruas Janeiro em 1922 :

do Rio de Janeiro de musica, de côres, de en-


tusiasmo, de vestuários históricos, de alego- Teatro Municipal.
rias e criticas faiscantes. Em 1863 juntaram- Teatro S. Pedro.
se-lhes os Estudantes de Heydelherg e o Teatro Lirico
Club X. Sete s-ociedades para divertirem a Teatro Republica.
população naqueles dias em que a liberdade é Teatro Recreio
linda, se não excede os limites da Ordem e da Palace Theatre.
Decência Teatro S. José.
'
Teatro Carlos Gomes
A fama do Carnaval do Rio de Janeiro Trianon
tocava ao seu auge.
De longe, de toda parte do Brasil, vinham *
curiosos apreciar os folguedos que os jornaés
descreviam num estilo que, aliás, não tinha
ainda a prolixidade extra vasante de hoje. Desapareceu o Teatro ApoUo cujo pro-
O
sucesso das organizações carnavales- prietário,Sr. Celestino da Silva, português,
cas suscita novas organizações, ansiosas por falecido em 3 de Setembro de 1916, o deixou
desfilarem entre ruidosas palmas e brados e á Municipalidade para que fosse transforma-
aclamações do povo. É bem verdade que do em Escola e legou mais duzentos contos
;

muitas irrompiam entre a Septuagesima e a em apólices para as obras da transformação.


Quinquagesima para encerrarem definitiva- O Prefeito, aceitando o legado, determinou
mente a sua historia á meia noite de Terça- logo que a Escola teria o nome "Celestino da
. . .

Rio de J.\NEIRO

Silva". O
teatro foi denidlido em 1920. c edi- tradas na importância de 89.655 :21.^5r(
v
ficada a Escola em 1921.
;

133.365 retiradas na de 75.715 :954$74l


Da Caixa licDnumica do Rio cK- Jancim a
Matri;'. está no prédio
n." 25 da Rua I). Ma-
noel. Tem cinco agencias em l)airrtis
pt)i)iiln-
sos afastados uns dos outros c uma iMlial cm
;

Hacerca de 50 cinematógrafos na Cida- Petrópolis, inaugurada em l'Ml.

de e subúrbios. .\ Agencn n." 4 só opera em cmj)rcstimo>

Ha mais de 20 circos moveis, e pequenos sobre penhores mediante o juro de 4 'V' ,iu aiio.
teatros fixos, abarracados, que entretém a
po-
pulação das zonas suliurbana e rural.

Na
de empréstimos .secção
.Monie de —
Socorro —
houve 412 operações em I8í(l na
CAIXA ECONÓMICA E MONTE
importância de 35:376$()10, pagando os mu-
DE SOCORRO tuários 721$185 de juros. P^Mam resgatada--
58 cautelas até 31 de Dezembro des.se ano.
Em 1871 o Monte de Socorro emprestou
A Caixa Económica do Rio de Janeiro 660:648$000 sobre 7.103 penhores dos quacs
data de 1861 Abona por ano aos depositan- 6.458 foram resgatados, reentrando í)06:081$.
.

tes 4, 5 "1" de juro. Foram vendidos em leilão 432 penliore> para


No ano da sua fundação foram iniciadas reencaixe de 22:635$000. De juros o .Moulc
1-90 cadernetas e registadas 256 de Socorro recebeu 40:(>40$380.
entradas na
5oma total de 11:597$000. Em 1881 emprestou 771 :43f^OOO .sobre
Em Dezeml)ro de 1871 já o numero de 8.616 penhores. Juros recebidos 35:441$000.
cadernetas emitidas subira a 22.681, represen- Em 1891 emprestou 383 :31.^$00() sobre
tando depósitos e juros na importância total 5.105 i)enhorcs. luros recebidos 2í> :52C>S54(1

de 5.942:398$206. Em 1901 emprestou 2.949 :3<»1$000 sobre


Só no ano 1881 foram iniciadas 10.120 16.211 penhores dos quaes 13.449 foram res-
cadernetas em 31 de Dezembro desse ano o gatados por 2.503:949$000. Neste ano o
;

balanço foi encerrado com 43.774 cader- Monte de Socorro poz em leilão 525
penho-
netas emitidas res para rehaver 72:205$000. luros entrados
os juros abonados subiram a
;

517;147$454. A soma pertencente aos deposi- 146:804$690.


tantes era de 10.900 :476$ 124. Em 1911 emprestou 4 773 :057$000 .sobre .

Em 1891 bouve 19.868 novos dei)ositan- 27.811 penhores. Destes foram resgatado.-,
tes que em 97.483 entradas realizaram a eco-
26.643 num total de 4 602 ;-450$0O0 Foram a . .

nomia de 17.523:103$000. Houve nes.se ano leilão 1.278 penhores por 149 ;657$C)00. Juro,
37.197 retiradas na soma de 10.940:486$826. pagos pelos mutuários 281 :048$450.
Juros abonados pela Caixa 793:930$940. C)
Em 1921 os empréstimos atingiram a
7.933 :682$000 sobre 39.630 penhores aquela ;
saldo pertencente aos depositantes importava
quantia rendeu ao Monte de Socorro juros na
€m 21.540:308$616.
Foram a leilão
Em 1901 entraram 22 724 :S02$000 na importância de 435:906$800.
.

1.963 penhores que garantiram 325 :9.^9$000.


Caixa que abonou nesse mesmo periodo juros
Emolumentos
no valor de 1 765 ;073$632 . A importância e que produziram 598:462S500.
.

de cautelas resgatadas 26:450$000.


total dos depositantes em 31 de Dezembro era
de 43.000 :335$309.
Em 1922 foi de 9. 192 :735$000 o total
empréstimos, sendo restagados penhfires na
Em 1911 foram abertas 16.559 caderne- dosimportância de 9.716:4308000 a renda de ;

tas novas. O movimento de entradas foi de


juros subio a 619:3928100. EmolumentJ5
30 379 :863$388
. retiradas 29 596 :925$92ó
; .

29 :699$000.
juros abonados 2.955 :048$421 Total dos .

depósitos existentes Dezembro


em 31 de
72.872 :134$000.
Em 1921 foram iniciadas 23.310 caderne-
tas. A Caixa recebeu 81 .723 1803532. As re-
:
Xuma estatistica recente distingue ,<

depositantes pelas profissões, se.vos e nacio-


tiradas atingiram a 73.877:9505068.
Até 17 de Janeiro de 1922 a Caixa tinha nalidades :

no Tesouro Federal 122.602:6778652.


Durante o ano 1922 houve 188.743 en- Brasileiros 34.064, sendo 686 militares;
. . . .

162 Rio de Janeiro

Estrangeiros 11.696 ; Na hora do sinistro fazia-se requisição de


Lavradores 301 homens e 9 mulheres ;
veículos, pipas d'agua, archotes, ferramentas
Operários 3 160 homens e 538 mulheres
.
;
necessárias para o serviço. De tudo a Policia,
Comercio e transportes 3.971 homens e depois, indenizava os respectivos proprietários.
100 mulheres ;
Cada morador das ruas por onde tivessem de
Trabalhadores domésticos 668 homens e andar os bombeiros em serviço nocturno era
4. 112 mulheres ; obrigado a pôr luzes ás janelas para clarear o
Profissões liberaes 1.446 homens e 320 transito: O dono da primeira pipa d'agua que
mulheres se apresentava no logar do incêndio e^a pre-
miado com 20$000 pelo cofre da Camara.
* A reforma de 1860 deu novos moldes ao
Corpo de Bombeiros, mandando adoptar caixas
ACaixa Económica e Monte de Socorro
de aviso de incêndio. Em
1861 passou o Corpo
para o Ministério da Agricultura, Comercio e
constituem uma só Repartição dependente do
Obras Publicas. Em
1864 instalovi-se no sitio
Ministério da Fazenda, e confiada a um Con-
selho Administrativo assim constituido :
em que actualmente se acha —
face Sul da
Praça da Republica 14.600 . .

Em 1865 recebeu o Corpo a primeira


Presidente —
Dr. José Pires Brandão. bomba a vapor.
Vice-presidente —Dr. James Darcy. Em 1866 iniciou-se a tracção das viaturas
Directores —
Com. Antonio Ramalho por muares e as ordens de ataque ao fogo
;

Ortigão, Drs. Solidonio Attico, Francisco So- passaram a ser dadas por meio de corneta,
lano Carneiro da Cunha, e Barão de Santa em vez de apito
Margarida, Secretario do Conselho. Em 1872 chegou a segunda bomba a
Exerce eficazmente a Gerência o Dr. Ho- vapor. Em 1875 não tinha mais que essas duas
rácio Ribeiro da Silva bombas e 16 braçaes.
De 1876 a 79, sob a direcção do T. Co-
ronel de Engenheiros Conrado Jacob de Nie-
meyer, o material aumentou, foram instalados
CORPO DE BOMBEIROS seis Postos em diversos pontos da Cidade e ;

inauguraram-sè, afinal, as Caixas de Aviso


que a reforma de 1860 autorizara.
O Corpo de Bombeiros do Distrito Fe- Em 1880 foram concedidas graduações
deral existe organizado desde 2 de Julho de militares aos oficiaes do Corpo, elevado o seu
1856. Pertence ao Ministério da Justiça e efectivo a 300 homens. Constava, então o
Negócios Interiores. É incumbido da extinção material de5: bombas a vapor, 3 bombas qui-
de incêndios em terra e mar (dentro da baia), micas, 16 braçaes, 3 carros com escadas, 20-
cabendo-lhej, ainda, prestar socorro em casos carros com pipas dagua, 50 muares e 7 ca-
•de desabamento e inundação, desde que haja valos .

vidas em perigo. Em 1887 a organização do Corpo tornou-


Quando se organizou, ha 76 anos, reunic se semelhante á do Exercito o Director;

sob umasó administração diversas secções já Geral —


Coronel —
passou a denominar-se
existentes nos arsenaes, na Repartição de Comandante. Pela reforma desta data foi
Obras' Publicas e na Casa de Correcção. Cha- creada a Caixa Beneficente para garantir o-
mou-se, então. Corpo Provisório de Bombei- futuro dos oficiaes e praças, havendo as Com-
ros da Côrte. Oompunha-se de 130 homens, panhias de Seguro contra fogo oferecido a
Possuia 15 bombas manuaes, 73 mangueiras, quantia de 20:000$000 necessária para que a
190 baldes e 13 escadas. O seu primeiro Dire- Caixa pudesse logo prestar beneficio. Hoje
ctor foi o Major de Engenheiros João Batista essa Caixa possue mais de mil contos de réis,,
de Montes Antas. e distribue mensalmente pensões na importân-
O signal de incêndio era dado nessa ciade quinze contos
época por um tiro de peça colocada no Morro Em 1892 passou de novo o Corpo de'
do Castélo, pelo sino grande da igreja de São Bombeiros para o Ministério da Justiça e Ne-
Francisco de Paula, e pelo sino maior da matriz gócios Interiores .

da freguezia onde ocorresse o sinistro. (^*^) Em 1898 começou a reconstrução dO'


A
pessoa que primeiro desse aviso de in- Quartel por iniciativa do Comandante Fran-
oendio á Autoridade, Posto de Bomba, Corpo cisco Marcellino de Souza Aguiar. Hoje é
de Guarda mais próximo tinha direito a uma um Quartel modelo, com acomodações higié-
gratificação pecuniária. nicas, espaçoso abrigo do material, casas para.
. . .

Rio de Janeiro
163

oficiaes. rêde telefónica própria, Lorjiu de avuiao liuutcs. c diamava-M- IVaça da CouMi-
Sande, Escola Profissional. Handa de Mu- tuiçâo (|uando se inaugurou essa estatua
eques-
sica, etc
tre, em .ÍO de .Març,. de ]S(>2. () momimnuo
O
material de socorro é (|nasi todo auto-
é do artista francês Louis Kochet. modificado
móvel Bombas possantes, es;-adas engenho-
:
pelo l'rof. brasileiro Maximiano Mafra.
sas, aparelhos de salvação em mais
de cinco- Cu.stou 334:710$375. levantados cm ires suh-
enta viaturas, além de trinta e tantas de scripções populares.
tracção animal. Os mais aperfeiçoados re-
cursos em conjugação com a destreza do JOSÉ BOXIFACIO de Andr.ida i > ,,
pessoal Orador politico. Grande mentalidade na Ind:--
Comandante : Coronel .Mariciano de Oli- l)endencia do Brasil e na organização do
im-
veira e Avila. pério. \'iveu de 1763 a 1838. Formi.u-sc em
Ha Estações de Bombeiros em Botafogo, Coimbra onde chegou a leccii.nar. Teve cele-
no Caes Acostavel em S. Christovão e no bridade eurojiéa como homem de Sciencia.
Meyer. Para o serviço maritimo ha flutuantes Está de pé no Largo de S. Francisco de
e material apropriado. Paula. O
monumento foi inaugurado no dia
Em
caso de mobilização do Exercito o 7 de Setembro de 1872, por iniciativa do
Corpo de Bombeiros formará como Força Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Auxiliar. Os oficiaes, sargentos e praças, de- Custou 60:000$000.
pois de reformados são reservas das Forças
Auxiliares do Exercito. MARIAXO PROCOPIO Ferreira Lage.
O ultimo Regulamento é de 31 de De- Engenheiro empreendedor. Viveu de 1820 a
zembro de 1921 Consta de 22 capitules e
:
1872. O
seu busto em bronze, do Artista ].
403 artigos ; refere-se a um efectivo de 1.064 Enderlin, foi oferecido pela sua Exma.
viuva
individues perfeitamente disciplinados e adeí;- e colocado em 1887 no Jardim das
Ofici-
trados para o serviço de extinção de incêndios. nas (Engenho de Dentro), da Estrada de
Encontra-se no Diário Official de 3 de Agosto Ferro Central do Brasil, de que foi Director
de 1922. (1869-72).

JOÃO CAEIAXO dos Santos. Acf.r


de grandemerecimento. Viveu de 1808 a
MONUMENTOS 1863. A sua estatua foi, por iniciativa do actor
Francisco Corrêa \'asques. inaugurada em 3
de Maio de 1891. na Traves.sa das Belas Artes,
Os monumentos foram sempre a fórm?, hoje Rua Leopoldina, .sendo muito dei)ois
mais duradoura e mais publica de significar a transferida para o Parque da Praça da Repu-
gratidão de um povo ao génio do Bem, aos blica, e em 1916 para a Praça Tiradentes onde
obreiros do Amor. Os cantores da Raça, os se acha. É obra do Escultor nacional Francis-
defensores da Patria, os grandes medicosi, os co Manoel Chaves Pinheiro. Custou 3:000$000.
grandes letrados, os grandes artistas, profes-
sores e empreendedores, governantes e gover- GENERAL OSORIO (Manoel Luiz
nados que se fizeram notáveis no cumprimen- Osorio). Guerreiro impávido. \'iveu de 1820
to do dever são recomendáveis ás gerações a 1879. Os seus restos mortaes jazem na cripta
vindouras como exemplos de Bondade e Valor, do monumento que é do Artista nacional Ro-
beneméritos por seu saber, suas acções e suas dolpho Bernardelli, e foi inaugurado em 12 de
qualidades moraes. Novembro de 1894. É de iniciativa popular, e
Na Cidade do Rio de Janeiro ha em 1922 custou l'30:000$000.
trinta monumentos, mencionados todos na
parte descritiva desta obra ; damo-los aqui, JOSÉ DE ALENCAR. Romancista.
agora, na ordem cronológica da sua inau- \'iveu de 1829 a 1877. O monumento, de Ro-
guração : dolpho Bernardelli, está no extremo Sul da.
rua do Catête, hoje Praça José de Alencar,
D. PEDRO I. Proclamou a Independên- onde foi inaugurada em 1 de Maio de 1897.
cia do Brasil e fundou o Império, em 7 de Se- por iniciativa do Dr. José Ferreira de Souza
tembro de 1822. Viveu de 1798 a 1834. Está na Araujo, redactor chefe da Gazeta dc Noticias
Praça "Tiradentes", hoje assim chamada por Custou 20:000$000.
ser uma parte do Campo onde foi supliciado o
proto-martir da Republica. Joaquim José da DUQUE DE CAXIAS (Luiz Alves de
Silva Xavier —
o Tiradentes. Já tinha os Lima e Silva) . Guerreiro e Estadista. Viveu
. . .

164 Rio de Janeiro

de 1803 a 1880. A
sua estatua equestre, obra Estadista. Fundador do Colégio Militar do
de Bernardelli, foi inaugurada no jardim da Rio de Janeiro, em 1889. Busto em bronze de
Praça Duque de Caxias, em IS de Agosto de Bernardelli, inaugurado em Abril de 1906 na
1899. Custou 120:000$000, obtidos por sub- praça central do Colégio Militar.
scrição popular
OMonumento do 4.** Centenario do Des- ALMIRANTE TAMANDARÉ. '
Mar
cobrimento do Brasil é, também, de Bernar- quez de Tamandaré. (Joaquim Marques Lis
delli Está no Largo da Gloria Foi inaugu-
. .
boa) . Exemplar de nobreza e de intrepidez
rado em 3 de Maio de 1900. Representa, em 1805-1897. O seu busto, modelado por Beneve
grupo, Pedro Alvares Cabral, Pero Vaz Cami- nuto Berna, e fundido em bronze no Arsenal
nha e Frei Henrique de Coimbra. Promovido de Marinha, foi inaugurado em 16 de Dezem
pela Associação do 4.'' Centenario do Desco- bro, de 1906, na Avenida Beira-mar, em Bota

brimento do Brasil. Custou 220:000$000. fogo. Promovido pelo Club Naval. Custou
9:000$000.
GONÇALVES DIAS (Antonio). Poeta
CHRISTIANO OTTONI. Engenheiro
e erudito. Viveu de 1824 a 1864. Por inicia-
empreendedor. 1881-1896. Primeiro Directo
tiva de Olavo Bilac, está o seu busto de-bronze
da E. F. Pedro II, hoje Central do Brasil
solíre uma berma de granito no Passeio Pu-
Está em frente á estação inicial da Es
blico, onde foi inaugurado em 2 de Junho de
trada, desde 29 de Março de 1908. o bronze
1901. É escultura do ilustre Bernardelli.
de Bernardelli que representa o grande patrio-
Fundido no estrangeiro, custou 600 fran-
ta e administrador. Deve-se á iniciativa da
cos =3 :000$000.
Comissão do Jubileu da E. F. C. B. Custou .

30:000$000.
VISCONDE DO RIO BRANCO (Jo.-^é
da Silva Paranhos) Estadista e Parla-
IVIaria .

ALMIRANTE BARROSO. Barão do


mentar. Viveu de 1819 a 1880. O monumen- Amazonas. (Francisco Manoel Barroso da
to de iniciativa do Jornal do Commcrào, que
levantou subscripção popular em 1881, é de
Silva). Lisboa 1804 —
Montevideo 1879.
Marinheiro atilado, guerreiro audaz, coman-
Felix Charpentier, Artista francês e foi
;
dante glorioso. O monumento, do Artista na-
inaugurado no Largo da Gloria, onde se acha, cional Corrêa Lima, foi inaugurado na Ave-
em 13 de Maio de 1902. Custou 55:000$000. nida Beira-mar, Flamengo, em 19 de Novem-
bro de 1909. Também aí jazem os seus des-
BARÃO DE CAPANEMA (Guilherme pojos mortaes. Pago pelos Ministérios da
Schuch de Capanema) 1825-1908. Fundador Alarinha e da Justiça, o monumento custou
do Telegrafo no Brasil, em 1852. Busto em 120 :000$000
bronze de Benevenuto Berna, inaugurado em
1904 no vestibulo da Repartição Geral dos FLORIANO PEIXOTO. .Alarechal do
Telégrafos. Exercito. Defensor da Republica a que presi-
dio impavidamente em hora tormentosa. Viveu/
TEIXEIRA DE FREITAS (Augusto) de 1839 a 1895. O
monumento é do Artista
Professor e Jurisconsulto. Viveu de 1816 a nacional Eduardode Sá Está na Aveni-
.

i883. Está na Avenida Beira-mar. em frente da Rio Branco, deante da Biblioteca. Foi
ao Syllogêu Brasileiro, para onde a estatua foi inaugurado em 21 de Abril de 1910. Custou
transferida do Largo de S. Domingos onde 180 :000$0000, obtidos em subscrição popular
fôra inaugurada em 7 de Agosto de 1905. É promovida pela Comissão Glorificadora do
de Rodolpho Bernardelli. Promovido pelo grande patriota.
Instituto da Ordem dos Advogados Brasilei-

ros, custou 5:000$000. VISCONDE DE MAUÁ (Irineu Evan-


gelista de Souza) Industrial de grandes ini-
FREI LEANDRO do Sacramento. Bo- ciativas. Viveu de 1813 a 1878. Lançou a
tânico ilustre. Viveu de 1779 a 1829. O seu primeira estrada de ferro no Brasil, do Rio de
busto, em bronze, do Escultor Benevenuto Janeiro a Petropohs, em 1852. É do Club
Berna, está, no Jardim Botânico onde f oi inau- de Engenharia a iniciativa desta estatua,
gurado em 15 de Agosto de 1905, por inicia- feita por Bernardelli, e inaugurada, em 30 de
tiva do Dr Barbosa Rodrigues
. Custou . Abril de 1910, no extremo N. da Avenida Rio
2:000$000. Branco, hoje Praça IMauá. Custou 30:000$000.-

CONSELHEIRO THOMAZ COELHO FRANCISCO DE CASTRO. Medico


(Thomaz José Coelho de Almeida) 1838-1895, abalizado, Professor erudito. 1857-1901. A
. . . .

Rio de Janeiro 165

sua estatua, que é obra de Bernardelli.


tanil)e!ii pacs outro oferecido á .Municii.alidado pc!..
;

foi inaugurada em
17 de Setembro de 1910 comerciante Sr. com. Antonio Kibcirv» Sea-
em frente á velha Escola de Medicina. Custou l)ra. e inaugurado cm 1016.
na Avenida Ik-ira-
13:000$000, angariados entre Discipnlos c mar. trecho dc líotafogo. ('"«'l
Amigos. Em
1922 foi trasladada para a Ave-
nida Pasteur, junto á Faculdade de ]\ledicina CUAUHTEMOC huhgcna nu-xicano.
da Universidade do Rio de janeiro. valoroso defen.sor do território
pátrio, sím-
bolo heróico da civilização
aztcca. intrépido
NILO PEÇANHA. Exerceu a Presidên- sustentador da liberdade da .sua
raça. "her..e
cia da Republica, como
Yice-Presidente. de nacional" do grande povo ibero-aniericaiio.

1908 a 1910 foi Ministro das, Relações Exte-
;

riores de 1916 a 1918. Busto em bronze, da


do Norte do Continente — a estatua de
Cuauhtemoc foi pelo México oferecida ao
Escultora nacional D Nicolina Vaz de Assis Brasil em
.
; afe.-tno.sa homenagem ao
1." C en-
inaugurado, na Quinta da Boa Vista, em 18 de tenario da nossa Independência Politica,
inau-
Outubro de 1910. Pago pelo Ministério da gurada na Avenida Bcira-niar a 16 de Setem-
Viação, custou 3:000$000. bro — Dia do México —
Fez a entrega .so-
.

lene o Embaixador Dr. José de Va.sconcellos


SERZEDELLO CORRÊA. Mibtar. Prestou-lhe guarda de honra a Jvscola .Militar
Professor. Foi Ministro de Estado e Prefeito do .México. Pronunciaram di.scnrsos de agra-
do Distrito Federal. Busto modelado por José decimento ao Emliai.xador o Sr. Mini.stro das
Octávio Corrêa Lima. e vasado em bronze na Relações Exteriores, e o próprio Sr. Presi-
"Fundição Indigena", inaugurado, em 6 dc. dente da Republica num arrebatador improviso
Noveml)ro de 1910, na Praça Serzedello de erudição histórica e alta cortezia di]iln-
Corrêa, em Copacabana, e por iniciativa dos matica.
respectivos moradores

FERREIRA DE ARAUJO (Dr. José


Ferreira de Souza Araujo) Medico. Jornalis- Alem das estatuas e bustos fundidos cm
ta. (1848-1900). É modelado por Bernardelli bronze ha. em ferro, a estatua do Engenheiní
e vasado em bronze na "Fundição Indigena", Manoel Buarque de Macedo, Estadista, feita
este bustoque desde 4 de Agosto de 1912 esta pelo Escultor Chaves Pinheiro, e erecta no
scbre uma herma no Passeio Publico. Foi átrio ajardinado — lado oriental —do edi-
promovido pela Gazeta dc Noticias, e custou ficio do Ministério da Viação e Obras Publi-
2:000$000. cas (^'"). Em
granito e.xiste o ])usto de
D. João inaugurado em 1908 pelo Dr.
\"I.-

AIESTRE VALENTIM (Valentim da Barbosa Rodrigues, no Jardim P>otanico, junto


Fonseca e Ourives, cinzelador, enta-
Silva) . á Palma Mater qué êle mesmo plantou em
Ihador. Projectou, desenhou e executou a 1809. De mármore é o busto do Engenheiro
obra primitiva do Passeio Publico (1779-83). Paizagista Glaziou. inaugurado sobre pedes-
O seu busto do Escultor R
em bronze,
J . tal de granito, na Quinta da Boa Vista,
Moreira Júnior, inaugurado á entrada do
foi em 1')1Ó.

Passeio Publico, por iniciativa da Prefeitura


no dia 1." de Alarço de 1913.

CASTRO ALVES (Antonio de) Poeta. .


Estão projectados nesta capital monumen-
1847-71 O seu busto em bronze,
. de Eduardo tos ao Generalíssimo Deodoro, comandante dc
de Sá, foi inaugurado no Passeio Publico movimento militar que ocasionou a proclama-
sobre uma herma de granito, em 7 de Setem- ção da Republica. É de iniciativa politica.
bro' de 1913, e por iniciativa da Prefeitura Ao Professor de .Medicina, Conselheiro

Municipal. Torres Homem. É iniciativa da Sociedade de


Medicina e Cirurgia.
PEREIRA PASSOS. Ao autor do Hino Nacional, Maestro
FRANCISCO
(1836-1913). Engenheiro- notável, administra- Francisco Manoel do Nascimento. Iniciativ.i

dor exímio foi duas vezes Director da E. F.


;
da Sociedade de Geografia.
Central do Brasil como Prefeito (1903-1906)
;
Ao Professor Militar, General Benjamin
reformou e embelezou a Cidade do Rio de Ja- Constant Botelho de Magalhães. Iniciativa
neiro. Bustos de bronze, de Bernardelli Um :
populár
inaugurado em 1914. no edificio da Prefeitu- A Santos Dumont, o inventor da Aerona-
A monumento é dos aero-
iniciativa deste
ra, por iniciativa dos funcionários munici- ve.
. .

166 Rio de Janeiro

nautas portugueses Gago Coutinho e Sacadur i destacando-se a figura do proclamador da


Cabral. A
primeira pedra foi lançada em 23 Republica, Marechal Deodoro da Fonseca
de Setembro, na Avenida Ruy Barbosa, sole- assim como as do Tenente-coronel Benjamin
nidade a que assistiram o Presidente do Brasil Constant Botelho de Magalhães e do jornalista
Dr. Epitácio Pessoa, e o Presidente de Por- Quintino Bocayuva. A
figura do Marechal
tugal Dr. A. J. de Almeida. Deodoro será a cavalo.
O Edital referia-se ao Decreto 4.478 de
16 de Janeiro do mesmo ano marcava o ;

prazo de sete mezes oferecia o premio de


;

50.000, 25.000 e 15.000 francos para os pro-


jectos classificados em 1.'^, 2° e 3." logar ; c
foi publicado simultaneamente em Paris e
Roma

* * *

JORNALISMO CARIOCA

A primeira oficina tipográfica de que hai


memoria no Rio de Janeiro pertenceu a An^
tonio Izidoro da Fonseca, no governo dq
Conde de Bobadella, aí por 1747. Poucd
durou não por falta de trabalho, mas por^
;

falta de licença para funcionar. Só quando


a Familia Real Portuguesa chegou ao Rio de
Janeiro houve consentimento para se fundar
a Imprensa Régia. Tem a data de 13 de Maio
de 1808 o Decreto em que o Príncipe D. João
lhe deu existência, subordinando-a á Secreta-
ria de Estado dos Negócios Estrangeiros e
da Guerra.
A Impressão Régia instalou-se onde está
hoje, na rua do Passeio, a Directoria de Me
teorologia. Daí andou por outros edifícios.
Da Impressão Régia saio em 1808 a prí
meíra publicação periódica, Gazeta do Rio d
Janeiro, propriedade de oficíaes da Secretar
de Estado dos Negpcios Estrangeiros e d
Guerra', e redigida por Fr. Tiburcio José
ESTATUA DE BUARQUE DE MACEDO Rocha, oficial da mesma Repartição.
De 1808 a 1822 ímprimiram-se nessa of
cína, alem da Gazeta, 1.154 opúsculos dívers
A
Eça de Queiroz, o brilhante e saudoso — editaes, sermões, discursos políticos, m
romancista português económicas, odes, act
morias históricas e
episcopaes, livrinhos de devoção, compêndios,
etc. Em1821 a Impressão Régia deu á luz
outros periódicos O Jornal dos Anúncios
:

Em Novembro de 1922 o Diário Oficial que publicou 7 números, e outros, também de


publicou um Edital, declarando aberta a con- curta duração, que se intitulavam Amigo do
corrência publica para a apresentação de Ma- Rei c da Nação. Conciliador do Reino Unido,
qiicftesde um monumento comemorativo da Despertador Brasiliense, e Sabatina Familiar
Proclamação da Republica dos Estados Unidos dos Amigos do Bem Comum.
do Brasil, a ser erigido nesta capital entre o Em31 de Dezembro de 1822 cessou a
Jardim da Praça da Republica e a fachada publicação da Gazeta do Rio para dar logar
prmcipal do Ministério da Guerra. ao Diário do Governo, órgão oficial, que apa-
O monumento, dizia o Edital, represen- receu a 2 de Janeiro de 1823.
tará a evolução da ídéa republicana no Brasil, Depois outras oficinas se foram estabele-
Rio DE Janeiro
167

cendo, nelas se imprimindo a Xova Oficiihi


P LMi L I CACÒ E.s S 1-; .\ 1 AXA !• .S
Tipográfica, a Imprensa do Diário, o Diário
do Rio, A Oficina, A
Tipografia, os Anacs
Revistas 1." nunieni em
fluminenses.
Lli'ioih- d II Stid
A Independência estimulou jornalistas e Brasil Medico
1S82
favoreceu a instituição de tipografias. Enu- 1S8()
Revista da Seiíunui IS'»'»
merar os jornaes e revistas que durante um . . .

século surgiram e desapareceram no Rio de


O Malho
O Tico-Tico ]')().=;
Janeiro seria longo trabalho e de dificil exa-
Fon-Fon pHVi
ctidão. Limito-me a afirmar a existência de
Careta píQS
60 tipografias bem montadas, e citarei os ti-
Jornal das Moços l'»14
tules dos jornaes e revistas em pul)lica(cão re-
D. Quixote l'»lf,
gular no ano do Centenario.
A. B.C 1<»1(,

O Social |')I7

* * *
Para Todos Vm
Gazeta da Bolsa V) S
Monitor Mercantil P>19
í^racilian American l'M')
JORNAES DIARIAMENTE PUBLI- Hoje 1«)1')

CADOS NO RIO DE JANEIRO :


A Cruz l'>21
Scena Muda l'»21
Revista Infantil l')21

Matutinos 1 *'
numero em Exportador Brasileiro . . . 1''22

Jornal do Comercio 1827


PUBLICAÇÕES QUINZENAES
Diário Oficial 1861
Gazeta de Xoticias ..... 1875
1." numem eni
O Paiz 1885
Jornal do Brasil 1892
A Tribuna Medica .... 1895

Correio da Manh'^^ 1898


A Aurora 1<X)3
Brasil Ferro Carril 1910
O Imparcial . .
'.'
1912
Brasil Contemporâneo \')\'>
Patria dcgli Italiani .... 1917
Jornal dos- Clinicas
. . .

r'20
O Jornal 1919
A Patria 1920
O Dia 1920
PUBLICAÇÕES MENSAES
Consulta do Comercio . . . 1920
O Diário do Commcrcio . . 1922
O Brasil 1922 1." numero em

Rez'ista Medico-Cirurgica do
Vespertinos 1." numero em Brasil 1893
Revista Comercial do Brasil 1903
A Noticia 1895
Revista Synicatrica .... 1"X)7
A Tribuna 1900
Leitura para Todos 1908
A Noite 1912
Medicina Clinica 1*X)8
A Rua 1913
Illustração Brasileira .... 190*^
O Rio Jornal 1918
Revista Mariliíua Brasileira . 1909
A Folha 1919
Mocidade 1913
Bôa Noite 1920
O Automóvel 1914
A Vanguarda 1922
Revista de Industria e Co-
O Combate 1922' 1916
mercio
O Rebate 1922
Revista. Italia-Brasile .... 1917
A Escola Primaria 1917
Revista Brasileira de Enge-
PUBLICAÇÃO BI- SEMANAL nharia 1910
Comercio do Brasil .... 1921
America Brasileira 1921
1.** numero em
A Ordem 1921

A União 1905 A Exposição 1922


. .

