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XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

Cinema moderno – refere-se ao período que abrange o fim dos anos 1950 e meados dos
anos 1980. Unidade em termos de problemática estética.
1950 – Falência da Vera Cruz e esgotamento de um cinema industrial. // Ascenção de um
cinema de autor, liderado por Glauber Rocha.

Anos 1970 – o cinema brasileiro teve novo impulso econômico apoiado pelo Estado e
alcançou continuidade de produção, que apesar de tropeços e crises, durou até os anos
1980 (crise econômica com o fim do Milagre Brasileiro).
“O subdesenvolvimento econômico, para o cinema brasileiro, se configura como um
estado não superado e sem efetivas promessas de alteração substancial, notadamente nesta
conjuntura de total reestruturação dos negócios do audiovisual em que ganha fluência a
concepção monetária da cultura que vem consolidar aquela revolução dos métodos e
aquela incorporação da high tech que fizeram retornar, a partir do final dos anos 70, uma
hegemonia hollywoodiana” (XAVIER, 2006, p.12-13).

Anos 1990 – recuperação de apoio de subsídios diretos e indiretos, apesar dos


movimentos neoliberais, privatistas.

Cinema Moderno (1950/1970)


Estéticas
Cinema Novo e Cinema Marginal – pluralidade de tendências, que conservam uma certa
unidade. Período estética e intelectualmente mais denso do cinema brasileiro. Cinema de
autor, com baixo orçamento e renovação de linguagens, por oposição ao clássico e
plenamente industrial.
Debates em torno do cinema de autor e de um cinema crítica, voltado a questões sociais.
Proto-Cinema Novo (Nelson Pereira dos Santos – Rio 40 Graus (1954)) – influências do
neorrealismo.
Cinema Novo (Glauber Rocha, Ruy Guerra, Arnaldo Jabor, David Neves) – incorporação
da câmera na mão no cinema ficcional, traço estilístico fundamental para a constituição
da dramaturgia do cinema moderno latino-americano (como também aconteceu na
Europa com Godard e Pasolini).
Glauber Rocha – marcado por instabilidades, tateios de câmera, falas solenes, miss-en-
scène composta de rituais observado por um olhar de filme documentário.

Cinema Novo – desdobramento radical da “estética da fome” e desencanto na chamada


“estética lixo”, na qual câmera na mão e descontinuidade se aliam a uma textura áspera
do preto e branco para expulsar uma higiene industrial da imagem. Propósito de gerar
desconforto.

Cinema marginal – experimentação, profanação no espaço da cultura. Rompem com a


plateia e recusam mandatos de uma esquerda intelectual, tomando a agressão como um
princípio formal de arte em tempos sombrios. Violência e profanação como palavras de
ordem.
Julio Bressane – independência entre câmera e ação ficcional.
Questão nacional
O cinema moderno brasileiro acertou o passo do país com os movimentos do seu tempo.
Atualização estética, maior diálogo com a tradição literária, com movimentos da música
popular e do teatro.

O diálogo com a literatura não se expressou apenas em adaptações (Vidas Secas – Nelson
Pereira dos Santos, 1963; Macunaíma – Joaquim Pedro, 1969). Cinema Novo – impulso
de sua militância política trazer para o debate certos temas de uma ciência social
brasileira, ligados à identidade e às interpretações conflitantes do Brasil como formação
social (diálogo entre Deus e o diabo na Terra do Sol e Os Sertões, de Euclides da Cunha).
Glauber trabalha na relação entre fome, religião e violência para legitimar a resposta do
oprimido.

Anos 1960 – presença da questão do caráter nacional. Eixo político da discussão cultural.
Ambiguidade no Cinema Novo – práticas como religião, futebol e festa popular, de um
lado, eram tidas como forma de alienação, por outro, zelo por elas como traços da cultura
e falta de confiança no processo de modernização.

O cinema moderno brasileiro não aderiu a ufanismos tecno-industriais que marcaram


certas atitudes de vanguarda em outros campos, mas raramente o Cinema Novo e o
Cinema Marginal, em sua iconoclastia, apresentaram traços conservadores de idealização
de um passado pré-industrial, tomado como essência.

A crítica ao mito de progresso não se desdobra em uma hipótese de retorno a um estado


de pureza mais nacional do que o “mundo contaminado do presente”. Para Xavier, esse
mito de um estado de pureza perdido no passado foi sempre mais a gosto de uma
oligarquia para a qual a cultura é patrimônio a preservar, enquanto o cinema nos anos
1960 e 1970 tendeu a pensar a memória como mediação, trabalhando a ideia de uma nova
consciência nacional a construir. Crítica ao movimento de modernização que se
demonstrava em descompasso com as ideias de transformação e justiça social vinculados
aos projetos de liberação nacional.