168 Rio de Janeiro

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL O
Arquitecto Grandjtean de Montigny,
da Missão Artistica Francesa, foi convidado
1.° numero em para levantar o projecto. Aconstrução foi
Revista da Academia Brasi- começada em Outubro de 1819. A
inaugura-
de Letras
leira 1910 ção da primeira Praça do Comercio do Rio de
Rcznsta da Lingiia Portuguesa 1920 Janeiro efectuou-se no dia 13 de Maio de
Revista da Sul America . . 1920 1820, aniversario natalicio do Monarca. (^*^)
Em19 de Julho D. João VI consa-
grou-lhè uma visita. Foi recebido com grandes
PUBLICAÇÃO ANUAL demonstrações de cortezia, pronunciando dis-
cursos um representante do comercio portu-
l." numero em guês e outro do comercio inglês. (^^*)
As paixões politicas que por aquelle
Revista do Instituto Histórico 1839 tempo excitavam muito os ânimos, dividindo a
Folhinha Lacinmcrt .... 1839 população, invadiram afinal, a Praça do Co-
Ahnanack Lacinincrt .... 1844 mercio, e não houve mais a necessária unida-
de de vistas entre os seus membros. O ano
de 1821 foi tumultuoso e o edificio foi teatro
de scenas violentíssimas (•^*'')
• Os comercian-
tes abandonaram-n-o . Em ,1824. o primeira
Imperador mandou encorpora-lo, .com,o pró-
prio nacional, á Alfandega que lhe ficava ao
INDUSTRIA E COMERCIO lado.
Em 1834 os comerciantes pediram á Re-
gência do Império que lhes concedesse un>
A primeira das muitas vantagens que logar para celebrarem as suas reuniões e ob- :

imprevistamente nos trouxe, em 1808, a fa- tiveram o antigo "Armazém do Sêlo", na rua
milia real portuguesa foi a Carta Regia dc Direita, em frente á que já era e ainda hoje é
28 dc Janeiro, assinada pelo Principe D. João, Rua da Alfandega.
Regente de Portugal, na Baia. onde acabava Aí se organizou a Sociedade dos Assi-
de chegar em transito para o Rio de Janeiro. nantes da Praça do Comercio aí foi resolvi-
;

Por esse acto ficaram os portos do Brasil aber- da a construção de uma sede condigna. Foi
tos a todas as nações do mundo por esse acto
;
outra vez chamado para dar o risco o Arqui-
o comercio brasileiro vio íranrjueadas rela- tecto Grand jean de ^Nlontigny e sobre a :

ções que até então só eram .permitidas por in- mesma area do Armazém do Sêlo ergueu-se
termédio das praças de Lisboa e Porto. rápido a nova Praça que foi inaugurada em
Foi o romper d'alva para a Independência 2 de Dezembro de 1836, aniversario nátalicia
do Bra-sil, dizem os politicos foi a letra ini-
; de D. Pedro II.
cial da historia da prosperidade do Rio de Ja- O desenvolvimento comercial e industrial
neiro, dizem os economistas da cidade tornou em breve deficiente na ca-
Depois ainda houve o Alvará de 1 de pacidade e mesquinho no aspecto o edificio
Abril do mesmo ano que ordenou a mais com- construído. Em 1867 os Assinantes da Praça
pleta liberdade de Industria, derogando per- do Comercio constituiram-se em Associação
turbadoras proibições do século anterior. Comercial que em 1868 abria uma grande
Logo se amiudaram as comunicações in- subscrição para nova obra, maior e melhor,
ternacionaes ; aumentou logo o numero de em dois corpos, um destinado a Bolsa e a
casas estrangeiras na nova metrópole portu- outro a escrítoi-ios comerciaes. Em 1870 o es-
guesa. Braços, inteligência, capital afluíram pirito generoso dos homens de negócios, dese-
.rápido na diligencia natural de acharem em- jando comemorar o termo da guerra Brasíl-
prego remunerador. Paraguay, destacou uma parte da soma já
Avultando as transações, sentiram indus- então arrecadada, e empregou-a na construção
triaes e comerciantes necessidade de uma de um edifício destinado a Escola (i*'^) Esse .

Praça do Comercio como as que existiam em edifício ficou concluído em 1872. Em 26 de


Lisboa, Paris, Londres, Amsterdam. Consul- Junho desse ano lançou-se, finalmente, a pedra
tado D. João que já era Rei sexto do nome, "fundamental da terceira Praça do Comercio
indicou para local do edificio um terreno do Rio de Janeiro.
beira-mar no extremo oriental da rua então Interveio em 1873 o Governo Imperial
chamada do "Sabão", e hoje chamada General desejoso de contratar com a respeitável Asso-
Camara ciação Comercial a construção de outro edí-
.

Rio de Janeiro 169

fici(i, em harmonia com os


projectados, e n > "i'ra>. Oliarão dc Oliveira Castro, c o
Vis-
mesmo alinliamento, para Correio Geral e CCTide de Ouro Preto que era Mini.stro d.i
Caixa de Amortização. IMarcou-se espaço para
Fazenda, removeram, nu 1S8'I. dificuldades
os tres entre as ruas do Rosario e
General que se acumulavam mas nem assim foi pos-
;
Camara, sendo 122 m. pela rua 1." de .Março. •sivel pro.seguir na construçílo.
114 pela rua Visconde de Ital)orahv, 40 pela Já estavam
rua do Rosario e 46 m. pela rua General
despendidos 4 *)08 :820$8{X)
. Km . uma
Directoria resoluta obteve au.xilio do Gover-
Camara. Seriam tres corpos distintos, separa- no l«"edcral. e com mais 1()0 :CXX)$(KX). clie^jou á
dos por duas galerias envidraçadas. Aprovci- conclusão do edificio. A inauguraçãn f^i .,,!(>.
tou-se a ocasião para alari;ar as (|uatro ruas, ne em 8 de Xovemhro de l'X)6.
no trecho. Orçamento 4.554:000$000 o Go- Têm
; essa data as placas de hrí.n/c (|uc
verno Imperial entraria com 1 ()88 :000$000 no vestihulo
.
recordam os nomes dos cava-

ESCOLA DE SÃO CHI<ISTO\'ÃO (oFEReCIDA PELA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL)

Em
Abril de 1875 o Governo fez lançar lheiros comi)onentesda Directoria vencedora :

a primeira pedra do edificio para Correio c Bento José Leite, Com.


Julio Cesar de Oli-
Caixa de Amortização, confiando a obra ao veira, Vi.sconde de \'illela, Antonio Joaquim

Engenheiro do ^linisterio do Império, Dr. Peixoto de Castro. Ferdinand Jayniot. Pjraz


Antonio de Paula Freitas. Foram despendi- Antonio Bi fano. Com. Antonio Dias Garcia,
dos 300 contos em desapropriações, e 900 e Richard Richers.
contos na construção que ficou pronta em Em 17 de Janeiro de 1911 foram colo-
1877. (188) cados nos nichos que lhes haviam sido reser-
Em1878 a Associação resolveu modifi- vados, á entrada, os bustos de D. Joãf) \'l

car o projecto primitivo, reunindo num só os \'isconde de Cavrú. Visconde de Maná. e

dois edificios a Incumbiu disso o


construir. D. Pedro II.

notável Arquitecto Bethencourt da Silva, que A Associação Comercial teve. em fim,


orçou a obra em 1 .339 :349$000. Em 1880 foi sede definitiva. A Bolsa de titulos e valores
a obra contratada por 1 750 :000$000. e prin-
.
funciona na area de 20 metros de diâme-
cipiada. Orçamentos posteriores elevaram as tro, sob uma clarabóia que está a 28 m. de

cifras a 2 125 :101$000. Em 1883 pararam as


.
altura. A Camara de Comercio Internacional
. . .

170 Rio de Janeiro

do Federação das Associações Comer-


Brasil, a The Lonclon & Brasi-
ciaes, aJunta de Correctores de Mercadorias e lian Bank Limited 1863 £ 3.000.000-0-0
Navios, a Junta Comercial e outros instituitos The British Banlc of
conexos têm suas instalações, uns no primeiro South Amgrica Li-
pavimento, outros no segundo. Neste a As- mited 1863 £ 2.000.000-0-0
sociação guarda o seu Salão Nobre onde jazem Banco comerciai .do
dois bustos que a gratidão mandou erigir :
Rio de Janeiro. . 1866 Rs. 8.000:000?
Um é o do Barão de Oliveira Castro e o outrc Banco do Comercio. . 1875 Rs. 7.000:000?
é do Visconde de Ouro Preto. Banco do Minho
Em 1922 a A. C. negociou com o Banco (Ag-encia) .... 1885 Rs. 600:000?
do Brasil a permuta dos respectivos edificios ,
Banca d Napoli i

nos últimos dias do ano já se tratava das n? (Agencia) .... ISSI Rs. 3.000:000$
cessarias adaptações Brasilianisch Ba n
fiir Deutscliland .
M. 25.000.000
Banco da Lavoura e
do Comercio do
Brasil 1889 Rs. 5.740:000?
Oprogresso industrial foi muito mais de-
Banco de Credito Real
morado que o comercial. A
mineração atraio de Minas Geraes 1890 Rs. 7.00® :000?
as actividades. Em
vez de estabelecer manufa-
Banco dos Funcioná-
cturas para ganhar ouro, o homem ia logo d:-
rios Públicos 1890 Rs.
. . .
8.000:000$
rectainente procurar o ouro nas suas longín-
Banco de Credito Ru-
quas fontes. ral e Internacional 1891 Rs. 1.241:00»$
Emfim, lá por meados do século XVUT The London & River
ensaiava-se no Rio de Janeiro a tecelagem de
Plate Bank, Lmt.. 1S92 £ 2.000.000.(1-0
algodão e de seda havia algumas oficinas de.
;
Banco Nacional Bra-
passamanaria fabricavam-se chapeos moles
; :
sileiro 1893 Rs. 2.000:000?
cordoalha, saboaria e olaria ganhavm incre- Banco Hipotecário do
mento. UmAlvará inflexível mandou parar Brasil 1894 Rs. 16.000:000?
tudo isso, pelo facto de taes industrias dete- Banco Construtor do
rem nas cidades braços que deviam ser enca- do Brasil .... 1903 Rs. 1.312:000?
minhados para o interior, em bem do progresso Banco da Província
agrícola. do Rio G. do Sul 1907 ,
Rs. 10.000 :000?
Com porem, da Família Real a In-
a vinda, Banco Espanhol dei
dustria recrudesceu no Rio de Janeiro. Rio de La Plata 1909 Pes. 148.000.000
A passamanaria, a tecelagem de algodão Banque Française et
e seda restabeleceram-se apareceram fabricas
; Italienne pour
de massas alimentícias e de chocolate foram ; TAmerique du Sud 1910 Fr. 50.000.000
montadas uma distilação, uma oficina de cal- Banco Mercantil do
deireira, fabricas de papel e de rapé. um cor- Rio de Janeiro . 1910 Rs. 10.000:000?
tume e correspondente preparo de couros, fun- C r é d i t Foncier du
dição de metaes, e uma Fabrica de Pólvora Brésil ...... 1910- Fr. 50.000.000
(oficial) Banco Germânico da
Proclamada a Independência, o espirito America do Sul —
industrial proseguio
arrojadamente, multipli- Detítsch SucUxme-
cando-se as instalações. A
única desse tempo rikanisch Bank. . 1911 M. 4-000.000
que ainda hoje existe «é a Fabrica de Vidros Banco Alemão Trans-
fundada pelo cidadão francês F. A. M. Es- atlântico — Deu-
berard tsch TJhersceisch
Bank 1911 M. 4.000.000
Banco Comercial do
Porto (Agencia) 1913 Rs. , 200:000?
Banco Nacional Ultra-
BANCOS FUNCIONANDO NO RIO marino 1913 Esc. 48.000.000
DE JANEIRO EM 1922 Banco Italo Belga . . 1914 Fr. , 20.000.000
The National City
Começo das
Bank of N. York 1915 Dol. 40.000.000
Nomes operações Capital
no Rio Banco Popular do
Brasil 1915 Rs. 800:000?
Banco do Brasil 1808 Rs. 100.000:000? American Foreign
. .

Rio de Janeiro 171

Bank Corpora-
S. Paulo, sem se (juerer >al)cr o «jia- c>iá dc
Dol. S .804.200
permeio. Entretanto, é tão agradável e inte-
Banco do Rio <Ie Ja-
lectual o conhecimento dos logarcs por »muIi' .-íc
1917 Rs. 5 .000 :000$
R. F. Central do Brasil não é uma
transita. .\
Cretlito Popular do
rude via que .se possa percorrer de olho.s fe-
1917 Ilimitado
chados. Arte e Natureza se associaram para
Banco Holandês da
lhe darem excelência. A Central já não é um
America do Sul .1917 Fl. 30 .000 :000$
simples meio de transporte fi. taml)cm. um
:
Banco Pelotense 1918 . . . Rs. 30 .000:000$
agradável e>i)ectacul(.. Conhecc-la C- ilustrar c
Banco de Credito Geral 191S lis. .116 :400$
espirito. E. por(|ue assim penso, persuadi -me
Banco Português do
de (|ue seria bom .serviço contar aqui ao menos
"Rs. 50,.000.000$
a sua historia. Descreve-la .sairia dos limitjs
Banco Hipotecário e
deste livro.
Agrícola do Esta-
lio de M . Geraes 1919 Fr. 10..000.000

Banco do Distrito Fe-


deral 1919 lis. 525 :271$500
Banco Escandinavo
Foi na Regência do Padre Diogo ,'\nto-
Brasileiro .... 1919 Cor. Xor. 5 .000.000
nio Feijó ( 1833-37) que se pensou pela pri-
The Yokoama Specie
meira vez em ligar a Capital do Brasil ás Pro-
Bank Ltd. 1920 Yen
Banco Sul do
. .

Brasil
.

1920 Rs.
100 .000.000
4 .000 :000$
víncias interiores — Paulo e Minas (íe-
S.
Banco Auxiliar do
raes. Cma lei de 31 de Outubro dc
especial,
1835. autorizou a conces.são do privilegio n --
Comercio .... 1920 Rs. 200 :000$
The Royai Bank of
40 anos. O Marquez de Barbacena foi incum-
bido de estudar as disposições da Praça dc
Canadá 1920 Dol. 25 .009.000
Banco Comercial dos
Londres á cèrca da organização dc uma C om-
panhia para tal fim.
Vareg:istas .... 1921 Rs. 1 .000 :000?
The Canadian Bank of
Como oficialmente nada se tivesse conse-
guido, requereu o Dr. Thomaz Cockrane. em
Comerce ....
1921 Dol. 15 .000.000
1839, privilegio exclusivo para organizar Com-
Banco Sul Americano 1922 Rs. 400 :000$
panhia e construir uma estrada férrea que
B a n c 0 Brasileiro de
principiaria na Pavuna e, galgando a Serra
Depósitos e Des-
Geral, alcançaria a margem (]>< riu Parahyba.
1922 Rs. 100 :000$
até Rezende.
Banco Católico do
Brasil 1922 Ilimitado
A Camara dos Deputado» íui apresenta-
Banco de Credito Au- da a petição, resolvendo-se ai que o Dr. Co-
ckrane se dirigis.se ao Poder Executivo. Di-
1922 Rs. 100 :000$
ficuldades inerentes aos processos oficiaes de-
Banco de Espanha e

Brasil 1922 Rs. 5 .000 :000$


moraram a decisão até 4 de Novembro de
1840 em que. por Decreto, foi concedido ao
Dr. Thomaz Cockrane privilegio exclusivo,
por 80 anos. i)ara construir uma via férrea da
* * tf
Côrte a S. Paulo.
A 25 de Novembro do mesmo ano orga-
nizou-se na Praça do Rio de Janeiro, com o
ESTRADA DE FERRO CENTRAL capital de 8.000 :000$000. uma Companhia
DO BRASIL destinada a explorar aquela concessão, sendo
desde logo empossados como directores Joa-
quim J. de Faro. J. A. de Oliveira e Silva
Poucos são os brasileiros que apreciam Ã. da Cunha Barbosa Guimarães. M. E.
a Estrada de Ferro Central do Brasil como Monteiro de Barros. Thomaz Cockrane. J
Estrada de recreio. Utilizani-se dela. apenas, P. da Veiga e Carlos Pentland.
como meio de locomoção entre dois pontos Em 19 de Dezembro de 1845 a Compa-
não
quaesquer do seu traçado, alheios á sua his- nhia pagou uma multa de 4:000$000 por
haver começado as obras Thomaz Cockrano
(
toria, á sua beleza técnica, á beleza dos scena-
justificava essa falta com a revolução
que
rios que atravessa e á importância das cida-
pleiteou
des que comunica entre si ocorrera em Minas e S. Paulo), e
outros favores mas por esse tempo o Minis»-
Toma-se um trem para uma estação dos ;

Brasileiro em Londres comunicava que.


Estados do Rio de Janeiro, de Minas ou de tro
. . . .

172 Rio de Janeiro

com o capital de ± 2 500 000, estava sendo or-


. . que ansiosos esperavam o começo da cerem o-
ganizada uma Companhia, disposta a empreen- nia. Em dois coretos vistosamente enfeitados
der a construção da Estrada de Ferro. Con> tocavam duas bandes de musica. Estavam
panhia que chegou, mesmo, a enviar ao Rio postados deante da Estação, dando-lhe a di-
um Engenheiro seu para conferenciar com o reita dois batalhões de Infantaria e um
Governo. A
falta de garantia dos juros. que. parque de Artilharia, em grande imiforme.
já então, fizera baquear os empreendedores As 9 horas chegou o Bispo, Conde de
nacionaes. afastou os capitães ingleses. Irajá. acompanhado do Cabido e. pouco de-;

Sobre os destroços da Companhia Co- pois chegava a Familia Imperial. Palmas,


ckrane ergueu o Parlamento vmia nova lei salvas, sons musicaes, e o estrépito de milha-
que foi promulgada, sob n. 641, em 26 àt res de foguetes, conjuntamente anunciaram a
Junho de 1,852 e, sendo chamadas, por Edi-
;
presença do Chefe do Estado. Em seguida o
taes de 4 de Outubro, propostas para a cons- Diocesano procedeu á benção da Estação, das
trução da Estrada, de conformidade com essa locomotivas, dos carros e dos trilhos, tendo se
lei, foi preferida a de Cockrane, que ainda levantado para isso um altar sobre a linha.
deixou caducar a Concessão por não apresen- Pronunciaram, então, discursos o Presi-
tar os respectivos estudos dentro do prazo dente da Directoria, Qiristiano Ottoni, e o
marcado ! imperador respondendo-lhe. Nesse acto ídí di-
Depois de tentativas realizadas em Lon- vulgado que o Alonarca dera a Carta de Con-
dres, resolveu o Governo fazer organizar nn selho ao Engenheiro Ottoni. e a Comenda de
Império outra Companhia, designando para Christo aos directores de então R. J. Had- :

meterem hombros a essa obra o Visconde do dock L0I30. L. P. de Lacerda Werneck. Je-
Rio Bonito, o Dr. Caetano Furquim de Al- rónimo J Teixeira Júnior e J Baptista da
. .

meida. João Baptista da Fonseca, J C May- . . Fonseca


rink e Militão IMaximo de Souza. Em 9 de As dez horas e meia o silvo da primeira
Maio de 1855 eram. emfim. decretados os Es- locomotiva "Brasil"' casou-se com o hino na-
tatutos da Companhia E. F. D. Pedro II. cional e com as aclamações delirantes da mul-
Determinou outro Decreto da mesma tidão Era o primeiro trem que se afastava
:

data que a Estrada, transpondo a Serra do da plataforma, seguindo-o. depois, outros, ti-
Alar, dividir-se-ia em dois ramaes para : Um rados pelas locomotÍA-as "Imperador"' e "Im-
a povoação da Cachoeira, em S Paulo, outro . peratriz" (^^-) Ao cabo de pouco mais de
.

para Porto Novo do Cunha, nos limites da uma hora chegou á Estação a noticia telegrá-
Província do Rio de Janeiro^ com a de Minas fica de que o trem inaugural havia atingido
Geraes '\Oueimados". e i^epetiram-se as manifesta-
Começaram as obras em 11 de Junho de ções de contentamento, e subiram aos ares
'

1855, tendo sido escolhidos para Ponto Ini- novas girandolas. e as bandas de musica en-
cial o extremo X. da face ocidental da Praça cheram o espaço de sons alegres, tudo concor-
da Aclamação, hoje Praça da Republica. Foi dando para espalhar melhor no Rio de Janei-
preciso demolir a igreja paroquial de Sant'- ro a faustosa noticia do grande melhora-
Anna, aí levantada pelos crioulos em 1735. mento .

A Com*panhia robustecia-se na confiança Ainda troava a artilharia e repicavam os


publica, tendo a Assembléa Geral de Accio- sinos das igrejas mais próximas quando os
nistas elegido a primeira Directoria, assim trens regressaram com a Familia Imperial,
composta Christiano B. Ottoni, Jerónimo J. ministros, directores da Estrada e convidados.
:

Teixeira Júnior, Roberto J Haddock Lobo, .:sendo numa das salas da Estação Inicial ser-
.

Alexandre J. de Siqueira e J. Baptista da vido, então, o chá comemorativo.


Fonseca
Em 28 de Março de 1858. arrazado o
,

templo. ergu:a-se em seu logar a Estação Ini-


cial da Estrada de Ferro D. Pedro II e ;

nesse dia memorável abria-se ao trafego o


primeiro trecho da linha 48 kilometros até : Em 8 de Novembro de 1860 foi aberta
"Queimados"" ao trafego a primeira secção da Estrada, desde
Foi esse um dia de festa. a Praça da Aclamação até Belém kilome- ;

O povo aglomerou-se deante da Estação tro 61.675 já existindo trabalhos da se- ;

Inicial Arquitectonicamente modesto, o edi- gunda secção, na Serra do ]\Iar, e estando con-
.

fício achava-se ornado de espelhos, lustres, tratada a construção do ramal de ^Macacos,


cortinas, bandeiras, flores, tapetes e folhas hnje Paracamby, com 4.929 kilometros.
aromáticas. As salas repletas de convidados Em 1861 estabeleceu-se o serviço espe-
. . .. . .

Rio DF. Janeiro


173

ciai de transporte de passageiros no suhurl)io, para evitar


b.ildcaçno. o alargamento da su.i
entre a ^Estação Inicial e "Cascadura" kilo-
: l)itoIa,uniformizaudo-a com a da E. /•.
nietro 15.344 compreendendo as estaj^ões
"Srio Criiirai dc Brasil a que se
incorporava. Esse
Christovão" (km. 3.236), "S. Franoi.sco Xa- trabalho só foi começailo em 18%.
c con-
vier" (km. 5.809), "Riachuelo". (km 7.055), cluído em I<i08.
"Engenho Xovo" (km. 8.518). "Todos os i al c, eni breve resumo, a historia deste
Santos" (km. 10.237). "Engenho de Dentro" Prt)prio Xacional.
(km. 11.331), "Piedade" (km. 13.030).
Já se achavam em trafego 133.480 kilo-
metros, de linha, desde "Côrte" a "\'assou-
ras". compreendido o ramal de .Macacos, ia * « i<

em construção o trecho de "\'assouras" a


"Entre Rios", completavam-se os estudos dos
traçados para Porto Novo do Cunha e Cacln^-
eira, quando, devido a apuros financeiros da
Companhia, o Governo resolveu encampar a
COMl'.\XlIl.\S n|-. XA\ K(;At,A( ) UUE
ICstrada, o que fez por Decreto de 10 de Jullio
C( ).MCNICA.M Do RIO O iH)RT()
de 1865. C) mesmo Acto regulou o modo DE JAXEIRO CO.M OCTROS POR-
per que devia ser indemnizada a Coni])an]na,
TO.S DA REPUBLIC.X DO E.S- 1,
cujo dispêndio importava em 24 633 :666$6()6.
.

Aos accionistas que representavam o capital TRAXGEIRO l'L'2


de 2.559:800$000, foi facultado trocar os
seus titulos por apólices da Divida Puhlica.
Em
nome do Governo ficou, ainda por 'l ltc Royai Mail Sicaw Packet Compan\
alguns mezes, dirigindo a Estrada o Conse- — .Mala Real Inglesa ( Southampton. —
lheiro Christiano Õttoni, sendo em 13 de De- Cherl)ourg. Vigo. Leixões. Lisi)oa. .Madeira.
zemhro suhstituido pelo Dr. Bento J. Rihei- Pernambuco. Bahia, Rio de Janeirn, Santos.
ro Sohragy. C) distinto Engenheiro que poi ^Montevideo e Buenos Aires)
espaço de dez anos exercera a presidência da
Companhia foi, então, agraciado pelo Impe- Companhia de .Xavegação "IJoyd Brasi-
rador com a Dignitaria da imperial Ordem leiro" —
(Cal)otagem. Linhas para America
da Rosa. do X^orte, .'\merica do .Sul, Europa e Africa).

Companhia Xaeiunal de .Xarei/ação Cos-


teira — Lage Irmãos (Cabotagem) — '

Também, desde 1840, vinham os paulis- Companhia Comercio e .Wnri/ação —


tas pensando em ligar a sua capital á Côrte Pereira Carneiro & Comp.. Limitada — (Ca-
por meio de estrada de ferro. Em 1862 de- botagem )
ram a isso melhor atenção e, 1872, orga-
;

nizou-se a Conipanliia Estrada dc Ferro São Companhias Francesas de Xavcgação


Paiilo-Rio dc Janeiro cujas obras principia- "Siid . Iflantiqite" e "Chanjenrs Reunis" —
ram no Braz, a 31 de Março de 1873. A bito- (Bordeaux, Vigo. Leixões. Lisboa. Dakar,
la dessa Estrada era, porem, de 1 metro, ape- Baia, Rio de Janeiro. Santos. Mi.nt- \ dc > v
nas ao passo c^ue a de D. Pedro II era de
; Buenos Aires)
1,60 m.
Em
7 de Julho de 1877 foi solenemente Lloyd Real Hollandcs Koninklijkc —
festejado o encontro dos trilhos, na Cachoei- Holiandiseh Lloyd. —
Anisterdam. .Southam-
ra, km. 265+278 da E. F. D. Pedro II. e pton Cherbourg. Vigo, Leixões. Lisboa, Rio
km. 230+722 da £. F. São Paulo-Rio de de Janeiro. Santos, Montevideo e Buenos
Janeiro. Estava a Princeza, D. Izabel. re- Aires)
gendo o Império. Compareceu á solenidade
o Principe consorte Conde d'Eu, entregando Hainburg Sudamerikaniseh-Dampf-Ship-
nesse acto. em Cachoeira, o titulo de Barão ffarhrts-Gcsellsehaft —
( Hamburgf). Boulogne

ao Dr. Francisco Ignacio ^larcondes Homem s|m. Lisboa. Rio de Janeiro, Montevideo e
de Mello, Presidente da Companhia que ini- Buenos Aires)
ciara e concluíra obra de tamanha relevância.
Em 1890 o Governo da Republica adquiric Societé Gencrale dc Transports Marilt-
a E. F. São Paido-Rio dc Janeiro, e decretou nies á Vapciir —
(Génova, Marselha, Las
. . . . . . . . . .

174 Rio de Janeiro

Palmas, Dakar, Rio, Montevideo. Bueno.= Trinidad, Barbados. Rio, IMontevideo e Bue-
Aires) nos Aires)

Navigasione General Italiana — (Géno- Prince Line — New York, Rio, Santos,
va, Barcelona, Dakar, Rio, Santos, ^lontevi-
deo e Buenos Aires) .
Stray's South America Line — (New
York, Rio, Santos, Montevideo e Buenos
Sociedade Triestina de Navegação Co- — Aires)
sulicli —
(Trieste, Napoli, Alméria, Las Pal-
mas, Rio, Montevideo e Buenos Aires) Delta Line — Mississipi Shipping Com-
pany — (New Orleans-Brasil)
Lloyd Sahatido - (Génova, — Barcelotia.
.

Rio, Santos e Buenos Aires) The Booth Steamship C", Ltd. — New
York —
Brasil)
Aktien Gescllschaft Hugo Stinnes — .

(Hamburgo, Lisboa, Rio, Santos. Montevideo Internacional Freighting Corporation —


e Buenos Aires) . (Jakssonville, Baltimore, Philadelphia, Rio de
Janeiro) .

Norddcutsclier Lloyd Bremen (Bre- —


men, Vigo, Leixões, Lisboa, Rio, Santos, Mon- Kleppe Lines —
(Europa- Estados Uni-
tevideo e Buenos Aires) dos, Brasil, Rio da Prata)

United American Lines Inc. e Hamlnirg Pacific-Argcntinc-Brasil Line — (São


Amcrika Line —
loint Service — (Hambur- Francisco da Califórnia, Canal, Rio, Santos,
go, Rio. Buenos Aires) .
!Jontevideo, Buenos Aires) .

Rottcrdani-Ziiid Amerika Line — Servi- United States and Brasil Steamship Line
ço combinado de Van Nivelt, Goudriaan & — ( New
York, Rio de Janeiro, Santos e portos
Cos. Stoomvaart Maatschappij c Holland de Africa) .

Amcrika Linj — (Rotterdam, Hamburgo, Rio


e Buenos Aires) . Rio Cap Line Limited (Durban, East —
London, Port Elizabeth, Mossel Bay Cap
Linha Baltica Sul Americana The Bal- — Town, Rio de Janeiro) .

tic American Line


Soiíth (Noruega, Dina- —
marca. Finlândia, Rio, Buenos Aires) Osaka Sliocen Kaisha Kobe, Yokoa- —
ma, Los Anjeles, Balboa, Cristobal, Galveston.
Roderlakticbolagci Nordsjornaan Go- — Nova Orleans, Rio, Santos e Buenos Aires)
temburgo, Malmoe, Stokolmo e Helsingfors,
Rio, Santos. Montevideo, Buenos Aires, Val- Nippsn Yuscn Kaisha (Japão, China; —
paraiso) . Singapura, Durban, East London, Port Eli-
zabeth, Mossel Bay, Cap Town, Rio de" Ja-
Dcn Norske Sydamerika Linje — (No- neiro) .

ruega, Dinamarca. Finlândia, Rio, Santos e


Buenos Aires) . Skoglands Linje (Petrogrado, Cope-—
nhague, Vigo, Tenerife.. Rio de Janeiro)
Lloyd Royai Belge S. A. (Antuérpia, —
Funchal, Las Palmas, Bahia e Rio de Ja- Compania Naviera Sota y Aznar —
neiro) . Bilbao, Rio, Buenos Aires).

Mnnson Steamship Lines — (New York, 5". A. Naviera Guadalquivir (Tarra- —


Rio, Santos, Montevideo e Buenos Aires. gona, Santos, Montevideo e Buenos Aires).

Mississipi Shipping Company Inc United Wilhelmsen Steamship Line — U. S. A.,


States Shipping Board Service — (New Or- — Brasil) .

leans — Brasil).
Transportes Marítimos do Estado, Por-
Lamport & Holt Line — (New York, tugal e Linha Portuguesa de Navegação —
. . .

Rio oe Janeiro 175

(portos portugueses, ingleses, alemães e


sileiros) .
l)ra- -S". . /. White Martins — ( C ahoiaRcm )

I.loyd Xacional — (Cabuiagem).


Empresa Xacional dc Xavcgação "Huep-
cke" — (Cabotagem). (/. Luic ô- Coiup. — (CabotaKcni)
Sociedade Paulista de Xavegaeão Matc- Linha Rio-Layuna — (Cahotajícm)
racco. Lida. —
(Cabotagem).
Linha Rio-l'itõrta-CaravcUas — íCabo-
Transportes Maritiiiws — l )liveira i.^- l'b!.
(Cabotagem). Naz cija(ão Uahiana — (Labolat;cni ) .
SEXTA PARTE

CENTENARIO
!

o CENTENARIO nova Avenida ; traçava-sc


a Avenida do Exer-
cito", em S.
Christovão c outras muitas
;

obras simultaneamente se executaram neste ano.


Afluíram tral)alhadores de todos os cam-
Para comemorar o 1." Centenario da Jncie pos, desprezando a Lavoura por amor dos
pendência Politica do Brasil houve muito altos salários que a pressa oferecia. Reveza-
I

quem pensasse numa Exposição Nacional de- ;


vani-se turmas de milhares de operários, noite
pois numa Continental Americana não sei e dia e fez-se atabalhoadamente, ofegante-
;
;

como prevaleceu, em 1921.. a idéa de uma Ex- mente, díspendiosissimamente, cm poucos meze.s
posição Universal. o que —
está fora de duvida .se —
inxiia
Desde logo se tratou do logar onde deve- ter feito com mais tempo, mais estudo, mais
ria ser instalada a Exposição e, nesta Cidade
;
calma, mais acerto, e muito menos dinheiro.
de 1116 kilometros quadrados, com tanto ter-
reno desocupado, áreas vastissimas na zona
j

j
suburbana —
tão necessitada de melhoramen- *
tos, teve surto e realização a lembrança de se
crear uma superfície no-\-a para o grande cer-
tame comemorativo !
No dia 7 de Setemro de 1922. sobre
O Prefeito. Professor das Escolas Poli- aterro de Santa F.uiza. onde fõra a .Avenida
.

técnica e Naval, homem instruído, viajado, W ilson, estava lançada, realmente, a Avenida
j
imaginoso e pratico, dispuzera-se a realizar o das Nações. Na area que fôra do antigo Ar-
I muito desejado e necessário arrazamento do senal de Guerra avultavam palácios de grandio-
"Castélo", um morro sem higiene, sem estética, sa arquitectura. com]K)sição graciosa de artistas
sem antes rude obstáculo ao areja-
utilidade, nacionaes. Procedeu-se oficialmente á inaugu-
I

mento da zona comercial. Não faltaria onde ração da Exposição, havendo. ai)enas prontos,
[
lançar a terra dêle proveniente mas como ha- ;
acaljados na véspera, o "Palacio das Festas",
:
via pareceu mais cómodo e expedito
pressa, e os pavilhões da Bélgica, Dinamarca. Ingla-
lança-la mesmo ali, por assim dizer, no sopé terra. França, Japão, e Grandes Industrias Na-
do morro, dentro dagua, na baía do Rio de cionaes. Estavam por acabar, a meio construí-
Janeiro dos ou apenas esboçados, o Paviliião dos Esta-
A
estranheza do publico foi grande mas ;
dos, o das Pequenas Industrias e o da Esta-
divulgada a noticia de que sobre o terreno com tística (nacionaes). e os pavilhões do Mé-
que se ampliasse a Avenida Beira-mar (Santa xico, dos Estados Unidos da America do
Luzia, Lapa, Gloria) se traçaria, formosa, a Norte, da Argentina, de Portugal, da Suécia,
"Avenida das Nações" da Grande Exposição da Noruega, da Itália e da Tcheco-Slovaquia.
do Centenario, a surpresa converteu-se em es-
pectativa. Todos se conformaram.
Odesmonte já estava iniciado. O aterro
foi-se alastrando. A ponta Leste da Cidade
avançou rápido, puxando quinhentos metros
na direcção de Vilegagnon. Ao mesmo tempo Ao Rio de Janeiro chegavam diariamente
o Morro da Viuva era contornado por uma forasteirosdo interior e do exterior. Desde
bela Avenida talhada no granito É a Avenida : Agosto que desembarcavam no Rio de Janeiro
Ruy Barbosa, novo trecho da Avenida Beira- representantes diplomáticos de nações amiga».
mar. Saneava-se e embelezava-se a Lagoa Ro- Até 6 de Setembro estavam acreditados junto
drigo de Freitas canalizava-se o Rio Mara-
;
do Presidente da Republica do Brasil os De-
canã, no Engenho Velho, pelo centro de outra legados Especiaes da Alemanha, Argentina.
. .

180 Rio de Janeiro

Bélgica, Bolívia, Bulgária,, Canadá, Chile, tico Juramento da Bandeira pelos alunos das
China, Colômbia, Cuba, Dinamarca, Estados escolas publicas municipaes.
Unidos da America do Norte, Equador, Espa-
nha, Gran-Bretanha. Itália, Japão, México, Ni-
carágua, Noruega, Paraguay, Perú, Portugal,
S. Salvador, Suécia, Suissa, Tclieco-Slova-
quia, e Uruguay assim como o Pontificado
;

Romano As 14 horas o Sr. Presidente recebeu em


Foi perante esses diplomatas, e mais es- Palacio os cumprimentos das Embaixadas Es-
trangeiras em missão especial, Corpo Diplo-
trangeiros e brasileiros distintos que o Sr '

mático, Comissários Geraes, membros do Con-


Presidente da Republica, no dia 7 de Setem-
bro de 1922, depois de passar Revista ás gresso Nacional, oficiaes de terra e mar, e

tropas em Parada, assistio na Praça Deodoro


alto funcionalismo. Era a segunda solenidade

ao desfile das mesmas, vendo-se em primeiro importante do dia.


logar os contingentes estrangeiros em frater- Nesta ocasião Monsenhor Francisco Che-
rubini, representante de S. S. o Papa Pio XI,
nal solidariedade com as forças nacionaes :

e na qualidade de Decano dos Embaixadores

^Marinheiros e soldados navaes dos encou- em missão especial, assim falou :

raçados norte-americanos Maryland e Nevada;


Marinheiros japonezes dos encouraçados "Senhor Presidente ! — É com a maior
Iwafe, Istmo e Azuma ; satisfação que dirijo a palavra a V. Ex. neste
Marinheiros ingleses dos encouraçados dia, que será inscripto em letras de ouro nos
Hood e Repulse ; anaes do Brasil e é para mim uma honra toda
;

Marinheiros argentinos do encouraçado particular ser junto a V. Ex., nesta solenida-


Moreno ;
de, o interprete dos meus ilustres colégas, em-

Marinheiros Uruguayos do cruzador Uru- baixadores em missão especial. Considero


guay ;
como a nota mais agradável de minha missão
Marinheiros portugueses dos cruzadores a de trazer, antes de tudo, as mais respeitosas
Republica e Carvalho Araujo ; e homenagens ao ilustre Presidente, que, pelo
Colégio Militar de México. seu saber, sua actividade, sua habilidade, seu
devotamento. dirige o povo brasileiro para os
Cada bandeira era precedida da sua banda seus gloriosos destinos.
de musica. Era um extraordinário e emocio- Afirmo —
gloriosos destinos taes, com ;

nante espectáculo. efeito* foram sempre os destinos deste grande


povo depois da primeira pagina, que escreveu
Depois desfilaram as forças brasileiras :
na historia, até a época mais gloriosa ainda da
Brigada de Marinha, composta da Escola sua independência deste povo que atingio a
;

Naval, Marinheiros Nacionaes, Reserva Naval, virilidade sem passar


pela infância.
Tiro Naval de Santos e Batalhão Naval ;
Évim facto conhecido, que em todos os
Companhia de Carros de Assalto Colé-
;
tempos os povos, que não gozaram de liber-
gio Militar do Rio de Janeiro, 1.^ Brigada de dade, aspiraram sempre a tima existência nacio-
Infantaria —1." e 2." Regimentos de Infan- nal independente e trabalharam com todas as i

taria, 1.'' Companhia de Metralhadoras 2." ;


suas para a conquistar. Mas, ah!
forças
Brigada de Infantaria —
3.° Regimento de In- quanto sangue, quantas lagrimas, não custou
fantaria, 2).^ Companhia de Metralhadoras Pe- essa independência !

sadas, 1." 2P e 3.° batalhões de Caçadores, 1." Felizmente não aconteceu assim para a
Batalhão de Engenharia l.*^ Brigada de Ar-
;
Nação Brasileira em 1822.
tilharia —1.° e 5." grupos de Artilharia Mon- Porque o povo português, que lhe desco-
tada, 1.° Regimento de Artilharia de Monta- briu o génio e cultivou a nobreza, a considerou
nha, 15." Regimento de Cavalaria Independen- antes como filha do que colónia.
te. Policia Mihtar. Total 20.000 homens. Elie lhe deu a educação moral, social, re-_
AParada terminou por uma carga de ca- ligiosa ; desenvolveu suas excelentes disposi-,
valaria de impressionante efeito. ções para as artes, sciencias, comercio em ;

luna palavra, preparou-a para o dia da eman-


cipação, para o dia da Independência.
*
De facto, Sr. Presidente, quando, ás
margens do Ypiranga ecoou o grito da liber-
Regressando da Parada o Sr. Presidente dade, esta grande Nação obtinha a sua ind
da Republica assistio na Prefeitura ao patrió- pendência sem derramar uma gota de sangu
. . . . .

Rio de Janeiro
ISl

nem mesmo
uma lagrima porque era o ;
pre.sença dos representantes
sangue português que corria nas veias de naçõe-,
do anugas. Ministério, militares,
jovem e nobre principe que acabava de pronun- magistrados, pro-
fessores, senhoras, comerciantes,
ciar a frase histórica industriaes.
"Independência ou
:
congressistas, que o Sr. Presidente da
logi,
Morte !"
Kepui)Iica declarou aiíerta a
Desde então Exposição, o Sr.
a generosa Xai^ão Brasileira,
Munstro do Interior proferiu seguinte di^
tão jovem ainda, se laní^ava sobre o caminho curso :

da gloria ou mesmo de todas as glorias.


De José Bonifacio ao Barão do Rio Bran-
co, é toda uma série de passagetis ilustres,
que "Sr. 'residente
1
Srs. Knlbai.\ad(.^c^ <
!

revelam ao mundo inteiro o "desenvolvimento I jiv.ados das Xaçôes amigas .Minhas Scnhn !

intelectual e ascendente moral desta nobre ras ! Meus Senhores !

Nação () começo do vSeculu X\ c a éi»oca fe-


A Historia repetirá á Posteridade as pagi- tiva da .America Latina, como o começo do se
nas sublimes, onde estão escritos em caracte- eido dezenove é a éjHua dolorosa das sua^ Int,)^
res indeléveis os feitos gloriosos do nobre povo pela independência e pela liberdade.
brasileiro l)ir-se-ia (|ue ela pas.sou cem .ui.- ;i
() grande gesto da Princeza Izabel. pro- crescer e a robustecer-se. e agora celebra a sua
clamando a abolição da escravatura. fez co- '
maioridade no meio das nações mais velhas do
nhecer os sentimentos delicados da civilização mundo, gentilmeiue associadas a essa come-
e do progresso deste paiz moração.
Na Conferencia da Paz. em Haya. a dele- H tão longa a idade dos jkivos. que
iiu hm^
gação brasileira chamou sobre si a atenção de um parece apenas a adolescência, o
.século
universal e o nome do eminente jurisconsulto
; começo da juventude.
Ruy Barbosa será respeitado tanto pelo histo- O Brasil já teria chegado á{|uela fase da
riador como pelo homem de Estado. E n:i vida. se tivesse querido contar a sua entrada
Conferencia de Paris. Sr. Presidente, o tacto no convivio internacional. de.s<ie 1815, quando,
e a habilidade com c|ue Ex. dirigiu a delega- unido a Portugal e Algarves. passou a fazer
ção do Brasil grangearam jjara Ex. as parte do Keino-Unido e a(|ui se constitnio a
maiores sympatias do estrangeiro, e um legar sede do governo comum
de maior realce. É, portanto, justo. Sr. Presi- Ao fim de seis anos. porem, foi interrom-
dente, que todas as nações estejam aqui repre- pida a cordialidade existente entre os membros
sentadas nas festas do Centenario da Indepen- da União, e começou a luta porfiada, <l<iníie
dência de sua nobre Patria, e lhe tenham tra- resultou separarem-.se j)elo interes.se i)articular
zido o tributo de sua admiração. de cada um. para depois se encontrarem irma-
Sr. Presidente Em nome de Sua San-
! nados no futuro pelos destinos idênticos da
tidade o Papa Pio XI. em nome dos demais mesma origem e as tendências iguae.> fia
augustos soberanos e chefes de Estado, que mesma civilização.
temos a honra de aqui representar, nós nos as- O Brasil quLz mostrar ao mundo conio
sociamos com alegria ás festas, que recordam usou. da liberdade nesse século que passou.
dias tão gloriosos para o Brasil, e ao mesmo Recebendo a .visita de Chefes de listados,
tempo formulamos votos os mais sinceros pela de Embaixadores e Enviados das Nações
prosperidade, cada vez maior, para a felicidade Anugas. quiz dizer-lhes. por factos, como Ità-
sempre mais completa, deste nobre paiz. balhou e quanto ])roduzio como foi digno dn ;

E. se bem que é da união dos espíritos que independência que logrou e deixar jnigar se
resultam os grandes benefícios peço a Deus merece, ainda mais. a confiança dos que espr-
realiza-los sempre com vantagem, removendo ram do seu porvir.
tudo que lhe possa servir de obstáculo. Nenhuma linguagem falará melhor do que
Que o Cruzeiro do Sul. que brilha sobre o certame que hoje inauguramos.
esta terra privilegiada, possa, para o futuro, Ele não se realiza como pretexto jiara
como no passado não a iluminar senão
.
de festins, mas como demonstração de esforços
cousas nobres, generosas e admiráveis." extraordinários de inteligência consujnidos
num .século de actividade, em c|uasi todos os
ramos de tralialho.
Haverá ai mostras desse passado.
Umas servirão para acentuar como os
Ás 16 horas foi solenemente inaugurada povos devem guardar certos patrimónios lega-
a Exposição. Era a terceira grande solenidade dos por seus maiores, exemplos do seu bom
comemorativa gosto e da sua i^ersonalidade técnica outras ;
182 Rio de Janeiro

servirão para abrir os olhos aos que se aferram dos Estados Unidos da America do Norte
á rotina e hão de constituir, pela comparação ao lançamento da pedra fundamental
assistio
com os produtos aperfeiçoados aqui expostos, do monumento que o seu paiz oferece ao
benéfico estimulo para melhorar e progredir. Brasil.
Esse ultimo efeito ha de vir, sobretudo, da Houve na Embaixada norte-americana
lição ciue nos trazem os povos mais adiantados Recepção ás altas autoridades, Corpo Diplo-
do mundo, cultores das maravilhas de todo mático, delegações estrangeiras e Sociedade
género que facilitaram o bem estar dos homens Brasileira.
e concorreram para leva-los, com rapidez, de A bordo do Maryland foi pela Delegação
um a outro extremo da Terra, aproximando-os norte-americana oferecido um almoço ás altas
reunindo-os, tornando possível conhecerem-se autoridades brasileiras, embaixadores espe-
melhor, para um dia, que praza aos céos já ciaes e Corpo Diplomático.
tenha chegado, abandonarem as suas descon- A União dos Empregados no Comercio
fianças e prevenções, geradoras de males, e en- reunio-se para ouvir a Oração Civica de
frentarem uns aos outros, somente como hoje, Coelho Netto.
nestes campos de jombate do pensamento e O Embaixador do IMexico ofereceu ao
do trabalho, donde só resultam benefícios para Brasil a imponente estatua de Cuhautemoc,
a humanidade e brilho para a civilização. inaugurando-a no local em que está.
Em nome do Governo da Republica, agra-
deço aos Chefes de Estados, Embaixadores e
Enviados das Nações Amigas, a honra que Houve mais :

fazem ao Brasil de realçar com a sua presen-


ça a solenidade deste acto e aos represen-
; Recepção na Emljaixada do Chile ;

tantes da industria e de todas as manifesta- Recepção e Baile na Embaixada da In-


ções do traljalho vindos de tão longe o con- glaterra ;

curso que nos trouxeram para o l)om êxito da Baile a bordo do encouraçado Hood ,

Exposição comemorativa do primeiro Cente- Banquete da Emliaixada Especial da Re-


nario da Independência Politica do Brasil". puljlica Argentina em homenagem ao Sr.
Presidente da Republica do Brasil";
Sessão solene da Universidade do Rio de
Janeiro em homenagem aos delegados univer-
sitários nossos hospedes ;

Banquete das delegações municipaes de


Á houve espectáculo sunti^tuoso no
noite Buenos Aires ^Montevideo, Cordoba, Santiago
Teatro Municipal, com vmia assistência bri- e Valparaiso ao Conselho Municipal do Rio

Ihantissima de convidados do Sr. Presidence de Janeiro ;

da Republica, sendo cantada a opera // Gua- Recepção do Embaixador Francês aos di-
ranv. inspirada composição do INIaestro bra- plomatas presentes no Rio de Janeiro, e á
sileiro Antonio Carlos Gomes. Sociedade brasileira ;

Almoço oferecido pela Marinha Brasi-


leira á oficialidade dos navios dè guerra surtos
na Baia de Guanabara ;

Recepção e Baile oferecido ao Governo


e á Sociedade Brasileira j^elo Embaixador
Extraordinário da Bélgica
Continuou por dias a comemoração fes- ;

Jantar oferecido pelo Ministro do Japão


tiva do Centenario da Independência, reali-
ás autoridades brasileiras, embaixadores espe-
zando-se consecutivamente solenidades e re-
ciaes e Corpo Diplomático ;
uniões cuja enumeração é dificil fazer completa :

Baile oferecido pelo nosso Ministro das


Relações Exteriores ás missões especiaes e
IMissa Campal no campo que
se estende ao Corpo Diplomático ;

onde Praia do Russell


foi a ;
Gardoi Party oferecido pelo Congresso
Te Deiiin, na Catedral Arquiepiscopal : Nacional Brasileiro aos congressistas e par-
Banquete oferecido pelo Presidente da lamentares estrangeiros ;

Republica do Brasil aos chefes das missões Banquete em caracter intimo do Sr. Pre-
especiaes ; e Recepção çoncorridissima, em sidente da Republica ão Embaixador Espe--
Palacio ;
cial da Santa Sé ;

Revista Naval. Gardcn Party oferecida pelo Dr. Linneu


O Secretario de Estado da Republica de Paula ^Machado, Presidente do Jockey
I

Rio DE Janeiro |83

Club do Rio de Janeiro á Directoria do Jockey Congresso Regional de Igrejas Evangé-


Club de Buenos Aires ; licas ;

Sessão especial do Congresso Nacional Conferencia .Americana da Lepra ;

para votação de uma Moção Congratulatoria ;


Conferencia Brasileira de Mulheres ;

Recepção oferecida pelo Presidente do Conferencia do Ensino Primário ;

Brasil á Sociedade Carioca em homenagem ao Conferencia Internacional Algodiicira.


Presidente de Portugal ;

Parada Infantil, desfilando jicla Avenida


Rio Branco, militarizados, 4.600 alunos de
institutos e colégios oficiaes e particulares, es-
*
coteiros,e patronatos agricolas ;

Corridas, nos hipódromos do Derby e dn


Jocket Club Festa \'eneziana. na Enseada
; \'erdadeiro acontecimento, cunid o fora.
de Botafogo exposições agrícola e pecuária;
;
dois anos. atrás, a vinda do Rei Alberto, d,-
Olimpíadas grandes fogos de artificio em
;
1'elgica. foi a visita do Presidente da Kcpu-
vários pontos da Cidade. I)lica de Portugal. Sr. Dr. .\nlonio José <lc
.•\lmcida.
Não lhe foi possiyel estar a(|ui no dia .".
Enriquecendo o programa comeu-.orativo,
mas chegou no dia 17. havendo de bordo
reuniram-se no Rio de Janeiro as seguintes
do Porto que o transportava, desferido, pelo
colectividades, cele))rando sessões regulares
telegrafo sem fio. esta Mensagem que lo>;o
com variado e sempre grande numerei cie
penetrou no coração do povo brasileiro :

membros vindos de toda parte :

Congresso Americano da Criança ;


"Ao entrar na baía de Guanabara, a me-
Congresso das Associações Comercias* lhor baia do mundo, tenho a honra de .saiidar
do Brasil ;
o Brasil, uma das mais possantes e formosas
Congresso Americano de Expansão Eco- pátrias que tem existido sobre a Terra, \ enho
nómica e Ensino Comercial ;
visitar este paiz de maravilhas com a trémula
Congresso Brasileiro do Carvão ;
emoção de quem pratica um acto religio.so.
Congresso Brasileiro de Ensino Secundá- em ([ue o espirito se sente arrebatado para
rio e Superior ;
alem do espaço e
do tempo, contemplanrlo
Congresso Brasileiro de Esperanto absorto, o esforço sobre-humano das gera-
;

Congresso Brasileiro de Farmácia ções predestinadas. Colaboradores da mesma


;

Congresso Brasileiro de Quimica obra de civilização, tão juntos temos traba-


;

Congresso de Estradas de Rodagem lhado, brasileiros e portugueses, que para


;

Congresso de Estudantes de Escolas Se- sempre ficámos irmãos irmãos, mais nos ;
'

cundarias ;
aproximamos ainda no momento do centená-
Congresso Carmelitano Nacional rio da vossa independência, em que as duas
;

Congresso Espirita Internacional pátrias como que suspendem o vôo na sequen-


;

Congresso Eucarístico cia de um destino eterno, para se unirem sob


;

Congresso Ferro- Viário Sul Americano .


a asa da sua tradição ancestral, como duas
Congresso de Inspectores Agricolas ; águias oriundas dos cerros da Lusitânia que
Congresso Internadinonal de Ameri- quizessem sentir por um instante o calor e
canistas ;
agasalho comum. Homem simples e modesto,
Congresso Internacional de Engenharia ;
figura transitória da vida publica do meu paiz.
Congresso Internacional de Febre Aftosa; por mim. l)rasileiros. nada vos posso trazer
Congresso Internacional de Historia da que tenha valor. .Mas no meu coração con-
, America (luzo até vós um sentimento imorredouro que
;

Congresso Jurídico é o amor dos portugueses á vossa pátria aco-


;

Congresso Nacional de Agricultura e Pe- lhedora e resplandecente. Patria fecunda e ge-


cuária nerosa onde. como se fôra na sua. devotados
;

Congresso de Operários em Fabricas de á terra e respeitando as leis. trabalham hon-


Tecidos no Brasil radamente tantos filhos queridf)s de Portugal.
;

Congresso Nacional de Práticos (Mé- E mais. ainda, se é possível, do que o proprif.

dicos) orgulho de ser chefe do grande povo que.


patética criação de mundos,
;

Congresso de Protecção e Assistência á outrora, fez uma


experimento a imerecida fortuna de ser o
Infância (com Inauguração do Museu da In-
mensageiro da fraternidade inviolada que a
'-fancia. fundado pelo Dr. Moncorvo) ;
184 Rio de Janeiro

minha terra sente pela vossa terra admirável. A estada do Presidente de Portugal no
Aguas brasileiras, 16 de setembro de 1922. — Rio de Janeiro, entre 17 e 27 de Setembro de^
Antonio José de Almeida." 1922 foi uma sucessão quotidiana de de-
monstrações afectuosas. S. Ex.'^, poude apre-
ciar o espirito fraternal das duas nacionalida-
A bordo do Porto chegou pouco' depois
des, a alta cultura do povo que descendia da
este radiograma:
radiante cultura lusiada, e o grande esplendor
da metrópole, que, ha 355 anos, portugueses
"Rio de Janeiro, 16 de Setemljro de 1922 fundaram nesta parte da America. S. Ex.^
— Tenhogrande prazer em apresentar a reconheceu o trabalho dos últimos cem anos
V. Ex.**, Senhor Presidente da Republica de vida nacional, a obra genuinamente brasi-
Portuguesa, os cumprimentos de boas vindas leira do ultimo quarto de século transforman-
-

DR. EPITÁCIO PESSOA

e as muito cordiaes do povo do


saudações do, saneando, embelezando a Capital do Brasil,
Brasil, no momento em que o Porto, nave- O Presidentede Portugal confessou-
gando em aguas brasileiras, se aproxima desta se deslumbrado em discursos calorosos, elo-
Capital, que espera V. Ex." com demonstra- quentíssimos que de improviso proferio na
ções da mais \'iva simpatia e cordialidade. — Festa Popular da Exposição, no Grémio Re-
Epitácio Pessoa." publicano Português, no Supremo Tribunal
Federal, no Gabinete Português de Leitura,
na .Sociedade Portuguesa de Beneficência, na
O Presidente de Por-
desembarque do Academia Nacional de ^Medicina, na Camar.t
do Brasil num
tugal, recebido pelo Presidente Portuguesa de Comercio, no Congresso Legis-
Domingo luminoso, passando por deante das lativo, na Escola Naval, no Banquete que lhe

forças militares que em duas alas guarnece- ofereceu o Presidente do Brasil.


ram o trajecto desde o Arsenal de ]\Iarinha Estão publicados alguns deles. O que
até o Palacio Guanabara, e sob as aclamações foi pronunciado no Congresso ríiostra bem a
do povo que afluirá para vê-lo e satida-lo, foi grandeza e a formosura do orador ; mas re-
uma nota galantíssima que brilhou nos brilhos produzirei aqui somente o da pragmática, res-
•festivos da comemoração do Centenario. pondendo á saudação do Presidente do Brasil
Rio de Janeiro
185
no banquete que lhe ofereceu em
Palacio no se, mesmo
em 1822, tantos portugueses de
dia segumte ao da chegada. E
como a sauda- nascnnento se bateram ao lado
ção é também um primor de eloquência dos hrasileiroi
cor- pela o])ra da IndeiKMulencia ?
dial, estampo gostosamente as
duas ora(C(>es. Não
Assim falou o Dr. Epitácio Pessoa guerra da Independência não foi
! .A
:
uma luta de
brasileiros contra portugueses,
mas de brasileiros e portugueses, aliados
entre
si. ciMitra a orientação
"Sr. Presidente retVngrada e impolitica
!

das Cortes de Lisboa. emi)enba(las


A visita de V. Ex.» a esta Capital, no truir a obra que vários séculos
eni des-
momento em que haviam já con-
o Brasil
meiro centenário de sua independência
comemora o pri- solidado —
a unidade nacional dentro da
poli- imeasa vastidão do nosso território.
tica, tem tão alta significação, e importância Xinguem mais trabalhou pela indepcndcn-

DR. ANTONIO JOSE DE ALMEIDA

transcendente, que bem justifica a profunda cia do Brasil do que D. João \'I que. nos
comoção com que é recebida por todos os seus treze anos de adnunistração, cuidou exa-
brasileiros. ctamente de preparar o paiz para o Governo
Espirites menos observadores poderão, de S! mesmo, abrindo-lhe os portos, dando-
^talvez, acreditar comemoração, á
que, nessa Ihe arte, academias, bibliotecas, im-
escolas,
jual a presença de V. Ex." dá excepcional re- prensa, liberdade de comercio e de industria,
levo, se dissimula o jubilo nacional pela vito- meios de transporte, vias de comunicação,
ria que os brasileiros alcançaram contra os por- exercito, armada, cultura, em uma palavra,
tugueses em
1822. Um
exame menos super- tudo quanto podia conduzir-nos á vida de
ficial do acontecimento, porem, logo dissipa soberania. Fe-^lo com f) propósito declarado e
o equivoco, e mostra a toda a luz que o que firme de formar, no Brasil, o grande império
estamos festejando, neste momento histórico, do futuro. Quando êle partio, em 1821, já o
é antes uma data da raça. nosso paiz tinha seis anos de vida como Reino,
Porque não haveria Portugal de come- com a sua politica, a sua justiça, a sua admi-
morar hoje conosco a emancipação politica de nistração e o .seu credo religioso —
condi-
um paiz que elle descobrio, povoou e defen- •
ções essenciaes á formação da nova nacionali-
deu contra a cobiça dos invasores ? Porque, dade. Essa formação já o veJho monarca a
.