Momento de polarização, calcado em revolução e reação. Elites conservadoras, apoiadas


por governos militares, propunha um modelo de avanço econômico excludente das
maiorias, a clássica modernização conservadora. Cinema brasileiro engaja-se
politicamente e alinha-se ao espírito radical.
Cinema Novo – problematiza sua inserção na esfera da cultura de massas, apresentando-
se no mercado, mas procurando ser a sua negação, procurando articular sua política com
uma deliberada inscrição na tradição cultural erudita.

“Era o momento em que, no Brasil, há um deslocamento fundamental nas posições


nacionalistas, quando se passa de uma forma mais amena de entender a questão do atraso
econômico para uma forma mais radical, que cobra ações urgentes na esfera política. A
consciência amena do atraso, correlata a ideia de ‘país do futuro’, teve vigência até a
Segunda Guerra e estava associada a um nacionalismo ufanista e ornamental, de elite ou
popular; a consciência catastrófica do atraso, correlata à ideia de país subdesenvolvido
que pede mudanças na estrutura econômica, urgentes medidas práticas para superar a
miséria (...) se tornou mais nítida a partir dos anos 1950” (p.26).
Características do Cinema Brasileiro Moderno
Anos 1950/1960 – passagem de projetos industriais da Vera Cruz e da comédia popular
ingênua (chanchadas) para uma postura mais agressiva do Cinema Novo e Marginal,
manifestações estéticas da consciência catastrófica do subdesenvolvimento.

O Cinema Novo tornou hegemônico o seu nacionalismo cultural no momento da crise da


chanchada, em parte causada pela expansão da TV no Brasil, novo meio que herdou a
cultura do rádio que permeava o cinema popular. Projeto político de uma cultura
audiovisual crítica e conscientizadora quando o nacional-populismo ainda parecia uma
alternativa viável para conduzir as reformas estruturais do país.
Vozes do intelectual militante mais do que do profissional de cinema.

Pós golpe de 1964 até 1968 – Tropicalismo, expresso especialmente na música popular,
a arte passa de uma postura pedagógica conscientizadora para espetáculos provocativos
que se apoiavam em estratégias de agressão e colagens pop. A ironia dos artistas privilegia
a sociedade de consumo no momento em que no Brasil começa a figurar uma nova forma
de compreender a questão da indústria cultural e o novo patamar de mercantilização da
arte. A tradição do rádio e da televisão passa a ser reobservada, o cinema reincorpora a
chanchada. Emergência do Cinema Marginal.

Cinema Marginal – sublinha a oposição entre um país rural, matriz da identidade


nacional, e um país urbano, lugar de descaracterização da cultura por força de invasão
dos produtos da mídia internacional.

Final dos anos 1960 até a abertura política – tensão entre uma estética aceitável pelo
mercado e uma estética que entendia que a via de modernismo implicava em
experimentações.
A realização de filmes de impacto atesta a hegemonia da tradição moderna até o início
dos anos 1980.
Ismail Xavier – ponto limite simbólico deste movimento está em Memórias do Cárcere
(Nelson Pereira do Santos, 1984), no qual a experiência do cárcere de Graciliano Ramos
é assumida como alegoria para os anos de chumbo. Cabra Marcado para Morrer,
Eduardo Coutinho, sintetiza um processo de debate no cinema brasileiro com a vida
política nacional e o fez com densidade. Recapitulação da tradição do documentário
brasileira.

1980 – Hipertrofia da TV e nova ordem planetária da esfera do audiovisual.


O debate estético evidencia um esforço de sintonia do cinema com o contemporâneo,
trazendo ao mesmo tempo uma articulação muito específica com a “questão nacional”,
traduzida em recapitulações históricas, discussões sobre identidade cultural, tradição
literária e música popular.

Nova geração de cineastas pratica um cinema que se reconcilia com um mercado, sem
resíduos nacionalistas da produção do Cinema Novo. Moldes da produção norte-
americana. Descarta-se o perfil sociológico das preocupações.

1990 – Ideia de “fechamento de um ciclo”. A ideia de “renascimento” traz uma ideia de


descontinuidade em relação às produções anteriores. Se até os anos 1960, na AL, seria
possível pensar em uma cultura popular urbana com o cinema entre seus protagonistas, a
partir dos anos 1980 fica claro os limites desse projeto. Apesar dos méritos estéticos, não
se concretizou uma produção cinematográfica estável dentro de um sistema cultural
industrial de grande audiência.

Nova forma de produção – leis do audiovisual (isenção fiscal) que faculta às empresas o
mecenato tem sido grande suporte do cinema, oferecendo uma moldura para liberdade de
estilos, mas favorecendo produções voltadas a grande público, em detrimento ao “cinema
de arte”.

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