186 Rio de Janeiro

previa, tanto que, ao deixar as nossas plagas, A


Independência do Brasil não data do
aconselhava o filho a pôr na cabeça a nova grito de Ypiranga, como á primeira vista
corôa antes que o fizesse qualquer aven- podia supor-se ela partio de mais longe,
;

tureiro .
porque se vinha formando lentamente na
Assim, pois, o grito do Ypiranga dado — consciência nacional, visto que.' de facto, o
pelo filho ás margens do ribeirão paulista — Brasil, apesar de colónia, foi desde cedo nação,
nada mais foi do que a consequência lógica tendo mais condições de vida, própria do que
dos actos do pai. Esse grito, partido da alma tantos outros povos que, ao longo da Historia,
portuguesa de D. Pedro, com aplausos de com aparência de indej>endentes, mais não
portugueses e filhos de' portugueses, não foi foram do que organismos subordinados a
nem podia ser um l:)rado de guerra contra Por- outros mais poderosos que os, dominaram.
tugal, mas um protesto vibrante contra os O nervosismo, mais feito, afinal, de deso-
desatinos das Cortes de Lisboa. lação e despeito do que de má vontade, que.
Fez-se a Independência. em Portugal, se manifestou logo após o acto
As relações entre os dous povos ou, me- definitivo da Independência, desapareceu sem
lhor, entre os dous ramos do mesmo povo. demora, porque aqueles, que lá lutavam contra
que a força irresistivel da evolução natural un:a' forma de governo retrograda e reaciona-
desunira sem separar, ou cujos corpcs sepa- ria, compreenderam que se, para êles, a
rara sem as almas desunir, nem foram, a bem fórmula da própria independência individual
dizer, interrompidas. Os portugueses que fi- e colectiva era a revolução Hberal, aqui, no
caram conosco não se sentiram, em 1822. Brasil, a revolta contra a mesma opressão só
como não se sentem hoje, em terra estranh'A. podia revestir um aspecto o da Inde- —
As forças mandadas de Lisboa pelas Cortes pendência.
hostis, não tiveram contra si apenas os bra- Como V. Ex.*'', acaba de dizer, com firme
sileiros feridos no seu orgulho, mas também exactidão e escrupulosa verdade, Portugal des-
os portugueses liberaes, indignados com a di- coi)rio, povoou e defendeu contra a cobiça, dos
ctadura colectiva dos deputados da Rege- estrangeiros o vasto território do Brasil.
neração .
O Brasil independente dê hoje tem pois
Portugal, pelo seu Rei, preparara o Brasil Gue agradecer a Portugal o facto de êle lhe
para a Independência, como o pae prepara o ter legado, intacto, á custa de torrentes de

filho para a maioridade. O 7 de Setembro de sangue e torrentes de lagrimas, tamanho e .

1822 é, pois. uma data luso-brasileira, é uma tão rico património. Mas Portugal tem que
data da RIaça. E, assim, nada mais natural agradecer ao Brasil independente de hoje a
que os dous povos, unidos outrora por esse energia, a bravura, a inteligência e o amor
espirito de justiça e de liberdade, de progresso da Raça com que elle tem sustentado, au-
e de empreendimentos ousados que levaram mentandc~a, desenvolvendo-a e dourando-a de
os portugueses ao descobrimento e impeliram uma maior majestade e beleza, a sua obra, que
os brasileiros á Independência, se reunam hoje foi a maior gloria do seu grande passado.

também, com a amizade e o carinho de sempre, Creio que estamos pagos perante a
para festejarem juntos um acontecimento que Historia.
a ambos deve encher de orgulho. Nenhum povo deve menosprezar as hon-
É. portanto. Sr. Presidente, com o mais radas origens que teve e nenhum povo tem ;

intimo regosijo C[ue, em nome da Nação Brasi- o direito, de olhar com resentimento ou tris-
leira, e no meu próprio nome. saúdo ao glo- teza sequer a separação do seu todo daquella
rioso Portugal, na pessoa de V. Ex.-'. em cuja parte que, no exacto cumprimento dos desti-
honra levanto a minha taça." nos históricos, tuna vez sentio em si a acção
de forças indomáveis que a levaram ao legiti-
mo afastamento.
Assim respondeu o Sr. Dr. Antonio.
É esse o motivo que determinou V . Ex.''
a render., neste momento, um sentido culto a
José de Almeida :

me
Portugal. É essa a razão que impele a
mim, a prestar profunda e comovida homena-
gem ao Brasil
"Sr. Presidente ! V. Ex.-^ o disse : o Sete de Setembro é

A emancipação da grande Patria


politica uma data luso-brasileira ; e celebra-lo é reali-

que é hoje o Brasil foi um facto espontâneo e zar uma festa da Raça.
normal, consequência de uma evolução inexo- Em verdade, nesta data ha gloria que
rável, que nenhuma força seria capaz de chegue para todos. Somente eu. Senhor Presi-
impedir. dente Dr. Epitácio Pessoa, devo declarar
.

Rio de Janeiro
187

francamente que não vim aqui com


man- recordação e erguendo a minlia taça cm
dato da mmha Patria para tomar a
;

portão de honra a \'. Kk.\ e do grande povo


gloria que lhe pertence. Eu vim de (jut- c
aqui no ex- chefe emuiente. faço votos sinceros
clusivo intuito de reconhecer pelas >uas
aquella outra c mutuas felicidades."
bem grande ela é. que cabe em partilha
ao Brasil.
E nesta missão de que venho investido e
que teve ontem' tão auspicioso
inicio na nia-
neua mexcedivel de entusiasmo
e carinho
com que V. Ex.", o seu governo,
as autorida-
des civis e militares e o povò A I-^xposição completou-sfe danóratla
quizeram rec >-
ber-me, ao entrar nesta formosa mente. Os ])avilhões estrangeiros (|ue margea-
Cidade estou
reconhecendo por mim próprio, o vam a .\venida das Nações, e que. lanik-ni. sc
que já sabia
por depoimentos alheios, isto ergueram, atraentes, na Praça Maná atesta-
é. que o Brasil
tem sabido crear uma civilização ram o já conhecido poder industrial e capaci-
própria qu°
e. em parte. íeita da velha
tradição i)ortuçuesa dade creadora de nações euroj^as. asiáticas l
em parte devida ao forte e sadio ambiem<- americanas a.ssim como os pavilhões nacin-
;

americano mas. sobretudo, é o resultado do


; naes afirmaram possibilidades surpreendente.,
esforço intrépido e inteligente dos da nossa Industria
homens re- e as riquezas naturaes d.,
;

solutos que o po\oam. e na verdade Brasil foram brilhantemente expostas


se for-
maram um estado de alma colectivo, poderoso
e resplandecente, a que. com justeza se deve O
Pavilhão de Estalistica agrada\.i
chamar brasilidade. —força nova. serena c polgava
em-
ali o visitante era. por meio de sim-
;
<.

ousada que está intervindo eficazmente nos bplos e de algarismos, levado ao conhccimentii
destinos do mundo.
de realidades que ignorava.
Brasil e Portugal são duas Pátrias irmãs,
Imigração, nacionalidades, nascimentos,
cada uma vivendo em sua casa. tendo um pas-
casamentos, óbitos, instrução, agricultura, in-
sado até ha cem anos comum, e um futuro, em dustria, importação, exportação, estatística
dc-
muitos pontos, diverso, mas. em tantos outros cuaria, tudo ali se mostrava impressionante-
equivalente mente sob todos os ])ontos de vista o Mrasil
;

Us brasileiros sentem-se em Portugal como foi estudado e exposto aos olhos do visitante.
na sua Patria. De lá transporto para aqui somente alguns
Os portugueses, em vastos núcleos de tra- algari.smos referentes ao Rio de Janeiro. São
balhadores, sentem-se no Brasil, como na sua do recenseamento de 1920 :

própria terra. As mesmas instituições repu- População: 1.157.87.S indivíduos; 917.481


blicanas, emI)ora sob aspecto diferente, gover- brasileiros. 239.129 estrangeiros, sendfi 172..í.^8
nam e dirigem as duas Nações, que têm dado portugueses; 21.929 italianos; 18.221 esjia-
provas de amar sinceramente a Democracia. nhoes; 6.121 árabes; 3.538 franceses; 2.885
Uma lingua incomparável que retine o alemães; 2.057 ingleses; 1.370 argentin<>>,
melhor oiiro de linguagem humana, e dispõe 1 022 norte-americanos

. . . ,

de um poder plástico sem igual, serve ma- Podem-se distinguir, ainda, 598,-^07 adul-
ravilhoso instrumento de civilização e solida- tos masculinos 559.566 mulheres adultas
riedade —
os dois povos que se sentem
;

540.877 brasileiros letrados; 200. <V25 analfa-


;

presos nas espiras desse verbo quasi divino. betos 163.086 estrangeiros letrados e 73.150
I

Que outra cousa é preciso para que êles analfabetos !

se auxiliem sempre e se entendam cada vez Fsta secção da Exposição foi organisada
mais ? Creio que cousa nenhuma, já que o pelo Director Geral de Estatística, Dr. Bu-
sentimento fraterno que enleia os seus cora- lhões Carvalho.
ções, perenemente, alvoroçados pela estima
comum, é tão forte, que em caso nenhum a
vontade dos homens o pode quebrar. E o
nosso encontro aqui. Senhor Presidente, é um Notáveis concertos se realizaram no Pa-
eloquente testemunho 'dessa esplendida rea- lacio das Festas, interior e exteriormente. A
lidade . concurrencia de visitantes á Exposição, sempre
Senlior Presidente !
grande, mantinha cheios de admiradores <»s
Em nome da Nação Portuguesa, e no pavilhões da Argentina. America do Norte.
meu próprio nome, agradeço a \'. Ex.", e ao Inglaterra. ?kIexico, Noruega. Tcheco-Slova-
Brasil, a entusiástica e comovida recepção que quia. Portugal, Japão. Itália. Bélgica, França
me fizeram, e de que guardarei perdurável — cada qual com suas especialidades, seu cunho
188 Rio de Janeiro

caracteristico, seus primores manufactureiros, toso que pela primeira vez se abrio em cidade
seus engenhos, suas utilidades. Fizeram-se co- brasileira.
nhecidos muitos artigos novos, houve intercam-
bio de relações comerciaes. Lucrou o nosso Ao estandarte da Independência que des-
mercado, lucraram os mercados estrangeiros, fraldámos em 1822 trouxeram em 1922 seu
todos alargando a esfera de suas transacções. E convivio afectuoso os lindos estandartes de
o fino espirito de quem sabe gozar as belas ar- tantas nações laboriosas. Oxalá que esta har-
tes extasiou-se com a mobiliário e tapeçaria do monia, esta associação de esforços nunca des-
Pavilhão de Honra da França, com os for- faleçam ;
que as nacionalidades que nos visi-
mosos quadros e soberba prataria artistica de taram sempre nos estimem como nós as pre-
Portugal e com as delicadas esculturas italia- zamos, e sempre, todas as bandeiras se encon-
nas. Todos os produtos da prodigiosa activi- tr,em reunidas para o Progresso, e para a feli-
dade humana apareceram neste certame faus- cidade humana.
NOTAS

4
.

NOTAS

(1) >'As confusas noticias e diminutos co- diversos costumes, e vivessem em guerra per-
nhecimentos com que ainda estava a nossa Côrte manente com seus visinhos, os goitacazcs c os
no ano 1530 a respeito de mares e continentes goianazcs. percehia-se claramente que os tamoios
que seguem da Bahia de Todos os Santos para o procediam do mesmo tronco que os Tiipinain-
Sul até o Rio da Prata deram bastante motivo bás da Bahia, os Cactcs de Pernambuco, os
para que o Sr. Rei D. João 111, desejoso de Pitaguares da Parahiba do Norte, os Tiipinam-
conhecer este resto ainda não explorado, fizesse quins de Porto Seguro, os Ooitacazes dc S.
aprontar uma Armada e a mandasse examinar Thomé, os Goianazcs dc S. Vicente, os Carijós
a Costa do Sul de todo este Continente até o de Capanea, e os Guaranezes, mais aoi Sul e mais
famoso Rio da Prata, nomeando para Coman- , ao interior». (Pereira da Silva. Historia ColonittI,
dante daquella expedição a Martim Affonso de Cap. II).
Sousa, seu Conselheiro a quem ordenou que
estabelecesse uma Colónia no logar que pare- (^) Este local foi pelos primeiros povoa-
cesse mais cómodo para isso. Com prospera via- dores chamado do Carioca» por desem-
Praia
gem' chegou a esta altura de 23.o avistando bocar aí o rio desse nome; depois foi Praia
logo terra; e, mandando aproximar as embar- do Lerype'\ nome do navegador e cronista fran-
cações á Costa, divisou, no dia 1.° de Janeiro cês que aí residio até 1612. Também foi Praia
de 1531, um boqueirão defendido de altos pe- da Aguada dos Marinheiros e Praia do Juiz >

nhascos por uma e outra parte, e com uima Pedro Martins Namorado Salvador Corrêa dc .

grande lage no centro, que, dividindo as aguas, Sá ai deu a Sebastião Gonçalves (Sapateiro)
oferecia duas barras para o interior de uma 100 braças de terra de sesmaria para morada e
dilatada bacia com muitas ilhas de diferentes lavoura como a casa ficasse bem á vista,
; e,

grandezas. na tomou esse trecho beira-mar o nome


praia,

«Os naturaes do paiz chamavam a este sitio


de Praia do Sapateiro» até 1698. Neste ano
ali desembarcou o holandês ou flamengo, Gli-
Niteroy, e Martim Affonso o denominou Rio
de Janeiro pelo ter descoberto neste mez». Me- vier van Noord, que estava viajando á roda
morias do Descobrimento e Fundação da Ci- do mundo, e desde então é conhecida por Praia
dadc de S. Sebastião do Rio de Janeiro, por do Flamengo:;
Antonio Duarte Nunes. 1799.
(^) Popularizou-se como Ilha do Gover-
V/;ja-se Diário da Navegação da
;
\
Arma-
propriedade de Salvador
jj

nador» depois que foi


mads „ que Von. á Terra do Brasil em 1530 sob
Governador do Rio
;

Corrêa de Sá, quando 6.»


a Capitania-Mór de Alartim Affonso de Souza
j

de Janeiro, 1577-99.
!l
Escripto por seu irmão l Pero Lopes de Souza
publicado por Rrancisco Adolpho de Varnhagen
ii
||

(-) Em 1532 fundou Martim Affonso de


Rio 1847^). notas in fine. Também: «Revista
Souza as colónias de S. Vicente e de Piratininga.
j|

do Instituto Geographico do Bra-


Histórico e
Em 1534 D. João III resolveu dividir o Brasil
sil» Tomo 24, 82 a 87. E, ainda, na
paginas,
em 12 Capitanias, e doa-las a homens notá-
«Historia Topographica e Bellica da Nova Co-
veis que promovessem a sua colonização; Martim
lónia do Sacramento do Rio da Prata», por Si-
Affonso recebeu, então, sob o nome de Capi-
tnão Pereira de Sá, o Prefacio do erudito Prof.
tania de S. Vicente, as duas colónias que fun-
J. Capistrano de Abreu.
dara, e que compreendiam terras hoje perten-
centes aos Estados do Rio Grande do Sul,
<'Uma das tribus mais guerreiras e fe-
(2) Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, S. Paulo,
rozes da grande familia de indígenas ocupava Goyaz, Minas Geraes e Rio de Janeiro.
terras desde o Cabo S. Thomé até proximida-
des de S. Vicente. Era a tribu dos Tamoios. C^) Vilegagnon ou Villegagnon (escrevia élc
Ainda que falassem dialecto diverso, adoptassem mesmo ora de um ora de outro modo), era hábil
: .

192 Rio de Janeiro

e intrépido Oficial de Marinha. Nasceu em Pro- de Janeiro de 1915, um Marco feito de gra- I
vins (Seine-et-Marne) em 1310, e faleceu perto íiito, e com uma placa de bronze em que se lê I
de NQm,our;-íde Janeiro de 1571. Era So-
a 8 o seguinte:NESTE LOCAL / EM i 1565/FORAM
brinho dede Tlsle Adam, Grão-Mestre
Villier LANÇADOS/POR/ESTACIO DE SÂ/OS PRIMEI- 1
dos Cavaleiros de Rhodes. Cursara a Universi- ROS FUNDAMENTOS / DA CIDADE DE 1
,/

dade de Paris onde foi condiscípulo de Jean SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO. /
|
Calvin. MARCO COMMEMORATIVO- QUE MANDOU | /

ERIGIR! / O / PRIMEIRO CONGRESSO / DE


j
(") A fim de que os colonos das diver- HISTORIA NACIONAL / REUNIDO POR INI- ,|

sas capitanias, reunindo os seus esforços em CIATIVA DO: INSTITUTO HiSTORICOi / E


/ /
\
volta de um poder director, pudessem conter GEOGRAPHICO BRASILEIRO. 7 DE SE-
j
/

os selvagens e malograr qualquer tentativa de TEMBRO DE 1914. |


outras nações européas, João III 'um creara D. Sobre este assunto convém ler a Revista |
Governo Geral do Brasil. O primeiro nomeado do Instituto Histórico, Tomo 80, pag. 527. »

para esse cargo foi Thomé de Sousa que chegou


á Bahia no ano 1549; o segundo foi Duarte (1"^) Ha muita propriedade na denomina- |

da Costa (1553-58); Mem de Sá foi o ter- ção de vermelha dada a esta praia. As suas »

ceiro. areias têm, efectivamente, um colorido diferente |


das areias da Enseada de Botafogo ou de qual- \

Estas afirmações encontram-se nos An- quer outra praia do litoral da bahia; e issoi
(*) j

naes do Rio de Janeiro, MS. da Biblioteca Na- devido ás condições geológicas do local. As areias .

cional, de que o Tomo V da Revista do Instí-


quartzosas provêm da decomposição de um gneiss

ttM.0 Histórico encerra alguns extractos.


muito ferruginoso, e dahi o loxido de ferro
que as tinge de vermelho. Procedentes do mes-
mo gneiss encontram-se nas areias dessa praia,
(-) «Morubixabas^ é ehefe ou cacique de
concorrendo tamíbem para tingi-las, granadas al-
indígenas, e Ararigboia corresponde em Por-
mandinas, e numerosos granulosinhos pretos e
tuguês a «cobra feroz». Sobre Ararigboia veja
opacos de ilmenito de ferro titanado.
Anno Bíographico Brasileiro, do Dr. Joaquim
Manoel de Macedo, volume I, pag. 355.
(15) Este aborígene, Ararigboia, tomou o
nome christão de Martim Afonso; e, em premio
(1") «Confederação dos Tamoios», Canto X. de seu valor, El-Rei de Portugal condecorou-io
Cavaleiro da Ordem de Christo.
(1^) Nos Annaes do Rio de Janeiro, do
Conselheiro Balthasar da Silva Lisboa, e no (16) Dr. J. G. de Magalhães, Visconde
Tomo IV da Rev. do Inst. Hist. vem este dis-
de Araguaya, ^Confederação dos Tamoios. Can-
curso por extenso. to X.

(1-') A Cidade de S. Sebastião do Rio de (!'') Numa sala da Prefeitura Municipal ha


Janeiro foi, pois, creada e fundada em terras da um quadro a oleo, concepção e execução do
Capitania de S. dé que era donatário
Vicente, estimado pintor brasileiro, A. Parreiras, memo-
Martim Affonso de Souza; mas não ò foi em rando os últimos momentos de Estácio de Sá.
nome do Donatário, e sim no de El-Rei. Da
Capitania se desmembrou o termo da Cidade — (i*')
A fortificação chamou-se «Forte de
seis léguas para cada parte— cessando todo o S. Januário» e «Castélo de S. Januário»; o local
poder e jurisdição do Donatário nessa Zona. teve os nomes de «Morro do Descanso», <cMorro
de S. «Morro do Cas-
Sebastião», «Alto da Sé»,
O Primeiro Congresso de Historia Na-
(13) télo».Em 1921-22 estava sendo arrazado; em
cional, convocado pelo Inst. Histórico e Geo- 1922 continuava o arrazamento, devendo ficar
graphico Brasileiro, e reunido no Rio de Ja- no logar do morro uma planície de 213000 jn^-
neiro em 1914, incumbio uma Comissão de mem-
bros do Instituto de assinalar com um Marco (15) Parecendo o Brasil já muito impor-
o logar emi que primeiro se estabeleceu o Fun- tante para que um só homem o dirigisse re-
dador da Cidade do Rio de Janeiro. Baseada solveu a Corte de Lisboa dividi-lo em duas
em estudos feitos, e então renovados, opinou secções: Uma que se estendia desde a Capitania
a Comissão (a meu ver erradamente) pela do Pará até Porto Segurq; outra que se es-
várzea que fica dentro da actual fortaleza de tendia desde Espirito Santo até o extrem./ Sul
S. João, e compreendida entre o miorro «Cara <i.Dom Sebastião, etc... Considerando ea como ,

de Cão» e o penedo base comum^ á «Urca» e \por as terras da costa do Brasil serem tão 1

ao «Pão de Açúcar». Ahi foi lançado, em '20 '


\grandes e ião distantes Jm/nas das outras e aver
Rio de Janeiro

já agora
nelas muytas povoações e esperanças
vador emquanto ia a S. Vicente inspeccionar
de fazerem muytas mais pelo teitfno cm\
se
as minas. Salvador pretendeu acomodar os nni-
diante, não podiam ser ião inteirameníe
gover- mos perdoando aos revoltosos c admitindo o
nadns. ifomo compria per hum só governador,
Governo de Bezerra; mas a Camara, não con-
como tc quinelas ouve, assentei... de mandar tente, depoz por sua vez o seu
eleito, e ficou
doas governadores ás ditas
para partes, hum com o Governo desde 8 de Fevereiro até II
residir na
cidade do Salvador da Capitania da de Abril de 1661 em que benevolamente o
en-
Bahia de todos os Santos, e outro na cidade tregou a João Correa de Sá, filho do Gover-
)de S. Sebastião do Rio de Janeiro...- (Carta nador legal.
Regia de 10 de Dezembro de 1572).
(-') D. Manoel Lobo faleceu no Sul onde
Por iniciativa do Instituto Historie-) e
(-") fôra em nome da Coròa de Portugal fundar a
Geographico Brasileiro, e particular empenho de Coloma do Sacramento para assegurar a pos-
D. Pedro II, esta sepultura foi aberta em 16 sessão portuguesa até a margem esquerda do

de Novembro de 1862; examinaram o seu con- Rio da Prata.

teúdo os professores da Faculdade de Medicina,


Foi este Governador quem remeteu
(-')
Drs. J. R. de Souza Fontes e F. Ferreira de
para Portugal a primeira amostra de ouro des-
Abreu (V. Rcv. do Insf. Hist. e Geographi-
coberto pelos paulistas no sertão de Minas Ge-
co Brasileiro. Tomo 26, pag. 301, e /ornai
raes.
do Connnercio de 17 de Nov. 1S62).
Em 20 de Janeiro de 1922, abandonando os
(- ) Este Governador foi o primeiro que
Ifrades Capuchinhos a igreja que a Prefeitura
*eve o titulo do Capitão General ad\ honorem: c s
desapropriara mediante 900:000-$, por motivo
seus antecessores tinham patente de Capitào-
do arrazamento do morro, foram a Lapide da
Mór.
Sepultura e o Marco da Fundação da Cidade
Durante uma viagem que fez a S. Paulo
transferidos processionalmente
impro- para um
ficou regendo a Capitania Martim Corrêa Vas-
vizado convento na rua Conde do Bomfim,. quan-
ques; durante outra excursão a Minas substi-
do o seu logar, de direito, de\'ia ser no Mu-
tuio-o Francisco de Castro Moraes.
seu Histórico ou no Arquivo Nacional.
(-'^) Ausentando-se D. Fernando para Mi-
(-1) Governava o Rio de Janeiro, pela 2.'
nas, governaram interinamente
o a Capitania
rez, o Capitão Mór Duarte Corrêa Vasqueanes,
Bispo D. Francisco de S. Jeronymo e os
Mes-
e reinava
D. João IV, Rei de Portugal,21.o
tres de Campo Martim Corrêa Vasques e Gre-
e fundador da Dinastia de Bragança, quando, em
gorio de Castre Moraes.
1647, c Brasil foi elevado á categoria de Prin-
cipado. Nesse mesmo anno foi Rio de Janeiro
Antonio de Albuquerque passou a go-
(-)
agraciada com o honroso titulo de LEAL: É
vernar a de S. Paulo e Minas des-
Capitania
interessante o documento:
membrada da do Rio de Janeiro pela Carta
i^Havendo grande amor
respeito ao Regia de 3 de Novembro de 170Q.
e lealdade com que
moradores daos
Cidade de São Sebasíião do Rio de Ja- ('*) A fama
das minas do Brasil e da
neiro me têm servido, e servem em tudo opulência do
de Janeiro excitou ambicio-
Rio
o que se oferece de 'meu serviço, bem sos que invejavam aos portugueses a rica pos-

comum, conservação e defensa do Estado sessão. Surgindo desinteligencias entre as cortes

do Brasil, desejando fazer-lkes mercê muito da França e de Portugal por motivos dinásti-
conforme a boa vontade que lhes tenho, cos e politica espanhola, e sabendo-se quanto

e ao 'que merecem por as razões referidas: estava atrazada e desprevenida a colónia do


ti ouve por bem fazer-lhes mercê que em Brasil, não trepidaram franceses em tentar um
ausência do Governador ou Alcaide-Mór, golpe de audácia sobre esta Cidade. Em 18
daquela praça, faça a Camara da dità de Setembro de 1710 desembarcaram na de-
serta praia de Guaratiba mil homens coman-
Cidade o oficio de Capitão-Mór, e te-
nha as chaves dela; e, outro sim, lhes dados por Jean François Duclerc, e por terra
vieram atacar a Cidade. A população apesar de
faço mercê do titulo de LEAL. O De-
surpreendida ofereceu resistência, e infligio aos
sembargador do Paço faça passar nessa
invasores duro castigo. Duclerc, prisioneir>, foi
! conformidade çs doações e mais despa-
chos necessários. Em Alcantara, a 6 de
mais tarde assassinado em condições misterio-
sas.
Junho de 1647: REh.

(22) Este fôra imposto pelo povo amo- Para vingar essa morte outra expedição se
inado que depuzera Alvarenga, deixado por Sal- organizou em La Rochelle. Vieram 18 navios
194 Rio de Janeiro

com 3.000 homens, sob o comando de Duguay- (51) O que constituía a Coló-
território
Trouin. No dia 12 de Outubro de 1711 trans- nia do Sacramento que constitue hoje a Re-
é o
puzeram a barra do Rio de Janeiro, assaltaram publica Orienta! dei Uruguay.
a liba das Cobras, e inflingiram cruel vexame á
Cidade que, a titulo de resgate, se vio obri- (^-) Monsenhor Pizarro avaliou em 50.144.
gada a pagar 610.000 cruzados, 100 caixas de O Luiz Gonçalves dos Sanctos escreveu: «A
Pe.
açúcar e 200 bois. população desta Cidade nos princípios do ano
Sobre estas invasões muito se tem' escrito, 1808 cliegaria a 6OS0O0 almas, repartidas pe-'
fazendo alguns autores injustiça ao Governador las quatro freguezias: Sé, Candelária, S. José
Francisco de Castro Moraes quando lhe atri- e Santa Rita».
buem fraqueza ou inércia. A Historia desapai-
xonada reconhece o esforço que êle empregou
para defender a Cidade.
(33) DECRETO —
D. João, por graça
de Deus, Príncipe Regente de Portugal, e dos
Algarves d'aquem e d'alem mar, em Africa de
(2-) este Governador quem mandou
Foi Guiné, e da Conquista, Navegação, e Comercie
canalizar aguas do Ric Carioca. Nasce este
as da Ethiopia, Arábia, Pérsia e índia, etc. Faço
rio na Serra da Carioca, maciço central d't Rio saber aos que a presente Carta de Lei virem,
de Janeiro, acima da Estação «Paineiras» da E. que tendo constantemente em Meu Real Animo
F. Corcovado. Ainda hoje o restante de suas os mais vivos desejos de fazer prosperar os
aguas desce Larangeiras. Tinha fama a agua Estados que a Providencia Divina confiou ,ao
do Carioca, única que se bebia em quanto na Meu Soberano Regimen: e dando ao mesmo tem-
Cidade não houve mais de vinte mil habitantes. po a importância devida á vastidão e localidade
v.A fonte de que bebem os vizinfws da Cidnde dos Aleus Domínios na America, á copia e va-
é um. copioso rio chamado Carioca, de puras riedade dos preciosos, elementos de riqueza que
e cristalinas aguas que, depois de penetrarem elles em si contêm, e, outro sim, reconhecendo
os corações de muitas montanhas, se despenha- quanto seja vantajosa aos Meus fieis Vassalos
vam por altos riscos, uma légua distante da Ci- em geral uma perfeita união e identidade entre
dade, onde as iam tomar com algum trabalho; os Meus Reinos de Portug'al e dos Algarves, e
mas aquele Senado, com magnifica fabrica e os Meus Domínios do Brasil, erigindo estes
liberal trouxe para mais perto o rio;
despeza, àquela graduação e categoria politica que pe-
e de próximo o laborioso cuidado do General los sobreditos predicados lhes deve compelir,
Ayres de Saldanha de Albuquerque, que neste e na qual os^ ditos Meus Domínios já foram
tempo com muito acerto governava aquela pro- considerados pelos Plenipotenciários das Poten-
vinda, o trouxe para junto da Cidade com cias que formaram o Congresso de Vienna, as-
maior grandeza e uiiíidade. É fama acreditada sim no Tratado de Aliança concluído aos 8 de
entre os seus naturaes que esta agua faz vozes Abril do corrente ano, como no Tratado final
suaves nos músicos e mimosos carões nas da- do mesmo Congresso: Sou, portanto, servido,
mas», (Rocha Pitta, Hist. da America Portu- e Me Praz Ordenar o seguinte:

guesa, Livro II, § 88).


Presume-se que o nome «Carioca» vem de 1.0 Que desde a publicação desta Carta
kaa-ri-og, palavras tupis que significam corrente de Lei o Estado do Brasil seja elevado á di-
de agua saída do mato. (Conjectura de Lery ou gnidade, preeminência e denominação de Reino
Lerype apoiada por Valle Cabral). do Brasil.
O chafariz que deu o nome ao Largo da 2.0 Que os meus Reinos de Portugal, Al-
Carioca também foi iniciado pelo mesmo Gover- garves e Brasil formem' d'ora em deante um
nador. só e único Reino, debaixo do titulo de Reino •

Unido de Portugal, e do Brasil, e Algarves.


3.0 Que aos Títulos inerentes á Corôa de
(^0) A
obra principal deste Governador foi Portugal, e de que até agora Hei feito uso,
a fortificação da Ilha das Cobras por ordem se substitua em todos os Diplomas, Cartas de
de D. João V. Parece que lhe faltou c. juizo, Lei, Alvarás, Provisões e Actos Públicos o no-
pelo, que o depoiz a .Camiara. Foi apelidado «Onça» vo Titulo de Príncipe Regente, do Reino Unido
pela extravagante justiça que praticava, metendo de Portugal e do Brasil, e Algarves d'aquem
medo a toda a gente. Depois dizia-se, criti- e d'alem mar, em Africa de Guiné, e da Con-
cando qualquer acto de despotismo: «Não es- quista, Navegação e Comercio da Ethiopia, Ará-
tamos mais no tempo do Onçá». Por fim, <tem- bia, Pérsia e índia, etc..- E esta se cum^prirá
po do Onça» passou a designar época remota como nela se contem. Pelo que Mando a uma
e de atrazada civilização. e cutra Mesa do Desembargo do Paço, e da
O Retrato deste cavalheiro ainda se vê na Consciência e Ordens; do Meu Real
Presidente
Sacrflstia da Igreja do Rosario. Erário; Regedores das Casas da Suplicação; Con-
Rio DE Janeiro 195

selho da Minha Real Fazenda; e mais tribunaes No logar


( •) cni qiu- sc acha a Igreja
do Reino-Unido; Governadores e Capitães Oe- da Cruz dos Militares, existia, no ano loll,
ncraes, e mais Governadores do Brasil, e dos um pequeno forti denominado -Santa Cru^ .

Meus Domínios Ultramarinos; e a todos os Mi- mandado construir em 1605 pelo 8." Gover-
nistros da Justiça, e mais pessoas a quem per- nador do Riu de Janeiro. O forte qtic fôra
tencer o conhecimento e execução desta Carta em principio dentro do mar achava-se em l()j:j
tíe Lei, que a cumpr;am e guardemi e façam in- longe dêic, e totalmente arruinado; nessa época
teiramente cumprir, e guardar como nela sc os oficiaes e soldados da guarnição da Cidade
I contem, não obstante quaesqiier Leis, Alvarás, pediram e alcançaram do 0.» Governador li-
Regimentos, Decretos ou Ordens emi contrario; cença para ali edificarem uma capela onde fos-
'
porque todos e todas Hei por derogadas, para sem sepultados. Concluída a capelacm 1028, sob
este eteito somente, como se delas fizesse ex- invocação
a de Santa Vera Cruz>, os oficiacs
pressa e individual menção, ficando aliás sempre soldados
e seus proprietários reuni ram-se em
em vigor. E ao Dr. Thomaz Antonio de Vila- Irmandade religiosa». (Noticia anexa ao COM-
nova Portugal, do Meu Conselho, Desembargador PRíWlISSO da Irmandade. Rio. 1S02).
do Paço, e Chanceler Mór do Brasil, Mando
'
que a faça publicar na Chancelaria, e que dela (•'") O actual cstatlo é rccDiistruç.V) de
se remetam copias a todos os Tribunaes, Ca-
1809 a 1842.
beças de Comarca, e Vilas deste Reino do Bra-
sil publicando-se igualmente na Chancelaria Mór
;

As municipalidades do Brasil, como


(^'')
do Reino de Portugal; remetendo-se também
as municipalidades de Portugal, não
primitivas
as referidas copias ás Estações competentes.;
tiveram todas erigem em um acto do Poder Le-
registando-se em todos os logares onde se cos-
gislativo ou autoridade central, e sim no des-
tumam registar semelhantes Cartas; e guardan-
envolvimento de população em um ponto do
do-se o Original no Real Arquivo, onde se
consequente necessidade admi-
território, e de
guardam Minhas Leis, Alvarás, Regimentos,
as
nistração local». (Cortines Laxe, Regimento das
Cartas e' Ordens deste Reino do Brasil. Dada Camaras Municipaes ).
I
no Palacio do Ric de Janeiro aos dezesseis de
Dezemíbro de mil oitocentos e quinze. O PRÍN-
CIPE. Com guarda. Marquez de Aguiar. ("') <Chamava-se Campo da Cidade toda a

! Sobre este assunto de histórica importância vasta superfície compreendida entre o antigo foss/j

é interessantíssimo o livro Memorias do Reino (rua da vala) e os mangues de S. Diogo (hoje

I do Brasil, do Pe. Luiz Gonçalves dos Sanctos, Cidade Nova). Ainda em 1711 toda esta imensa
vol. pags. 5 a 37.
area era assim designada nas memorias que re-
I
2.0,
latam; a tcmada da Cidade pelos francezes,' apesar
de se achar já por esse tempo' retalhada e edifi-
{"^) Com a reforma constitucional de 12 cada em muitos logares por difereptes chácaras).
de Agosto de 1834 (Acto Addicicnal) ficou a (Haddock Lobo, Tombo, pag. 10).
Cidade do Rio de Janeiro com seu Termo des-
ligado da Província, ora Estado do Rio de
{'!) Vala aberta para escoamento das aguas
Janeiro, constituindo a Côrte ou Município Neu-
i

que derramavam no Largo da Carioca. .A


sc
tro, ora Distrito Federal^ e futuro Estado, quan-
vala desembocava na Prainha. O I." Vice-Rei
i

do a Capital da para o
Republica se mudar
I
mandou cobri-la; mas a vala deu o nome á rua
planalto Central de Goyaz. «Por Decreto de 30
até 1865, ano em que a Municipalidade do
de Dezembro de 1833, o Curato de Santa Cruz,
Rio o substituio por Uruguayana em memoria da
j

i confiscado aos jesuítas fôra anexado á Côrte».


Cidade riograndense do Sul que acabava
(Carlos de Carvalho. O Património Territorial)
de ser desafrontada da opressão de um mau
vizinho.
(3-) Constituição Federal, artigos 2.o, 3.o.

28.0, 30.O, 67.0.


(í-)) Ajuda» extremo S. da actual Ave-
nida Rio e onde existio uma capela
Branco,
da Ajuda, ampliada para Convento
,

Essa Ponta existio com os nomes de


j

('f) de N. S.
I

i «Calabouço» e «Cafôfo», extremo SE do antigo que foi demolido em 1911. «Prainha» extremo
1 Arsenal de Guerra, demolido em 1921 para ce- N. da Avenida Rio Branco, e onde se abre
; der logar Exposição Comemorativa do
á 1." hoje a Praça Mauá.
Centenario da Independência do Brasil. Um kDo Canal para dentro afirmava o Go-
baixio pedregoso contornante dessa Ponta foi vernador, Kficant campos, cir-
muitas roças e

í
coberto pelo aterro então feito para ampliar a cunstancia precisa para a defença da Cidade,
superfície, e lançar 500 metros para Leste a a qual consiste em conservar dentro dela os
Avenida Beira-mar. moradores... sendo necessário recolher vacadas

I
196 Rio de Janeiro

€ outros gados, que tudo se pode alimentar nomeou uma Com. de Recenseamento que verifi-
do Canal para denlro>\ (Carta de Luiz Vahia cou a existência de 235.381 hab.
Monteiro a El- Rei, ení' 7 de Julho de Vi 26), O João Alfredo creou em
M. do Império
1871 a de Estatística, que no ano
Repartição
seguinte recenseou 274.972 hab.
(^3)Em 1757 mandara El-Rei que o Go-
Na Republica, organizada a Repartição Ge-
verno Municipal do Rio de Janeiro tivesse o
ral de Estatística, o M. do Interior Cesário
nome de Senado da Camara». Compunha-se,
Alvim ordenou um recenseamento que apurou
então, do Juiz de Fora como Presidente, 3
522.651 habitantes.
vereadores, 1 Procurador, 1 Escrivão e 2 al-
motacés.
Em 1900, sendo M. do Interior o Dr.
Alfredo Maia, procedeu-se a novo recenseamento
quç apenas achou 431 mil e poucos habitantes,
Assim se chamava o sitio que hoje,
(}^) pelo que foi cancelado.
nivelado, tem o nome de Praça José de Alen-
car. Houve aí uma ponte sobre o rio que tem
tido todas estas denominações: Carioca, Catête,
O recenseamento de 1906, ordenado pelo
Prefeito Passos, deu á Capital da Republica
Caboclas e Laranjeiras.
811.443. hab,, e não foi julgado certo.

(-') Londres tem 1704 km.^ de area to-


(*') Em 1820, segundo os mapas ou rela-
tal; New York 770 km,2; Paris 500 km.-'; Vien-
ções enviados á Policia, existiam na Cidade Q.916
na 178 km. 2.
casas que pagavam' Decima; e mais 147 perten-
centes á Alisericordia, isentas desse Imposto. Em
(*^) Vem a propósito rememorar as esti- 1873 Cidade 23.523 prédios sujei-
contava a
mativas e recenseamentos da população do Rio tos á Decima, 622 isentos, e 82 edifícios pú-
de Janeiro em varias épocas: blicos. Em 1884 havia 41.036 prédios; em 18S9
subiam a 51.026- em 1913 a Estatística Muni-
O
Barão do Rio Branco, na sua Esquísse de cipal acusou 84.375 prédios.
VHisioir'' du Brésil, atribuio á Capitania do
Rio de Janeiro 3850 habitantes, em' 1584.
Em 1830 foi extinto o Senado da
Joaquim Caetano da Silva calculou uma po-
Qimara : e, em com a Lei
seu logar, de acordo
pulação de 12.000 hab. em' 1710.
de 1 de Outubro de 1828, instalada a Camara
Em 1750 Balthazar da Silva Lisboa (An-
Municipal, que, por sua vez, foi extinta em 7
imes do Rio de Janeiro) fez a estimativa de
de Dezembro de 1889 para dar logar ao Con-
25.000 hab.
selho da Intendência Municipal. A Lei de 20 de
Um decénio depois, afirma o Barão do Rio Setembro de 1892 creou o Conselho Deliberativo
Branco na obra citada, a população subira a
Municipal e a Prefeitura.
30.000.
Eni 17Q9, por ordem do Vice-Rei Conde
de Rezende, realizou-se o primeiro recensea- (19) O Decreto de 16 de Junho de 1903
mento íno Brasil, sendo contados 43.376 habitantes divídio o do Distrito Federal
território em
do Rio de Janeiro. 25 distritos numerados, sendo 18 urbanos: l.-^

Eni 1808, segundo calculo de Monsenhor Candelária, Santa Rifa, 3.° Sacramento, 4.'^
2.o

Pizarro, era de 50144 o numero de habitantes S. José, Santo Antonio, 6 ° Santa Tliereza,
5.t'

da Cidade. 7.0 Gloria, S.o Lagoa, 9.° Gávea, 10° SanfAna,


John Luccock, na sua obra atrás referida, 11." Gamboa, 12.° Espirito Santo, 13.o S. Chris-

informa que sob o reinado de D. João VI a tovam, 14.0 Engenho Velho, 15.o Andarahy, 16.^
população do Rio chegou a 70.000. Tijuca, 17.0 Engenho Novo, I8.0 Meyer, e sete

Em 1821 o recenseamento dirigido pelo Ou- suburbanos: 19.o Inliaúma, 20.o Iralâ, 21. o Ja-

vidor da Camara, Joaquim José de Queiroz, carcpfflguá, 22° Campo Grande, 23.o Guaratiba,
apurou 112.695 hab. 24.0 Santa Cruz, 25.° lliias. Por Decreto de 5
Emi 1838 o M. do Império, Bernardo Pereira de Agosto de 1915 foi creado o 26.o distrito,
de Vasconcellos, mandou proceder a novo 'te- Copacabana.
'censeam.ento, e achou 137.078 hab. Outro Decreto de 5 de Janeiro de 1918
Emi 1849 o Cons. Euzebio de Queiroz, por divídio o Distrito Federal em tres zonas: Ur-
intcrmjedio do Dr. R. Haddock Lobo, re- bana,, Suburbana e Rural; sendo a Urbana ainda
J.
censeou 266.466 hab. subdividida em tres sub-zonas. O Jornal do Co-
Em 1856 o Senador Nabuco de Araujo, mercio do dia 6 desse mesimo mez e ano traz
M. da Justiça, por intermédio da Policia, obteve a discriminação dessas zonas e sub-zonas, o que
um' resultado bem inferior: Apenas 188.158. não trasládo para aqui por economia de espaço
EíTií 1870 o M. do Império Paulino de Souza e porque não interessa á descrição.

K
Rio de Janeiro

{'>) A Administração Municipal do Rio de ('«) Em IS de Maio dc IQOJ foi assinado


Janeiro tinha a sua séde, cm 17S0, niim prédio o Decreto que aiitori/ou o Ministro da Fa/cnda
da rua da Misericórdia fronteiro á rua da As- a contratar com N. M. Rothschikl Sons. <le
sembléa ocupava o pavimento superior, que o
; Londres, o empréstimo dc oito c meio milhiV^
inferior de Cadêa Publica. Em 1790 a
servia esterlinos destinados ás obras de mclhorameni .

sua séde era numa casa do Terreiro do Paço do porto desta Capital, c a outras coniplemcn
(hoje Praça 15 de Novembro) canto da rua tares.
do Mercado. Aí sofreu incêndio perdendo todo
o seu Arquivo. Depois funcionou na casa do
Ouvidor, a qual tem hoje o numero Q() da rua
(")TcM em iuMuipui «i nume tic Aviíiid.i
Central, por não terem consenlid» que lhe fos
desse nome. Em ISOS achava-se outra vez no
sem dados os (seus nomes nem o í>residcnto tia Re-
mesmo prédio da rua da Misericórdia, de onde,
publica, nem o Ministro
da Viação; tonuu
afinal, saio ás pressas porque lh'o reclamavam
nome actual em
Março de 1012, data t|..
10 de
para hospedar a comitiva do Principc Regente
falecimtnto do Barão do Rio Branco (filhu ú»
a chegar de Lisboa. Foi, então, para a rua Di-
Visconde do mesmo titulo) que nos últimos de/
reita (hoje l.o de Março), n.o 8. Em 1S09
anos de sua vida exercera com brilho o car^ >

arrendou o Consistório da Igreja do Rosario,


de Ministro do Exterior.
onde esteve ate 1812, ano em que se instalou
no sobrado da rua do Rosario 78. Em 1820
voltou para o Consistoria que fôra reformado. ('^) .\ Inspectoria de Matas, jardins, i,ai,.i

Em 1825 entrou no gozo de edificio próprio e Pesca


tem publicado o seguinte quadro iiu-

na então chamada Praça da Aclamação (hoje logradouros que estão a seu carg.o:
Praça da Republica) entre as ruas S. Pedro
e Sabão (hoje General Camara). Em 1878 dei- Quinta da Boa Vista. 628000 metros qua-
xou esse edificio que estava em' ruinas, e foi drados, excluídos lagos e alamedas.
ocupar outro hoje, também, já desaparecido, na Parque da Praça da Republica. 114 130 m-.
mesma praça, canto aa rua que tem o nome Praça Marechal Deodoro, 122229 m.-.
qe Fr. Caneca. Concluidas as obras da restaura- Avenida Bcira-mar (Botafogo). 6696 m.-.
ção do Paço Municipal, em 1882, para lá vol- .Avenida Beira-mar (Lapa, "Russell e Fla-
tou, até que eni 1896 esse ficou só com a mengo). 16770 m.-.
Prefeitura. O edificio da Prefeitura foi pelo Passeio Publico. f6A\0 m.-.
Prefeito Passos ampliado até a rua

José I^raça Ferreira Viana (Ip^ncma) 16000 m. .

Mauricio, no ano 1905. Praça Sete de Março. 14500 m.-.


Praça 15 dc Novembro. 10600 m.-.
Praça 11 de Junho. 8800 m.-.
C^) Ha umdo Dr. Alvarenga
opúsculo,
Praça Tiradentes. 87'JO m.-.
Fonseca, com
nominal dos cidadãos que
a relação
Praça da Gloria. 7540 m.-'.
exerceram o Gov. Municipal do Rio de Janeiro
Praça Duque de Caxias. 7320 m.-.
desde 1791 a 1897.
Praça Serzedelo Correia. 7030 m.-.
Jardim do Curato de Santa Cruz. 6048 m. '.

(;'-) O Dr. F. P. Passos fôra Engenheiro Jardim do Largo dos Leões. 5430 m.-'.
Chefe de varias estradas de ferro, e por duas Jardim da Lagôa Rotir. de Freitas. 7150 in-.
vezes Director da E. F. Central do Brasil. Jardim do Alto da Boa Vista, 4330 m-.
Jardim da Praça S. Salvador. 2130 m.-.
J;>rdim da Pr. Marechal Floriano (Aven.
(•"•) Por ser a primeira obra do novo Pre- Rio Branco). 164C m.-.'
feito, muitos anos antes projectada por outros
Jardim do Valongo (Camerino) 1530 m. \
e rapidamente executada por êle, qUiz o Povo Alegretes da Aven. 28 de Setembro 1230 m-'.
que se chamasse -«.Avenida Passos >, e assim
Jardim da Pr. da Harmonia 4350 m.-.
ficou. Jardim (io Largo da Carioca '410 m.-.
Jardim do Meyer 13000 m.-.
(*) Foi canalizado pelo Prefeito Passos fraca Saenz Pena 11200 m.-.
na extensão de 2637 metros, desde a sua foz, Jardim entre Campos Salles e Affonso Pen-
no Flamengo, até a rua Senador Octaviano (Cos- na 4410 m.-.
Jardim do Reservatório (Estácio de Sá)
me Velho).
1780 m.-.

('"') Hoje resta um pequeno trecho da an-


Actualmente mais de 80 ruas, e 20
tiga e estreita rua da Prainha, desembocando (
!)

largos, então afastados pelos sistemas


na rua Camerino; a parte alargada tomou o praças e
comprimido;, imaestú e «americano, somando
nome de Rua do Acre.
— '

198 Rio de Janeiro

uma superfície de cerca Se 800 mil metros qua- O Dr. Theodoro Sampaio, em seu livro
drados.Os maiores percursos N. S. e Leste <0 Tupy na Geographia Nacional», acha que a
Oeste podem ser feitos só sobre asfalto. De grafia antiga deste vocábulo seria Guanabara
Gávea ou de Leblon Botafogo,
á Tijuca, por ou Guanabara, composto de dois termos tupis
Gloria, Espirito Santo, Engenho Velho, uma li- Guoná-barâ —
que valem por Guá-nã-para, dado
nha de mais de 20 km., oferece pavimento a abrandamento do p, resultado g-oá=seio, nan
todo asfaltado. semelhante, e para=-ma.r, que; é o sinus similis ma-
ri de outro investigador, Dr. Baptista Caetano.

(^") Cs primeiros automóveis apareceram


no Rio de Janeiro em 1903, e nesse ano não i}^) Notes on Rio de Janeiro, from ISQS.
passaram de seis. No ano seguinte doze. Em fo ISIS by J. Luccok.
1906 sessenta e seis, sendo 35 particulares e
31 dc praça. Em 1907 noventa e nove, in- Hisioire des Relations CommercioJes
cluídos os píímeiros seis de carga. Em 1910 havia
entre la F rance et le Bré.sil. 1839.
um. total de 615 carros automóveis. Em 1911
subio a 11239. Em 1914 foram matriculados 2522,
sendo 2241 de passageiros. Em' 1920 foi de 4415
('^) Journal of a voyage to Brasil and
o numero total de automóveis matriculadi s e ;
residence there, durmg part of the years 1S21,
1822, 1S23.
em 1922 atingio a 5876.

(''') Rio si nasconde in questa baía; s'in-


C-i) Esse Mercado foi em 1922 mudado
sinua nell intrico che fanno qui tutf attorno,
para a Praça Gonçalves Dias, prolongamento^
le collinc, Ic vallate e le montagne, nel disor-
N. O. da rua deste nome. ,

dine geológico il piá fantástico... E la, in qual-


clic pnnto, ove la citta potrebbe affaciarsi o spe-
(^-) Pelo Ministro do Interior, Dr. 'cchiarsi nel marc, essa- é ancora coperta e
J. J.
Seabra, foi nomeado Director Geral de Saúde sparisce a dogni sguardo sotto il mórbido e

Publica o Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz, Me- spesso manto de la vegetazione lussoreggiante
dico e Bacterologista, que se propuzera a livrar che le cresce soprou e la riassorbe nel suo verde
a Cidade da terrível febre amarela, adoptando ciipo. La lucce, che abbagUa nella baia, dl spegne
o mesm.o sistema empregado em Havana. O ora nel falta di questa vegetazione ; sulla citá, su!-

Governo proporcionou-lhe todos os recursos, e dolline, sullc montagne in grandi zone escure e
a obra foi executada com o maior êxito. A Ci- misteriosa di ombre vellutate. (Francesco Bianco.
dade é muito grata á memoria deste Scientista <La Magio di Rio Janeirov. O PAIZ— 16-IX-920).
brasileiro, seu intrépido e infatigável saneador. O romancista italiano Edmundo de Amicís
Em 26 de Agosto de 1922 constituio-se no Bra- assim se exprimio a respeito da baía do Rio
sil a Fundação Oswaldo Cruz) que sob os de Janeiro em artigo publicado em La Let-
auspícios de perpetuo culto á memoria do tura> de Milão, 1889:
grande sabío patrício, pretende objectivar seus
destinos na instituição de obras de assistência,
'Sim. Mantegazza tinha razão quando me
instrução técnica e educação profissional. F seu escreveu Com: sua licença, Rio de Janeiro é mais *.

Presidente o Dr. Salles Guerra; Více-Presídente, belo do que Constantinopla;


Dr. Guilhermie Guinle; Secretario, Dr. Clemen-
< Não c a Cidade que é mais bela : É o
tino Fraga; Tesoureiro, Dr. João Pedroso. O sitio, são as aguas, toda a natureza que a cir-

Vice-Presidente já ofereceu tudo que fôr ne- cunda. Oh! Sem comparação! Todavia, parere-
cessário para sistematizar a campanha contra o me alguma vez sonhado, confusamente, num
ter

Câncer, começando por um terreno da rua Ma- sonho imenso, luminoso e gentil, alguma cousa .

ríz e Barros para construção de um Hospital. de semelhante a essa visão. Não é uma baía
aquilo: É um pequeno mar mediterrâneo recor-
tado de enseadas que se diriam competindo en-
(f^) Guanabara expressão
é hoje poética tre SI na graça das no sorroso das
curvas e
designativa aguas da baía de Rio de Ja-
das margens. E aquelas cem ilhas que ah estão
neiro. Não conhece a origem, nem a si-
se lhe disseminadas são o mais encantador arquipéla-
gnificação. É um vocábulo que se encontrou go do planeta. E
anfiteatro de montanhas
este
na boca dos indígenas, e que uns investigadores que o mais maravilhosa coroa de
rodeia é a
querem que exprima seio de mar (Varnhagen), granito que a natureza jámais preparou para a
outros acham' que se aplicava á margem ociden- capital de um império. Se sobre as obras da
tal, em quanto que Niterói designava a mar- natureza se pudesse exercer a critica, como so-
gem' oriental onde, efectivamente, está assentada bre as obras de um artista, eu diria que nesía
a Cidade desse nome. sua grande obra ela procurou demasiado aberta-
Rio de Janeiro
199

mente, para maravilhar os homens, a novidade e o Brasil, em IS li. a Imperatriz I). Thcro/.i
os contrastes da beleza». Christina.
Emi S dc Dezembro de 1876 toinou o nome
Para
(^^) determinar com precisão a de Escola Naval. Em 18S3 instaluu-se na Ilha
hora legal na baía de Guanabara a Superin- das Enxadas que o Governo, cm IS()Q, compr.ir.i
tendência de Navegação faz diariamente um si- por l. l3G:0O0s. Em 1SQ<) ane\ou-se-lhc a Lsa)la
nal lummoso, ás 12 horas precisas, pela queima de Maquinistas. Em 101 J foi a Escola Naval
de uma carga de magnésio no interior da torre para Enseada Baptista das Neves, perto d«;
a

central do edifício da Ilha Fiscal, no momento Angra dos Reis, ocupando a ilha uma Esoh
de ser bruscamente arriado o galhardete azul de Grumetes. Em 1921 a Escola Naval regres-
e ibranco que é cinco minutos antes içado n-. sou á Ilha das Enxadas, e a Escola de Gru-
mastro NO da m.esma torre. metes foi para Baptista das Neves.
Quando por qualquer motivo falha c sin.-il
luminoso, horas precisas, o galhardete
ás 12 ("') Esta não pertence ao Distrito í-edernl;
volta ao tope fim de ser bruscamente arriado
a faz, como outras muitas, parte do território do
10 minutos exactos depois de 12 horas, ao re- Estado do Rio de Janeiro.
lâmpago da queima de outra carga de nnagnesio.
Este serviço foi interrompido durante a Ex- ("-) O Recensamento dc 1920 encontrou
posição porque a Superintendência de Navegação nas ilh.Ts da Guanabara 13.033 hab.
saio da Ilha.

(•') Mais notáveis são, de Leste para Oes-


«Devido ao arrazamento do M^rr3 do
(6") te: Guaxindiba, com um curso de 12 km.; Ma-
Castello o posto semaphorico de temporaes c cacú, com 70 k. de curso; Guapi, com 10 km.:
previsões diárias, outr'ora no antigo Ooserva- Magé, com 18 km.; Iriri, com 48 km.; o Mi-
torio, foi transferido para a Ilha das Cobras. riti, que limita o Distrito Federal com o Estado

Os signaes sãofeitos da mesma armação me- do Rio de Janeiro, tem^ um curso, dc 25. 500 km..
tálica que hoje se encontra localisada sabre a
torre de menagem do edifício do Batalhão Na- ('') Esta soma não foi somente despen-
val, visível de todos os ancoradouros habituaes dida no Caes, mas, também, nas avenidas que
do nosso porto. lhe são complementares como vias de comuni-
Foi igualmente inaugurado outro posto idên- cação.
tico, dentro do recinto do forte de Copacabana,
que servira á população daquelle bairro, aos ("-') Com as modificações que a experiên-
banhistas, e ás pequenas embarcações em geral. cia aconselhou, e novas necessidades impuzerani,
essa Comissão transformou-sc em 1912 na actual
Inspectoria Federal de Portos Rios c Canaes.
A Academia
de Marinha veio com a
cujo Regulamento, de 31 de Dezembro
ultimo
Família Real Portuguesa de Lisboa para Rio
de 1921, se acha no r)i(irio Oficia! de 27-IV-22.
de Janeiro em a nau Conde Henrique. Depois
que foi promulgada a Constituição Portuguesa
ipassou a denomínar-se Academia Nacional e Real
(•<) No exterior desse cubo de granito que
de Marinha ou dos Guardas-Marinha. Procla- encerra documentos e moedas comemorativas, ha

mada a Independência do Brasil foi o titulo


uma grande placa dc bronze com a seguinte le-
modificado para imperial. Tinha sua sede nas genda: Inauguração das Obras do Porto do Rio
hospedarias dos religiosos Beneditinos. de Janeiro em l.» de Maio de 1905, sendo
Em' 15 de Novembro de 1831 foi reunida á Presidente da Rcpiihlica o Dr. hranrísco de
.

Academia Militar que funcionava na Escola Po- Paulo Rodrigues Atves^ c Ministro da Indus-
tria, Viação e Obras Publicas o Major de En-
lytecnica, e aí esteve por 2 annos, voltando
genheiros Lauro hcveriano Muller.
para S. Bento até 1839 em que passou para
bordo da náu Pedro II, construída em 1830 no
Arsenal da Bahia. () Servem quatro pelo menos a cada ar-
Em 1849 a Academia passou-se para o pré- mazém, que, internamente, c servido por outros
dio que depois foi Liceu Literário Português, guindastes. Os da beira do caes são de capa-
cidade para uma e meia, tres e cinco toneladas.
e que, de outro proprietário, ainda se ostenta
Os internos são 158 eléctricos, para tonelada
na Praça Mauá.
e meia cada um, e tres de vapor, para
lOtonc-
Em 185S o Governo reorganizou-a, e deu-
Ihe o nomíê de Escola de Marinha, que em Ju- ladas e para 20 toneladas cada um.

nho de 1867 foi transferida para bordo da


Tomou o ncme dc Mauá esta praça
fragata Constituição. Este navio, construído em (-)
desde que na embocadura da Avenida, se
182Ó, em Nev, York, conduzira da Europa para
aí,
200 Rio de Janeiro

levantou, sobre uma coluna dórica de granito, Caixa de Amortização, o Club Militar, o Club
o vulto em bronze do cidadão Irineu Evange- Naval, a Policlínica Geral e o Teatro Muni-
lista de Souza (1813-89) primeiro Barão e de- cipal.
pois Visconde de Mauá, industrial notabillissimo,
de rara capacidade empreendedora. O Brasil de-
{^^) Ê uma das associações mais prosperas^
ve-lhe, entre outras iniciativas, a sua primeira
do Rio de Janeiro. Fundada em- 1881, ano em
estrada de de Mauá», ligando
ferro: «E. F.
que não conseguio mais de 371 sócios, ccnti
a Côrte a Petrópolis. Saíam barcas dali, de
hoje cerca de 20 mil. No «Rio de Janeirj^ que
perto do logar onde se acha a estatua, para o
escreviaem 1904 e a Prefeitura publicou em
porto da Mauá, no interior da baía, litoral do
1905 ocorre uma estatística de associações que
Estado do Rio, e lá, então, comteçava a Es-
mostra bem a importância da Associação dos
trada que subia a Serra, vterminando em Pe-
Empregados no Comercio do Ric de Janeiro.
trópolis. Hoje essa linha pertence á E. F. Leo-
poldina, que tem a estação inicial na rua Fi-
gueira de Mello. (^-) O Lyceu é creação da Sociedade Pro-
A este mesmo brasileiro, Visconde de Mauá, pagadora das Belas Artes, e mantém, para am-
deve o Brasil a primeira instalação do Ca.bo bos os sexos, gratuitamente, cursos artístico, co-
telegráfico Submarino para comunicações com a mercial e técnico profissional, dispondo de ofi-

Europa. dnas e de uma biblioteca franca ao publico.


Os professores são gratuitos; os mestres de
oficina recebem uma pequena gratificação.
('^) A Comissão compunha-se dos seguin-
tes Engenheiros: J. Valentim Dunham, Gabriel
Diniz junqueira, L. Le Cocq* de Oliveira, H.
p*"") Ro Rio de Janeiro lia ensino oíiciaí de

Couto Clemente Gomes, M. da


Fernandes,
J.
Belas Artes desde 1816. O Jornal do Coit:e'-cio

Silva Oliveira, E. Dodsworth, M. Ricardo Gal-


de 13 de Agosto de 1916 condensa muita ndticía

vão, Ode Avillez Barrão, J. F. de Lacerda dispersa da Historia das Beías Artes no BrasTl;
ia a Revista do. Instituto Histórico, tomos '74 e 78,
Coutinho, M. Fialho de Valladares, J. F. Pes-
tana, A. de Britto Belfort Roxo, M. Bacellar,
encerra matéria interessantíssima a respeito.

J. Vieira Ferro, Jayme L. do Couto, C. L.


Moreira Alachado, Euwaldo Nina, J. de Mattos (^') Á direita e á esquerda de quem se
Travassos Filho, Armando Delamare, P. Dutra acha no vestíbulo da Biblioteca Nacional, vêem-
de Carvalho Filho e Ed. Morpurgo. se duas placas de bronze com os seguintes di-
zeres :

(^^) A extensão total é de 2000 metros, con-


«Lançamento da pedra fundamental fí 15
tando com as praças formadas nos seus; extremos;
de Agosto de 1905. Sendo Presidente da Re-
mais longa, portanto, do que a famosa Avenue
publica, o E.x.nto Snr. Dr. Francisco de Pauin
des Champs Elysées, de Paris, que tem 1900
Rodrigues Alves, e Ministro da Justiça e Ne-
metros.
gocias intcriora o Dr. José Joaquim Seabra.
Projecto do General Francisco'' Marcelino de Souza
Em 1910, com a creação do Minis-
(^') Aguiar. Consfução iniciada por este " termi-
térioda Agricultura, Industria e Comercio, esse nada em Outubro de 1909 pelo C.el N. A.
passou a chamar-se da Viação e Obras Pu- Moniz Freire, Au.xiliado pelo 1.° T.te Alberto
blicas. de Faria.y>
«Inauguração a 29 de Outubro de 1910, sen-
Decreto do Prefeito Passos, dando no- do Presidente da Republica o E.x.nto Sr. Dr. Nilo
vo Regulamenlo para a construção, acréscimos Peçanha e Ministro da Justiça e Negócios Inte- \

e consertos de prédios. riores o Dr. Esmeraldino Oíympío de Torres . \

Bandeira. .Edifício construído e inaugurado na-


Administração do Dr. Manoel Cicero Peregrino
(^^) PoGe-bC afirmar que a abertura da
da Silva, Director da Biblioteca».
Avemcla importou em 4t).4l9:904-'5!600, assim dis-
criminados: Desapropriações 31.549:984$; indeni- No vol. 19 áoi Anaes da^ Biblioteca Nacional, ;

zações por mudanças "1.636:442-'?; despeza com pag. 219, ha um histórico escrito por um de i

escrituras, etc. 318:241-'^ ; tolha do pessoa* seus Directores, o Dr. Alexandre Teixeira ae
J. ;

3.721:864$: conta's de material 3.723]247S. O Mello. No meu livro ORio de Janeiro em 1900
matenai venaiuo das demolições produzib . . . ha, também uma noticia desenvolvida que, aliás,
529:874?; e oficializaram-se os terrenos em que ainda se não refere à moderna instalação. In-

foram construídos o Pavilhão Monroe, a Bi- teressante é, ainda, o que a respeito da Bi- j

blioteca Nacional, a Escola de Belas Artes, a blioteca da Corôa e do Infantado se lê no. [I


Rio de Janeiro 201

vol. I, pag. 308-311 do livro Memorias p>ini ("•') t interessante o que sob o titulo -C.i
servir á Historia do Reino do lira^il. poli Pr pela Imperial) escreveu o Dr. Moreira de Kik
Luiz Gonçalves dos Sanctos. vedo no I.o vol. do seu Rio de Janeiro; c
Monsenhor Pizarro no tomo VI ilas Mnnori.a
Hisioricas.
Esta data é a do ofcrccinioni.) r mau-
giiração do obeliscu um ano depois de inaugu-
'')
rada a Avenida, c quando não liavia mais terre- I lv'i;ein lie-i vii n i mii.i luiiiu.i snixc
esta igreja tambcTi a encontrará nas mcsm.i^
nos disponíveis.
obras supra ci^ddas.

(^') Floriano Peixoto nasceu a ,30 de Abril


(') .\ ;edrcira de onde sc extraio esti
de 1839, no tstado das Alagoas; foi educado
granito lorno'. o nome de Pedreira da Cand»
no Rio de Janeiro: assentou praça a 1 de AAaio
laria, nome que por muitos anos se estendeu ru .i 1

de 1857, matriculando-se, depois., na Escola Mi-


mais tarde alinhada pela sua frente, e qui' hon
litar.Em era Cabo; em 1863 Alferes; em
1861
se chama Hento Lisboa.
1865 seguio como Capitão para o Pariguay
de onde voltou, em 1870, promovid;) a Tcncnte-
coronei do Estado Maior de Artilharia. Foi con- Assim é denominada esta rua, desde
("'•)

decorado com todas as ordens honorificas do 1780, ano em que nela rcsidio o Dr. Framisco
Império, e com muitas medalhas de Campanha. Berquó da Silveira que exerceu com dislinç.ri
Em' 1872 bacharelcu-se em Sciencias Físicas e as funções de Ouvidor, cargo de Maj^istratura

Matemáticas. Coronel em 1874; Brigadeiro em ir.orou no prédio que hoje, reformado, tem n

1883. Era Ajudante General do Exercito em numero 96, e que depois foi adquirido cijx-
1889, quando se proclamou a Republica. O Con- cialmente para residência dos Ouvidores. Antes
tivera esta rua o nome de Aleixo Manoel, um
gresso Constituinte elegeu-o, em 1891, Vicc-Pre-
sidente da Republica, açoreano, terceirense, que se notabilizou por seus
vindo a exercer a Pre-
sidência, pela renuncia do Marechal Deodoro, de bens e virtudes; o Pe. Pedro Homan da Costa,
1892 a 189-1. Faleceu a 29 de Junho de 1895.
por seu grande prestigio, também lhe deu o
nome algum tempo.

(^'^) Publicado, no dia da inauguraçiio deste


•)
( O Jornal do Comercio está na esquina
monumento ha um opúsculo do C.el (hoje Ge- da rua do Ouvidor com a Avenida Rio Branco;
neral) Gomes de Castro, revelando-lhe comple-
a Gazeta de Noticias sob o n." 104; a A
tamente a simbologia. Noticia sob o n." 153; o Rio Jornal sob o n.'
162; a Empresa que publica o Tico-Tico,o Ma-
lho, a Lcitiirn para Todos e A Ilustração está
(•'1) Cidade foi o seu nnmeiro
«Rocio da
nome: depois da Polé»; «Lar^go do
«Terreiro
no prédio 161 da mesma rua.

Carm.o» até 17-13. Depois Terreiro do Paço


dos Governadores» e Largo do Paço». ('") Jose Bonifacio nasceu em Santos, a
Em 1870 o Senado da Camara distinguio-o 13 de Junho de 1763. Estudou e bacharelou-se
chamando-o Praça D. Pedro II. Em 18S9 a em Coimbra. Viajou pela Europa desenvolvendo
Camara Municipal deu-lhe a denominarão de seus conhecimentos scientificos c especializando .

Praça 15 de Novembro. se em Mineralogia, matéria de que foi depois


Professor na mesma Universidade que frequen-
tara como aluno. Regressando ao Brasil, o seu
Manoel Luiz Osorio nasceu no Estado tornaram-no influencia pres-
saber e patriotismo
do Rio Grande do Sul a 10 de A\aio de 180S. tigiosa nos negócios públicos, e Tutor do D.
Escolheu a carreira das armas, e distinguio-se na sua menoridade. Faleceu a 6 de
Pedro II,
por intrépido e de elevada inteligência. Foi De-
Abril de 1838.
putado, Senador, Ministro de Estado. Durcnfe
a guerra que o Brasil sustentou contra o Di-
suas
(9») o .Manifesto ás Nações» foi dirigido
tador do Paraguay (1865-70) celebrizou as
por D
Pedro aos governos amigos, em 5
I

qualidades de patriota e de militar. Quando dei-


de Agosto de 1822. Veja Abreu e Lima, His-
xou de existir, em. 4 de Outubro de 18^9, era
toria do Hraúl, 2." vol. pag. 88.
Marechal do Exercito, e havia recebido gradua-
ções hierárquicas desde Barão até Marquez do
Herval. O seu corpo embalsamado permaneceu (100) No terreno em que está o edifici-»
no Asilo dos Inválidos da Patria até 21 de do Gabinete havia umas casas pequenas. Numa
trasladado para a delas nasceu o grande jornalista repuhli.rin rm i

Julho de 1892, dia em que foi


1839. Quintino de Souza Bocayuva.
cripta do monumento.
202 Rio de Janeiro

(101) o
Tesouro Nacional compreende Di- sua obra O Rio de Janeiro, vol. 2.o, pag. 139;
rectoria Geral,Contadoria Central da Republica, e Dr. Escragnole Doria, no Jornal do Comercio
Directorias da Receita da^ Despeza, de Contabi- de 13 de Fev. 1920.
lidade e do Património: Gabinete do Consultor
da Fazenda.
(106) D. Pedro, filho de D. João VI-, nas-
O Regulamento para os servigos da Admi- ceu em' Lisboa a 12 de Outubro de 1798; veio
nistração Geral da Fazenda Nacional foi pu-
com' seu pae para o Rio de Janeiro em 1808,
blicado no Diário Oficial de 31 de Dezembro
e aqui ficou, em 1S2Í, como Regente, quando
de 1921.
D. João regressou a Lisboa. Em 1822 procla-
No Jornal do Comercio de 28 de Junho mou o Brasil nação independente,
e foi Im-
de 1908 ha sobre esta Repartição Publica uma
perador constitucional. Em 1826, aclamado Rei
'

larga e interessante noticia.


de PortugaL por morte de seu pae, abdicou a
Coroa em sua filha, D. Maria, de 7 anos; e
(1°-) Este Arquitecto, bem como òs ir- entregou a Regência do Reino a seu irmão, D.
mãos Ferrez, Escultor Gravador, e os Taunay,e Miguel, que destinava para consorte da futura
Escultor e Pintor; Dehret, Pintor; Pradier, Gra- Rainha. D. Miguel, entretanto, de posse do Tro-
vador: e outros artistas vieram de França, de- — no de Portugal, fizera-se absolutista. D. Pedro
pois da queda de Napoleão, contratados espe- I, tendo razões, em 1831, para abdicar em seu
cialmente por ordem do Príncipe D. Joãc para filho, também D. Pedro, de 6 anos, partío do Brasil
fundarem no Rio de Janeiro uma Academfa de e, á de um pequeno exercito que de
frente
Belas Artes. passagem organizou na Ilha Terceira, desembar-
Sobre Belas-Artes leiam-se noticias históri- cou, e fortificou-se no Porto, lutou por um ano
cas interessantes relativamente ao Rio de Ja- nessa Cidade até derrotar as forças do usur-
neiro, na Revista do Instituto Histórico Tomo, 111, pador, restabelecer a Constituição, e, com ela,
pag. 547; e a pag. 777 do ultimo dos cinco a autoridade da Rainha. Esta, declarada maior
tomos que em 1914 o Instituto consagrou ao pelas Cortes, principiou a reinar com o nome
Congresso de Historia Nacional. Também, os de D. Mana II, em' 20 de Setembro de 1834,
tomos 74 e 78 da mesma Revista. quatro dias antes da morte de seu pae, o espi-
rito liberal que dera Constituição a dois paizes.
(íosj Esta rua foi rasgada desde o hemi- No 2.0 vol., pag. 7, d'0 Rio de Janeiro do
ciclo que se abre em frente ao Ministério da Pr. 'Moreira de Azevedo;., e no Jornal do Comercio
Fazenda até á rua Luiz de Camões (antiga Lam- de 30 de Março de 1910, ha completo histó-
padosa) em' 1839; e daí prolongada até a Praça rico e descrição perfeita deste monumento, e
Tiradentes (então Largo do Rocio) em^ 1846, narrativa da sua inauguração.
recebendo nessa época o nomte de Leoprldina,
substituído em.' 1891 pelo de Barbara de Alva- (!''')João Caetano ha um interes-
Sobre
renga, e restabelecido em' 1922.
do Dr. Escragnole Doria, no Jor-
sante escrito
nal do Comercio de 24 de Agosto de 1916.
(1'^^) Chamou-se por muitos anos «Largo
do Rocio», depois «Praça da .Constituição». A (108) Vem a propósito recordar a extensão
Republica denominou-a «Tiradentes» por estar com- de outras praças Marcos (em Ve-
notáveis: S.
preendida num dos quatro campos de fóra da neza) 12000 m.2; Traf algar (em Londres) 20000
Cidade, o «Campo da Lampadosa», onde, em 21 m.2; Concoixiia (em Paris) 89000 m.-; Campo
de Abril de 1 792, foi supliciado, por haver de Marte (na mesma Capital) 112000 m.^,
tomado parte numa conspiração republicana, o
Alferes de Milícias Joaquim José da Silva Xa-
(io9y
Acta da colocação da pedra funda-
vier, apelidado «Tiradentes».
mental da construção do edifício da Praça da
Republica, onde vão ser instalados o Hospital de
(^•^'') Este Teatro tem menção na historia Pronto Socorro, as Inspectoria Técnicas e o^ Posto
politica do Brasil: Do
que se lhe abre terraço Medico-Cinirgíco de Urgência do Departamento
na frontaria, á altura do 1.° andar, foi lido Municipal de Assistência Publica:
pelo Príncipe D, Pedro (depois l.o Imperador) «Aos sete dias do mez de Setembro de .mil
em 26 de Fevereiro de 1821, o Decreto em íiovecentos e vinte e um, sendo Prefeito, o Exmo".
que D. João VI tranquilizava os seus vassalos Sr. Dr. Carlos Sampaio e Director Geral do
com a segurança de que compreenderia o Bra- Departamento Municipal de Assistência Publica
sil a Constituição que para Portugal fosse vo- o Exmo Sr. Dr. Luiz Pedro Barbosa, na pre-
tada. sença dos mesmos e dos Srs. Dr. José Dias Cu-
Sobre o Teatro S. Pedro é interessante o pertino Durão, Director Geral de Obras e Vía,-
que publicaram o Dr. Moreira de Azevedo em ção; Inspectores Técnicos, Drs. Adalberto Fer-
:

Rio DE Janeiro 203

reira da Silva, Oscar Godoy c


José Jaime de 2000 m.-\ A fronfaria c decorada no l.o
Almeida Pires; Chefes dos Postos de Pronto pavi-
mento com pilares e colunas de granito
Socorro, Drs. Rodolpho Abreu Filho e Augusto d.i Or
dem Dórica, e no 2.o com pilares e colunaíri
iVlacedo Costallat; Chefe dos Serviços de En-
da OrdemJónica, terminando jhk um ontabla-
genharia Sanitária do Departamento Nacional de
mento da mesma Ordem. Ai trabalham iOO
Sande Publica, Dr. Domingos Cunha; médicos do operários e funcionários diversos.
Departamento Municipal de Assistência Puolica;
auxiliares-acadeniicos, pessoal superior e subal- Somente a face principal foi rccons-
("-)
terno demais pessoas abaixo assinadas, foi
e
ruída
t nesse ano: V. /orna! do Comercio de 24
colocada á Praça da Republica, entre os ns. Q7
de Maio de 1000. A face voltada para o Pocn);-
e 111, a pedra fundamental &j edifício t|iie,
foi reconstniidn em 101<)-20.
com os demais já existentes, em qíie funcionam
o Posto Central de Assistência e a Superinten- ("') Não pode o Autor passar pela Prav.i
dência dos Serviços de Limpeza Publica c Par-
da Republica, e Campo de SanfAnna, sem fa/er
ticular, completará a sede em que vão funcionar
referencia, ainda que breve, ao Teatro Lírico
os serviços acima declarados, do Departament )
Fluminense que ali, no incio do campo e-itcve,
Municipal de Assistência Publica. Desta ceremo-
como Provisório durante 23 anos.
nia fcijavrada a presente Acta, em duas vias,
Inaiigurou-se -- com a Augusta presen^i líc
uma dos quaes foi encerrada, com os jornais do Suas Magestades Impcriaes — cm 25 de Març-)
dia e moedas coirentes, em uma caixa aberta de 1852, cantando a opera MncbrI/r os artistas
na própria pedra angular do edifício, á esquerd.i Zecchuii e Bertolini, e Di Lauro, Capurri, Si-
de quem olha para o mesmo, devendo ser a cure, Mosquesi e Tati.
outra remetida ao Arquivo Municipal». O Jornal dc Comercio de 20 de Março tle
1852 fez a critica do espectáculo, e assim tra-
(1") O edifício do Senado tem sua his- tou do edifício:
toria que se encontia no l.o vol. da obra do
Dr. Moreira de Azevedo. Resume-se no se-
O teatro é uma obra provisória. É possível
guiete que, como todas as cousas provisórias, durr tanto
como os permanentes. É vasto, arejado c bem
Em1810 foi nomeado Governador da Baía distribuído. Seu.' corredores são espaçosos, e

D. Marcos de Noronha e Brito, 8.o Conde dos largo o intervalo entre as cadeiras da plaíéa.
Arcos, que fôra 7.o e ultimo Vice-Rei no Rio Os 124 camarotes de suas 4 ordens oferecem

de Janefro. Tendo sido grande promotor de me- largueza «uficiente para quatro pessoas se sen-

Ihorameníos, pois aònra estradas e canaes, fa- tarem de frente.

vorecera industrias, fundara uma tipografia, uma O teatro nada tem tie rico; t'i(|'i. porém,
bibliotéca, um teatro, e construirá o Passeio Pu- é arejado e vistoso.
blico ainda hoje existente, o Comercio da Baía O tecto está coberto Je medailiuo qnc- o
deliberou significar-lhc a sua gratidão. O Conde enfeitam sem lhe dar realce: Representam —
Auber, Bellini, Taglioní, Bibiene, Verdi, Doni-
viera para o em ISIS para assumir o cargo
Rio
de zetti, Schiller, Cataloní, Serxandoni e Meyerbeer.
Ministro da Marinha. Por ordem dos Co-
Fóra desse circulo, isolado, e entre palmas e
merciantes bahianos foi adquirida uma das gran-
des chácaras desta Cidade —
a que pertencia
louros, apparece Rossini — como príncipe cie

todas essas ilustrações».


a .A.nac!eto Elias da Fonseca, e que ia da então
chamada Praça da Aclamação á rua das Flores, Custavam apenas 1-^600, por assinatura, as
hoje SanfAnna. Veio da Bahia o material neces- cadeiras neste teatro que foi demolido em 187 3
sário para se levantar o palacete na esquina da quando começaram as obras do parque.
rua do Areal. Aí residio o Conde até seu re'-
gresso a Portuga!, com D. João VI, em 1821. (111) Por extensão chama-se ^mangue > a to-
O Império, em 25 de Out. de 1824, decretou do o alagadiço em que vegeta o Mangue, tia-
a desapropriação do palacete por 44:568*, com- genia Sitida, da família das Myrtaceas.
preendida toda a chácara e a casa do primitivo
proprietário. Nesse palacete se celebrou a pri- (11'-) I^cde-sc indicar hoje como centr-j
meira sessão do Senado do Império, em 1S26.
da Lagoa da Sentinela espaço da rua Fr. Caneca
entre a? ruas SanfAnna e General Caldwell.
(111) A
Casa da Moeda do Rio de Janeiro Cornam, para ela aguas do Morro do Scnad >.

foi creada pelo Decreto de 23 de Janeiro de hoje arrazado, e do Morro de Paula Mattos: e
comunicava-se coní r Mangue, a N. O..
1697; depois de andar por vários edificics, in-
clusive a Casa dos Governadores, estabeljceu-
intere5>ante o que a respeito Jo
se no Tesouro até 1868, ano em' que se instalou fc

definitivamente onde está. Ocupa uma arei de Canal do Mangue se lê no livro O Rio de la-
204 Rio de Janeiro

miro, do Dr. Moreira de Azevedo, 2.° volume, tomo XXXVIII. O Archivo do Distrito Federai \
pagina no Jornal do Comercio de 17
343; e também publicou algo curioso do inventario a j

de Junho de 1905 Discurso do Dr. Alfredo — que se procedeu depois do confisco dos bens ^

Lisboa, no Club de Engenharia. dos jesuítas. ;

O Mangue alastrava-se por uma área (i^'-')


Em 1921 a Prefeitura do Distrito Fe-
de 2.20C.000 m.^ hoje cruzada pelas ruas Fr. deral da Republicamandou publicar editaes aqui,
Caneca, SanfAnna, S, Leopoldo, Marquez de Pom- em Nova-York, Chicago, San Francisco, Londres,
bal, General Pedra, Senador Euzebio, Visconde Antuérpia, Pari/,, Berlim, Cologne, Lubbeck, Bre-
de Itaúna e outras muitas ruas e travessas. fnen e Hamburgo para a construção de um Ma-
tadouro Modelo, e respectivos frigoríficos, or-
Também é 'merecedor de leitura o Ca- ganização, fornecimento e instalação dos trans-

pitulo «Fabrica do Gaz. , a pag. 327 do 2.3 portes necessários para a distribuição de carnes
\'ol. da obra do Dr. Moreira de Azevedo. e sub-produtos, segundo as exigências de um;:
grande capita!.
A Concorrência esteve aberta desde Fe^'e-
(11-) No Guia da
Estrada de Ferro Centra!
reiro até 15 de Maio.
do Brasil, do Engenheiro Civil V. A. de Paula
Houve propostas, mas não satisfaziam as
Pessoa, vol. I, pag. 50, encontram-se as datas
condições do Edital.
inauguraes das primeiras estradas de ferro em
diversos paizes vendo-se que o Brasil figura
j^Iq
no numero das que mais
nações cedo introdu-
f^jo de Janeiro, em todo o
e

ziram tão util melhoramento. Brasil, chama-se bonde ao veículo que nos du-
tros paizes tem o nome de tramway, tramvia e
«carro americano:;. A razão é a seguinte:
As estações da E. F. C. B. na linha
(1-°)
Em
1868 foi levantado na Praça do Rio de
do Subúrbio são: Lauro Muller, a 1920 metros
Janeiro um Empréstimo, segundo o método in-
da estação inicial; S. Chrisíovão, 3226 m.; Man-
glês: bond pagável em ouro. Naturalmente, só
gueira, 4842 m. S. Francisco Xavier, 5809 m.;
;

possuíam bonds os hom.ens ricos que tinham em-


Rocha, 63S6 m. Riachuelo, 7055 m.
: Sampaio,
prestado dinheiro. Nesse mesmo ano aparece-
;

7660 m.; Engenho Novo, 8518 m.; Meyer 9365


ram' no Rio de Janeiro os primeiros carros ame-
m. Todos os Santos, 10237 m.; Engenho, dc
;

ricanos; e a Cccmpanhia que os estabelecera emi-


Dentro, 11331 ni. Encantado, 12065 m.; Pie-
;
tio como de passagem uns rectângulos
bilhetes
dade, 13030 m.; O. Bocayuva, 14242 m. Cas- ;

de que se assemelhavam aos bonds das


papel
cadura, 15344 m.; Madureira, 16564 m.; D.
apólices do Empréstimo. Então, a gente de bom
Clara, 17224 m.; Rio das Pedras, 19000 metros.
humor começou a chamar bonds aos papelinhos
de que se munia para \iajar no carro sobre
(1-1) As estações da E. F. Rio dei Ouro em
trilhos; e o gracejo foi se generalizando. Quem
Inhaúma são Vargem Grande, Botafogo e Mato
tinha de passagem nos carros america-
bilhetes
Alto.
nos dizia, mostrando-os: «Eu tenho bond)-. Eu
As estações da «Leopoldina Raihvay» em
ando de bond». Eu vou de bond-i>; e como esta
IhhaÚTna são Amorim, Bonísucesso, Ramos e Ola-
palavra, mesmo, era mais fácil de pronunciar do
ria.
que trciniv;ay, e mais curta do que -carro ameri-
cano;, foi se tornando preferida, e rapidamente
(1--) As estações da Estrada de Ferro Cen- se deslocou do bilhete para o veículo. Hoje
tral do Brasil em Irajá são Madureira, Deodoro está aportuguesada: Bonde.
e Rio das Pedras. As estações da E. F. Rio
do Ouro são Vicente de Carvalho, Irajá, Co- (!-) A primeira linha de tramways no Rio
légios, Areal e Pàvuna. As estações da Leopol- '

de Janeiro foi inaugurada apenas cinco anos de-


poldma Raihvay)' são PenJia Cordovil e Vigário pois de inaugurada a primeira linha de //-«/«ira
Geral.
de Berlim a Chariottenbourg e cinco anos antes ;

de se inaugurar em Paris a primeira liriha desse


É depois de passar Deodoro que a E.
i}-^) sistema de viação, entre Praça da Concórdia e
F. C. seguindo a linha tronco, transpõe
B., Sèvres.
— no kilometro 28, 500 o limSte do Dis- —
trito Federal com o Estado Fluminense. A The Rio dc Janeiro Tramway Lighf
C- Power Company Ltd. adquirio com a Compa-
(1--) Interessantes noticias sobre a Fazenda nhia Ferro Carril S Christovão a E. F. da
de Santa Cruz encontram-se na Revista do Ins- Tijuca que a esta pertencia desde 1903, e su-

tituto Histórico e Geographico Brasileiro, tomo bstituiu-a pelos cómodos bondes que vão até
V, pag. 154; e na pag. 165 da 2.^ parte do o Alto da Boa Vista. Depois adquirio também

'
-

I y iV'ni-¥iiitfrlAitfiiiSrilfiiíàtf^^ li
Rio i)h Janeiro
205

,'1 E. F. Corcovado cuja tracção a v^por sii- " Fornecer aos engenheiros, civis ou mi-
bstituio pela eléctrica. E, porque, com c fim litares, que tiverem de desempenhar comissr.i-;
de dar tracção eléctrica a todas as sur.s linhas de caracter geográfico c geodésico, os conhv-ci
de transportes se fizera proprietária de iinia mentos praticoj indispensáveis, mediante uni cur-
concessão para o fornecimento de energia colhida so metódico, findo o qu.il n . h \i, -i> t.
em cachoeiras a 70 kms. desta Capital, assumi >
firmado peio Director.
também a responsabilidade da iluminação nu- Hl.' Publicar anualnituu, .ikni il.is aii.Ks
blica, passando a executar o Contracto da So-
e outras obra- que forem necessárias, um Anuá-
cieté Anonyme du Oaz. Também tomou a seu rio contendo todos os dados astroiioinicus uteis
cargo o serviço de comunicações telefónicas, cu- á nasegaçã» e ás determinaçxVs gi-ogr.n ficas.
jo contracto foi reformado por' Decreto AAuni-
cipal de 13 de Outubro de 1922.
i^''-) A histori 1 ilesii- Hospital encontr.i-sc
na citada obra do Dr. Marques Pinheiro; no Rio
('-•') Havia quatro serviços de transporte- dr Janeiro, do Dr. Moreira ile A/e\edo, volume
Um do Com. João Xavier deOliv-eira Mcnezcà, pae I; e no Rio ite Janeiro em I9()(t, de Ferreira
da
e avô de médicos distintos; outro de Antonio Rosa, pag. 75.
Ignacio açoreano, muito devotado ao
Vila f<eal,

progresso de S. Christovão; um terceiro do Ca-


C^') Nesta praça começa a rua Desembar-
pitão Cardim; o quarto de Antonio José Gon
gador Isidro, centro de um antigo bairr.» cha-
çalves. Tudo cessou com o aparecimento da TIn-
mado Fabrica das Chitas >, por «í ter real-
Rail Street Cí inpany.
mente existido uma fabrica. A Sueste desta rua
ha uma rêde regular de ruas e travessas, to-
(ISO)
Testamento do bene-
Encontra-se o das calçadas e edificadas.
mérito Antonio Gonçalves de Araujo no 2.o vo-
lume da obra do Dr. F. B. Marques Pinheiro No dia 21 de Outubro de 1Q04 A
Bobre a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sentinela ), de S. Paulo, publicou a seguinte; carta
Candelária. do mesmo autor deste livro.

Fa/ anos hoje um home^n notável de quem


O ultimo Regulamento do Observa-
Maio de
aliás toda gente vive esquecida. Que ingrati-
tório Nacional tem' a data de 25 de
dão!
1Q21, e confere-lhe as seguintes atribuições:
A\esmo o jornalismo que presume ser o re-

Fazer todas as observações astronómicas,


l.o memorudor do Passado, o fiscal do Presente e
geodésicas e de geophysica que forem uteis em o acaiitelador do Futuro, mesmo esse tem por
geral, e, com especialidade, ao Brasil. bem esjquecido o de
brasileiro a quem c Rio
Determinar diariamente a ,'hora e trans-
2. <- Janeiro deve
maior c melhor, mais bria
a
miti-la, pelo T. S. F., de acordo com as de- mais rica de suas inúmeras jóias.
cisões da Comissão Internacional da Hora, de O
fundador da Floresta da Tijuca é <>
elementos magnéticos correspondentes, e a inten- homem cujo nome devia ser lembrado hoje: Ma-
engenheiíos e demais interessados. nuel Gomei Archer, o extraordinário amigo das
3. Regular os cronometres dos serviços
'^' plantas, o artista que nos deu aquele primor
públicos, que disto necessitarem. que engrinalda o Distrito Federal da Republica.
4. Determinar as posições geográficas dos
f' O
Império chamou-o de Guaratiba onde
principaes pontos do território, e bem assim os morava para o alto do grande maciço que ar-
elementos magnéticos correspondentes, e a inten- borizou, reverdeceu, litrou de caminhos regu-

sidade da Gravidade. lares para ser cruzado c percorrido em' todas as

5.0 Calcular, para os principaes portos do direcções.


litoral, de maré que serão publica-
as tabelas «Devia ser o passeio favorito dos cariocas.

das com a conveniente antecedência. Não é! A


Imprensa que inculca tanto divertimento
6.P Registar de maneira continua as varia- ás vezes fútil, quando não mau, não aconselha

ções do magnetismo terrestre, pelo menos em frequentemente, insistentemente, o passeio á Ti-


imia estação, e bem assim as de electricidade juca. ,essa majestosa catedral erguida entre .bál-

atmosférica. samos, obra sublime cujo Arquitecto, o Major


Archer, completa de existência,
hoje 83 anos
7.0 observações directas e fotográ-
Fazer
esquecido na de onde saio
mesma Guaratiba
ficas do sol, tão regularmente quanto possivcl,
comi c fim de determinar, a frequência das man- em 1857, a chamado do Inspector das Obras
chas e de observar o valor da constante solar, Publicas, por indicação do Imperador.

tendo em vista os progressos da Meteorologia. Rendo aqui homenagem a um trabalhador


8.0 Fazer as observações meteorológicas que honesto, e cioso do seu oficio. A Tijuca é obra
forem necessárias ás observações astronómicas. dos seus zelos. Só num ano preparou 234256 me-
206 Rio de Janeiro

tios quadrado; de terreno onde plantou /853 se imprimam exclusivamente toda a legislação
arvores)\ e papeis diplomáticos que emanarem de qual-
quer Repartição do meu real. serviço, e se pos-
.
(1^-^) O sistema orográfico do Rio de Ja- sam imprimir quaesquer obras».
neiro,constituido por maciços independentes do Foi D. Rodrigo de Souza Coitinhc, depois
chamado sistema orográfico brasileiro, é inter- Conde de Linhares o inspirador desse Decreto.
ramente distinto da Serra do Mar. Para a Imprensa Regia foram no-
administrar
O primeiro Urbano — Grande Maciço — meados €m
Comissão o Desembarg. José Ber-
da Cidade (Carioca — Andarahy)) estende-se na nardes de Castro —
Jose da Silva Lisboa, de-
direcção E-0, do cume do Pão de Açúcar por pois Visconde de Cairú Mariano José Pereira —
morros de Botafogo e Copacabana até J acarc- da Fonseca, depois Marquez de Maricá Silves- —
paguá (19 kiiometros) e na direcção S-N, da
; tri Pinheiro Ferreira M. F. de Araujo Gui- —
Ponta do Marisco, na Gávea, ao Morro de Igna- marães, e o Cónego Francisco Vieira Goulart.
cio Dias, em Inhaúma (17 kilom.). Tem 65 Re\izor de provas, José Saturnino da Costa Pe-
pontos culminantes, sendo mais destacados Pão reira.

de Açúcar (395) m.). Pedra da Gávea (842 A. Imprensa Regia em 1822 passou a cha-
m.). Corcovado (704 m.) Pico da Tijuca (1020 mar-se Tipografia Nacional; e em 1889 Imprensa
m.), e 23 morros isolados desde o centro da Nacional.
Cidade até o Subúrbio. Interpõem-se os vales Dc Dr. Antonio de Paula Freitas ha, publi-
de Gávea, Botafogo Laranjeiras, Gloria, Centro, cada em 1877, uma boa monografia sobre a
Saúde, S. Christovão, Engenho Velho, Andarahy, Tipografia Nacional. Publicado em 1881,
Engenho Novo, Jacarépaguá e Inhaúma. por Alfredo do Valle Cabral, existe um volume
— —
O segundo Rural é constituido por um Annaes da Imprenso Nacional.
grupo de 19 pontos culminantes na direcção
E-O, o mais alto dos quaes é o Morro da Pedra ('•^*') Foi a Sociedade Propagadora das Be-
Branca (1023 metros). Dêle se destacam tres las em 1856 pelo Arquitecto Fran-
Artes fundada
contrafortes, um para Norte com tres kiiometros —
cisco Joaquim Beihencourt da Silva de paes
de extensão, e dois pontos culminantes; outro açoreanos, e nascido em viagem para o Bras-il.
para Oeste com 8300 metros de exten-ã., e
Tem por fim promover o desenvolvimento e per-
tres pontos culminantes; e outro para Sul, com
feição das artes, e manter um Liceu de Artes
15 km., e 12 pontos culminantes.
e Oficios que facilite a nacionaes, e a estrangei-
O
terceiro —
Rural, também consta de — ros o estudo das belas artes, não só como es-
sete maciços destacados com 31 culminancias en-
pecialidade, mas, íambem, como aplicação aos
tre 50 e 278 metros de altitude; tem mais
oficios e industrias.
17 morros isolados por entre os quaes se di-
Eleito Secretario Perpetuo da Sociedade que
latam o? povoados de Irajá, Guaratiba, Campo fundou, Bethencourt da Silva organizou e diri-
Grande, Santa Cruz. gio o Liceu a que consagrou o máximo da sua
actividade e paternal dedicação. Coube-Ihe a for-
(i''S)
Em relação a este chafariz ha uma tuna de ver a Sociedade prospera e o Liceu
nota na obra do Pe. Luiz Gonçalves dos San- reputadissimo. Quando em 1911 faleceu o be-
ctos; ha uma «Memoria Histórica» do Cónego Fer- nemérito fundador a Sociedade Propagadora das
nandes Pinheiro, no Tomo 25 da Revistn do Ins- Belas Artes elegeu para substituil-o como Se-
tituto Histórico; ha importantes noticias no Os~ cretario o Bel. r : Bethencourt aa Silva ri-
J.
tensor Brasileiro (1846)); no O Rio de Janeira lho, que é ipso facto o Director do Liceu.
do Dr. Moreira dè Azevedo )1877), e n'0 Com- Foi sob a hábil direcção deste, e com au-
mientario de Ferreira da Rosa (Abril de 1906). xilio oficial, que se construio o vastíssimo edi-
fício em que o Liceu hoje funciona, sem, aliás
(12") A propósito, vale bem' a pena de con- ocupa-lo todo.
tar que foi sóm.ente na presença do Príncipe
Regente D. João que Rio de Janeiro teve oá-
(139) Maio» é muito an-
Esta «Rua 13 de
tensivamente uma tipografia, cousa até então
.tiga, 1888 o nome de «Guarda
e conservou até
proibida «porque podia ser instrumento de prv
Velha» por haver nela permanecido longos anos
pagandã infensa aos interesses do Estado». Em
uma estação de Policia necessária á boa ordem
1744 estabelecera-se aqui com tipografia, sob
entre fâmulos e escravos empregados no trans-
a protecção do Conde de Bobadella, Antonio
porte de agua. da Carioca, serviço que ocasio-
Isidro da Fonseca que tinha em Lisboa' o mesmo
nava frequentes desavenças e conflitos.
negocio; mas vieram logo de Portugal ordensi ter-
minantes para encerramento da oficina.
Só no dja 13 de Maio de 1808 apareceu (1-0) Esta rua traçada no logar do desa-
um Decreto fundando a Imprensa Regia «onde terro chamou-se por muitos anos Rua das Man-
Rio de Janeiro

gueiras, recordando o monlc que ali dcm^r.u fcslas de Santa Cecília, celebradas na igreja do
fornecendo seua a copadas arvores da Manf^i/cra Pano por uma irmandade de .Musiciis que teria
Indica. sido origem de uma Sí)cicdadc dc Musica dc
onde saio o actual
Instituto Nacional dc Musica.
Valentim da Fonseca e Silva — .v\es-
(1") Também recomendável o que a respeito se
é
tre Valentim —
nasceu em Minas Qeraes, da encontra no Cap. XXIV da Noticia Histórica
união de um contratador de diamantes, de na- de Varias Instituições prntnirenfrs ao Miaisttrio
cionalidade portuguesa, com uma preta brasileira.
do interior.

Acompanhou seu pae a Portugal onde estudou,


Em \Q2?
matricularam-sc no Instituto Na-
inclinando-se pela arte toreutica que mais tarde cional de
Musica 9(vl alunos, sendo 825 uo
no sexo feminino; quarenta estrangeiros; 8 argenti-
veio praticar Rio de Janeiro com grande
sucesso. Em
obras publicas e particulares deixou nos, 7 portugueses, 7 italianos, 6 espanhncs, 5
russos. 2 ingleses, 2 belgas, francês,
atestados do seu engenho ccmo desenhista e cn- 1 1 alcm.io,
1 iiruguayo.
talhador. Foi grande a sua fama de Artista. Fa-
leceu a 1 de Março de 1813.
("") Em seu livro O
Rio dr Janeiro, !.<>
vol. pag. 293, Moreira dc Azevedo dá larga
(---) É muito minucioso o que a respeito
noticia sobre a igreja da Gloria do Outcirc<
do Passeio Publico o Dr. Joaquim Maneei de
Macedo desenvolve em sua obra Lhn Passe-o Pela Também a respeito escreveu o Dr. Vieira Fa-
zenda - Jornal do Comercio de 15 dc Agosto
Cidade do Rio de Janeiro, 1862.
de 1914.

(1*3) Antonio Gonçalves Dias (Maranhão,


.

("•') Em 1895 foram publicados c.n volume


1823-64). Bacharel em Direito pela Universidade
Apontamentos para a Historia da Sociedade Por-
de Coimbra.
Notável é a sua obra de poeta
tuguesa de Beneficência. É obra do Sr, Carlos
lirico. Na
Revista do Insiiíuto Histórico figuram
Dias, autorizada pelo Sr. Conde de Avellar, en-
importantes memorias devidas á sua erudição.
tão membro da Directoria da important.- So-
Pereceu no naufrágio do navio em que bastante
ciedade.
enfermo regressava da Europa.

(1.0) ^ Noticia de 22 de 'Setembro de


Antonio de Castro Alves (Bahia, 1847-
(1") 1896 publicou um artigo do Sr. Agenor dc Roure,
71). Revelou-se poeta no Ginásio Bahian.'' do descritivo deste palácio.
grande educador Barão de Macahubas. Estudou
Direito em Pernambuco e S. Paulo. Talento
(' 1) Este edifício e mais tres — Um na
fulgurante. Fizeram vibrar a alma popular as
rua da Harmonia, um na Praça 11 de Junho
vivissimas poesias que lançou em grito de guerra
e outro na rua Matriz, em Botafogo — foram
á escravidão,quando ainda se não tinha organi-
construídos com o produto de uma subscrição
zado a depois Triunfante campanha abolicionista.
popular, aberta quando D. Pedro II voltou do
Em Julho de 1921 fo: literariamente comemo- Império onde áo levantamento
Sul do assistira
rado o cincoentenario do seu passamento. O
do cerco de Uruguayana, e com o fim Jc er-
Dr. Afrânio Peixoto medico erudito Professor e
guer-lhe uma estatua. Sabendo disso o Impe-
escritor*, e o Dr. Constâncio Alves, medico, jorna-
rador mandou fazer publico que preferia com
lista e bibliófilo, celebraram com produções ma
o dinheiro reunido ver construir casas para es-
gnificas a memoria do eleito das Musas.
colas. E assim se fez.

(láí) Ferreira de Souza Araujo (1-) Ha sobre Caxias varias obras: Vida
(Rio de. Janeiro 1848-1900). Estudara Medicina do Grande Cidadão Luiz Alves dc Limii c Silva,
e doutorara-se ; mas o seu brilhante espirito vol- pelo Pe. Joaquim Pinto de Campos (Lisboa.
tou-se para o exercendo-o com a
jornalismo 1878); Homenagem Post/iurna, saída da Tipo-
maior distinção como Redactor-Chefe da Gaze- grafia do O Cruzeiro (Rio 1880); ftshoço de
ta de Noticias que fundou com Elysio Mendes uma Gloriosa Vidn pelo Cap. Raymundo Scidl
e Henrique Chaves em 1876. (Rio 1903); O Duque de Caxias á a lnte<:.ridade
do Brasil, por Sylvic Romero (Rio 1903).
(1") Ha desta igreja uma boa noticia no
primeiro volume do -O Rio de Janeiro.) do Dr. Traduzo para aqui uma passagem do
(1 -)

Moreira de Azevedo. Diário de Mrs. Graham: (Journal «f a Voyage


to Brasil and residence there / during part
,'

Um Passeio of the years 1S21, 1822, 1823 by .Maria


(li') A pag. 199 do 2.o vol. do
/

Pela Cidade do Rio de Janeiro ha referencia ás Graham).


208 Rio de Janeiro

19 de Dezembro de 1821: do aos seus navios os príncipaes jjortos do


Brasil:
«Langford foi passear a cavallo, e eu acom-
«panhei'O-0 até um pequeno
vale no sopé do «Conde da do Meu Conselho, Go-
Ponte,

«Corcovado: Chama-se Laranjeiras por causa das «vernador e Capitão


General da Capitania da
«numerosas laranjeiras que bordam as margens «Bahia. Amigo: Eu, o Príncipe Regente, vos

«do arroio que embeleza e fertiliza este sitio. «envio muito saudar, como aquêle qUe amo.' Aten-

«Justamente á entrada deste vale oferece-se a «dendo á Representação que fizestes subir á
«vista uma planície verde através da qual des-
«Minha Real Presença sobre se achar interrom-
«lisa a corrente de agua no seu leito pedregoso.
«pido e suspenso o comercio desta Ca'[)itania

«Alegram o pitoi-esco dessa planície grupos de «com grave prejuízo dos Meus Vassalos e da
«lavadeiras em que predominam pretas; quasi «Minha Real Fazenda, em razão das criticas e
«todas usam lenço branco ou vermelho na ca- «publicas círcumstancias da Europa; e querendo

«beça; um pano de muitas dobras lhes cae do «dar sobre este importante objecto alguma pro-

«ombro direito para debaixo do braço esquerdo; «videncía pronta e capaz de minorar o progressD

«uma saia de grande roda é o seu vestido fa- «de taes danos: Sou servido Ordenar interina

«Torito. Algumas passam uma rodilha em torno «e provisoriamente, em quanto não consolido lim

«do ventre suspendendo a saia, como as hindus: «sistema geral que efectivamente regule seme-

«outras usam um deanteiro de mau gosto, es- lhantes matérias, o seguinte: ;l.o Que se- —
«pecie de avental só para o busto. «jam admissíveis nas alfandegas do Brasil todos
«Contornam a planície matizada por estas «e quaesquer géneros, fazendas e mercadorias
«mulheres sébes de acácia e mimosa, laranjeiras «transportados em navios estrangeiros das Po-

outras arvores frutíferas limitando as cha- 'tencias que se conservam em paz e harmonia
«e
«caras. Para além das chácaras vêem-se os ca- «com a Minha Real Corôa ou em navios de
cfeeiros cobrindo os morros que limitam o sce- «Meus Vassalos, pagando por entrada 24 o/o, a
«nano. «saber: 20 de direitos grossos e 4 de donativo

«Não são grandes, nem magnificas as cas.ns «já estabelecido, regulando-se a cobrança destes

campo neste vale, mas todas têm suas va- «direitos pelas- pautas ou aforamentos por que
«de
bonita escadaria para o <até ao presente se regula cada uma das ditas
«randas e, ás vezes,
<tandar nobre; os pavimentos térreos são sempre «alfandegas, ficando os vinhos aguardentes e azei-
«tes doces que se denominam molhados, pagando
«armazéns ou moradas de escravos. Todas têm
«o dobro dos direitos que até agora nelas sa-
cairoso portão,; e o caminho do portão á casa
«é cuidadosamente ladeado de .flores e plantas
«tisfaziam. —
2.o Que não só os Meus Vassalos

«ornamentaes. O Brasil é rico de trepadeiras «mas, também, os sobreditos estrangeiros pos-

«e arbustos cuja floração misturando-se com a


«sam exportar para os portos ique bem lhes

«das laranjeiras, limoeiros, jasmineiros e rosei-


«parecer, a beneficio do Comercioi e da Agri-

«ras firma um extraordinário cunho de 'beleza «cultura que tanto desejo promover, todos e
«e fragrância». «quaesquer géneros e produções coloniaes, á ex-
«cepção do Pau-Brasíl ou outros notoriamente es-
«tancados, pagando por saída os imfesmcs di-
(1^*) O Syllogêu é edifício próprio nacio-
«reitos estabelecidos nas respectivas Capita-

nal concluído em 1904 por ordem do Ministro
«nias, ficando, entretanto, comio em suspenso,
do Interior, Dr. José Joaquim^ Seabra que logo
«e sem vigor, todas ou
as Leis Cartas Regias
prometeu ao Presidente da Academia Nacional
«outras Ordens que atéqui proibiam' neste Es-
de 'Medicina Dr. Alfredo Nascimento, que ah
«tado do Brasil o reciproco comercio e. nave-
daria séde para essa antiga e prestimosa ins-
«gação entre os Meus Vassalos e Estrangeiros. O
tituição. I>epois foram recebidas no mesíni"^ edi-
«que tudo assim fareis executar com o zelo
fício Histórico e Geográfico, o Ins-
o Instituto
«e actividade que de vós espero. Escrita na
da Ordem dos Advogados e a Academ'ia
tituto
«Bahia, aos 28 de Janeiro de 1808 PRÍN- —
Brasileira de Letras. Então o Dr. Alfredo Nas-
CIPE.
címlento solicitou do erudito helenista Dr. Ramiz
Galvão um nome apropriado para a séde de
tão diversas associações; e, entre outros vocá-
(156) A do Morro da Viuva pu-
respeito

bulos oferecidos, foi preferido SYLLOGÊU que blicou o Dr. Fazenda um folhetim na A
Vieira

onde reúnem Noticia de 17 de Outubro de 1911.


ssignifíca rigorosamente «casa se
associações literárias e scientificas».
(1^') Este nome vem do maior proprie-
Eis o 'texto da Carta Regia que abolio
(}'^'°) tário que houve no fim ái século
por aqui
b velho sistema coloníali, e concedeu aos brasileiros XVI —
João de Souza Botafogo. Ainda antes
o comercio franco com todas as na,ções estran- se chamara Enseada ou Praia de Francisco Ve-
geiras e amigas da Real Corôa Portuguesa,, abrin- lho, nome do primeiro morador conhecido neste
Rio DE Janeiro 209

logar, Jiomem que viéra de S. Vicente com Es- No Brasil o influxo das civilizações novas
tácio de Sá. «do Pacifico 6 apvnas perceptível. Entretanto,
aqui mesmo no Rio ha um vcstijjio fv>ctico
o mesmo cronista referido, Dr. Vieira "C religioso do tempo em que o dominio cs-
Fazenda, publicou em 7 de Agosto de 1Q06, «panhtíl dava unidade ;i península ibérica. Por
no mesmo jornal A Noticia, mn folhetim rela- quasi um século éramos esp.iahocs. Por csm?
tivo ao Palacete Abrantes. -tempo, entre Pcrú e Bolívia o /elo da fé
«cristã um templo dos Incas numa
fazia destruir
(1S9) «solitária aonde acorria o gentio supersti-
ilha
y\ Policlínica de Botafogo foi cm QOO
fundada pelo excelente e bondoso Medico, Dr. cioso, e>pcrando dos seus deuses o
milagre dc
Luiz Barbosa, de acordo com a Sociedade Pro- consolação e remédio para as miscrias hiunanas.
liagadora da Instrução aos operários da Frc- «O Cristianismo destruío aquêics deuses e
Uiiezia da Lagôa que lhe proporcionou casa. Pra- ^aquela idolatria c repoz no templo incaico a
ticando a Caridade e servindo á Sciencia, desen- <imagem de Nos-.;a Senhora. A continuidaiic dos
volveu-se a Policlínica, c aumentou a sua ca- milagres não se interrompeu c, antes, avultou
pacidade beneficente, dispondo hoje de consul- "C centuplicou com a imagem de Maria na ilha
tórios aparelhados, laboratórios, de Copacabana. Esse culto de Nossa Seniiora
sala de opera-
<da Copacabana passou da solitária ilha do Peru
ções e leitos para operados, em ambiente da
mais perfeita higiene. O seu Corpo Clinico está «a todo o domínio espanhol com a fama de todas

constituído em Sociedade Scientifica sob a pre- as virtudes e maravilhas da Virgem Santa, c,


então, aqui mesmo junto ao Oceano surgio nu-
sidênciado Fundador. A referida Sociedade Pro-
tectora da Instrução que acolheu a Policlínica ma aldeia de pescadores a igrejinha da Santa
m.uitem aulas nocturnas e Oficina de Encader- «onde é o mais admirável recanto da Cidade.

nação no seu prédio da Rua Bambina. «O velho nome Sacopenopan — ce-


tupi —
«deu ao vocábulo Copacabana que mi-
quéchua,
«grava assim desde vertentes do Pacifico ás, praias
(ICO) Ha no edifício da Faculdade um belo <'do Oceano Atlântico».
quadro de Manoel de Araujo Porto Alegre (Ba-
rão de Santo Angelo)). Representa D. Pedro I
entregando ao Dr. Vicente Navarro de Andrade " ("'') A construção do Caes Acostavel e da
(Barão de Inhomirim) o Decreto de reforma Avenida Beíra-.mar fc/ desaparecer a maioria des-
uo Ensino Medico, creando a Escola Medico Ci- sas praias comi que as aguas da Guanabara b<ir-
rúrgica. davami a Cidade.

("1) O Jornal do CorTtercio de 1 2 e 13 de (i$5) Q nome Largo dos Leões > vem de
( utubro de 1918 dá noticias da Faculdade e antigos proprietários — tres irmãos dc apelido
do novo edifício ; c capitulo XIV da Noticia Marques Leão, proprietários de extensos chãos
Histórica de Varias Instifuições é todo referente no fim do caminho de S. Clemente e principio
á Faculdade de Medicina; e no tomo 74, parte da Piaçaba, hoje Humaytá. Aí cederam éles ter-
2.'', pag. 265 da Revista do instituto Histórico reno para um logradouro publico, e o povo
ha também que ler a respeito. Em 1908, co- chamou ao espaço doado Largo dos Leões».
memorando o Centenario do Ensino Medico, a O logradouro ainda existe; mas a Unha de bon-
.Academia Nacional de Medicina publicou uma des deflocou essa denominação duzentos metros
obra interessante. para o Sul, na rua Humaytá, onde tem a sua
curva de reversão.

(162) o Rasa foi inaugurado em


Farol da
de Julho de 1829; dá dois lampejos bran-
Tem esta rua, antiga Estrada ou sim-
(160)
s e um vermelho, de 15 em 15 segundos; o
ples Caminho, o nome de S. Clemente desde o
co luminoso está 96 metros a cima da prea-
principio do século XVII em que aí demarcou
ar, sobre uma torre quadrangular de alve-
larga fazenda o Dr. Clemente Martins de A\at-
naria pintada de branco; alcança 25 milha", em uma capela dedicada ao santo
tos, construindo
tempo na ilha telegrafo sem fio, em
claro. Ha do seu nome. Ficou a vasta propriedade conhe-
correspondência com a ilha das Cobras. Fazenda de S. Clemento; e, quando
por
cida
A posição Geográfica ida Ilha Rasa c 23° a tomou o civilizado aspecto de rua,
estrada
03' 40" S. e 43o 08' 45" W. de Greenwiah.
guardou o mesmo nome por mais de dois sé-
culos meio.
e

São do erudito
(i'^^')
João Ribeiro escritor Municipalidade, em 1918, trocou esse no-
A
.as seguintes linhas nO Imparcial de 11 de Ou- me pelo de Ruy Barbosa, em homenagem ao
tubro de 1920: grande intelectual residente ha muitos anos no
I 4
; ; ; ;-

210 Rio de Janeiro

prédio que teirt o n.o 134; depois restabeleceu neta de D. João VI; foi depois Rainha de
o nome antigo. Portugal sob o nome de D. Maria II;
Emi 6 de Março de 1821 outro filho de
(1") Ha, de Felix Emilio Taunay, um qua- D. Pedro, o Principe da Beira, D. João Carlos,
dro, na Pinacotéa das Belas Artes, representando que faleceu no ano seguinte;
a «Mãe d' Agua» antes de construído o Reser- Em 11,de Manço de 1822 a Princeza D.
vatório. Januaria Maria que casou aos 22 anos com- o
Conde d' Áquila
(168) D_ prei Antonio de Guadelupe, fran- Em 17 de Fevereiro de 1823 a Princeza
ciscano, natural de Portugal recebeu a mitra; p. Paula Mariana que faleceu em 1833;
na Sé de Lisboa. Foi moralista insigne, devo- Emi 2 de Agosto de 1824 a Princeza D.
tadissimo á sua religião e ao bem da humani- Francisca "Carolina que casou aos 19 anos com
dade. Chegou de Janeiro em' 2 de
ao Rio o Príncipe de Joinville, D. Francisco de Or-
Agosto de 1725, e tomou posse da Diocese co- léans;
mo 4.0 Bispo no dia 4. Foi sempre de uma Era' 2 de Dezembro de 1825 o Príncipe
actividade exemplar. Quando regressou a Lis- D. Pedro que veio a ser 2.o Imperador do
boa em 1740 estava exausto de forças, e aí Brasil
faleceu nesse mesmo ano, com' 68 de idade. Emi 23 de Fevereiro de 1845 o l.o filho
de D. Pedro. II, Principe D. Affonso, que fa-
(169) o autor deste Livro escreveu para o leceu ent 1847; :J

2.0 Congresso da Criança, reunido em' Buenos Em de Julho de 1846 a Princesa D.


29 =

Aires emi 1916, uma Memoria sobre Colégios Izabel, que casou com o Conde d'Eu, foi tres
vezes Regente do Império, e faleceu em Paris,
'

Militaresque foi lida, aprovada, impressa nos


Anaes e publicada oficialmente em avulso. em 14 de Nov. de 1921.
Em' 13 de Julho de 1847 a Princeza D.
(^''^) Em 1921 foi inaugurado numa janela Leopoldina que casou com o Duque de Saxe
da Abadia de \X'estminster um rico vitral co- Emi 19 de Julho de 1848 o ultimo filho
memorativo da obra de Sir George Wihams, de D. Pedro II, Príncipe D. Pedro, que fa-
e em
reconhecimento dos serviços prestados pe- leceu em' 1850.
las M. C. A. durante a ultima guerra. Na
Y.
solenidade oficiou o próprio Deão da Westmins- Neste Palacio realizaram-se, também, pom-
ter Abbey; a Princesa Helena Victoria repre- posas festas:
sentou o doador anonymo da obra d' Arte; o Princeza D. Maria The-
Pelo casamento da
Conselho Nacional Britânico, das Y. M. C. A. reza, de D. João, em 13 de Maio de
filha
fez a exposição da oferenda. No histórico San- 1810, com' o Infante de Espanha D. Pedro Car-
tuário onde ha mil anos se coroam reis e onde los de Bourbon e Bragança, Almirante General

a Nação rende homenagem aos seuS filhos di- da Marinha Real Portuguesa;
lectos, ficou gravado o nome do venerando crea- Baptismo do primeiro e único filho desse
dor de tão benemérita instituição. consorcio. Infante D. Sebastião, em 17 de De-
zembro de 1811;
("1) V. O Rio de Janeiro ertí 1900, de Casamento do Principe D. Pedro, filho de
Ferreira da Rosa, pag. 345. D. João, com' a Princeza d'Austria D. Maria
Leopoldina Josefa Carolina, em' Novembro de
(1^2) «Querendo propagar
conhecimen- os 1817;
tos e estudos das no Reino
sciencias naturaes Aclamação de D. João VI, em Fevereiro de
do Brasil que encerra em si milhares de obje- 1818;
ctos dignos de observação e exame, e que po- Baptismo da Princesa D. Maria da Gloria,
demi ser empregados em beneficio do Comercio em) 3 de Maio de 1819;
da Industria e das Artes que muito desejo fa- Coroação de D. Pedro I; baptismo de seu
vorecer como grandes mananciaes da riqueza, filho D. Pedro casamento do mesimo, como 2.c
;

etc». Imperador, com D. Thereza Christina Maria de


Bourbon, Princesa da Casa Real de Nápoles; ba-
nascerami onze mem- ptismo de seus filhos D. Affonso, D. Izabel,,
(173) Neste Palacio
D. Leopoldina e D. Pedro; casamento da Prin-
bros da Família de Bragança:
cesa D: Francisca Carolina com' o Prinícipe de
Emi 20 de Janeiro de 1811 o Infante D. Joinville em 1 de Maio de 1843; casamento de
Sebastião, filho da Princeza D. Thereza, e l.o D. Izabel com' o Príncipe Louis Filipe Gaston
neto de D. João VI d'Orléans, Conde d'Eu, em 15 de Outubro de
Emi 4 de Abril de 1819 a Princeza D. Ma- 1864; casamento da Princesa D. Leopoldina com
ria 'da Gloria, filha do Principe D. Pedro, e o Príncipe Louis Augusto de Saxe Gobur^,
:

Rio de Janeiro
211

Duque de Saxe, eni 15 de Dezembro do mesmo Eis os lermos da Acta então


lavrada, c iv)r ck-
ano.
próprio assinada:

Também neste palácio se celebraram fune-


Aos quinze dias do mez de Novembro
raes da
anno de mil novecentos e seis. sendo
De D. Pedro Carlos, em 26 de Maio de Presidente
da Republica o Ex.mo Sr. Dr. Francisco
1812; dc
Paula Rodrigues Alves, Ministro da
Da Infanta D. Mariana (Irmã de D. Maria Fazenda o
Ex.mo Sr. Dr. Leopoldo Bulhões dc Moraes
I) em' 16 de Maio de 1813;
Jardim, Ministro da Justiça o Ex.mo Sr.
Da Rainha D. Maria I, em 20 de Abril de Dr.
Felix Gaspar de Barros e Almeida.
1816; Ministro da
Viação o Ex.mo Dr.
Lauro .Muller, Minis-
Sr.
De D. João Carlos, em 4 de Fevereiro de tro da Guerra o Ex.mo Maredial Francisco Sr.
1822;
de Paula Argollo e Mmistro da Marinhai o Ex.mo
Da Imperatriz Leopoldina, em 11 de De- Sr. Almirante Julio Cesar Noronha,
teve lugar
zembro de 1826;
o assentamento da pedra fundamental do monu-
De D. Paula Mariana (Irmã de D. Pedro mento que se vai erigir, neste local, em homena-
II) em' 16 de Janeiro de 1833;
gem ao Ex.mo Sr. Dr. Francisco Pereira Pas-
Do Príncipe D. Affonso, filho de D. Pe- sos, Prefeito do Distrito Federal, precedendo
dro II, em^ 11 de Junho de 1847;
a esse acto as formalidades do estilo, do quo
Do Príncipe D. Pedro, irmão de D. Af- para constar lavrou-se o presente lenno. que vai
fonso, em' 10 de Janeiro de 1850.
assinado pelas pessoas presentes a tal solenidade.
—Francisco Pereira Passos. General José de Si-
Proclamada a Republica em 15 de Novem- queira Menezes; A. C. Chaves Faria; Cordeiro
bro de 1889, banida a Familia Imperial, neste da Graça; João Fidelino Leitão; Joaquim Macrtado
Palacio se reunio em 15 de Novembro de 1890 de Mello,, F. de O. Passos, Jeronymo Fran-
a Constituinte Republicana que promulgou a Cons- cisco Coelho,
Américo Rangel, José Diniz Cu-
tituição, em 24 de Fevereiro de 1891, e elegeu pertinoDurão, Julio Furtado, Alberto Moreira
o 1.0 Presidente e o l.o Vice-Presidente da da Rocha, Mano Rodrigues. João Jose de Abreu,
Republica. João dc Almeida Guerido, Alfredo Duarte Ri-
Depois
de separadas as duas Camaras, a beiro,Henrique Bernardelli, Francisco Guimarães,
de Deputados ainda funcionou por alguns mezes L Rut, Leão Martins dos Santos, Alfredo da
neste Palacio. Costa Palmeira, Dr. Affonso Nery, Alfredo Jos»;
de Carvalho, Arthur Kortruz e Augusto Marta-.
(!'*) Ha sobre o Meteorito de Bendegó
interessantíssimo Relatório escrito pelo chefe da Parece que, emfim, ao grande rcmodelador
Comissão encarregada de o trasladar. O Prof. da Cidade se 'levantará monumento conQigno,
Orville Derby publicou, também, a respeito do e com o concurso cTiciai,; O Prefeito Carlos
Meteorito, um trabalho de grande valor no Vcl. Sampaio, em Mensagem de
Julho de 18 de
IX dos Arquivos do Aluseu Nacional. 1922, pedio ao Conselho Municipal que ò au-
torizasse a contribuir pelo Distrito Federal com
100:000í; para a Estatua de Francisco Pereira
(175) Para um melhor conhecimento do Mu-
seu o leitor poderá consultar:
Passos. O Conselho votou logo a verba, e
o Decreto foi sancionado em 29 de Agosto se-
Investigações Históricas e Scientificas sobre
guinte.
o Museu Imperial e Nacional, pelo Dr. Ladislau
Netto, Rio. 1870.
Le Museum
National de Rio de Janeiro, (!'') O Jornal do Comercio de 3 de Abril
por Ladislau Netto. Paris. 1889. de 1908 insere a seguinte nota:
Fastos do Museu Nacional, pelo Dr. Ba-
ptista de Lacerda. Anexo ao Relatório do Mi- <fO Dl. Miguel Calmon, Ministro da 'n-
'

nistério do Interior de 1905. dustriá, autorizou o Director da Estrada de


G Rio de Janeiro, de Moreira de Azevedo. Ferro Central do Brasil a providenciar afim
Rio. 1877. Vol. 2.0 pag. 219. de que a estatua do Conselheiro Manuel Buar-
O Rio de Janeiro em 1900, de Ferreira da que de Macedo, falecido em 31 de Agosto de
Rosa, pag. 457. 1881, no cargo de Ministro da Agricultura, seja
transferida do ponto onde se acha, á margem
(1") O Dr. de
Passos teve a satisfação do da mesma Estrada, para um dos jar-
leito

assistir, quando deixou a Prefeitura, em 15 de dins existentes nas entradas do edifício da Secre
Novembro de 1906, á Ceremonia da Pedra Fun- taria de Estado, na Praça 15 de Novembro, de-

damental deste pequeno monumento, aliás so- vendo ser colocada na fwsição que melhor con-
mente erguido tres anos depois da sua morte. vier».
:

212 Rio de Janeiro

(178) O critério para a classificação dos de Ferro de Mauá, inaugurada çm 16 de De-


prpciios é o valor do seu aluguel: são de l.a zembro de 1856.
classe os prédios de aluguel superior a 2:400-1
anuaes, e de 2.a os de aluguel não ex
classe (183) A pag. 396 do 2.o vol. do livro 'do
cedente àquela quantia. Padre Luiz Gonçalves dos Sanctos, Memorias para
a Historia do Reino do Brasil ha uma descrição
(1'^) A soma destas 24 contribuições dá deste eSificio que e o mesmo que ainaa hoje
225.317.000 litros; mas já foi maior; e a ten- faz 'frente á rua General Camara, fendo na
dência é para deminuir, pois havendo falta de fachada, em' grande relevo a palavra ALFAN-
chuvas reduz-se notavelmente o volume de agua DEGA.
de cada manancial. Por isso o Governo está
tratando de captar as aguas do Rio SanfAnaj (1^*) Esses dois discursos podem ser lidos
afluente do Guandu, acima da estação «Vera naquela mesma obra, pag. 395, e no, tomo LXXIíI,
Cruz» da Lmha Auxiliar da E. F. C. B. O parte 2.a, pag. 91 da Revista do Instituto Histó-
encatiamento medirá 10 km. O volume dagua é rico e Geográfico Brasileiro.
calculado em 80.000.000 de litros diários. O
total do abastecimento será então de 305.317.000
(185) Dessas ocurrencias encontra-se noticia
litros diários.
cincunstanciada a pag. 21, parte 1.^ do tomo
XXVII da Revista citada.
(180) Eram nove as freguezias: Sacramento,
S. José, Candelária, Santa Rita, SanfAna, Enge- {^^^) Existia desde 1703 uma «Casa da Al-
nho Velho, Santo Antonio, Gloria, Lagaô, com- fandega», cuja construção fôra iniciada por D.
preendendo uma area de. 36 km.'-. Alvaro da Silveira, 47.o Governador do Rio
de Janeiro.
(^^1) Sob o titulo Cidades Brasileiras ser-
vidas pela E. F. C. B., escrevi uma Memoria (18") •
Estampo
a gravura da Escolaaqui
que enviei ao '5.° Congresso .'Brasileiro de Geo- então Comercio, e oferecida ao
edificada pelo
grafia, reunidc na Bahia, em 1916. Está a pa'g. Município. É uma gravura preciosa, porque a
772 do 2.0 vol. dos Anaes do Congresso. Escola, ainda existindo na Praça Deodoro, tem
hoje outra fachada e outra legenda!
(163) Destas locomotivas não existe hoje ves-
tígio algum: O seu material já foi todo vendido o edifício do Correio tem' do ladoi N.
(188)

como ferro velho. Nas Oficinas da E. F. C. B., uma de cariatides destinadas a sustentar o
serie
estação «Engenho de Dentro», è
suburbana de telhado de vidro que cobriria a passagem, se se
conservada, entretanto,como num museu, a lo- realizasse o projecto primitivo de tres corpos
comotiva «Baronesas, primeira que correu sobre distintos combinados numa mesma composição ar-
trilhos na America do Sul. Pertenceu á Estrada quitectónica.

Pedimos ao leitor o obsequio de fazer as se-


guintes emendas

Pag. 39, no titulo «Baía de Guanabara», colo^


car a chamada para a nota 63.
A leganda aa grav. que está na pag. 49 deve*
assim:
ser •

1743-1808, Casa dos Governadores. 1808 e —


1822, Paço ReaL —
1822-1889, Paço Im^
penal. —
Actualmente, Repartição Geral dos
Telégrafos.
Pag. 78, no alto, colocar o titulo «Arrabaldes
de Noroeste».
Pag. 109, na legenda da gravura, substituir a
palavra NORTE por SUL.
Pag. 115: A chamada para Nota deve ter o
n.o 167 em vez de 165.

tà't\Jl-l-e:..n:it,íi^.i,'i ..
índices
4

DHMOBiiann ti
ÍNDICE GERAL

Abastecimento de agua ...... 144 Baía de Guanabara 30


Academia Brasileira de Letras, 132 e . 135 Bancos, em 1922 170
Acto Adicional 22 Bangú 70
...
.

Academia de Marinha —
Nota 70 Baptisados no P. da Bôa Vista — Nota 1731
Agua do Carioca, 89, 90 e ... . 115 Barão de Capanema ló-*
Ajuda —
Veja Nota 42 Barão do Amazonas, 99 e 164
Alberto Barth 100 Barra do Rio de Janeiro 32
Alfandega (edifício) . 52 Bateria de S. Tiago 22
Alfandega (receita) 37 Belas-Artes — Notas, 86 e 102
Alimentação Publica, 144 e 157 Biblioteca Nacional, 44 e 45
Almirante Barroso Qí; Biblioteca Municipal 26
Almirante Tamandaré, 102ie .... 164 Boletim de Estat. Demogr. Sanitária . 141
Alto da Bôa Vista (Tijuca) .... 8} Bolsa. 136 e 168
Andarahy 82 Bom Retiro (Tijuca) . ..... i>J

Antonio Gonçalves de Araujo .... 7/ Bonde (Tramway) 71


Aquário fluvial 81 Botafogo, 101 e 108
Aquário marinho . 91 Bôa Vista (Gávea) 112
Aqueduto da Carioca,, |89 e 116 Bôa Vista (Tijuca) 83
Ararigboia, 15e 16 Bôa Vista (Parque) 80
Arcos da Carioca, 89, 90 e .... 115 Brasil Principado. V. Gov. Duarte Corrêa
Area do Distrito Federal 23 Vasqueanes
Areas dos logradouros ajardin. V. Nota 58 Brasil-Reino . . 22
Armas municipaes 26 Buarque de Alacedo 165
Arrabaldes N. 0 77 Busto do Almirante Tamandaré, 102 e 164
Arrabaldes do Sul 88 Busto do Prefeito Passos, 102, 103 e . 165
Arsenal de Guerra 79
Associação Comercial (Bolsa)) ... 168
Associação Christã de Moços .... 1 36
Associação dos Empregados no Comercio 42
Assistência Publica, 145 e 157
Assistência a Alienados, 67 e .... 103 Caes Acostavel 3^
Asilo Gonçalves de Araujo 77 Caes Pharoux 47
Asilo dos Inválidos da Patria ... 33 Çaixa de Amortização
Asilo «Santa Maria» ....... 153 Caixa Económica e Monte de Socorro
79
Asilo S. Cornélio 154 Cajú
82 Camara Municipal 22
Asilo S. Francisco de Assis (inválidos)
Asilo «S. Luizv (Velhice Desamparada) . 79 Campo da Cidade (em 1700) ... 23

Asilo da Misericórdia 153 Campo Grande


Avenida Beira-Mar, 99 e 101 Campo de SanfAna 59

Avenida Central . . ... Nota 57 Canal da Cidade (em 1700) .... 23

Avenida Niemeyer, 112e 113 Canal do Mangue ^*


3C Candelária (igreja), 52 e 56
Avenidas novas
Avenida Passos, 29 e 58 Carioca —
Veja Gov. Ayres de Sal-

Avenida Paulo de Frontin 88 danha


41 Carioca— Rio, 89 e 115
Avenida Rio Branco, 29 e '
216 Rio de Janeiro

Carnaval no Rio de Janeiro . . . . 158 Deposito Central da Municipalidade . 26


Carta Régia de 28 de Janeiro ... 9U Derby Club . . ....... 43
Casa de Deodoro 61 Despeza da Municipalidade (1889-1922) 27
Casa dos Expostos . 151 Divisão Adm. do Município Nota . 49
Casa dos Governadores . ..... 49 Dr. Paulo de Frontin 41
Casa da Moeda 61 Dr. Ram:z Galvão , 126
Casas de Espectáculos 160 Duclerc: Veja Governador Francisco de
Cascadura . 67 Castro Moraes
Cascatmha (Tijuca) •
. 84 Duguay-Trouin V. Duclerc

Castro Alves, 90 e . . . .• . . . 165 Duque de Caxias, 97, 89 e ... . 163


Catedral 50
Catête, iQ5 e 97
Catumby . . 119 E
Celestino Silva (Escola) 160
Cemitérios, 155 e 157
Centenario . . 179
do Correio Geral
Edifício . ... 51
do Senado
Edifício 61
Centro Comercial da Cidade . . .
~ . 47
Engenho de Dentro 67
Chafariz) da Carioca, 89, 90 e . . . . 115
Engenho Novo . . '
66
Chafariz Colonial, 19 e 49
Entradas de Navios 37
Christiano Ottoni 164
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiaes 130
Cidade —A . . 27
Escola de Aprendizes Marinheiros' e Gru-
<-siaaae de S. Sebastião 15
metes, 131
Cidadãos que exerceram' o Gov. Municipal 26
Escola de Aviação Militar, 69 e . . . 130
Clima do Rio de Janeiro, 140 e . . 144
Escola de Aviação Naval 131
Clube de S. Christovão
Collegio Militar, 129 e
73
130
Escola «Barth» . ....... 100
Escola «Deodoro» 94
Collegio Pedro If, 126 e 128
Escola do Estado Maior 136
Colónia de Alienados, 67 e .... 103
Escola «Gonçalves Dias». Nota 187 e pag. 78
Colónia do Sacramento V. Gov D. — Escola de Intendência 131
Manuel Lobo e pag 20
Escola Militar 130
Comissão Construtora da Avenida 40
Comi Fiscal das Obras do Porto
.

.
.

. 36
Escola Nacional de Bellas-Artes ... 44
Escola Naval 33
Comi de Hist. c Est. de Assist. Publ.
e Priv 26
Escola Naval de Guerra . ... 131
Escola Normal, 125 e 131
Compi-nhias de Navegação . ... 173
Escola Politécnica 56
Conde dos Arcos 61
Escola Veterinária do Exercito 130
Conde de Bobadella, 19 e .... 90
Estácio de Sá, 14e
. . .

17
Conselho Deliberativo Municipal . . 23
Estácio de Sá (bairro)) 1T9
Contencioso Municipal 26
Estações Suburbanas da E. F. C. B. . 66
Copacabana, 108 e 109
Estações Suburbanas da E. F. Leopol-
Corcovado, 114e . ... ... 118
dina 69
Corpo de Bombeiros, 60 e 162
Estaç. Suburb. da E. F. Rio d'Ouro 69
Correio Geral (edifício)) ..... 51
...
.

Costumes . . ....... 157


Estatística Predial
Estatua do Almirante
da Cidade
Barroso . • . .
23
99
Cuhantemoc 165
» de Chrítiano Ottoní ^, . . . 61
Curato de Cruz
Sta. 71
» de Cuhantemoc, 100 e ... 165
» do Duque de Caxias' .... 97
» do General Osorio . . , . 48
D » de João Caetano 59
» de José Bonifacio . ... 56
» de D. Pedro I 58
Decima Urbana . ....... 23 » Teixeira de Freitas
de ... 99
do Arquivo
Directoria 26 Estrada de Ferro Central do Brasil, 61 e 171
Directoria de Estatística 25 Excelsior \Tijuca)) 841
Directoria de Fazenda 25
Directoria de Instrucção 25
Directoria de Obras e Viação ... 25 ' i
Directoria de Património 25
Discurso de Estácio de Sá .... 15 Fabrica das Chitas (bairro) . . . 119
Dep. M. de Assistência Publica . . 25 Faculdade de Medicina, 104 e ... 106
Rio de Janeiro

Fazenda de Santa Cruz .... 71 Igreja dc N. da Penha, 69 e


Sra.
Ferreira de Araujo, 91 e ..... 165 Igreja de N. da Pena
Sra.
. . 70
68
Ferro Carri! Carioca, 90 e 115 Igreja do Sacramento 55
Flamengo .
]3 Igreja de Sta. Cruz 22
Floresta da Tijuca, 83 e SS Igreja de Sta. Luzia 22
Floriano Peixoto
Fonte Artística «Ramos
.

Pinto^> ...
46 Igreja de S. Francisco de Paula ... 5t
95 Igreja de S. José 22
Fortalezas da barra 32 Ilha do Bom Jesus . , : . .

Francisco Manoel Barroso da Silva, 99 e 164 Ilha das


Cobras 32
Francisco de Castro .
164 "ha das Enchadas J3
Francisco Pereira Passos, 28 e 165 Ilha
. . .
Fiscal 32
Frei Antonio de Ouadellupe Nota . . 168 Ilha das Flores 33
Frei Leandro .
^ .

Funeraes no Palacio da Bôa Vista— Nota


164 Ilha do Governador, 13 c .... 3J
173 Ilha dc Paquetá 34
Furnas de Agassiz (Tijuca) .... 8? Ilha do Viana .
33
Ilha de Vilegagnon .

Industria e Comercio
Q 168
Imprensa Nacional
Inhaúma
....... 90

Gabinete Português de Leitura ... 57 Inspectona Fed. de Portos, Rios e Ca-


69

Gávea, 109 e 110


naes— V. Com. Fiscal das Obras do
General Osorio, 49 e 163
Porto
Gigante de Pedra 31
Insp. de M. Jardins Arbor. Caça e
Gloria 92 Pesca
Gonçalves Dias, 90 e ....... 164 Instituto
.

Benjamin Constant
.

....
26
104
Governadores 18 Instituto Historie» e Geográfico,, Brasileiro
Gov. Ayres de Saldanha 19 Institutos Militares deEnsino, 130 c . 137
Gov. Duarte Corrêa Vasqueanes
Gov. Francisco de Castro Moraes
. . 18
19
Instituto Nacional de Musica .... ?M
. .
Instituto Oswaldo Cruz (Manguinhos) 135)
Gov. D. Manuel Lobo 18 Instituto Pasteur . !54
Governo do Municipic 23 Instituto Profissional «João Alfredo» . 82
Guanabara 30 Instituto de Protecção e Assistência á In-

fância 148

H Instrução Publica
Intendência da Guerra 77
Irajá 69
Histórico da Cidade 13
Irm. da Santa Casa da Misericórdia, 149 157
Horto Fruticula da Penha .... 69
Horto Municipal . 81
Hospício de S. João Baptista ... 152
J
Hospital de Alienados 103
Hospital Central do Exercito ... 146
Hospital José Carlos Rodrigues ... 154 Jacarépaguá 68
Hospital dos Lázaros 78 Jardimi Botânico, 110 e 112
Hospital da Misericórdia . .... 150 Jardins Zoológicos 81

Hospital N. Sra. das Dores, 68 e . . 70 João Caetano 59


Hospital de N. Sra. da Saúde ... 152 Jockey Club 43

Hospital de N. S. do Socoorro ... 79 Jornaes e revistas em publicação 167

82 JornalismcK Carioca 165


Hospital da Penitencia
Hospital de Pronto Soccorro, 60 e . 147 José de Alencar, 98 e 163
Jose Bonifacio. 56 e lf'J
Hospital de S. Sebastião 7Q
Hospital da Soe. Port. de Beneficência 96

L
I

Lagôa Rodrigo de Freitas 110


Igreja da Candelária, 52 e .... 56 Lagôa da Sentinella 65
Igreja do Carmo . 51 Lapa 92
Igreja Catedral 50 Laranjeiras ^8
Igreja da Cruz dos Militares ... 51 Largo da Carioca 88
Igreja da Gloria, 92 e 97 Largo da Gloria 93
218 Rio de Janeiro

Largo dos Leões . ....... 110 Observatório Nacional , ..... 78


Largo do Machado 97 Orografia do Rio de Janeiro. . Noita 155
Largo do Paço, 20 e 21 Outeiro da Gloria . 33
Largo de S. Francisco, 56 e . . . . 57
Lauro Muller 36
Leblon 113 P
Lemte, 108 e 109
Liceu de Artesi e Ofícios ...... 43
Paineiras 116
Limites da Cidade Nota 123 — e pag. 23
...... 96
Logradouros Públicos Nota — ... 58
Palacio da Presidência
Palm^ - Mater 111
Liceu de Artes e Oficios 43
Pão de Açúcar, 31, 106 e ..... 107
Parque da Bôa Vista, 80 e 81
Paulo de Frontin 41
M Parque da Praça da Republica ... 61
Passeio Publico, 90 e 92
Mãe d' Agua . . ....... 115 Pavilhão Monroe . . ..... 45
Mangue ~
61 Pedreira da Candelária . . . Nota 95
Manguínhos (Instituto Oswaldo Cruz)) . 135 Pedro I 58
Manuel Gomes Archer Nota 13)4 Pico da Tijuca, 84 e ..... . 88
...
. . .

Mapas, 24 e 25 Poder Executivo Municipal 23


Marco da Fundação da Cidade . . 16 Policlinica de Botafogo, 103 e ... 148
Mariano Procopio . 163 Policlínica de Crianças 154
Mata Marítima . . 135 Policlínica Geral . . 43
Matadouro Municipal 71 Policlínica Militar , . ..... 61
Matadouro da Penha 60 Ponte do Catête 23
Mem' de Sá (Governador Geral) . . 14 População do Rio de Janeiro . . . 21
Mercado Municipal 4^ Porto de Martim^ Affonso, 106 e . . 107
Mesa do Imperador (Tijuca)) ... 87 Prédios (estatística) 23
167
Mestre Valentim . . 90 Publicações diárias e periódicas . .

Meteorito de Bendegó 135 Praça do Comercio, 52 e ..... 168


Meyer 66 Praça [>eodoro 77
Mmisterio da Fazenda 58 Praça Duque de Caxias 97
Ministério da Guerra 61 Praça José de Alencar 98
Ministério da Viação, 49 e .... 50 Praça Mauá, 36 e 78
Monumentos . 165 Praça 15 de Novembro 50
Monumento do 4. o Centenario, 93 e . 95 Praça da Republica, 59 e .... <)2

Monumento ao Marechal Floriano . . 46 Praça Saens Peiia . 82


Morro de S. Bento 119 Praça Tiradentes 58
Morro do Castélo 17 Praia do Flamengo . ...... 13
Movimento do Porte . ..... 37 Praia Vermelna, 16, 105 e .... 106
Morro da Viuva . 100 Praias da Cidade 109
Municipalidades do Brasil V. Nota ',
. 39 Presidentes da Intendência Municipal . 26
Município —O 22 Prefeitos do D. Federal 2?
Muralha, da Cidade 23 Prefeito Passos, 28 e . . ... 16b
Museu Histórico 139 Pro-Matre 149
Museu Nacional 138
Museu Naval . . ....... 139
Museu Simoens da Silva 140 Q

N Quinta da Bôa Vista, 80 e .... 81


....
.

Quintino Bocayuva Nota 100


NascimienTos no Pai. da Bôa Vista. Nota 173
Necrotério 157
Nilo Peçanha 165 R

O Realengo 70
Receita da Municipalidade - 1889-1922 27
Obelisco da Av. Rio Branco ... 45 Regras para a Construcção da Avenida 41
Obrasi do Porto 29 Recolhimento de Santa Tereza ... 151
Rio de Janeiro
219

Regras para a CoitstrucçÉb da Avenida


Relógio da Gloria
T
Ç3
Renda arrecadada pela Alfandega do Rio 37
Retiro Saudoso 80 Teatros . .
j^q
Repartição Geral dos Telegraphos . . 49 Teatro Municipal, 43 e 44
Rio Carioca, 2Q, 89 e ...... 115 Teatro S. Pedro de Alcantara ... 58
Rio Comprido, 88 e ...... 118 Teatro Municipal . 43
Rio de Janeiro em 1700 23 Teatro Provisório . ... Nota 113
Rua Direita Teixeira de Freitas, 99 e
. , 5Í 164
Rua Maranguape QO Tesouro Federal 5g
Rua do Ouvidor .
56 Tijuca, 82 e 88
Rua Primeiro de Março 5i
Titulo de Leal (Decreto) Nota
. 21
Rua da Prainha . , 29 Tupinimós . .
15
Rua do Sacramento
Rua S. Clemente 110
Rua 13 de Maio 90
u

S
Uruçumirim, 13e 16

Salvador Corrêa de Sá, 17 e . . . . 18


Saneamento da Cidade 30
São Christovão (Distrito Municipal), 77 e 118
V
Santa Cruz (Distrito Municipal) ... 71
Santa Cruz (Igreja) '51
Vala da Cidade (em 1700) .... 23
Santa
Santos
Tereza
Dumont
(morro) 115
165
Valentim (Mestre Valentim) ... 90
(Viação, 71 e 73
Sedes de Adm. Municipal. Nota 50, pag. 23 Viaduto da Carioca, 89 e 116
Senado da Camara —
Nota 48 e pag. 23
Vice-Reis 20
Senado Federal 61
Vila Izabel 81
Sepultura de Estácio de Sá .... 17
Vilegagnon, 14 e 32
Serviços de Assistência, 145 e ... . 157 Visconde de Mauá — Veja Praça Mauá e 164
Serzedello Corrêa 165
.
Visconde do Rio Branco 164
Silvestre, 116e 117
Vista Chineza (Tijuca) 87
Sociedade Geografia do Rio de Janeiro 50
Sociedade Portuguesa de Beneficência . 96
Sociedade Propagadora das Belas Artes 90
Subúrbio, 65 e 67 Z
Superfície total da Cidade 23
Supenntend. da Limpeza Publica e Part. 26
Sylogeu 99 Zona Rural 67
S

índice das gravuras

E
A Ibarra do Rio de Janeiro, a enseada Enseada dc Botafogo. Vista do Morro
de Botafogo e o Bairro do mesmo da Viuva loi
nome, \àstos do alto do Corcovado 119 Escola de São Christovão (oferecida pe-
A Cascata. Aspecto do parque da Praça la Associação Comercial) . . . 160
da Republica . 61 Estatua de Buarque de Macedo . . . li..
A estatua do General Osorio, na Pr.
. Estatua de D. Pedro I

A
1 5 de Novembro
Palma Mater
18
111
Estatua de José Bonifacio
Estatua de Jose de Alencar
...
. . . MS
A Penna. Jacarépaguá 68 Estatua do Almirante Barroso . .
"'i

Anchieta (monumento Floriano Peixoto) 48 Estatua do Duque de Caxias ... 'i7

Área central da Faculdade de Medicina 105 Exterior do edifício da Faculdade dc


Arca interior do Hospital dos Lázaros 7Ç \1edicina 101
Armas Municipaes . 26

F
B
Fachada da Candelária j 5'i

Bambus, no
Jardim Botânico ... 112 Fachada do Hospital «N. Sra. das Dôrcs» 09
Biblioteca Nacional 44 Floriivno Peixoto, no alto do monu-

mento n
Fonte, no Jardim da Gloria .... 95

c Francisco Pereira Passos (1836-913). En-


genheiro notável, administrador exí-

Canal do Mangue mio, reformador da cidade do Rio



. . 66
de Janeiro -8
Casa da Moeda . 60
Cascatmha 83
...
. .

Chafariz colonial ... 19


G
Colégio Militar, 129 e , 131
Copacabana, á noite 110
Gabinete Português de Leitura . . .

Copacabana,, á noite. Vista do Pão de Açú-


Gomes Freire dc Andrade . . . .

car . . . 108
Copacabana. Extremo norte . . . 109
Copacabana. Vista do Pão de Açúcar 11
H
Costão oriental da barra guarnecido pe-
la fortaleza «Santa Cruz» ... 3l
Hospital «N. Sra. das Dòres» (parque)

D
Ilha Fiscal ;

Do alto Corcovado (á noite,


do com Interessante mAppa anterior a 1600
efeitos de luar)
Dr. Antonio José de Almeida . . .

Dr. Epitácio Pessoa


Dr. Paulo de Frontin • Lapide da sepiiltura de Estado de Sá
Dr. Ramiz Galvão Largo do Paç(\ (1817)
222 Rio de Janeiro

Largo do Paço (1830) ..... 21 P


Lauro Muller 3b
Leblon 175 Palacio do Governo 96
Painéis do tecto da Candelária, 54 e . 55
M Pavilhão Monroe 45
Penhasco «Pão de Açúcar», á esquerda
de quem' entra a barra do Rio de
Matriz da Gloria 97 Janeiro . . 14
Marco da fundação da Cidade (costas) 17 Planta da cidade do Rio de Janeiro . 25
Marco da fundação da Cidade (frente) 16 Porta principal da Candelária (bronze) 52
Monumento ao Marechal Floriano Pei- Praia da Gávea, ao luar . . . . . 115
xoto 46 Praia Vermelha 106
Monumento do 4.° Centenario — Figura
de Cabral 94
Monumento do 4.° Centenario — Figura s
de Caminha 94
Monumento do 4.o Centenario — Fr. Salvador Corrêa de Sá 18
Henrique . . 95 Secretaria ^do Ministério da Viação e

1743-1808, Casa dos Governadores. — Obras Publicas 50


1808 e 1822, Paço Real. 1822- — Silvestre. Reservatório . .... 117
1889, Paço Imperial. Actualmente, —
Repartição Geral dos Telégrafos . 49
T
N Theatro Municipal 43
Teatro «S. Pedro de Alcantara» (1830) 58

da Tijuca, 74 e
Na, floresta .... . 85
Trecho da Avenida Niemeyer ... 113
Trecho da Avenida «Rio Branco», vista
Nave Central da Candelária
No parque da Bôa Vista
. . «. . 53
81
de norte para sul ...... 42

No tope do Pão de Açúcar .... 107 '

u
O Um' aspecto das «Furnas de Agassiz» . 8?
Um aspecto do Largo da Gloria . . 92
o Amor (monumento Floriano Peixoto) 48 Um' aspecto do Passeio Publico •
. . _91
O Corcovado, visto da Tijuca ... 116 Um' aspecto do poente, na Gávea. Vista
O «Gigante que dorme», visto de fóra tomada da Avenida Niemeyer . . 114
da barra . 30 Um paxdlhão do Hospital Central do
O monumento do 4.° Centenario . . 93 Exercito 146
O relógio da Gloria 93
«O Ultimo Tamoyo», quadro do prof.
Amoedo 15 V
Orla de Paquetá 34
Os arcos da Carioca 89 Vista do alto do Corcovado .... 120
OUto aspecto da Enseada de Botafogo, Vitral fronteiroá- entrada do Hospital
102 e 103 dos Lázaros 78
ACABOU DE SE IMPRIMIR
NA TYPOGRAPHIA DO ANNUARIO DO BRASIL,
(ALMANAK LAEMMERT)
R. D. MANOEL, 62 — RIO DE JANEIRO

AOS 17 DE JULHO DE 1924


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1
3417-46 918.154
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Devolver em NOME DO LEITOR

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